Milton Friedman e a Hipótese da Renda Permanente

Vamos entender a teoria da renda permanente do nosso amigo Milton.

É bem fácil!

"Sei...."

Serio =)

Vamos a teoria.

O consumo não deve depender exclusivamente da renda atual. A hipótese da renda

permanente enfatiza que as pessoas passam por variações aleatórias e temporárias em suas
rendas, de ano para ano.

A renda atual pode ser divida em dois componentes: a renda permanente e a renda transitória.

Y = Renda atual
Yp = Renda Permanente
Yt = Renda Transitória

Y = Yp + Yt

A renda permanente é aquela que você acredita que vai receber sempre.

A renda transitória é aquele dinheiro que veio em boa hora mas que você sabe que mês que
vem não vai vim (ou as chances de vim são bem pequenas).

"Da um exemplo disso ai"

Pense que você é um funcionário público e que tem um salário de 5 mil. Quanto você acha que
gastaria por mês com esse salário?

Essa resposta varia. Uns vão dizer que gastariam os 5 porque hoje em dia isso não rende
muito. Outros talvez gastassem 2...

O fato é, como você sabe que vai receber este salário para o resto da sua vida você se sente
confortável em gastar até os 5 mil por mês. Porque você sabe que no mês seguinte vai receber
5 mil novamente.

Isso seria sua renda permanente. Porque é algo que você espera receber todo o mês.

"e a renda transitória?"

Ok. Vamos supor agora que além dos 5 mil de salário, este mês você resolveu jogar no bicho e
deu macaco e você ganhou!

Pegou seu prêmio de 1 milhão de reais.

"Se eu ganhasse isso eu não estudava mais..."

Você gastaria seu 1 milhão em um único mês? Talvez em um único ano?

Acredito que a grande maioria vai responder que não. (Caso você tenha dito sim, procure um
médico).

Então, você (provavelmente) vai pegar este seu 1 milhão e vai gastar ele ao longo de sua vida.
Um pouquinho a cada ano. Até porque, como mencionei antes, você não espera ganhar 1
milhão novamente no mês seguinte. Você sabe que esta renda foi algo inesperado.
Esse seria um exemplo de renda transitória.

"Ok. Mas tem algo que não entendi. Eu ganhei 1 milhão e você falou que eu iria consumir uma
pequena parte dele a cada ano de minha vida. Esse pequeno montante do meu 1 milhão, que
eu consumiria a cada ano de minha vida, seria renda permanente ou transitória?"

Vamos montar essa história com a equação que coloquei acima para facilitar o entendimento.

Y = Yp + Yt

Mês 1: você tem apenas seu salário. Como é algo que você esperar receber sempre, ele é
considerado renda permanente.

ps: valores em milhares

Y=5+0
Y=5

Mês 2: você ganha no jogo do bicho.

Y = 5 + 1 milhão

Nesse momento (apenas como exemplo) você calcula que se você pode gastar mil reais por
mês do seu prêmio, ele vai durar a sua vida toda.

Mês 3:

Y=6+0

Perceba que a renda transitória que você teve no mês passado, sumiu. Ela agora faz parte de
sua renda permanente.

Segundo Friedman: "O consumo deve depender principalmente da renda permanente, uma vez
que os consumidores utilizam a poupança e empréstimos para manter estável o seu padrão de
consumo, em resposta a variação transitória na renda."

Os consumidores gastam as suas rendas permanentes, mas poupam a maior parte de sua
renda transitória.

"Ja sei tudo!"

Tem mais...

"Serio?"

Sim.

Devemos considerar a função do consumo como aproximadamente:

C = αYp

em que α é uma constante que mede a fração da renda permanente consumida. A hipótese da
renda permanente, expressa por essa equação, enuncia que o consumo é proporcional à renda
permanente.

"Perae. Eu pensei que meu consumo fosse igual a renda permanente, ou seja, 6 no exemplo."

Você pode gastar ATÉ 6 mil por mês (salário mais o prêmio do jogo do bicho). Não significa
que você vai gastar isso. Você poderia ter uma proporção a consumir de 0,5. Nesse caso, seu
consumo séria de:
C = 0,5 x 6 = 3

"E os outros 3?"

Seriam somados a renda permanente e aumentaria seu consumo no futuro. Digamos que no
período seguinte você teria 6 mil e alguns centavos para gastar, ja que você pegou esses 3 mil
e dividiu um pouquinho para cada mês até o resto da sua vida.

"E agora? Acabou?"

Tem mais um último ponto importante a ser mencionado.

Examinemos o que a hipótese de Friedman implica em relação à propensão média a consumir.

Vamos dividir ambos os lados de sua função de consumo por Y, de modo a obter:

C/Y = αYp/Y

Quando a renda atual cresce temporariamente para um valor acima da renda permanente, a
propensão média a consumir temporariamente diminui; quando a renda corrente decresce
temporariamente para um nível inferior à renda permanente, a propensão média a consumir
temporariamente aumenta.

Em outras palavras, as pessoas mantém o seu nível de consumo estabilizado.

Se você ganhou no jogo do bicho, a sua renda transitória aumenta (Yt) o que faz aumentar a
renda atual (Y). Como a renda permanente (Yp) não sofreu alteração, a sua propensão média
a consumir diminui.

Por outro lado, se o seu salário dobra (renda permanente), e você não ganha nenhuma renda
transitória, a sua propensão a consumir aumenta.

De forma resumida:

 se a renda permanente aumentar mais do que a renda transitória = aumento da

propensão média a consumir
 se a renda transitória aumentar mais do que a renda permanente = diminui a
propensão média a consumir
A maior parte das questões cobra esse assunto perguntando se um aumento da renda
transitória aumenta o consumo futuro. Você ja sabe que sim.

Vou dar um exemplo:

Verdadeiro ou Falso:

De acordo com a hipótese da renda permanente, um indivíduo não deveria modificar seu
nível corrente de consumo diante de um aumento temporário da renda esperado para o
período seguinte.

Resolução:

Falso.

Lembra da história do prêmio do jogo do bicho?

O aumento de renda temporário, se previsto, será “diluído” ao longo de todos os períodos que
o indivíduo irá viver (inclusive o período corrente). Portanto, ele usará essa renda extra para
elevar seu consumo em todos os períodos. Esse comportamento é coerente com a conclusão
de suavização do consumo, derivada da teoria da renda permanente.
"E se o aumento não fosse previsto?"

Nesse caso, o seu nível de consumo so seria modificado no período seguinte. Ja que não teria
como a pessoa saber que iria ganhar mais dinheiro.