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1-Sobre a autora:
Licenciada en Sociologia, Universidad de Buenos Aires, 1962.
Ph.D., Sociology, University of Texas at Austin, 1968.
Trabalha com memória e trauma.
Inicialmente com trabalhos voltados para economia.
2-Sobre o livro:
O livro faz parte de um programa desenvolvido pelo Panel Regional de América Latina. Uma espécie de
grupo de estudos que tem como objetivo a investigação e formação de jovens investigadores sobre a
memória e repressão política no Cone Sul.
Na introdução a autora mostra a linha de pensamento que será conduzida pela escrita, Contribuir
para a encontrar algumas ferramentas para pensar e analisar o passado, a partir de três níveis: 1º
Entender as memórias como processos subjetivos, associados à experiências e em marcas
simbólicas e materiais; 2º Reconhecer as memórias como objeto de disputas, conflitos e lutas através
das relações de poder; 3º Historicizar as memórias, reconhecer que existe trocas e pontes históricas
em relação ao passado.
A temporalidade complexa
A ressignificação do passado a partir da visão do presente usando como referência Koselleck
“Espaços de experiência” e “Horizonte de expectativas”; A mudança de sentidos a partir da relação
com o outro, as “minhadades”; Os espaços em relação aos acontecimentos, aliados às expectativas,
podem ressignificar o passado e modificar as expectativas em relação ao futuro;
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Os trabalhos da memória (trabalho como algo transformador, que agrega valor); Como algumas
vivências do passado podem causar efeitos em tempos posteriores, independente da vontade. Ex.
Traumas; O trabalho elaborativo: confrontar as memórias e analisá-las; No plano coletivo, o desafio
é superar as repercussões, superar os esquecimentos e os abusos políticos, tomar distância ao mesmo
tempo promover o debate e a reflexão ativa sobre esse passado e seu sentido no presente/futuro.
Memória e identidade
Poder recordar e rememorar algo do próprio passado é o que sustenta a identidade; Períodos de
crises e calmos, relacionados à construção da identidade e memória.
As memórias e os esquecimentos
Um acontecimento rememorado ou memorável será expresso em uma forma narrativa da maneira
como o sujeito constrói um sentido para o passado; O interesse pelas memórias narrativas; As
“memórias feridas” Paul Ricouer; O silêncio ocupa um lugar central. Toda narrativa do passado
implica uma seleção. A memória é seletiva. A memória total é impossível; O esquecimento seletivo
a partir da destruição de provas documentais; Toda política de conservação da memória, ao
selecionar as fontes para preservar, conservar e comemorar, tem implícita uma vontade de esquecer;
As dificuldades para recuperar as memórias individuais e torna-las coletivas, para validá-las diante
da sociedade; O esquecimento “evasivo” de Ricouer, que pode ferir; O silêncio imposto pela
ditadura; O silêncio como forma de não ferir o outro, que também sofre com as marcas desse
passado; Há outra lógica para o silêncio. Para relatar sofrimentos, é necessário encontrar do outro
lado a vontade de escutar; Todorov não se opõe à recuperação do passado, mas a sua utilização por
parte de diversos grupos com interesses próprios.
Discursos e experiência
A memória com a função de dar sentido ao passado; O poder das palavras não está nas palavras por
si só, mas na autoridade que representam e nos processos ligados às instituições que as legitimam;
3º As lutas políticas pela memória
A investigação do tema não consiste em tratar os fatos sociais como coisas, mas como os fatos
sociais se tornam coisas. Se trata de estudar os processos e atores que interferem no trabalho de
construção e formação das memórias.
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A confirmação de uma história nacional e uma história oficial
O vínculo com o poder é um ponto central na intencionalidade da construção da narrativa da nação;
Durante as ditaduras, os bons e os maus estão claros, a censura se faz presente, entretanto, no período
democrático no Brasil, não houve qualquer impedimento para que a memória positiva desse período
pudesse ser calada; No cenário político de troca do Estado, alguns autores sociais reclamam a
legitimidade de suas vozes, reclamando a verdade e a justiça.
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Catástrofe social, memória histórica e trauma
Os acontecimentos traumáticos são aqueles que por sua intensidade geram no sujeito uma
incapacidade de responder, provocando transtornos diversos em seu funcionamento social;
Historicizar a memória
A construção da memória sobre o passado se converte então em um objeto de estudo da própria
história, o estudo histórico das memórias, que chama então a “historicizar a memória”; O dilema
entre o presentismo e o taxidermismo; O caso argentino; O tempo das memórias não é linear, não é
cronológico, ou racional; O evento traumático tem seu efeito maior e mais claramente injustificável
na vítima.
Em síntese
O testemunho como construção de memórias implica multiplicidade de vozes, circulação de
múltiplas “verdades”, também de silêncios, coisas não ditas - como o livro de Marta Diana, onde as
mulheres entrevistadas nunca falam sobre sua participação ativa na luta armada. Pg. 96
O sofrimento traumático pode privar a vítima da linguagem, de sua comunicação, e isto pode
impedir o testemunho, ou permitir fazê-lo sem subjetividade. Pg 96
O testemunho pessoal, de quem sofreu diretamente começam a falar e narrar suas experiências e
sofrimentos. E ao mesmo tempo, uma fonte fundamental para recolher informações sobre o que
houve, um exercício de memória pessoal e social. Pg 96
Há momentos históricos aptos para escutar e outros não. Pg. 97
Devemos pleitear a urgência de historicizar, de incluir a temporalidade e a historicidade das
narrativas personalizadas e das possibilidades de escutar. Pg. 97
Há um processo de duelo e cura através da separação e aceitação da perda. Pg 97
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6º O gênero nas memórias
O lugar dos homens e mulheres na memória relacionada à ditadura. Exemplo de Pinochet apoio e
acusações. Pg 99
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Que pegadas do passado se apagam de maneira irrecuperável? Quais estão ativas ou guardadas no
esquecimento, para serem eventualmente recuperadas? Como intervém os trabalhos dos
“empreendedores de memória” na renovação das recordações, e nos sentidos do passado? Pg 120
Há três processos de transformação que resultam da multiplicidade de temporalidades: 1º O
crescimento, amadurecimento e envelhecimento pessoal; 2º O tempo do devir da História; 3º A
sucessão e renovação geracional dos agentes históricos. Pg 121.
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Na falta de palavras e símbolos para dar conta do passado, opta-se pelo silêncio. Pg. 132
Quando se fala de restos, de sombras, de pegadas ou sequelas, a referência é a outra face da
memória, o esquecimento e o silêncio. Pg. 133