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Inesperado Reencontro
(Jo Ann Ferguson)
Título Original: Wedding Day Kittens
Aventuras do Coração/ Gatinhos Cupidos -
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a visão.
Charlotte suspirou. O jeito agora seria
lavar tudo de novo. Curvando-se, começou a
recolher as meias encharcadas.
— Espere um instante — disse lorde
Milbury.
— O que foi?
Sorridente, ele pegou a ponta da corda
e ergueu as roupas do chão. Charlotte
ficou impressionada com tamanha força,
pois sabia o quanto pesava um varal cheio
de roupas molhadas.
"O que ele anda fazendo longe de
Milburgh do Norte?", perguntou-se, ao
mesmo tempo em que também levava as
mãos à corda, querendo ajudá-lo.
— Erga um pouco e segure firme
agora—ele orientou entre os dentes
cerrados. — Quero ver se consigo dar a
volta na árvore.
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completar a frase.
A atitude mais sábia naquele momento
era permanecer calada e esperar que ele
partisse. Fosse outra pessoa que não o
marquês, o deixaria falando sozinho,
buscando refúgio no interior do chalé. Mas
desconfiava que ele fosse capaz de roubar-
lhe as galinhas que estavam cacarejando
junto ao portão do celeiro. Jeremy Drake
fizera coisas piores um ano antes de
partir.
— "Brincadeiras de um jovem imaturo"
não é a melhor maneira de descrever o que
você andou aprontando — ela rebateu,
arrumando as roupas para que coubessem
no varal. — Devia ter pensado melhor antes
de agir.
— Comentários como esse me
convenceram a ir embora. — Após uma
breve pausa, perguntou: — Não tem
curiosidade de saber por onde andei?
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água, Charlotte.
— Disponha. — Ouvir seu primeiro nome
nos lábios dele provocou-lhe arrepios, não
de frio, mas calorosos, que percorriam sua
pele em ondas. Vendo-o encaminhar-se
para o cavalo, chamou: — Lorde Milbury?
Ele parou e se virou, com um sorriso
apenas cortês nos lábios. E abrindo bem o
casaco para revelar o colete de brocado
dourado, disse:
— Dou-lhe minha palavra, se é que ela
ainda tem algum valor, de que deixei tudo
para trás.
— Eu não quis dizer... Não queria acusá-
lo de... —Tomando fôlego, passou também
para o outro lado do varal. — Lorde
Milbury...
— Você costumava me chamar de
Jeremy. Gostaria muito que voltasse a me
tratar assim. — Estendeu a mão quando ela
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CAPÍTULO II
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fora.
— Jeremy! — ela repetiu ao pé da
escada, levando as mãos à boca para em
seguida atirar-se em seus braços. — Ó,
Jeremy! É você mesmo!
— Sim, sou eu.
Ignorando Markley, entrou e deixou
cair a sacola no piso de mármore. Segurou
então Eugenia pela cintura e a fez rodo-
piar. Quando a soltou, ela recuou, de novo
com a mão na boca, a outra alisando o
cabelo castanho. Eugenia estava quase do
seu tamanho, mas continuava muito magra.
Herdara a ossatura fina da mãe. Pena que
usasse o vestido pregueado. Sobressaía-
lhe a estrutura longilínea sem fazer jus a
seus traços muito bem desenhados. Mas
sabia o quanto a moda era importante para
as mulheres.
Menos para Charlotte Longmuir, A idéia
formou-se antes que pudesse detê-la.
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seus.
Eugenia fungou alto, trazendo-o de
volta à realidade.
— Quem poderia imaginar que a filha do
seu mestre acabaria demonstrando ter
menos senso moral do que...
— Eu?
— ... um gato. — Franziu a testa e
cruzou os braços. — Jeremy, como se
explica que você já tenha encontrado essa
mulher?
— Por um talento especial que tenho
para essas coisas, creio eu. — Voltou para
junto da irmã. Por que Eugenia reagira de
modo tão violento à menção do nome de
Charlotte?
— Não vejo a menor graça nisso.
— Nesse ponto estamos de acordo,
minha cara. Por que chamou Charlotte de
meretriz?
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CAPÍTULO III
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enternecida.
— Vai dar um pouco pra ele também?
— Ele quem?
— O homem que está aí fora.
— Tem um homem aí fora? — Levantou-
se de pronto. — Quem é?
Hughie balançou a cabeça.
— Não sei. Um homem.
— Você já o viu antes?
— Sim.
— Quando foi isso?
— Antes.
Charlotte deu-lhe um tapinha no ombro.
Tudo que não era agora se resumia a
"antes" ou "depois" para ele. Tirando o
bebê adormecido do berço, estendeu a mão
para o menino. Só então saiu.
Observou os dois lados do terreiro com
a testa franzida. Vazio. Como podia ser
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quando crescer?
— Professor. — Sorriu. — Ou talvez
marinheiro. Charlotte perdeu o fôlego ao
notar a admiração na voz do menino. Claro
que lorde Milbury devia impressionar muito
os rapazes da idade dele. Pura ilusão.
Desconheciam seu passado, os inúmeros
erros que cometera na vida.
O riso frouxo de Jeremy só fez
aumentar-lhe a irritação.
— Marujo Petey? Ou será que quando
crescer vai preferir Peter?
— Não — respondeu o garoto,
orgulhoso. — Petey é como Charlotte me
chama. Meu nome verdadeiro é Pitri Jahnu
Dhumavarna.
Lorde Milbury parecia divertido ao
comentar:
— Um nome e tanto!
— Minha mãe me deu esse nome antes
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de...
— Antes do quê?
Charlotte já ouvira o suficiente;
— Petey, quer por favor apanhar os
ovos? As galinhas resolveram escondê-los
de novo.
Ele sorriu e saiu correndo, aos gritos,
em volta do celeiro. Hughie o seguiu.
— O que faz aqui? — ela perguntou,
sustentando-lhe o olhar. Estava
determinada a não se deixar enganar por
dois ombros largos e um sorriso fácil. Já
tinham causado estragos demais,
perturbando-lhe o sono a noite inteira.
— Eu só estava conversando com o
menino.
— Interrogando-o, foi o que me
pareceu.
Ele sorriu e passou os dedos pelo cabelo
muito preto. Um estranho calor a
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poço.
— Mais um motivo para ir logo embora.
Dispenso os problemas que o senhor atrai,
lorde Milbury.
— Lorde Milbury? Pensei que fôssemos
nos tratar como amigos de novo.
Ela balançou a cabeça.
— Lamento, mas é impossível.
— Nem seu pai me negou uma segunda
chance.
— Papai podia se dar a esses luxos. Eu
não. — A bebê começou a choramingar e
Charlotte correu a acudi-la. —Passar bem
— despediu-se às pressas. — Espero que
aprecie seu retorno a Milburgh.
Jeremy deu de ombros enquanto ela
entrava no chalé. Visão adorável, mesmo de
costas.
A breve visita fora surpreendente. O
menino se chamava Pitri Jahnu
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faces.
— Você não perdeu tempo para se
inteirar dos boatos.
— Ausentei-me por dez anos. Foi
gentileza da sua parte dar-lhes outro
motivo para falar.
Ela o viu sorrir. Mesmo sabendo-se uma
tola, imitou-lhe o gesto. Jeremy era muito
charmoso. Devia resistir, mas sentia-se
incapaz de não gostar do modo como ele
retrucava rápido cada uma de suas
objeções.
— Não foi intencional — comentou, mais
tranqüila.
— Não tem importância.
Sem lhe dar tempo de falar, soltou sua
mão e envolveu-a pela cintura com os
braços. Charlotte ergueu as mãos para se
defender ao vê-lo inclinar-se em sua
direção.
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— Pare, Jeremy!
— Agora sim parece a Pimentinha que
costumava andar pela cidade sempre com o
nariz enfiado em um livro.
— Me solte! Se alguém visse... —
Estremeceu só de pensar.
— Tem razão. Já falam demais a seu
respeito. Só não me culpe por querer
conhecer melhor sua história, saber até
que ponto é verdade o que dizem.
Irritada, Charlotte procurou
desvencilhar os braços, contorcendo-se
toda. Porém, não conseguiu mais que fazê-
lo a apertar com maior força.
— Me solte!
CAPÍTULO IV
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travessura.
Levantando-se, tomou-a pela mão e
convidou:
— Venha comigo.
— Para onde? — Uma mulher madura o
inquiria agora.
Essa constatação impediu-o de puxá-la
até o riacho. O anseio permanecia no rosto
dela, porém diferente do desejo vivo de
uma criança, como o que vira pouco antes.
Os lábios de Charlotte tinham se suavizado
e permaneciam afastados, um convite para
satisfazer-lhe a necessidade ostentada
nos olhos. A vontade de corresponder o
invadiu de repente, uma dor maravilhosa a
incomodá-lo desde o instante em que a vira
entretida com seus afazeres. Quando
procurou-lhe os lábios com os seus, os
olhos dela se fecharam, os cílios espessos
curvando-se sobre a pele sedosa das faces,
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pelos autores.
— Que seja. Trarei livros na próxima
visita. Posso voltar, não? — Sua voz se
transformou em um sussurro rouco. — A
menos que queira tanto ficar sozinha a
ponto de...
Com o hálito dele aquecendo-lhe o
pescoço, Charlotte girou o pescoço para
ver-lhe a face tão próxima. Resvalou o
olhar pelos lábios sensuais, porém logo o
desviou. Mesmo assim, constatou que as
chamas no olhar de Jeremy ainda ardiam
alto.
— É difícil me convencer de uma vez
por todas que a Pimentinha, com suas
sardas e o cabelo avermelhado rebelde,
desabrochou em tão bela mulher — ele
confessou.
— Pois você está exatamente como eu
imaginava que viria a ser.
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CAPÍTULO V
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um navio.
— A cozinheira quer ter certeza de que
as assistentes serão capazes de preparar
um bom café na manhã do casamento. Por
isso as obriga a praticar. —Estendeu a mão
e pegou um bolinho do cesto sobre a mesa.
— Não pode faltar comida no dia. Seria
terrível se alguém fosse embora com fome,
um mau presságio para minha vida com o sr.
Berringer.
Jeremy riu. Uma grande idéia acabava
de lhe ocorrer. Erguendo sua xícara, tomou
um gole de café antes de dizer:
— Acredito que não será problema se
eu trouxer um ou dois convidados. —
Sorriu por cima da xícara. — Ou três... ou
quatro.
— Só peço que avise Markley com
antecedência, de forma que haja lugares
suficientes à mesa.
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— Farei isso.
— Posso perguntar quem pretende
convidar?
— Charlotte Longmuir e as crianças de
quem ela cuida.
— O quê? — O rosto de Eugenia ficou
branco como as cortinas a suas costas. —
O que foi que disse?
— Vou convidar Charlotte para o
casamento.
— Recuso-me a acreditar que seja
capaz até mesmo de sugerir uma coisa
dessas! — Bateu a colher na mesa com
estrondo. Levando as mãos trêmulas ao
rosto, exclamou: — Você quer arruinar meu
casamento!
Jeremy se levantou e, dando a volta na
mesa, afastou-lhe as mãos com delicadeza.
— Esperava que você estivesse disposta
a ajudar alguém que precisa muito do seu
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socorro.
— Ela não merece...
— Ser expulsa de Milburgh — ele
completou. — Minha querida, seu
casamento será o acontecimento social
mais importante desta cidade em anos. Se
as pessoas virem que está disposta a
receber Charlotte, acabarão fazendo a
mesma coisa.
Ela rolou os olhos brilhantes e uma
única lágrima escorreu por seu rosto.
— Jeremy, você está pedindo para que
eu manche minha reputação e estrague
meu casamento por causa de uma mulher
que, além de se desgraçar, virou as costas
para a cidade.
— Você sabe que eu não faria nada para
prejudicá-la. Eugenia arregalou os olhos.
— Então é uma tentativa de enfurecer
mamãe!
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tenra idade.
— Tive excelentes professores. —
Curvou a cabeça para ela antes de
acrescentar: — Incluindo o sr. Longmuir.
— E sua filha?
— O que uma criança poderia me
ensinar? — Não queria dizer que agora
gostaria muito de tomar certas lições com
a filha do antigo mestre. Lições de prazer,
tanto para dar quanto para receber.
— Não faço idéia, mas conheço você,
meu filho. Sempre teve grande senso de
honra, apesar da natureza impetuosa. Em-
bora se dispusesse a macular a própria
reputação como bem entendesse, foram
pouquíssimas as ocasiões em que arriscou
expor também sua família ao ridículo.
Mesmo assim, quando aconteceu, foi por
acreditar sinceramente na necessidade de
reparar algum grande engano.
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um prato.
Jeremy fez menção de voltar para seu
lugar, mas parou de repente. Ajudar
Charlotte era sua grande prioridade, mas
nem por isso gostaria de magoar a irmã.
— Mamãe, pensei que a senhora
quisesse a concordância de Eugenia antes
disso.
Atônito, viu-a piscar para ele. Na
mesma hora passou-lhe pela cabeça que seu
mau comportamento fora herança dela, não
do pai.
Rindo, ela perguntou:
— Por acaso você a ouviu dizer que não?
— Nem pensar!
Jeremy imaginou ter sido mal
interpretado por Charlotte, apesar das
palavras simples e diretas que usara. Ela e
as crianças eram bem-vindas ao casamento
na igreja e ao café da manhã em Milburgh
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Hall.
Charlotte parecia exausta, o cabelo
avermelhado solto cobrindo-lhe parte do
rosto, os olhos azuis sem brilho. Só podia
tê-lo entendido mal.
— Mamãe e Eugenia esperam que você
compareça — repetiu, forçando um pouco a
verdade. — Acho que será uma excelente
oportunidade para pôr um fim aos boatos,
quando a cidade inteira constatar que a
filha da marquesa a recebe.
— Obrigada, mas não.
Jeremy esperava mais do que um
agradecimento frio e a recusa. Apreensivo,
sensação com a qual tinha pouca intimi-
dade, ele insistiu:
— Será que não percebe, Charlotte?
Quem poderá censurá-la, quando a virem
em paz com Eugenia?
— Muito gentil da sua parte fazer tal
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quer mais.
— Tem razão. — Percorria-lhe agora o
lábio superior com o dedo, hipnotizando-a e
aproveitando para cingir-lhe a cintura.
Quis puxá-la para perto, mas os livros o
detiveram. Fez menção de livrar-se deles
no exato momento em que os dois meninos
entraram correndo para cumprimentá-lo.
— Por que não vai ler um pouco,
Charlotte? — sugeriu então.
— Como? — Era a última coisa que
esperava ouvir dele. Devia estar
acostumada com surpresas da parte de
Jeremy; mesmo assim, creditara-lhe
pensamentos iguais aos seus quando a
tocara.
— Cuido das crianças enquanto você
aproveita para ficar um pouco sozinha.
Os meninos festejaram a idéia, mas ela,
com uma vontade enorme de chorar,
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relutava em deixá-los.
— Obrigada — falou num fio de voz.
Não foi só a presença das crianças que
a impediu de revelar o sofrimento de seu
coração. Em momento algum Jeremy falara
sobre permanecer em Milburgh. Oferecer-
lhe seu amor para depois vê-lo partir outra
vez seria mais do que conseguiria suportar.
CAPÍTULO VI
Ao contrário de Charlotte.
Seu sorriso desapareceu de vez e
recusou-se a retornar. Por que ela insistira
em rejeitar-lhe a ajuda? Não costumava
fazê-lo no passado. Naquela época, mesmo
que não quisesse se expor ao desprezo
público, compareceria ao casamento de
modo a proporcionar uma emoção diferente
às crianças, longe do pátio onde brincavam
todos os dias.
Mãos amistosas batendo-lhe no ombro e
palavras de felicitações serviram de tábua
de salvação, impedindo-o de se afogar no
desânimo. Esforçou-se para sorrir e deve
ter sido bem-sucedido, pois ninguém
demonstrou notar que sua cabeça estava
distante das núpcias que acabavam de unir
duas das famílias mais importantes da
cidade.
Deixando-se conduzir para fora pela
multidão, respirou fundo o ar da tarde
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batizado.
— Mas não em funerais. — Apoiou o
braço no muro e olhou na direção da igreja
que sua família doara para a cidade, muito
anos antes. — Acho que ela não tocou duas
notas certas no funeral de papai.
Espantada, Charlotte arregalou os
olhos.
— Você esteve aqui, no funeral? Jeremy
fez que sim com a cabeça.
— Mas ninguém nunca disse... Quer
dizer, eu presumi...
— Que o filho rebelde não
compareceria ao enterro do próprio pai?
Pois se enganou. Fiquei o tempo todo no
fundo da igreja para não ser notado no
meio da multidão que veio pranteá-lo. —
Deu de ombros e sorriu. — Que conversa
mais lúgubre para um dia tão bonito.
Prefiro falar no quanto estou contente por
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deles?
Ouviu um miado enfurecido. Olhando
para baixo, viu que quase pisara na da
gatinha das crianças. Apanhou-a. Garras
afiadas fincaram em seu colete. Sentiu o
coração do pobre animal bater acelerado
em sua mão. Alguma coisa a assustara além
de seus pés. Algo monstruoso para uma
criatura tão pequenina.
Com a gatinha na mão, encaminhou-se
para o chalé. A algazarra de vozes crescia
a cada passo. Distinguiu com facilidade as
das crianças e de Charlotte, mas não só.
Permaneceu atento, pois identificou uma
voz masculina onde nunca encontrara
homem algum.
Encontrou a porta da frente
escancarada, proporcionando boa visão do
hall de entrada e da escada na lateral.
Pasmado ao constatar que nunca pusera os
pés dentro do chalé, Jeremy o fez então,
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nas crianças.
Um vulto surgiu na passagem para
aquela que devia ser a única outra sala no
piso térreo do chalé. O coração de Jeremy
apertou-se inexplicavelmente ao verificar
que ele não pertencia nem à dona da casa,
muito menos aos meninos. Era alto demais,
dotado de ombros largos demais.
O vulto se materializou em um homem
que entrou na sala e perguntou:
— Quem é você e o que quer aqui?
— Sou lorde Milbury — ele respondeu
no mesmo tom mordaz. Homem algum, em
terra ou a bordo de um de seus navios,
jamais lhe dirigira palavras assim ásperas
sem se arrepender depois. — Um marquês.
Como já esperava, o anúncio de seu
título pôs fim ao ar prepotente do homem
que agia dentro da casa de Charlotte como
se ela lhe pertencesse. Deixando um
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— Por quê?
— Para não se machucar no transporte,
ora! — respondeu o menino, lançando-lhe
um olhar desdenhoso. — Uma caixa grande,
com buracos para que possa respirar.
Passmore interveio e muito calmamente
orientou:
— Deixe a gata em seu quarto e feche a
porta. — Observou Petey se afastar
correndo antes de retomar a conversa, em
tom pouco cordial. — Que interesses o
trazem a esta casa, milorde? Sejam quais
forem, é melhor resolvê-los logo porque...
— Hughie, você está aí? — Charlotte
chamou, descendo apressada a escadaria e
entrando na sala. Trazia uma camisa
infantil nas mãos, aberta, pronta para
vestir no menino. Parou tão de repente que
chegou a tropeçar, dando um passo a mais.
Afinal endireitou os ombros e sorriu.
— Vejo que já se conhecem —
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comentou.
— Trocamos amabilidades, mais nada. —
Jeremy entendeu que sua voz soara áspera
demais quando ela o encarou com repentino
desânimo. — Ainda não faço idéia do
motivo pelo qual esse homem está em seu
chalé.
— Jeremy, Lionel é o pai de Hughie e
Dolly.
— Claro. — Por isso o nome soara
familiar. Mas qual a explicação para a
presença de Passmore naquele lugar? Fazer
essa pergunta aumentaria a irritação do
homem, que poderia ser direcionada contra
Charlotte. Afinal, eleja a olhava como se
quisesse matá-la, assustado com o fato de
um estranho à família entrar com tanta
facilidade na casa.
Jeremy sentiu-se inseguro quanto ao
que dizer a seguir. Inseguro? Nunca se
sentira assim em relação a nada, antes de
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retrucou:
— O mundo real onde você vivia
entediado e infeliz, a ponto de desperdiçar
sua juventude cometendo loucuras?
— Nunca disse que estava certo naquela
época. Mas pelo menos aprendi que se
esconder atrás de travessuras não é vida.
Por que se recusa a enxergar que se
esconder atrás de velhas desculpas
tampouco o é?
— Você faz parecer tudo tão fácil.
— Eu sei que não é, mas toda luta vale a
pena quando se vence no final.
— Que vitória é essa de que você fala?
Feita de mentiras, olhares rudes e
suposições de que uma pessoa é pior que as
outras? Pior até que o filho do marquês?
Levou a mão à boca na tentativa de
impedi-la de dizer palavras mais amargas
ainda.
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CAPÍTULO VII
dela se apagou.
— Jeremy, não pode continuar se
escondendo desse jeito.
— Como sabe o que ando fazendo se
acaba de voltar de lua-de-mel?
— Ora, sabe como são essas coisas em
Milburgh. Todo o mundo aqui adora falar
da vida alheia e o assunto predileto hoje
em dia é você.
Isso o fez lembrar de algo que
Charlotte dissera quando se
reencontraram pela primeira vez, no chalé:
"Não precisa fornecer-lhe assunto sobre o
qual falar, eles sempre encontram".
Ele então respondera para provocá-la:
"Estive longe nos últimos dez anos. Foi
bondade sua me substituir como tema prin-
cipal de todas as conversas". Ao que
Charlotte retrucara: "Não foi proposital".
Em seguida, quisera beijá-la. Coisa que
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você pedir?
Sem esperar resposta, levantou-se e foi
até o cavalo. Soltando a cesta da sela,
colocou-a com grande cuidado no chão, em
frente a Hughie. Em seguida abriu a tampa
o suficiente apenas para a gata espiar o
que acontecia do lado de fora.
— Como vê, a gatinha que comprei de
você já se tornou uma adulta. E eu paguei
por um filhote. Não quer comprá-la de
volta? Sou bom negociante, meu caro, vou
logo avisando que terá de dizer que sim.
O rosto do menino se iluminou e
surgiram covinhas quando ele sorriu.
— Sim!
Jeremy então voltou-se para Charlotte.
— Creio que você tem algo que me
pertence.
— Vou buscar sua moeda agora mesmo.
— Abaixou o tom de voz. — Obrigada por
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braço arranhado.
— Tudo mesmo — ela concordou. —
Inclusive uma testemunha!
E apontou para a cesta, cuja tampa a
gatinha erguera de novo. Sem coragem de
repetir a aventura, dessa vez preferiu se
manter em segurança.
Todos riram e por fim Jeremy
conseguiu deslizar a aliança no dedo de
Charlotte. Emocionado, curvou-se para
beijá-la e dar vazão àquele amor que
nascera em seu peito há muitos anos, mas
que só agora tinha a chance de ser vivido
em sua plenitude. Sim, ele e Charlotte
tinham nascido um para o outro e seriam
felizes para sempre...
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