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Notas de Aula
Fundamentos de Matemática
Blumenau, SC
16 de outubro de 2017
ii
Sumário
Prefácio v
1 Lógica 1
1.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.2 Conectivos e, ou, não e tabelas verdade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
1.3 Implicação e a bicondicional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
1.4 Tautologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
1.5 Argumentos e o princípio da demonstração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
1.6 Quantificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.7 Mais quantificadores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
1.8 Métodos de demonstração . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35
iii
iv
Prefácio
v
vi
Capítulo 1
Lógica
1.1 Introdução
Um amigo meu recentemente me disse que quando ele estudou lógica ele ficava com sono.
Eu respondi que ele parecia com sono e ele disse, “Sim, estou como sono”. Então ele adicionou,
“Portanto, você pode concluir que eu estava estudando lógica.” “Certamente, não!” eu respndi.
“Este é um bom exemplo de um argumento inválido”. De fato, se você estivesse estudando
lógica é óbvio que você não teria aprendido muito.
Este pequeno excerto de uma situação da vida real foi criado para ilustrar o fato que
usamos lógica em todos os dias de nossas vidas, embora nem sempre a usamos corretamente.
A lógica fornece o significado pelo qual obtemos conclusões e estabelecemos argumentos. A
lógica também fornece regras pelas quais raciocinamos em matemática. Para ser bem sucedido
em matemática teremos que entender precisamente as regras da lógica. Claramente, podemos
também aplicar estas regras a outras áreas da vida além de matemática e surpreender (ou
desanimar) nossos amigos com nossa lógica, mentes bem treinadas.
Neste capítulo descreveremos os vários conectivos usados em lógica, desenvolver a notação
simbólica, descobrir algumas regras úteis de inferência, discutir quantificação e exibir alguma
formas típicas de demonstração. Embora nossa dicussão sobre conectivos e tabelas verdade
no começo seja bastante mecânica e não requereira muita reflexão, ao final do capítulo esta-
remos analisando demonstrações e escrevendo algumas por nós mesmos, um processo menos
mecânico e bem profundo.
1
2
falsa dará um valor verdade de F (de falso). Por exemplo, “2 + 3 < 7” tem valor verdade de
V enquanto “2 + 3 = 7” tem valor verdade de F.
Estamos interessados em combinar simples proposições (às vezes chamadas subproposi-
ções) para gerar proposições mais complicadas (ou compostas). Combinamos proposições com
conectivos, entre os quais são “e”,“ou”, e “implica”. Se p, q são duas proposições então “p e
q” é também uma proposição, chamada de conjunção de p e q, e denotadas por
p ∧ q.
O valor verdade de p∧q depende dos valores verdade das proposições p e q : p∧q é verdade
quando ambos p e q são verdade, caso contrário é falso. Note que, esse é o significado usual
de “e” que utilizamos em Português. A palavra “mas” tem o mesmo sentido lógico que “e”
mesmo que no Português corrente tenha uma conotação ligeiramente diferente. Uma maneira
conveniente para representar este fato é utilizando a tabela verdade. Quando cada uma de
duas proposições p e q tem dois possíveis valores verdade, juntos eles têm 2 × 2 = 4 possíveis
valores verdade, a tabela abaixo lista todas as possibilidades:
p q p∧q
V V V
V F F
F V F
F F F
p q p∨q
V V V
V F V
F V V
F F F
3
Dada uma proposição p, podemos formar uma nova proposição com o opostos do valor
verdade, chamada de negação de p, também denotada por
¬p,
p ¬p
V F
F V
a) 3 + 5 > 7
c) 3 + 5 ≤ 7
Note que, b) e c) são negações de a); e) e f) são negações de d), mas c) e f) são mais adequadas
que b) e e) respectivamente.
Usaremos a mesma convenção para ¬ da que se usa em álgebra elementar; com efeito, a
negação é aplicada somente ao próximo símbolo, o qual, neste caso, representa uma propo-
sição. Então, ¬p ∨ q significará (¬p) ∨ q ao invés de ¬(p ∨ q), assim como −3 + 4 representa
1 e não −7. Com esta convenção evitamos ambiguidade quando negamos uma composta de
proposições em Português. Por exemplo, como distinguimos entre ¬p ∨ q e ¬(p ∨ q) em Por-
tuguês? Suponha que, p representa “2 + 2 = 4” e q representa “3 + 2 < 4”. A proposição
“Não é o caso que 2 + 2 = 4 ou 3 + 2 < 4” deve significar ¬(p ∨ q) ou ¬p ∨ q? Se usamos a
mesma convenção que utilizamos para nosso símbolos, devemos ter ¬p ∨ q. Mas, se tomarmos
esse significado, como diremos ¬(p ∨ q)? O problema parece ser o mesmo do equivalente ao
parênteses que usamos para agrupamento. Vamos adotar a convenção que “não é o caso que”
(ou uma negação similar) aplica-se a tudo que segue até algum tipo grupamento claramente
estabelecido. Então “Não é o caso que 2 + 2 = 4 ou 3 + 2 < 4” significaria ¬(p ∨ q), enquanto
que “Não é o caso que 2+2 = 4, ou 3+2 < 4” significaria ¬p∨q. Claramente, quando falamos,
devemos ser muito cuidadosos usando pausas para, assim, indicar o significado correto.
Tabelas verdade podem ser utilizadas para expressar os possíveis valores verdade de pro-
posições compostas construindo colunas de uma maneira metódica. Por exemplo, desejamos
4
construir uma tabela verdade para ¬(p ∨ ¬q). Começamos uma tabela verdade de quatro
linhas (existem quatro possibilidades) da seguinte forma:
p q ¬ ( p ∨ ¬ q )
V V
V F
F V
F F
p q ¬ ( p ∨ ¬ q )
V V V V
V F V F
F V F V
F F F F
preenchemos as colunas p e q
p q ¬ ( p ∨ ¬ q )
V V V F V
V F V V F
F V F F V
F F F V F
preenchemos a coluna ¬ q
p q ¬ ( p ∨ ¬ q )
V V V V F V
V F V V V F
F V F F F V
F F F V V F
preenchemos a coluna p ∨¬ q
p q ¬ ( p ∨ ¬ q )
V V F V V F V
V F F V V V F
F V V F F F V
F F F F V V F
preenchemos a coluna ¬ (p ∨¬ q)
Depois que alguma experiência é obtida, muitos dos passos escritos acima podem ser
eliminados. Note, também, que se a proposição composta envolve n subproposições então sua
tabela verdade requerirá 2n linhas. Portanto, por exemplo, a proposição composta de quatro
subproposições necessitará de 24 = 16 linhas.
5
Exercícios 1.2
a) 3 ≤ 7 e 4 é um inteiro ímpar.
b) 3 ≤ 7 ou 4 é um inteiro ímpar.
c) 2 + 1 = 3 mas 4 < 4.
d) 5 é ímpar ou divisível por 4.
e) Não é verdade que 2 + 2 = 5 e 5 > 7.
f) Não é verdade que 2 + 2 = 5 ou 5 > 7.
g) 3 ≥ 3.
a) ¬ p ∨ q. e) ¬ p ∧ ¬ q.
b) ¬ p ∧ q. f) ¬ p ∨ ¬ q.
c) (¬ p ∨ q) ∧ r. g) p ∨ ¬ p.
d) ¬ (p ∧ q). h) ¬ (¬ p).
a) 3 − 4 < 7.
b) 3 + 1 = 5 e 2 ≤ 4.
c) 8 é divisível por 3 mas 4 não é.
6. Vamos denotar o “ou exclusivo” às vezes utilizado nas conversas do dia a dia por ⊕.
Portanto, p ⊕ q será verdade exatamente quando uma condição de p, q é verdade e falso
caso contrário.
p ⇐⇒ q.
Basicamente, quando duas proposições são logicamente equivalentes elas têm a mesma forma,
e assim podemos utilizar uma ou a outra em outra proposição ou teorema. É importante
enfatizar que é a forma e não o valor verdade da proposição que determina se é (ou não)
equivalente a uma outra proposição. Por exemplo, “2 + 2 = 4” e “7 − 5 = 2” são ambas
proposições verdadeiras, mas não são logicamente equivalentes pois elas têm tabelas verdade
diferentes (se representamos a primeira proposição por p então a outra necessita um outro
símbolo, digamos q, e sabemos que elas não têm as mesmas tabelas verdade). Por outro lado,
“2 + 3 = 5 ou3 − 4 = 2” e “3 − 4 = 2 ou 2 + 3 = 5” são logicamente equivalentes. Para ver isso,
tome p representando “3 − 4 = 2” e q representando “2 + 3 = 5”. A primeira proposição tem
a forma q ∨ p enquanto a segunda tem a forma p ∨ q. Uma rápida inspeção das duas tabelas
verdade nos mostra que estas duas proposições têm, de fato, a mesma tabela verdade.
Usando a ideia da equivalência lógica podemos formular certas relações entre negação,
disjunção e conjunção, também chamadas de Leis de DeMorgan:
Sejam p, q proposições quaisquer. Então
¬(p ∨ q) ⇐⇒ ¬p ∧ ¬q.
¬(p ∧ q) ⇐⇒ ¬p ∨ ¬q.
Já verificamos a segunda destas relações no exercícios 3d e 3f da seção 1.2. O leitor pode
verificar a outra simplesmente comparando as tabelas verdade. Em outras palavras, as lei de
7
DeMorgan dizem que, a negação de uma conjunção é logicamente equivalente a disjunção das
negações; e a negação de uma disjunção é logicamente equivalente a conjunção das negações.
Um erro comum é tratar ¬ em lógica como − em álgebra e pensar que ¬ distribui sobre ∨ e
∧ assim como − distribui sobre +. Isto é, desde que −(a + b) = −a + (−b), alguém poderia
pensar que ¬(p ∨ q) ⇐⇒ ¬p ∨ ¬q. Usando tabelas verdade pode-se ver que isso não está
correto. Então, enquanto nossa notação lógica parece de alguma forma “tipo-álgebra” (e, de
fato, é um certo tipo de álgebra), suas regras diferem daquelas da ágebra dos números reais
e não devemos fazer o mesmo erro de assumir que certas operações lógicas se comportam de
maneira análoga aos nosso amigos algébricos +, × e −.
Umas das formas proposicionais mais importantes em matemática é a da implicação ,
também chamada de condicional. De fato, todos os teoremas matemáticos são de alguma
forma uma implicação: Se “hipótese” então “conclusão”. A forma geral de implicação é “se p
então q”, onde p, q são proposições; vamos denotar este fato por:
p → q.
p q p→q
V V V
V F F
F V V
F F V
p→q
8
p ∧ ¬q
p q p∧¬q
V V F
V F V
F V F
F F F
a) Se 2 + 2 = 4 então 1 + 1 = 2.
b) Se 2 + 3 = 4 então 1 + 1 = 5.
e) 7 < 2 se 2 < 1.
Deve-se também notar que se uma implicação é verdade então sua conclusão pode ser
verdadeira ou falsa (veja os itens a) e b) acima), mas se a implicação é verdade e a hipótese
é verdade então a conclusão necessariamente é verdade. Isso, claramente, é a forma básica
de um teorema matemático: se sabemos que o teorema (uma implicação) é correto (verdade)
e a hipótese do teorema é verdade, podemos tomar a conclusão desse teorema como sendo
verdade.
Existem diversas maneiras de exprimir a condicional em Português e todas a seguir são
consideradas logicamente consistentes:
a) Se p então q.
b) p implica q.
e) p somente se q.
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f) q se p.
g) p é suficiente para q.
h) q é necessária para p.
i) Uma condição necessária para p é q.
j) Uma condição suficiente para q é p.
Na maior parte do tempo iremos utilizar as duas primeiras, mas é importante se familiari-
zar com o resto. Lembrando da definição de p → q nos ajudará a lembrar algumas dessas
maneiras. Por exemplo, quando dizemos que “r é suficiente para s”, significa que a verdade
de r é suficiente para garantir a verdade de s, isto é, queremos dizer que r → s. De forma
similar, quando dizemos que “r é necessária para s”, significa que quando s é verdade, r deve
necessariamente ser verdade também, isto é, queremos dizer que s → r.
Quando observamos a tabela verdade para p → q notamos que não é simétrica com
respeito a p e q, isto é, a tabela verdade para p → q não é a mesma tabela verdade para q → p.
Em outras palavras, estas duas proposições não são logicamente equivalentes e portanto não
podem ser substituídas uma pela outra. Por causa desta falta de simetria é conveniente fazer
a seguinte definição.
Dada a implicação p → q:
i) q → p é chamada sua recíproca.
ii) ¬q → ¬p é chamada sua contrapositiva.
iii) ¬p → ¬q é chamada sua inversa.
Mesmo que o leitor já tenha percebido isso, vale a pena dizer que a inversa de uma implicação
é a contrapositiva de sua recíproca (é também a recíproca da contrapositiva).
Talvez o erro lógico mais comum é aquele de confundir uma implicação com sua recíproca
(ou inversa). De fato, este erro parece estar na base de muitas propagandas. Por exemplo, se
nos dizem que “Se você usar Limpão então sua roupa ficará branca!” (que pode ser verdade),
espera-se que aparentemente acreditemos que se não usarmos Limpão então nossa roupa
não ficará branca. Mas isso é a inversa, a qual é logicamente equivalente a recíproca da
reivindicação original. Portanto, vemos que podemos acreditar na fala da Limpão e, ainda,
usar Omu com a consciência limpa e usar roupas brancas. Entretanto, uma implicação e sua
contrapositiva são logicamente equivalentes (veja nos exercícios a seguir) e, portanto, podem
ser usadas da mesma forma. Neste caso, isso significa que se nossas roupas não são brancas
então não usamos Limpão.
O conectivo final que vamos considerar é o bicondicional. Se p, q são duas proposições
então “p se e somente se q”, denotado por
p ↔ q,
p q p↔q
V V V
V F F
F V F
F F V
ii) p é equivalente a q.
Como os nomes (bicondicional, se e somente se) e a notação sugerem, existe uma estreita
conecção entre a condicional e a bicondicional. De fato, p ↔ q é logicamente equivalente a
(p → q) ∧ (q → p).
Exercícios 1.3
2. Seja as proposições “p: Rafael joga futebol” e “q: Rafael joga basquete”. Escreva na lin-
guagem usual as seguintes proposições:
a) p ∨ q d) ¬p ∧ ¬q
b) p ∧ q e) ¬(¬p)
c) p ∧ ¬q f) ¬(¬p ∧ ¬q)
a) p ∧ ¬q. e) ¬p ∨ q.
b) p → q. f) ¬(p → q).
c) ¬(¬p ∨ q). g) p → ¬q.
d) q → ¬p. h) ¬p → ¬q.
a) p ∧ (q ∨ r); (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) .
b) p ∨ (q ∧ r); (p ∨ q) ∧ (p ∨ r).
c) p ↔ q; (p → q) ∧ (q → p).
d) p → q; ¬q → ¬p.
5. Mostre que os seguintes pares não são logicamente equivalentes:
a) ¬(p ∧ q); ¬p ∧ ¬q.
b) ¬(p ∨ q); ¬p ∨ ¬q
c) p → q; q → p.
d) ¬(p → q); ¬p → ¬q.
6. Determine:
a) a contrapositiva de ¬p → q.
b) a recíproca de ¬q → p.
c) a inversa da recíproca de q → ¬p.
d) a negação de p → ¬q.
e) a recíproca de ¬p ∧ q.
7. Indique quais das proposições a seguir são verdadeiras:
a) Se 2 + 1 = 4 então 3 + 2 = 5.
b) Vermelho é branco se, e somente se, verde é azul.
c) 2 + 1 = 3 e 3 + 1 = 5 implicam que 4 é ímpar.
d) Se 4 é ímpar então 5 é ímpar.
e) Se 4 é ímpar então 5 é par.
f) Se 5 é ímpar então 4 é ímpar.
8. Conforme o caso, dê exemplos de, ou então, explique porque não pode existir:
a) Uma implicação verdadeira com uma conclusão falsa.
b) Uma implicação verdadeira com uma conclusão verdadeira.
c) Uma implicação falsa com uma conclusão verdadeira.
d) Uma implicação falsa com uma conclusão falsa.
e) Uma implicação falsa com uma hipótese falsa.
f) Uma implicação falsa com uma hipótese verdadeira.
g) Uma implicação verdadeira com uma hipótese verdadeira.
h) Uma implicação verdadeira com uma hipótese falsa.
9. Traduza em símbolos:
a) p sempre que q.
b) p a menos que q.
10. Dê a negação para p ↔ q na forma que não envolva uma bicondicional.
11. Suponha que p, ¬q e r são verdade. Quais a seguir são proposições verdadeiras?
12
a) p→q e) p ↔ r
b) q→p
f) (p ∧ q) → p
c) p → (q ∧ r)
d) p↔q g) (p ∨ q) → q
12. Note que temos cinco “conectivos” lógicos: ∧, ∨, →, ↔ e ¬, cada qual corresponde a
uma construção da linguagem comum. Acontece que do ponto de vista lógico isto é, de
alguma forma, um deperdício já que podemos expressar todos estes conectivos em termos
de, apenas, ¬ e ∧. Ainda mais, se definirmos p | q para ser falsa quando ambos p e q
são verdadeiros, e verdadeiro caso contrário, podemos expressar todas as cinco formas em
termos deste único conectivo (| é conhecido como Conectivo de Sheffer ou Conectivo Nou).
Verifique parcialmente que os argumentos dados acima por
1.4 Tautologias
Uma importante classe de proposições são aquelas que apresentam tabelas verdade con-
tendo apenas V’s na coluna final, isto é, proposições que são sempre verdadeiras e o fato de
serem smpre verdadeiras depende da sua forma e não a qualquer significado que pode ser
dado a elas (por exemplo o exercício 3g da seção 1.2: p ∨ ¬p). Tais proposições são chamadas
tautologias. É importante fazermos uma distinção entre proposições verdadeiras e tautologias.
Por exemplo, “2+2=4” é uma proposição verdadeira mas não é uma tautologia pois sua forma
é p a qual não é sempre verdadeira. Por outro lado, “5 é a raíz primitiva de 17 ou 5 não é
uma raíz primitiva de 17” é uma tautologia não importanto o significado de raíz primitiva.
É uma tautologia em virtude de sua forma p ∨ ¬p apenas.
A negação de uma tautologia, isto é, a proposição que sempre é falsa, é chamada de
contradição . Devemos, também, fazer uma distinção entre contradições e proposições falsas
da mesma forma que distinguimos tautologias de proposições verdadeiras. Uma proposição é
uma contradição baseada apenas em sua forma. Como exemplos, considere as tabelas verdade:
p q p → (p ∨ q)
V V V V V V V
V F V V V V F
F V F V F V F
F F F V F F V
p q (p → q) ∧ (p ∧ ¬ q)
V V V V V F V F F
V F V F F F V V V
F V F V V F F F F
F F F V F F F F V
Usando a ideia de tautologia, talvez podemos deixar claro a distinção entre “equivalente”
e “logicamente equivalente”. Duas proposições p, q são logicamente equivalentes se e somente
se p ↔ q é uma tautologia. De fato, p ↔ q e p ⇐⇒ q são proposições em dois níveis diferen-
tes. Se pensarmos que “p é equivalente a q” como uma proposição, então “ p é logicamente
equivalente a q” é uma proposição sobre essa proposição , chamada (meta)-proposição “p é
equivalente a q é verdade.” Por exemplo, (p → q) ↔ (¬q → ¬p) é uma implicação lógica en-
quanto p → (p ∧ q) não é, esta implicação é “apenas” uma implicação que pode ser verdadeira
ou não.
Usamos a ideia de tautologia para definir o seguinte: dizemos que p → q é uma implicação
lógica (também “p implica logicamente q ou q é uma consequencia lógica de p”) se p → q é
uma tautologia. p implica logicamente q é denotado por
p ⇒ q.
Se p implica logicamente q, e p é verdade, então q tem que ser verdade também. Por exemplo,
p → (p ∨ q) e (p ∧ q) → p são implicações lógicas enquanto p → (p ∧ q) não é (quando p é V
e q é F então a última implicação é F e portanto não é uma tautologia).
Tautologias são as regras pelas quais nós raciocinamos. Para referência futura uma lista,
com as mais comuns e com alguns de seus nomes, é dada abaixo. Para isso, p, q, r representam
proposições, c representa uma contradição e t representa uma tautologia.
14
Lista de tautologias
1. p ∨ ¬p
2. ¬(p ∧ ¬p)
3. p→p
4. a) p ↔ (p ∨ p) Leis idempotentes
b) p ↔ (p ∧ p)
5. ¬¬p ↔ p Dupla negação
6. a) (p ∨ q) ↔ (q ∨ p) Comutatividade
b) (p ∧ q) ↔ (q ∧ p)
c) (p ↔ q) ↔ (q ↔ p)
7. a) (p ∨ (q ∨ r)) ↔ ((p ∨ q) ∨ r) Associatividade
b) (p ∧ (q ∧ r)) ↔ ((p ∧ q) ∧ r)
8. a) (p ∧ (q ∨ r)) ↔ ((p ∧ q) ∨ (p ∧ r)) Distributividade
b) (p ∨ (q ∧ r)) ↔ ((p ∨ q) ∧ (p ∨ r))
9. a) (p ∨ c) ↔ p Identidades
b) (p ∧ c) ↔ c
c) (p ∨ t) ↔ t
d) (p ∧ t) ↔ p
10. a) ¬(p ∧ q) ↔ (¬p ∨ ¬q) Leis de DeMorgan
b) ¬(p ∨ q) ↔ (¬p ∧ ¬q)
11. a) (p ↔ q) ↔ ((p → q) ∧ (q → p)) Equivalência
b) (p ↔ q) ↔ ((p ∧ q) ∨ (¬p ∧ ¬q))
c) (p ↔ q) ↔ (¬p ↔ ¬q)
12. a) (p → q) ↔ (¬p ∨ q) Implicação
b) ¬(p → q) ↔ (p ∧ ¬q)
13. (p → q) ↔ (¬q → ¬p) Contrapositiva
14. (p → q) ↔ ((p ∧ ¬q) → c) Reductio ad absurdum
15. a) ((p → r) ∧ (q → r)) ↔ ((p ∨ q) → r)
b) ((p → q) ∧ (p → r)) ↔ ((p → (q ∧ r))
16. ((p ∧ q) → r) ↔ (p → (q → r)) Lei de exportação
17. p → (p ∨ q) Adição
18. (p ∧ q) → p Simplicação
19. (p ∧ (p → q)) → q Modus ponens
20. ((p → q) ∧ ¬q) → ¬p Modus tollens
21. ((p → q) ∧ (q → r)) → (p → r) Silogismo hipotético
22. ((p ∨ q) ∧ ¬p) → q Silogismo disjuntivo
23. (p → c) → ¬p Absurdo
24. ((p → q) ∧ (r → s)) → ((p ∨ r) → (q ∨ s))
25. (p → q) → ((p ∨ r) → (q ∨ r))
15
Observe na lista acima que, 4-16 são equivalências lógicas enquanto 17-25 são implicações
lógicas.
Uma das primeiras perguntas que os estudantes fazem quando vêm uma lista como a
acima é “Tenho que memorizar esta tabela?” A resposta é “Não, memorização não é sufici-
ente, você tem que saber todas elas! Elas têm que estar na sua forma de pensar.” Em um
primeiro momento, isto parece uma tarefa difícil, e talvez o seja. Mas algumas destas já es-
tão incorporadas na forma como pensamos. Por exemplo, se alguém diz: “vendemos garrafas
de água é com gás ou sem gás. Está não é com gás,” o que concluímos sobre a garrafa de
água? Concluímos que é uma garrafa de água sem gás e fazendo isso estaremos usando o
silogismo disjuntivo (item 22 da tabela de tautologias). De forma similar, alguém poderia
dizer “se eu leio o livro de fundamentos de matemática antes da aula então eu gosto da aula.
Eu li o livro de fundamentos de matemática hoje antes da aula.” Concluímos que a pessoa
que disse isso, gostou da aula de hoje. Esta é uma aplicação do modus ponens (item 19 da
tabela de tautologias), uma das mais básicas e importantes equivalências lógicas e formas de
racioncínio.
Não é importante que aprendamos os nomes das várias equivalências e implicações, mas é
importante que aprendamos suas formas para reconhecermos quando estamos utilizando-as.
É importante também reconhecer quando elas não parecem ou soam corretas, isto é, quando
utilizamos alguma coisa que não é uma implição lógica.
Exercícios 1.4
2. Determine quais das seguintes proposições têm alguma forma presente na lista de tauto-
logias (por exemplo, (¬q ∧ p) → ¬q tem a forma 18 da lista) e nestes casos, indique qual
forma:
a) ¬q → (¬q ∨ ¬p).
b) q → (q ∧ ¬p).
c) (r → ¬p) ↔ (¬r ∨ ¬p).
d) (p → ¬q) ↔ ¬(¬p → q).
e) (¬r → q) ↔ (¬q → r).
f) (p → (¬r ∨ q)) ↔ ((r ∧ ¬q) → ¬p).
g) r → ¬(q ∧ ¬r).
h) (¬q ∨ p) ∧ q) → p.
a) (p → (q ∨ r)) ⇒ (p → q).
16
b) ((p ∨ q) → r) ⇒ (p → r).
c) (p ∨ (p ∧ q)) ⇐⇒ p.
d) ((p → q) ∧ ¬p) ⇒ ¬q.
a) (p ∧ ¬q) → (q ∨ ¬p).
b) ¬p → p.
c) ¬p ↔ p.
d) (p ∧ ¬p) → p.
e) (p ∧ ¬p) → q.
f) (p ∧ ¬q) ↔ (p → q).
g) [(p → q) ↔ r] ↔ [p → (q ↔ r)].
a) (p ↔ q) ⇒ (p → q).
b) (p → q) ⇒ (p ↔ q).
c) (p → q) ⇒ q.
a) Se 2 + 2 = 4 então 5 é ímpar.
b) 3 + 1 = 4 e 5 + 3 = 8 implica 3 + 1 = 4.
c) 3 + 1 = 4 e 5 + 3 = 8 implica 3 + 2 = 5.
d) Vermelho é amarelo ou vermelho não é amarelo.
e) Vermelho é amarelo e vermelho é vermelho.
f) 4 é ímpar ou 2 é par e 2 é ímpar implica que 4 é ímpar.
g) 4 é ímpar ou 2 é par e 2 é ímpar implica que 4 é par.
10. Quais das seguintes são consequências lógicas do conjunto de proposições p ∨ q, r → ¬q,
¬p?
a) q.
b) r.
c) ¬p ∨ s.
d) ¬r.
e) ¬(¬q ∧ r).
f) q → r.
17
(p1 ∧ p2 ∧ . . . ∧ pn ) → q.
¬q
p→q (1.1)
¬p.
p q (¬q ∧ p → q) → ¬p
V V F F V V F
V F V F F V F
F V F F V V V
F F V V V V V
Como o argumento é uma tautologia, isto é, um argumento válido. Note que, isto significa
que sempre que as premissas são todas verdades (neste caso linha 4), a conclusão também é
verdade.
18
¬p
p→q (1.2)
¬q.
p q (¬p ∧ p → q) → ¬q
V V F F V V F
V F F F F V V
F V V V V F F
F F V V V V V
Este argumento não é uma tautologia (na linha 3 vemos que as premissas são verdade
mas a conclusão é falsa), não é válido.
Para deixar estes exemplos um pouco mais concretos, sejam p “2 + 2 = 4” e q “3 + 5 = 7”.
Então, o primeiro argumento 1.1 se torna
3 + 5 6= 7
Se 2 + 2 = 4, então 3 + 5 = 7
2 + 2 6= 4.
2 + 2 6= 4
Se 2 + 2 = 4, então 3 + 5 = 7
3 + 5 6= 7.
No primeiro caso (um argumento válido) vemos que a conclusão é falsa, enquanto no
segundo caso (um argumento inválido) a conclusão é verdade! O que está acontencendo aqui?
A resposta é que a validade (ou falta dela) de um argumento é somente baseada na forma do
argumento e não tem nada a ver com a falsidade ou verdade das proposições envolvidas (se
esse não fosse o caso, não haveria maneira de representar de forma simbólica). Também, é
importante lembrar que a validade de um argumento garante a verdade da conclusão somente
quando todas as premissas são verdades. No primeiro argumento 1.1 vemos que a segunda
premissa, “Se 2 + 2 = 4, então 3 + 5 = 7”, é falsa.
Embora o procedimento acima de usar tabelas verdade para verificar a validade do argu-
mento seja simples, não é muito conveniente quando o número de proposições é grande. Por
exemplo, se existem oito proposições, então a tabela verdade requeriria 28 = 256 linhas.
Outro método de demonstrar (provar) a validade de um argumento é chamada de princípio
de demonstração :
A demonstração de que o argumento (p1 ∧ p2 ∧ . . . ∧ pn ) → q é válido é uma sequência de
proposições s1 , s2 , . . . , sk de forma que sk (a última proposição na sequência) é q e cada si ,
1 ≤ i ≤ k, na sequência satisfaz um ou mais dos seguintes requerimentos:
a) si é uma das hipóteses.
b) si é uma tautologia.
19
Então vemos que sob esta suposição de que as premissas são verdade, cada proposição na
demonstração também será verdade e como a última proposição da sequência é a conclusão
do argumento, a demonstração mostra (demonstra) que se todas as premissas são verdade
então a conclusão deve, necessariamente, ser verdade, isto é, o argumento é válido.
Como exemplo disso, vamos considerar o exemplo acima o qual verificamos usando a
tabela verdade:
¬q
p→q
¬p.
Quando se escreve uma demonstração é útil que o leitor inclua a justificativa para cada
proposição da sequência. Geralmente, não incluímos os nomes e números das tautologias que
usamos, mas como ajuda aos iniciantes, as justificativas estão incluidas aqui.
Proposição Razão
1. ¬q hipótese
2. p → q hipótese
3. ¬q → ¬p contrapositiva de 2. (13 da lista de tautologias)
4. ¬p consequência lógica de 1. e 3. (19 da lista de tautologias, modus ponens)
Existem outras maneiras de fazer a demonstração corretamente e mesmo neste caso po-
demos proceder um pouco diferente:
Proposição Razão
1. ¬q hipótese
2. p → q hipótese
3. ¬p consequência lógica de 1. e 2. (20 da lista de tautologias, modus tollens)
Considere o exemplo um pouco mais complicado:
p∨q
q → ¬p
(1.3)
p→q
q.
Proposição Razão
1. q → ¬p hipótese
2. p → q hipótese
3. ¬q → ¬p contrapositiva de 2.
4. (q ∨ ¬q) → ¬p consequência lógica de 1. e 3. (15a da lista de tautologias)
5. q ∨ ¬q tautologia
6. ¬p consequência lógica de 4. e 5. (19 da lista de tautologias, modus ponens)
7. p ∨ q hipótese
8. q consequência lógica de 6. e 7. (22 da lista de tautologias, silogismo disjuntivo)
20
Outra demonstração para o mesmo argumento (você poderia tentar encontrar outras
demonstrações):
Proposição Razão
1. q → ¬p hipótese
2. p → q hipótese
3. p → ¬q contrapositiva de 1.
4. p → (q ∧ ¬q) consequência lógica de 2. e 3. (15b da lista de tautologias)
5. ¬p consequência lógica de 4. (23 da lista de tautologias, absurdo)
6. p ∨ q hipótese
7. q consequência lógica de 5. e 6. (22 da lista de tautologias, silogismo disjuntivo)
Como esta é uma equivalência lógica podemos substituir o lado esquerdo pelo lado direito.
Isto significa que em nossa demonstração temos uma hipótese adicional, ¬q (a negação da
conclusão). Nossa demonstração estará completa assim que obtermos uma contradição.
Como um exemplo deste método, considere o argumento (1.3) usado no exemplo anterior:
Proposição Razão
1. ¬q hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. p ∨ q hipótese
3. p consequência lógica de 1. e 2. (22 da lista de tautologias, silogismo disjuntivo)
4. p → q hipótese
5. q consequência lógica de 3. e 4. (19 da lista de tautologias, modus ponens)
6. q ∧ ¬q consequência lógica de 1. e 5. (essa é a contradição que procurávamos)
7. q consequência lógica de 6. (prova indireta)
É interessante notar que a hipótese q → ¬p não foi usada nesta prova, embora estivesse nas
duas provas anteriores. Você poderia tentar encontrar uma demonstração direta da validade
do argumento sem usar esta hipótese.
p→q
¬p ∨ q
q → p.
Sem muito esforço podemos ver que se q é V e p é falso então a conclusão é F enquanto ambas
a premissas são V, portanto, o argumento é inválido.
Exercícios 1.5
p→q p∨q p ∨ ¬q
a) ¬p ∨ q r→q c) ¬p
b)
q → p. q ¬q.
¬r.
2. Dê exemplos nos itens a seguir sempre que possível. Se não for possível, diga porque:
¬p ∨ q (p ∧ q) → (r ∧ s) p→q
a) p f) ¬r ¬r → ¬q
i)
q. ¬p ∨ ¬q. r → ¬p
p→q ¬p.
b) r → ¬q p→q
p → ¬r. ¬q → ¬r
¬p ∨ q g) s → (p ∨ r) p → ¬p
j)
c) ¬r → ¬q s ¬p.
p → ¬r. q.
q ∨ ¬p
d) ¬q p∨q p∨q
p. q → ¬r p→r
h) k)
¬p ¬r → ¬p ¬r
e)
p → q. ¬(p ∧ q). q.
22
p p → (q ∨ s) p→q
q → ¬p m) q→r r→s
o)
l) ¬q → (r ∨ ¬s) p → (r ∨ s). ¬(p → s)
¬r p → ¬q q ∧ ¬r.
¬s. q→p
n)
r→p
¬q.
1.6 Quantificadores
Quando iniciamos nossa discussão sobre proposições notamos que “x < 3” não era uma
proposição porque não sabíamos o que x representava, portanto não pudemos definir um valor
verdade. Neste caso, chamamos x uma variável (um símbolo que pode tomar vários valores)
e “x < 3” uma função proposicional. De fato, isto é um pequeno abuso de linguagem pois
“x < 3” é realmente função de valor proposicional, isto é para cada (devidamente escolhido)
valor de x temos uma proposição. Esta é similar as funções de valores reais que estudamos
nos cursos de pré cálculo. Por exemplo, se f é uma função dada por f (x) = 2x − 3, então para
cada valor de x no domínio de f (o qual tomaremos como o conjunto dos números reais),
f retorna um valor real, isto é f (x) é um número real. Portanto, f (−1) = −5, f (5) = 7.
Se adotarmos uma notação funcional para “x < 3,” digamos p(x) e seja o domínio de p
o conjunto dos números reais, então para cada escolha de x no domínio de p, p(x) é uma
proposição. Por exemplo, quando x = 2, obtemos p(2) que significa “2 < 3” e quando x = 8,
obtemos p(8) ou “8 < 3.” note que p(2) é uma proposição verdadeira enquanto p(8) é uma
proposição falsa.
Assim, diremos que se r é uma sentença declarativa contendo uma ou mais variáveis e r
se torna uma proposição quando valores particulares (às vezes chamados interpretações) são
dados para as variáveis, então r é uma função proposicional. Como é no caso com funções
que tomam valores reais do pré cálculo, o conjunto dos possíveis valores para a variável é
chamado domínio da função proposicional. Às vezes o domínio será explicitamente definido,
às vezes o domínio será inferido do contexto. Denotaremos as funções proposicionais por p, q,
etc., e (como no caso das funções reais) usamos p(x), q(x, y) (para ser lidos como “p de x”,
“q de x, y”) para indicar “fórmulas” para estas funções. Portanto, se p(x) é “x < 3” então
p(1), p(−7), p(0) são verdadeiras, enquanto p(3), p(12), p(π) são falsas, se q(x, y) é “x < y”,
então q(1, 2), q(−2, 14), q(0, 5) são verdadeiras, enquanto q(0, 0), q(2, 1), q(π, 3) são falsas.
Suponha que D é o domínio da função proposicional p. Sabemos que podemos transformar
p em uma proposição substituindo vários membros de D em p, entretanto esta não é a única
forma na qual p pode ser transformada em uma proposição. O outro método é chamado
quantificação e existem duas formas de quantificarmos funções proposicionais. Na primeira,
procedemos a função proposicional com “para todo x em D” (ou “para cada x em D”), na
segunda procedemos a função proposicional com “existe um x em D tal que” (or “algum x
em D tem a propriedade que”). A notação que usaremos para isso é
∀x em D, p(x)
enquanto
∃x em D 3 p(x)
é equivalente a uma disjunção, isto é
Por exemplo, se D = {1, 2, 3, 4}, S = {−1, 0, 1, 2} e p é a função proposicional dada por p(x)
é “x < 3” então
∀x em D, p(x)
é falsa (pois p(3) é falsa), enquanto
são verdade. Note que o valor verdade da função proposicional quantificada depende do
domínio usado. Com p e S como acima, vamos dar uma olhada de outra forma.
∀x em S, p(x)
é equivalente a
p(−1) ∧ p(0) ∧ p(1) ∧ p(2),
enquanto,
∃x em S 3 p(x)
é equivalente a
p(−1) ∨ p(0) ∨ p(1) ∨ p(2).
Portanto, se você fosse uma programa de computador (digamos) checando os valores verdade
para ∀x em S, p(x), você teria que tomar cada elemento x em S e verificar o valor verdade
24
para p(x). Assim que você encontrasse uma valor falso você retornaria o valor falso para
∀x em S, p(x), caso contrário retornaria o valor verdade depois de verificar cada elemento
de S. De forma similar, para determinar o valor verdade de ∃x em S 3 p(x), você tomaria
cada elemento x de S e verificaria o valor verdade de p(x). Assim que você encontrasse um
verdade, você retornaria verdade para o valor verdade de ∃x em S 3 p(x), caso contrário,
você retornaria falso depois de verificar todos os elementos de S.
Com o vimos acima, em mente devemos ser capazes de considerar o caso especial (dege-
nerado) quando o domínio em questão é vazio (contém nenhum elemento). Por exemplo, qual
valor verdade deve ser atribuído as proposições “Todos matemáticos com altura superior a 3
metros gostam de chocolate” e “ Existe um matemático com mais de 3 metros de altura que
gosta de chocolate”? Se D é o conjunto dos matemáticos com mais de 3 metros de altura (um
exemplo de conjunto vazio) e seja p(x) “x gosta de chocolate” as proposições enunciadas se
tornam
∀x em D, p(x) e ∃x em D 3 p(x).
Para o primeiro ser falso devemos encontrar matemático alto que não gosta de chocolate.
Como não há (suficientes) matemáticos altos, certamente não podemos encontrar um que
não goste de chocolate, assim, a primeira proposição deve ser verdade. De forma similar, para
a segunda ser verdade devemos encontrar um matemático alto que goste de chocolate. Não
podemos, logo a segunda proposição é falsa. Para resumir, se D é vazio então não importando
o que seja p(x) temos,
Se D, é finito, estas são apenas extensões das leis de DeMorgan, tente criar um exemplo para
ver isso.
Para ilustrar a negação de uma função proposicional quantificada, considere
∀x em D, [p(x) → q(x)].
∃x em D 3 [p(x) ∧ ¬q(x)].
Uma das principais dificuldades para lidar com as funções proposicionais quantificadas
dadas em nossa língua (neste caso Português) é determinar a correta forma lógica das de-
25
clarações quantificadas. É claro que, se nos é dado algo como “Existe um inteiro tal que seu
quadrado é 9,” é fácil ver que que sua forma é
∃x em Z 3 p(x),
onde Z é o conjunto dos inteiros e p(x) é “x2 = 9.” Infelizmente, na maior parte dos casos
a representação em Português não é tão simples e uma tradução correta em símbolos (que
mostra claramente a forma lógica) requer um entendimento do significado da sentença. A
tradução não pode ser feita de uma maneira determinada e fácil, ou de acordo a um simples
algoritmo. Às vezes, a própria quantificação não é mencionada explicitamente, mas enten-
dida ou inferida. Isto, também, é verdade para o domínio, mesmo que o quantificador estiver
presente. Por exemplo, a maioria das definições e teoremas matemáticos envolvem quanti-
ficadores, entretanto, muito frequentemente não estão aparentes para os leitor descuidado
(claro que nenhum de nosos leitores estuda matemática de forma descuidada). Assim, “Se
f é diferenciável então é contínua” realmente significa “Para todas as funções f (em algum
conjunto de funções), se f é diferenciável, então f é contínua.” É geralmente uma aposta
segura assumir que todo teorema tem um quantificador universal escondido em algum lugar,
expressado ou implícito.
Além de encontrar os quantificadores, outro problema que pode surgir é a determinação
da forma correta para a função proposicional quantificada. Por exemplo, “Todos estudantes
de lógica entendem quantificadores” claramente envolve o quantificador universal, mas qual
é a sua forma correta? Se deixamos o domínio D ser o conjunto dos estudantes, p(x) será
“x é um estudante de lógica” e q(x) será “x entende quantificadores” então a possibilidade
parece ser ∀x em D, p(x) ∧ q(x). Mas isto significa “Todo estudante é um estudante de lógica
e entende quantificadores”, que não é a mensagem da proposição original. A correta inter-
pretação é: “∀x em D, p(x) → q(x),” que significa “Para todo estudante, se o estudante é um
estudante de lógica então aquele estudante entende quantificadores.” De forma similar, pode-
mos ficar tentados a representar “Alguns estudantes de lógica entendem quantificadores” por
∃x em D 3 p(x) → q(x). Entretanto, isto não está correto, pode não existir estudantes de ló-
gica em nosso conjunto de estudantes, fazendo ∃x em D 3 p(x) → q(x) ser verdade enquanto
a verdadeira proposição será verdade somente se existir pelo menos um estudante de lógica o
qual entende de quantificadores. A proposição dada pode ser corretamente interpretada por
∃x em D 3 p(x) ∧ q(x), que significa que existe pelo menos um estudante que é estudante de
lógica e que entende de quantificadores. Devemos perceber que estas formas são de alguma
meneira dependentes do domínio pois se simplificamos coisas ou restringimos nosso domínio
para apenas o conjunto de estudante de lógica (digamos D0 ), então a primeira proposição se
torna ∀x em D0 , q(x) e a segunda se torna ∃x em D0 3 q(x). Para resumir:
todo p é um q
∀x em D, p(x) → q(x).
Exercícios 1.6
3. Sejam D o conjunto dos números naturais (isto é, D = {1, 2, 3, 4, 5, . . .}), p(x) “x é par”,
q(x) “x é divisível por 3” e r(x) “x é divísivel por 4.” Para cada uma das proposições abaixo,
expresse em Português, determine seu valor verdade e dê uma negação em Português.
a) ∀x em D, p(x).
b) ∀x em D, p(x) ∨ q(x).
c) ∀x em D, p(x) → q(x).
d) ∀x em D, p(x) ∨ r(x).
e) ∀x em D, p(x) ∧ q(x).
f) ∃x em D 3 r(x).
g) ∃x em D 3 p(x) ∧ q(x).
h) ∃x em D 3 p(x) → q(x).
i) ∃x em D 3 q(x) → q(x + 1).
j) ∃x em D 3 p(x) ↔ q(x + 1).
k) ∀x em D, r(x) → p(x).
l) ∀x em D, p(x) → ¬q(x).
m) ∀x em D, p(x) → p(x + 2).
n) ∀x em D, r(x) → r(x + 4).
o) ∀x em D, q(x) → q(x + 1).
4. Para cada uma das proposições do exercício acima (se possível) dê um exemplo de um
domínio D0 tal que as proposições tenham o valor verdade oposto daquele que tinha em
D, o conjunto dos números naturais.
• “Para cada linha ` e para cada ponto p não pertencente a `, existe uma linha `0 que
passa por p e é paralela a `”,
• “Para todo x no domínio de f e para cada > 0 existe um δ > 0 tal que |x − c| < δ
implica |f (x) − L| < ”,
e consequentemente,
[p(1, 3) ∧ p(1, 4)] ∨ [p(2, 3) ∧ p(2, 4)]. (1.5)
Note que as duas funções proposicionais apresentadas não são equivalentes, por exemplo, se
p(1, 3) e p(2, 4) são ambas verdade enquanto p(2, 3) e p(1, 4) são ambas falsas então (1.4) é
verdade mas (1.5) é falsa.
29
Um exemplo um pouco mais concreto disso é: sejam S = {1, 2} e p(x, y) “x = y.” Então
(o leitor deverá fornecer os detalhes)
∀x em S, ∃y em S 3 p(x, y)
se torna
[∃y em S 3 1 = y] ∧ [∃y em S 3 2 = y]
que é,
[1 = 1 ∨ 1 = 2] ∧ [2 = 1 ∨ 2 = 2],
uma proposição verdadeira, enquanto
∃y em S 3 ∀x em S, p(x, y)
é
[∀x em S, x = 1] ∨ [∀x em S, x = 2]
ou
[1 = 1 ∧ 1 = 2] ∨ [2 = 1 ∧ 2 = 2],
uma proposição falsa.
Note que se a proposição da forma
∀x em S, ∃y em T 3 p(x, y)
é verdadeira, então para cada x em S deve necessariamente existir algum y em T tal que
p(x, y) seja verdade, entretanto a escolha de y pode depender da escolha de x. Por outro lado,
para que
∃y em T 3 ∀x em S, p(x, y)
seja verdade deve existir algum y em T , digamos y0 , tal que, para este particular y0 , p(x, y0 )
seja verdade para cada escolha de x em S.
Seria útil se tivéssemos uma forma gráfica para olhar para isto. Suponha que S =
{1, 2, 3, 4} e T = {1, 2, 3}. Podemos representar todas as doze possívies escolhas em uma
tabela retangular como abaixo, com ◦ indicando as possibilidades.
3 ◦ ◦ ◦ ◦
T 2 ◦ ◦ ◦ ◦
1 ◦ ◦ ◦ ◦
1 2 3 4
S
Como sempre, vamos representar o primeiro conjunto (S) ao longo do eixo horizontal
e o segundo conjunto (T ) ao longo do eixo vertical. Para entender como as coordenas são
representadas, os valores são mostrados abaixo:
30
Agora, suponha que p(1, 1), p(2, 3), p(3, 2) e p(4, 1) são verdade e para todos os outros
valores de x e y, p(x, y) é falsa (os valores verdadeiros são representados por retângulos na
figura abaixo):
3 ◦ ◦ ◦ ◦
T 2 ◦ ◦ ◦ ◦
1 ◦ ◦ ◦ ◦
1 2 3 4
S
∀x em S, ∃y em T 3 p(x, y) (1.6)
ser verdade deve existir pelo menos um retângulo em cada coluna vertical, enquanto para
∃y em T 3 ∀x em S, p(x, y) (1.7)
ser verdade deve existir uma linha horizontal inteira de retângulos. Assim, para o exemplo
dado, (1.6) é verdade enquanto (1.7) é falsa. Deve estar claro que sempre que (1.7) for verdade
(uma linha inteira de retângulos), (1.6) deve também ser verdade (pelo menos um retângulo
em cada coluna).
Para um exemplo mais “caseiro” disso, sejam S o conjunto de todas as pessoas e p(x, y)
representando “y é mãe de x.” Então ∀x em S, ∃y em T 3 p(x, y) significa todo mundo tem
uma mãe enquanto ∃y em T 3 ∀x em S, p(x, y) significa que existe uma pessoa que é mãe de
todo mundo, claramente duas sentenças diferentes.
Vamos tentar entender outro exemplo caseiro: “Para cada cachorro no sofá existe uma
pulga no carpete com a propriedade que se o cachorro é preto então a pulga mordeu o ca-
chorro.” Algumas questões que devemos ser capazes de responder (se entendemos o significado
da sentença) são:
• “Qual é a negação desta sentença?”
• “O que podemos dizer de seus valores verdade se
a) não há nenhum cachorro preto no sofá?
b) uma pulga em particular mordeu todos os cachorros?
c) existe um cachorro preto não mordido?
d) não há pulgas no carpete?”
Como responderíamos estas questões? Se não podemos respondê-las imediatamente, uma boa
maneira para começar é traduzir a proposição para a forma simbólica. Sejam S o conjunto
31
dos cachorros, C o conjunto das pulgas no carpete, p(x) “x é preto”, e q(x, y) “y mordeu x.”
Então a proposição é
∀x em S, ∃y em C 3 p(x) → q(x, y).
A negação pode ser tratada de uma maneira simples passo a passo:
Assim a negação, em Português, é “Existe um cachorro no sofá tal que, para cada pulga
no carpete, o cachorro é preto e a pulga não mordeu o cachorro,” ou de forma mais fluida,
“Tem um cachorro preto no sofá que não foi mordido.” Agora devemos ser capazes de res-
ponder as outras questões que foram formuladas anteriormente. Na situação a) a proposição
é verdade pois deve existir um cachorro preto não mordido para esta ser falsa; a situação b)
é verdade pois q(x, y) será verdade para todos os cachorros x; a situção c) é falsa pois sua
negação é verdade. O valor verdade na situação na situação d) não pode ser decidido sem
mais informações. Se existe um cachorro preto no sofá então a proposição é falsa, se não há
cachorros pretos então é verdade. Isto nos dá um exemplo de uma variedade de questões que
podemos ser capazes de responder se entendermos so significado de tal função proposicional
quantificada.
Com dois quantificadores e dois domínios existem oito ordens possíveis nas quais os quan-
tificadores podem ocorrer. Já notamos que quando os quantificadores são mistos (isto é, um
universal e um existencial), a ordem é importante:
∀x em S, ∃y em T 3 p(x, y)
∃y em T 3 ∀x em S, p(x, y)
Se ambos os quantificadores são os mesmos, temos equivalência (isto se deve ao fato que os
conectivos são todos os mesmos, ∨ para ∃ e ∧ para ∀; apenas a ordem é diferente e sabemos
que ambos ∨ e ∧ comutam), assim:
e
[∀x em S, ∀y em T, p(x, y)] ↔ [∀y em T, ∀x em S, p(x, y)]
Se o domínio é o mesmo para ambos os quantificadores, geralmente encurtamos as equiva-
lências acima escrevendo-as como:
∀x, y em S, p(x, y) para ∀x em S, ∀y em T, p(x, y) e
∃x, y em S 3 p(x, y) para ∃x em S 3 ∃y em T 3 p(x, y).
32
Isto se deve ao fato, como observamos acima, que se o lado esquerdo é verdadeiro então existe
pelo menos um elemento de T , digamos y0 , que faz p(x, y0 ) ser verdade para todos os x em
S, portanto este y0 pode ser usado para cada x no lado direito.
Há outro conjunto de dificuldades que podem surgir, e que é distinguir, por exemplo
e
“Todo inteiro é par ou todo inteiro é ímpar.”
É fácil ver (esperamos), que estas proposicões não são equivalentes, pois a primeira é
verdade enquanto a segunda é falsa. Para ajudar a analisar esta situação, vamos pôr estas
proposições na forma simbólica. Sejam D o conjunto dos inteiros, p(x) “x é par,” e q(x) “x
é ímpar,” então a primeira proposição é
∀x em D, [p(x) ∨ q(x)],
A razão para estas duas proposicões não serem equivalentes é essencialmente a mesma razão
para não termos equivalência para quantificadores mistos; o ∀ envolve “e’s” e tomado em
conjunção com o “ou,” a ordem na qual as interpretções ocorrem muda de sentido. Usando o
mesmo raciocínio poderíamos suspeitar que
∃x em D 3 [p(x) ∧ q(x)],
e
[∃x em D 3 p(x)] ∧ [∃x em D 3 q(x)],
não sejam equivalentes. Também, como p → q é equivalente a uma disjunção (¬p ∨ q),
esperaríamos que
∀x em D, [p(x) → q(x)]
e
[∀x em D, p(x)] → [∀x em D, q(x)].
não sejam equivalentes. Nossas supeitas são bem fundamentadas como nenhum destes pares
é equivalente. Entretanto, em cada par existe uma que implica a outra, portanto temos as
seguintes implicações lógicas:
Devemos, também, suspeitar que a ordem de “∀” e “∧” ou “∃” e “∨” não muda o significado
e, novamente, estaria correto que
e
∃x em D 3 [p(x) ∨ q(x)] ⇔ {[∃x em D 3 p(x)] ∨ [∃x em D 3 q(x)]}.
As ideias e métodos de análise que usamos para sentenças envolvendo dois quantificadores
podem ser extendidas para três (ou mais) quantificadores. Alguns destes exemplos foram
incluídos nos exercícios.
Exercícios 1.7
a) ∀x em D, ∃y em D 3 p(x, y).
b) ∃x em D 3 ∀y em D, p(x, y).
c) ∀x em D, ∀y em, p(x, y).
d) ∃x em D 3 ∃y em D 3 p(x, y).
e) ∀y em D, ∃x em D 3 p(x, y).
f) ∃y em D 3 ∀x em D, p(x, y).
34
4. Sejam D = {1, 2}, p(x) “x é par” e q(x) “x é ímpar.” Escreva em detalhes as seguintes
quantificações como conjunções e disjunções das interpretações (como feito no começo
desta seção):
a) ∀x em D, [p(x) ∧ q(x)].
b) [∀x em D, p(x)] ∧ [∀x em D, q(x)].
c) ∀x em D, [p(x) ∨ q(x)].
d) [∀x em D, p(x)] ∨ [∀x em D, q(x)].
e) ∃x em D 3 [p(x) ∧ q(x)].
f) [∃x em D 3 p(x)] ∧ [∃x em D 3 q(x)].
g) ∃x em D 3 [p(x) ∨ q(x)].
h) [∃x em D 3 p(x)] ∨ [∃x em D 3 q(x)].
i) ∃x em D 3 [p(x) → q(x)].
j) [∃x em D 3 p(x)] → [∃x em D 3 q(x)].
5. Dê alguns exemplos para mostrar que as seguintes implicações lógicas não são equivalências
lógicas:
∃x em D 3 [p(x) → q(x)]
e
[∃x em D 3 p(x)] → [∃x em D 3 q(x)].
7. Mostre que a segunda equivalência lógica em cada uma dos pares pode ser obtida da
primeira por negação:
a)
[∃x em S 3 ∃y em T 3 p(x, y)] ⇔ [∃y em T 3 ∃x em S 3 p(x, y)]
e
[∀x em S, ∀y em T, p(x, y)] ⇔ [∀y em T, ∀x em S, p(x, y)]
b)
{[∀x em D, p(x)] ∧ [∀x em D, q(x)]} ⇔ ∀x em D, [p(x) ∧ q(x)]
e
∃x em D 3 [p(x) ∨ q(x)] ⇔ {[∃x em D 3 p(x)] ∨ [∃x em D 3 q(x)]}.
8. Considere as seguinte proposicão: “Para toda galinha na gaiola e para toda cadeira na
cozinha existe uma frigideira no armário tal que se o ovo da galinha está na frigideira
então a galinha está a menos de dois metros da cadeira.”
35
Vejamos o que elas nos dizem para demonstrar um teorema. Suponha que estamos interessa-
dos em provar um teorema, digamos p → q. A lei contrapositiva nos diz que isso é equivalente
a sua contrapositiva, ¬q → ¬p. Assim, poderíamos provar o teorema assumindo ¬q e encer-
rando com ¬p; isto é começamos com a negação da conclusão do teorema e encerramos com
a negação da hipótese. Chamaremos esta demonstração de demonstração por contrapositiva.
Por exemplo, considere a demonstração por contrapositiva do teorema acima, onde nosso
ponto de partida será que m + n não é par (a negação da conclusão):
n = (m + n) − m = 2k + 1 − 2j = 2(k − j) + 1,
¬r → (¬p ∨ ¬q),
e essa é a forma usada na demonstração acima. Uma tradução disto em palavras seria “Se
m + n é ímpar então m é ímpar ou n é ímpar.” Assim a forma contrapositiva do teorema tem
uma disjunção como conclusão. Relembre que uma disjunção é verdade quando pelo menos
uma das subproposições é verdade, então para mostrar que a conclusão é verdade precisamos
mostrar que m é ímpar ou n é ímpar. A demonstração acima fez isso dizendo que se m é
ímpar ou par (lembre-se que p ∨ ¬p é uma tautologia) e então analisando ambos os casos (um
exemplo de análise exaustiva): se m é ímpar então “m é ímpar ou n é ímpar” é verdade e o
teorema está demonstrado; se m é par então n é ímpar (um pouco de trabalho foi requerido
aqui) então “m é ímpar ou n é ímpar” é ainda verdade, o que completa a demonstração. Essa
é a técnica comum para mostrar que uma disjunção é verdade, isto é se uma subproposição é
verdade, estamos prontos, portanto assumimos que uma subproposição é falsa e mostramos
que a outra subproposição deve necessariamente ser verdade.
O método de demonstração baseado na equivalência reductio ad absurdum é chamado de
demonstração indireta ou demonstração por contradição foi discutido na seção 1.5. Lembre-se
que isso envolve começar com uma hipótese adicional, a negação da conclusão, e a demonstra-
ção estará completa quando uma contradição é obtida. Como um exemplo, a demonstração
indireta ou por contradição do teorema enunciado acima:
37
Demonstração: Suponha que m, n sejam inteiros pares e que m + n seja ímpar. Então
existem inteiros j, k tais que m = 2j e m + n = 2k + 1. Assim
n = (m + n) − m = 2k + 1 − 2j = 2(k − j) + 1.
(p → q) ⇔ (¬(p → q) → c).
Se a proposição implica uma contradição (relembre que c representa uma contradição) então
a proposição deve ser necessariamente falsa (absurdo, número 23 da lista de tautologias na
seção 1.4). Assim, se ¬(p → q) → c é verdade, ¬(p → q) deve necessariamente ser falso,
isto é, p → q é verdade. O que isso nos diz sobre a demonstração indireta é que ao invés
de demonstrar p → q, podemos mostrar (p ∧ ¬q) → c, isto é mostrar que a conjunção da
hipótese original, p, e a negação da conclusão, ¬q, nos leva a uma contradição.
Traduzindo isso para o teorema enunciado acima, a forma da demonstração indireta é
(usando p, q, r como antes):
(p ∧ q ∧ ¬r) → c,
ou, em palavras, “m é um inteiro par e n é um inteiro par e m + n é um inteiro ímpar
implica em uma contradição.” A particular contradição que obtemos em nosso caso foi “n é
par e n é ímpar (não par),” embora qualquer contradição tenha servido também. Uma das
vantagens da demonstração indireta é que ela nos dá uma hipótese adicional para trabalhar
e é particularmente útil para provar a não existência de objetos matemáticos.
Vamos, agora, resumir os três métodos de demonstração:
Como foi no caso dos princípios de demonstração, não usamos nossas técnicas de demons-
tração para mostar que uma conjectura é falsa. Naturalmente, nossa incapacidade de produzir
uma demonstração para a verdade da conjectura não é suficiente para garantir sua falsidade,
logo devemos utilizar contra-exemplos. Se tivessemos a seguinte conjectura:
“Se x é um inteiro ímpar e y é um inteiro par então x + y é par”
podemos mostrar que ela é falsa produzindo um contra-exemplo x = 3 e y = 2 e observar
que x é ímpar e y é par e que sua soma, 5, é ímpar. Assim, teríamos produzido um exemplo
satisfazendo as hipóteses, mas não a conclusão.
É importante perceber que o processo de produzir demonstrações escritas de proposições
consiste de duas partes: entender as ideias que fazem a demonstração funcionar e escrever
a demonstração de uma maneira lógica e inteligível. Estas duas partes requerem atividades
mentais distintas e, por um lado, a interação de insights criativos é necessária para o rigor
da lógica. Por outro lado, elas são uma das principais atrações da matemática.
Quando alguém lê um livro de matemática, é possível ter a impressão que a matemática se
desenvolve de uma forma linear e lógica, cada novo resultado seguindo o rastro dos resultados
anteriores. Isto é de alguma forma ilusório, a apresentação formal da matemática não espelha
a atividade mental envolvida em sua criação. Tem mais tentativa e erro, consideração de
exemplos, começos errados e outras atividades que acontecem nos bastidores antes que a
forma final da demonstração surja ao olhos do público. De fato, na tentativa de escrever uma
demonstração, a escrita acontece ao final, depois que um entedimento é obtido de porque
a conclusão segue das hipóteses. Assim, quando perguntado para demonstrar alguma coisa,
não espere começar a escrever a demonstração imediatamente, pensar e entender vêm antes.
Exercícios 1.8
1. Escreva a primeira e última linhas da demonstração direta, por contrapositiva e indireta
dos seguintes teoremas abaixo:
a) Se m é um inteiro par então m2 é par.
b) Se f é uma função diferenciável então f é uma função contínua.
c) L é uma tranformação linear injetora se e somente se Ker(L) = {0}.
d) Se (an ) é monotônica e limitada então (an ) converge.
e) A imagem homomórfica de um grupo cíclico é um grupo cíclico.
f) Se o único termos não zero de uma expansão p−ádica de n é 1 então n = pk para
algum k ≤ 0.
g) Se f não é contínua em c então limx→c f (x) não existe ou limx→c f (x) 6= f (c).
h) Todo conjunto fechado e limitado de R é compacto.
i) Se m é um inteiro da forma 2, 4, pn , 2pn onde p é um primo ímpar e n é um inteiro
positivo então m tem raízes primitivas.
2. Determine quais das seguintes “demonstrações” são corretas e quais são incorretas. Se
a demonstração está correta, indique o tipo e se a demonstração está incorreta, indique
porque a demonstração é incorreta.
a) “Demonstração 1”: Suponha que x e y são ambos inteiros ímpares. Então existem
inteiros j, k tais que x = 2j + 1 e y = 2k + 1. Assim,
x − y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k)
que é par.
b) “Demonstração 2”: Suponha que x − y seja par e x ímpar. Então existem inteiros j, k
tais que x − y = 2j e x = 2k + 1. Assim,
x = x − y + y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k) + 1
y = x − (x − y) = 2j − 2k = 2(j − k)
x − y = 2j − 2k = 2(j − k)
portanto x − y é par. Mas isto contradiz nossa premissa que x − y é ímpar, logo a
demonstração está completa.
f) “Demonstração 6”: Suponha que x − y seja ímpar, digamos x − y = 2j + 1 para algum
inteiro j. Se x é ímpar o teorema estará demonstrado. Portanto, assuma que x seja
par, digamos x = 2k para algum inteiro k. Então,
x − y = 2j − 2k = 2(j − k)
portanto, x − y é par.
h) “Demonstração 8”: Suponha que x − y seja par. Então se x for ímpar, o teorema
estará demonstrado. Logo, suponha que x seja par. Então existem inteiros j, k tais que
40
x − y = 2j e x = 2k. Assim,
y = x − (x − y) = 2k − 2j = 2(k − j)
y = x − (x − y) = 2k + 1 − (2j + 1) = 2(k − j)
x − y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k)
5. Pareceria que poderia existir uma quarta forma de demonstração, uma demonstração
indireta da contrapositiva de um teorema. Explique porque este fato não foi mencionado
na discussão acima.
Capítulo 2
2.1 Conjuntos
A teoria dos conjuntos forma a base de quase toda a matemática. Surpreendentemente,
seu desenvolvimento é relaticamente recente, tendo começado com Georg Cantor, uma mate-
mático alemão, no século XIX (para uma breve história do assunto verifique [7]). A príncipio
a teoria de conjuntos parece ser bem simples, mas alguns dos problema que surgem desta
teoria são bem sútis. Estes problemas são ainda objetos de estudo e debate entre matemáticos
e este estudo nos leva a um entendimento mais profundo dos fundamentos da matemática.
Assim, a teoria dos conjuntos se tornou uma das mais frutíferas ideias em toda a matemática.
Embora seja possível desenvolver a teoria dos conjuntos de um ponto de vista axiomá-
tico, uma abordagem informal será mais adequada para nosso propósitos ([6] fornece uma
introdução, relativamente fácil de ler, para um desenvolvimento axiomático). Para começar,
podemos pensar em um conjunto como Cantor fez, como “uma coleção objetos distinguívies,
chamados elementos, pensado como um todo.” Obviamente, isto não serve como uma defini-
ção para conjunto a menos que coleção tenha sido definida proviamente e facilmente vemos
que estamos presos em um padrão circular de definições. De fato, em qualquer língua existem
termos que são indefinidos dentro daquela língua. Isto também é verdade em mateática e
tomaremos conjunto e elemento de um conjunto para serem primitivos, termos indefinidos.
Do ponto de vista intuitivo pareceria que qualquer coleção de objetos podeira ser conside-
rada como um conjunto (certamente, na consideração de Cantor isso procedia), entretanto,
este não é o caso. Nos fins do século XIX matemáticos descobriram que permitindo uma co-
leção ser um conjunto levou a paradoxos lógicos de todas as formas. Duas formas principais
foram descobertos para eliminar este paradoxo; conjuntos não foiram permitidos para ser
“muito grande” ou restrições foram colocadas sobre a espécie que poderiam ser elementos dos
conjuntos (para um discussão interessante das questões envolvidas, veja [10]). Estas dificulda-
des não precisam nos preocupar aqui, mas faremos a premissa que todos os conjuntos em dis-
cussão consistem de elementos de um conjunto universal, usualmente denotado por U. Muito
frequentemente U não será mencionado explicitamente, logo esta situação é muito similar a
ideia de domínio da uma variável para uma função proposicional. Assim, quando escrevemos
∀a, a em A → a em B, estamos realmente querendo dizer ∀a ∈ U, a em A → a em B, para
algum conjunto universal U.
Denotaremos usualmente comjuntos por letras maiúsculas A, B, C, etc. Os elementos
41
42
a∈A
a∈
/ A.
Se um conjunto não tem muitos elementos, é conveniente listá-los, entre parênteses: {. . .}.
Assim, de A é um conjunto com elementos 1, 2, 3, 4, indicaremos isto por
A = {1, 2, 3, 4}.
Outra forma de especificar os elementos de um conjunto é dar a regra de formação dos membro
do conjunto. Portanto, se A é como acima, poderíamos também indicar este conjunto por
A = {a : a é um inteiro e 1 ≤ a ≤ 4} ou
A = {x : (x − 2)(x − 1)(x − 4)(x − 3) = 0}.
A notação {a : p(a)} é lida como “o conjunto de todos a tais que p(a) é verdade” (aqui p é
alguma função proposiciponal). Este conjunto pode ser escrito também como {a|p(a)}. No
que, a ordem na qual os elementos de um conjunto são listados não fazem diferença, pelo
simple caso que se a odem fosse importante então o método de especificar os elementos de
um conjunto por uma regra de formação não funcionaria, para tal especificação não implica
necessariamente uma ordem particular.
O leitor mais alerta pode ter notado que já usamos igualdade de conjuntos sem mencionar
qual é o significado de “conjunto A é igual ao conjunto B.” Para solucionar esta deficiência,
definamos o seguinte:
Assim dois conjuntos são iguais se e somente se eles têm os mesmos elementos, por exem-
plo,
{1, 2, 3} = {2, 3, 1} = {x : a ≤ x ≤ 3 e x é um inteiro.}.
Existem muitos conjuntos que são frequentemente usados em matemática, por isso damos
43
A ⊆ B ou B ⊇ A.
Em símbolos,
A ⊆ B ↔ (∀x, x ∈ A → x ∈ B).
Se A não é um subconjunto de B, escreveremos A 6⊆ B. Aplicando nossas técnicas para
negação de funções proposicionais quantificadas obtemos:
A 6⊆ B ↔ ¬(∀x, x ∈ A → x ∈ B) ↔ (∃x 3 x ∈ A → x ∈
/ B).
A ⊂ B ou B ⊃ A.
conjunto vazio com isso podemos dizer o conjunto vazio que é representado, ∅ e em símbolos
por
∅ = {x : p(x) ∧ ¬p(x)},
onde p é qualquer função proposicional.
Como “∀x ∈ D, x ∈ ∅” é falso se D é não vazio, “∀x ∈ D, x ∈ ∅ → (qualquer função proposicional)”
é verdade (às vezes dizemos que tal implicação é verdade por vacuidade pois a premissa nunca
é verdade) portanto em particular
∀x, x ∈ ∅ → x ∈ A
1 ⊆ {1, 2}, 1 ∈
/ {1, 2}, {1} ∈ {1, 2}, ∅ ∈ {1, 2}.
Seguindo este padrão de lógica onde combinamos proposições usando conectivos para obter
novas proposições, desejamos combinar conjuntos para obter novos conjuntos usando o que
chamaremos de operações de conjuntos. Suas definições são
A ∪ B = {x : x ∈ A ∨ x ∈ B}.
A ∩ B = {x : x ∈ A ∧ x ∈ B}.
B − A = {x : x ∈ B ∧ x ∈
/ A}.
Uma forma conveniente de exibir conjuntos é tendo uma imagem visual de uniões, inter-
secções e complementos relativos. Para isso usamos um diagrama de Venn (veja os exemplos
abaixo). Para este tipo de diagramas usamos regiões para representar conjuntos a região
cercada por um retângulo representa o conjunto universal e as regiões dentro de círculos
representam os conjuntos indicados (e portanto a região fora do círculo A representa AC ).
Assim, aregião compartilhada por dois círculos representa A ∩ B (sombreada no seguinte
diagrama):
A B
A∩B
A B
A∪B
A B
A−B
46
O mesmo princípio pode ser usado quando temos três conjuntos envolvidos, por exemplo
(o leitor deve verificar este fato), a região sombreada abaixo representa (A ∩ C) ∪ (B ∩ C):
A C
(A ∩ C) ∪ (B ∩ C)
Note que quando tínhamos dois conjuntos o diagrama de Venn consistia de quatro regiões
enquanto que quando tínhamos três conjuntos existiam oito regiões. Com um pouco mais de
trabalho podemos mostrar porque este é o caso: para um elemento em U e cada conjunto
envolvido, exatamente uma de duas possibilidades devem ocorrer: o elemento pertence ou
não pertence ao conjunto. Assim com dois conjuntos temos 2 × 2 = 4 possibilidades enquanto
que para três conjuntos temos 2 × 2 × 2 = 8 possibilidades. Você provavelmente nunca viu um
diagrama de Venn com seis conjuntos, tal diagrama teria 26 = 64 regiões e sua complexidade
faria que sua utilidade fosse limitada.
Existe um outro conjunto obtido de um conjunto dado o qual chamamos de chamamos
de o conjunto de todos os subconjuntos de um conjunto dado.
P(A) = {B : B ⊆ A}.
Para ter certeza que estas ideias estão claras, vamos considerar alguns exemplos.
Seja U o conjunto dos números naturais (usualmente denotado por N), isto é,
U = N = {x : x é um inteiro e x ≥ 1} = {1, 2, 3, 4 . . .}
Definimos
A = {x : x é par},
B = {x : x = 2k − 1 para algum k ∈ N},
C = {y : y ≤ 4},
D = {1, 3}.
47
A ∪ B = U,
A ∩ B = ∅,
A e D são disjuntos,
AC = B,
B C = A,
A − B = A,
C ∩ D = D,
P(D) = {∅, {1}, {3}, {1, 3}},
C 6⊆ D,
D − C = ∅,
D ⊆ C,
D ⊂ C,
DC ⊇ A,
1 6⊆ D,
1 ∈ D,
A ∪ C = A ∪ D,
∅ ∈ P(D),
∅ ⊆ P(D),
{1} ∈ P(D),
1∈
/ P(D).
Vamos provar alguns teoremas envolvendo conjuntos, mas primeiro será útil fazer algu-
mas observações sobre tais demonstrações. Um dos tipos mais comuns de demonstração é
a demonstração direta para mostrar que um conjunto é um subconjunto de outro conjunto.
Apresentamos um exemplo específico:
Alguns comentários sobre esta demonstração estão em ordem. Note que começamos a de-
monstração por “preparando o terreno”, isto é definimos o que nossos símbolos representam
e que hipóteses foram feitas sobre eles. Esta é uma boa form para começar qualquer demons-
tração, embora você pode ter notado que em livros texto de matatemática, especialmente
os mais avançados, geralmente omitem isso e assumem que o leitor pode inferir do contexto
48
que os símbolos representam e que premissas estão sendo feitas sobre eles. Isto mostra um
aspecto da escrita de demonstrações que requer o julgamento: quantos detalhes devem ser
incluidos. Não existe uma resposta correta para esta pergunta, mas uma boa prática é incluir
os detalhes suficientes para que a pessoa com um nível entendimento mais baixo dentro dos
universo dos possíveis leitores seja capaz de compreender a demonstração. Quando estamos
começando devemos ter como objetivo para o detalhe suficiente de tal forma que possamos
entender nossa própria demonstração na semana seguinte, isto é depois que algum tempo te-
nha passado e as ideias da demonstração não estejam tão claras em nossa mente. Na dúvida,
erre no exagero, ou seja, abuse dos detalhes.
Depois que “preparamos o terreno,” a demonstração começou. “Seja a ∈ A.” Este é outro
exemplo do uso de uma vraiv́el “fixa mas arbritrária.” Assumimos que a é um elemento de A,
nada mais que isso é assumido. Mas, espere! Há mais do que foi dito. Estamos aqui, de fato,
considerando dois casos, um que nem é mesmo mencionado. Quando dizemos “seja a ∈ A,”
estamos assumindo que A 6= ∅. E se tivéssemos A = ∅? Este é o caso não mencionado
que ficou implícito. A razão para não mencionar este caso é que se A = ∅, a demonstração
estará completa, pois ∅ é subconjunto de qualquer conjunto, em particular B. Uma forma
mais geral de pensar nisso é perceber que a proposição que estamos tentando demonstrar
(∀x, x ∈ A → x ∈ B) é uma implicação universalmente quantificada. Se não há elementos
em A, a implicação é verdade por vacuidade. Se fossemos escrever isto em detalhes (que
usualmente não é feito), começaríamos com: “Consideremos dois casos: A = ∅ e A 6= ∅. Se
A = ∅ então A ⊆ B e a demonstra]ção estará terminada. Se A 6= ∅, seja a ∈ A . . . ” O ponto
para lembrar é que sempre que escrevemos alguma coisa como “seja a ∈ A,” devemos ter
claro que o caso A = ∅ não causa nenhum problema. Outro ponto importante para notar é
que devemos mostrar que a conclusão do teorema (A ⊆ B ou ∀x, x ∈ A → x ∈ B) é verdade,
nossa escolha do elemento “fixo mas arbitrário” é determinado pela conclusão ao invés das
hipóteses (que neste caso é A ∩ B = A). Mais geralmente o “alguma coisa ou outra” no corpo
da demonstração vem a ser apenas uma tradução das definições, por exemplo, x ∈ A ∩ B
implica que x ∈ A e x ∈ B. O “” ao fim da demonstração é um símbolo para indicar que
demonstração está completa.
Podemos usar esta mesma técnica duas vezes para mostrar que dois conjuntos são iguais,
isto é A = B se e somente se A ⊆ B e B ⊆ A. Portanto, para mostrar que A = B, mostramos
que A ⊆ B e então demonstramos que B ⊆ A. Como exemplo deste tipo de demonstração
considere:
Incluímos aqui uma demostração mais detalhada que o normal pois esta é a nossa primeira
demonstração de um teorema. Usualmente os lembretes entre parênteses não apareceriam no
corpo da demonstração e menos explicação seria dada.
Abaixo está outro exemplo, com um pouco menos de explicação:
Há vários pontos desta demonstração que merecem comentários. Primeiro note que a
forma básica do teorema é uma equivalência, que significa que a demonstração provavelmente
involverá mostrar que duas implicações são verdadeiras. A implicação que começamos era
A ⊆ B → A ∩ B = A. Agore, relembre que é a conclusão que determina a forma de começar
a demonstração e aqui a conclusão é que os dois conjuntos são iguais, que em geral exige
duas partes, isto é, A ∩ B ⊆ A e A ⊆ A ∩ B. Também note que a hipótese A ⊆ B foi
somente usada em uma delas (para mostrar que A ⊆ A ∩ B) e não foi usada como o ponto de
partida da demonstração. A segunda implicação, A ∩ B = A → A ⊆ B, tinha como cunclusão
A ⊆ B usamos nossa técnica usual de demonstrar subconjuntos. Para um pouco de variedade,
poderíamos ter usado uma demonstração indireta para esta parte:
“Suponha que A ∩ B = A e A 6⊆ B. Então existe um elemento a tal que A ∈ A e a ∈ / B.
Mas a ∈/ B significa que a ∈
/ A ∩ B. Como A ∩ B = A então a ∈ / A, uma contradição. Portanto
A ⊆ B.”
Como último exemplo, incluímos a demonstração que um certo conjunto é vazio. Tais
demonstrações são usualmente feitas de forma indireta.
A ∩ (B − A) ⊆ ∅. Faremos isso de forma indireta, o que significa que iremos assumir que
existe um elemento em A ∩ (B − A) que não é um elemento de ∅ e obter uma contradição
(como não há elementos em ∅, isto correponde a assumir que um elemento pertencente a
A ∩ (B − A) leve a uma contradição). Suponha que exista y ∈ A ∩ (B − A). Então y ∈ A e
y ∈ B − A. Mas y ∈ B − A implica que y ∈ B e y ∈
/ A. Assim, temos que y ∈ A e y ∈
/ A, uma
contradição, que completa a demonstração.
A demonstração acima é bastante típica para mostrar que um certo conjunto, digamos
C, é vazio que é da forma: x ∈ C → uma contradição. Este é o método geralmente usado.
Agora o leitor terá a chance de tentar algumas demonstrações, uma ótima oportunidade
para usar os conhecimentos de lógica e conjuntos!
Excercícios 2.1
1. Sejam
U = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8},
A = {1, 2, 3, 4},
B = {x : (x − 2)2 (x − 3) = 0},
C = {x : x é ímpar}.
Encontre:
a) A ∪ B.
b) A ∩ (B ∪ C).
c) C − A.
d) C ∪ AC .
e) (A ∪ C)C .
f) AC ∩ C C .
g) P(B).
2. Escreva em Português a negação de A ⊆ B dada nesta seção.
3. Seja U = R, o conjunto dos números reais. Considere os seguintes conjuntos:
Encontre:
51
4. Mostre que dois conjuntos vazios, mencionados na discussão de conjuntos vazios, são iguais.
a) A ∪ ∅ = A.
b) A ∩ ∅ = ∅.
c) A − ∅ = A.
d) A ∪ U = U.
e) A ∩ U = A.
f) A ∪ AC = U.
g) A ∩ AC = ∅.
h) A − A = ∅.
i) A − B ⊆ A.
j) A ∩ B ⊆ A.
k) A ∪ B ⊇ A.
l) A ∩ B ⊆ A ∪ B.
m) (AC )C = A.
n) (A ∪ B)C = AC ∩ B C .
o) (A ∩ B)C = AC ∪ B C .
p) A ∪ (B − A) = A ∪ B.
q) (A ∪ B) − (A ∩ B) = (A − B) ∪ (B − A).
r) A − (B ∪ C) = (A − B) ∩ (A − C).
s) A ∪ (B ∩ C) = (A ∪ B) ∩ (A ∪ C).
t) A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C).
52
10. Sejam A, B e C conjuntos. Mostre usando alguns resultados dos excercícios 5 e 6 ao invés
do nosso método usual de ir ao princípio com as definições:
a) A ⊆ B → A ∩ B C = ∅.
b) A ∪ (A ∩ B) = A.
c) A ∩ (AC ∪ B) = A ∩ B.
d) A ∩ C = ∅ → A ∩ (B ∪ C) = A ∩ B.
e) A ⊆ B → A = B − (B − A).
11. Suponha que qualquer coleção se objetos pudesse ser um conjunto. Então poderíamos ter
o “conjunto de todos os conjuntos.” Considere o subconjunto S do conjunto de todos os
conjuntos dados por
S = {A : A ∈
/ A}.
Assim S é o conjunto de todos os conjuntos que não são elementos de si mesmos.
Note que se qualquer coleção de objetos pudesse ser um conjunto então exatamente um
de c) ou d) seria verdade. Sendo nenhuma verdade, este fato é chamado de paradoxo de
Russell, que foi proposto por Bertrand Russell, matemático e filósofo Inglês que descobriu
este fato nos princípios da teoria dos conjuntos.
14. Sejam A e B conjuntos de proposições. Dizemos que A é mais forte que B, denotado por
A =⇒ B,
e se somente se,
∀p ∈ B, ∃q1 , q2 , . . . , qn ∈ A 3 (q1 ∧ q2 ∧ . . . ∧ qn ) ⇒ p.
54
Assim, se A é mais forte que B, então toda proposição pertencente a B é uma consequência
lógica de uma conjunção de proposições pertencentes a A. Por exemplo, se
A = {p ∨ q, ¬q, r → q},
B = {p, ¬r, ¬q, s ∨ ¬q},
C = {p ∨ q, q},
Definição 2.5. Seja p uma função proposicional com domínio D. O conjunto verdade
de p é
{x ∈ D : p(x) é verdade}.
O que podemos dizer do conjunto verdade para p(x) → q(x)? Recordemos que
(p → q) ⇔ (¬p ∨ q)
Como um exemplo disso, sejam D = {1, 2, 3, 4, 5, 6}, p(x) “x é par,” q(x) “x é ímpar” e r(x)
“x é 2 ou 3.” Então (o leitor é convidado a verificar os resultados por si mesmo):
Para outro exemplo de nosso passado algébrico, seja D = R e p(x) “x2 − 3x + 2 > 0.” Sabemos
da álgebra que p(x) é equivalente a “(x − 2)(x − 1) > 0.” Se tomarmos p1 (x) como “x − 2 > 0,”
p2 (x) como “x − 1 > 0,” p3 (x) como “x − 2 < 0,” e p4 (x) como “x − 1 < 0,” então p(x) é
equivalente a
[p1 (x) ∧ p2 (x)] ∨ [p3 (x) ∧ p4 (x)]
(isto é porque o produto de dois fatores é positivo se e somente se, ambos os fatores têm
o mesmo sinal). Tomando P1 = (2, ∞), P2 = (1, ∞), P3 = (−∞, 2) e P4 = (−∞, 1) (veja
excercício 3, seção 2.1 para rever a notação de intervalos), o conjunto verdade para p(x) é
(P1 ∩ P2 ) ∪ (P3 ∩ P4 )
que é
[(2, ∞) ∩ (1, ∞)] ∪ [(−∞, 2) ∩ (−∞, 1)] = (2, ∞) ∪ (−∞, 1) = R − [1, 2].
∀x ∈ D, p(x) ↔ P = D,
∃x ∈ D 3 p(x) ↔ P 6= ∅.
Além disso, agora podemos ser um pouco mais explícitos sobre o que quisemos dizer acima
quando falamos que duas funções proposicionais eram equivalentes. Quisemos dizer que seus
conjuntos verdade são iguais, isto é,
[p(x) ↔ q(x)] ↔ P = Q.
56
Podemos, também, utilizar conjuntos verdade para lançar luz sobre algumas das equivalências
e implicações envolvendo quantificadores introduzidos no capítulo anterior. Por exemplo,
∀x ∈ D, p(x) ∧ q(x)
Da mesma forma,
∃x ∈ D 3 p(x) ∨ q(x)
será verdade se e somente se
P ∪ Q 6= ∅,
isto é, quando
P 6= ∅ ou Q 6= ∅,
consequentemente, isto é equivalente a
Além disso,
∀x ∈ D, p(x) → q(x) (cada p é um q)
será verdade quando,
P C ∪ Q = D.
Mas este será exatamente o caso quando a área sombreada no diagrama de Venn abaixo está
vazia, isto é, quando P ⊆ Q.
P Q
(P C ∪ Q)C
57
Entretanto,
[∀x ∈ D, p(x)] → [∀x ∈ D, q(x)]
será verdade quando P = Q = D ou quando P 6= D (Q pode ser qualquer coisa neste caso).
P ⊆ Q implica esta condição, logo a primeira proposição é mais forte que a segunda (como
observado na seção 1.7).
Excercícios 2.2
2. Encontre o conjunto verdade para a função proposicional “x2 − x − 2 ≤ 0.” Tome R como
domínio.
4. Acredite se quiser:
Conjectura: Sejam A, B conjuntos com B ⊆ A e p uma função proposicional. Então
∀x ∈ A, p(x) implica ∀x ∈ B, p(x)
“Demonstração”: Suponha que A, B sejam conjuntos como acima e que a implicação
seja falsa. Então existe um z ∈ B tal que p(z) seja falsa. Como B ⊆ A, z ∈ A. Mas isto
significa ∀x ∈ A, p(x) é falso, uma contradição.
“Contraexemplo”: Sejam p(x) “x < 2,” A = {1, 2, 3} e B = ∅. Então B ⊆ A, ∀x ∈
A, p(x) é falso e ∀x ∈ B, p(x) é verdadeiro.
58
2.3 Relações
Sabemos que um conjunto é determinado por seus elementos, isto é, {a, b} = {b, a} e a
ordem na qual os elementos são listados não faz diferença. Às vezes, entretanto, gostaríamos
de distinguir os elementos listados em ordem diferente. Para isso, introduzimos o conceito
de um par ordenado. É possível definir pares ordenados em termos de conjuntos (veja os
ecercícios no final da sseção), mas esta definição não é muito útil, assim iremos considerar
par ordenado como um termo indefinido, em vez disso, definimos as principais propriedades
que queremos que os pares ordenados tenham. Nossa notação é padrão: um par ordernado
com primeiro elemento a e segundo elemento b será denotado por (a, b). A propriedade na
qual estamos interessados é:
Definição 2.6. Sejam (a, b) e (c, d) pares ordenados. Então (a, b) = (c, d) se e somente
se a = c e b = d.
Vemos que esta propriedade, de fato, distingue a ordem nos pares ordenados, pois (a, b) 6=
(b, a) a menos que a = b. Com este coneito em mãos podemos definir uma nova operação
de conjuntos, o produto cartesiano (às vezes referido como produto cruzado ou simplesmente
produto) de dois conjuntos:
A × B = {(a, b) : a ∈ A e b ∈ B}.
A × B = {(1, a), (1, b), (2, a), (2, b), (3, a), (3, b)},
B × A = {(a, 1), (a, 2), (a, 3), (b, 1), (b, 2), (b, 3)},
A × C = ∅,
B × A = ∅.
importantes, por isso queremos deixar este conceito mais preciso. A seguinte definição faz
isso, embora provavelmente não seja imediatamente óbvio que ela personifica nossa ideia de
relação.
Im(R) = {b : (a, b) ∈ R}
= {b : aRb}.
3 ◦ ◦ ◦
B 2 ◦ ◦ ◦
1 ◦ ◦ ◦
1 2 3
A
Exemplos
Antes de procedermos adiante, alguns outros exemplos nos ajudarão a fixar as novas ideias
em nossas mentes.
2. Sejam A o conjunto de todas as pessoas vivas no mundo e para x, y ∈ A defina xRy se e so-
mente se y é um dos pais de x. Então R é uma relação em A. Os pares ordenados pertencen-
tes a R são da forma (x, um dos pais de x). Dom(R) = {x : um dos pais de x está vivo}
e Im(R) = {x : x é um pai com uma criança viva.}
R = {(∅, ∅), (∅, {1}), (∅, {2}), (∅, A), ({1}, {1}), ({1}, A), ({2}, {2}), ({2}, A), (A, A)}.
6. Seja A o conjunto das pessoas do Brasil e seja B o conjunto dos inteiros positivos menores
que 1010 . Então para x ∈ A e y ∈ B dizemos que xRy se e somente se y é o número do CPF
de x. Então R é uma relação de A em B. Os pares ordenados de R são da forma (pessoa,
CPF da pessoa). Dom(R) = {x : x tem CPF} e Im(R) = {x : x é o CPF de alguém}. Não
podemos listar todos os elementos de R aqui, seria insano!
7. Seja A = {1, 2, 3} e seja B = {1, 2} Então R = {(3, 1), (3, 2)}, S = ∅ e T = A × B são
todos relações de A em B. Dom(R) = {3} e Im(R) = {1, 2}, Dom(R) = Im(R) = ∅,
Dom(R) = A e Im(R) = B. Note que, as relações não precisam “fazer sentido” ou ter
alguma regra especial ou ter algum padrão. A definição permite que qualquer subconjunto
de A × B seja uma relção de A em B.
8. Sejam A, B conjuntos de proposições e para p ∈ A e q ∈ B define-se xRy se e somente se
p → q é uma tautologia. Então R é uma relação de A em B e um par ordenado (p, q) ∈ R se
e somente se q é uma consequência lógica de p. Podemos pensar na Im(R) como o conjunto
de todas as conclusões que podem ser implicadas logicamente de elementos individuais de
A
9. Seja A o conjunto de todos os triângulos no plano. Se s, t ∈ A, diremos que sRt se e
somente se s é similar a t (uma notação que já vem do ensino médio é s ∼ t). Então R é
uma relação em A com Dom(R) = Im(R) = A (pois cada triângulo é similar a si mesmo).
10. Seja R o conjunto dos números reais e para x, y ∈ R define-se xRy se e somente se x ≤ y
(note que: x ≤ y se e somente se x < y ou x = y). Então R é uma relação em R com
Dom(R) = Im(R) = R. Alguns elmentos típicos pertencentes a R são (2, 3) (2, 2) (3, π)
(π, 4) (2, e) ou (e, 3).
11. Seja Z o conjunto dos números inteiros e para x, y ∈ Z definimos xRy se e somente se x
divide y, denotados por x|y (note que: isto está definido como: x|y ↔ ∃z ∈ Z, 3 y = xz.
Assim, 3|6, 2|8, −3|6, 3| − 9 e 2|0, enquanto que 2 não divide 9, denotado por 2 6 | 9).
Então R é uma relação em Z com Dom(R) = Im(R) = Z (todo inteiro divide a si mesmo).
Alguns elementos típicos pertencentes a R são (1, 3), (7, 21), (1001, 1001), (−1, 3), (−2, 6),
(1001, 2002) e (3, 0).
12. Seja N o conjunto dos números naturais e para x, y ∈ N, define-se xRy se e somente se
5|(x − y). Então R é uma relação em N com Dom(R) = Im(R) = N. Alguns exemplos
típicos pertencentes a R são (10, 5), (5, 10), (3, 43) e (482, 257).
61
Observe que nossa maneira de escrever relações, xRy, que pode ter parecido um pouco
estranho em um primeiro momento, é de fato a forma que usualmente escrevemos algumas
“relações bem conhecidas”, como = (igual a), ≤ (menor ou igual a), ⊆ (subconjunto de), ∼
(similar a), | (divide), ⇔ (logicamente equivalente a). Devemos também notar que, muitos
dos exemplo acima são familiares a nós, só não sabíamos que eles eram chamados de relações!
Existem certas propriedades que uma relação me uma conjunto pode ou não ter. Algumas
das mais importantes são definidas abaixo:
k) R é uma ordem total (ou ordem linear) se e somente se R é uma ordem parcial
completa.
l) R é uma ordem total estrita se e somente se R é uma ordem parcial estrita completa.
Pode ser útil tentar caracterizar algumas destas propriedades de uma maneira informal
para que elas não parecessem tão estranhas. Se R é reflexiva tudo em A está relacionado a si
mesmo. Se R é simétrica, então sempre que a estiver relacionada a b devemos ter b relacionada
a a. Um exemplo comum de uma relação transitiva é a “preferência,” isto é, se eu prefiro torta
de maça ao bolo de chocolate e eu prefiro o bolo de chocolate à alface murcha, então eu prefiro
torta de maça à alface murcha. Se R é uma relação antissimétrica então a unica forma de
termos ambos aRb e bRa é tendo a = b. um exemplo para este tipo de relação é ⊆, de fato,
esta é a propriedade que usamos para demonstrar a igualdade de conjuntos. R é irreflexiva
se nenhum elemento de A está relacionado a si mesmo. A relação “ser pai de” é irreflexiva.
R é completa se dados dois elementos distintos em A o primeiro deve estar relacionado com
o primeiro ou vice-versa. Um exemplo de uma relação que não é comleta é ⊆ no conjunto
potência de um conjunto com pelo menos dois elementos (tente encontrar dois subconjuntos
que não estão relacionados). Normalmente pensamos na preferência como sendo uma relação
assimétrica, se eu prefiro torta de maça ao bolo de chocolate então eu também não prefiro
bolo de chocolate à torta de maça. Note que as relações simétricas e antissimétricas não são
62
mutualmente exclusivas, uma relação pode ter ambas as propriedades (ou nenhuma delas).
Este pode ser um bom momento para para fazer algums comentários gerais sobre defini-
ções matemáticas. É muito frequente o caso (como nos exemplos acima) que definições dão
nomes a objetos que possuem uma certa propriedade. Isto significa que se um certo objeto
tem tem a propriedade definida de “qualquer coisa,” então chamaremos isto de “qualquer
coisa,” e se chamamos um objeto uma “qualquer coisa” então este tem a proriedade definida
de “qualquer coisa.” Por isso usamos “se e somente se.” Se olharmos em muitos livros de mate-
mática (e possivelmente neste livro também, por isso fique de olho) encontraremos definicões
dadas usando apenas “se-então,” ao inveés de “se e somente se”. Esta é convenção e escritas
matemáticas e deve ser entendida como “se e somente se,” mesmo quando o “somente se”
não aparecer explicitamente.
Existe outra caractística das definições matemáticas que muitos estudantes podem achar
deconcertantes. Quando vamos a um dicionário para ver a definição de uma nova palavra,
esperamos sair com alguma ideia de que a palaravra significa. Por outro lado, uma definição
matemática muito raramente dá muita ajuda de forma a entendê-la, usualmente ela diz de
forma oculta a definição das propriedades e as consequências destas propriedades (e portanto
o “significado”) são desenvolvidas por teoremas e exemplos que seguem. Se pensarmos na
definição de derivada em cáculo, não há muito significado naquele limite, de fato o maior
esforço em um primeiro curso de cáculo é direcionado a dar significado a esta definição. As
definições matemáticas são importantes, mesmo se elas não contribuem imediatamente ao
nosso entendimento? A reposta é sim, elas são muito importantes. Sem definições precisas
não podemos executar qualquer demonstração, assim, não devemos esperar sermos capazes de
demonstrar que uma dada relação é reflexiva sem sabermos a definição de reflexiva. Devemos
esperar obter muitos significados de uma definição matemática? A resposta é não, este não é o
propósito de uma definição matemática. O significado de termos matemáticos é desenvolvido
através de teoremas e exemplos.
Quando confrontado a uma nova definição de um novo conceito, uma atividade útil é
tentar contruir exemplos de objetos apropriados que satisfçam a definição e exemplos que
não satisfaçam. Isto ajuda a tornar algumas das consequências da definição mais aparentes
e ajuda a tornar os conceitos mais concretos. Para ajudar a estabelecer este bom hábito
vamos começar olhando para alguns exemplos relacionados as adefinições acima (o leitor
deve verificar que afirmações feitas e criar por si próprio alguns outros exemplos): com A =
{1, 2, 3, 4}, seja
R = {(1, 2), (2, 3)},
S = {(1, 1), (2, 2), (1, 2), (2, 1), (3, 4)},
T = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4)}.
Então, R é não reflexiva, não simétrica, antissimétrica, irreflexiva, não completa e assimétrica.
S é não reflexiva, não simétrica, transitiva, não antissimétrica, não irreflexiva, não completa
e não assimétrica. T é reflexiva, simétrica, transitiva, antissimétrica, não irreflexiva, não
completa e não assimétrica.
Seria útil ter algumas figuras destas propriedades. Com A = {1, 2, 3, 4}, então se R é
reflexiva, a mesma deve conter pelo menos a diagonal principal (os quadrados na figura
abaixo):
Se R é simétrica, então seu gráfico deve ser simétrico com respeito a diagonal principal,
isto é, se (2, 3) e (4, 2) são elementos de R então (3, 2) e (2, 4) devem pertencer a R também:
63
4 ◦ ◦ ◦ ◦
3 ◦ ◦ ◦ ◦
A
2 ◦ ◦ ◦ ◦
1 ◦ ◦ ◦ ◦
1 2 3 4
A
4 ◦ ◦ ◦ ◦
3 ◦ ◦ ◦ ◦
A
2 ◦ ◦ ◦ ◦
1 ◦ ◦ ◦ ◦
1 2 3 4
A
Vemos que os exemplos dados anteriormente também satisfazem algumas destas propri-
edades. Por exemplo, = e ∼ são relações de equivalência, ≤ e ⊆ são ordens parciais, < e
⊂ são ordens parciais estritas, ≤ é uma ordem parcial total e < é uma ordem prcial total
estrita. De fato, podemos pensar em “relação de equivalência” como uma abstração da ideia
de igualdade e “ordem parcial” como uma abstração da ideia de ordenamento que temos nos
números reais. Isto da um bom exemplo do poder da abstração. Podemos pensar na relações
de equivalência como contendo a “essência” das ideias de igualdade (reflexiva, simétrica e
transitiva), qualquer coisa que façamos com isso pode pararecer uma ideia distante, mas não
é, lembre-se disso. Como podemos imaginar, mais a frente vamos demonstrar alguns fatos
interessantes e úteis sobre relações de equivalência. No meio tempo temos alguns exercícios
para fazer eassim checar nosso entendimento sobre este assunto. Mas primeiro, um exemplo
de teorema e demonstração envolvendo algumas dessa ideias e uma discussão das forma de
demonstração.
Teorema 2.5. Seja A um conjunto não vazio. Suponha que R é uma relação em P(A)
definida por BRC se e somente se B ⊂ C. Então R é transitiva e irreflexiva, isto é, ⊂
é uma ordem parcial estrita.
Vamos parar um momento para pensar sobre as formas de demonstração para estas pro-
priedades. Iremos considerar alguns tipos representativos, deixando alguns outros como exer-
cícios. Suponha que R seja uma relação em um conjunto não vazio A. Uma prova direta que
R é reflexivo teria a forma: Seja a ∈ A.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de R”
...
portanto, (a, a) ∈ R e R é reflexiva.
Para demonstrar simetria: Sejam a, b ∈ A com (a, b) ∈ R.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de R”
...
portanto, (b, a) ∈ R e R é simétrica.
Para transitividade: Sejam a, b, c ∈ A com (a, b) ∈ R e (b, c) ∈ R.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de R”
...
portanto, (a, c) ∈ R e R é transitiva.
Para completude: Sejam a, b ∈ A com a 6= b. Suponha que (a, b) ∈ / R.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de R”
...
portanto, (b, a) ∈ R e R é completa.
Note que nesta última demonstração usamos nossa técnica usual para a conclusão que é
uma disjunção. Assumimos que subproposição era falsa e então provamos que a outra deve ser
verdade. Vale também a pena notar que em cada caso nosso ponto de partida foi determinado
pela conclusão e não pelas hipóteses que teria a ver com quaisquer propriedades que R tivesse.
Excercícios 2.3
a) Liste os elementos de A × B, B × A, e A × C.
b) Dê exemplos de relações de A em B e de B em A, cada uma dos quais tem quatro
elementos.
c) Dê exemplo de uma relação simétrica em C que tenha três elementos.
2. Suponha A = {1, 2, 3}. Para cada uma das relações dadas abaixo, liste os elementos de R,
encontre Dom(R) e Im(R) de diga quais das propriedades da definição 2.9 R tem:
a) R é a relação < em A.
b) R é a relação ≥ em A.
c) R é a relação ⊂ em P(A).
a) A × (B ∪ C) = (A × B) ∪ (A × C).
b) A × (B ∩ C) = (A × B) ∩ (A × C).
c) (A × B) ∩ (AC × B) = ∅.
d) (A ⊆ B ∧ C ⊆ D) → A × C ⊆ B × D.
e) A ∪ (B × C) = (A ∪ B) × (A ∪ C).
f) A ∩ (B × C) = (A ∩ B) × (A ∩ C).
g) (A × B) ∩ (C × D) = (A ∩ C) × (B ∩ D).
h) A × (B − C) = A × B − A × C.
4. Suponha que R seja uma relação em um conjunto não vazio A. Dê a forma de demonstração
direta para:
a) R é antissimétrica.
b) R é irreflexiva.
c) R é assimétrica.
a) Transitiva
b) Irreflexiva
c) Assimétrica
d) Relação de equivalência
a) {x : xR1}.
b) {x : xR2}.
c) {x : xR7}.
a) R é completa → R é reflexiva.
b) R é transitiva e irreflexiva → R é assimétrica.
c) R é reflexiva → R não é assimétrica.
d) R é assimétrica → R não é reflexiva.
e) Dom(R) ∩ Im(R) = ∅ → R é transitiva, antissimétrica, irreflexiva e assimétrica.
f) R uma relação de ordem parcial estrita → R é antissimétrica e assimétrica.
g) R não reflexiva → R é irreflexiva.
h) R e S simétrica → R ∩ S simétrica.
i) R ou S simétrica → R ∩ S simétrica.
j) R e S simétrica → R ∪ S simétrica.
k) R ou S reflexiva → R ∪ S reflexiva.
l) R e S transitiva → R ∪ S transitiva.
m) R e S transitiva → R ∩ S transitiva.
14. (Continuação do exercício 13) Suponha que R seja uma relação em A com as propriedades
listadas abaixo. Se B ⊆ A e R|B é considerada como uma relação em A, quais destas
propriedades R|B deve também ter? Prove ou dê contraexemplos.
a) Simétrica
b) Transitiva
c) Antisimétrica
16. Suponha que tivéssemos definido “tripla ordenada” usando pares ordenados como
17. Seja R uma ordem total estrita em um conjunto não vazio A. Mostre que R tem a pro-
priedade da “tricotomia,” isto é,
18. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. O fecho transitivo de R é a menor
relação transitiva contendo R, isto é, se S é o fecho transitivo de R, e T é uma relação
qualquer contendo R, então
R ⊆ S ⊆ T.
68
Criamos definições similares para os fechos reflexivos e simétricos. Vamos denotar estes
fechos por Rtrans , Rsim e Rref .
a) Se A={1,2,3,4} e R = {(1, 2), (1, 4), (2, 3)}, encontre Rtrans , Rsim e Rref .
b) Demonstre ou dê contraexemplo para as seguintes conjecturas (R, S são relações em
um conjunto não vazio A):
i) (R ∪ S)trans = Rtrans ∪ Rtrans .
ii) (R ∩ S)trans = Rtrans ∩ Rtrans .
iii) (R ∪ S)sim = Rsim ∪ Rsim .
iv) (R ∩ S)sim = Rsim ∩ Rsim .
v) (R ∪ S)ref = Rref ∪ Rref .
vi) (R ∩ S)ref = Rref ∩ Rref .
c) O que pode ser dito sobre os correpondentes conceitow de fechos antissimétrico e assi-
métrico?
19. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. Suponha que R é assimétrica e também
satifaz a condição (às vezes também chamada de transitividade negativa):
20. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. Seja x ∈ A. Definimos uma R-classe de
x, denotada por < x >R , como
a) Seja A = {1, 2, 3, 4} e
R = {(1, 2), (1, 3), (2, 1), (1, 1), (2, 3), (4, 2)}.
pai/mãe de x)∈ R então (pai/mãe de x, x)∈ R−1 . Como outro exemplo disso, se R é uma
relacao em N dada por xRy se e somente se x < y então xR−1 y se e somente se y < x.
Embora possamos usar operações de conjuntos para obter novas relações de antigas (pois
relações são conjuntos) podemos também ter uma operação particular para relações chamadas
composições:
Logo, S ◦ R = {(1, 5), (1, 4), (3, 5), (1, 6), (3, 6)}.
Agora enunciaremos mais uma definição e então estaremos prontos para ver mais exem-
plos:
e) R ◦ R = {(1, 3)}.
Algumas observações podem ser feitas sobre este exemplo, R ◦ R−1 6= R−1 ◦ R, logo a com-
posição de relações não é comutativa. Também vemos que R ◦ IA = IA ◦ R = R talvez seja
verdade para qualquer relação R em um conjunto A.
Outro exemplo: Sejam A = {1, 2, 3}, B = {4, 5, 6} e C = {2, 3, 4} com R = {(1, 4), (1, 5), (2, 6), (3, 4)}
uma relação de A em B e S = {(4, 2), (4, 3), (6, 2)} uma relação de B em C. Seria útil ilustrar
o que foi mencionado nestes exemplo com um diagrama:
R S
1 4 2
2 5 3
3 6 4
A B C
a) S ◦ R = {(1, 2), (1, 3), (3, 2), (3, 3), (2, 2)}.
d) R−1 ◦ S −1 = {(2, 1), (3, 1), (2, 3), (2, 2), (3, 3)}.
e) (S ◦ R)−1 = {(2, 1), (3, 1), (2, 3), (3, 3), (2, 2)}.
Demonstração: Para esta demonstração, considere a figura abaixo para manter em mente
os vários conjuntos e relações involvidas. Primeiro, observe que (S ◦ R)−1 é uma relação de
C em A assim como (S ◦ R)−1 , isso diz que estas relações têm a chance de serem iguais.
Lembrando que relações são conjuntos, portanto para mostrar que duas relações são iguais,
devemos mostrar que elas são iguais como conjuntos. Para começar, seja (x, z) ∈ (S ◦ R)−1 .
72
Sο R
R S
A B C
R-1 S-1
R-1 ο S-1
Agora para mostrar a outra inclusão , seja (x, z) ∈ R−1 ◦ S −1 . Então existem um y ∈ B,
tal que (x, y) ∈ S −1 e (y, z) ∈ R−1 . Consequentemente, (y, z) ∈ S e (z, y) ∈ R, portanto
temos (z, x) ∈ S ◦ R, logo (x, z) ∈ (S ◦ R)−1 como desejado.
Embora a demonstração anterior possa parecer um pouco complicado, mas cada passo
apenas envolveu tradução para linguagem de conjuntos uando as definições, por exemplo
(x, y) ∈ S −1 significa que (y, x) ∈ S. Em outras palavras, este resultado nos diz que a inversa
de uma composição de relações é acomposição das inversas na ordem oposta.
Agora apresentamos um exemplo envolvendo composição. Seja A = {1, 2, 3}, B = {4, 5, 6},
C = {6, 7, 8} e D = {1, 4, 6} com
R S T
1 4 6 1
2 5 7 4
3 6 8 6
A B C D
Agora, estas podem ser compostas com T e R para obter:
Incrivelmente, estas duas igualdades são iguais! Não somos excepcionalmente sortudos
em nossas escolhas de R, S e T . Entretanto, esta igualdade é sempre válida. Matemáticos
expressam isto dizendo “a composição de relações é associativa.” Agora apresentamos a de-
monstração disso:
T ◦ (S ◦ R) = (T ◦ S) ◦ R.
Podemos tambem combinar algumas das propriedades especiais de relações com estas
operações. Por exemplo, temos:
Demonstração: Como este teorema é uma equivalência, temos que demostrar duas implica-
ções. Começaremos mostrando que R transitiva implica R ◦ R ⊆ R. Seja (x, y) ∈ R ◦ R. Então
existe z ∈ A tal que (x, z) ∈ R e (z, y) ∈ R. Mas, como R é transitiva temos que (x, y) ∈ R.
Portanto, R ◦ R ⊆ R.
Agora, mostremos que R◦R ⊆ R implica que R seja transitiva. Suponha que (x, y) e (y, z)
sejam elementos de R. Então, (x, z) ∈ R ◦ R e como R ◦ R ⊆ R, (x, z) deve necessariamente
ser um elemento de R e assim, R é transitiva.
74
T ο (S ο R)
Sο R
R S T
A B C D
Tο S
(T ο S) ο R
Não podemos abster-nos de notar mais uma vez qua a forma de demonstração aqui foi
determinada pela conclusão de cada implicação. Para a primeira, a conclusão era R ◦ R ⊆
R, postanto usamos a técnica usual de subconjunto para começar com elemento fixo mas
arbitrário em um conjunto e mostrando que este era um elemento do outro conjunto. Na
segunda implicação , a conclusão era que R seria transitiva, neste caso, mostramos que R
stisfazia a definição de transitividade. Em ambos os casos as hipóteses vieram durante a
demonstração e não no começo.
Excercícios 2.4
1. Sejam A = {1, 2, 4} e B = {1, 3, 4}. Sejam R = {(1, 3), (1, 4), (4, 4)} uma relação de A em
B, S = {(1, 1), (3, 4), (3, 2)} uma relação de B em A e T = ∅ uma relação de A em B.
Encontre:
a) Dom(R).
b) Dom(S).
c) Dom(T ).
d) Im(R).
e) Im(S).
f) Im(T ).
g) S ◦ R.
h) R ◦ S.
i) Dom(S ◦ R).
75
j) Im(S ◦ R).
k) Dom(R ◦ S).
l) Im(R ◦ S).
m) R−1 .
n) S −1 .
o) IA .
p) IB .
q) R−1 ◦ S −1 .
r) S −1 ◦ R−1 .
s) (R ◦ S)−1 .
t) (S ◦ R)−1 .
u) T −1 .
−1
v) IB .
w) (R ◦ S) ◦ R.
x) R ◦ (S ◦ R).
a) (R−1 )−1 = R
−1
b) IA − IA
c) R é reflexiva se e somente se IA ⊆ R ⊆ R ◦ R.
d) R é simétrica se e somente se R = R−1 .
e) R é transitiva se e somente se R−1 é transitiva.
f) R é uma relação de equivalência e se somente se R−1 é uma relação de equivalência.
g) Suponha que Dom(R) = A. R é uma relação de equivalência se e somente se R =
R−1 = R ◦ R.
h) R á assimétrica se e somente se R ∩ R−1 = ∅.
i) R ∪ R−1 = A × A implica que R é completa.
j) R simétrica implica R ◦ R é simétrica.
k) IDom(R) ⊆ R−1 ◦ R.
l) R é uma ordem parcial se e somente se R−1 é uma ordem parcial.
m) R é uma ordem parcial se e somente se R ∩ R−1 = IA e R ◦ R = R.
n) R é uma ordem parcial estrita se e somente se R−1 é uma ordem parcial estrita.
a) Dom(S ◦ R) ⊆ Dom(R).
b) Im(S ◦ R) ⊆ Im(S).
c) Im(R) ⊆ Dom(S) implica Dom(S ◦ R) = Dom(R). A recíproca é verdadeira?
7. Seja R a relação < nos inteiros. Mostre que R é uma ordem parcial estrita. Também
mostre que R ∪ IZ (que é ≤) é uma ordem parcial.
8. Seja R uma ordem parcial em um conjunto não vazio A. Mostre que R − IA é uma ordem
parcial estrita em A.
a) Rref = R ∪ IA .
b) Rsim = R ∪ R−1 .
c) Rtrans = R ∪ (R ◦ R).
a) R ◦ S = R ◦ T implica S = T .
b) S ◦ R = T ◦ R implica S = T .
A ={a, b, c, d},
R =IA ∪ {(a, b), (b, a), (a, c), (c, a)},
S =IA ∪ {(c, d), (d, c), (a, c), (c, a), (d, a), (a, d)}.
S = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (2, 1), (1, 3), (3, 2)}
não é uma ordem total pois não é transitiva ((1, 3), (3, 2) ∈ S, mas (1, 2) ∈
/ S).
ou melhor graficamente:
ℕ
1 2 3 4 5
6 7 8 9 10
11 12 13 14 15
. . . . .
. . . . .
. . . . .
S1 S2 S3 S4 S5
Existem muitas coisas interessantes sobre estes conjunto para serem notadas. Enquanto
em um primeiro momento alguém poderia supor que existe um número infinito deles, mas
existem apenas cinco. Também, a união destes cinco conjuntos é todo o N, isto é dado um
elemento y ∈ N, y é um elemento de um destes cinco conjuntos. Para ser mais preciso, existe
exatamente um destes conjuntos que tem y como elemento. Isto significa (ceja exemplo 2
abaixo) que, dados quaisquer dois destes conjuntos, ou eles são iguais, ou eles são disjuntos.
Veremos em breve que toda relação de equivalência gera conjuntos com essas propriedades,
mas primeiro precisamos de algumas definições.
Definição 2.13. Seja A um conjunto não vazio. Uma partição Π de A é uma coleção
de subconjuntos não vazios de A tais que cada elemento de A é elemento de exatamente
um destes conjuntos.
Assim, podemos pensar que uma partição de um conjunto como uma separação do conjunto
em partes disjuntas, por exemplo, podemos considerar as três classes de ensino (fundamental,
médio e superior) como uma partição do corpo de estudantes. Agora apresentamos alguns
exemplos de partições:
Exemplos
1. Seja A não vazio. Então Π1 = {{x} : x ∈ A} e Π2 = {A} são partições de A. Em certo
senso, Π1 é apartição mais “fina” de A equanto Π2 é a mais grossa (veja o exercício 3
desta seção).
2. Seja A = {1, 2, 3, 4}. Então Π1 = {{1}, {2, 3}, {4}} e Π2 = {{1, 4}, {2, 3}} são partiçõesde
A.
3. Referindo-se aos conjuntos Si mencionados no começo desta seção, vemos que {S1 , S2 , S3 , S4 , S5 }
é uma partição de N.
Exsite uma relação próxima entre partições e classes de equivalência, de fato, dada uma
relação de equivalênvia em um conjunto podemos gerar uma partição(como fizemos com N
acima) e dada uma partição podemos gerar uma relação de equivalência. Para ver como isto
realmente funciona, precisamos de mais uma definição:
Definição 2.14. Seja R uma relação de equivalência em um conjunto não vazio A. Seja
x ∈ A. A classe de equivalência de x módulo R, denotada por [x]R (ou às vezes x/R), é
o conjunto de todos os elementos de A que são R-relacionados a x. Em símbolos,
[x]R = {y ∈ A : yRx}.
O conjunto de tais classes de equivalência é denotado por [A]R (ou às vezes A/R) e é
chamado A módulo R. Em símbolos,
Para dois exemplos extremos, seja A um conjunto não vazio e seja R a igualdade (isto é, xRy
se e somente se x = y) e seja S = A × A (também uma relação de equivalência). Então
Talvez por agora o leitor pensou que [A]R é uma partição de A, com as classes de quiva-
lência formando os blocos da partição. Isto é, de fato, o caso que demonstraremos em breve,
mas antes vamos estabelecer algumas propriedades das classes de equivalência.
Teorema 2.9. Seja R uma relação de equivalência em um conjunto não vazio A. Então
a) ∀x ∈ A, [x]R 6= ∅.
Demonstração:
a) Como R é reflexiva, xRx para todo x ∈ A, logo x ∈ [x]R e assim ∀x ∈ A, [x]R 6= ∅.
b) Suponha que z ∈ [x]R ∩ [y]R . Então xRz e yRz. Como R é simétrica, zRy e como R é
também transitiva, temos xRy como desejado. Agora, suponha que xRy. Então y ∈ [x]R .
Mas y ∈ [y]R também, portanto, [x]R ∩ [y]R 6= ∅.
c) Se [x]R = [y]R entao y ∈ [x]R , logo xRy. Agora suponha xRy e seja z ∈ [x]R . Então xRz.
Pela simetria de R temos que yRx e pela transitividade de R obtemos yRz, logo z ∈ [y]R
e consequentemente, [x]R ⊆ [y]R . Um argumento similar (apenas trocar os papeis de x e
y) mostra que [y]R ⊆ [x]R , que completa a demonstração.
d) Segue diretamente dos partes b) e c).
Terminamos a maior parte do trabalho para mostrar que [A]R é uma partiçãode A, o que
resta está na demonstração do teorema abaixo.
Demonstração: Devemos mostrar que [A]R é uma coleção de subconjuntos não vazios de A
que tem a propriedade que cada x ∈ A é um elemento de exatamente uma dos conjuntos de
[A]R . Como [A]R = {[x]R : x ∈ A} e x ∈ [x]R para casa x ∈ A, cada membro de [A]R é não
vazio. Isto também mostra que cada x ∈ A é um elemento de pelo menos um conjunto, cha-
mado sua própria classe de equivalência. Suponha que existe y ∈ A tal que y é um elemento
de dois conjuntos de [A]R . Mas, o teorema anterior 2.9 mostrou que distintos elementos de
[A]R são disjuntos, o que contradiz o fato de y pertencer a ambas classes de equivalência. Por-
tanto, cada elemento de A é um elemento de exatamente uma das classes de equivalência.
Assim, vemoa que uma relação de equivalência em um conjunto induz uma partição deste
conjunto. Este processo também funciona a recíproca, isto é uma partição de um conjunto
induz uma relação de equivalência no conjunto. Antes de mostrar este fato precisamos dar
um nome para tal relação.
81
A/Π2 = {(1, 1), (1, 4), (2, 2), (2, 3), (3, 2), (3, 3), (4, 1), (4, 4)}.
Uma rápida olhada revela que A/Π é uma relação de equivalência, embora, claramente,
devemos provar que isto é sempre o caso.
Teorema 2.11. Seja Π uma partição de um conjunto não vazio A. Então A/Π é uma
relação de equivalência em A.
Fechamos agora o círculo. Uma partição induz uma relação de equivalência A/Π e uma
relação de equivalência induz uma partição [A]R . Podemos ainda ver que a partição induzida
por uma relção de equivalência induz a partição original e vice-versa. Em símbolos,
[A]A/Π = Π e A/[A]R = R
Excercícios 2.5
1. Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e Π = {{2, 4, 6}, {1, 5}, {3}}. Liste os elementos de A/Π. En-
contre [2]A/Π .
Ψ ? Π = {C ∩ D : C ∈ Ψ, D ∈ Π, C ∩ D 6= ∅}.
a) Seja A = {1, 2, 3, 4, 5}, Ψ = {{1, 2, 3}, {4, 5}} e Π = {{1, 2}, {3, 4}, {5}}. Encontre
Ψ ? Π.
b) Mostre que se Ψ e Π são partições de um conjunto não vazio A, então Ψ ? Π é uma
partição de A.
c) Mostre que Ψ ? Π é mais fina que Ψ e Π.
A ={1, 2, 3, 4, 5},
Π ={{1, 2}, {3}, {4, 5}},
Ψ ={{1}, {2, 3, 4}, {5}},
2.6 Funções
Uma das ideias mais predominantes em matemática é o de função. Sem dúvida, fomos
expostos às funções no ensino médio, além disso funções têm o papel mais importante cáculo.
Embora as funções sejam objetos familiares em nosso repertório matemático, o leitor pode
se sentir um pouco embaraçado para dar uma definição precisa delas. Vamos remediar esta
situação imediatamente e descobrir que funções são relações especiais.
a) Dom(f ) = A.
Em palavras, a definição acima diz que se f é uma relação de A em B tal que para todos
x ∈ A existe exatamente um y ∈ B tal que (x, y) ∈ f então f é uma função. Condição a)
garante que para cada x ∈ A existe pelo menos um y, e a condição b) garante que existirá
no máximo um, portanto tomadas juntas obtemos “exatamente uma.”
Se f é uma função de A em B então a “propriedade funcional” de cada x ∈ A estando
relacionado a exatamente um y ∈ B nos permite usar a notação funcional familiar y = f (x). Se
f fosse qualquer das relações “antigas” poderia existir vários (ou mesmo nenhum) elementos
em B para cada elemento de A e a notção f (x) não se referiria a um elemento de B, mas
teríamos que referir a um subconjunto de B.
84
Como exemplo de algumas relações que são funções e algumas que não são, sejam
A ={1, 2, 3, 4},
B ={1, 2, 3, 4, 5},
f ={(1, 2), (2, 3), (3, 4), (4, 5)},
g ={(1, 2), (1, 3), (2, 4), (3, 5), (4, 5)},
h ={(1, 1), (2, 2), (3, 3)}.
Então, f , g e h são todas relações de A em B, mas apenas f é uma função, g não é uma função
pois ambos (1, 2) e (1, 3) são elementos de g e h não é uma função pois Dom(h) = {1, 2, 3} =
6 A.
f tem uma forma particularmente simples para a qual podemos descrever com a fórmula:
∀x ∈ A, f (x) = x + 1. Embora a maioria das funções de pré-cáculo e cáculo são dadas de
uma maneira parecida, não é necessário que funções sejam descritas desta forma. De fato, a
maioria das funções não podem especificadas em tal forma simples.
Vamos utilizar a seguinte notação e nomes quando estivermos trabalhando com funções.
Se f : A → B e (x, y) ∈ f então esvrevemos y = f (x). Note que, o nome da função é f e que
f (x) não é o nome da função mas é um elemento de B, é este elemento particular que está
relacionado com um certo elemento de A, chamado x. Se y = f (x) então dizemos que y é a
imagem de x e x é a ıpré-imagem de y. Também observe que devemos dizer “a” quando falamos
de imagem, mas devemos usar “uma” quando falamos de pré-imagens como um elemento de
B pode ter vários elementos de A relacionados ao elemento da pré-imagem. Como f é uma
relação, podemos tratá-la como uma relação e falar de seu domínio e imagem, composta
dela com outras funções e falar de sua inversa. Note também que, embora Dom(f ) = A não
precisamos que Im(f ) = B, portanto seria conveniente ter um nome para B, chamaremos a
B de codomínio de f .
Considere o seguinte exemplo: sejam A = {1, 2, 3, 4, 5} e B = {a, b, c, d} e defina f : A → B
como f (1) = b, f (2) = b, f (3) = a, f (4) = d e f (5) = a (veja a figura abaixo):
1 a
2 b
3 c
4
d
5
A B
Existem certas propriedades que funções podem ou não ter que aparecem com frequência
suficiente para terem um nome. Algumas destas são dadas abaixo.
Vale a pena mencionar que foi a injetividade de f que deu a f −1 a propriedade de função
e a sobrejetividade de f gerou o fato que Dom(f −1 ) = B. Devemos ser um pouco cudadosos
sobre exatamente o que o teorema diz. Suponha que f : A → B é uma função injetora
mas não uma função sobrejetora. Então f −1 é uma funcaoi, mas não de B em A e sim
f −1 : Im(f ) → A.
Poderíamos, de fato, ter mostrado um pouco mais sobre f −1 no teorema 2.13, que f −1 é
também uma bijeção. Uma demonstração direta é possível seguindo a demonstração aicma,
mas para checar nosso entendimento da notação funcional, considere a seguinte demosntra-
ção:
Demonstração: Usaremos o teorema acima duas vezes: primeiro, o teorema nos diz que
f −1 é uma função de B em A. Agora, trocando os papéis de f e f −1 , o teorema também
diz que (f −1 )−1 é uma função, então f −1 deve ser injetora e sobrejetora. Mas (f −1 )−1 = f .
A demonstração acima é uma típica demosntração que mostra que uma certa função é
injetora e sobrejetora. Para ter certeza que entendemos a forma deste tipo de demonstração,
vamos dar uma olhada mais de perto. Suponha que f : A → B. Uma demonstração direta
para mostrar que f é injetora seria tomar a forma: Seja x, y ∈ A, com f (x) = f (y).
...
“alguma coisa ou outra dependendo de f ”
...
portanto x = y e assim f é injetora.
A demonstração por contrapositiva seria da forma: Sejam x, y ∈ A, com x 6= y.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de f ”
...
portanto f (x) 6= f (y) e assim f é injetora.
A demonstração direta para mostrar que f é sobrejetora se pareceria como: Seja y ∈ B.
...
“alguma coisa ou outra dependendo de f ”
...
portanto existe x ∈ A tal que f (x) = y e f é sobrejetiva.
Resumo: para mostrar que f é injetora, devemos mostrar que elementos distintos em um
domínio têm imagens distintas e para mostrar que f é sobrejetora, devemos mostrar que
todos elementos de B têm uma pré-imagem.
Como exemplo, vamos mostrar que f : R → R dada por f (x) = ax + b, com a 6= 0
é uma bijeção. Primeiro, uma demonstração direta que f é injetora. Sejam x, y ∈ R com
f (x) = f (y). Então ax + b = ay + b que implica que ax = ay. Como a 6= 0, temos x = y
e portanto f é injetora. A demonstração por contrapositiva deste fato seria: Sejam x, y ∈ R
com x 6= y. Então como a 6= 0, ax 6= ay portanto temos que ax + b 6= ay + b, logo f (x) 6= f (y).
Para mostrar que f é sobrejetora, seja z ∈ R. Então (z − b)/a é também um elemento de R
(pois a 6= 0) e
z−b z−b
f =a + b = z − b + b = z.
a a
portanto f é sobrejtora. Devemos notar que a escolha de (z − b)/a não veio do nada, foi o
resultado de resolver d equação f (x) = ax + b = z para x.
Demonstração: Já fizemos a maior parte do trabalho, assim devemos apenas fazer algumas
observações. Primeiro, como f e g são bijeções, g ◦f também é uma bijeção, portanto (g ◦f )−1
é uma função de C em A. Das relações sabemos que, (g ◦ f )−1 = (f −1 ◦ g −1 e como f −1 e
g −1 são funções também, o resultado segue.
a) f ◦ IA = f .
b) IB ◦ f = f .
Excercícios 2.6
A ={1, 2, 3, 4},
B ={1, 2, 3, },
f ={(1, 3), (2, 1), (3, 1), (4, 2)}.
Encontre f −1 ◦ f .
b) Sejam A, B conjuntos não vazios e f : A → B. Mostre que f −1 ◦ f é uma relação de
equivalência em A. (Note que f −1 pode ou não ser uma função). Também mostre que
[x]f −1 ◦f = {y : f (x) = f (y)}.
8. Seja f : A → A. Suponha que f também seja uma relação de equivalência. O que podemos
dizer sobre f ?
a) f ∪ g : A → B.
b) f ∩ g : A → B.
c) f ∪ g : A → B implica f = g.
d) f ∩ g : A → B implica f = g.
10. Seja f : A → B e g : C → D, com A∩C = ∅. [Para refrescar sua memória sobre restrições,
veja o excercício 13 da seção 2.3].
a) Mostre que f ∪ g : A ∪ C → B ∪ D.
b) Mostre que f ∪ g|A = f e f ∪ g|C = g.
Lembre-se que (mais fino que) é uma relação de ordem parcial em Ψ. Seja
Sabemos que existe uma bijeção entre os elementos de Ψ e <, assim denotemos a relação
de equivalência associada com a partição θ por Rθ . Definimos s relação v em < por
Rφ v Rθ se e somente se φ θ.
90
Rφ v Rθ se e somente se Rφ ⊆ Rθ .
14. Seja f : A → B, com R uma ordem total estrita em A e S uma ordem total estrita em B.
Dizemos que f é monotônica se e somente se ∀x, y ∈ A, xRy implica f (x)Sf (y).
a) Com a ordem usual (<) em R, de um exemplo de uma função que seja monotônica.
b) Com a ordem usual (<) em R, de um exemplo de uma função que não seja monotônica.
c) Se f : A → B é monotônica, mostre que f é injetora.
Então S = {(1, 2), (1, 4)}, que é transitiva mas não irreflexiva.
Por exemplo, seja f : A → B onde A = {1, 2, 3, 4}, B = {1, 3, 5} e f dada por f (1) = 1,
f (2) = 1, f (3) = 5 e f (4) = 5. Então
Note que até agora definimos alguns conjuntos: com A, B, f, C, D como acima, f (C) é um
subconjunto de B e f −1 (D) é um subconjunto de A. Entretanto, podemos utilizar estas
definições de uma forma natural para definir algumas funções (com o mesmo nome)
f : P(A) → P(B),
f −1 : P(B) → P(A).
Estas duas funções induzidas por conjuntos têm muitas propriedades importantes (incluindo
o fato de que elas são funções!), que em sua maioria serão deixadas para os excercícios, mas
provaremos uma aqui para dar uma dica de como são estas demonstrações.
92
f −1 (C) ⊆ f −1 (D).
Todas as nossas familiares operações aritméticas (+, −, · e ÷) são funcois, assim como
todos os conectivos lógicos (∧, ∨, → e ↔) e todas operações de conjuntos (∩, ∪ e −). Temos
um nome especial para funções deste tipo:
Teorema 2.19. Seja • uma operação binária em A. Então existe no máximo uma iden-
tidade para •.
e = e • e0 = e0
x•y =y•x=e
e
x • y0 = y0 • x = e
Assim,
y = y • e = y • (x • y 0 ) = (y • x) • y 0 = e • y 0 = y 0 .
Em virtude dos teoremas acima podemos falar em “a” identidade e “o” inverso de um
elemento (se tais existem).
A última ideia que gostaríamos de introduzir nesta seção pode, de alguma forma, ser sutil,
mas o esforço para entende-la será recompensado no futuro (por exemplo, quando o leitor
estiver estudando em álgebra o “teorema fundamental de homomorfismos de grupos”).
Então f ∗ é injetora e f = f ∗ ◦ α.
Demonstração: Será útil manter a figura abaixo na mente durante nosso trabalho na de-
monstração.
Devemos observar que há quatro coisas que devem ser provadas:
B
A
[A]R
b) f ∗ é uma função.
c) f ∗ é injetora.
d) f = f ∗ ◦ α.
Que R é uma relação de equivalência segue facilmente do fato que = é uma relação
de equivalência em B, os detalhes são deixados como excercício. Que f ∗ é uma função
é um ponto mais sutil porque classes de equivalência estão envolvidas e f ∗ está definida
de um representante da classe de equivalência. Para explicar isso um pouco mais, supo-
nha [x]R = [y]R com x 6= y. Para f ∗ ser uma função e não apenas uma relação , neces-
sitaríamos que f ∗ ([x]R ) = f ∗ ([y]R ) (pois [x]R = [y]R ) mas nossa definição de f ∗ é dada
em termos dos representantes das classes de equivalência, isto é f ∗ ([x]R ) = f (x) enquanto
f ∗ ([y]R ) = f (y). Obviamente, nossa única esperança de livra-nos com sucesso desta dificul-
dade é ter f (x) = f (y). Mas se lembrarmos que xRy se e somente se f (x) = f (y), vemos
que [x]R = [y]R implica que f (x) = f (y) e f ∗ é de fato uma função (às vezes dizemos que
tal função definida em um conjunto de classe de equivalência está “bem definida”). Assim,
tudo que resta demonstrar sobre f ∗ é que f ∗ é injetora. Suponha que, f ∗ ([x]R ) = f ∗ ([y]R ).
Então f (x) = f (y) (da definição de f ∗ ), logo xRy que significa [x]R = [y]R , portanto, f ∗ é
injetora. Para completar a demosntração precisamos mostrar que f = f ∗ ◦ α. Seja x ∈ A.
Então (f ∗ ◦ α)(x) = f ∗ (α(x)) = f ∗ ([x]R ) = f (x).
95
Para melhor entender o que está acontecendo aqui, pode ajudar a perceber que a classe
de equivalência [x]R é o conjunto de todos os elementos cuja imagem por f é o mesmo
de x. Assim podemos pensar na partição [A]R como juntando todos estes elementos que
têm a mesma imagem por f . Como um exemplo simples disso, considere f : A → B onde
A = {1, 2, 3, 4}, B = {1, 3, 5} e f é dada por f (1) = 1, f (2) = 1, f (3) = 5 e f (4) = 5. Neste
caso (o leitor pode verificar)
R = {(1, 1), (1, 2), (2, 2), (2, 1), (3, 3), (3, 4), (4, 4), (4, 3)}
logo [1]R = [2]R = {1, 2}, [3]R = [4]R = {3, 4}. Portanto, [A]R = {[1]R , [3]R } e f ? ([1]R ) = 1 e
f ? ([3]R ) = 5.
Excercícios 2.7
Talvez agora os nomes identidade e inverso como usados com funções assumem mais
significado agora, para I é a identidade de ◦ e f −1 é o inverso de f .
6. Seja A um conjunto não vazio. Então ∪, ∩ e − são operações binárias em P(A). O lei-
tor pode quere citar os teoremas demonstrados anteriormente e outros excercıcios para
trabalhar nos seguintes itens:
X • Y = (X − Y ) ∪ (Y − X).
9. Suponha que • seja uma operação binária associativa em A. Seja x um elemento fixo
pertencente a A. Definimos uma outra relação binária •x em A por
a •x b = a • (x • b).
12. Seja f : A → B. Mostre que f pode ser decomposta em uma sobrejeção, uma bijeção e
uma injeção, isto é, existem funções α, β e γ tais que f = γ ◦ β ◦ α onde α é uma sobrejção,
β é uma bijeção e γ é uma injeção. [Dica: veja o teorema 2.21.]
13. Em álgebra com frequência usamos a regra “igual adicionado a igual é igual”, ou mais
precisamente, se a, b, c, d ∈ R com a = b e c = d então a + c = b + d. Prove que esta
afirmação está correta.
f −1 ◦ f = {(∅, ∅), ({1}, {1, 2}), ({1, 2}, {1, 2}), ({2}, {1, 2})},
então
[(x, y)]R ? [(m, n)]R = [(w, z)]R ? [(p, q)]R .
Mostre, por exemplo, que esta “operação binária” não está bem definida, e assim, não
é de fato uma operação binária.
f) Tentamos novamente defifinido
[Nota: O leitor alerta pode ter feito a identificação de Q com Q, o conjunto dos números
racionais, com m, n fazendo o papel de m/n. De fato, o que pensamos ser o número 1/2
é realmente uma classe de esquivalência e igauldade de números racionais é igualdade de
classe de equivalência. Por isso no ensino básico aprendemos que 1/2 = 3/6.]
17. Seja f : N → N5 (veja exercício 8 da seção 2.5 para esta notação) dada por f (x) = [x]5 .
Sejam R e α como no teorema 2.21.
Indução Matemática
3.1 Introdução
Com frequência temos que demonstrar proposições da forma ∀n ∈ N, P (n). For exemplo,
talvez quisessemos mostrar que
1
∀n ∈ N, 1 = 2 + 3 + . . . + n = n(n + 1), (3.1)
2
∀n ∈ N, (n − 2)2 = n2 − 2n + 4, (3.2)
∀n ∈ N, n ímpar implica n ímpar.
2
(3.3)
Proposições (3.2) e (3.3) podem ser facilmente demonstradas usando nossa técnica de variável
fixa mas arbitrária (o leitor poderia tentar fazer estas demonstrações), mas a proposição (3.1)
não pode ser demonstada por este método. Uma razão para esta dificuldade é que o lado
esquerdo da igualdade não é uma forma fechada e não podemos lidar com ela algebricamente.
De fato, para mesmo entendermos o que o lado esquerdo significa temos que contar com
uma certa propriedade dos números naturais, a saber, que dado um número natural k existe
um “próximo” número natural, que chamamos de k + 1. Assim devemos esperar que uma
demonstração de (3.1) envolverá esta propriedade do “próximo” dos números naturais. Este
é, de fato, o caso que examinaremos na próxima seção, a propriedade de N que nos permite
demonstrar proposições deste tipo.
101
102
a) 1 ∈ S.
b) ∀k ∈ N, k ∈ S → k + 1 ∈ S.
Então S = N.
Em palavras, este axioma nos diz que se tivermos um conjunto de números naturais que
contém 1 e qualquer número natural que estiver no conjunto, o próximo número também
está no conjunto, então nosso conjunto contém todos os números naturais. Esta propriedade
é intuitivamente atraente, se 1 está em S então o próximo número, 2, deve estar em S.
Mas se 2 et́a em S, 3 deve estar no conjunto e assim por diante, implicando que todos os
números naturais pertencem a S. Claramente, é o “e assim por diante” que não pode ser
demonstrado, logo este princípio (o qual chamaremos de o princípio da indução matemática)
deve ser tomado como um axioma, isto é, uma propriedade assumida do conjunto dos números
naturais.
Podemos utilizar o princípio da indução matemática para demonstrar uma proposição da
forma ∀n ∈ N, p(n) deixando S ser o conjunto de números naturais para o qual p é verdade,
isto é
S = {n ∈ N : p(n) é verdade}.
Assim se podemos mostrar que p(1) é verdade (1 ∈ S) e p(k) → p(k + 1) (k ∈ S → k + 1 ∈ S)
então S = N ou ∀n ∈ N, p(n). Consequentemente, demonstrações usando o princípio da
indução matemática usualmente têm a seguinte forma:
n(n + 1)
∀n ∈ N, 1 + 2 + 3 + . . . + n = .
2
k(k+1)
2 . Então
k(k + 1)
1 + 2 + 3 + . . . + k + (k + 1) = + (k + 1)
2
k
= (k + 1) +1
2
(k + 1)(k + 2)
=
2
logo p(k +1) é verdade, que completa o passo de indução e assim a demonstração por indução.
Portanto, demonstramos pelo princípio da indução que
n(n + 1)
∀n ∈ N, 1 = 2 + 3 + . . . + n = .
2
Daremos alguns exemplos mais gerai com menos comentários. Veja se você detecta a forma
geral da demonstração e segue os passos envolvidos.
Exemplos
(1 + x)k+1 = (1 + x)k (1 + x)
≥ (1 + xk )(1 + x)
= 1 + xk+1 + x + xk
≥ 1 + xk+1 ,
(k + 1)2 ≤ (k + 1) implica
k 2 + 2k + 1 ≤ (k + 1) ou
k 2 + 2k ≤ k que implica que
k 2 ≤ k,
nossa hipótese original, que assumimos ser verdade, assim a demonstração está completa.
Um resultado surpreendente. Com indução podemos provar coisas super interessantes!
Claramente, o resultado não é verdade, então alguma coisa deve estar errado na demons-
tração. O que temos acima é um exemplo de um erro comum frequentemente feito por
“indutores” principiantes. Um exame mais detalhado revela que no passo da indução as-
sumimos nossa conclusão e então obtivemos nossa hipótese, a forma de demonstração que
nunca é válida. Se todas as implicações pudessem ser revertidas, podemos construir uma
demonstração válida revertendo a ordem dos passos, mas em nosso caso o último passo
104
não pode ser revertido (k 2 ≤ k não implica k 2 + 2k ≤ k). O ponto para lembrar é: se
tentamos trabalhar de “forma reversa” partindo da conclusão até a hipótese, para obter
uma demonstração válida devemos ser capazes de reverter todas as implicações.
(k + 1)3 − (k + 1) = k 3 + 3k 2 + 3k + 1 − k − 1
= (k 3 − k) + 3(k 2 − k)
= 3m + 3(k 2 − k)
= 3(m + k 2 − k),
a) n0 ∈ S.
b) ∀n ∈ Z, n ∈ S → n + 1 ∈ S, então {n ∈ Z : n ≥ n0 } ⊆ S. Se n0 é o menor elemento de
S, então S = {n ∈ Z : n ≥ n0 }.
Vemos que o PIM é um caso especial disto com n0 = 1. Como um exemplo da aplicação
disto, considere:
5. ∀n ∈ N, n ≥ 13, n2 < ( 23 )n . Aqui nosso passo base é n = 13. Note que 132 = 169 < 194 =
( 32 )13 , portanto nosso passo base está completo. Agora suponha que n > 13 e n2 < ( 23 )n .
Então
1 2 2
(n + 1)2 = 1+ n
n
1 2 2
< 1+ n
13
3 2
< n
2
3 3 n 3
n+1
< = ,
2 2 2
105
Excercícios 3.2
2. Mostre que para todos os números naturais n, n ≥ 2, existem inteiros não negativos a e b
tai que n = 2a + 3b.
5. Para n ∈ N, seja an = 1 + 2−1 + 3−1 + . . . + n−1 . Mostre que para cada M ∈ N existe um
n ∈ N tal que an > M .
106
6. Acredite se quiser:
Conjectura: ∀n ∈ N, n ≥ 783, 3n4 + 15n − 7 é par.
“Demonstração”: Quando n = 783, 3n4 + 15n − 7 = 1.127.634.377.502, que é par.
Agora suponha, n ≥ 783 e que 3n4 + 15n − 7 seja par, assim existe m ∈ N tal que
3n4 + 15n − 7 = 2m. Então
que é par.
“Contraexemplo”: Quando n = 1000, 3n4 +15n−7 é ímpar, pois 3n4 +15n é claramente
divisível por 1000, assim quando o 7 é subtraído, o resultado será ímpar.
a) 1 ∈ S.
b) ∀n ∈ N, {1, 2, 3, . . . , n} ⊆ S → n + 1 ∈ S.
Então S = N.
Enquanto que o PIC parece estar fortemente relacionado ao PIM, a conecção entre estes
dois e o PBO não é tão clara. Como assumimos o PIM como um axioma poderíamos usá-lo
para demonstar os outros dois como teoremas. O que mostraremos, entretanto, é de alguma
forma mais forte, isto é, que os três princípios são equivalentes:
PIM → PBO,
PBO → PIC,
PIC → PIM.
107
Teorema 3.1. Seja S um subconjunto não vazio de N. Então S tem um elemento mí-
nimo.
a) 1 ∈ S.
b) ∀n ∈ N, {1, 2, 3, . . . , n} ⊆ S → n + 1 ∈ S.
Então S = N.
a) 1 ∈ S.
108
b) ∀n ∈ N, n ∈ S → n + 1 ∈ S.
Então S = N.
(∀n ∈ N, {1, 2, 3, . . . , n} ⊆ S → n ∈ S) ∧ (n ∈ N, n ∈ S → n + 1 ∈ S)
Para ver como estas formulações alternativas do princípio da indução matemática podem
ser usados para demonstrar proposições, vamos demonstrar a já familiar:
n(n + 1)
∀n ∈ N, 1 + 2 + 3 + . . . + n = .
2
(x − 1)x
1 + 2 + 3 + . . . + (x − 1) + x = +x
2
x−1
= x +1
2
x(x + 1)
= ,
2
ou p(x) é verdadeiro, uma contradição, pois x ∈ S significa que p(x) é falso. Portanto, S deve
ser vazio, o que completa a demonstração.
Os passos envolvidos na demonstração acima são muito similares àqueles na demonstração
onde usamos o princípio da indução matemática e de fato o princípio da indução matemática
parece ser a escolha mais natural para este teorema. Para
√ uma situação onde o princípio da
boa ordenação é mais natural vamos demonstrar que 2 é um número irracional:
√
Teorema 3.4. 2 é irracional.
√
Demonstração: Vamos proceder indiretamente. Suponha
√ que 2 seja racional, isto é, su-
ponha
√ que existem números naturais r, s tai que 2 = r/s. Então S = {k √ ∈ N : k =
n 2 para algum n ∈ N} é um conjunto de números naturais (em particular, s 2 = r en-
tão r ∈ S). Pelo princípio
√ da boa√ordenação, S tem um elemento mínimo, digamos x. Seja
y ∈ N√tal que x = y 2. Agora y( √ 2 − 1)
√ = x − y é um número natural menor que y (pois
0 < 2 − 1 < 1) assim z = y( 2 − 1) 2 é menor que x. Mas z = 2y − x logo z ∈ N e
z ∈ S. Portanto temos uma contradição, pois encontramos um elemento de S menor que que
109
√
x. Consequentemente, S deve ser vazio e assim 2 é irracional.
Agora mostraremos um outro exemplo do uso do princípio da boa ordenação para de-
monstrar um resultado familiar:
S = {a − bk : k ∈ Z, a − bk ≥ 0}.
a − b(q + 1) = r − b ≥ 0,
logo r − b é um elemento de S. Mas r > r − b, uma contradição, assim devemos ter r < b.
A razão para que o princípio da indução completa foi mais útil aqui do que o princípio
da indução matemática foi que a fatoração de k + 1 não nos levou a k, mas a alguns outros
números menores e usando o princípio da indução matemática não teríamos tido como parte
de nossas hipóteses que esses números fossem elementos de S.
110
Excercícios 3.3
2. Mostre que Z não tem o princípio da boa ordenação válido, isto é, de um exemplo de um
subconjunto não vazio de Z que não tenha um elemento mínimo.
√
3. Use o princípio da boa ordenação para mostrar que 3 é irracional. Tente a mesma
técnica usada na demonstração do√ teorema 3.4. Mostre onde esta técnica falharia se ela
fosse utilizada para mostrar que 4 é irracional.
√
4. Use o princípio da boa ordenação para mostrar que 17 é irracional.
i=1
i) Suponha que definimos Sn = F12 + F22 + . . . + Fn2 . Encontre uma fórmula fechada para
Sn e demonstre que seu resultados está correto.
10. Extenda o algoritmo da divisão (teorema 3.5) para incluir o caso quando a ≤ 0. Também
mostre que q e r são únicos.
11. Defina a sequência (an ) por a1 = a2 = 1, e para n ≥ 3, an = 4an−1 + 5an−2 . Mostre que
para n ≥ 3, an = 15 5 + 23 (−1)n+1 .
1 n
Exercícios 1.2
1. Determine os valores verdade das seguintes proposições
a) 3 ≤ 7 e 4 é um inteiro ímpar.
Resposta: F
b) 3 ≤ 7 ou 4 é um inteiro ímpar.
c) 2 + 1 = 3 mas 4 < 4.
Resposta: F (lembre que “mas” tem significado lógico de “e”)
d) 5 é ímpar ou divisível por 4.
Resposta: V
e) Não é verdade que 2 + 2 = 5 e 5 > 7.
f) Não é verdade que 2 + 2 = 5 ou 5 > 7.
Resposta: V
g) 3 ≥ 3.
Resposta: V
a) ¬ p ∨ q.
113
114
b) ¬ p ∧ q.
c) (¬ p ∨ q) ∧ r.
d) ¬ (p ∧ q).
Resposta:
p q ¬ p ∧ q
V V F V V V
V F V V F F
F V V F F V
F F V F F F
e) ¬ p ∧ ¬ q.
f) ¬ p ∨ ¬ q.
Resposta:
p q ¬ p ∨ ¬ q
V V F V V F V
V F F V V V F
F V V F V F V
F F V F V V F
g) p ∨ ¬ p.
h) ¬ (¬ p).
a) 3 − 4 < 7. Resposta: 3 − 4 ≥ 7.
b) 3 + 1 = 5 e 2 ≤ 4.
c) 8 é divisível por 3 mas 4 não é.
p q p?q
V V F
V F F
F V V
F F F
115
p q q?p
V V F
V F V
F V F
F F F
p q p?p ? q
V V F V V
V F F F F
F V F V V
F F F F F
6. Vamos denotar o “ou exclusivo” às vezes utilizado nas conversas do dia a dia por ⊕.
Portanto, p ⊕ q será verdade exatamente quando uma condição de p, q é verdade e falso
caso contrário.
p q p⊕q
V V F
V F V
F V V
F F F
p p p⊕p
V V F
F F F
p q (p ⊕ q) ⊕ q
V V V F V V V
V F V V F V F
F V F V V F V
F F F F F F F
116
c) Mostre que “e/ou” realmente significa “e ou ou”, isto é, a tabela verdade para (p ∧ q) ⊕
(p ⊕ q) é a mesma tabela verdade que (p ∨ q).
Resposta:
p q p∨q (p ∧ q) ⊕ (p ⊕ q)
V V V V V F
V F V F V V
F V V F V V
F F F F F F
d) Mostre que não faz diferença se tomamos o “ou” em “e/ou” como sendo inclusivo (∨)
ou exclusivo (⊕).
Resposta:
p q (p ∧ q) ⊕ (p ⊕ q) (p ∧ q) ∨ (p ∨ q)
V V V V F V V V
V F F V V F V V
F V F V V F V V
F F F F F F F F
Exercícios 1.3
a) p ∧ ¬q.
b) p → q.
c) ¬(¬p ∨ q).
d) q → ¬p.
e) ¬p ∨ q.
f) ¬(p → q).
g) p → ¬q.
h) ¬p → ¬q. Resposta: a), c) e f) são logicamente equivalentes, b) e e) são lógi-
camente equivalente, d) e g) são logicamente equivalentes e h) não é lógi-
camente equivalente a nenhum outro.
a) p ∧ (q ∨ r); (p ∧ q) ∨ (p ∧ r) .
117
b) p ∨ (q ∧ r); (p ∨ q) ∧ (p ∨ r).
c) p ↔ q; (p → q) ∧ (q → p).
d) p → q; ¬q → ¬p.
4. Determine:
a) A contrapositiva de ¬p → q.
Resposta: ¬q → p.
b) A recíproca de ¬q → p.
Resposta: p → ¬q.
c) O inverso do contrário de q → ¬p.
d) A negação de p → ¬q.
Resposta: ¬(p → ¬q).
e) A recíproca de ¬p ∧ q.
a) Se 2 + 1 = 4 então 3 + 2 = 5. Resposta: V
b) Vermelho é branco se, e somente se, verde é azul. Resposta: V
c) 2 + 1 = 3 e 3 + 1 = 5 implicam que 4 é ímpar. Resposta: V
d) Se 4 é ímpar então 5 é ímpar. Resposta: V
e) Se 4 é ímpar então 5 é par. Resposta: V
f) Se 5 é ímpar então 4 é ímpar. Resposta: F
7. Traduza em símbolos:
a) p sempre que q.
b) p a menos que q.
a) p → q. Resposta: F
b) q → p. Resposta: V
c) p → (q ∨ r). Resposta: V
d) p ↔ q. Resposta: F
e) p ↔ r. Resposta: V
f) (p ∨ q) → p. Resposta: V
g) (p ∧ q) → q. Resposta: V
10. Note que temos cinco “conectivos” lógicos: ∧, ∨, →, ↔ e ¬, cada qual corresponde a uma
construção da linguagem comum. Do ponto de vista lógico isto é de alguma forma um
deperdício, desde que podemos expressar todos estes em termos de, apenas, ¬ e ∧. Ainda
mais, se definirmos p|q para ser falsa quando ambos p e q são verdadeiros, e verdadeiro
caso contrário, podemos expressar todas as cinco formas em termos deste único conectivo
(| é conhecido como Conectivo de Sheffer ou Conectivo Nou). Verifique parcialmente que
os argumentos dados acima por
p q p|q
V V F
V F V
F V V
F F V
119
p p|p ¬p
V F F
F V V
p q (p | q) | (q | p) p∧q
V V V F V V V F V V
V F V V F F F V V F
F V F V V F V V F F
F F F V F F F V F F
Exercícios 1.4
1. Verifique que 7 a), 9 b), 13 e 14 da lista acima são tautologias.
Resposta: 7 a) da lista
Resposta: 9 b) da lista
p (p ∧ c) ↔ c
V F V F
F F V F
120
Resposta: 13 da lista
p q p→q ↔ (¬q → ¬p )
V V V V F V F
V F F V V F F
F V V V F V V
F F V V V V V
Resposta: 14 da lista
p q p→q ↔ (p ∧ ¬q → c)
V V V V V F F V F
V F F V V V V F F
F V V V F F F V F
F F V V F F V V F
2. Determine quais das seguintes proposições têm alguma forma presente na lista de tauto-
logias (por exemplo, (¬q ∧ p) → ¬q tem a forma 18 da lista) e nestes casos, indique qual
forma:
p q p∧q → p
V V V V V
V F F V V
F V F V F
F F F V F
p q r [(p ∨ q → r] → (p → r)
V V V V V V V V
V V F V F F V F
V F V V V V V V
V F F V F F V F
F V V V V V V V
F V F V F F V V
F F V F V V V V
F F F F V F V V
p q [p ∨ (p ∧ q)] ↔ p
V V V V V V V
V F V V F V V
F V F F F V F
F F F F F V F
p q (p ∧ ¬q) → (q ∨ ¬p)
V V V F F V V V F
V F V V V F F F F
F V F F F V V V V
F F F F V V F V V
p ¬p → p
V F V V
F V F F
c) ¬p ↔ p. Resposta: Contradição
122
p ¬p ↔ p
V F F V
F V F F
p (p ∧ ¬p ) → p
V V F F V V
F F F V V F
p q (p ∧ ¬p ) → q
V V V F F V V
V F V F F V F
F V F F V V V
F F F F V V F
p q (p ∧ ¬q ) ↔ (p → q)
V V V F F F V
V F V V V F F
F V F F F F V
F F F F V F V
p q r [(p → q) ↔ r] ↔ [p → (q ↔ r)]
V V V V V V V V V V
V V F V F F V V F F
V F V F F V V V F F
V F F F V F V V V V
F V V V V V V F V V
F V F V F F F F V F
F F V V V V V F V F
F F F V F F F F V V
p q (p ↔ q) → (p → q)
V V V V V
V F F V F
F V F V V
F F V V V
p q (p → q) → (p ↔ q)
V V V V V
V F F V F
F V V F F
F F V V V
p q (p → q) → q
V V V V V
V F F V F
F V V V V
F F V F F
p q r [(p → q) → r] ↔ [p → (q → r)]
V V V V V V V V V V
V V F V F F V V F F
V F V F V V V V V V
V F F F V F V V V V
F V V V V V V F V V
F V F V F F F F V F
F F V V V V V F V V
F F F V F F F F V V
p q r [(p ↔ q) ↔ r] ↔ [p ↔ (q ↔ r)]
V V V V V V V V V V
V V F V F F V V F F
V F V F F V V V F F
V F F F V F V V V V
F V V F F V V F F V
F V F F V F V F V F
F F V V V V V F V F
F F F V F F V F F V
10. Quais das seguintes são consequências lógicas do conjunto de proposições p ∨ q, r → ¬q,
¬p?
a) q.
b) r.
c) ¬p ∨ s.
d) ¬r.
e) ¬(¬q ∧ r).
f) q → r.
Exercícios 1.5
p→q
a) ¬p ∨ q
q → p.
Resposta: Inválido,
p q (p → q) ∧ (¬p ∨ q) → (q → p)
V V V V V V V
V F F F F V V
F V V V V F F
F F V V V V V
125
p∨q
r→q
b)
q
¬r.
Resposta: Inválido, pode-se mostrar usando a tabela verdade ou observar
que quando p é V, q é V e r é V ou seja, as hipótese são verdadeiras mas a
conclusão é falsa.
p ∨ ¬q
c) ¬p
¬q.
Resposta: Válido,
p q (p ∨ ¬q) ∧ ¬p → ¬q
V V V F F V F
V F V F F V V
F V F F V V F
F F V V V V V
2. Dê exemplos nos ítens a seguir sempre que possível. Se não for possível, diga porque:
a) Um argumento inválido com conclusão falsa.
b) Um argumento válido com uma conclusão verdadeira.
c) Um argumento inválido com uma conclusão verdadeira.
d) Um argumento válido com uma conclusão falsa.
e) Um argumento válido com hipóteses verdeiras e uma conclusão falsa. Resposta: Não há
tal exemplo porque se um argumento é válido e as hipóteses são verdadeiras
então a conclusão deve necessariamente ser verdadeira.
f) Um argumento inválido com hipóteses verdeiras e uma conclusão falsa.
g) Um argumento válido com hipóteses falsas e uma conclusão verdadeira. Resposta:
2+2=5
2 + 2 = 5 implica 1 < 3
1 < 3.
3. Determine a validade dos seguintes argumentos usando o princípios de demonstração ou
mostre por contra exemplo que é inválido:
¬p ∨ q
a) p
q.
Resposta:
Proposição Razão
1. ¬p ∨ q hipótese
2. p → q consequência lógica de 1.
3. p hipótese.
4. ¬p consequência lógica de 2. e 3.
126
p→q
b) r → ¬q
p → ¬r.
Resposta:
Proposição Razão
1. r → ¬q hipótese
2. q → ¬r consequência lógica de 1. (contrapositiva)
3. p → q hipótese.
4. p → ¬r consequência lógica de 3. e 2.
¬p ∨ q
c) ¬r → ¬q
p → ¬r.
q ∨ ¬p
d) ¬q
p.
¬p
e)
p → q.
Resposta:
Proposição Razão
1. ¬(p → q) hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. p ∧ ¬q consequência lógica de 1.
3. p consequência lógica de 2.
4. ¬p hipótese
5. p ∧ ¬p consequência lógica de 3. e 4. (contradição)
6. p → q consequência lógica de 5. (prova indireta)
(p ∧ q) → (r ∧ s)
f) ¬r
¬p ∨ ¬q.
Resposta:
127
Proposição Razão
1. ¬(¬p ∨ ¬q) hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. p ∧ q consequência lógica de 1.
3. (p ∧ q) → (r ∧ s) hipótese
4. r ∧ s consequência lógica de 2. e 3.
5. r consequência lógica de 4.
6. ¬r hipótese
7. r ∧ ¬r consequência lógica de 5. e 6. (contradição)
8. ¬p ∨ ¬q consequência lógica de 7. (prova indireta)
p→q
¬q → ¬r
g) s → (p ∨ r)
s
q.
Resposta:
Proposição Razão
1. ¬q → ¬r hipótese
2. r → q consequência lógica de 1.
3. p → q hipótese
4. (p ∨ r) → q consequência lógica de 2. e 3.
5. s hipótese
6. s → (p ∨ r) hipótese
7. (p ∨ r) consequência lógica de 5. e 6.
8. q consequência lógica de 4. e 7.
p∨q
q → ¬r
h)
¬r → ¬p
¬(p ∧ q).
Resposta:
Proposição Razão
1. p ∧ q hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. ¬(p → ¬q) consequência lógica de 1.
3. q → ¬r hipótese
4. r → ¬q consequência lógica de 3.
5. ¬r → ¬p hipótese
6. p → r consequência lógica de 5.
7. p → ¬q consequência lógica de 6. e 4.
8. (p → ¬q) ∧ ¬(p → ¬q) consequência lógica de 7. e 2. (contradição)
9. ¬(p ∧ q) consequência lógica de 8. (prova indireta)
Note que a hipótese p ∨ q não foi utilizada.
128
p→q
¬r → ¬q
i)
r → ¬p
¬p.
Resposta:
Proposição Razão
1. p hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. ¬r → ¬q hipótese
3. q → r consequência lógica de 2.
4. p → q hipótese
5. p → r consequência lógica de 4. e 3.
6. r → ¬p hipótese
7. p → ¬p consequência lógica de 5. e 6.
8. ¬p consequência lógica de 1. e 7.
9. p ∧ ¬p consequência lógica de 1. e 8. (contradição)
10. ¬p consequência lógica de 9. (prova indireta)
p → ¬p
j)
¬p.
Resposta:
Proposição Razão
1. p hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. p → ¬p hipótese
3. ¬p consequência lógica de 1. e 2.
4. p ∧ ¬p consequência lógica de 1. e 3. (contradição)
5. ¬p consequência lógica de 4. (prova indireta)
p∨q
p→r
k)
¬r
q.
Resposta:
Proposição Razão
1. ¬r hipótese
2. p → r hipótese
3. ¬r → ¬p consequência lógica de 2.
4. ¬p consequência lógica de 1. e 3.
5. p ∨ q hipótese
6. q consequência lógica de 4. e 5.
129
p
q → ¬p
l) ¬q → (r ∨ ¬s)
¬r
¬s.
Resposta:
Proposição Razão
1. q → ¬p hipótese
2. p → ¬q consequência lógica de 1.
3. ¬q → (r ∨ ¬s) hipótese
4. p → r ∨ ¬s consequência lógica de 2. e 3.
5. p hipótese
6. r ∨ ¬s consequência lógica de 4. e 5.
7. ¬r hipótese
8. ¬s consequência lógica de 6. e 7.
p → (q ∨ s)
m) q→r
p → (r ∨ s).
Resposta:
Proposição Razão
1. p → (q ∨ s) hipótese
2. ¬q ∧ ¬s → ¬p consequência lógica de 1.
3. (¬q → (¬s → ¬p)) consequência lógica de 2.
4. q → r hipótese
5. ¬r → ¬q consequência lógica de 4.
6. (¬r → (¬s → ¬p)) consequência lógica de 5. e 3.
7. ¬r ∧ ¬s → ¬p consequência lógica de 6.
8. p → (r ∨ s) consequência lógica de 7.
p → ¬q
q→p
n)
r→p
¬q.
Resposta:
Proposição Razão
1. q hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. q → p hipótese
3. p → ¬q hipótese
4. q → ¬q consequência lógica de 2. e 3.
5. ¬q consequência lógica de 1. e 4.
6. q ∧ ¬q consequência lógica de 1. e 5. (contradição)
7. ¬q consequência lógica de 6. (prova indireta)
130
Proposição Razão
1. ¬(q ∧ ¬r) hipótese (negação da conclusão na prova indireta)
2. ¬q ∨ r consequência lógica de 1.
3. p → q hipótese
4. ¬q → ¬p consequência lógica de 3.
5. r → s hipótese
6. (¬q ∨ r) → (¬p ∨ s) consequência lógica de 4. e 5.
7. ¬p ∨ s consequência lógica de 2. e 6.
8. p → s consequência lógica de 7.
9. ¬(p → s) hipótese
10. (p → s) ∧ ¬(p → s) consequência lógica de 8. e 9. (contradição)
11. q ∧ ¬r consequência lógica de 10. (prova indireta)
Exercícios 1.6
3. Sejam D o conjunto dos números naturais (isto é, D = {1, 2, 3, 4, 5, . . .}), p(x) “x é par”,
q(x) “x é divisível por 3” e r(x) “x é divísivel por 4.” Para cada uma das proposições abaixo,
expresse em Português, determine seu valor verdade e dê uma negação em Português.
a) ∀x em D, p(x).
b) ∀x em D, p(x) ∨ q(x).
c) ∀x em D, p(x) → q(x). Resposta: Cada número natural par é divisível por 3;
falso; existe um número natural par que não é divisível por 3.
d) ∀x em D, p(x) ∨ r(x).
e) ∀x em D, p(x) ∧ q(x).
f) ∃x em D 3 r(x).
g) ∃x em D 3 p(x) ∧ q(x).
h) ∃x em D 3 p(x) → q(x).
132
4. Para cada uma das proposições do exercício acima (se possível) dê um exemplo de um
domínio D0 tal que as proposições tenham o valor verdade oposto daquele que tinha em
D, o conjunto dos números naturais.
Resposta c): Se D0 é o conjunto dos números naturais divisíveis por 3 então esta
proposição será verdade.
Exercícios 1.7
a) ∀x em D, ∃y em D 3 p(x, y).
b) ∃x em D 3 ∀y em D, p(x, y).
c) ∀x em D, ∀y em, p(x, y). Resposta: Para cada número natural x e cada número
natural y, x + 2 > y. Falsa.
d) ∃x em D 3 ∃y em D 3 p(x, y).
e) ∀y em D, ∃x em D 3 p(x, y).
f) ∃y em D 3 ∀x em D, p(x, y).
4. Sejam D = {1, 2}, p(x) “x é par” e q(x) “x é ímpar.” Escreva em detalhes as seguintes
quantificações como conjunções e disjunções das interpretações (como feito no começo
desta seção):
a) ∀x em D, [p(x) ∧ q(x)].
b) [∀x em D, p(x)] ∧ [∀x em D, q(x)].
c) ∀x em D, [p(x) ∨ q(x)]. Resposta: [1 é par ou 1 é ímpar] e [2 é par ou 2 é ímpar.]
d) [∀x em D, p(x)] ∨ [∀x em D, q(x)].
134
e) ∃x em D 3 [p(x) ∧ q(x)].
f) [∃x em D 3 p(x)] ∧ [∃x em D 3 q(x)].
g) ∃x em D 3 [p(x) ∨ q(x)].
h) [∃x em D 3 p(x)] ∨ [∃x em D 3 q(x)].
i) ∃x em D 3 [p(x) → q(x)].
j) [∃x em D 3 p(x)] → [∃x em D 3 q(x)].
5. Dê alguns exemplos para mostrar que as seguintes implicações lógicas não são equivalências
lógicas:
∃x em D 3 [p(x) → q(x)]
e
[∃x em D 3 p(x)] → [∃x em D 3 q(x)].
7. Mostre que a segunda equivalência lógica em cada uma dos pares pode ser obtida da
primeira por negação:
a)
[∃x em S 3 ∃y em T 3 p(x, y)] ⇔ [∃y em T 3 ∃x em S 3 p(x, y)]
e
[∀x em S, ∀y em T, p(x, y)] ⇔ [∀y em T, ∀x em S, p(x, y)]
b)
{[∀x em D, p(x)] ∧ [∀x em D, q(x)]} ⇔ ∀x em D, [p(x) ∧ q(x)]
e
∃x em D 3 [p(x) ∨ q(x)] ⇔ {[∃x em D 3 p(x)] ∨ [∃x em D 3 q(x)]}.
8. Considere as seguinte proposicão: “Para toda galinha na gaiola e para toda cadeira na
cozinha existe uma frigideira no armário tal que se o ovo da galinha está na frigideira
então a galinha está a menos de dois metros da cadeira.”
Exercícios 1.8
2. Determine quais das seguintes “demonstrações” são corretas e quais são incorretas. Se
a demonstração está correta, indique o tipo e se a demonstração está incorreta, indique
porque a demonstração é incorreta.
a) “Demonstração 1”: Suponha que x e y são ambos inteiros ímpares. Então existem
inteiros j, k tais que x = 2j + 1 e y = 2k + 1. Assim,
x − y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k)
que é par.
Resposta: Incorreta. A hipótese está incorreta, apesar de a conclusão estar
correta.
136
b) “Demonstração 2”: Suponha que x − y seja par e x ímpar. Então existem inteiros j, k
tais que x − y = 2j e x = 2k + 1. Assim,
x = x − y + y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k) + 1
y = x − (x − y) = 2j − 2k = 2(j − k)
x − y = 2j − 2k = 2(j − k)
portanto x − y é par. Mas isto contradiz nossa premissa que x − y é ímpar, logo a
demonstração está completa.
Resposta: Correta. Demonstração indireta.
f) “Demonstração 6”: Suponha que x − y seja ímpar, digamos x − y = 2j + 1 para algum
inteiro j. Se x é ímpar o teorema estará demonstrado. Portanto, assuma que x seja
par, digamos x = 2k para algum inteiro k. Então,
x − y = 2j − 2k = 2(j − k)
portanto, x − y é par.
h) “Demonstração 8”: Suponha que x − y seja par. Então se x for ímpar, o teorema
estará demonstrado. Logo, suponha que x seja par. Então existem inteiros j, k tais que
137
x − y = 2j e x = 2k. Assim,
y = x − (x − y) = 2k − 2j = 2(k − j)
y = x − (x − y) = 2k + 1 − (2j + 1) = 2(k − j)
x − y = 2j + 1 − (2k + 1) = 2(j − k)
x + y = 2k + 2j + 1 = 2(k + j) + 1
e portanto x + y é ímpar.
Contrapositiva: Suponha que x + y seja par. Então existe um inteiro k tal
que x + y = 2k. Se x for ímpar então a demonstração estará completa. Su-
ponha que x seja par, digamos x = 2j para algum inteiro j. Então,
y = 2k − 2j = 2(k − j)
x = x + y − y = 2j + 1 − 2k = 2(j − k) + 1
3x = 3(2k + 1) = 6k + 3 = 6k + 2 + 1 = 2(3k + 1) + 1
é ípar.
y + z = (x = y + z) − x = 2k = 1 − (2j + 1) = 2(k − j)
é par. Mas se a soma de dois inteiros é par, então ou ambos são pares ou
ambos sáo ímpares.
5. Pareceria que poderia existir uma quarta forma de demonstração, uma demonstração
indireta da contrapositiva de um teorema. Explique porque este fato não foi mencionado
na discussão acima.
Exercícios 2.1
139
1. Sejam
U = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8},
A = {1, 2, 3, 4},
B = {x : (x − 2)2 (x − 3) = 0},
C = {x : x é ímpar}.
Encontre:
a) A ∪ B. Resposta: A
b) A ∩ (B ∪ C). Resposta: {1, 2, 3}
c) C − A. Resposta: {5, 7}
d) C ∪ AC . Resposta: {1, 3, 5, 6, 7, 8}
e) (A ∪ C)C . Resposta: {6, 8}
f) AC ∩ C C . Resposta: {6, 8}
g) P(B). Resposta: {∅, {2}, {3}, B}
Encontre:
4. Mostre que dois conjuntos vazios, mencionados na discussão de conjuntos vazios, são iguais.
a) A ∪ ∅ = A.
Resposta: Primeiro mostremos que A ∪ ∅ ⊆ A. Seja x ∈ A ∪ ∅. Então x ∈ A ou
x ∈ ∅. Mas x ∈/ ∅, logo x ∈ A, assim A ∪ ∅ ⊆ A. Agora, suponha que x ∈ A.
Então x ∈ A ou x ∈ ∅ portanto x ∈ A ∪ ∅. Portanto, A ∪ ∅ = A.
b) A ∩ ∅ = ∅.
c) A − ∅ = A.
d) A ∪ U = U.
e) A ∩ U = A.
f) A ∪ AC = U.
g) A ∩ AC = ∅.
h) A − A = ∅.
i) A − B ⊆ A.
Resposta: Seja x ∈ A − B, logo x ∈ A e x ∈
/ B. Assim, x ∈ A e portanto A − B ⊆ A.
j) A ∩ B ⊆ A.
k) A ∪ B ⊇ A.
l) A ∩ B ⊆ A ∪ B.
Resposta: Seja x ∈ A ∩ B, então x ∈ A e x ∈ B. Logo, x ∈ A ou x ∈ B que im-
plica que A ∩ B ⊆ A ∪ B.
m) (AC )C = A.
Resposta: Seja x ∈ (AC )C , portanto x ∈
/ AC . Mas, x ∈
/ AC implica que x ∈ A e
assim, (A ) ⊆ A. Agora, seja x ∈ A, portanto x ∈
C C / AC e assim, x ∈ (AC )C .
Logo, A ⊆ (AC )C .
n) (A ∪ B)C = AC ∩ B C .
o) (A ∩ B)C = AC ∪ B C .
Resposta: Seja x ∈ (A ∩ B)C , assim x ∈
/ A ∩ B ou seja, x ∈
/ A ou x ∈
/ B, portanto
x ∈ A ou x ∈ B . Logo, x ∈ A ∪ B . Por outro lado, seja x ∈ AC ∪ BC ,
C C C C
a) A ⊆ ∅ ↔ A = ∅.
b) A ⊂ B ∧ B ⊂ C → A ⊂ C.
c) A ⊆ B ↔ A ∪ B = B.
Resposta: Primeiro mostremos que A ⊆ B → A ∪ B = B. Seja x ∈ B. Então
x ∈ A ou x ∈ B assim x ∈ A ∪ B. Agora, seja x ∈ A ∪ B. Portanto, x ∈ A ou
x ∈ B. Se x ∈ B o teorema estará pronto, portanto, suponha x ∈ A. Como
A ⊆ B temos x ∈ B e assim A ∪ B = B. Agora, mostremos que A ∪ B = B → A ⊆ B.
Seja x ∈ A. Então x ∈ A ∪ B e, portanto, x ∈ B pois A ∪ B = B.
d) A ⊆ B ↔ P(A) ⊆ P(B).
e) A ⊆ B C ↔ A ∩ B = ∅.
Resposta: Nessa demonstração temos uma bicondicional então, para demons-
trar A ⊆ BC ↔ A ∩ B = ∅, temos que demonstrar A ⊆ BC → A ∩ B = ∅
e A ∩ B = ∅ → A ⊆ BC .
Para demonstrar que A ⊆ BC → A ∩ B = ∅, a hipótese é A ⊆ BC e a con-
clusão é A ∩ B = ∅. Para mostrar que um determinado conjunto é vazio,
assumimos que este conjunto tem um elemento x e usando a hipótese che-
gamos a uma contradição. De fato, seja x ∈ A ∩ B, portanto x ∈ A e x ∈ B.
A hipótese diz que A ⊆ BC , portanto x ∈ BC , logo x ∈
/ B, contradição. Por-
tanto, A ∩ B = ∅.
Para demostrar que A ∩ B = ∅ → A ⊆ BC , a hipótese é A ∩ B = ∅ e a con-
clusão é A ⊆ BC . Assim, seja x ∈ A como, por hipótese, A ∩ B = ∅, então
x∈/ B e assim x ∈ BC . Portanto, A ⊆ BC .
f) (A ∪ B = C ∧ A ∩ B = ∅) → B = C − A.
Resposta: A hipótese desta demonstração é A ∪ B = C e A ∩ B = ∅. Quere-
mos demonstrar que B = C\A. Para isso, devemos mostrar duas inclusões
B ⊆ C\A e C\A ⊆ B. Para mostrar a primeira inclusão, suponha que x ∈ B,
logo x ∈ A ∪ B. Como A ∪ B = C, então x ∈ C. Novamente, como x ∈ B e,
142
7. Acredite se quiser:
Conjectura: Seja A e B conjuntos tais que A ⊆ B. Então A − B = ∅.
“Demonstração”: Suponha que A e B sejam conjuntos com A ⊆ B. Seja x ∈ A − B.
Então x ∈ B e x ∈
/ A. Mas A ⊆ B assim x ∈
/ A implica x ∈
/ B, uma contradição. Logo,
A − B = ∅.
“contra-exemplo”: Seja A = {1, 2, 3}, B = {2, 3}. Então A ⊆ B mas A − B 6= ∅.
Resposta: Dica: A conjectura é verdadeira.
8. Acredite se quiser:
Conjectura: Sejam A, B, C, D conjuntos com A ⊂ C e B ⊂ D. Então A ∪ B ⊂ C ∪ D.
“Demonstração”: Suponha A, B, C, D sejam conjuntos tais que A ⊂ C e B ⊂ D. Seja
x ∈ A∪B. Então x ∈ A ou x ∈ B. Suponha que x ∈ A. Então, como A ⊂ C, x ∈ C. Assim,
x ∈ C ∪ D. Se x ∈ B, também obtemos x ∈ C ∪ D, pois B ⊂ D. Portanto, A ∪ B ⊂ C ∪ D.
“contra-exemplo”: Sejam A = {1}, B = {2} e C = D = {1, 2}. Então A ⊂ B, C ⊂ D
mas A ∪ B 6⊂ C ∪ D.
Resposta: Dica: A conjectura é falsa.
10. Sejam A, B e C conjuntos. Mostre usando alguns resultados dos exercícios 5 e 6 ao invés
do nosso método usual de ir ao princípio com as definições:
a) A ⊆ B → A ∩ B C = ∅.
6j 5o 5m
Resposta: A ⊆ B −→ AC ∪ B = U −−→ (A ∩ BC )C = U −−→ A ∩ BC = ∅.
5m
b) A ∪ (A ∩ B) = A.
5j 5k
Resposta: A ∪ (A ∩ B) ⊆ A ∪ A = A e A ⊆ A ∪ (A ∩ B).
c) A ∩ (AC ∪ B) = A ∩ B.
5t 5g 5a
Resposta: A ∩ (AC ∪ B) = (A ∩ AC ) ∪ (A ∩ B) = ∅ ∪ (A ∩ B) = A ∩ B.
d) A ∩ C = ∅ → A ∩ (B ∪ C) = A ∩ B.
5t hip. 5a
Resposta: A ∩ (B ∪ C) = (A ∩ B) ∪ (A ∩ C) = (A ∩ B) ∪ ∅ = A ∩ B.
e) A ⊆ B → A = B − (B − A).
Teo Teo 5o 5t
Resposta: B − (B − A) = B − (B ∩ AC ) = B ∩ (B ∩ AC )C = B ∩ (BC ∪ A) =
5g 5a Hip
(B ∩ BC ) ∪ (B ∩ A) = ∅ ∪ (A ∩ B) = A ∩ B = A.
11. Suponha que qualquer coleção se objetos pudesse ser um conjunto. Então poderíamos ter
o “conjunto de todos os conjuntos.” Considere o subconjunto S do conjunto de todos os
conjuntos dados por
S = {A : A ∈
/ A}.
Assim S é o conjunto de todos os conjuntos que não são elementos de si mesmos.
14. Sejam A e B conjuntos de proposições. Dizemos que A é mais forte que B, denotado por
A =⇒ B,
e se somente se,
∀p ∈ B, ∃q1 , q2 , . . . , qn ∈ A 3 (q1 ∧ q2 ∧ . . . ∧ qn ) ⇒ p.
Assim, se A é mais forte que B, então toda proposição pertencente a B é uma consequência
lógica de uma conjunção de proposições pertencentes a A. Por exemplo, se
A = {p ∨ q, ¬q, r → q},
B = {p, ¬r, ¬q, s ∨ ¬q},
C = {p ∨ q, q},
Exercícios 2.2
2. Encontre o conjunto verdade para a função proposicional “x2 − x − 2 ≤ 0.” Tome R como
domínio.
Resposta: [−1, 2].
4. Acredite se quiser:
Conjectura: Sejam A, B conjuntos com B ⊆ A e p uma função proposicional. Então
∀x ∈ A, p(x) implica ∀x ∈ B, p(x). Resposta: Verdadeira.
“Demonstração”: Suponha que A, B sejam conjuntos como acima e que a implicação
seja falsa. Então existe um z ∈ B tal que p(z) seja falsa. Como B ⊆ A, z ∈ A. Mas isto
significa ∀x ∈ A, p(x) é falso, uma contradição. Resposta: Verdadeira. A demonstração
é indireta, (p → q) ⇐⇒ ¬(p → q) → contradição.
“contra-exemplo”: Sejam p(x) “x < 2,” A = {1, 2, 3} e B = ∅. Então B ⊆ A, ∀x ∈
A, p(x) é falso e ∀x ∈ B, p(x) é verdadeiro. Resposta: Falsa. Para um contra-exemplo
ser válido, devemos encontrar um hipótese correta com uma conclusão falsa.
Não é o caso aqui.
Exercícios 2.3
a) Liste os elementos de A × B, B × A, e A × C.
b) Dê exemplos de relações de A em B e de B em A, cada uma dos quais tem quatro
elementos.
c) Dê exemplo de uma relação simétrica em C que tenha três elementos.
2. Suponha A = {1, 2, 3}. Para cada uma das relações dadas abaixo, liste os elementos de R,
encontre Dom(R) e Im(R) de diga quais das propriedades da definição 2.9 R tem:
146
a) R é a relação < em A. Resposta: {(1, 2), (1, 3), (2, 3)}, R é transitiva, antissimé-
trica, irreflexiva, completa e assimétrica.
b) R é a relação ≥ em A.
c) R é a relação ⊂ em P(A).
a) A × (B ∪ C) = (A × B) ∪ (A × C).
b) A × (B ∩ C) = (A × B) ∩ (A × C).
c) (A × B) ∩ (AC × B) = ∅.
d) (A ⊆ B ∧ C ⊆ D) → A × C ⊆ B × D. Resposta: Verdade. Seja (x, y) ∈ A × C.
Então x ∈ A e y ∈ C. Mas como A ⊆ B e C ⊆ D temos que x ∈ B e y ∈ D
Assim (x, y) ∈ B × D.
e) A ∪ (B × C) = (A ∪ B) × (A ∪ C).
f) A ∩ (B × C) = (A ∩ B) × (A ∩ C).
g) (A × B) ∩ (C × D) = (A ∩ C) × (B ∩ D).
h) A × (B − C) = A × B − A × C.
4. Suponha que R seja uma relação em um conjunto não vazio A. Dê a forma de demonstração
direta para:
a) R é antissimétrica.
b) R é irreflexiva. Resposta: Seja x ∈ A . . . então (x, x) ∈
/ R.
c) R é assimétrica.
a) Transitiva
b) Irreflexiva
c) Assimétrica
d) Relação de equivalência
a) Exemplo 2 é assimétrico mas não reflexiva. Resposta: R não é reflexiva pois nin-
guém é pai ou mãe de si mesmo. Se xRy então y é pai/mãe de x o que
significa que x não é pai/mãe de y logo temos ¬(xRy) é verdade e portanto
R é assimétrica.
b) Exemplos 4, 12 são relações de equivalência.
c) Exemplo 4, 5, 10 são ordens parciais.
d) Exemplo 3, 11 não são completas.
e) Exemplo 10 é uma ordem total.
a) R é completa → R é reflexiva. Resposta: Falsa. Seja A = {1, 2} e R = {(1, 2), (2, 1)}.
b) R é transitiva e irreflexiva → R é assimétrica.
c) R é reflexiva → R não é assimétrica.
148
14. (Continuação do exercício 13) Suponha que R seja uma relação em A com as propriedades
listadas abaixo. Se B ⊆ A e R|B é considerada como uma relação em A, quais destas
propriedades R|B deve também ter? Prove ou dê contra-exemplos.
a) Simétrica
b) Transitiva
c) Antisimétrica
149
16. Suponha que tivéssemos definido “tripla ordenada” usando pares ordenados como
17. Seja R uma ordem total estrita em um conjunto não vazio A. Mostre que R tem a pro-
priedade da “tricotomia,” isto é,
18. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. O fecho transitivo de R é a menor
relação transitiva contendo R, isto é, se S é o fecho transitivo de R, e T é uma relação
qualquer contendo R, então
R ⊆ S ⊆ T.
Criamos definições similares para os fechos reflexivos e simétricos. Vamos denotar estes
fechos por Rtrans , Rsim e Rref .
a) Se A={1,2,3,4} e R = {(1, 2), (1, 4), (2, 3)}, encontre Rtrans , Rsim e Rref . Resposta:
Rsim = {(1, 2), (1, 4), (2, 3), (2, 1), (4, 1), (3, 2)}.
b) Demonstre ou dê contra-exemplo para as seguintes conjecturas (R, S são relações em
um conjunto não vazio A):
i) (R ∪ S)trans = Rtrans ∪ Rtrans .
ii) (R ∩ S)trans = Rtrans ∩ Rtrans .
iii) (R ∪ S)sim = Rsim ∪ Rsim .
iv) (R ∩ S)sim = Rsim ∩ Rsim .
v) (R ∪ S)ref = Rref ∪ Rref .
vi) (R ∩ S)ref = Rref ∩ Rref .
c) O que pode ser dito sobre os correpondentes conceitow de fechos antissimétrico e assi-
métrico?
19. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. Suponha que R é assimétrica e também
satifaz a condição (às vezes também chamada de transitividade negativa):
20. Seja R uma relação em um conjunto não vazio A. Seja x ∈ A. Definimos uma R-classe de
x, denotada por < x >R , como
a) Seja A = {1, 2, 3, 4} e
R = {(1, 2), (1, 3), (2, 1), (1, 1), (2, 3), (4, 2)}.
Encontre < 1 >R , < 2 >R , < 3 >R e < 4 >R . Resposta: < 2 >R = {1, 4}.
b) Mostre que R é reflexiva se e somente se ∀x ∈ A, x ∈< x >R .
c) Mostre que R é simétrica se e somente se ∀x, y ∈ A, x ∈< y >R → y ∈< x >R .
d) Mostre que ∀x ∈ A, < x >R 6= ∅ se e somente se Im(R) = A.
e) Suponha que Dom(R) = A e que R seja simétrica e transitiva. Mostre que
21. Acredite se quiser: Resposta: Dica, A conjectura é falsa, assim como o contra-
exemplo.
Conjectura: Suponha que A e B sejam conjuntos tais que A × B = B × A. Então A = B.
“Demonstração”: Suponha A×B = B×A. Seja a ∈ A, com b ∈ B tais que (a, b) ∈ A×B.
Como A × B = B × A, (a, b) ∈ B × A. Assim a ∈ B e portanto A ⊆ B. Um argumentos
similar mostra que B ⊆ A.
“contra-exemplo”: Sejam A = {1, 2, 3} e B = ∅. Então A × B = B × A = ∅, mas
A 6= B.
“contra-exemplo”: Sejam A = {1, 2, 3} e R = {(1, 2), (2, 1), (1, 3)}. Então R não é
simétrica nem assimétrica.
Exercícios 2.4
1. Sejam A = {1, 2, 4} e B = {1, 3, 4}. Sejam R = {(1, 3), (1, 4), (4, 4)} uma relação de A em
B, S = {(1, 1), (3, 4), (3, 2)} uma relação de B em A e T = ∅ uma relação de A em B.
Encontre:
w) (R ◦ S) ◦ R.
x) R ◦ (S ◦ R).
a) (R−1 )−1 = R
−1
b) IA − IA
c) R é reflexiva se e somente se IA ⊆ R ⊆ R ◦ R.
d) R é simétrica se e somente se R = R−1 .
Resposta: Suponha que R seja simétrica. Seja (x, y) ∈ R. Então (y, x) ∈ R, logo
(x, y) ∈ R−1 e R ⊆ R−1 . Agora, suponha (x, y) ∈ R−1 . Então (y, x) ∈ R logo
(x, y) ∈ R e R−1 ⊂ R e assim temos que R = R−1 . Para a outra implicação,
suponha que R = R−1 . Seja (x, y) ∈ R. Então (x, y) ∈ R−1 (pois R = R−1 )
portanto (y, x) ∈ R e R é simétrica.
e) R é transitiva se e somente se R−1 é transitiva.
f) R é uma relação de equivalência e se somente se R−1 é uma relação de equivalência.
g) Suponha que Dom(R) = A. R é uma relação de equivalência se e somente se R =
R−1 = R ◦ R.
h) R á assimétrica se e somente se R ∩ R−1 = ∅.
i) R ∪ R−1 = A × A implica que R é completa.
j) R simétrica implica R ◦ R é simétrica.
k) IDom(R) ⊆ R−1 ◦ R.
l) R é uma ordem parcial se e somente se R−1 é uma ordem parcial.
m) R é uma ordem parcial se e somente se R ∩ R−1 = IA e R ◦ R = R.
n) R é uma ordem parcial estrita se e somente se R−1 é uma ordem parcial estrita.
a) Dom(S ◦ R) ⊆ Dom(R).
b) Im(S◦R) ⊆ Im(S). Resposta: Seja y ∈ Im(S ◦ R). Então existe x tal que (x, y) ∈ S ◦ R.
Mas isto significa que que existe z tal que (x, z) ∈ R e (z, y) ∈ S, consequen-
temente, y ∈ Im(S).
c) Im(R) ⊆ Dom(S) implica Dom(S ◦ R) = Dom(R). A recíproca é verdadeira?
7. Seja R a relação < nos inteiros. Mostre que R é uma ordem parcial estrita. Também
mostre que R ∪ IZ (que é ≤) é uma ordem parcial.
8. Seja R uma ordem parcial em um conjunto não vazio A. Mostre que R − IA é uma ordem
parcial estrita em A.
a) R ◦ S = R ◦ T implica S = T .
b) S ◦ R = T ◦ R implica S = T .
A ={a, b, c, d},
R =IA ∪ {(a, b), (b, a), (a, c), (c, a)},
S =IA ∪ {(c, d), (d, c), (a, c), (c, a), (d, a), (a, d)}.
S = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (2, 1), (1, 3), (3, 2)}
não é uma ordem total pois não é transitiva ((1, 3), (3, 2) ∈ S, mas (1, 2) ∈
/ S).
Exercícios 2.5
1. Sejam A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e Π = {{2, 4, 6}, {1, 5}, {3}}. Liste os elementos de A/Π. En-
contre [2]A/Π . Resposta: [2]A/Π = {2, 4, 6}.
Ψ ? Π = {C ∩ D : C ∈ Ψ, D ∈ Π, C ∩ D 6= ∅}.
a) Seja A = {1, 2, 3, 4, 5}, Ψ = {{1, 2, 3}, {4, 5}} e Π = {{1, 2}, {3, 4}, {5}}. Encontre
Ψ ? Π. Resposta: Ψ ? Π = {{1, 2}, {3}, {4}, {5}}.
b) Mostre que se Ψ e Π são partições de um conjunto não vazio A, então Ψ ? Π é uma
partição de A.
c) Mostre que Ψ ? Π é mais fina que Ψ e Π.
A ={1, 2, 3, 4, 5},
Π ={{1, 2}, {3}, {4, 5}},
Ψ ={{1}, {2, 3, 4}, {5}},
Exercícios 2.6
1. Seja A = {1, 2, 3, 4, 5, 6} e seja f : A → A dada por
(
x + 1, se x 6= 6;
f (x) =
1, se x = 6.
A ={1, 2, 3, 4},
B ={1, 2, 3, },
f ={(1, 3), (2, 1), (3, 1), (4, 2)}.
157
Encontre f −1 ◦ f . Resposta: f −1 ◦ f = {(1, 1), (2, 2), (3, 3), (4, 4), (2, 3), (3, 2)}.
b) Sejam A, B conjuntos não vazios e f : A → B. Mostre que f −1 ◦ f é uma relação de
equivalência em A. (Note que f −1 pode ou não ser uma função). Também mostre que
[x]f −1 ◦f = {y : f (x) = f (y)}.
8. Seja f : A → A. Suponha que f também seja uma relação de equivalência. O que podemos
dizer sobre f ? Resposta: Dica - Pense sobre que funções são reflexivas.
a) f ∪ g : A → B.
b) f ∩ g : A → B. Resposta: Dica - Não é verdade.
c) f ∪ g : A → B implica f = g.
d) f ∩ g : A → B implica f = g.
10. Seja f : A → B e g : C → D, com A∩C = ∅. [Para refrescar sua memória sobre restrições,
veja o excercício 13 da seção 2.3].
a) Mostre que f ∪ g : A ∪ C → B ∪ D.
b) Mostre que f ∪ g|A = f e f ∪ g|C = g.
Lembre-se que (mais fino que) é uma relação de ordem parcial em Ψ. Seja
Sabemos que existe uma bijeção entre os elementos de Ψ e <, assim denotemos a relação
de equivalência associada com a partição θ por Rθ . Definimos s relação v em < por
Rφ v Rθ se e somente se φ θ.
Rφ v Rθ se e somente se Rφ ⊆ Rθ .
Então S = {(1, 2), (1, 4)}, que é transitiva mas não irreflexiva.
Exercícios 2.7
Talvez agora os nomes identidade e inverso como usados com funções assumem mais
significado agora, para I é a identidade de ◦ e f −1 é o inverso de f .
6. Seja A um conjunto não vazio. Então ∪, ∩ e − são operações binárias em P(A). O lei-
tor pode quere citar os teoremas demonstrados anteriormente e outros excercıcios para
trabalhar nos seguintes itens:
X • Y = (X − Y ) ∪ (Y − X).
9. Suponha que • seja uma operação binária associativa em A. Seja x um elemento fixo
pertencente a A. Definimos uma outra relação binária •x em A por
a •x b = a • (x • b).
12. Seja f : A → B. Mostre que f pode ser decomposta em uma sobrejeção, uma bijeção e
uma injeção, isto é, existem funções α, β e γ tais que f = γ ◦ β ◦ α onde α é uma sobrejção,
β é uma bijeção e γ é uma injeção. [Dica: veja o teorema 2.21.]
13. Em álgebra com frequência usamos a regra “igual adicionado a igual é igual”, ou mais
precisamente, se a, b, c, d ∈ R com a = b e c = d então a + c = b + d. Prove que esta
afirmação está correta.
f −1 ◦ f = {(∅, ∅), ({1}, {1, 2}), ({1, 2}, {1, 2}), ({2}, {1, 2})},
163
então
[(x, y)]R ? [(m, n)]R = [(w, z)]R ? [(p, q)]R .
e) Podemos tentar definir outra operação binária em [Q]R por
Mostre, por exemplo, que esta “operação binária” não está bem definida, e assim, não
é de fato uma operação binária.
f) Tentamos novamente defifinido
Exercícios 3.2
1
1 + 2 + 3 + . . . + k + (k + 1)
2 2 2 2 2
= k(k + 1)(2k + 1) + (k + 1)2
6
1
= (k + 1) [k(2k + 1) + 6k + 6]
6
1
= (k + 1) 2k2 + k + 6k + 6
6
1
= (k + 1) 2k2 + 7k + 6
6
1
= (k + 1)(k + 2)(2k + 3)
6
1
= (k + 1)[(k + 1) + 1][(2(k + 1) + 1],
6
logo é verdade para k + 1, que completa o passo de indução e assim a de-
monstração por indução.
b) ∀n ∈ N, 13 + 23 + 33 + . . . + n3 = ( 21 n(n + 1))2 .
c) ∀n ∈ N, 1 + 3 + 5 + . . . + (2n − 1) = n2 .
Resposta: Quando n = 1 temos 1 = 12 , que claramente é verdade. Agora su-
ponha que k ∈ N e 1 + 3 + 5 + . . . + (2k − 1) = k2 , então
1 + 3 + 5 + . . . + (2k − 1) + (2k + 1) = k2 + 2k + 1
= (k + 1)2 ,
(k + 1)(k + 2) = k2 + 3k + 2
= (k2 + k) + (2k + 2)
= 2m + 2k + 2
= 2(m + k + 1),
então
1 − ak+1
1 + a + a2 + . . . + ak + ak+1 = + ak+1
1−a
1 − ak+1 + ak+1 − ak+2
=
1−a
1−a k+2
= ,
1−a
logo é verdade para k + 1, que completa o passo de indução e assim a de-
monstração por indução.
s) ∀n ∈ N, (1 · 3 · 5) + (3 · 5 · 7) + . . . + [(2n − 1) · (2n + 1) · (2n + 3)] = n(2n3 + 8n2 + 7n − 2).
t) ∀n ∈ N, 1/(1 · 3) + 1/(2 · 4) + . . . 1/[n · (n + 2)] = (3n2 + 5n)/[4(n + 1)(n + 2)].
u) ∀n ∈ N, (1 − 21 )(1 − 13 ) . . . (1 − n1 ) = n1 .
Resposta: Quando n = 2 temos 1 − 12 = 21 , que claramente é verdade. Agora
suponha que k ∈ N e (1 − 12 )(1 − 31 ) . . . (1 − k1 ) = k1 , então
1 1 1 1 1 1
1− 1− ... 1 − 1− = 1−
2 3 k k+1 k k+1
1 1
= −
k k(k + 1)
(k + 1) − 1
=
k(k + 1)
k
=
k(k + 1)
1
= ,
k+1
logo é verdade para k + 1, que completa o passo de indução e assim a de-
monstração por indução.
v) ∀n ∈ N, (1 − 1
22
)(1 − 1
32
) . . . (1 − 1
n2
) = 12 (1 + n1 ).
2. Mostre que para todos os números naturais n, n ≥ 2, existem inteiros não negativos a e b
tai que n = 2a + 3b.
5. Para n ∈ N, seja an = 1 + 2−1 + 3−1 + . . . + n−1 . Mostre que para cada M ∈ N existe um
n ∈ N tal que an > M .
6. Acredite se quiser:
Conjectura: ∀n ∈ N, n ≥ 783, 3n4 + 15n − 7 é par. Resposta: Falso.
167
Exercícios 3.3
2. Mostre que Z não tem o princípio da boa ordenação válido, isto é, de um exemplo de um
subconjunto não vazio de Z que não tenha um elemento mínimo.
Resposta: Dica - Considere o conjunto S = {n ∈ Z : n < 0}.
√
3. Use o princípio da boa ordenação para mostrar que 3 é irracional. Tente a mesma
técnica usada na demonstração do√ teorema 3.4. Mostre onde esta técnica falharia se ela
fosse utilizada para mostrar que 4 é irracional.
√
4. Use o princípio da boa ordenação para mostrar que 17 é irracional.
i=1
[2] R. Cori, D. Lascar, and D. H. Pelletier. Mathematical Logic : A course with exercises
– Part I – Propositional Calculus, Boolean Algebras, Predicate Calculus, Completeness
Theorems. Oxford University Press, USA, New York, 2000.
[4] R. L. Epstein and L. W. Szczerba. Classical mathematical logic : the semantic founda-
tions of logic. Princeton University Press, Princeton, 2006.
[7] P. E. Johnson. A History of Set Theory. Prindle, Weber & Schimidt, Boston, 1972.
[8] D. C. Kurtz. Foundations of Abstract Mathematics. McGraw-Hill Book Co., Inc., Sin-
gapura, 1992.
[9] E. Landau. Foundations of Analysis: The Arithmetic of Whole, Rational, Irrational, and
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Chelsea Pub. Co, 3rd edition, 1966.
[12] I. Stewart and D. Tall. The Foundations of Mathematics. Oxford University Press, New
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[13] R. R. Stoll. Set Theory and Logic. Dover Publications, New York, 1979.
[14] D. J. Velleman. How to Prove it: A Structured Approach. Cambridge University Press,
New York, 2006.
169
170
Índice Remissivo
Absurdo, 14 Disjunção, 2
Adição, 14 Domínio de uma Função Proposicional, 22
Argumento, 17
Equivalência, 14
Bicondicional, 9 Equivalência Lógica, 6
Classe de Equivaência, 79 Função, 83
Conclusão, 17 Bijetora, 85
Conclusão, 7 Codomínio, 84
Condicional, 7 Identidade, 87
Conectivos, 2 Imagem, 84
“e”, 2 Injetora, 85
“nou”, 12 Monotônica, 90, 158
“ou”, 2 Pré-imagem, 84
Bicondicional, 9 Sobrejetora, 85
de Sheffer, 12 Funcão Proposicional, 22
Conjunção, 2
Conjunto Verdade, 54 Hipótese, 17
Conjuntos
Complemento, 45 Implicação, 14
Complemento Relativo, 44 Implicação Lógica, 13
Conjunto Potência, 46 Implicação, 7
Disjuntos, 44 Contrapositiva, 9
Igualdade, 42 Inversa, 9
Intersecção, 44 Negação, 8
Operações, 44 Recíproca, 9
União, 44 Interpretações, 22
Vazio, 43
Lei
Consequência Lógica, 17
DeMorgan, 6, 14
Contra Exemplo, 21
Exportação, 14
Contradição, 12
Contrapositiva, 14, 35 Modus Ponens, 14
Modus Tollens, 14
Demonstração
Contradição, 20, 36 Negação
Contrapositiva, 36 Dupla, 14
Direta, 35 Negação, 3
Indireta, 20, 36
Diagrama de Venn, 45 Operação Binária, 92
171
172
Quantificação, 22
Quantificador
Existencial, 23
Universal, 23
R-classe, 68
Reductio ad Absurdum, 14, 35
Relação, 59
Antisimétrica, 61
Assimétrica, 61
Associatividade, 73
Completa, 61
Composta, 70
de Equivalência, 61
Domínio, 59