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PODER JUDICIÃRIO

JUSTIÃA DO TRABALHO
TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 15ª REGIÃO
10ª Câmara

ACORDÃO - PJe
TRT-15ª REGIÃO 5ª TURMA- 10ª CÃMARA
RECURSO ORDINÃRIO
PROCESSO nº 0010442-96.2014.5.15.0032 (RO)
RECORRENTE: VETOR SERVIÃ OS LTDA.
RECORRIDO: OSVALDO MARTINS MARQUES
ORIGEM: 2ª VARA DO TRABALHO DE CAMPINAS
JUÃZA SENTENCIANTE: CAROLINA SFERRA CROFFI
DESEMBARGADOR RELATOR: EDISON DOS SANTOS PELEGRINI
Â
ef

Da r. sentença, ID 00c5807, que julgou procedentes em parte os pedidos


da presente reclamatória, recorre a reclamada, ID 1b5db90, insurge-se contra a condenação ao
pagamento de salários, observando a evolução salarial, décimos terceiros e FGTS, no perÃ-odo
compreendido entre os dias 13.02.2010 até 19.03.2014, e contra o pagamento de indenização por
danos morais (R$ 10.000,00). Subsidiariamente, requer pela redução do valor arbitrado na Origem.

Depósito recursal e custas regularmente recolhidos, ID 492f247,


idc932106.

Contrarrazões ofertadas pelo reclamante, ID817eaf7.

à o relatório.

VOTO

Conheço do recurso, porquanto preenchidos os pressupostos de


admissibilidade.

DOS SALÃRIOS - LIMBO PREVIDENCIÃRIO


Assinado eletronicamente. A Certificação Digital pertence a: EDISON DOS SANTOS PELEGRINI
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O juÃ-zo a quo condenou a reclamada no pagamento de salários e
consectários legais no perÃ-odo compreendido entre os dias 13.02.2010 até 19.03.2014, sob o
fundamento de que o reclamante teria tentado voltar a prestar o seu labor para a empresa, mas esta o teria
impedido, conforme verificado pela determinação médica da empresa.

A reclamada insurge-se contra o r. decisum aduzindo que não foi


considerado o fato determinante e importantÃ-ssimo a ensejar o afastamento da Teoria Limbo
Previdenciário, qual seja inexistência de vontade do reclamante em retornar ao trabalho -
demonstrada com os diversos recursos administrativos junto ao INSS para restabelecimento do auxÃ-lio
doença, duas ações judiciais contra o INSS para restabelecimento do auxÃ-lio doença ou
aposentadoria por invalidez, bem como, inúmeros exames e relatórios de médicos neurologistas e
ortopedistas particulares do obreiro com conclusões de inaptidão.

Ademais, sustenta que, considerando a função exercida pelo autor de


Porteiro não há como readaptar o reclamante em função compatÃ-vel, em que pese não exigir
esforço fÃ-sico o problema de hérnia discal não permite que ele fique nem mesmo sentado.

Razão não lhe assiste.

à responsabilidade da reclamada, enquanto empregadora, assumir os ricos


do empreendimento e arcar com o pagamento de salários (art. 2º, caput, da CLT), mormente sob o
enfoque dos princÃ-pios constitucionais da dignidade da pessoa, busca do pleno emprego e do primado do
trabalho e (arts. 1º-III, 170-VIII, art. 193, da CF). Não há no ordenamento jurÃ-dico qualquer regra
que lhe confira o direito de suspender o contrato de trabalho de maneira unilateral e deixar o empregado
sem salário por mais de dois anos, mormente tendo ciência de que esta é sua única fonte de
sustento. Se o empregado não tem condições de trabalhar e o INSS não lhe fornece o benefÃ-cio
previdenciário correspondente, dúvidas não remanescem que a empresa deve realizar o pagamento
dos salários até que o trabalhador esteja saudável novamente ou obtenha aquele direito por parte da
autarquia previdenciária. Ainda, seria lÃ-cito à empresa-reclamada o rompimento do pacto laboral do
trabalhador com o pagamento devido das verbas rescisórias. No entanto, inadmissÃ-vel é que o
empregado fique todo esse tempo sem o pagamento de salários.

Muito a propósito, no mesmo sentido tem se posicionado a mais alta


corte trabalhista:

INCERTEZA QUANTO Ã APTIDÃO DO RECLAMANTE PARA O TRABALHO.


AFASTAMENTO. SALÃRIOS. INDENIZAÃÃO POR DANOS MORAIS.
PRINCÃPIO DA FUNÃÃO SOCIAL. Se o empregador discorda da decisão do INSS
que considerou seu empregado apto para o trabalho deve impugná-la de algum modo,
ou, até mesmo, romper o vÃ-nculo, jamais deixar o seu contrato de trabalho no limbo,
sem definição. Como, no caso em exame, a reclamada somente veio a despedir o
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reclamante um ano e nove meses após, incorreu em culpa, ensejando o pagamento de
indenização por danos morais, bem assim dos salários devidos no respectivo
perÃ-odo. Isso porque nos casos em que o empregado não apresenta aptidão para o
trabalho e o INSS se recusa a conceder-lhe o benefÃ-cio previdenciário, incidem os
princÃ-pios da função social da empresa e do contrato, da solidariedade social e da
justiça social, que asseguram o pagamento dos salários, ainda que não tenha havido
04.2010.5.05.0016 prestação de serviço - 6ª Turma - Rel. Min. Kátia
Magalhães Arruda - 31.12.2012)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. CESSAÃÃO DO


AUXÃLIO DOENÃA. EMPREGADO CONSIDERADO INAPTO AO EXERCÃCIO
DAS FUNÃÃES PELA EMPRESA. IMPEDIMENTO DE RETORNO. APTIDÃO
RECONHECIDA PELA PREVIDÃNCIA SOCIAL. ATO ILÃCITO. MARCO INICIAL
PARA PAGAMENTO DOS SALÃRIOS E DEMAIS VERBAS. ALTA
PREVIDENCIÃRIA. Mostra-se prudente o provimento do agravo de instrumento para
melhor análise do recurso de revista com fins de prevenir eventual violação do art.
187 do Código Civil. Agravo de instrumento a que se dá provimento. RECURSO DE
REVISTA. CESSAÃÃO DO AUXÃLIO DOENÃA. EMPREGADO CONSIDERADO
INAPTO AO EXERCÃCIO DAS FUNÃÃES PELA EMPRESA. IMPEDIMENTO DE
RETORNO. APTIDÃO RECONHECIDA PELA PREVIDÃNCIA SOCIAL. ATO
ILÃCITO. MARCO INICIAL PARA PAGAMENTO DOS SALÃRIOS E DEMAIS
VERBAS. ALTA PREVIDENCIÃRIA. Recurso calcado em violação de dispositivo
legal e constitucional. Atenta contra o princÃ-pio da dignidade e do direito fundamental
ao trabalho, a conduta do empregador que mantém o empregado em eterna
indefinição em relação à sua situação jurÃ-dica contratual, sem recebimento
de benefÃ-cio previdenciário, por recusa do INSS e é impedido de retornar ao
trabalho. Não é possÃ-vel admitir que o empregado deixe de receber os salários
quando se encontra em momento de fragilidade em sua saúde, sendo o papel da empresa
zelar para que possa ser readaptado no local de trabalho ou mantido em benefÃ-cio
previdenciário. O descaso do empregador não impede que o empregado receba os
valores de salários devidos desde a alta previdenciária, ainda que a ação trabalhista
não tenha sido ajuizada de imediato, já que decorre de sua inércia em recepcionar o
trabalhador, o fato de ele ter reiterados pedidos de auxÃ-lio previdenciário antes de vir a
juÃ-zo pretender a reintegração ao trabalho. Recurso de revista conhecido por
violação do artigo 187 do Código Civil e provido. (TST - RR:
155764201050300981557-64.2010.5.03.0098, Relator: Alexandre de Souza Agra
Belmonte, Data de Julgamento: 19/06/2013, 3ª Turma, Data de Publicação: DEJT
21/06/2013).

Destarte, ainda que o médico particular do autor tenha emitido atestado


no sentido de impossibilidade de retorno às atividades laborais, certo é que a reclamada deveria
pautar-se pelo parecer médico emitido pela autarquia previdenciária, segundo o qual o autor já
estaria apto para o desempenho de suas atividades desde o dia 13.02.2010 (ID 4f412d7).

Mantém-se a r. sentença incólume.

DO DANO MORAL

Pela mesma fundamentação esposada no tópico anterior, o juÃ-zo


primevo condenou a reclamada no pagamento de indenização por danos morais no importe de R$
10.000,00.

Insurge-se a recorrente contra a decisão aduzindo, em sÃ-ntese, que


não restaram caracterizados os elementos aptos a ensejar tal condenação. Caso mantida esta,
sustenta que o valor é por demais excessivo, razão pela qual pugna pela sua mitigação.
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Razão não lhe assiste.

A reparação do dano moral encontra previsão legal no artigo 186 e


927 do Código Civil e, também, no artigo 5º, V e X, da Carta Magna.

O dano moral indenizável configura-se quando alguém, em razão da


prática de um ato ilÃ-cito, suporta dor ou constrangimento, ainda que sem repercussão em seu
patrimônio. Trata-se de dano extrapatrimonial, decorrente de uma conduta abusiva, que afeta a
dignidade e honra do indivÃ-duo, perante a sociedade, perante sua famÃ-lia, seu mercado de trabalho,
ultrapassando os limites da subjetividade.

In casu, restou evidenciado que, a reclamada, mesmo ciente da alta


médica do autor emitida pelo INSS, não permitiu (ou não providenciou) o seu retorno ao labor na
empresa, ainda que em uma outra função compatÃ-vel, conforme se depreende da afirmação da
reclamada que não existia função compatÃ-vel para o autor, ficando o reclamante sem o recebimento
de benefÃ-cio previdenciário e salários por vários meses.

Nesse diapasão, evidente que o caso em apreço enseja a


condenação da reclamada no pagamento de indenização por danos morais.

Vale salientar que a reparação por dano moral não tem caráter
unicamente indenizatório, pois além de servir como um lenitivo para o sofrimento infligido,
também possui caráter pedagógico, ao servir de freio a atos culposos advindos do empregador e de
outros responsáveis.

Outrossim, não é tarefa fácil valorar o sentimento da pessoa


ofendida e atribuir um valor econômico para reparação moral, porque para um, o ato pode causar
certo grau de sofrimento, para outro, o mesmo ato pode ter uma intensidade menor ou maior - dor da
alma.

Por conseguinte, impõe-se que na reparação pecuniária, leve-se em


consideração a personalidade do indivÃ-duo, a extensão da lesão, a intensidade do sofrimento, o
contexto e as demais circunstâncias pessoais e econômicas emergentes do acontecimento, inclusive o
porte econômico do réu, orientando-se o julgador pelos critérios sugeridos pela doutrina e pela
jurisprudência, com razoabilidade, proporcionalidade e equidade.

No caso vertente, afigura-nos razoável, a condenação fixada pela


origem em R$ 10.000,00 (dez mil reais), de indenização reparatória dos danos morais sofridos pelo
reclamante.
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DAS FÃRIAS EM DOBRO 2012/2013

As alegações da reclamada, no sentido de que o perÃ-odo concessivo


para as férias ocorreu em maio de 2014 e a presente ação ajuizada em março de 2014, não
encontra amparo legal.

Portanto, reconhecida a responsabilidade da reclamada pelo limbo


previdenciário, devidas as férias em questão em dobro.

Mantém-se.

DIANTE DO EXPOSTO, decido CONHECER do recurso interposto pela


reclamada e NÃO O PROVER, nos termos da fundamentação.

Sessão realizada em 21 de julho de 2015


Composição: Exmos. Srs. Desembargador Edison dos Santos Pelegrini (Relator, que, em
férias, compareceu para julgar processos já vistados), Juiz Marcelo Garcia Nunes (atuando na
cadeira do Exmo. Sr. Desembargador Fernando da Silva Borges, em férias) e Desembargador
Fabio Grasselli (Presidente regimental).
Ministério Público do Trabalho: Exmo(a) Sr (a). Procurador (a) Ciente.

Sustentação oral: pela reclamada-recorrente, o Dr. Antonio Celso


d e M o r a e s J u n i o r .

Acordam os magistrados da 10ª Câmara do Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região,


à u n a n i m i d a d e ,  e m

CONHECER do recurso interposto pela reclamada e NÃO O PROVER,


nos termos da fundamentação.

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EDISON DOS SANTOS PELEGRINI
Desembargador Relator

Votos Revisores

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