Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
CURITIBA
MICRORGANISMOS NA INDÚSTRIA
FARMACÊUTICA
Aluno
Elias dos Santos Shauon Oliveira, n°08
Jaqueline Lopes de Barros, nº13
Tassiane Pereira Escala, nº25
2BSN1
PROFESSORA: MICHELLI
MICROBIOLOGIA INDUSTRIAL
CURITIBA – PR
2018
Introdução
Os fungos e as bactérias possuem um enorme potencial de produção de
compostos biologicamente ativos que podem e são utilizados no tratamento de
várias enfermidades humanas. Destaca-se, neste breve trabalho, a importância
da conservação da biodiversidade brasileira que significa, ao mesmo tempo, a
conservação da diversidade química utilizada em favor da saúde humana como,
por exemplo, na produção de antibióticos e antitumorais. A indústria da
biotecnologia faz uso das diferentes formas vivas para o desenvolvimento de
tecnologia.
Ao contrário de outros microrganismos, os vírus são parasitas
intracelulares obrigatórios, ou seja, são microrganismos que dependem do
hospedeiro para replicarem, uma vez que não tem a capacidade de sintetizar
proteínas, bem como não dependem da obtenção de energia para sobreviverem.
Os vírus são compostos por genoma de DNA ou RNA, protegidos por uma
estrutura proteica e por vezes também por uma membrana. Além disso, os vírus
otimizaram-se por mutação e seleção, de forma a conseguirem sobreviver às
condições fisiológicas e ultrapassarem as barreiras físicas, como por exemplo o
epitélio intestinal, para conseguirem interagir com a célula hospedeira e escapar
a eliminação por parte da resposta imunitária.
Neste presente trabalho veremos a importância dos fungos, vírus e
bactérias para a indústria farmacêutica, citando seus metabólitos secundários ou
funcionalidades e os respectivos produtos obtidos destes.
Microrganismo, metabólitos secundários e saúde humana
As atividades microbianas controlam ou influenciam todos os aspectos do
funcionamento da biosfera, incluindo saúde e nutrição, doenças em animais e
plantas, bem como qualidade do meio ambiente. Esta extraordinária flexibilidade
fisiológica foi conquistada durante pelo menos 3,5 bilhões de anos de evolução
e adaptação, permitindo a colonização de habitats inóspitos, tais como fontes
termais, locais altamente poluídos ou com pHs extremos. Além disso, muitos
microrganismos não podem ser cultivados em laboratório, dificultando o estudo
e a caracterização de uma variedade de parâmetros e processos microbianos.
Desse modo, o conhecimento das estratégias utilizadas pelos microrganismos,
a fim de superar as dificuldades enfrentadas em seus ambientes naturais ou
relacionados à saúde humana, é limitado.
Fungos e bactérias produzem uma ampla variedade de metabólitos
secundários que podem ser utilizados em diversas aplicações, inclusive na
saúde pública. Desde o início da era das penicilinas, na metade do século 20, o
número de medicamentos produzidos em escala industrial a partir de
microrganismos vem aumentando. Metabólitos secundários são definidos como
compostos de baixo peso molecular que não são requeridos para o crescimento
do organismo, aqui, especificamente, os microrganismos. Esses metabólitos
caracterizam-se pela grande diversidade de estrutura química e variação de
forma em diferentes condições ambientais e conferem uma vantagem seletiva
ao organismo produtor. Distintos compostos foram obtidos após décadas de
triagens, envolvendo provavelmente milhões de microrganismos, principalmente
os do solo. Novos metabólitos bioativos continuam a ser identificados a partir de
fontes microbianas, graças à ampla variedade de espécies existentes.
Em adição ao sucesso histórico na descoberta de medicamentos, os
produtos naturais ainda são fontes de novos compostos comercialmente viáveis.
Os microrganismos podem sintetizar compostos químicos com um vasto número
de estruturas originais e potentes, sendo difícil ou mesmo impossível encontrálos
em bases de dados combinatórias. Isso é particularmente importante quando
existe a procura por moléculas com alvos diferentes dos já conhecidos.
Os produtos naturais ainda parecem ser as fontes mais promissoras de
futuros compostos bioativos. Os argumentos que suportam essa idéia são: a
diversidade estrutural encontrada na natureza, o enorme campo de
microrganismos ainda não explorado e a probabilidade de ativar rotas
metabólicas, manipulando as condições de cultivo. Além disso, avanços
significativos nas tecnologias de separação de compostos e elucidação
estrutural têm facilitado o isolamento e a identificação dos produtos bioativos dos
extratos obtidos a partir de fermentações.
Fungos
Dentre os mais diversos microrganismos, os fungos, além de serem
utilizados como alimento (cogumelos comestíveis), são importantes agentes
para a produção de alimentos fermentados e em diversos processos industriais,
como produção de enzimas, vitaminas, polissacarídeos, pigmentos, lipídeos e
glicolipídios e seus metabólitos secundários são extremamente importantes na
área da saúde.
Alguns exemplos de fungos passam despercebidos no nosso dia-a-dia,
como a “orelha-de-pau”, de nome científico Pycnoporus sanguineus, e deste e
outros podem ser extraídos compostos de interesse biotecnológico.
Estima-se que existam 1,5 milhões de espécies de fungos, das quais
aproximadamente apenas 100 mil são conhecidas. Os fungos são
decompositores primários de matéria orgânica, possuindo, dessa forma, uma
importância vital na ciclagem de nutrientes. Uma vez retirados da natureza, os
fungos, incluindo os cogumelos, podem ser isolados educação, ciência e
tecnologia.
A tabela 1 apresenta alguns compostos produzidos por fungos que já
possuem uso farmacológico ou que são potenciais candidatos para uso em
estudo. Nestes compostos, podemos destacar inibidores da síntese do
colesterol, antibióticos, imunossupressores, antivirais, vasodilatadores,
antifúngico, antitumorais e antioxidantes. Estas moléculas mostram a
diversidade química que os microrganismos possuem. Ainda é interessante
destacar que a pesquisa de novos antibióticos, por exemplo, vem sendo, nos
últimos anos, realizada fundamentalmente por indústrias farmacêuticas de
pequeno e médio porte e dentro das universidades. Isso se deve ao fato de as
grandes indústrias buscarem novas moléculas para tratamentos mais
prolongados, como os antidepressivos, visto que o uso de antibióticos se dá,
usualmente, por períodos curtos; já os antidepressivos podem ser utilizados a
vida inteira pelo paciente, dando, assim, um maior retorno financeiro.
Bactérias
Uma das funções das bactérias é ter seu funcionamento metabólico como
foco de estudo para a constituição de fármacos cujo princípio ativo as destroem.
Entretanto, alguns tipos de microrganismos, tais como bactérias e
leveduras, são diretamente aplicadas a fármacos. Alguns microrganismos são
importantes para as mucosas do corpo, um exemplo é uma espécie de leveduras
do gênero Saccharomyces e a flora intestinal.
O Botox® é o nome comercial dado à toxina botulítica, produzida pela
bactéria Clostridium botulinum. Tal substância é capaz de reduzir ou eliminar as
contrações musculares e, por tal motivo, pode ser utilizada no tratamento de
blefaroespasmos, estrabismos e distonias cervicais, ou mesmo para prevenir
rugas e marcas de expressão.
Bactérias também podem ser empregadas na produção de drogas
terapêuticas, como antibióticos (Tirotricina, Bacitracina, Rifamicina, Neomicina,
dentre outros), vitaminas, hormônio de crescimento e insulina; e na fabricação
de determinadas enzimas e de alcoóis, como o metanol e etanol. Um exemplo,
destes é o antibiótico neomicina, obtido a partir de bactérias do
gênero Streptomyces.
No início da década de 1980, os avanços no campo da biotecnologia
possibilitaram o desenvolvimento da insulina humana sintética, a partir das
técnicas de DNA recombinante, aplicada principalmente em
bactérias Escherichia coli. Essa molécula de insulina, muito semelhante à
humana, é mais bem aceita pelo organismo e provoca menos efeitos colaterais,
melhorando muito a qualidade de vida dos diabéticos que dependem dessa
substância.
Tirotricina Bacitracina
Acima podemos observar algumas formas estruturais de metabólitos
secundários obtidos a partir de bactérias.
Vírus
Os progressos realizados na área dos anticorpos monoclonais a nível
terapêutico facilitaram a identificação de alvos específicos e levou a estratégias
de uso humano bem-sucedidas. Dezenas de novos anticorpos direcionados a
atuar contra o HIV-1, influenza, vírus da hepatite C ou sincicial respiratório, entre
outros, modificaram a estrutura base de uma nova vacina. Outra área com
enormes potencialidades no que diz respeito à indústria farmacêutica é a
possibilidade de gerar milhões de sequências de um produto genético, que
permitiu identificar intermediários fulcrais no desenvolvimento de novas
abordagens terapêuticas, assim como a sequenciação do genoma dos próprios
microrganismos, permitiu a seleção racional de alvos para o desenvolvimento de
novas formulações. A título de exemplo podemos referir a vacina para o grupo B
dos meningococos.
A utilização de vetores virais, acoplada à terapia génica consiste numa
importante forma de combater doenças, como Parkinson, hemofilia e distrofia
muscular, por exemplo, que remonta ao final dos anos 70. A sua utilização
baseia-se na inserção de um gene específico num alvo de um determinado
organismo, podendo essa inserção ter como objetivos: substituir uma função que
não esteja funcionando corretamente; introduzir uma nova função (como por
exemplo no tratamento do câncer) ou até para prevenir doenças (vacinas). Os
vírus, são microrganismos com uma conhecida capacidade de penetrarem
células hospedeiras e aí iniciarem a sua replicação. Dada esta capacidade inata,
são eles os principais vetores utilizados neste tipo de terapia, destacando-se por
exemplo os que derivam de retrovírus, adenovírus ou herpes simples.
O ciclo de vida viral pode ser dividido em duas fases temporalmente
distintas: infecção e replicação. A primeira, resulta da introdução do genoma viral
na célula. Isto origina uma fase precoce de expressão genética, seguindo-se
uma fase tardia. No caso de vetores na terapia genética, os vetores virais
incorporam um gene terapêutico no lugar do genoma viral. Além disso, para que
a terapia genética seja bem-sucedida é necessário que uma quantidade
suficiente de genes terapêuticos alcance o tecido-alvo. Dado, que esta temática,
já foi também abordada anteriormente neste texto, interessa agora, centrar a
nossa atenção, acerca da utilização de alguns vírus como veículos terapêuticos.
Os Retrovírus, são compostos por um invólucro lipídico, de cadeia
simples. Após a penetração nas células-alvo, o RNA é transcrito em DNA de
cadeia dupla, integrando a célula. São um tipo de vírus, que tendencialmente
causam infecções crónicas, podendo em alguns casos causar também infecções
latentes. Uma propriedade útil de vetores de retrovírus é a sua facilidade de
integração na célula. Porém, embora esta integração não garanta uma
expressão estável do gene, consiste numa forma efetiva de manter a informação
genética num tecido auto renovável, possibilitando assim a renovação das
células. Recentemente, o cDNA da citoquina γ foi traduzido nas células da
medula óssea de crianças com imunodeficiência severa combinada. Os
resultados foram, a recuperação do sistema imune por parte destas crianças,
garantindo a sobrevivência num ambiente normal.
Os Lentivírus, são vetores promissores, ainda em fase de estudos pré-
clínicos, no que respeita a terapia genética. No entanto, desde já se sabe que
uma aplicação única destes vírus é no repovoamento de células
hematopoiéticas. Os resultados mais promissores até ao momento,
demonstraram eficácia em ratos com β-thalassemia.
Os Adenovírus, foram primariamente utilizados no tratamento da fibrose
cística, não tendo sido alcançados, no entanto resultados que demonstrassem a
sua eficácia clínica. Mais recentemente, por sua vez, foram utilizados em ensaios
clínicos associados ao tratamento do câncer. Esta utilização, deve-se
essencialmente a sua capacidade de transferência genética, mas também
porque a sua toxicidade celular e imunogenicidade podem realmente potenciar
os efeitos antitumorais.
Os Adenovírus associados (AAV), são parvovírus humanos, que
geralmente requerem um vírus auxiliar para mediar uma infecção. Alguns
ensaios clínicos, com AAV, têm vindo a ser realizados, para o tratamento da
fibrose cística, hemofilia e distrofia muscular. Foram demonstradas evidências
na transferência de genes e na expressão do fator IX de coagulação em
pacientes com hemofilia B.
Os Herpes Vírus Simples, são especialmente importantes, dada a sua
capacidade de persistir no estado latente, após uma primeira infecção. Alguns
estudos, têm vindo a ser realizados em animais, especialmente para o
tratamento de câncer, doenças cerebrais, bem como no tratamento da dor, etc.
Assim, podemos aferir que os vetores virais aqui mencionados não são
exclusivos, mas são de elevada importância. Além disso, nenhum vetor viral
isoladamente, é considerado suficiente para uma terapia genética de sucesso,
porém, para situações específicas, poderão ser opções úteis a considerar.