Вы находитесь на странице: 1из 11

I.

MANUTENÇÃO PREDITIVA BASEADA


NA ANÁLISE DE VIBRAÇÕES

1.1 INTRODUÇÃO
Com a crescente exigência de se atingir grandes produções com índices de produtividade cada
vez mais elevados, o setor industrial impôs um novo paradigma para a engenharia de manutenção:
manter os níveis de disponibilidade de seus equipamentos o mais próximo possível da utilização plena,
durante todas as horas do ano. Neste contexto, as técnicas de manutenção condicionada ou
condicional tornaram se extremamente vantajosas e necessárias. Neste tipo de manutenção, alguns
parâmetros do sistema ou equipamento são monitorado durante seu funcionamento, através de
inspeções periódicas, e se a análise desses parâmetros indicar a existência de um funcionamento não
adequado, estima-se a tendência evolutiva do defeito e programa-se uma parada para correção. No
Brasil, a manutenção condicionada é conhecida como manutenção preditiva.
A principal vantagem desse processo de manutenção é a diminuição do custo de produção
devido às interrupções periódicas e a diminuição da probabilidade de introdução de novos defeitos nas
operações sistemáticas de montagem e desmontagem. Outras vantagens podem ser identificadas como:
• aumento do tempo médio entre cada revisão;
• eliminação de panes não atendidas;
• diminuição de estoque de peças de reposição;
• diminuição do custo de cada intervenção;
• eliminação da substituição de componentes em estado operacional;
• minimização de paradas não programadas decorrentes de quebra de componentes durante o
serviço.
A prática da manutenção preditiva envolve três fases principais:
• A detecção do defeito – consiste na observação de que os valores medidos dos parâmetros
de controle indicam uma evolução mais acelerada que a decorrente da degradação normal do
equipamento;
• O estabelecimento do diagnóstico – é o resultado da análise dos valores dos parâmetros de
acompanhamento estabelecido, com base em modelos de desgaste e informações anteriores
sobre o equipamento, a origem e a gravidade de seus possíveis defeitos;
• A análise de tendência – consiste em se ampliar o diagnóstico e se prever, na medida do
possível, quanto tempo se dispõe antes da parada forçada pela quebra propriamente dita.
Nessa fase, o equipamento é submetido a uma vigilância estrita e se faz a programação do
reparo.
Dentre as várias técnicas disponíveis, aplicadas à manutenção preditiva, destaca-se a
manutenção baseada na análise de vibrações, que tem se provado particularmente útil e indispensável
na monitoração e detecção prematura de anomalias de operação de máquinas rotativas (ventiladores,
compressores, bombas, turbinas, etc.), na detecção e reconhecimento da deterioração de rolamentos,
no estudo de mau funcionamento típicos em maquinaria com regime cíclico de trabalho, laminadores,
prensas, etc., e na análise de vibrações dos processos de propagação de trincas, notadamente em
turbinas e outras máquinas rotativas ou vibratórias. Este método também permite uma grande
confiabilidade na operação de instalações e na interrupção de uma máquina em tempo hábil, para
substituição de peças desgastadas.

I-1
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

Na usinagem mecânica com ferramental sofisticado, a medição das vibrações é essencial para a
melhoria da qualidade final do produto. 0 método é aplicado na engenharia civil para o estudo do
comportamento das estruturas sujeitas a carregamentos provocados por um tráfego de alta velocidade.
A idéia básica do método de análise de vibrações aplicado à manutenção preditiva é que as
estruturas das máquinas excitadas pelos esforços dinâmicos decorrentes de seu funcionamento,
respondem com sinais vibratórios cuja freqüência é idêntica àquela dos esforços que os provocaram. O
sinal de vibração, tomado em algum ponto do equipamento, será a soma das respostas vibratórias da
estrutura às diferentes freqüências dos esforços excitadores.
Considerando a deterioração do equipamento traduz-se por uma modificação na distribuição da
energia vibratória, e que sua conseqüência mais freqüente é o aumento do nível de vibrações, pode-se
partir da tomada do sinal vibratório em pontos determinados do equipamento, acompanhar a evolução
desses sinais e identificar o aparecimento de esforços dinâmicos novos ou o aumento abrupto da
amplitude da resposta, que são indicadores do surgimento de defeitos ou degradação do
funcionamento.
É importante ressaltar, a partir do conceito apresentado, que o procedimento se baseia em um
princípio comparativo, ou seja, o que se analisa é a evolução histórica do equipamento a partir de um
instante tomado como referência, ou por comparação com dados estatísticos baseados em
equipamentos semelhantes. O instante escolhido para referência é após o “amaciamento” de um
equipamento novo, ou após uma reforma, ou mesmo, após o restabelecimento operacional decorrente
de uma ação de manutenção corretiva.
Na manutenção preditiva por análise de vibração, é necessário utilizar técnicas de
processamento do sinal vibratório com o objetivo de extrair as informações que permitam
correlacionar algumas características do sinal com o estado do equipamento. Dentre as várias técnicas
que podem se aplicadas são: análise do nível global de vibração, análise do espectro de vibração,
média temporal síncrona, demodulação ou técnica do envelope e diagramas de órbita.
A implementação de um sistema de monitoração e análise de vibrações de máquinas tornou-se
possível através do desenvolvimento de instrumentos de medição e de análise de vibrações
denominados Analisadores de Sinal Dinâmico (ASD). As vibrações em máquinas são uma
combinação complexa de sinais causados por uma variedade de fontes internas de vibração. O poder
dos ASD reside na sua capacidade de reduzir estes sinais complexos às suas partes componentes.
No exemplo ilustrado na Figura 1.1, a vibração produzida por debalanceamento residual do
rotor, por defeito de rolamento e pelo engrenamento – cada fator ocorrendo numa freqüência
específica. Representando a amplitude de vibração em função da freqüência – o espectro de vibração,
o ASD torna possível a identificação das fontes individuais de vibração.
Os dados de vibração são separados em componentes de freqüência através do ASD; a análise
pode associar estas componentes a elementos específicos da máquina e determinar, dependendo do
objetivo, se alguma componente individual é anormal. A energia total em cada componente é
geralmente pequena, e a capacidade do ASD para separar as componentes individuais dá uma
indicação da sensibilidade da medição. Em geral, uma grande alteração numa componente individual
causa uma alteração extremamente pequena no nível global de vibração da máquina.
Analisadores de Sinal Dinâmico podem também fornecer o gráfico da amplitude de vibração em
função do tempo, uma representação que é muito útil na investigação de vibração impulsiva (e.g.
engrenagem desgastada). O formato de mapa espectral/cascata adiciona uma terceira dimensão aos
gráficos de amplitude de vibração versus freqüência. A terceira dimensão pode ser tempo, rotação ou
um contador de disparo acionado por um evento externo.
Os ASD podem ter várias formas, tamanhos e configurações, podendo ser portáteis alimentados
por bateria até modelos de precisão para uso em bancada ou para montagem em sistemas com controle
de computador. Podem possuir sistema de alimentação de um canal ou múltiplos canais (até ~500).

I-2
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

Quase todos permitem a automatização e controle através de computador, possuindo também uma
variedade de recursos e programas para pós-processamento.

Amplitude

Conversão da
vibração em sinal
elétrico tempo

Amplitude Amplitude
rotação
• Histórico da máquina
mancal de
rolamento
engrenagens • Análise
• Manutenção
• Teste da máquina

freqüência freqüência
Redução do sinal a suas Correlação das componentes com as Documentação, análise e
componentes características e os defeitos da máquina arquivamento dos resultados
Figura 1.1 O processo de análise de vibrações de máquinas

As técnicas de análise de vibrações são antigas, entretanto, só recentemente com o advento dos
modernos ASD, a análise detalhada de dados de vibração tornou-se eficaz e conhecida. Os objetivos
primordiais da análise dos dados de vibrações são:
• Simplificar e reduzir os dados da vibração a uma forma compacta e de fácil interpretação;
• Associar as características da vibração com as características específicas da máquina
vibrando;
• Fornecer uma medição que possua consistência e repetibilidade e portanto permita
caracterizar a vibração de uma máquina;
• Identificar as características que mudam com o tempo e condições de operação, ou ambos.

1.2 CONCEITOS BÁSICOS DE VIBRAÇÃO


Vibração mecânica é um movimento oscilatório, em relação a uma posição de equilíbrio
estável, de sistemas dotados de massa e elasticidade, sujeitos à ação de forças excitadoras de origem
interna ou externa aos mesmos. Este movimento é produzido quando o sistema é deslocado de sua
posição de equilíbrio estável e a atuação de forças restauradoras, como forças elásticas, gravitacionais
ou magnéticas, tendem a trazê-lo para sua posição original. Entretanto, o sistema atinge esta posição
com certa quantidade de movimento que o leva além desta posição. Como o processo pode se repetir,
o sistema movimenta-se de forma oscilatória em torno da posição de equilíbrio, caracterizando uma
vibração mecânica.
Fenômenos vibratórios fazem parte de nosso cotidiano e muitas atividades humanas envolvem
vibração em suas mais diferentes formas. Como exemplo podemos citar o fato de sermos capazes de
falar devido ao movimento oscilatório de laringe e cordas vocais, e de ouvir porque os tímpanos são
membranas vibratórias. A respiração está associada à vibração dos pulmões e o ato de caminhar

I-3
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

envolve movimentos oscilatórios de pernas e braços. Os primeiros estudos no campo de vibração


concentraram esforços na compreensão de fenômenos naturais e no desenvolvimento de teorias
matemáticas para descrever a vibração de sistemas físicos. Mais recentemente, várias investigações
foram motivadas por aplicações na engenharia, como o projeto de máquinas, fundações, estruturas,
motores, turbinas e sistemas de controle.
A maioria dos equipamentos rotativos apresenta problemas de vibração devido a desbalanços
residuais; além disso, elementos como pás, engrenagens, acoplamentos e mancais são fontes naturais
de vibração e que podem levar o equipamento a apresentar características indesejáveis como
desconforto físico, ruído acústico elevado, aumento de desgaste mecânico, deformação excessiva e
transmissão de movimentos indesejáveis a outros equipamentos. Muitas vezes, a ação das vibrações
pode ocasionar até mesmo a quebra final de máquinas ou estruturas devido ao aumento de tensões
mecânicas e fadiga dos materiais. Sendo assim, as vibrações devem ser eliminadas ou reduzidas tanto
quanto possível, através de projetos dinâmicos e estruturais adequados.
Neste estudo, é fundamental o conhecimento de alguns conceitos básicos que norteiam a análise
do comportamento dinâmico de sistemas vibratórios, bem como seus principais fenômenos associados.
Sistemas vibratórios podem ser caracterizados, de um modo geral, como sendo lineares ou não
lineares. Para os sistemas lineares vale o Princípio de Superposição de Efeitos e para seu estudo são
disponíveis métodos matemáticos e computacionais bem desenvolvidos. Entretanto, na realidade os
sistemas mecânicos apresentam normalmente um comportamento não linear e sua análise matemática
é geralmente bastante complexa, sendo necessária a utilização de ferramentas computacionais
elaboradas ou, quando possível, a linearização do sistema em torno de um ponto de operação,
considerando-se pequenas oscilações.

k
kt l
x θ
m I
θ m
(a) 1gdl (b) 1gdl (c) 1gdl

k x1(t) x2(t) x3(t)


l k1 k2 k3
θ2 θ1 m1 m2 m3
c1 c2 c3
(d) 2gdl(s) (e) 3gdl(s)

(f) modelo de elementos finitos - múltiplos gdl(s)


Figura 1.2 Modelos dinâmicos de parâmetros concentrados e de elementos finitos

I-4
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

As vibrações mecânicas podem ser diferenciadas em duas classes básicas: vibração livre ou
vibração forçada. A vibração livre ocorre quando o movimento oscilatório do sistema é mantido
somente por forças restauradoras e na ausência da ação de qualquer força excitadora. Neste caso, o
sistema, se deslocado de sua posição de equilíbrio estável e posteriormente solto, passa a oscilar
livremente em uma ou mais de suas freqüências naturais, características do sistema. O número de
freqüências naturais está diretamente relacionado com o número de graus de liberdade – gdl(s)
considerados. Na Figura 1.2 são exemplificados diferentes sistemas modelados através de parâmetros
concentrados (Fig. 1.2a-e) ou elementos finitos (Fig. 1.2f), com diferentes números de gdl(s).
A vibração forçada ocorre quando o sistema é submetido à ação de forças excitadoras
periódicas; nestes casos, o sistema, na condição de regime permanente, é obrigado a vibrar na
freqüência da excitação. Se esta freqüência coincidir com uma das freqüências naturais do sistema, o
mesmo estará na condição de ressonância e as oscilações resultantes podem atingir amplitudes
elevadas, o que normalmente é indesejável. Algumas exceções a esta regra são notadas em
equipamentos projetados propositadamente para serem ressonantes, uma vez que somente uma
pequena quantidade de energia é necessária para se atingir grandes oscilações; são exemplos destes
equipamentos os alimentadores automáticos de materiais e os compressores alternativos magnéticos.
Em sistemas rotativos, normalmente a rotação é a principal fonte causadora de vibrações e
quando a freqüência de rotação coincide com uma das freqüências naturais do sistema, tem-se o
fenômeno de ressonância do sistema e esta rotação é denominada rotação crítica. Nesta condição, as
características dinâmicas dos eixos rotativos mudam de maneira significativa. Cabe ressaltar que,
algumas freqüências naturais de sistemas rotativos variam com a rotação, por exemplo as freqüências
relacionadas à vibração flexional; sendo assim, a determinação precisa das rotações críticas de um
sistema rotativo exige muitas vezes a associação de ensaios dinâmicos em diferentes rotações e de
estudos analíticos elaborados.
Outro aspecto importante envolvendo o fenômeno de ressonância na análise de vibrações em
máquinas é a ressonância de transdutores de vibração que limita a faixa de freqüências de utilização de
transdutores de velocidade e de aceleração.
Os sistemas vibratórios estão sempre sujeitos a um certo grau de amortecimento que impõem
uma resistência ao movimento vibratório, reduzindo a amplitude de vibração e podendo causar
eventualmente até mesmo a parada da oscilação. O amortecimento pode se apresentar de diferentes
formas tais como atritos viscosos ou deslizantes, amortecimento interno ou magnético. Quando o
efeito do amortecimento pode ser desprezado, as vibrações são consideradas não amortecidas.

1.3 MOVIMENTO HARMÔNICO


O movimento oscilatório pode se repetir regularmente, como no movimento de um pêndulo de
relógio, ou apresentar irregularidade considerável, como em terremotos. Quando o movimento se
repete em intervalos regulares de tempo, ele é denominado movimento periódico e o tipo mais simples
é o movimento harmônico, que pode ser observado no conjunto massa-mola da Figura 1.3a.

x(t)

k A t
x

m
T
(a) (b)
Figura 1.3 Sistema massa-mola e diagrama deslocamento x tempo

I-5
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

Um diagrama característico do deslocamento x de um movimento harmônico, em função do


tempo t, é apresentado na Figura 1.3b. O intervalo de tempo T corresponde ao período da oscilação,
usualmente expresso em segundos (s), e sua recíproca, f=1/T, é denominada freqüência da oscilação e
define o número de ciclos por unidade de tempo, expresso usualmente em Hertz (Hz=1/s). O
deslocamento máximo A do sistema, em relação à sua posição de equilíbrio, é denominada amplitude
da oscilação e a relação entre x e t pode ser expressa pela seguinte equação

x = A. sen(2π Tt ) (1.1)

Uma outra forma de visualização do movimento harmônico pode ser obtida através da análise
do movimento da projeção, ao longo de um eixo vertical x, de um ponto P que descreve uma trajetória
circular uniforme de raio A e com velocidade angular ω constante, conforme ilustrado na Figura 1.4.

x x
A.sen(ωt)
P
A ωt
θ
ω

θ=ωt 2π
Figura 1.4 Movimento harmônico como projeção de um ponto

A projeção na direção x do deslocamento do ponto P é definida pela seguinte equação

x = A. sen(ωt ) (1.2)

onde, ω é denominada freqüência angular e é expressa em radianos por segundo [rad/s].


Uma vez que o movimento harmônico se repete a cada 2π radianos tem-se a seguinte relação


ω= = 2 πf (1.3)
T

onde T e f são o período e a freqüência do movimento harmônico, respectivamente.

1.4 PARÂMETROS DE MEDIDA DE VIBRAÇÃO


Os parâmetros característicos que descrevem os movimentos vibratórios são o deslocamento (x),
a velocidade (v) e a aceleração (a), sendo que existem diversos tipos de transdutores disponíveis
comercialmente que possibilitam a medição de tais parâmetros. As relações entre estes três parâmetros
em um movimento harmônico podem ser determinadas pela diferenciação do deslocamento x em
relação ao tempo t:

x = A. sen(ωt ) (1.4)

v = x& = dx = ωA. cos (ωt ) = ωA. sen(ωt + π 2) (1.5)


dt
d 2x
a = &x& = 2
= −ω 2 A. sen(ωt ) = ω 2 A. sen(ωt + π) (1.6)
dt

I-6
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

Analisando-se as equações (1.4) a (1.6), observa-se que a velocidade, v = x& , e a aceleração,


a = &x& , também são harmônicas, com a mesma freqüência de oscilação, mas defasadas do
deslocamento, x, de π/2 e π radianos, respectivamente. As relações entre estes três parâmetros são
ilustradas na Figura 1.5, com o auxílio dos vetores rotativos x, x& e &x& , com suas respectivas amplitudes
A, ωA e ωA2.

x , x& , &x&

x&
ω2Α
x ωΑ
A t
θ
&x&
θ=ωt

Figura 1.5 Relações entre x , x& e &x& em um movimento harmônico

Os três parâmetros de medida de vibração de fato estão relacionados e cada um deles pode ser,
teoricamente, deduzido dos demais através de um ASD; entretanto, o processo de derivação numérica
é bastante complexo quando comparado com a integração numérica, o que impõem limitações na
aplicação prática destas relações.
As amplitudes dos parâmetros de vibração de uma máquina variam com sua velocidade angular
e este efeito, associado às limitações dos transdutores de vibração, usualmente implicam em que
somente um dos parâmetros fornecerá as informações necessárias para a análise. Este efeito é ilustrado
na Figura 1.6 onde são apresentados os níveis globais de vibração num ventilador de baixa rotação e
num par de engrenagens de alta rotação. Os dois itens devem ser observados: (1) os níveis de
deslocamento e aceleração são bem distintos, e (a) a rotação é praticamente constante.
Do primeiro item pode-se concluir que as considerações de freqüência importantes na seleção
do parâmetro de vibração. A aceleração não é uma boa escolha para análise em baixas freqüências,
enquanto que o deslocamento não é adequado para altas freqüências. Nota-se que estas limitações
referem-se aos parâmetros de vibração, não ao transdutor. As limitações da faixa de freqüências dos
transdutores são importantes na seleção do parâmetro, e serão discutidos posteriormente.

Ventilador Industrial: 600rpm Freqüência de Engrenamento: 15kHz


deslocamento: 10mils pp deslocamento: 1,2mils pp
velocidade: 0,3in/s velocidade: 0,12in/s
aceleração: 0,1g aceleração: 30g’s

Figura 1.6 Variação dos níveis dos parâmetros de vibração com a rotação da máquina (1mil≡0,001in)

O fato da velocidade ser um bom indicador de danos, independente da velocidade da máquina,


implica que é também um bom parâmetro para monitoramento geral da máquina. Isto é, um limite de

I-7
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

vibração pode ser estabelecido independentemente da freqüência. A velocidade permanece constante


com o nível de dano porque é proporcional ao conteúdo de energia de vibração.

1.5 CLASSIFICAÇÃO DOS SINAIS DE VIBRAÇÃO


Os sinais de vibração de um sistema mecânico podem ser classificados, para efeito de análise e
considerando como estes variam no tempo, em três grandes grupos: determinísticos, aleatórios e
transientes.
Os sinais de vibração são considerados determinísticos quando seus valores instantâneos podem
ser determinados para qualquer instante de tempo t através de relações matemáticas explícitas; uma
vez que apresentam um comportamento repetitivo, previsível e portanto facilmente identificável. São
exemplos típicos de sinais determinísticos as vibrações originadas por rotores desbalanceados, eixos
desalinhados ou empenados, redutores de engrenagens, pás de turbinas e mancais de rolamento ou
hidrodinâmicos. Na Figura 1.7 são ilustrados dois exemplos de sinais determinísticos de vibração,
sendo um deles a própria vibração harmônica.

x,v,a x,v,a

t A t

T T

Figura 1.7 Sinais determinísticos de vibração

Existem fenômenos físicos que resultam em sinais de vibração que não apresentam
componentes periódicas ou harmônicas relacionadas. Tais sinais são considerados aleatórios ou
“randômicos” e possuem como característica comum a imprevisibilidade do seu valor instantâneo em
qualquer instante de tempo; entretanto, suas características podem ser descritas por propriedades
estatísticas. Como exemplos podemos citar as vibrações causadas por forças fluídicas e a saída de um
gerador de ruído. Na Figura 1.8 é apresentado um exemplo típico de sinal aleatório de vibração, onde
fica evidente a não repetibilidade do sinal.

x,v,a

Figura 1.8 Sinal aleatório de vibração

Um sinal transiente ou transitório de vibração existe apenas em um intervalo limitado de


tempo, sendo nulo em qualquer outro. Tais sinais não são periódicos e são exemplos típicos as
vibrações originadas por explosões, impactos ou choques mecânicos, onde uma grande quantidade de
energia vibratória é liberada quase que instantaneamente, excitando máquinas ou estruturas. Nas
Figuras 1.9a e 1.9b são apresentados, respectivamente, exemplos de um choque mecânico e da
resposta transiente de um sistema mecânico submetido a este choque.

I-8
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

x,v,a x,v,a

t t

(a) (b)
Figura 1.9 Sinais transientes de vibração

Os sinais transientes de impacto e resposta são usualmente empregados na identificação de


freqüências naturais de estruturas, através de ensaios dinâmicos conhecidos como “bump tests”,
devido ao amplo espectro de freqüências que o impacto é capaz de excitar.
Freqüentemente, os sinais de vibração são constituídos por várias componentes harmônicas de
diferentes freqüências e amplitudes, por exemplo, a vibração livre de um sistema de vários graus de
liberdade, para a qual contribuem as vibrações de cada freqüência natural. Uma perspectiva mais
adequada para a identificação de componentes de sinais de vibração complexos é revelada pelo
Espectro de Freqüências do sinal que representa as várias componentes harmônicas em termos de suas
respectivas freqüências e amplitudes, obtidas através da aplicação da Transformada de Fourier.

1.6 NÍVEIS DE SINAIS DE VIBRAÇÃO


Os níveis de sinais de vibração podem ser descritos através de características dos movimentos
oscilatórios como valores máximos, médios e de propriedades estatísticas. Estas propriedades são
definidas de forma genérica para os parâmetros de deslocamento (x), velocidade (v), e aceleração (a).
Nas Figuras 1.10a e 1.10b são ilustradas algumas das propriedades que descrevem os níveis de
vibração de um sinal harmônico e de um sinal aleatório, respectivamente.

x,(v,a)

xpico A |x| xrms t


xpp

x =0
(a)

x,(v,a)

xpico xRMS
x
xpp |x|
t

(b)

Figura 1.10 Níveis de sinais de vibração (a) harmônica e (b) aleatória

I-9
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

Os valores máximos de Pico, xpico, e Pico-a-Pico, xpp, estão relacionados geralmente com a
intensidade dos esforços máximos e os limites de espaço físico a que está submetida a estrutura
vibrante. Estes valores nem sempre são muito significativos do ponto de vista de análise de vibração.
Os sinais de vibração podem ser representados por uma componente estática, invariante no
tempo, e uma componente dinâmica que varia no tempo. A componente estática ou estável é definida
pelo Valor Médio - "Mean Value", x , análogo ao nível d.c. de um corrente elétrica, e é determinado
pela seguinte integral

T
x = lim 1
T →∞ T ∫ x( t )dt (1.7)
0

A componente dinâmica é descrita pela Variância, σ 2x , que mostra como os dados oscilam em
torno do Valor Médio. A Variância é determinada pelo valor médio quadrático do sinal após a
subtração o seu Valor Médio

∫ [x( t ) − x ] dt
2
σ 2x = lim T1 (1.8)
T →∞
0

A raiz quadrada positiva da Variância é o chamado Desvio Padrão, σ x

σx = σ 2x (1.9)

O valor médio da intensidade de um sinal de vibração pode ser definido através de seu Valor
Médio em Módulo - "Average Value", | x | . Este parâmetro desconsidera o “sentido” do sinal de
vibração e é determinado pela seguinte integral

T
| x |= lim1
T →∞ T ∫ x( t ) dt (1.10)
0

A energia de um sistema vibratório está associada geralmente ao quadrado do sinal de vibração;


sendo assim, o Valor Médio Quadrático, x 2 , corresponde a uma medida da intensidade da energia
associada ao sinal de vibração

∫x
2
x 2 = lim 1 ( t )dt (1.11)
T →∞ T
0

No processamento de sinais e em instrumentos de medição é comum o uso de uma grandeza


denominada Valor Eficaz, ou Valor RMS (Root Mean Square), xRMS, que corresponde a uma medida da
energia efetiva de vibração, e é definida com sendo a raiz quadrada do Valor Médio Quadrático

x RMS = x 2 (1.12)

I-10
Manutenção Preditiva Baseada na Análise de Vibrações Flávio Yukio Watanabe

No caso de uma vibração harmônica, como a exemplificada na Figura 1.9a, por se tratar de um
sinal bem característico, os parâmetros que o descrevem apresentam valores bem definidos

ƒ x pico = A ƒ x pp = 2 A

ƒ x =0 ƒ σ 2x ≡ x 2 = 0 ,5 A 2

ƒ x = 2 A / π ≈ 0 ,637 A ƒ x RMS = A / 2 ≈ 0 ,707 A

Outros dois parâmetros empregados são o Fator de Forma, Ff, e o Fator de Crista, Fc, definidos
pelas expressões apresentadas a seguir

x RMS x pico
Ff = e Fc = (1.13)
x x RMS

O Fator de Forma e o Fator de Crista dão uma idéia da forma da onda do sinal em análise, ou
seja, indicam se ele é mais ou menos homogêneo ao longo do tempo. Grandes valores para o Fator de
Crista indicam a presença de algum pico destacado no período analisado, resultante, provavelmente,
de algum fenômeno repetitivo, com intervalos de tempo regulares. Valores de Fator de Forma próximo
de 2 indicam fenômenos tendendo a senoidal.

1.7 IMPEDÂNCIA MECÂNICA


Um ponto importante que deve ser ressaltado é que se mede a resposta da máquina às forças
excitadoras de vibração e não as forças propriamente ditas. Então, as características de resposta da
máquina, denominada usualmente como a sua impedância mecânica, têm efeito direto na vibração
medida. A partir destas considerações, dois importantes resultados devem ser ressaltados na seleção e
instalação de transdutores de vibração:
• Se a resposta da máquina é de pequena amplitude ou nível baixo, será difícil analisar a vibração.
O exemplo mais comum desta condição envolve máquinas de rotores leves e mancais de
escorregamento montados em carcaças pesadas. Muito pouca vibração é transmitida do eixo
para a carcaça, e as vibrações do eixo devem ser medidas diretamente. Mancais de rolamento
são muito mais rígidos que mancais de escorregamento e transmitem bem suas vibrações, bem
como as do eixo, para a carcaça. (Figura 1.11)
• Se a impedância da máquina muda sensivelmente com a freqüência, as alterações na rotação de
funcionamento da máquina podem produzir alterações anômalas no nível de vibração medido.
Em algumas máquinas, mesmo que a fonte de vibração permaneça a mesma, sua resposta
dinâmica em diferentes velocidades pode diferir bastante em amplitude; sendo assim, medições
tomadas em uma única condição de operação, feitas em máquinas com velocidade variável,
podem levar a resultados errôneos.

Mancal de Rolamento Mancal Hidrostático


Figura 1.11 Mancais com diferentes impedâncias mecânicas

I-11

Вам также может понравиться