Вы находитесь на странице: 1из 36

BORGES Y EL CIVILIZADO

ARTE DE LA TRADUCCIÓN:
U N A I N F I D E L I D A D C R E A D O R A Y FELIZ

A mis ex alumnos delPFT*

El error consiste en que


no se tiene en cuenta
que cada idioma es
un modo de sentir el universo
o de percibir el universo

JORGE LUIS BORGES, "El oficio de traducir"

"Las versiones h o m é r i c a s " , ensayo de Jorge Luis Borges inclui-


do en Discusión, empieza con u n a frase l a c ó n i c a y enfática:
" N i n g ú n p r o b l e m a tan consustancial con las letras y con su mo-
desto misterio como el que p r o p o n e una t r a d u c c i ó n " ! . Cuando
escribió esta sentencia ( p o r cierto tan sugestiva que Georges
Steiner d e c i d i ó usarla c o m o u n o de los e p í g r a f e s de su libro
Después deBabeP), Borges llevaba m á s de u n decenio de ejercer
el oficio de traductor. E n efecto, a p a r t i r de 1920 las efímeras
revistas e s p a ñ o l a s d o n d e se d i f u n d i ó el u l t r a í s m o recibieron la
c o n t r i b u c i ó n del j o v e n escritor argentino, q u i e n p u b l i c ó en
ellas tanto sus primeros textos c o m o traducciones de poemas
recientes del inglés, el a l e m á n y el f r a n c é s 3 ; m á s allá de las pro¬
* U n a m u c h o m á s breve v e r s i ó n p r e l i m i n a r de este trabajo, c o n el título
"Borges: t r a d u c c i o n e s y versiones", fue l e í d a d u r a n t e el X X X I I I Congreso
d e l I n s t i t u t o de L i t e r a t u r a I b e r o a m e r i c a n a , e n j u n i o de 2000 e n Salamanca.
1
"Las versiones h o m é r i c a s " , Discusión ( 1 9 3 2 ) , e n Obras completas, Eme-
c é , B u e n o s Aires, 1996, t. 1, p. 239. Este t e x t o a p a r e c i ó p o r vez p r i m e r a el 8
de m a y o de 1932 e n el d i a r i o La Prensa.
2
Después de Babel. Aspectos del lenguaje y la traducción, t r a d . A d o l f o Casta-
ñ ó n , F. C. E., M é x i c o , 1980.
3
D e h e c h o , la c a r r e r a l i t e r i a de Borges se i n i c i a e n revistas ultraístas es-

NRFH, X L I X (2001), n ú m . 2, 439-473


440 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

bables virtudes de estas versiones traducidas, se puede reconocer


en ellas a u n autor en busca de su voz poética, pues c o m o seña-
la Gallego Roca: "Borges desliga la práctica de la t r a d u c c i ó n
p o é t i c a del proyecto colectivo que implica toda revista, y si b i e n
t o m a partido p o r los criterios u l n a islas desde la prosa crítica,
sus traducciones son los tanteos del poeta que recurre a la imi-
tatio en busca de unos sólidos criterios personales" 4 .
Quizá e n algunos casos, los rasgos específicos de estas ver-
siones se deban tanto a la b ú s q u e d a personal de Borges como a
sus dudosas capacidades verbales para manejar otra lengua;
p o r ejemplo, luego de comparar una de esas traducciones con
su original en a l e m á n , u n crítico concluye que el incipiente es-
c r i t o r o b i e n n o tenía un c o n o c i m i e n t o p r o f u n d o de ese idio-
m a o bien t r a d u c í a con bastante l i b e r t a d 5 ; este j u i c i o n o debe
sorprender, pues, e n p r i m e r lugar, era imposible que Borges
tuviera conocimientos excelsos y semejantes de las diversas len-
guas de las que tradujo en 1920; a d e m á s , él mismo fue siempre
escéptico respecto de sus capacidades verbales en a l e m á n .
E n fin, aunque n o me p r o p o n g o examinar las versiones de
poemas de esas tres lenguas preparadas entonces p o r el autor
(tema que, p o r otra parte, está fuera de mis límites), m e n c i o n o
esta faceta inicial suya como una muestra de su interés p r i m i -
genio p o r la t r a d u c c i ó n , aspecto al cual d e d i c ó múltiples refle-
xiones en sus ensayos y que incluso f o r m a parte sustancial de
algunas de sus ficciones; p o r ello puede decirse, sin m i e d o a i n -
c u r r i r en h i p é r b o l e s , que hablar de la t r a d u c c i ó n en Borges i m -
plica aludir a toda su literatura; p o r q u e ¿acaso n o c o m e n z ó él
su carrera literaria en plena infancia con una t r a d u c c i ó n de "El
p r í n c i p e feliz" de Oscar W i l d e ? 6

p a ñ o l a s , d o n d e p u b l i c a , e n t r e otros: " L í r i c a inglesa actual" {Grecia, 20 d e fe-


b r e r o d e 1920, n ú m . 4 0 , p . 8 ) ; " N o v í s i m a l í r i c a f r a n c e s a " {Grecia, 29
de f e b r e r o de 1920, n ú m . 4 1 , 15-16); " L í r i c a a u s t r í a c a de h o y " {Grecia, 20 de
m a r z o de 1920, n ú m . 42, p . 11); " L í r i c a expresionista [ H e y n i c k e y K l e m m ] "
{Grecia, 1 de agosto de 1920, n ú m . 47, 10-11); " L í r i c a expresionista
[ K l e m m ] " {Grecia, 1 d e n o v i e m b r e de 1920, n ú m . 50, 10-11); " A n t o l o g í a ex-
p r e s i o n i s t a " {Cervantes, o c t u b r e d e 1920, 100-112).
4
Poesía importada. Traducción poética y renovación literaria en España (1909¬
1936), U n i v e r s i d a d , A l m e r í a , 1996, p . 197. (Estas p r i m e r a s traducciones bor¬
geanas se d e s c r i b e n e n las p p . 197-207.)
5
V é a s e JOSÉ L U I S VEGA, % D e r A u f b r u c h » / « E 1 a r r a n q u e » : u n e j e m p l o de
las traducciones expresionistas de J o r g e L u i s Borges", Sendebar ( G r a n a d a ) , 5
( 1 9 9 4 ) , 241-248.
6
OSCAR W I L D E , " E l p r í n c i p e feliz", t r a d u c i d o d e l i n g l é s p o r J o r g e Borges
NKFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE L A TRADUCCIÓN 441

A l igual que sucedió con otros temas relacionados con el arte


verbal, al escritor argentino no le interesó postular una teoría to-
tal o u n pensamiento sistemático sobre la traducción, sino más
b i e n usarla p r a g m á t i c a m e n t e , ya que creía que en ella resultaban
visibles los variados procedimientos de la construcción literaria,
como se deduce de esta frase: "La t r a d u c c i ó n . . . parece destinada
a ilustrar la discusión estética" 7 . Por lo tanto, conviene citar el per-
tinente p u n t o de partida de Sergio Pastormerlo, que h a b r á de
asumirse como una prevención en este trabajo:

En realidad, Borges opta precisamente por la dirección contraria


a la que elegiría un teórico de la traducción: en lugar de usar
ciertas reflexiones sobre la literatura, toma como punto de par-
tida las traducciones para elaborar ciertas reflexiones sobre la
literatura: la negación del autor, la lectura, las creencias y las va-
loraciones literarias 8 .

A h o r a b i e n , el p r i m e r acercamiento reflexivo de Borges al


tema fue "Las dos maneras de traducir" (1926), que con su esti-
lo típico del p e r í o d o m a r c ó desde el arranque cierta distancia
respecto de ideas comunes: "Suele presuponerse que cualquier
texto o r i g i n a l es incorregible de p u r o b u e n o , y que los traduc-
tores son unos chapuceros irreparables, padres del frangollo y
la m e n t i r a . Se les infiere la sentencia italiana de traduttore tradi-
torey ese chiste basta para condenarlos" 9 . E n este ensayo está el
g e r m e n de una idea que a s u m i r á variadas enunciaciones poste-
riores: las dos formas generales de traducir, es decir la que i n -
tenta r e p r o d u c i r todos los detalles verbales del original y la que
prescinde de ellos para m a n t e n e r el significado global, r e m i t e n
a los grandes modelos de la literatura: "Umversalmente, supongo
que hay dos clases de traducciones. U n a practica la literalidad,

( h i j o ) , El País, 25 de j u n i o de 1910, p . 3.
" 7 J . L . BORGES, "Las versiones h o m é r i c a s " , p . 239.
8
"Borges y la t r a d u c c i ó n " , Borges Studies on Line, Borges Center f o r Stud¬
ies a n d D o c u m e n t a t i o n . I n t e r n e t : 0 2 / 1 0 / 9 9 ( h t t p : / w w w . h u m . a u . d k / r o -
mansk/borges/bsol/pastorml.htm).
9
E n Textos recobrados, 1919-1929, E m e c é , B u e n o s Aires, 1997, p . 256.
[Este ensayo fue p u b l i c a d o o r i g i n a l m e n t e e n La Prensa el 1 de agosto de
1 9 2 6 ] . H a y que decir, de paso, que el j o v e n Borges n o fue ajeno a la costum-
b r e de d e m e r i t a r la l a b o r t r a d u c t o r a , pues e n "Acerca d e l e x p r e s i o n i s m o "
(Inicial, n ú m . 3, d i c i e m b r e de 1923) j u s t i f i c ó sus t r a d u c c i o n e s c o n esta tími-
da frase: " E l c u l p a b l e de h a b e r castellanizado estos versos, soy y o " .
442 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

la otra la perífrasis. La p r i m e r a corresponde a las mentalidades


r o m á n t i c a s , la segunda a las c l á s i c a s " 1 0 ; por cierto que en la asi-
milación de la actividad traductora a dos arquetipos, el r o m á n -
tico y el clásico, puede percibirse t a m b i é n ese particular
"neoplatonismo" que cruza toda la obra borgeana y que ha sido
descrito p o r J u a n Ñ u ñ o 1 1 .
Asimismo, en u n obvio adelanto de lo que desarrollará a ñ o s
d e s p u é s en su clásico ensayo "El escritor argentino y la tradi-
c i ó n " , Borges asume u n a postura escéptica respecto de los tra-
ductores que desean m a n t e n e r a toda costa las singularidades
del original que p u d i e r o n haber sorprendido a sus primeros
receptores: "El anunciado p r o p ó s i t o de veracidad hace del tra-
ductor u n falsario, pues éste, para mantener la e x t r a ñ e z a de lo
que traduce, se ve obligado a espesar el color local, a encrude-
cer las crudezas, a empalagar con las dulzuras y a enfatizarlo to-
do hasta la m e n t i r a " 1 2 . A l final de "Las dos maneras de
traducir", el aventurero Borges p r o p o n e realizar el j u e g o de la
t r a d u c c i ó n d e n t r o del mismo i d i o m a :

Es s a b i d o q u e e l Martín Fierro e m p i e z a c o n estas r i t u a l e s p a l a b r a s :


" A q u í m e p o n g o a c a n t a r - al c o m p á s de la v i g ü e l a " . Traduzca-
mos c o n p r o l i j a l i t e r a l i d a d : " E n el m i s m o l u g a r d o n d e m e en-
c u e n t r o , estoy e m p e z a n d o a c a n t a r c o n g u i t a r r a " , y c o n
altisonante perífrasis: " A q u í , e n la f r a t e r n i d a d de m i guitarra, em-
p i e z o a c a n t a r " , y a r m e m o s l u e g o u n a d o c u m e n t a d a p o l é m i c a pa-
r a a v e r i g u a r c u á l d e las d o s v e r s i o n e s es p e o r . L a p r i m e r a , ¡ t a n
r i d i c u l a y c a c h a c i e n t a ! , es casi l i t e r a l ^ .

Sin duda, los ejemplos inventados p o r él son h i p e r b ó l i c o s y


tendenciosos, pero sirven para demostrar que desde el p r i n c i -
p i o sus prevenciones mayores se aplicaron a los seguidores de
las versiones literales.
1 0
J . L . BORGES, "Las dos maneras de t r a d u c i r " , p p . 257-258.
11
Cf. La filosofía de Borges. F.C.E., M é x i c o , 1986.
1 2
"Las dos maneras de t r a d u c i r " , p. 258.
13
Ibid., p. 259. Varios decenios d e s p u é s , Borges usa u n c o n t r a e j e m p l o
semejante p a r a e x p o n e r la m i s m a idea: " I m a g i n e m o s u n a t r a d u c c i ó n l i t e r a l
de u n verso de D a r í o : « L a princesa e s t á p á l i d a en su silla de o r o » es literal-
m e n t e igual a « E n su silla de o r o e s t á p á l i d a la p r i n c e s a » . E n el p r i m e r caso
el verso es m u y l i n d o ¿ n o ? , p o r l o m e n o s p a r a los fines musicales que él bus-
ca. Su t r a d u c c i ó n l i t e r a l , e n c a m b i o , n o es n a d a " ("El o f i c i o de t r a d u c i r " , en
Borges en "Sur", 1931-1980, E m e c é , B u e n o s Aires, 1999, p p . 321-322. [ O r i g i -
n a l m e n t e en Sur, ene-dic. de 1976, n ú m s . 338-339, y antes e n La Opinión Cul-
tural, 21 de sept. de 1 9 7 5 ] ) .
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 443

Durante la d é c a d a de 1930, Borges escribe dos ensayos so-


bre el tema que, mutatis mutandis, coinciden en sus líneas gene-
rales: el breve y citado "Las versiones h o m é r i c a s " y el largo pero
magistral "Los traductores de Las 1001 noches"™, cuya prosa
destaca p o r su alto grado de c o n c e n t r a c i ó n p o é t i c a y su manejo
de la ironía. E n p r i n c i p i o , los fundamentos de "Las versiones
h o m é r i c a s " p u e d e n parecer p a r a d ó j i c o s , pues simulan una ala-
banza a la ignorancia:

El Quijote, debido a m i ejercicio congènito del español, es un mo-


numento uniforme, sin otras variaciones que las deparadas por el
editor, el encuadernador y el cajista; la Odisea, gracias a mi opor-
tuno desconocimiento del griego, es una librería internacional
de obras en prosa y verso, desde los pareados de Chapman hasta
la Autorized Versión de Andrew Lang o el drama clásico francés de
Bérard o la saga vigorosa de Morris o la irónica novela inglesa
de Samuel Butler 1 5 .

Las implicaciones de la frase " o p o r t u n o desconocimiento


del griego", que yo defino c o m o una especie de o x í m o r o n
( ¿ a c a s o puede ser " o p o r t u n a " la ignorancia?), son altamente
productivas para la literatura, pues el receptor que ignora la
lengua o r i g i n a l de u n texto n o está sujeto a éste p o r conviccio-
nes atávicas. E n este sentido, resulta l ó g i c o que la tarea de aná-
lisis de las traducciones de H o m e r o al inglés se ejerza
prescindiendo de compulsarlas c o n el o r i g i n a l en griego. Pero
a d e m á s de ello, en el ensayo se practica aquello que se desea
juzgar, pues en su cotejo y t r a n s c r i p c i ó n del mismo pasaje ho-
m é r i c o de Buckley, Butcher-Lang, Cowper, Pope, C h a p m a n y
Butler, Borges n o ofrece al lector la versión " o r i g i n a l " en i n -
glés, sino su traslación al e s p a ñ o l ; de este m o d o , los adjetivos
con que se califican las supuestas versiones en inglés (literal, ar-
caizante, inocua, extraordinaria, oratoria, visual, calmosa), de-
b e r í a n aplicarse, en ú l t i m a instancia, a la versión e s p a ñ o l i z a d a ,
cuyas diferencias o simpatías con la versión previa ignora el lec-
tor. Enfatizo este p u n t o , p o r q u e si b i e n algunos críticos seña-
lan que Borges no sabía griego (o á r a b e , en el caso de "Los

1 4
A l i g u a l que s o l í a hacer su g r a n a m i g o A l f o n s o Reyes, e n este texto
Borges f u n d e y e x t i e n d e dos ensayos previos: " E l p u n t u a l M a r d r u s " y "Las
1001 noches", ambos e n Revista Multicolor de los Sábados, 3 de f e b r e r o de
1934, p . 8, y 10 de m a r z o de 1934, p. 5, respectivamente.
1 5
"Las versiones h o m é r i c a s " , p . 240.
444 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

traductores de Las 1001 noches"), se olvidan de a ñ a d i r que tam-


poco c o p i ó las versiones en lengua inglesa, las cuales m á s b i e n
f u e r o n sustituidas p o r traducciones al e s p a ñ o l preparadas ex
profeso; esta costumbre n o s o n a r á ajena a quien conozca la obra
inicial del autor, cuando citaba en e s p a ñ o l textos provenientes
de lenguas extranjeras (desde el inglés hasta el a l e m á n , pasan-
d o incluso p o r el l a t í n ) , sin asumir la paternidad de la traduc-
c i ó n 1 6 . Encuentro u n motivo para esta hábil o m i s i ó n : si se
explicitara el acto de m e d i a c i ó n , se p r e v e n d r í a al receptor,
q u i e n sería consciente de n o poseer el texto " o r i g i n a l " sino tan
s ó l o u n sustituto de éste; sospecho que el efecto es familiar pa-
ra todos, pues con frecuencia (por ejemplo, en la lectura de la
novela rusa) prestamos nuestra fe ciega al texto traducido, sin
reparar en que se trata de una m e d i a c i ó n muy compleja.
E n suma, el lector de "Las versiones h o m é r i c a s " no recibe
n i el original en griego (que seguramente d e s c o n o c e r í a ) , n i sus
versiones en inglés, sino tan sólo las traducciones al e s p a ñ o l
formuladas p o r el ensayista. Para p o d e r evaluar todo el conjun-
to, el lector ideal del ensayo necesitaría, en u n proceso que, co-
m o u n j u e g o entre dos espejos, se r e m o n t a al i n f i n i t o , la
versión " o r i g i n a l " en griego, sus traducciones al inglés y, p o r úl-
t i m o , las traducciones de éstas al e s p a ñ o l ; a d e m á s , claro está,
ese lector ideal t e n d r í a que poseer enormes competencias l i n -
güísticas. En su estrategia expositiva, Borges olvida estas com-
plicaciones y procede c o m o si hubiera citado las versiones en
lengua inglesa, respecto de las cuales se pregunta y responde:

1 6
U n o de los e s p o r á d i c o s pasajes d o n d e se i n d i c a que se trata de u n a
t r a d u c c i ó n es " L a n a d e r í a de la p e r s o n a l i d a d " : "Traslado el tal l u g a r [de
S c h o p e n h a u e r ] que, castellanizado, dice a s í : " (Inquisiciones [ 1 9 2 5 ] , Seix Ba-
r r a i , Buenos Aires, 1994, p . 102). A N N I C K L O U I S p r o p o n e d i f e r e n c i a r e n t r e
los t é r m i n o s "castellanizar" y " e s p a ñ o l i z a r " , t a m b i é n usado p o r el a u t o r e n
el p e r í o d o : "Cierta distancia existe entre los dos t é r m i n o s : « c a s t e l l a n i z a r »
significa m á s b i e n d a r f o r m a e s p a ñ o l a a algo en o t r o i d i o m a , m i e n t r a s que
« e s p a ñ o l i z a r » n o designa o r i g i n a r i a m e n t e u n p r o b l e m a de l e n g u a , sino el
h e c h o de c o m u n i c a r las costumbres e s p a ñ o l a s . Si el p r i m e r o r e e n v í a a la tra-
d u c c i ó n al castellano, el s e g u n d o i m p l i c a u n a nueva d i m e n s i ó n : la « e s p a ñ o -
l i z a c i ó n de los v e r s o s » acarrea la i n s c r i p c i ó n de l o e s p a ñ o l e n u n o b j e t o o
u n a persona, y p o r e x t e n s i ó n , e n u n a l e n g u a p e r t e n e c i e n t e a u n a c u l t u r a
o a u n a l e n g u a diferentes. E n otras palabras, n o se trata de p r o p o n e r u n
e q u i v a l e n t e e n ia p r o p i a l e n g u a de a q u e l l o expresado e n u n a l e n g u a ex-
t r a n j e r a , sino de i n s c r i b i r la p r o p i a l e n g u a e n l o e x t r a n j e r o " (Jorge Luis Bor-
ges: Ouvre et manœuvres, L ' H a r m a t a n Paris, 1997, p . 303; agradezco a la
a u t o r a el h a b e r m e p r o p o r c i o n a d o la t r a d u c c i ó n al e s p a ñ o l de su l i b r o ) .
Mirar, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE I A TRADUCCIÓN 445

¿ C u á l d e las m u c h a s t r a d u c c i o n e s es fiel?, q u e r r á s a b e r t a l vez m i


l e c t o r . R e p i t o q u e n i n g u n a o q u e t o d a s . Si l a fidelidad t i e n e q u e
ser a las i m a g i n a c i o n e s d e H o m e r o , a los i r r e c u p e r a b l e s h o m b r e s
y d í a s q u e él r e p r e s e n t ó , n i n g u n a p u e d e serlo p a r a nosotros; to-
das, p a r a u n g r i e g o d e l s i g l o d i e z . Si a los p r o p ó s i t o s q u e t u v o ,
c u a l q u i e r a d e las m u c h a s q u e t r a n s c r i b í , salvo las l i t e r a l e s , q u e sa-
c a n t o d a s u v i r t u d d e l c o n t r a s t e c o n h á b i t o s p r e s e n t e s . N o es i m -
p o s i b l e q u e l a v e r s i ó n c a l m o s a d e B u t l e r sea l a m á s fiel17.

Así, de f o r m a maestra se retoma u n c r i t e r i o , el de la fideli-


dad al o r i g i n a l , que de hecho el ensayo h a b í a d e r r u i d o , y se
plantea t a m b i é n algo imposible de discernir, p o r lo menos con
los elementos proporcionados: que la versión de Butler sea la
m á s cercana al texto griego. A u n q u e Borges finge preguntarse
p o r la " f i d e l i d a d " de una t r a d u c c i ó n respecto de una presunta
obra " o r i g i n a l " , es obvio que el eje de la d i s c u s i ó n se ubica m á s
bien en la eficacia con que pueda ser recibido o descodificado
u n texto, sea éste u n " o r i g i n a l " o una m e r a versión traducida;
así llega él a p r o p o n e r lo que p a r e c e r á u n a h e r e j í a a los d o g m á -
ticos que cifran su fe en la eventualidad de u n a t r a d u c c i ó n defi-
nitiva, ú n i c a y perfecta: n o se debe rechazar n i n g u n a de las
versiones h o m é r i c a s , pues todas tienen posibilidades múltiples
de lectura, p u e d e n hacer resonar en el receptor ecos de las ig-
noradas intenciones originales del autor. C o n base en estas
ideas borgeanas, Efraín Kristal concluye p e r t i n e n t e m e n t e :

P a r a d e t e r m i n a r l a f i d e l i d a d d e u n a t r a d u c c i ó n se d e b e , s i n d u -
d a , c o n o c e r e l o r i g i n a l . P e r o n o es n e c e s a r i o c o n o c e r e l o r i g i n a l
p a r a d e t e r m i n a r el valor estético de u n a t r a d u c c i ó n . . . O p t a r p o r
u n a t r a d u c c i ó n l i t e r a l o p o r u n a r e c r e a c i ó n d e u n t e x t o es u n a
d e c i s i ó n e s t é t i c a . E n p r i n c i p i o , a m b a s p u e d e n ser i g u a l m e n t e le-
g í t i m a s . E l c r i t e r i o p r i n c i p a l c o n el q u e B o r g e s e v a l ú a u n a tra-
d u c c i ó n es su m é r i t o l i t e r a r i o y n o s u f i d e l i d a d a l o r i g i n a l 1 8 .

E n este p u n t o , y con el objeto de superar la falsa d i c o t o m í a


entre t r a d u c c i ó n " l i t e r a l " y t r a d u c c i ó n "literaria", c o n v e n d r í a
preguntarse de q u é depende esa d e c i s i ó n estética que i n c l i n a
la v o l u n t a d del traductor hacia u n o u o t r o p o l o i n t e n c i o n a l . Pa-
ra ello, e n l a z a r é las ideas de Borges con u n a de las m á s moder-
nas teorías sobre la t r a d u c c i ó n ; creo que el contraste sen-irá

1 7
"Las versiones h o m é r i c a s " , p . 243.
1 8
"Borges y la t r a d u c c i ó n " , Lexis, 23 ( 1 9 9 9 ) , p. 8.
446 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, X L I X

para evaluar en su correcta perspectiva las geniales intuiciones


sobre el tema que tuvo el escritor argentino. E n esto me ayudaré
parcialmente del l i b r o del a l e m á n Hans Josef Vermeer titulado
Skizzen zu einer Geschichte der Translation, que p o d r í a traducirse
c o m o Bosquejos para una historia de la translación, accesible para
m í gracias a su t r a d u c c i ó n parcial al e s p a ñ o l 1 9 .
Vermeer, especialista en literatura grecolatina, se interesa
en el tema no sólo como traductor de textos clásicos, sino porque
la p r e o c u p a c i ó n sobre esa p r á c t i c a está en u n o de sus autores
favoritos: C i c e r ó n , q u i e n en De óptimo genere oratorum escribió:

T r a d u j e , p u e s , esos c o n o c i d í s i m o s d i s c u r s o s , c o n t r a r i o s e n t r e s í ,
d e E s q u i n e s y D e m ó s t e n e s , d o s o r a d o r e s d e los m á s e l o c u e n t e s
e n t r e los á t i c o s ; p e r o n o los t r a d u j e c o m o i n t é r p r e t e , s i n o c o m o
o r a d o r : c o n sus m i s m o s p e n s a m i e n t o s t a n t o e n las i m á g e n e s co-
m o e n las figuras, c o n p a l a b r a s a p t a s a n u e s t r o u s o v e r b a l . E n
ellos n o tuve necesidad de t r a d u c i r palabra p o r palabra; m á s b i e n
les c o n s e r v é a é s t o s t o d o s u o r i g e n y s u f u e r z a 2 0 .

" C o n palabras aptas a nuestro uso verbal", dice C i c e r ó n ; a


p a r t i r de éste y de otros fragmentos del mismo texto, V e r m e e r
concluye que el latino t r a d u c í a con u n objetivo específico en
mente; a esto es a lo que el t e ó r i c o llama Skopostheorie o T e o r í a
d e l skopos, cuyo criterio general para la actividad translatoria es
pensar que todo texto debe redactarse y funcionar para un uso;
se trata de una teoría de la t r a d u c c i ó n estrictamente f u n c i o n a l ,
que considera que ésta debe hacerse con u n objetivo, d e n t r o
de la cultura a la que pertenece la lengua de llegada y para
unos destinatarios b i e n precisos. Este fin tiene que cumplirse
ó p t i m a m e n t e a p a r t i r de u n c o n o c i m i e n t o p r o f u n d o del texto
o r i g i n a l , pero para ello siempre s e r á preciso que cambie el tex-
to de partida; de acuerdo c o n los consejos de la retórica clásica,
al hablar (y al t r a d u c i r ) , hay que saber cuál es o era el quis,
e l quid, el ubi, el quibus auxiliis, el cur, el quomodo, el quando del
que escribió dicho texto, y c u á l e s las circunstancias de a q u é l l o s
para quienes iba dirigidos; p e r o como desde el presente todo

1 9
E n Cicerón y la translatología según Hans Josef Vermeer, U N A M , M é x i c o ,
1996, P e d r o C. T a p i a Z ú ñ i g a h a h e c h o u n singular y aprovechable ejercicio:
la t r a d u c c i ó n y c o m e n t a r i o de varios c a p í t u l o s de la o b r a de V e r m e e r .
2 0
C i c e r ó n apual P. C. T A P I A ZÚÑIGA, Cicerón y la translatología según Hans
Josef Vermeer, p. 90 ( t r a d . de C i c e r ó n h e c h a p o r J o s é Q u i ñ o n e s M e l g o z a ) .
NRFH, X L I X BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 447

ha cambiado, es decir todas las circunstancias son distintas, la


t r a d u c c i ó n tiene que ser u n texto nuevo, distinto del original.
S e g ú n esta teoría, n o puede existir una t r a d u c c i ó n pura y
"literal", puesto que el traductor nunca l o g r a r á recuperar todas
las particularidades de emisión o p r o d u c c i ó n del texto; hay una
gran semejanza entre este concepto y la siguiente afirmación
del escritor argentino d o n d e la discusión entre J o h n H e n r y
Newman y Matthew A r n o l d sobre la t r a d u c c i ó n de H o m e r o 2 1
es citada para rechazar que ambos polos de la t r a d u c c i ó n pue-
dan cumplirse a la letra:

La hermosa discusión Newman-Arnold (1861-62), más memora-


ble que sus dos interlocutores, ha razonado extensamente las dos
maneras generales de traducir. Newman vindicó en ella el modo
literal, la retención de todas las singularidades verbales; Arnold, la
severa eliminación de los detalles que distraen o detienen. Esta
conducta puede suministrar los aerados de la uniformidad y la
gravedad; aquélla, de los continuos y pequeños asombros. Ambas
son menos importantes que el traductor y que sus hábitos litera-
rios. Traducir el espíritu es una intención tan enorme y tan fantas-
mal que bien puede quedar como inofensiva; traducir la letra, una
precisión tan extravagante que no hay riesgo de que la ensayen22.

Y si acaso alguien se atreve a ensayar ingenuamente esa tras-


lación " l i t e r a l " , los resultados n o s e r á n positivos, c o m o se apre-
cia en su j u i c i o de la t r a d u c c i ó n al a l e m á n de Las 1001 noches
preparada p o r L i t t m a n n , contra q u i e n Borges ejerce esa ironía
que está en los o r í g e n e s de su escritura y que se afinó con el pa-
so del t i e m p o hasta alcanzar su apogeo en la d é c a d a de 1930:
" [ L i t t m a n n ] Es siempre l ú c i d o , legible, mediocre. Sigue (nos
dicen) la r e s p i r a c i ó n misma del á r a b e . Si n o hay e r r o r en la
Enciclopedia Británica, su t r a d u c c i ó n es la m e j o r de cuantas
circulan. O i g o que los arabistas están de acuerdo; nada i m p o r -
ta que u n m e r o literato - y é s e , de la R e p ú b l i c a m e r a m e n t e Ar-
g e n t i n a - prefiera d i s e n t i r " 2 3 .
Por otra parte, es obvio que en los dos ensayos analizados,
Borges alude, en mayor o m e n o r grado, al skopos de las diversas

2 1
U n b u e n r e s u m e n de la famosa p o l é m i c a N e w m a n - A r n o l d se encuen-
tra e n EFRAÍN KRISTAL, art. cit., p p . 4-6.
2 2
J . L . BORGES, " L O S traductores de las 1001 noches", Historia de la eterni-
dad, e n Obras completas, ed. cit., t. 1 , p . 4 0 0 .
2 3
/fei,p. 411.
448 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

traducciones de H o m e r o y Las 1001 noches, pues p o r medio de


la distinción de los rasgos de cada texto, intenta definir cuál
fue el objetivo que el traductor tuvo en mente y a q u é p ú b l i c o
se dirigía, como plantea respecto de la tan gustada p o r él ver-
sión de Richard Francis B u r t o n de la obra clásica de origen ára-
b e 2 4 : "Queda el p r o b l e m a f u n d a m e n t a l [de B u r t o n ] . ¿ C ó m o
divertir a los caballeros del siglo diecinueve con las novelas p o r
entregas del siglo trece?" 2 5
Para definir d ó n d e se ubica la labor del traductor y cuáles
p u e d e n ser sus alcances, cabe citar la o p i n i ó n de Borges sobre
N é s t o r Ibarra, cercano amigo suyo y t a m b i é n su traductor al
francés:

I b a r r a es u n caso m u y r a r o . T i e n e u n g r a n t a l e n t o l i t e r a r i o . N o s é
q u é m o d e s t i a o q u é i r o n í a le i m p i d e e s c r i b i r o p u b l i c a r l o q u e h a
escrito. Prefiere t r a d u c i r . Q u i z á piensa que el o f i c i o de t r a d u c t o r
es m á s s u t i l , m á s c i v i l i z a d o q u e e l d e l e s c r i t o r : e l t r a d u c t o r l l e g a
e v i d e n t e m e n t e después que e l e s c r i t o r . L a t r a d u c c i ó n es u n a e t a p a
m á s avanzada26.

E n su aspecto i n d i v i d u a l , este comentario resulta singular,


pues n o sé si los elogios a Ibarra provengan del hecho de que
éste, m á s que traducir, haya ejercido la r e c r e a c i ó n de la p o e s í a
de Borges, como se percibe con facilidad en u n o de los cuarte-
tos de "La luna", cuya l e c c i ó n en e s p a ñ o l dice:

2 4
L a a p r e c i a c i ó n de Borges sobre la c a l i d a d de la v e r s i ó n de B u r t o n n o
a n d a b a errada, a j u z g a r p o r l o que dice el a u t o r de la m á s reciente y d o c u -
m e n t a d a b i o g r a f í a d e l e r u d i t o y a v e n t u r e r o i n g l é s : " E n m a n o s de B u r t o n se
h a c o n v e r t i d o e n u n a t r a d u c c i ó n q u e n o tiene p a r a n g ó n a l g u n o , a u n cuan-
d o otros h u b i e s e n p r o b a d o f o r t u n a c o n otras tantas vertientes d e l á r a b e .
H a y que decir que su texto n o tiene rival, ya que alcanza u n a calidad p o é t i c a
soberbia. Las notas que c o m p l e t a n los v o l ú m e n e s b a s t a r í a n p o r sí solas para
garantizar la r e p u t a c i ó n de m u c h o s otros h o m b r e s , y los ensayos que funcio-
n a n c o m o e p í l o g o , e n los que B u r t o n se o c u p a de las c o n d i c i o n e s sociales y
religiosas e n cuyo m a r c o v i e r o n la luz los cuentos de Las mil y una noches, son
obras maestras e n su c a t e g o r í a " (EDWARD RICE, El capitán Richard F. Burton,
t r a d . M i g u e l M a r t í n e z - L a g e , Siruela, M a d r i d , 1999, p. 509).
2 5
J . L . BORGES, " L O S t r a d u c t o r e s de las 1001 noches', p. 405.
2 6
J . L . Borges apud, GEORGES CHARBONNIER, El escritor y su obra, 3 a ed., t r a d .
M a r t í Soler, Siglo X X I , M é x i c o , 1975, p. 12.
NfíFH, X L I X BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 449

Pitágoras c o n s a n g r e ( n a r r a u n a
T r a d i c i ó n ) e s c r i b í a en u n espejo
Y los h o m b r e s l e í a n e l r e f l e j o
E n a q u e l o t r o e s p e j o q u e es l a l u n a .

Por su parte, con el fin de conseguir una f o r m a m é t r i c a rima-


da, Ibarra traslada al francés de la siguiente manera:

P y t h a g o r e é c r i v a i t avec d u s a n g s u r u n e
P l a q u e p o l i e et, f a i t r a r e m e n t c o n t e s t é ,
Ses d i s c i p l e s l i s a i e n t l e t e x t e r e f l é t é
Dans cet autre m i r o i r qu'est la c é l e s t e l u n e .

Si n o me equivoco, la frase "fait rarement c o n t e s t é " esta ahí


solamente para r i m a r con "reflété", del mismo m o d o que el ad-
j e t i v o " c é l e s t e " nada m á s sirve para alcanzar el m e t r o del verso
(aunque quizá a q u í Ibarra se apoye en u n verso posterior que
habla de la "celestial l u n a " ) 2 7 .
E n fin, m á s allá de las generosas razones que Borges haya
tenido para alabar h i p e r b ó l i c a m e n t e a I b a r r a 2 8 , lo sustancial es
que, en el pasaje transcrito, de hecho él considera que el tra-
ductor está en la cima de la cadena de p r o d u c c i ó n literaria.
Quizá para c o m p r e n d e r cabalmente q u é significa esa etapa,
convenga volver a Vermeer, q u i e n al comentar u n pasaje del
Arte poética de Horacio, concluye: "Decir de nuevo lo que ya está

2 7
E n su m u y útil e d i c i ó n a n o t a d a de Borges, de d o n d e he t o m a d o el
texto, J e a n Pierre B e r n é s j u s t i f i c a a s í conservar la v e r s i ó n al f r a n c é s de este
p o e m a p r e p a r a d a p o r Ibarra: " O n a c o n s e r v é p o u r ce p o è m e la flamboyante
t r a d u c t i o n d ' I b a r r a q u i , avec constance, p r i v i l é g i e la richesse des rimes,
q u i t t e à o p é r e r de s i n g u l i è r e s transformations, v o i r e à i n t r o d u i r e des noms
p r o p r e s é t r a n g e r s au texte o r i g i n a l " ( J . P. B e r n é s , e n JORGE L U I S BORGES,
Œuvres complètes, G a l l i m a r d , Paris, 1 9 9 9 , t. 2, p . 1 1 6 1 ) .
2 8
De h e c h o el c r i t e r i o de la r e c r e a c i ó n es el que p r i m a c u a n d o Borges
e n j u i c i a las t r a d u c c i o n e s de sus textos: "Los h a n t r a d u c i d o m u y b i e n . Salvo
al a l e m á n . Las t r a d u c c i o n e s al f r a n c é s que h a n h e c h o I b a r r a y Roger Cai-
llois son m u y buenas. Las de D i G i o v a n n i al i n g l é s t a m b i é n son buenas. Las
t r a d u c c i o n e s de sonetos que h i c i e r o n él y otros poetas americanos son m u y
buenas p o r q u e los h a n r e c r e a d o . Las t r a d u c c i o n e s de sonetos n o p u e d e n
ser literales y conservar el s e n t i d o " ( J . L . BORGES, " E l o f i c i o de t r a d u c i r " ,
p p . 324-325). A u n q u e n o s o l í a h a c e r l o , e x c e p c i o n a l m e n t e en este ensayo se
queja de las falsas t r a d u c c i o n e s a sus textos, c u a n d o m e n c i o n a el caso de u n
c u e n t o suyo d o n d e la frase "llegaba u n oscuro", r e f e r e n t e al c o l o r de u n ca-
b a l l o , fue trasladada al a l e m á n c o m o "llegaba el c r e p ú s c u l o " .
450 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

dicho p o é t i c a m e n t e es m á s difícil que poetizar p o r p r i m e r a


vez. Esto, aplicado a la t r a d u c c i ó n (a la cual H o r a c i o n o se re-
fiere en este pasaje), significa lo siguiente: la t r a d u c c i ó n es u n
arte m á s difícil que el de escribir libremente, ya en prosa, ya en
p o e s í a " 2 9 . La t r a d u c c i ó n , entonces, como u n "civilizado arte",
como una etapa m á s avanzada, en palabras de Borges, o b i e n ,
s e g ú n Vermeer, como u n "arte m á s difícil que el de escribir l i -
bremente". N o i m p o r t a cuál de las dos postulaciones aceptemos,
pues es claro que cualquiera de ellas nos lleva a conclusiones
semejantes, entre otras la de destruir nuestra absurda convic-
ción en la presunta i n f e r i o r i d a d del traductor frente al "crea-
dor", amonedada en el cansino adagio italiano de "traduttore
traditore" (respecto del cual, p o r cierto, Borges dice que n o
puede ser trasladado literalmente a n i n g ú n otro idioma, ya que
siempre se pierde el ingenioso j u e g o de palabras del i t a l i a n o ) ;
Vermeer afirma incluso que en v i r t u d de que el traductor se
enfrenta a u n texto p r o d u c i d o p o r o t r o en circunstancias dis-
tintas, su proceso de reescritura se somete a m á s reglas y exige
m á s competencias que las necesarias para escribir con absoluta
libertad (si es que esto ú l t i m o existe, a ñ a d o y o ) .
Me pregunto, p o r otra parte, si esta a f i r m a c i ó n de Vermeer
n o coincide casi p u n t u a l m e n t e con lo que Georges Steiner ha
s e ñ a l a d o con agudeza respecto de la ficción borgeana "Pierre
M e n a r d , autor del Quijote , cuyo protagonista e m p r e n d e la
asombrosa empresa de volver a escribir la obra de Cervantes y,
p o r lo tanto, renuncia de antemano a la posibilidad de compo-
n e r "libremente":

Menard asume el "misterioso deber" de recrear deliberada y ex-


plícitamente lo que en Cervantes fue un proceso espontáneo. Pe-
ro si bien Cervantes compuso libremente, la forma y la sustancia
del Quijote poseían una naturalidad autóctona y, a decir verdad,
una necesidad ahora desvanecida. De ahí una segunda e impe-
riosa dificultad para Menard: "Componer el Quijote a principios
del siglo X V I I era una empresa razonable, necesaria, acaso fatal; a
principios del veinte, es casi imposible. No en vano han transcu-
rrido trescientos años, cargados de complejísimos hechos. Entre
ellos, para mencionar uno solo: el mismo Quijote". En otras pala-
bras, cada acto genuino de traducción es, al menos en el corto
sentido, un absurdo, u n intento de remontar la escala del tiempo

2 9
H . J . V e r m e e r e n P . C. T A P I A Z Ú Ñ I G A , op. cit, p. 52.
NRFK XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 451

y de r e c o p i a r v o l u n t a r i a m e n t e lo que fue u n m o v i m i e n t o espon-


t á n e o d e l e s p í r i t u . C o n t o d o , " e l f r a g m e n t a r i o Quijote de M e n a r d
es m á s s u t i l q u e e l d e C e r v a n t e s " . C ó m o n o a s o m b r a r s e d e l a ha-
b i l i d a d de M e n a r d p a r a dar voz a s e n t i m i e n t o s , p e n s a m i e n t o s y
c o n s e j a s t a n e x t r a ñ o s a su é p o c a , p a r a e n c o n t r a r f ó r m u l a s p e r f e c -
t a m e n t e exactas p a r a t r a n s m i t i r afectos n o t o r i a m e n t e distintos
de l o que él e s t á a c o s t u m b r a d o a t e n e r 3 0 .

E n t r o ahora, en este recorrido sobre la t r a d u c c i ó n , al apa-


rentemente secundario campo de las a n é c d o t a s que f o r m a ya
parte del legado c u l t u r a l de Borges, y del cual q u i e r o rescatar
a q u í u n a significativa historia. S e g ú n u n testimonio muy poste-
r i o r de Roberto A . T á l i c e , cuando a inicios de los a ñ o s treinta
Borges c o m e n z ó a colaborar con Ulyses Petit de M u r a t en la co-
d i r e c c i ó n de la Revista Multicolor, suplemento del diario sensa-
cionalista Crítica, p r o n u n c i ó , en u n imprevisto acto frente a los
m i e m b r o s de la r e d a c c i ó n , una "conferencia" sobre la traduc-
ción, que él recuerda así:

A m p l i a fue la d i s e r t a c i ó n de Borges. A b u n d ó e n apreciaciones


m u y p e r s o n a l e s y j u s t i c i e r a s s o b r e e l v a l o r d e las t r a d u c c i o n e s y d e
los t r a d u c t o r e s y r e m a t ó sus a l e c c i o n a d o r a s p a l a b r a s d e c l a r a n d o
que de o c u p a r él u n careo m i n i s t e r i a l de E d u c a c i ó n , instituiría
u n a c á t e d r a d e t r a d u c c i ó n y si t u v i e r a u n c a r g o m a v o r , f u n d a -
r í a la A c a d e m i a de T r a d u c t o r e s . . . Ulyses P e u t de M u r a t , l i b r e de
t o d a i n t e n c i ó n s a r c à s t i c a , c o n la m á s c r e í b l e s e r i e d a d , a p o r t ó el
c o l o f ó n o r a l : " A l p a r e c e r , B o r g e s c o n c e d e m á s i m p o r t a n c i a a las
t r a d u c c i o n e s q u e a sus c r e a c i o n e s l i t e r a r i a s . N o d e j a d e ser e x p r e ¬
sión de sentida m o d e s t i a ' ^ .

3 0
G. STEINER, op. cit, p. 93. A u n q u e esta i d e a m e parece certera, coinci-
d o c o n A N N I C K L O U I S {op. cit.) e n que el c o n c e p t o de t r a d u c c i ó n de Steiner
d i f i e r e d e l de Borges, pues m i e n t r a s el p r i m e r o a l u d e a la m i s e r i a e s p e c í f i c a
de la t r a d u c c i ó n y apoya la i d e a de que hay u n a i n t e r p r e t a c i ó n verdadera y
l e g í t i m a d e l texto, p a r a Borges, c o m o h e m o s visto, n o hay m i s e r i a sino r i -
queza de la t r a d u c c i ó n , basada e n la d i v e r s i d a d de posibilidades creativas
que i m p l i c a la falta de s u j e c i ó n a u n texto i n a m o v i b l e . M e parece que desde
el título de su o b r a , Después de Babel, Steiner p o s t u l a u n s e n t i m i e n t o de nos-
talgia absoluta p o r la p é r d i d a de ese p a r a í s o verbal que significaba u n a len-
gua ú n i c a ; p o r el c o n t r a r i o , p a r a Borges el t é r m i n o B a b e l a d q u i e r e
i m p l í c i t a m e n t e u n sentido s i m b ó l i c o positivo ( c o m o si d i j e r a : "gracias quie-
r o dar a la d i v e r s i d a d de las lenguas d e l m u n d o " ) .
3 1
ROBERTO A . TÁLICE, " E l o g i o al t r a d u c t o r " , i n c l u i d o e n Borges: obras, re-
señas y traducciones inéditas, 2 a ed., c o m p . I r m a Zangara, A t l á n t i d a , Buenos
Aires, 1999, p . 232.
452 RAFAEL OLEA FRANCO Nlil'H, XLIX

Por m á s h i p e r b ó l i c o que pueda sonar este relato, evidencia


algo fundamental: que al desarrollar sus labores de difusión
cultural, faceta de su obra poco estudiada, Borges fue m u y
consciente de la f u n c i ó n d e s e m p e ñ a d a p o r las traducciones.
Curiosamente, este rasgo lo acerca a sus adversarios estéticos
del grupo Boedo, quienes impulsaban u n proyecto c u l t u r a l
para el que la t r a d u c c i ó n resultaba una labor imprescindible,
pues sólo con esa m e d i a c i ó n p o d r í a n difundirse obras extranje-
ras entre amplios grupos sociales que ignoraban otras lenguas.
Así, pese a sus diferencias de carácter estético e i d e o l ó g i c o
sobre cuál d e b e r í a ser la finalidad ú l t i m a del arte, es obvio que
tanto Borges como los miembros de Boedo c o m p r e n d i e r o n
que el trabajo del traductor n o era de n i n g u n a manera secun-
dario. E n contra de la tradición d e c i m o n ó n i c a de la alta cul-
t u r a rioplatense, d e s d e ñ o s a de q u i e n n o leyera en la lengua
o r i g i n a l , Borges e m p r e n d i ó una carrera literaria que incluyó a
la t r a d u c c i ó n como u n o de sus centros. A u n q u e haya razona-
bles dudas respecto de la a u t o r í a exclusivamente borgeana de
algunas de sus traducciones, t a m b i é n en este á m b i t o su trabajo
fue i n g e n t e 3 2 . Pero antes de referirme a esta parcela de su
obra, quiero detenerme u n poco en la f o r m a como evaluaba el
autor las traslaciones de una lengua a otra.
A t e n t o desde la d é c a d a de 1920 ajuzgar diversas traduccio-
nes, sobre todo las de textos rioplatenses, en 1934 Borges dedi-
c ó u n artículo de la Revista Multicolor de los Sábados a comentar
u n a m u y reciente t r a d u c c i ó n al inglés de Don Segundo Sombra,
novela que se h a b í a convertido ya en una indisputada c ú s p i d e
de la literatura argentina. C o m o se p o d r í a prever, recurre a q u í

3 2
E n c u a n t o a las funciones de t r a d u c t o r de Borges, t o d a v í a nos move-
mos e n u n t e r r e n o i n c i e r t o . Así, p o r e j e m p l o , e n Borges: obras, reseñas y tra-
ducciones inéditas (op. cit), se le a d j u d i c a la a u t o r í a de varios de los textos
t r a d u c i d o s que se p u b l i c a r o n sin firma e n la Revista Multicolor de los Sábados,
p e r o n o se p r o p o r c i o n a n i n g ú n a r g u m e n t o p a r a ello. C r e o que s e r í a nece-
sario c o m p u l s a r m i n u c i o s a m e n t e los originales c o n las traducciones a n ó n i -
mas p a r a detectar si e n é s t a s hay rasgos estilísticos borgeanos; m i e n t r a s n o
se e f e c t ú e esta laboriosa tarea, c o n v e n d r í a a s u m i r la cauta a c t i t u d de s ó l o
c o n s i g n a r las t r a d u c c i o n e s que sí f u e r o n firmadas p o r el escritor; e n ú l t i m a
instancia, n o es necesario a b u l t a r el í n d i c e de traducciones d e l autor; así,
c o m o m e r a m u e s t r a n o exhaustiva, basta c o n s e ñ a l a r que e n las d é c a d a s de
1930 y 1940 t r a d u j o a autores t a n diversos c o m o A n d r é Gide, V i r g i n i a V / o o l f
(dos l i b r o s ) , H e n r i M i c h a u x , H e r m á n M e l v i l l e , W i l l i a m Faulkner, Francis
B r e t H a r t e , T h o m a s Carlyle y R a l p h E m e r s o n , a m é n de la t r a d u c c i ó n de La
metamorfosis de Franz Kafka firmada p o r él p e r o m á s b i e n dudosa.
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 453

al mismo m é t o d o de "Las versiones h o m é r i c a s " , pues cita en es-


p a ñ o l las palabras inglesas cuya pertinencia comenta. A l com-
parar la versión inglesa de esa obra con la francesa, el criterio
borgeano se basa, m á s que en las habilidades del traductor, en
las bondades inherentes a una lengua:

Es conocida la bondad de la versión francesa; ésta de Waldo Frank


es muy superior. Ello se debe a que el idioma inglés es idioma im-
perial, vale decir, idioma que corresponde a casi todos los destinos
humanos, a las maneras más diversas de ser un hombre. Hay una
zona del inglés que puede superponerse con precisión al cansado
español de los troperos de nuestro Ricardo Güiraldes. Hablo del in-
glés ecuestre de Montana, de Arizona o de Texas, madres de incom-
parables riderofhorses-como dijo Whitman del gaucho. El patoisde
la versión francesa tiene algo de irreparablemente agrícola o cha-
carero, connota bueyes laboriosos y blusas, no altosjinetes y ríos co-
lorados de toros. El traductor americano, inversamente, ha podido
recurrir a un inglés que es bien de a caballo 3 3 .

Dejo de lado la curiosa coincidencia entre Borges y A n t o n i o


de Nebrija, q u i e n en el r i q u í s i m o p r ó l o g o a su Gramática caste-
llana (1492), h a b í a postulado, con irrefutables alcances ideoló-
gicos, el concepto de una lengua " i m p e r i a l " necesaria para la
e x p a n s i ó n de E s p a ñ a ; prefiero concentrarme en la brillante
idea de que hay una zona de la lengua inglesa que puede "su-
perponerse" al "cansado e s p a ñ o l " de la realidad gaucha. A l aso-
ciar la lengua, sea el inglés o el e s p a ñ o l , con una realidad
específica, la de los cowboys o la de los gauchos, Borges plantea
la inevitable relación entre realidad cotidiana y r e p r e s e n t a c i ó n
verbal. Por m á s que este tema sea m o t i v o de sesudas y a ú n irre-
sueltas p o l é m i c a s sobre filosofía del lenguaje, parece imposible
rechazar la parcial verdad que contiene la a f i r m a c i ó n del es-
critor, pues, en efecto, es m á s probable que una obra pueda
traducirse a otra lengua si la realidad que ambas i n t e n t a n re-
presentar tiene aspectos comunes, en este caso la vida rústica
del gaucho y la del cowboy. Por ello Borges distingue con tino, y
a la vez con sorna, que la t r a d u c c i ó n francesa, en cuya cultura
no hay algo semejante a los gauchos, en gran m e d i d a ha con-
vertido a éstos en meros peones a g r í c o l a s , refutando así su per-

3 3
J . L . BORGES, "Don Segundo Sombra e n i n g l é s " , e n Borges: obras, reseñas y
traducciones inéditas, ed. cit., p . 205. ( O r i g i n a l m e n t e e n Revista Multicolor de
los Sábados, 11 de agosto de 1934, n ú m . 53.)
454 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

tenencia a la vida ecuestre; p o r cierto que en este j u i c i o perci-


b o ecos del exacerbado criollismo borgeano de la d é c a d a de
1920, cuando con encono atribuía la e x p a n s i ó n de las labores
agrícolas en A r g e n t i n a , impropias del gaucho, al (lujo de i n m i -
grantes durante la segunda m i t a d del siglo xix.
A h o r a bien, de n i n g ú n m o d o lleva Borges su idea de la pro-
bable s u p e r p o s i c i ó n entre dos lenguas al extremo de creer que
u n a pueda "superponerse" a otra de manera absoluta. Él es
siempre muy consciente de que si bien dos culturas pueden
compartir realidades semejantes, eso n o implica que l o g r e n bo-
rrarse sus diferencias verbales. Por ello al comparar en otro
m o m e n t o la estructura de varias lenguas, señala que cada idio-
ma tiene formas de e x p r e s i ó n específicas que imposibilitan su
t r a d u c c i ó n a o t r o registro: "Así, en inglés, o en a l e m á n , o en
francés actual n o hay manera de decir estaba sólita, y en e s p a ñ o l
n o cabe decir to laugh it offo to explain away.. ,"34.
E n cuanto a las habilidades individuales del traductor de la
versión inglesa de Don Segundo Sombra, quienquiera que éste ha-
ya s i d o 3 5 , Borges i n d i c a que una de sus virtudes es haber depu-
rado el texto de G ü i r a l d e s de ciertos excesos estilísticos:

Hay más. Es dable observar en las páginas de Güiraldes, ante to-


do al principio de la novela, algunas pocas vanidades de estilo,
propias de la hora "ultraísta" en que las escribió. La versión de
Waldo Frank las ha eliminado. ¿Esto querrá decir que el gusto
personal del traductor es más puro que el de Güiraldes? No sé;
prefiero sospechar que es harto más fácil renunciar a vanidades
ajenas que a vanidades propias 3 6 .

En otro escrito, y en un contexto m u y distinto, Borges seña-


ló u n o de los problemas m á s comunes del traductor. A n t e la

3 4
J . L . BORGES, c o n la c o l a b o r a c i ó n de B E T I N A EDELBERG, Leopoldo Lugones
( 1 9 6 5 ) , e n Obras completas en colaboración, 5 a ed., E m e c é , B a r c e l o n a , 1997,
p . 506.
3 5
L a a u t o r í a de la t r a d u c c i ó n es u n tanto confusa. A l i n i c i o de su co-
m e n t a r i o , Borges dice que él y A d e l i n a d e l C a r r i l h a n revisado las pruebas
de i m p r e n t a de esa i n m i n e n t e e d i c i ó n al i n g l é s de Don Segundo Sombra, tra-
bajada, a ñ a d e , p o r W a l d o F r a n k a p a r t i r de u n b o r r a d o r e l a b o r a d o p o r Fe-
d e r i c o de O n í s ; sin e m b a r g o , la ficha b i b l i o g r á f i c a d e l l i b r o (Don Segundo
Sombra, shadows on the Pampas, Farrar & R i n e h a r t , N e w Y o r k , 1935) atribuye
la t r a d u c c i ó n a la esposa de este ú l t i m o , H a r r i e t de O n í s , y s ó l o r e c o n o c e a
F r a n k el p r ó l o g o .
3 6
"Don Segundo Sombra en i n g l é s " , p. 205.
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO .ARTE DE LA TRADUCCIÓN 455

declarada autosatisfacción de 1 .ligones p o r sus traducciones de


H o m e r o , preparadas en versos alejandrinos, Borges comenta:
"Acaso le parecieron buenas p o r q u e en cada palabra s e g u í a
oyendo el texto o r i g i n a l ; tal ilusión es frecuente en los traduc-
tores, y casi inevitable. Esta i l u m i n a c i ó n i n d i r e c t a no alcanza al
lector, que n o ve sino el resultado ú l t i m o del t r a b a j o " 3 7 .
Sospecho que esta i m b o r r a b l e f r o n t e r a entre la versión tra-
ducida y el o r i g i n a l se ahonda c u a n d o q u i e n traduce n o es aje-
n o al texto sino su creador, c o m o s u c e d i ó con Borges en sus
funciones de traductor al inglés de varios libros suyos, labor
que e m p r e n d i ó en c o l a b o r a c i ó n c o n N o r m a n Thomas d i Gio¬
vanni. Sobre los resultados de este trabajo c o n j u n t o , E m i r Ro-
d r í g u e z M o n e g a l emite u n j u i c i o c o n t u n d e n t e :

El conocimiento que Borges tenía del inglés era indiscutible: des-


de su infancia lo había utilizado como un nativo, e incluso mejor
que eso, porque además lo estudió como si se tratara de un idio-
ma extranjero. También era muy amplio su conocimiento de la
literatura inglesa y norteamericana. Pero aun así, eso no le con-
vertía en un escritor en inglés, especialmente si se entiende co-
mo tal alguien capaz de escribir con la libertad, la inventiva, la
sensibilidad para las palabras, que caracterizaban a Borges como
escritor en español. Para decirlo de otra manera, Borges, como tra-
ductor de sus propios textos, pasaba a ser anticuado, artificioso. Su
manejo Victoriano y libresco del idioma inglés suponía una limi-
tación frente al español auténticamente creativo del original 3 8 .

E n cierto sentido, quizá sea parcialmente válida la evalua-


c i ó n global de R o d r í g u e z M o n e g a l sobre esas traducciones al
inglés que recibieron la c o n t r i b u c i ó n del escritor. Por ejemplo,
aunque con una actitud benévola, D i Giovanni señala en cuanto
a la calidad del inglés de Borges: "Aparte de sus características
u n tanto británicas y pasadas de m o d a , que yo afectuosamente
l l a m o eduardianas, y que no son realmente'importantes, a ve-
ces me desconcierta verlo d u d a r sobre si d e b e r í a m o s utilizar
u n a palabra c o m o direction, que él n o puede creer que sea una
palabra del lenguaje o r d i n a r i o " 3 9 . Pero, p o r otra parte, tam-

3 7
J. L . BORGES, c o n la colab. de B. EDELBERG, Leopoldo Lugones, ed. cit.,
p. 490.
38
Borges: una biografía literaria, F.C.E., M é x i c o , 1987, p . 415.
3 9
N O R M A N THOMAS D I G I O V A N N I , " T r a b a j a n d o c o n Borges", e n Asedio a Jor-
ge Luis Borges, ed. J o a q u í n M a r c o , U l t r a m a r , B a r c e l o n a , 1982, p p . 203-204.
456 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

bién pienso que es excesivo pedir que las traducciones al inglés


hechas p o r Borges tengan la misma calidad del o r i g i n a l e n es-
p a ñ o l , pues considero que, independientemente de q u i é n sea
el traductor, resulta imposible que una obra alcance el mismo
grado de creatividad verbal e n dos idiomas distintos. Por ello
no me interesa e m i t i r u n j u i c i o sumario sobre esas traduccio-
nes (para lo cual tampoco estoy capacitado), sino m á s b i e n exa-
m i n a r los comentarios de D i Giovanni sobre el proceso seguido
p o r él y Borges para prepararlas; creo que de esta manera se
p o d r á entender m e j o r cuál es e l concepto de t r a d u c c i ó n cons-
t r u i d o p o r el escritor argentino.
D i Giovanni disfrutó de u n l u j o excepcional para u n traduc-
tor: vivir la extraordinaria experiencia de trasladar j u n t o con
Borges textos de éste del e s p a ñ o l al i n g l é s 4 0 . A l describir el m é -
todo seguido p o r ambos, recuerda que p r i m e r o él preparaba
u n b o r r a d o r que s o m e t í a al j u i c i o de Borges. D e s p u é s , trabaja-
ba a solas con ese b o r r a d o r corregido p o r ambos, para darle
f o r m a final: "Cualquier referencia al texto e s p a ñ o l es general-
mente para c o m p r o b a r el r i t m o o el énfasis. M i o b s e s i ó n ahora
es casi exclusivamente el tono, la tensión o el estilo. M e preocu-
pa p o r encima de todo el j u e g o de tiempo o efectos. Estos n o
son problemas de t r a d u c c i ó n , son problemas de escritura" 4 1 .
Sin duda, esta ú l t i m a frase de Giovanni, donde califica las di-
ficultades surgidas durante esa etapa como problemas de es-
critura y n o de t r a d u c c i ó n , se b e n e f i c i ó de sus d i á l o g o s c o n
Borges, q u i e n e n concordancia con Swinburne le recomenda-
ba que se olvidara del o r i g i n a l y fuera libre.
La última etapa de esas traducciones al a l i m ó n consistía en
la lectura p o r Borges y Giovanni del texto corregido p o r éste:

Para nosotros, el escrito no tiene ya más que una forma. Llegado


este punto nuestro único objetivo es conseguir que el texto se lea

4 0
U n a e x p e r i e n c i a c o n t e m p o r á n e a paralela es la de SUZANNE J I L L LEVINE,
e n especial e n sus t r a d u c c i o n e s a l a l i m ó n c o n el escritor c u b a n o G u i l l e r m o
C a b r e r a I n f a n t e , cuyas versiones e n i n g l é s p u e d e n ser incluso m á s extensas
que e l o r i g i n a l , ya q u e a m b o s buscan soluciones adecuadas p a r a cada caso
p a r t i c u l a r . L e v i n e , q u i e n n o h a t r a d u c i d o a Borges, h a dejado t e s t i m o n i o de
esta fascinante p r á c t i c a e n su l i b r o Escriba subversiva: una poética de la traduc-
ción ( t r a d . R u b é n Gallo, e n colab. c o n l a autora, F.C.E., M é x i c o , 1998), e n e l
cual a b u n d a n las m e n c i o n e s a la c o n c e p c i ó n borgeana de l a t r a d u c c i ó n , q u e
c o i n c i d e casi p u n t u a l m e n t e c o n l a que ella ejerce e n el á m b i t o p r o f e s i o n a l .
4 1
N . T . D I G I O V A N M , " T r a b a j a n d o c o n Borges", p . 202.
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 457

c o m o si h u b i e r a s i d o e s c r i t o e n i n g l é s . H a c e m o s p e q u e ñ o s ajus-
tes, c a m b i a m o s u n a p a l a b r a a q u í y a l l í , a veces m o d i f i c a m o s u n a
frase. D e vez e n c u a n d o B o r g e s a ñ a d e u n a f r a s e o u n t r o z o d e
d i á l o g o o h a c e u n a c o r r e c c i ó n q u e n o se l e o c u r r i ó c u a n d o escri-
b i ó e l o r i g i n a l e s p a ñ o l . P o r l o g e n e r a l t r a d u c i m o s este m a t e r i a l
d e l i n g l é s a l e s p a ñ o l p a r a i n s e r t a r l o e n e l t e x t o o r i g i n a l si a ú n n o
e s t á p u b l i c a d o . Si e l t r a b a j o ya e s t á i m p r e s o , p r o p o r c i o n a m o s a l
e d i t o r u n a lista de c a m b i o s p a r a futuras e d i c i o n e s 4 2 .

De este m o d o , u n o de los sorprendentes resultados colate-


rales de sus traducciones es que p u e d e n eventualmente enri-
quecer los textos originales. E n cuanto a la o r i e n t a c i ó n final
que asumen los cambios i n t r o d u c i d o s en el texto original, ésta
deriva, sin duda, de que Borges y D i G i o v a n n i tienen presente
el skoposde su t r a d u c c i ó n , pues como dice el último: "Hacemos
estos cambios conscientes de que el lector para el que Borges
escribe y aquel para el que traducimos son, p o r supuesto, per-
sonas completamente distintas" 4 3 . Para ejemplificar este proce-
so, D i Giovanni explica con detalle c ó m o p r e p a r a r o n ambos la
t r a d u c c i ó n del relato breve titulado "Pedro Salvadores", que
incluso fue publicado p r i m e r o en inglés; a h í se percibe c ó m o
ambos "coautores" (creo que é s e es el n o m b r e a p r o p i a d o 4 4 ) lo-
g r a r o n superar las dificultades que i m p l i c a b a el o r i g i n a l , cuya
abundancia de alusiones a la historia argentina resultaría difícil
de c o m p r e n d e r para los lectores anglosajones.
Por cierto que el tema del registro dialectal específico en el
que debe codificarse una t r a d u c c i ó n n o recibió gran aten-
ción p o r parte de Borges. Consciente de la diversidad de posi-
bilidades que ofrece el e s p a ñ o l de ambos lados del Atlántico,

42
Loe. cit.
43
Ibid., p. 204.
4 4
L a p á g i n a legal que consigna los derechos de a u t o r de las obras de
BORGES traducidas al i n g l é s p o r él y D i G I O V A N N I (The Aleph and other stories,
1933-1969, D u t t o n , N e w Y o r k , 1970), r e c o n o c e la c o a u t o r í a d e l ú l t i m o , p o r
lo c u a l c u a l q u i e r r e p r o d u c c i ó n p o s t e r i o r q u e se q u i e r a hacer d e l t e x t o , o
c u a l q u i e r m o d i f i c a c i ó n , tiene que c o n t a r c o n su visto b u e n o ; esto resulta
i n u s u a l d e n t r o de las p r á c t i c a s c o m u n e s de las editoriales, ya que el traduc-
tor suele r e c i b i r u n p a g o ú n i c o p o r su l a b o r , p e r o los derechos autorales
son p a t r i m o n i o exclusivo d e l a u t o r , a s í c o m o los de e d i c i ó n p e r t e n e c e n al
i m p r e s o r . E n m á s de u n s e n t i d o esta l a b o r c o n j u n t a es singular, pues, para
c o m p l i c a r las cosas, hay que d e c i r q u e la p á g i n a legal r e c o n o c e derechos de
c o a u t o r í a e n i n g l é s n o s ó l o a D i G i o v a n n i , sino t a m b i é n a A d o l f o Bioy Casa-
res, de cuya p a r t i c i p a c i ó n n o t e n g o noticias exactas.
458 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

p r o p u g n ó p o r el uso de u n a l e n g u a q u e p o d r í a m o s l l a m a r pan-
h i s p á n i c a , o sea, a q u é l l a q u e se p u e d e c o m p r e n d e r en cual-
quier dialecto del español:

Para nosotros la t r a d u c c i ó n al e s p a ñ o l h e c h a e n la A r g e n t i n a tie-


n e l a v e n t a j a d e q u e e s t á h e c h a e n u n e s p a ñ o l q u e es e l n u e s t r o y
n o u n e s p a ñ o l d e E s p a ñ a . P e r o c r e o q u e se c o m e t e u n e r r o r
c u a n d o se i n s i s t e e n las p a l a b r a s v e r n á c u l a s . Y o m i s m o l o h e co-
m e t i d o . C r e o q u e u n i d i o m a d e u n a e x t e n s i ó n t a n vasta c o m o e l
e s p a ñ o l , es u n a v e n t a j a y h a y q u e i n s i s t i r e n l o q u e es u n i v e r s a l y
n o local. H a y u n a t e n d e n c i a e n todas partes, sin e m b a r g o , a acen-
t u a r las d i f e r e n c i a s c u a n d o l o q u e h a b r í a q u e a c e n t u a r s o n las a f i -
nidades. C l a r o q u e c o m o el D i c c i o n a r i o de la A c a d e m i a l o q u e
q u i e r e es p u b l i c a r c a d a a ñ o u n v o l u m e n m á s a b u l t a d o , a c e p t a
u n a cantidad e n o r m e de palabras vernáculas. L a A c a d e m i a A r -
g e n t i n a d e L e t r a s m a n d a e n t o n c e s l a r g a s listas d e , p o r e j e m p l o ,
n o m b r e s de yuyos de C a t a m a r c a p a r a q u e sean aceptadas y a b u l -
ten el D i c c i o n a r i o 4 5 .

Se trata de u n a p o s i c i ó n típica de su madurez c o m o escri-


tor, cuando ha superado la postura de criollismo lingüístico
exacerbado presente en sus textos de la d é c a d a de 1920. Sin
embargo, el contexto d o n d e se presenta esta o p i n i ó n n o deja
de ser falaz y p a r a d ó j i c o . La falacia reside en su a c u s a c i ó n de
que el Diccionario de la Real Academia Española incluye u n a canti-
d a d exorbitante de americanismos, cuando todos sabemos que
sucede lo contrario. L o p a r a d ó j i c o es que al ensalzar esa lengua
ideal que se centre e n las afinidades y olvide las diferencias, él
n o predique con el ejemplo, ya que recurre a una palabra tan
marcadamente regional c o m o "yuyo", identificada e n el DRAE
c o m o p r o p i a de A r g e n t i n a , Chile y Uruguay. E n ú l t i m a instan-
cia, creo que h a b r í a que enfatizar algo que suelen olvidar los
traductores inexpertos: sólo es posible llegar a ese registro ver-
bal " p a n h i s p á n i c o " m e d i a n t e el c o n o c i m i e n t o a m p l i o de los
dialectos que f o r m a n la lengua e s p a ñ o l a ; nadie será consciente
de las particularidades de su dialecto mientras n o perciba que
en otros dialectos se acude a otras palabras.
A u n q u e n o p u e d o analizar a q u í algunas traducciones bor¬
geanas de obras ajenas, m e n c i o n o que en ellas t a m b i é n ejerce
la misma virtualidad creativa, pues suele a ñ a d i r énfasis y crear
omisiones que i m p r i m e n al texto nuevo u n sentido diferente,

« J . L . BORGES, " E l o f i c i o de t r a d u c i r " , p p . 323-324.


NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE I A TRADLJ CCIÓN 459

de acuerdo con u n a intencionalidad y u n uso específicos, es de-


cir a p a r t i r de u n skopos distinto ( u n ejemplo elemental de esto
es la t r a d u c c i ó n de "hat" no con la palabra neutra "sombrero"
sino con la m á s b i e n p o r t e ñ a "chambergo", en la t r a d u c c i ó n
del texto de Max B e e r b o h m que estudio enseguida). La pro-
puesta que ahora deseo hacer va p o r o t r a línea; en efecto, creo
que debe precisarse que se trata, necesariamente, de u n proce-
so con dos vertientes complementarias p e r o diferenciadas:
por un lado, a p a n ir de su concepto de t r a d u c c i ó n recreativa,
Borges i m p r i m e a sus versiones traducidas rasgos estilísticos d i -
ferentes, propios de u n texto nuevo y d i r i g i d o a otras finalida-
des; p o r o t r o , resulta l ó g i c o suponer que el largo comercio con
la práctica translatoria influya en la escritura de Borges. E n este
sentido, m e atrevo a sugerir u n camino para este todavía n o su-
ficientemente explorado tema.
S é m u y bien que el caso que q u i e r o analizar es p o l é m i c o ,
pues aparece en la Antología de la literatura fantástica, compilada
por Borges, Bioy Casares y Silvina O c a m p o e n 1940 y cuyas tra-
ducciones n o están firmadas. Sin embargo, a p a r t i r de ciertos
rasgos estilísticos (entre otros, p o r ejemplo, que la frase del i n -
glés " I daresay I a m the only person w h o n o t i c e d the o m i s i ó n "
[ p . 164] es traducida c o n u n verbo inicial m u y borgeano: "Sos-
pecho que soy la ú n i c a persona que lo n o t ó " | p . 2 4 ] ) , yo deduz-
co que Borges fue el t r a d u c t o r de " E n o c h Soames", de Max
B e e r b o h m 4 6 . Cuando aparece el personaje p r i n c i p a l de este
cuento, es descrito de la siguiente manera: " H e was a stooping,
shambling person. rather tall, very p a l é , vvilh longish a n d brown¬
ish hair. H e l i a d a t h i n vague b e a r d . . . " (p. 166), pasaje que se
traslada c o m o : "Era u n a persona encorvada, vacilante, m á s
bien alta, m u y p á l i d a , de pelo algo largo y negro. T e n í a u n a ra-
la, imprecisa barba..." (p. 26). Poco d e s p u é s se c o m p l e t a esta
imagen c o n u n calificativo específico para el sujeto: " I decided
that « d i m » was the motjuste for h i m " (p. 166), que es t r a d u c i d o
por: " D e c i d í que « i m p r e c i s o » era el mot juste que le correspon-
d í a " (p. 2 6 ) . Hay que n o t a r que si b i e n , de acuerdo c o n el cam-
p o s e m á n t i c o que se use, "vague" puede asumir los sentidos de
"vago", "indistinto", "borroso", "incierto" o "impreciso", mientras

4 6
L a v e r s i ó n e n e s p a ñ o l e s t á e n la citada Antología de la literatura fantásti-
ca ( 1 9 4 0 ) , S u d a m e r i c a n a , Buenos Aires, 1967, p p . 24-54. L a v e r s i ó n o r i g i n a l
e n i n g l é s se r e p r o d u j o e n The incomparable Max. A collection ofwritings ofMax
Beerbohm, D o d d , M e a d a n d Co., N e w Y o r k , 1962, p p . 164-197.
460 RAFAEL OLEA FRANCO NfíFH, X L I X

que " d i m " p o d r í a significar "débil", " t u r b i o " , "oscuro", "som-


b r í o " , " i n d i s t i n t o " o "confuso", el texto en e s p a ñ o l opta en am-
bos casos p o r "impreciso", aunque el adjetivo se refiere
p r i m e r o a la barba del personaje y d e s p u é s a toda su persona.
Más allá de estos datos puntuales, me interesa destacar la se-
mejanza que existe entre la d e s c r i p c i ó n del personaje en el
cuento de B e e r b o h m , tanto en el o r i g i n a l como en su traduc-
c i ó n , y la manera como se describe a H e r b e r t Ashe en el fa-
m o s í s i m o " T l ó n , Uqbar, Orbis Tertius"; en ambos textos, hay
la intención de "desdibujar" al personaje. Si se considera que la
p u b l i c a c i ó n de la Antología de la literatura fantástica es totalmen-
te paralela a la versión o r i g i n a l de " T l ó n , Uqbar, Orbis Tertius"
(Sur, mayo de 1940), se p o d r á concluir que hay u n rico proceso
de doble influencia o " c o n t a m i n a c i ó n " : el texto en inglés de
B e e r b o h m e n s e ñ a al autor argentino una técnica de "desdibu-
j a m i e n t o " de los personajes que a p l i c a r á en sus creaciones i n d i -
viduales, a la vez que la versión en e s p a ñ o l de " E n o c h Soames"
asume la e n t o n a c i ó n y ciertos rasgos verbales de la escritura de
Borges.
Volviendo al testimonio de D i Giovanni, creo que en él se
aprecia que Borges a s u m i ó con verdadera alegría su labor con-
j u n t a ; entre otras razones, tal vez p o r q u e de ese m o d o p u d o
superar frustradas experiencias juveniles, como cuando al reali-
zar su bachillerato en Suiza i n t e n t ó infructuosamente escribir
en otras lenguas: "Compuse sonetos, b i e n mediocres por cierto,
en francés y en inglés. A h o r a , ya n o o s a r í a hacerlo. Tengo u n
sentido de la responsabilidad que n o tenía entonces. Creo que
p u e d o escribir textos tolerables, digamos, o perdonables, en es-
p a ñ o l , pero n o en otra lengua alguna. ¡ C o m e t í la i m p r u d e n c i a
de publicar dos o tres piezas en inglés y estoy a r r e p e n t i d o ! " 4 7
E n cierta medida, las labores relacionadas con la traduc-
c i ó n pueden posibilitar el c u m p l i m i e n t o de u n p r o f u n d o anhe-
lo expresado en la p o e s í a borgeana: apropiarse de la mayor
cantidad de lenguas del m u n d o . E n efecto, Borges, ávido del
manejo de cada u n o de los registros verbales, no d e j ó n u n c a de
s o ñ a r con la u t o p í a de que h u b i e r a u n a lengua que c o m b i n a r a
todas las posibilidades; esto se percibe, p o r ejemplo, en el poe-
ma " A l i d i o m a a l e m á n " , que si b i e n arranca con el enfático y
realista verso " M i destino es la lengua castellana" - d o n d e el au-

4 7
J. L . Borges apud GEORGES CHARBONNIER, op. cit., p. 13.
NRFH, XLIX BORGES Y El. CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 461

tor d e l i m i t a su á m b i t o lingüístico m á s a p r o p i a d o - , al mismo


t i e m p o postula el íntimo deseo de inventarse una herencia ver-
bal g e r m á n i c a :

M i d e s t i n o es l a l e n g u a c a s t e l l a n a ,
el b r o n c e de Francisco de Q u e v e d o ,
p e r o e n la lenta n o c h e c a m i n a d a
m e exaltan otras m ú s i c a s m á s í n t i m a s .
A l g u n a m e fue d a d a p o r la sangre
- o h voz de Shakespeare y de la E s c r i t u r a - ,
o t r a s p o r e l azar, q u e es d a d i v o s o ,
p e r o a t i , d u l c e l e n g u a de A l e m a n i a ,
te h e e l e g i d o y b u s c a d o , s o l i t a r i o 4 8 .

Para subsanar esta deficiencia, se d e d i c ó con a h í n c o al estu-


dio de la lengua y la literatura alemanas; c o m o hemos visto, este
interés se e x t e n d i ó a las traducciones a ese i d i o m a , en particu-
lar las de Las 1001 noches (las versiones de W e i l , H e n n i n g , ( .re-
ve y L i t t m a n n ) , obra sobre la cual, p o r cierto, d i j o con m u c h a
r a z ó n que h a b í a a d q u i r i d o m á s resonancia cultural en el m u n -
d o occidental que en el á r a b e . D e s p u é s de su ya citado rechazo
a la versión de L i t t m a n n , Borges arriesga u n a propuesta que no
d u d o en calificar como maravillosamente alucinante; dice que
en el l i b r o á r a b e hay prodigios que le g u s t a r í a ver repensados
en a l e m á n , y puesto que la cultura g e r m á n i c a posee una fuerte
literatura fantástica, él imagina una t r a d u c c i ó n m u y especial de
Las 1001 noches: "El azar ha j u g a d o a las simetrías, al contraste,
a la d i g r e s i ó n . ¿Qué no haría u n h o m b r e , un Kafka, que organi-
zara y acentuara esos juegos, que los rehiciera s e g ú n la defor-
m a c i ó n alemana, s e g ú n la Umheimlichkeit de A l e m a n i a ? " 4 9 O j a l á

4 8
" A l i d i o m a a l e m á n " , El oro de los tigres, e n Obras completas, ed. c i t , t. 2,
p. 492. Su a n h e l o de p o s e s i ó n n a t u r a l de la l e n g u a inglesa es m u c h o m á s co-
n o c i d o , pues c o m o c o n f e s ó e n 1970 e n su m í t i c o t e x t o a u t o b i o g r á f i c o : "Mis
tardes a h o r a las d e d i c o p o r l o g e n e r a l a u n p r o y e c t o de l a r g o alcance que
he q u e r i d o llevar a cabo desde hace m u c h o : d u r a n t e casi los ú l t i m o s tres
a ñ o s , he t e n i d o la suerte de t e n e r a m i t r a d u c t o r [ N o r m a n T h o m a s d i Gio¬
v a n n i ] a m i l a d o , y j u n t o s estamos sacando u n o s diez o doce v o l ú m e n e s de
m i o b r a e n i n g l é s , u n i d i o m a que soy i n d i g n o de m a n e j a r , un idioma que a
menudo deseo hubiera sido mío por derecho de nacimiento" ( J . L . BORGES, Un ensayo
autobiográfico [escrito o r i g i n a l m e n t e e n i n g l é s e n c o l a b o r a c i ó n c o n N . T. d i
G i o v a n n i ] , p r ó l . v t r a d . A n í b a l G o n z á l e z , e p í l o g o M a r í a K o d a m a , Galaxia
G u t e n b e r g - C í r c u í o de L e c t o r e s - E m e c é , B a r c e l o n a , 1999, p . 97; las cursivas
son m í a s ) .
4 9
"Los t r a d u c t o r e s de las 1001 noches", p . 412.
462 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

alguien se aventurara a construir esa compleja versión kafkiana


de Las 1001 noches.
Si no me equivoco, a la luz de las ideas hasta a q u í analizadas
p o d r í a empezar a entenderse m e j o r u n a d i f u n d i d a a n é c d o t a
de Borges, quien en diversas circunstancias afirmó que h a b í a
l e í d o p r i m e r o el Quijote en inglés y que cuando leyó la versión
o r i g i n a l en e s p a ñ o l , ésta le p a r e c i ó i n f e r i o r a su t r a d u c c i ó n i n -
glesa. Quienes repiten esta a n é c d o t a sin dudar de su veracidad,
se olvidan de la i r o n í a típica del autor, ya que q u i z á éste p u d o
haber querido reelaborar la b r o m a , cierta o falsa, que se le ad-
j u d i c a a Byron, q u i e n d i j o que h a b í a l e í d o a Shakespeare p r i -
m e r o en italiano.
A l margen de esta p r o b a b i l i d a d , hay que recordar que la
novela de Cervantes fue usada p o r Borges en múltiples ocasio-
nes y con muy variados p r o p ó s i t o s , p o r lo que quiero referirme
a u n o que se relaciona con el tema de m i e x p o s i c i ó n . Para ello
r e s u m i r é u n ensayo de 1930 titulado "La supersticiosa ética del
lector", d o n d e el autor hace u n a aguda crítica al peculiar con-
cepto de estilo que para entonces se h a b í a impuesto y a la i m -
portancia que se le asignaba al valorar u n a obra. A h í , Borges
fustiga a quienes e n t i e n d e n p o r estilo las "habilidades aparen-
tes del escritor: sus comparaciones, su acústica, los episodios de
su p u n t u a c i ó n y de su sintaxis", pues "sólo buscan leen ¡querías
que les c o m u n i c a r á n si l o escrito tiene el derecho o n o de agra-
darles" 5 0 . A ñ a d e que d e b i d o a esta creencia, nadie se atrevería
a a d m i t i r la ausencia de "estilo" en los libros que le agradan, so-
bre todo si éstos son antiguos.
Pues bien, con esa lógica de la negatividad tan suya, Borges re-
curre precisamente al Quijote, la obra m á x i m a del canon literario
en lengua e s p a ñ o l a , para d e r r u i r esa "supersticiosa ética del lec-
t o r " que privilegia el estilo. Así. afirma que para explicar la per-
manencia de la novela de Cervantes entre sus lectores, la crítica
e s p a ñ o l a le " i m p u t a " - e l verbo es s u y o - misteriosos valores de es-
tilo: pero s e g ú n su j u i c i o , avalado p o r dos voces autorizadas en la
Argentina de esa é p o c a , Paul Groussac y L e o p o l d o Lugones, bas-
ta con revisar algunos de sus párrafos para concluir que Cervan-
tes no era u n estilista, p o r l o menos en la a c e p c i ó n m o d e r n a del
t é r m i n o , a la cual Borges califica como "acústico-decorativa"; así,
pese al supuesto estilo deficiente del escritor español, denomina-

5 0
J. L . BORGES, "La supersticiosa é t i c a d e l l e c t o r " (1930), e n Discusión,
M . Gleizer E d i t o r , B u e n o s A i r e s , 1932, p. 43.
NRFH, XLIX BORGESY El, CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 463

do incluso despectivamente como "prosa de sobremesa", Borges


concluye que Cervantes es eficacísimo.
Borges va todavía m á s lejos en sus reflexiones, pues dice
que en literatura la p r e t e n d i d a p á g i n a perfecta, que simula ser
invulnerable e indestructible, resulta la m á s precaria de todas,
ya que n i n g u n a de sus palabras puede ser alterada sin causar
u n d a ñ o irremediable al texto. E n cambio, " . . .la p á g i n a que tie-
ne v o c a c i ó n de i n m o r t a l i d a d , puede atravesar el fuego inquisi-
torial de las enemistades, de las erratas, de las versiones
aproximativas, de las distraídas lecturas, de las incomprensio-
nes, sin dejar el alma en la p r u e b a " 5 1 . ¡Qué mayor testimonio
de esto que el i n m o r t a l texto de Cervantes!, concluye exultante
Borges, q u i e n asegura que mientras no se puede variar ningu-
na l í n e a de las "perpetradas" p o r G ó n g o r a , " . . . e l Quijote gana
postumas batallas contra sus traductores y sobrevive a toda ver-
sión. H e i n e , que nunca lo e s c u c h ó en e s p a ñ o l , lo p u d o cele-
brar para s i e m p r e " 5 2 . E n síntesis, para Borges la novela de
Cervantes sobrevive cada vez que se la traduce p o r q u e es m á s
grandiosa que cualquier posible tergiversación de su texto; es
decir en todas las lenguas a las que ha sido vertido, se mantiene
el "encanto esencial" del Quijote, como l o l l a m ó en otra oca-
s i ó n 5 3 . L a t r a d u c c i ó n pues p a r e c e r í a ser la prueba ú l t i m a e i n -
voluntaria a la que debe someterse u n a obra para demostrar su
carácter clásico; a partir de estas reflexiones borgeanas, sería
posible enunciar u n a nueva y sucinta definición de clásico: Clá-
sico es aquel libro que puede ser leído como una gran obra en cualquier
lengua a la que se traduzca.
N o p u e d o dejar de m e n c i o n a r que el ejemplo de Cervantes
fue r e t o m a d o p o r el autor muchos a ñ o s d e s p u é s para construir
u n a i m a g e n d i c o t ó m i c a de la t r a d u c c i ó n poco convincente y
que, en cierta medida, contradice algunas de las ideas hasta
a q u í expuestas, ya que se sugiere que mientras el t r a d u c t o r de
p o e s í a necesita recrear el texto o r i g i n a l , n o sucede lo mismo
con el de prosa:

51
Ibid.,pp. 47-48.
52
Ibid.,p. 48.
5 3
"Juzgado p o r los preceptos de la r e t ó r i c a , n o hay estilo m á s deficiente
q u e e l de Cervantes. A b u n d a e n r e p e t i c i o n e s , e n languideces, e n hiatos, en
errores de c o n s t r u c c i ó n , e n ociosos y perjudiciales e p í t e t o s , e n c a m b i o de
p r o p ó s i t o . A todos ellos los a n u l a o a t e m p e r a c i e r t o e n c a n t o esencial" (J. L .
Borges, " N o t a p r e l i m i n a r " a M . DE CERVANTES, Novelas ejemplares, E m e c é , Bue-
nos A i r e s , 1946, p . 10).
464 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

L a t r a d u c c i ó n d e p o e s í a , e n e l caso d e F i t z g e r a l d o e n e l O r n a r
K h a y y a m , p o r e j e m p l o , es p o s i b l e p o r q u e se p u e d e r e c r e a r l a
obra, t o m a r el texto c o m o p r e t e x t o . O t r a f o r m a de t r a d u c c i ó n
c r e o q u e es i m p o s i b l e . . . L a p r u e b a d e q u e l a p r o s a s í p u e d e t r a -
ducirse está e n el h e c h o de q u e t o d o el m u n d o está de acuerdo
e n q u e e l Quijote es u n a e r a n n o v e l a y , s i n e m b a r r a , c o m o l o h i z o
n o t a r Groussac, los m a y o r e s e l o g i o s h a n sido h e c h o s p o r perso-
nas q u e l e y e r o n esa o b r a t r a d u c i d a . T a m b i é n t o d o s e s t a m o s d e
a c u e r d o e n q u e T o l s t o i y D i c k e n s f u e r o n grandes novelistas y n o
t o d o s s a b e m o s i n g l é s y casi n a d i e sabe r u s o 5 4 .

A l margen de que esta cita borgeana fue emitida en el impre-


ciso contexto oral de u n a encuesta sobre el oficio del traductor,
hay que intentar identificar su sentido concreto. Para ello acudo,
i m i t a n d o el estilo argumentativo de Borges, a u n contraejemplo
que refuta su afirmación de que la prosa sí puede traducirse: pe-
se a su f o r m a prosística, la obra de Joyce resulta "intraducibie",
en cuanto que los juegos verbales del autor irlandés se pierden
al pasar del inglés a otro idioma. Como sabemos, Borges ensayó
traducir la última p á g i n a del Ulises55, en u n ejercicio en el que
recurrió a cambios y omisiones cuyo significado global indica
Waisman: "These kinds o f omissions represent a recontextuali-
zing that makes the fragment f u n c t i o n better as an autonomous
piece, allowing i t to exist o n its o w n , as a (co-)creation o f the
translator's" 5 6 . Luego de su t e m p r a n o i n t e n t o p o r traducir a
Joyce, Borges reforzó su creencia en el carácter " i n t r a d u c i b i e "
de este escritor; así se percibe, p o r ejemplo, en una nota donde
c o m e n t a la v e r s i ó n d e l Ulises preparada p o r Salas Subirats 5 7 :

54
J . L. BORGES, " E l o f i c i o de t r a d u c i r " , p p . 321-322.
5 5
J. L. BORGES, " L a ú l t i m a h o j a de Ulises , Proa, enero de 1925, n ú m . 6, 8-9.
5 6
SERGIO GABRIEL W A I S M A N , "Borges reads Joyce. T h e r o l e o f t r a n s l a t i o n
i n t h e c r e a t i o n o f texts", Variaciones Borges, 2000, n ú m . 9, p. 66. A l analizar la
t r a d u c c i ó n de Borges, W a i s m a n acude, e n t r e otros textos, al ensayo "Frag-
m e n t o sobre Joyce" (Sur, 1941), q u e e n su p r i m e r a parte c o n t i e n e u n a ver-
s i ó n abreviada de l o que d e s p u é s s e r í a "Funes el m e m o r i o s o " ; el c r í t i c o
p l a n t e a la interesante h i p ó t e s i s de que m e d i a n t e este c u e n t o , cuyo persona-
j e poseedor de u n a m e m o r i a absoluta es el l e c t o r i d e a l de Joyce, Borges res-
p o n d e , de f o r m a s i n t é t i c a , a la m i s m a i n q u i e t u d l i t e r a r i a q u e sustenta la
o b r a d e l i r l a n d é s : c ó m o c a p t u r a r cada m o m e n t o , e m o c i ó n y p e n s a m i e n t o
de u n d í a .
5 7
JORGE SCHWARTZ ("Borges y la p r i m e r a h o j a de Ulysses", Revlb, 1 0 0 / 1 0 1 ,
1977, 721-728) c o m p a r a de f o r m a breve p e r o m u y sugerente las versiones
de Borges y de Salas Subirats, luego de lo cual reproduce el texto e n e s p a ñ o l de
la ú l t i m a p á g i n a de Joyce p u b l i c a d o p o r el p r i m e r o e n la revista Proa.
NRFH, X L I X BORGES Y EL C M U Z A D O ARTE DE LA TRADUCCIÓN 465

" A p r i o r i , u n a v e r s i ó n cabal d e l Ulises m e parece i m p o -


sible"5».
E n suma, conjeturo que al enunciar la ineficiente dicoto-
m í a entre t r a d u c c i ó n de p o e s í a y t r a d u c c i ó n de prosa, Borges
estaba pensando m á s b i e n en el particular m o d o de escritura
usado p o r cada texto; p o r ello recuerdo ahora su recelo absolu-
to contra la literatura que cifra casi todo su prestigio en la cons-
trucción de juegos verbales extremos, postura que le i m p i d i ó
aceptar sin reservas la obra de G ó n g o r a : "Los idiomas del hom-
bre son tradiciones que e n t r a ñ a n algo de fatal. Los experi-
mentos individuales son, de hecho, m í n i m o s , salvo cuando el
innovador se resigna a labrar u n e s p é c i m e n de museo, u n jue-
go destinado a la discusión de los historiadores de la literatura
o al m e r o e s c á n d a l o , como el Finnegans Wake o las Soledades"™.
E n el verbo "resignar" percibo las prevenciones de Borges con-
tra esos experimentos verbales que, pese al e n o r m e esfuerzo de
c r e a c i ó n que i m p l i c a r o n , n o o b t i e n e n u n a amplia respuesta
de lectura; de hecho, en ambos casos se trata de obras "intradu-
cibies" (o que p o r lo menos p i e r d e n sus excelsos recursos ver-
bales en el i n t e n t o de trasladarlas de una lengua a otra); pienso
que, en última instancia, la c o n c e p c i ó n que expresa sus inclina-
ciones m á s profundas es que cualquier t r a d u c c i ó n , trátese de
p o e s í a o prosa, parte siempre de u n a r e e l a b o r a c i ó n del texto
en d o n d e las capacidades inventivas del traductor se p o n e n a
prueba.
Asimismo, a d e m á s de expresar su firme convicción sobre la
noble tarea del traductor, la postura general de Borges se pue-
de i n t e r p r e t a r c o m o una respuesta indirecta a J o s é Ortega y
Gasset, q u i e n , d e n t r o del mismo campo c u l t u r a l , e m i t i ó opi-
niones m u y distintas que Borges n o p u d o dejar de conocer. En
efecto, entre mayo y j u n i o de 1937, el ensayista e s p a ñ o l p u b l i c ó
en La Nación una serie de artículos en f o r m a de d i á l o g o bajo el
título general de "Miseria y esplendor de la t r a d u c c i ó n " , donde
luego de preguntarse si traducir n o es u n afán u t ó p i c o sin re-

J . L . BORGES, " N o t a sobre el Ulises e n e s p a ñ o l " , Los Anales de Buenos


5 8

Aires, e n e r o de 1946, n ú m . 1, p . 49. D e l m i s m o m o d o , en o t r o l u g a r afirma,


respecto de Ulises y Finnegans Wake. "Los l i b r o s que h e m o s e n u m e r a d o son
i n t r a d u c i b i e s " ( j . L . BORGES, c o n la c o l a b . de M A R Í A ESTHER VÁZQUEZ, Introduc-
ción a la literatura inglesa, e n Obras completas en colaboración, E m e c é , Barcelo-
na, 1995, p . 8 5 4 ) .
5 9
" P r ó l o g o " a El otro, el mismo, e n Obras completas, ed. cit., t. 2, p. 235.
466 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

medio, califica esa labor c o m o una "modesta o c u p a c i ó n " y dice


que "en el o r d e n intelectual n o cabe faena m á s h u m i l d e " 6 0 ; el
contraste que él establece entre la escritura original y su traduc-
c i ó n no p o d r í a ser m á s c o n t u n d e n t e :

Escribir b i e n consiste e n h a c e r c o n t i n u a m e n t e p e q u e ñ a s erosiones


a la g r a m á t i c a , al uso establecido, a la n o r m a vigente de la lengua.
Es u n a c t o d e r e b e l d í a p e r m a n e n t e c o n t r a e l c o n t o r n o s o c i a l , u n a
subversión. Escribir b i e n i m p l i c a cierto radical denuedo. A h o r a
b i e n ; e l t r a d u c t o r s u e l e ser u n p e r s o n a j e a p o c a d o . P o r t i m i d e z h a
e s c o g i d o t a l o c u p a c i ó n , l a m í n i m a . Se e n c u e n t r a a n t e e l e n o r m e
a p a r a t o p o l i c í a c o q u e s o n l a g r a m á t i c a y e l uso m o s t r e n c o . ¿ Q u é h a -
r á c o n e l t e x t o r e b e l d e ? ¿ N o es p e d i r l e d e m a s i a d o q u e l o sea él t a m -
b i é n y p o r c u e n t a ajena? V e n c e r á e n é l l a p u s i l a n i m i d a d y e n vez d e
c o n t r a v e n i r los b a n d o s g r a m a t i c a l e s h a r á t o d o l o c o n t r a r i o : m e t e -
r á al e s c r i t o r t r a d u c i d o e n l a p r i s i ó n d e l l e n g u a j e n o r m a l , es d e c i r ,
q u e l e t r a i c i o n a r á . Traduttore, tradüore^.

El tenue "esplendor" al que alude su título se refiere casi ex-


clusivamente a la f u n c i ó n p r a g m á t i c a de las traducciones, a las
cuales sólo de manera excepcional reconoce Ortega u n valor
estético (posibilidad latente cuando el autor traducido es con-
t e m p o r á n e o del t r a d u c t o r ) . E n fin, sin d u d a la postura de Or-
tega y Gasset es diametralmente opuesta a la asumida p o r el
escritor argentino, lo cual c o m p r u e b a una vez m á s la nula con-
fluencia entre ellos 6 2 .

6 0
JOSÉ ORTEGA y GASSET, " M i s e r i a y e s p l e n d o r de la t r a d u c c i ó n " , en Obras
completas, Alianza-Revista de O c c i d e n t e , M a d r i d , 1983, t. 5, p p . 434.
61
Loe. cit.
6 2
N u n c a fue u n secreto la falta de s i m p a t í a b o r g e a n a p o r Ortega, aspec-
to que se p e r c i b e , e n t r e otros e l e m e n t o s , e n el s e u d ó n i m o de O r t e l l i y Gas-
set c o n el que él y su a m i g o Carlos M a s t r o n a r d i firman " A u n m e r i d i a n o
e n c o n t r a o e n u n a fiambrera" {Martín Fierro, 10 de j u n i o de 1927, n ú m . 4 2 ) ,
d o n d e para rechazar b u r l o n a m e n t e el p o l é m i c o e d i t o r i a l de la Gaceta Litera-
ria de M a d r i d que a f i r m a b a que la capital e s p a ñ o l a d e b í a ser el m e r i d i a n o
c u l t u r a l de A m é r i c a , ellos c o n s t r u y e n u n t e x t o i r ó n i c o e n l u n f a r d o que re-
sulta i n c o m p r e n s i b l e fuera de ese á m b i t o c u l t u r a l y l i n g ü í s t i c o , ya que, e n
palabras de M a s t r o n a r d i : "Para subrayar diferencias, [Borees v v o l r e c u r r i -
mos al m á s espeso y o s c u r o v o c a b u l a r i o l u n f a r d o " (C. MASTRONARDI, Memo-
rias de un provinciano, Eds. Culturales A r g e n t i n a s , Buenos Aires, 1967,
D . 197). N I C O I Á S H E L F T ( Toree Luis Bornes: bibliografía total, F.C.E., B u e n o s
A i r e s , 1997, p . 283) acude a este t e s t i m o n i o p a r a a v a l a r la c o a u t o r í a de Bor¬
ees y M a s t r o n a r d i respecto de esta n o t a a u n q u e l o s é Luis T r e n t i R o c a m o r a
a d j u d i c a el s e u d ó n i m o a L e o p o l d o M a r e c h a l , c o n base e n u n a d e c l a r a c i ó n
de é s t e aparecida e n el ú l t i m o n ú m e r o de Martín Fierro y d i r i g i d a a los " c o m -
NRFH, X L I X BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE I A TRADUCCIÓN 467

Supongo que a partir de lo expuesto, p o d r á entenderse me-


j o r una frase de Borges que en p r i m e r a instancia parece una
mera boutade. "El original es infiel a la t r a d u c c i ó n " 6 3 ; m á s que de
i n f i d e l i d a d en sí, la frase alude al hecho potencial de que una
t r a d u c c i ó n supere literariamente a su referente, pues el grado
de c r e a c i ó n verbal al que puede llegar n o tiene límite; a eso es
a lo que él llama " i n f i d e l i d a d creadora" en el siguiente pasaje
sobre Mardrus, q u i e n forma, j u n t o con Galland y B u r t o n , la tri-
l o g í a de sus traductores favoritos de Las 1001 noches:

En general, cabe decir que Mardrus no traduce las palabras sino


las representaciones del libro: libertad negada a los traductores,
pero tolerada en los dibujantes... Sólo me consta que la "traduc-
ción" de Mardrus es la más legible de todas - d e s p u é s de la
incomparable de Burton, que tampoco es veraz... Celebrar la
fidelidad de Mardrus es omitir el alma de Mardrus, es no aludir
siquiera a Mardrus. Su infidelidad, su infidelidad creadora y feliz,
es lo que nos debe importar 6 4 .

p a ñ e r o s " de la Gaceta Literaria: " N a d i e t o m ó e n serio vuestro m e r i d i a n o y las


contestaciones joco-serio-despectivas de Martín Fierro son u n a b u e n a p r u e b a
de l o que digo; inventamos a l e g r e m e n t e ese personaje absurdo que se l l a m a
O r t e l l i Gassety que t a n t o estrago c a u s ó e n vuestras filas" ( L . M a r e c h a l apud
J. L . T R E N T I , índice general y estudio de la revista "Martín Fierro " [1924-1927], So-
c i e d a d de Estudios B i b l i o g r á f i c o s A r g e n t i n o s , B u e n o s Aires, 1 9 9 6 , p . 4 3 ) ; el
p l u r a l e n p r i m e r a p e r s o n a usado p o r M a r e c h a l n o m e parece u n a p r u e b a
c o n v i n c e n t e p a r a a d j u d i c a r l e la a u t o r í a i n d i v i d u a l d e l texto; e n este p u n t o ,
c o i n c i d o c o n GARLOS GARCÍA: " E l m á s s u p e r f l u o de los errores de T r e n t i es el
que atribuye a L e o p o l d o M a r e c h a l la a u t o r í a de u n t e x t o s a t í r i c o firmado
« O r t e l l i y G a s s e t » . T r e n t i basa su e r r ó n e o aserto e n u n g i r o de M a r e c h a l '
« I n v e n t a m o s a l e g r e m e n t e ese personaje a b s u r d o que se l l a m a O r t e l l i y Gas-
s e t » . Pero M a r e c h a l n o refiere ese « i n v e n t a m o s » a sí m i s m o , sino, en sentido
figurado a « n o s o t r o s los m a r t i n f i e r r i s t a s » " (El joven Bornes voeta 11919¬
1930] C o r r e g i d o r B u e n o s Aires 2 0 0 0 p 1 9 9 ) M á s a l l á de esto es i n d u d a -
ble que Borges n u n c a o c u l t ó su a n t i p a t í a p o r O r t e g a y Gasset s e g ú n se
aprecia e n esta c o n f e s i ó n - " [ O r t e g a y Gasset] N o m e c a u s ó n i n g u n a i m p r e -
s i ó n ; h a b l é c o n él u n a sola vez, diez o q u i n c e m i n u t o s , y creo que nos aburrí-
mos m u t u a m e n t e . Yo le h a b l é de Cansinos Assens y éí, p o r c o r t e s í a , p a r a n o
d e c i r m e nue n o le mistaba m e d i i o nue n o lo h a b í a l e í d o n n n r a v esa fue to¬
da la c o n v e r s a c i ó n A d e m á s l o c o n o c í e n l o de V i c t o r i a O c a m p o que t e n í a
u n m o d o de i m p o n e r a sus amigos que los h a c í a desagradables" ( I L Bor-
ges apud M A H Í A ESTHER VÁZOUFZ Borres sus días v m tiempo lavier V e r g a r a
Buenos Aires, 1 9 9 9 , p. 1 2 7 ; L " '
6 3
"Sobre el Vathek de W i l l i a m B e c k f o r d " , Otras inquisiciones, e n Obras
completas, ed. cit., t. 2 , p. 1 0 9 .
6 4
"Los t r a d u c t o r e s de las 1001 noches', p p . 4 0 9 - 4 1 0 . A l final de su co-
m e n t a r i o , BORGES h a a f i n a d o la e x p r e s i ó n paralela que h a b í a usado e n " E l
468 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, X L I X

De este m o d o , no sólo se supera el criterio de " f i d e l i d a d "


c o n el que suele juzgarse a las traducciones, sino que incluso se
asignan a ésta valores negativos: entre m á s " f i e l " sea una traduc-
ción, p o s e e r á menos cualidades creativas; en síntesis, d e n t r o
del proceso de t r a d u c c i ó n , los verdaderos actos creativos s ó l o
p u e d e n ejercerse a partir de u n fecundo sentido de traición al
original. Desde esta perspectiva, en cuanto meros objetos ver-
bales, no hay diferencias sustanciales entre u n original y su tra-
d u c c i ó n , aunque, como s e ñ a l a Borges en u n ensayo de la
d é c a d a de 1960, el lector siempre está prejuiciado por el presti-
gio inherente a la obra o r i g i n a l :

Es d e c i r , l a d i f e r e n c i a e n t r e u n a t r a d u c c i ó n y e l o r i g i n a l n o es
u n a d i f e r e n c i a e n t r e los t e x t o s m i s m o s . S u p o n g o q u e si n o s u p i é -
r a m o s c u á l es e l o r i g i n a l y c u á l l a t r a d u c c i ó n , los p o d r í a m o s j u z -
g a r c o n i m p a r c i a l i d a d . P e r o , d e s g r a c i a d a m e n t e , n o p u e d e ser a s í .
Y, e n c o n s e c u e n c i a , e l t r a b a j o d e l t r a d u c t o r s i e m p r e l o s u p o n e m o s
i n f e r i o r - o , l o q u e es p e o r , l o sentimos i n f e r i o r - a u n q u e , v e r b a l -
m e n t e , l a t r a d u c c i ó n p u e d e ser t a n b u e n a c o m o e l t e x t o 6 5 .

A h í mismo, luego de recordar que en la Edad Media la tra-


d u c c i ó n era considerada c o m o un proceso recreativo motivado
p o r la lectura de una obra, el escritor comenta que. a su pare-
cer, la t r a d u c c i ó n de Les fleurs du mal al a l e m á n (Blumen des Ba-
se), supera el o r i g i n a l de Baudelaire, pues si b i e n éste es u n
poeta superior a Stefan George, c o m o traductor George fue
u n artesano m u c h o m á s hábil; n o obstante este arriesgado co-
m e n t a r i o , finalmente acepta: "Pero esto, evidentemente, n o le
vale a Stefan George, pues las personas interesadas en Baude-
laire - y a m í Baudelaire me ha interesado m u c h o - entienden

p u n t u a l M a r d r u s " , Revista Multicolor de los Sábados, 3 de febrero de 1934, p . 8:


" A l a b a r la p r e c i s i ó n de M a r d r u s es o m i t i r el a l m a de M a r d r u s , es n o a l u d i r
s i q u i e r a a M a r d r u s . Su i m p r e c i s i ó n , su j u b i l o s a i m p r e c i s i ó n creadora, es l o
q u e nos debe i m p o r t a r " ; el t í t u l o de ese ensayo r e m i t í a al generalizado j u i -
c i o p r e v i o que h a b í a alabado la " p u n t u a l i d a d " de M a r d r u s , sobre t o d o p o r
h a b e r r e s t i t u i d o a Las 1001 noches pasajes e l i m i n a d o s e n las traducciones an-
teriores.
6 5
"La m ú s i c a de las palabras y la t r a d u c c i ó n " , e n Arte poética, t r a d . j u s t o
N a v a r r o , p r ó l . Pere G i m f e r r e r , ed., notas y e p í l o g o C a l i n - A n d r e i M i h a i l e s c u ,
C r í t i c a , Barcelona, 2000, p. 83; e n p r i n c i p i o , este texto fue u n a c o n f e r e n c i a
p r o n u n c i a d a e n i n g l é s a fines de la d é c a d a de 1960 e n H a r v a r d University.
NRFH, XLIX BORGES Y El, CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 469

que las palabras proceden de Baudelaire" 6 6 ; creo que, implíci-


tamente, estas líneas marcan una diferencia entre las concep-
ciones de Borges y de Vermeer: mientras éste considera que el
traductor requiere siempre mayores capacidades verbales que
q u i e n crea libremente, a q u é l implica que el traductor recibe el
impulso d e l texto o r i g i n a l (es decir el apoyo de las palabras
de o t r o ) .
E n cuanto a las "infidelidades" inherentes a la traducción, es
obvio que no todas i m p l i c a n u n acto creativo. Quizá una anéc-
dota que, a d e m á s del apellido c o m ú n , liga a Borges y a Juan
Carlos O n e t t i Borges (escritor extraordinario que fue t a m b i é n
traductor casi profesional durante varias etapas de su vida) sir-
va para i l u m i n a r este aspecto. O n e t t i dice haberse dedicado
una é p o c a a "rastrear algunas de las infamias que se h a b í a n
hecho al traducir obras del genial n o r t e a m e r i c a n o " 6 7 , como él
califica a Faulkner, a q u i e n profesaba u n a p r o f u n d a venera-
ción. A l final de su nota, el escritor uruguayo menciona la fa-
m o s í s i m a t r a d u c c i ó n de Borges de Las palmeras salvaje*?8, pero
lo hace de f o r m a sesgada, pues en lugar de hablar de la versión
borgeana completa, es decir de evaluarla en su t o t a l i d a d 6 9 , de-

66
Ibid., p . 93.
67 " I n c u r s i o n e s e n F a u l k n e r " , e n Confesiones de un lector, Alfaguara, Ma-
d r i d , 1995, p . 349.
6 8
W I L L I A M FAULKNER, Las palmeras salvajes, t r a d . J o r g e Luis Borges, Suda-
m e r i c a n a , B u e n o s Aires, 1940. Quizá d e b i d o a u n e r r o r t i p o g r á f i c o , l a m u y
útil b i b l i o g r a f í a d e N i c o l á s H e l f t {Jorge Luis Borges: bibliografía completa) esta-
blece 1944 c o m o fecha de esta t r a d u c c i ó n , la cual tuvo u n é x i t o e n o r m e ; así,
para 1956 llevaba ya cuatro reimpresiones, en parte p o r q u e fue el m e d i o pa-
ra que el escritor estadounidense, de q u i e n L i n o N o v á s Calvo h a b í a traduci-
d o Sanctuary (Espasa-Calpe, M a d r i d , 1934), fuera d i f u n d i d o t a n t o e n
H i s p a n o a m é r i c a c o m o e n E s p a ñ a : "Esta v e r s i ó n se l e e r á m u c h o e n E s p a ñ a ,
a s í c o m o e l resto de las t r a d u c c i o n e s realizadas e n A r g e n t i n a d u r a n t e el de-
c e n i o de los a ñ o s cuarenta. H i s p a n o a m é r i c a se c o n v e r t i r á , a s í pues, e n man-
t e n e d o r a d e l a c o m u n i c a c i ó n c o n F a u l k n e r p a r a los enclaustrados
e s p a ñ o l e s d e l a p o s g u e r r a " ( M A R Í A E L E N A B R A V O , Faulkner en España. Perspecti-
vas de la narrativa de posguerra, P e n í n s u l a , B a r c e l o n a , 1985, p . 2 4 ) . E n su do-
c u m e n t a d o l i b r o Aproximación a una historia de la traducción en España
( C á t e d r a , M a d r i d , 2 0 0 0 ) , J O S É FRANCISCO RLTZ CASANOVA e n l i s t a la n a d a delez-
n a b l e presencia de Borges t r a d u c t o r e n E s p a ñ a a l o l a r g o d e l siglo xx. E n
c u a n t o a l a i n f l u e n c i a d e este escritor en H i s p a n o a m é r i c a ! v é a s e TANYA T . FA-
YEN, In search ofthe Latín American Faulkner U n i v e r s i t v Press o f A m e r i c a Lan-
ham,1995.
6 9
H a y dos trabajos breves que c o m p a r a n la t r a d u c c i ó n de Borges c o n e l
o r i g i n a l e n i n g l é s : M A R Í A ELENA BRAVO, "Borges t r a d u c t o r : e l caso de The wild
470 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, X L I X

cicle centrarse en u n m i n ú s c u l o mas significativo detalle de la


ú l t i m a frase:

Y para terminar por ahora, recuerdo que en la traducción firma-


da por Borges de Palmeras salvajes, en la parte llamada El viejo, se
dice al final que el penado alto, luego de escuchar las peripecias
que el Mississippi le impuso a su compañero de prisión, resumió
su opinión en una sola palabra: mujeres.
Muchas veces, cuando me cuentan alguno de esos pequeños
disturbios aldeanos por una dulce señora o señorita, me he limi-
tado a comentar la anécdota o chisme repitiendo: "Mujeres, dijo
el penado alto".
Pero hoy, al documentarme muy severamente para escribir
este artículo, descubro que la totalidad del comentario del pena-
do alto fue:
-Womenshit.
Con perdón de Borges 7 0 .

Por m i parte, yo diría, con p e r d ó n de O n e t t i , que al sumar


la versión traducida o "firmada" p o r Borges a la lista de las infa-
mias cometidas contra Faulkner, el escritor uruguayo no es del
todo justo. E n efecto, aunque él presume de b i e n documenta-
do, sus referencias bibliográficas n o son precisas, pues la edi-
c i ó n original de The wild palms, de 1939, en la que se b a s ó la
versión británica de la que tradujo Borges 7 1 , n o contiene com-

palms, de W i l l i a m F a u l k n e r " , ínsula, 1985, n ú m . 462, 11-12, y m á s reciente-


m e n t e M A R I A N B. LABRUM, "Las palmeras salvajes e n t r a d u c c i ó n de J o r g e L u i s
Borges: crítica y e v a l u a c i ó n " , Livius. Revista de Estudios de Traducción ( L e ó n ) ,
1998, n ú m . 12, 85-93.
7 0
J. C. O N E T T I , op. cit., p p . 352-353.
7 1
M e d i a n t e el a u x i l i o de m o d e r n o s recursos e l e c t r ó n i c o s , M . B. L A B R U M
c o m p r u e b a que la t r a d u c c i ó n de Borges n o se b a s ó e n el texto o r i g i n a l de
F a u l k n e r p u b l i c a d o e n Estados U n i d o s ( R a n d o m H o u s e , N e w Y o r k , 1939)
sino e n su m o d i f i c a d a e d i c i ó n b r i t á n i c a ( C h a t i o a n d W i n d u s , L o n d o n ,
1 9 3 9 ) : " E l uso de u n o r d e n a d o r p a r a hacer la c o m p a r a c i ó n del texto esta-
d o u n i d e n s e c o n el texto b r i t á n i c o , p e r m i t i ó d e t e r m i n a r , de m a n e r a m á s sis-
t e m á t i c a y conclusiva, que el texto f u e n t e que Borges utilizó para t r a d u c i r al
e s p a ñ o l era significativamente d i f e r e n t e de la novela o r i g i n a l escrita p o r
W i l l i a m F a u l k n e r " (oP. al, p. 8 8 ) . A h o r a b i e n , l u e g o de analizar los " e r r o -
res" y " o m i s i o n e s " de la t r a d u c c i ó n b o r g e a n a , L a b r u m llega a u n tajante j u i -
cio: " L a t r a d u c c i ó n de Borges n o es c o m p l e t a n i precisa, c o m o tiene f a m a
de ser" (p. 9 2 ) ; c o m e t e a s í la i n j u s t i c i a de a p l i c a r a la v e r s i ó n t r a d u c i d a u n
c r i t e r i o de " f i d e l i d a d " que de n i n g ú n m o d o era el seguido p o r el escritor ar-
g e n t i n o M á s e q u i l i b r a d o y c o m p r e h e n s i v o de las intenciones translatorias
de Borges me parece este c o m e n t a r i o : " A h o r a b i e n , el Borges c r e a d o r de u n
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE L A TRADUCCIÓN 471

pleta la frase " W o m e n shit"; esta última palabra ha sido sustitui-


da, pudorosamente, p o r u n g u i ó n largo y la " t " final. I g n o r o si
el recato verbal p r o v i n o en sus o r í g e n e s de Faulkner (hipótesis
poco probable) o de a l g ú n editor quisquilloso, pero lo cierto es
que si b i e n Borges e l i m i n ó completa la supuesta mala palabra,
n o puede a d j u d i c á r s e l e la responsabilidad plena. T a n movedi-
zas son las arenas de este campo que incluso algunas ediciones
posteriores e n inglés e l i m i n a r o n totalmente la supuesta pala-
bra indecorosa^.
A h o r a b i e n , en su sentido positivo, creo que resulta conve-
niente preguntarse cuáles son para Borges los límites de esa
" i n f i d e l i d a d creadora y feliz" que es en esencia la t r a d u c c i ó n .
Para ubicar la respuesta a este interrogante, hay que realizar
p r i m e r o u n a necesaria pero breve d i g r e s i ó n sobre algunas
características generales de su escritura. C o m o sabemos, la tra-
dicional división p o r g é n e r o s (cuento, p o e s í a y ensayo) n o re-
sulta de n i n g ú n m o d o funcional en la obra de Borges. Así, la
mezcla de procedimientos pertenecientes a u n o u o t r o g é n e r o
i m p i d e a sus lectores memorizar con exactitud d ó n d e se en-
cuentra tal o cual pasaje; p o r ejemplo, una reflexión sobre las
limitaciones de la lengua como i n s t r u m e n t o de r e p r e s e n t a c i ó n
n o siempre aparece e n u n ensayo, sino t a m b i é n e n u n texto
con elementos narrativos, como sucede en "Funes el m e m o r i o -
so". Asimismo, quizá los receptores n o nos hemos percatado de
que aleo semejante sucede con los temas de sus escritos pues
c o n frecuencia el título de u n texto no remite directamente a
su contenido.
T r a i g o a c o l a c i ó n estos rasgos atípicos de la literatura de
Borges p o r q u e e l pasaje d o n d e él expresa de f o r m a implícita

estilo e x t r a o r d i n a r i o n o debe hacernos olvidar al Borges t r a d u c t o r profesio-


n a l , y é s t e , n o p o d í a ser de o t r o m o d o , c o m e t e errores que, a pesar de sus
críticas a l a « l i t e r a l i d a d » y al excesivo uso d e l d i c c i o n a r i o , se d e b e n a l o
p r i m e r o p o r falta de l o segundo. N o es nuestra i n t e n c i ó n r e s e ñ a r l o s , sino
i n d i c a r que, a pesar d e ellos, sus versiones se l e e n c o m o si f u e r a n excepcio-
n a l e s " ( A N A GARGATAGLI y J U A N GABRIEL L Ó P E Z G U I X , " F i c c i o n e s v t e o r í a s e n l a
t r a d u c c i ó n : J o r g e Luis Borges", Lwius. Revista deEstudios de Traducción, 1 9 9 2 ,
n ú m . 1 , p. 6 4 ) . E n Tome Luis Bornes y la traducción (tesis d o c t o r a l , U n i v e r s i d a d
A u t ó n o m a d e B a r c e l o n a , 1 9 9 4 ) A. GARGATAGLI desarrolla, e n l í n e a s genera¬
les, las ideas que h a b í a a p u n t a d o e n este p r i m e r a r t í c u l o e n c o a u t o r í a .
7 2
P o r e j e m p l o , l a e d i c i ó n de 1 9 8 4 p u b l i c a d a p o r R a n d o m H o u s e e n
N u e v a Y o r k s i m p l e m e n t e t e r m i n a : " « W o m e n - ! » the tall convict said", lo cual
d e m u e s t r a que t a m b i é n e n l a l e n g u a o r i g i n a l se h a p r o d u c i d o l a e l i m i n a -
c i ó n que O n e t t i a t r i b u y e a Borges.
472 RAFAEL OLEA FRANCO NRFH, XLIX

hasta q u é maravillosos y dilatados límites puede llegar la tra-


d u c c i ó n , se encuentra en u n ensayo cuyo título no anuncia este
tema: "De las alegorías a las novelas". E n este texto Borges apli-
ca una de las lecciones derivadas de " E l p u d o r de la historia",
d o n d e critica con i r o n í a la necia actitud de la h u m a n i d a d p o r
buscar fechas simbólicas que m a r q u e n los hitos de la historia;
en lugar de esas cumbres excelsas de acontecimientos militares
o sociales con que suele definirse e l r u m b o de la historia, él
p r o p o n e algo m á s sutil: "...yo he sospechado que la historia,
la verdadera historia, es m á s pudorosa y que sus fechas esencia-
les pueden ser, asimismo, durante largo tiempo, secretas" 7 3 .
Pues bien, con el objeto de desvelar una de esas fechas secretas,
en este caso de la sutil historia literaria, en "De las alegorías a
las novelas" Borges intenta identificar c u á n d o nace el g é n e r o
novela:

El pasaje de alegoría a novela, de especies a individuos, de rea-


lismo a nominalismo, requirió algunos siglos, pero me atrevo a
sugerir una fecha ideal. Aquel día de 1382 en que Geoffrey Chau¬
cer, que tal vez no se creía nominalista, quiso traducir al inglés el
verso de Boccacio "E con gli occulti ferri i Tradimenti" (Y con
hierros ocultos las Traiciones), y lo repitió de este modo: "The
smyler with the knyf under the cloke" (El que sonríe, con el cu-
chillo b a j ó l a capa) 7 4 .

Antes de comentar este p á r r a f o , quiero señalar que la frase


final, "The smiler w i t h the knife u n d e r the cloak", fue retoma-
da p o r J u l i o C o r t á z a r c o m o título de u n o de los textos de La
vuelta al día en ochenta mundos, d o n d e dice que en 1956, duran-
te una estancia en la I n d i a , se a c o r d ó : " . . .de unas clases de lite-
ratura inglesa allá p o r la calle Charcas, e n las que él [Borges]
nos h a b í a mostrado c ó m o e l verso de Geoffrey Chaucer era
exactamente la m e t á f o r a criolla de «venirse con el cuchillo aba-
j o ' e l p o n c h o » , y me g a n ó u n a t e r n u r a i d i o t a " 7 5 . Cito a q u í esta

7 3
" E l p u d o r de l a historia", Otras inquisiciones, e n Obras completas, ed. cit.,
t. 2 , p . 132.
7 4
"De las a l e g o r í a s a las novelas", Otras inquisiciones, e n Obras completas,
e d . cit., t. 2, p . 124. N a t u r a l m e n t e , Borges escribe l a ú l t i m a palabra c o n l a
g r a f í a " c l o k e " d e l i n g l é s a n t i g u o , q u e se e n c u e n t r a e n los diccionarios actua-
les c o m o "cloak".
7 5
" T h e s m i l e r w i t h the k n i f e u n d e r the cloak", La vuelta al día en ochenta
mundos, Siglo X X I , M é x i c o , 1967, p . 4 1 .
NRFH, XLIX BORGES Y EL CIVILIZADO ARTE DE LA TRADUCCIÓN 473

dulce a n é c d o t a cortazariana, en la que Borges asimila a Chau¬


cer a l o c r i o l l o , porque creo que es s i n t o m á t i c a de esa perma-
nente i n t e n c i ó n suya de traducir todo n o s ó l o lingüística sino
culturalmente (aunque h a b r í a que pensar t a m b i é n en que la
frase alude a u n acto de traición que parece i m p r o p i o de la m i -
t o l o g í a de cuchilleros criollos elaborada p o r Borges, q u i e n sos-
t e n í a que las muertes se c o m e t í a n siempre de frente, en el
disfrute pleno del valor y del coraje).
E n fin, volviendo a la cita de Borges, l o esencial es que él
sostiene que al trasladar la frase de Boccaccio del italiano al
inglés, Chaucer, en u n acto de c r e a c i ó n extrema, p a s ó de l o ge-
neral a l o particular, de la especie al i n d i v i d u o , con lo que posi-
bilitó, a ñ a d o yo, el desarrollo de l o que d e n o m i n a m o s el h é r o e
m o d e r n o , personaje necesario para el ahora múltiple g é n e r o
de la novela. N o me a t a ñ e discutir a q u í los alcances de esta afir-
m a c i ó n , que el autor no argumenta con mayor a m p l i t u d . Para
mis p r o p ó s i t o s , lo fundamental es destacar con asombro que
Borges p r o p o n e que el nacimiento de la novela reside n o en lo
que se l l a m a r í a , al m o d o tradicional, u n acto de c r e a c i ó n pura,
sino en u n a labor que durante siglos ha sido considerada como
subsidiaria: la t r a d u c c i ó n .
E n síntesis, de acuerdo con el estilo ensayístico de Borges,
que suele buscar la esencia de la literatura d o n d e otros sólo ve-
rían intersticios o minucias verbales, él derruye de una vez y
para siempre la peregrina idea de que la t r a d u c c i ó n es secun-
daria, ya que si u n m e r o acto de t r a d u c c i ó n , es decir de "infide-
l i d a d creadora y feliz", d i o o r i g e n a u n g é n e r o tan vasto en el
m u n d o occidental m o d e r n o c o m o ha sido la novela, entonces
n u n c a m á s d e b e r á pensarse en la t r a d u c c i ó n c o m o u n a prácti-
ca secundaria y hasta cierto p u n t o prescindible.

RAFAEL OLEA FRANCO


E l Colegio de M é x i c o

Вам также может понравиться