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VOTO- E M E N T A
4. Em que pese o quanto alegado pelo réu, não consta dos autos a prova de
fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito da parte autora.
5. De fato, , restou comprovado nos autos que a concessionária de serviços
públicos procedeu à cobrança relativa à período em que supostamente teria havido
impossibilidade de registro do consumo, todavia não faz prova nos autos acerca da
ocorrência efetiva do fato. A concessionária ré não comprova as suas alegações,
como lhe incumbia fazê-lo, por possuir os meios técnicos e operacionais para
tanto, que tais valores corresponderiam ao consumo efetivo e real da parte autora.
6. Ante a constituição irregular da dívida impugnada, agiu com acerto o
magistrado sentenciante ao declarar a inexigibilidade da dívida. Cumpre
salientar que estamos diante de uma relação de consumo, impondo-se a aplicação
das normas do Código de Defesa do Consumidor, as quais possuem interesse
social e são de ordem pública, sendo a responsabilidade da recorrente objetiva e
fundada na teoria do risco do empreendimento.
7. Mister se faz ressaltar que, o Código de Defesa do Consumidor somente
afasta a responsabilidade do prestador de serviços, nas hipóteses de culpa
exclusiva do consumidor ou fato de terceiro, situações que não ocorreram nos
presentes autos.
8. Ademais, milita em favor do consumidor, uma vez que subsidiado por indícios
veementes, a presunção de vício a justificar a insurgência da cobrança que lhe é
feita. Portanto, em torno dessas irregularidades, cabia à fornecedora de serviços
proceder a demonstração probatória do aumento do consumo de energia na
residência do autor. Não o fez, nem mesmo trouxe à baila demonstrativo
tecnológico dando conta de que o referido consumo foi realizado pelo recorrido.
Sucumbiu, dada a vigência da teoria do risco do empreendimento, às vicissitudes
da operacionalização dos serviços prestados, notadamente em face da omissão.
ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
pelo êxito da parte no recurso
Salvador, Sala das Sessões, 23 de Fevereiro de 2016.
BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente