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Sumário

Programação …………………………………………………………………….……………2
Mesa 1: Fontes, metodologia e a construção de narrativas ………………………….……...8
Mesa 2: Religiosidade e poder ………………………………………………………………11
Mesa 3: Disputas e representações dos espaços …………….……………………………...12
Mesa 4: Circulação de ideias: imprensa e memória ………………………………………..14
Mesa 5: Cultura Visual …………………………………………………..………………….15
Mesa 6: História e sexualidade …………………………………………….……………….18
Mesa 7: Alteridade e Identidades Nacionais …………………………………….…………20
Mesa 8: Aproximações entre a academia e o ensino .……………………………....………22
Mesa 9: Produção escrita e visual de mulheres na história ……………………….………23
Mesa 10: Discursos e práticas políticas ……………………………………………….……26
Mesa 11: Representações e narrativas na antiguidade ……………………………….……27
Mesa 12: Práticas no Ensino ………………………………………………………….…….29
Mesa 13: Disputas, direitos e o lugar das mulheres na história ………………………..….31
Mesa 14: Abordagens em história da África……………………………………………..…33
Mesa 15: Legislação e justiça …………………………………………………………….....35
Mesa 16: Tensões sociais, Estado e cotidiano na história ………………………………….38
Mesa 17: Estudos Medievais ………………………………………………………………..40
Organização ……………………………………………………………………………....…43

1
13 DE MAIO DE 2019, SEGUNDA-FEIRA
14h-16h - Auditório 1
Mesa de abertura: Da inquietação ao projeto em prática: quem pode fazer pesquisa em
História? Profa. Dra. Raquel Gomes (IFCH-UNICAMP)

16h30-18h - Auditório 1
Histórias Raciais: 'El Negro' Raúl Grigera e o Aparente Desaparecimento da Negritude
na Argentina pós-abolição. Profa. Dra. Paulina Alberto (University of Michigan)
Mediador: Prof. Dr. Rodrigo Camargo de Godói (IFCH-UNICAMP)
18h: Sessão de Autógrafos

14 DE MAIO DE 2019, TERÇA-FEIRA


08h-10h - Auditório 1
Mesa: Fontes, metodologia e a construção de narrativas.
Síntese histórica e marxismo no trabalho de Emília Viotti da Costa de 1960 a 1980 a partir
de Da Senzala à colônia e Da monarquia à república. Clara Monteiro Schuartz
Antonio Gramsci na transição democrática brasileira. Igor Mattos Marquezine
Perspectivas de pesquisa em História Atlântica com base em fontes notariais. Gabriel
Yukio Oliveira
Dicionário das Mestiçagens na Ibero-América: base de dados para estudo das
mestiçagens. Luan Carlos Barros de Moura

08h-10h - Auditório 2
Mesa: Religiosidade e poder.
De mouros a mouriscos: população islâmica no sul da Espanha – os limites da conversão
forçada nos manuais de catequese e na literatura aljamiado-morisca (1500-1570). Nicole
Ribeiro Domingos
Escrevendo certo por linhas tortas? A construção da ortodoxia eucarística a partir da
heresia de Berengário de Tours. Diego Aparecido de Souza Pereira
A interpretação das leis no Tratado sobre las leyes de Rodrigo de Arriaga. Julio Cesar
Aquino Ferreira
Perspectiva atlânticas e locais: a diplomacia luso-daomeana em múltiplos espaços.
Raphael dos Santos Gonçalves

10h-12h - Auditório 1
Oficina- Escrita de Projetos. Profa. Dra. Silvia Lara (IFCH-UNICAMP).
14h-16h - Auditório 1

2
Mesa: Disputas e representações dos espaços.
As Festas cerceadas: Ambiguidade, contradições e dilemas nos movimentos reformistas
oitocentistas (Campinas 1870-1880). João Lucas Moura e Souza
O Carnaval em Campinas: Racialização e disputas nos espaços públicos (1871-1900).
Gustavo Longo
Historiografia urbana no IV Centenário do Rio de Janeiro: as representações da cidade.
Brenda Regina Braz Leite
Retórica do Arquivamento: Patrimonialização, Memória e Esquecimento nos processos
de tombamento do Centro Histórico Expandido de Campinas. Lucas Henrique Gregate de
Araujo

14h-16h - Auditório 2
Mesa: Circulação de ideias: imprensa e memória.
História Oral & Heranças do Brasil Imperial: a memória e os relatos de Agentes Comuns.
Julia Aquino
Memória e Imprensa: usos e apropriações da biografia de Sebastiana de Mello Freire em
dois momentos: 1920-1980. Mayra Carvalho Ferreira de França
Do cabeçalho ao rodapé: a ficcionalização da política nas páginas d'O Brasil (1840-1844).
Caio Arrabal Jabbour

16h-18h - Auditório 1
Mesa: Cultura Visual.
A morte de Atala e os diálogos entre os romantismos francês e brasileiro. Vitoria Amadio
de Oliveira
André Lhote e a obra "Interior com figuras femininas" do acervo do MASP. Bárbara
Diniz Gonçalves
A virgem e as castas: a inserção da Virgem de Guadalupe nas pinturas de castas
mexicanas. Giovanna Bareli
Danças do Inframundo: A cosmovisão mochica através da iconografia. Ananda Mendes
Lima

19h-21h - Auditório 1
Mesa: "Prof. História" Mestrado Profissional em Ensino de História. Juliana Videira,
Elton Rigotto Genari, Luiz Leite.

15 DE MAIO DE 2019, QUARTA-FEIRA


08h-10h - Auditório 1
Mesa: História e sexualidade.
Arquivo Edgard Leuenroth; O movimento homossexual e as políticas de tratamento de
documentação: experiências de uma aluna de graduação em história. Amanda da Silva
Marques
A violência nas mídias digitais: os discursos de ódio contra LGBT’S (2011-2017). William
Dias

3
Relações entre a prostituição masculina e o movimento homossexual brasileiro no século
XX. Rodrigo Gomes Pinto
Homossexualidade e Idade Média: poder e confissão (séculos XI-XII). Arthur Rocha
Rodrigues Teixeira

08h-10h - Auditório 2
Mesa: Alteridade e Identidades Nacionais.
Irlandês primata, Irlanda selvagem: a racialização irlandesa nos cartuns de periódicos
britânicos e estadunidenses (1860 – 1880). Lucas Gomes Liza
Pelas lentes de Costică Acsinte: identidade nacional romena no início do século XX (1920-
1940). Alice Rosim Sundfeld Di Tella Ferreira
Islamic Government - A repercussão da palavra de Khomeini no século XX. Manoel
Augusto Cabral

10h-12h - Auditório 1
Oficina - Escrita acadêmica e Iniciação Científica: do projeto ao poster. Prof. Dr. Aldair
Rodrigues (IFCH-UNICAMP).

13h-15h - Auditório 1
Mesa: Aproximações entre a academia e o ensino.
RepubliCAST: pesquisa e divulgação científica nas mídias digitais. Lucas Gomes Liza e
Daphiny Lisboa de Santana
Diáspora Africana: conexões e fronteiras entre a pesquisa e o ensino de História. Vinicius
Lima Lustoza
Vivências do Programa Residência Pedagógica: uso de fontes históricas em sala de aula.
Raissa Quiterio Dias

13h-15h - Auditório 2
Mesa: Produção escrita e visual de mulheres na história.
Marie de Gournay e a "Querelle des Femmes": Escolhas Retóricas no Tratado Egalité
des Hommes et des Femmes de Marie le Jars de Gournay (1622-1641). Raquel Baptista
Mariani
M.A.P. (Mulheres na América Portuguesa): mapeamento digital de escritos de mulheres
e sobre mulheres no espaço Atlântico. Mariana Rodrigues de Vita
“A expressão da “feminilidade” na obra “Guitarrista e duas figuras femininas” de Marie
Laurencin”. Letícia Asfora Falabella Leme
Lendo as mulheres na construção de uma Argélia independente, 1954-1962: o primeiro
tempo da obra de Assia Djebar. Bruna Perrotti

16 DE MAIO DE 2019, QUINTA-FEIRA


08h-10h - Auditório 1
Mesa: Discursos e práticas políticas.

4
Apropriações culturais do franquismo (1948-1955) pelo pinochetismo (1973-1975). André
Mateus Pupin
Ideário e Práticas Políticas no Governo Jackson (1829-1837). Gustavo Fernandes dos
Santos
Apagamento Da Memória E Resgate Material : A Intersecção Entre A Obra 1984 De
George Orwell E As Ditaduras Latino Americanas Do Século XX. Jaqueline Brandão
Martins

08h-10h - Auditório 2
Mesa: Representações e narrativas na antiguidade.
O persa nas fontes gregas: a alteridade na tragédia Os persas de Ésquilo e nas
representações iconográficas. Amabile Helena Zanco
Doctor Who e a Caixa de Pandora: Uma análise do mito grego em "The Pandorica
Opens". Sidney Junior
Indo além das evidências: dois casos de inferência histórica injustificada. Júlio
Matzenbacher Zampietro
Adornando as bestas: a figuração de animais em rituais de sacrifício na cerâmica ática
do século V a.C. Erik de Lima Correia

10h-12h - Auditório 1
Mesa: Práticas no Ensino.
Motivação Para Ler e Estratégias de Regulação da motivação de Estudantes de
Licenciatura em História. Natalia Borelli de Carvalho
Educomunicação: surdez e ensino de História. Gabriela de Aguiar Gotardi e Rodrigo Gomes
Pinto

10h-12h - Auditório 2
Mesa: Disputas, direitos e o lugar das mulheres na história.
Contestações e defesas sobre o uso do sobrenome do marido pela mulher: o debate da
década de 70. Christiane Kozesinski
A misericórdia nas sentenças de processos jurídicos de violência contra mulher em
Buenos Aires no fim do XVIII. Alessandra Vespa
A mulher na Inglaterra nos séculos XII a XIV: uma análise do poema ABC a Femmes.
Jackeline Hernandez Barros de Oliveira
A enfermagem e a emancipação feminina. Raíza Gomes Araújo de paulo

14h-16h - Auditório 1
Mesa: Abordagens em história da África.
Between the Rainbow and Reality: An Interdisciplinary Approach on South Africa's
Inequality. Matias Almeida Garzon
Uma história Descolonial da África: Um estudo a partir de São Tomé e Príncipe no Século
XX. Jéssica Cristina Rosa
Soberanias negociadas: paz inquieta e protetorado francês nos "Estados de Samory"
(1885-1891). Rafaél Antônio Nascimento Cruz

5
14h-16h - Auditório 2
Mesa: Legislação e justiça.
A Lei Seca e a ascensão do controle biopolítico estadunidense. Caio César Alves da Costa
Antialcoolismo: um estudo do caso canadense. Guilherme Rodrigues Soares
Tutela, assistência e trabalho indígena no período republicano (1910-1988). Luiza Oliveira
P. de Andrade
O trabalhador rural e o Parlamento: direitos e política (1945-1963). Julio Capelupi

16h-18h - Auditório 1
A Universidade, a Pesquisa e os Direitos Humanos. Profa. Dra. Neri de Barros Almeida
(IFCH-UNICAMP) - Auditório 1

19h-21h - Auditório 1
Mesa: Pesquisa em história da arte e patrimônio. Prof. Dr. Marcos Tognon (IFCH-
UNICAMP) e Profa. Dra. Cristina Meneguello (IFCH-UNICAMP).

17 DE MAIO DE 2019, SEXTA-FEIRA


08h-10h - Auditório 1
Mesa: Tensões sociais, Estado e cotidiano na história.
A questão social na perspectiva da Doutrina da Segurança Nacional de Golbery do Couto
e Silva: a miséria como vulnerabilidade e o bem estar em seu limite. Letícia Maria de
Alcântara Nogueira
Expedição Roncador-Xingu (1943-1948): a tensão entre integrar e preservar os indígenas
do Brasil Central. Thays Fregolent de Almeida
Nas ruas de Minas Gerais, entre os aparatos burocráticos e os tabuleiros - uma história
das pretas minas. Vivian Felipe de Sousa
Experiências familiares crioulas no contexto da diáspora africana: tráfico negreiro,
trajetórias e rupturas (Mariana, 1701-1750). Gabriel Antonio Bomfim Seghetto

08h-10h - Auditório 2
Mesa: Estudos Medievais.
Os reis e a moeda na Francia Ocidental Carolíngia (séculos VIII-IX). Eric Cyon Rodrigues
O recurso à violência e seus significados na sociedade da Alta Idade Média: o caso de
Geraldo de Aurillac. Vitor Boldrini
O "Hávámal" para um novo aprendizado: como a literatura dos povos vikings pode
influenciar numa nova concepção acerca da Idade Média. Alexandre Pinto de Souza e Silva

10h-12h - Auditório 1
Oficina - Pesquisa bibliográfica em bases digitais. Profa. Dra. Josianne Cerasoli (IFCH-
UNICAMP), Profa. Dra. Camila Loureiro Dias (IFCH-UNICAMP) - Auditório 1

14h-16h - Auditório 1
Mesa de Encerramento.

6
"Os desafios de fazer pesquisa em época de oposição ideológica". Prof. Dr. Rui Luis
Rodrigues (IFCH-UNICAMP)
"O desmonte da Universidade pública como desafio à pesquisa histórica". Prof. Dr. Thiago
Lima Nicodemo (IFCH - UNICAMP)

7
Mesa 1: Fontes, metodologia e a construção de narrativas

Síntese histórica e marxismo no trabalho de Emília Viotti da Costa de 1960 a 1980 a


partir de Da Senzala à colônia e Da monarquia à república
Clara Monteiro Schuartz - IFCH/UNICAMP

A pesquisa proposta busca analisar a trajetória da historiadora Emília Viotti da Costa


sob a perspectiva da história da historiografia e teoria da história brasileira. Assim a análise se
situa a partir de dois trabalhos da autora inseridos nas décadas de 1960/1970: Da senzala à
colônia, de 1966; Da monarquia a república, de 1977. Entendidos aqui como dois projetos que
se aproximam de uma síntese histórica dentro da produção de Emília Viotti da Costa, autora
de relevância em discussões sobre historiografia e sobre escravidão e formação da república
no Brasil.
Assim, entendendo que a autora escreve sobre a ótica do marxismo brasileiro, a
pesquisa visa compreender como que esta relaciona o marxismo com a construção da síntese,
herdeira dos grandes ensaios sintéticos construídos nos anos 1930. Nesse sentido, síntese
histórica aqui entendida como o esforço de se construir um trabalho de história que apanhe um
sentido maior dos processos, não se limitando à enumeração e organização da cronologia dos
fatos históricos, características que de alguma forma aparecem no trabalho de Viotti.
A partir da análise de como a autora se apropria do marxismo, suas influências dos
ensaios históricos da década de 1930 e sua condição como mulher, historiadora e perseguida
política na ditadura, o trabalho busca compreender como estes fatores contribuem na
construção de suas obras, relacionando-as com seus trabalhos de revisão produzidos nos anos
1980, inserindo portanto a autora dentro do universo da história da historiografia, este que ainda
carece da análise e pesquisa sobre produções femininas no Brasil.

Palavras chave: marxismo; síntese; 1970; história da historiografia; teoria da história;


mulheres.

Antonio Gramsci na transição democrática brasileira


Igor Mattos Marquezine - FFLCH/USP

A pesquisa "Antonio Gramsci na transição democrática brasileira" investiga as/os


intelectuais brasileiras/os que entre os anos 1974 e 1985 interpretaram o Brasil utilizando
noções propostas por Antonio Gramsci. Neste período, o léxico de Gramsci foi bastante
mobilizado para conceber perspectivas sobre a História do Brasil e para refletir sobre o
problema da redemocratização do país. A pesquisa procura reconhecer esses usos do marxista
sardo, compreendendo a absorção de suas ideias e a formação progressiva de um terreno
comum de debates gramscianos no Brasil e de um "Gramsci à brasileira", ou seja, de uma série
de usos originais, realizados por nossas/os intelectuais, de seu pensamento.

8
Palavras-chave: Antonio Gramsci; Transição Democrática; Redemocratização; Ditadura
Militar; Intelectuais.

Perspectivas de pesquisa em História Atlântica com base em fontes notariais


Gabriel Yukio Shinoda Oliveira - FFLCH/USP

A partir da análise de registros notariais de Amsterdã de 1591 a 1613, esperava-se,


primeiramente, a minha familiarização com esse tipo de fonte, mediante o conhecimento de
sua linguagem e de seu formato. Além disso, esperava-se que eu conseguisse pensar em
maneiras de analisá-las e formular hipóteses sobre as ações nelas relatadas.
Para facilitar a análise das fontes, foi organizada uma tabela na plataforma Microsoft
Excel. Eu li cada registro notarial que tratava de uma procuração e registrei os dados de cada
membro participante da ação em linhas, contendo informações pessoais do indivíduo, como
origem, profissão, dentre outras. Após esse procedimento, também foi necessária a organização
das procurações por caso, pois eles se separavam em diversos assuntos específicos, como
herança, dívidas, etc. Em primeiro lugar, localizei os registros que citavam cortes, por elas
demonstrarem uma busca por uma solução mais formal da disputa. Em segundo lugar,
classifiquei as procurações outorgadas a advogados, o que envolviam dívidas, heranças, dentre
outros elementos.
Após a organização da tabela, ela continha 101 procurações que mencionam cortes.
Dentre essas, foram encontrados 41 casos que mencionam a corte local de Amsterdã. Ainda
foram levantados dados pelo orientador sobre a motivação de cada caso, como dívidas, seguro,
apreensão por corsários, dentre outros.
Pela leitura das fontes, aprendi sobre o contexto comercial e econômico das Repúblicas
dos Países Baixos, as quais experimentavam um desenvolvimento mercantil. Foi possível
perceber um fortalecimento das instituições jurídicas e sua adaptação às demandas dos
comerciantes, os quais estavam constantemente em conflito entre si. Ademais, percebi a
existência de diferentes jurisdições e, pela leitura da bibliografia e pela análise das fontes,
concluí a 1ª instância ser a mais utilizada pelos mercadores. No entanto, também foram
identificados casos em que os mercadores preferiam não levar seus conflitos às cortes por conta
de ser um processo mais lento e mais caro. Para a resolução, então, buscavam árbitros que
davam o parecer de maneira mais informal.

Palavras-chave: notariais; jurisdição; Amsterdã; procurações.

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Dicionário das Mestiçagens na Ibero-América: base de dados para estudo das
mestiçagens
Luan Carlos Barros de Moura - UFMG

O Dicionário das Mestiçagens na Ibero-América consiste num dicionário que,


utilizando-se de vasto corpo documental, busca refletir como eram entendidos historicamente
os termos e categorias relacionados às dinâmicas de mestiçagens e à escravidão nas Américas
e na Península Ibérica – privilegiando-se a compreensão desses termos à época em que foram
empregados. Essas categorias não eram meras variações gramaticais e/ou semânticas, mas
constituíam formas de classificação social e de identificação, sendo usadas para se identificar
e identificar "o outro". Longe de pretender trazer definições cristalizadas (como pretendem os
dicionários que conhecemos), o Dicionário das Mestiçagens na Ibero-América trará os termos
em seus contextos de uso, ressaltando a variedade de significados que um mesmo termo pode
ter. A base de dados do Dicionário constitui-se, pois, de um aplicativo que exibe os termos até
agora arrolados, fazendo relações entre eles e permitindo buscas específicas por localidade,
data, idioma e fontes. Com este trabalho, pretende-se, pelo menos, inibir os anacronismos que
podem ser criados caso as nossas definições atuais sejam impostas a um passado que não as
conheceu.
Nesse sentido, o projeto é de extrema relevância, na medida em que constitui uma
ferramenta valiosa para historiadores e estudiosos do tema, que poderão entender melhor as
dinâmicas de classificação e de identificação sociais desenvolvidas no passado e os sentidos
históricos por trás disso. Isso se dá por meio do arrolamento de documentos de variada
natureza, que atestam a diversidade dos termos ligado às mestiçagens e à escravidão e dos usos
históricos deles.
A metodologia utilizada para a feitura efetiva da base de dados se deu de duas formas.
A primeira foi a montagem de um banco de dados simples em programa Excel, mas cujas
"características" das ocorrências de cada termo foram detalhadas, facilitando a pesquisa e
deixando mais claras as informações. Esse banco de dados servirá para a alimentação da base
de dados já citada. No decorrer das atividades, o projeto se mostrou mais complexo do que o
que fora inicialmente pensado, de modo que a segunda etapa da montagem da base de dados
ainda não foi concluída.
A ferramenta foi desenvolvida pelo autor desta comunicação ao longo de ICV orientada
pelo Prof. Dr. Eduardo França Paiva.

Palavras-chave: Mestiçagem; Escravidão; Brasil Colônia; Minas Gerais; Dinâmicas de


Mestiçagens.

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Mesa 2: Religiosidade e poder

De mouros a mouriscos: população islâmica em Espanha no século XVI – os limites da


conversão forçada a partir da literatura aljamiado-morisca
Nicole Ribeiro Domingos - IFCH/UNICAMP

O projeto propõe uma análise de três obras literárias de cunho proselitista, produzidas
na Espanha ao longo do século XVI, cujo alvo principal são os mouriscos, conversos de origem
islâmica. Trata-se de exortações de fé, conduta e costumes dirigida a esta população, porém,
elaboradas por dois grupos religiosos distintos: católico e muçulmano. Partindo deste material,
o objetivo da pesquisa consiste em compreender os limites das conversões forçadas,
fundamentando-nos na maneira pela qual a população mourisca regulava seu modo de vida,
seus costumes e tradições após serem obrigados pelos arcebispados da coroa espanhola, por
meio de decretos, a substituírem sua fé islâmica pela cristã católica.

Palavras-chave: muçulmanos; conversões forçadas; hibridização cultural; Islã; Espanha;


catequização.

Escrevendo certo por linhas tortas? A construção da ortodoxia eucarística a partir da


heresia de Berengário de Tours
Diego Aparecido de Souza Pereira - IFCH/UNICAMP

Desde a antiguidade, diversos pontos da doutrina católica foram definidos através do


embate – político, por vezes – entre grupos posteriormente denominados ortodoxos e hereges.
A despeito dos embates e do uso destas categorias, a historiografia recente propõe um novo
olhar, baseado na leitura atenta das fontes polemistas e, com frequência, do apontamento de
incongruências nos atos do corpo eclesial, levando ao processo de “invenção” das heresias,
principalmente entre os séculos XI e XII.
Deste modo, o presente trabalho visa estabelecer um diálogo entre a historiografia
citada e o caso da heresia de Berengário de Tours, protagonista da Controvérsia Eucarística
ocorrida ao longo do século XI, identificando como suas ideias foram afirmadas ou recusadas
por seus opositores. O objeto central da querela foi o caráter – real ou não – da presença divina
na eucaristia, o que gerou uma série de conflitos políticos entre os mestres de escola, levando
a especulações teológicas a respeito da relação entre o mundo natural e o mundo sobrenatural,
desenvolvidas em torno da questão eucarística e que têm implicações relativas à percepção da
ordem social.

Palavras-chave: Ortodoxia; heresia; Berengário de Tours; Transubstanciação.

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A interpretação das leis no Tratado sobre las leyes de Rodrigo de Arriaga
Julio Cesar Aquino Teles Ferreira - UNIFESP

Este projeto de pesquisa propõe a análise da interpretação das leis no século XVII, com
base no Tratado sobre las leyes de Rodrigo de Arriaga (1592-1667). A análise pretende-se a
partir das categorias de arbítrio, equidade, circunstância e caso, tendo como chave de leitura os
princípios da Teologia moral e, especificamente, o probabilismo jurídico.
A maior parte dos estudos sobre essa questão por parte da historiografia brasileira têm
sido baseados nos textos das ordenações, das leis régias e dos textos normativos sem levar em
consideração o papel atribuído nesse período histórico à necessária interpretação das leis por
parte dos juízes.
A obra que será analisada é o Tratado sobre las leyes, que faz parte do IV tomo dos 8
volumes da obra Disputationes theologicae, publicada entre 1643 e 1655. Arriaga foi um
teólogo moralista jesuíta cujas obras tiveram uma ampla difusão na Europa e na América, tendo
sido ainda mestre de Caramuel, um dos principais teólogos probabilistas que teve forte
influência no desenvolvimento dessa corrente teológica.

Perspectiva atlânticas e locais: a diplomacia luso-daomeana em múltiplos espaços


Raphael dos Santos Gonçalves - FFLCH/USP

Essa apresentação se propõe a expor e debater os resultados parciais do projeto "Os


embaixadores do comércio de escravos na América Portuguesa: diplomacia entre tensões e
tradições, 1795-1805" que busca caracterizar a tradição diplomática entre os monarcas do reino
daomeano e autoridades luso-brasileiras no período citado. Os resultados versam especialmente
sobre a articulação entre duas dimensões metodológicas (atlântica e a chamada "regional" do
Golfo do Benim), a importância do estudo da cosmogonia daomeana para compreensão das
fontes históricas e o debate interdisciplinar sobre as situações de intercâmbio cultural.

Palavras-chave: Diplomacia; relações transatlânticas; África; Daomé; Afro-Brasil.


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Mesa 3: Disputas e representações dos espaços

As Festas Cerceadas: Ambiguidade, Contradições E Dilemas Nos Movimentos


Reformistas Oitocentistas (Campinas 1870-1880)
João Lucas Moura e Souza - IFCH/UNICAMP

O estudo realizado busca averiguar o desenvolvimento das reformas eclesiásticas e da


elite letrada nas festas religiosas populares durante a década de 1870. Campinas passou por
inúmeras transformações sociais e políticas; sobre as festividades, observamos os discursos e

12
as aplicações das agendas reformistas que visavam cercear as práticas tradicionais. Analisamos
os vínculos entre as agendas reformadoras e o cotidiano da população, em conjunto com a
multilateralidade das relações emergidas no contexto festivo

Palavras-chaves: Brasil império; Festividades religiosas; Movimentos reformistas.

O Carnaval em Campinas: Racialização e disputas nos espaços públicos (1871-1900)


Gustavo Carrieri Longo - IFCH/UNICAMP

O objetivo deste projeto é o estudo do entrudo e do carnaval em Campinas em finais do


século XIX (1871-1900), com enfoque no estudo das dimensões conflituosas que emergem na
cidade após o fim da escravidão. Privilegiaremos as estratégias de controle social voltadas para
as práticas culturais. Serão investigadas as transformações das referências de autoridade nos
carnavais de rua de Campinas, destacando as medidas coercitivas e repressivas adotadas pelas
elites e a experiência de sociabilidade das camadas livres, pobres e negras nos festejos
carnavalescos.
Trabalhamos com a hipótese de que a cidade de Campinas promoveu uma grande
repressão de curto e longo prazo em relação às práticas culturais das camadas pobres, negras e
libertas que participavam e promoviam os festejos populares, ocupando os espaços públicos da
cidade que se promovia como moderna. Nesse sentido, as hierarquias sociais projetadas no
espaço público nos contextos das festas populares poderiam ser tensionadas pelo crescente
processo de racialização das relações sociais no Brasil pós-abolição. O objetivo seria controlar
o trânsito e as práticas culturais dos indivíduos egressos do cativeiro.

Palavras-chave: Carnaval; Entrudo; Campinas; Racialização.

Historiografia urbana no IV Centenário do Rio de Janeiro: as representações da cidade


Brenda Regina Braz Leite - FFLCH/USP

A presente pesquisa tem como escopo a análise das representações historiográficas do


Rio de Janeiro em 1965, ano de comemoração de seu IV Centenário, a partir da Coleção Rio 4
séculos, publicada pela José Olympio Editora em homenagem aos 400 anos da cidade. Tal ano
foi marcado por uma série de comemorações que resultaram numa abrangente celebração
da história do Rio de Janeiro. Vasta produção historiográfica teve lugar neste contexto
histórico: jornais e livros de história contaram, engrandeceram e celebraram a cidade,
(re)construindo sua trajetória de quatro séculos. A efervescência das comemorações teve lugar
no Rio de Janeiro que passava por conturbado período político devido ao primeiro ano do
regime militar brasileiro, a recente perda do título, em 1960, de capital federal para Brasília,

13
resultando na criação do Estado da Guanabara, e o fenômeno de urbanização acelerada. Esta
pesquisa estudou, por meio dos livros de história urbana do Rio de Janeiro publicados ou
reeditados no contexto oficial das comemorações de 1965, o lugar do passado frente às
aspirações de futuro e de transformações urbanas.

Palavras chave: História Urbana; IV Centenário; Rio de Janeiro.

Retórica do Arquivamento: Patrimonialização, Memória e Esquecimento nos processos


de tombamento do Centro Histórico Expandido de Campinas
Lucas Henrique Gregate de Araujo - IFCH/UNICAMP

O presente projeto busca, por meio de análise bibliográfica acerca do tema da


patrimonialização e das políticas de esquecimento, bem como por meio de estudo documental
de fontes (atas, processos, pareceres) avaliar tombamentos denegados - e arquivados. Insere-se
no debate que relaciona a historiografia sobre a memória, o patrimônio e a cidade. Foca sobre
processos de tombamento iniciados a partir de 2008 - a partir do Inventário do Centro Histórico
Expandido de Campinas (1872-1929) - realizado por técnicos do Conselho de Defesa do
Patrimônio de Campinas (CONDEPACC) e pesquisadores da Unicamp, e que ao final não
receberam a chancela de "patrimônio", questionando assim as práticas de patrimonialização.

Palavras-chave: Patrimônio Cultural e Processos de Tombamento; Memória e Esquecimento;


História da Cidade; História de Campinas

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Mesa 4: Circulação de ideias: imprensa e memória

História oral & heranças do Brasil Imperial: a memória e os relatos de agentes comuns
Julia Aquino - IFCH/UNICAMP

Nesta pesquisa busquei analisar as possíveis heranças do Brasil imperial manifestas


através de relatos orais, que construíram as rememorações de diferentes sujeitos que viveram
já no Brasil republicano. A análise foi pautada a partir do estudo de fontes orais provenientes
de entrevistas com indivíduos de duas gerações (pai e filha) que viveram no interior do estado
da Bahia no século XX.

Palavras chave: História oral; Brasil Império; herança; escravidão.

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Memória e Imprensa: usos e apropriações da biografia de Sebastiana de Mello Freire
em dois momentos: 1920-1980
Mayra Carvalho Ferreira de França - FFLCH/USP

Através de reportagens sobre a paulista Sebastiana de Mello Freire produzidas durante


sua vida, 1920-1, e após sua morte, ocorrida em 1961, analisamos como se construíram as
narrativas responsáveis por lhe atribuir diferentes perfis nesses dois períodos e como seu desvio
psiquiátrico, que lhe retira o domínio de si, aparece como fator fundamental para essas
apropriações. Analisamos também como dois agentes midiáticos aparentemente opostos, uma
vez separados pelo tempo e por seus programas, se relacionam e convergem, traduzindo em
suas diferentes linguagens discursos sobre a mulher, a loucura e nossa sociedade.

Palavras chave: imprensa; biografia; apropriação; história da loucura.

Do cabeçalho ao rodapé: a ficcionalização da política nas páginas d'O Brasil (1840-


1844)
Caio Arrabal Fernandez Jabbour - IFCH/UNICAMP

Esta pesquisa propõe uma leitura do periódico "O Brasil" a partir da ficcionalização da
política e da justiça. Inicialmente Regressista e, posteriormente, Conservador, o periódico
atenua os limites entre o mundo político do Brasil imperial e a ficção folhetinesca
constantemente publicada no rodapé de suas páginas. Em um período de intensas
transformações - como a antecipação da maioridade de D. Pedro II; a consolidação dos partidos
Liberal e Conservador, e as “Revoluções” Liberais em São Paulo e Minas Gerais - a pesquisa
procura demonstrar como o periódico se utiliza da literatura e da crítica teatral para posicionar-
se frente às discussões contemporâneas, inserindo-as nas narrativas através de seus
personagens ou como plano de fundo ao enredo construído.

Palavras-chave: Ficcionalização da política; Imprensa; Literatura.


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Mesa 5: Cultura Visual

A morte de Atala e os diálogos entre os romantismos francês e brasileiro


Vitória Amadio de Oliveira - FFLCH/USP

Este projeto pretende analisar o quadro A morte de Atala realizado por Rodolfo
Amoedo em 1883, contextualizando-o com o cenário artístico do século XIX e traçando
paralelos com a arte francesa, o romantismo francês e brasileiro e a difusão do romance Atala

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(1801) de François René de Chateaubriand. A partir do diálogo entre literatura e artes visuais,
o projeto procura resgatar também outras representações de cenas da mesma obra a fim de
compreender a representação deste tema e o repertório imagético que Amoedo acumulou em
seus estudos no Rio de Janeiro e em sua temporada em Paris. O quadro é um instrumento
fundamental para entendermos desdobramentos do romantismo francês e suas reverberações
nas obras de mesmo caráter no Brasil. Serão abordadas temáticas caras ao panorama brasileiro,
como o indianismo e o nacionalismo, as quais serão exploradas de maneira a contemplar suas
complexidades e questionar o papel das referências culturais e artísticas francesas.
A hipótese da pesquisa se constitui em entender as implicações que levariam Rodolfo
Amoedo a pintar esta obra anos depois do lançamento do livro, e ela será levantada com base
no argumento principal de que ele faz uma ressignificação desta temática.

Palavras-chave: Arte brasileira; Romantismo; Rodolfo Amoedo; Atala; Século XIX.

André Lhote e a obra "Interior com figuras femininas" do acervo do MASP


Bárbara Diniz Gonçalves - IFCH/UNICAMP

André Lhote (França, 1885 – 1962) foi escultor, pintor, crítico e educador. Preocupado
não apenas com o ato de pintar, mas também com as teorias que o pintar envolvia, Lhote
realizou ampla produção escrita, incluindo textos críticos, livros sobre aspectos da produção
das vanguardas e tratados sobre pintura, paisagem e figura. Ele está presente no acervo do
Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) com duas obras que expõe dois
momentos distintos de seu percurso como artista. Ambas foram doadas pelos Diários
Associados na segunda metade da década de 1940, período coincidente com os inícios da
fundação do museu e da elaboração de seu objetivo pedagógico, e desde então pertencem ao
seu acervo. O presente trabalho é constituído pelo estudo específico de um desses quadros,
Interior com figuras femininas de 1936 acerca de seus aspectos temático, pictórico e contextual.
O princípio de que a obra pictórica possui sua própria linguagem, a ser compreendida e
relacionada com a bibliografia e com as fontes escritas de autoria do próprio pintor e de seus
contemporâneos, guia metodologicamente a pesquisa. Dessa forma, é possível desvendar
características e tendências da obra do pintor-escritor, tanto nas interlocuções que estabelece
juntamente aos movimentos artísticos com os quais dialogou quanto na originalidade de seus
trabalhos.

Palavras-chave: História da arte moderna; França; André Lhote; MASP.

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A Virgem e as castas: a inserção da Virgem de Guadalupe nas pinturas de castas
mexicanas.
Giovanna de Assis Bareli - IFCH/UNICAMP

O projeto científico seguinte propõe refletir sobre a inserção da imagem da Virgem de


Guadalupe no quadro “Castas”, pintado por Luiz de Mena em 1750, presente no museu da
América, em Madrid. A obra é relevante por apresentar elementos únicos em sua composição,
como a flora mexicana, personagens inusitados e a imagem da Virgem de Guadalupe. O quadro
é pouco estudado e a bibliografia apreendida nada ou pouco se fala sobre a imagem sagrada,
considerando-o, quando abordado, pela sua distinção pictórica. Dessa forma, pretende-se
analisar e compreender como foi a recepção e qual o interesse e discurso por trás da figura da
Virgem nesse quadro, buscando novas abordagens e bibliográfias.

Palavras-chave: Virgem de Guadalupe; Castas Mexicanas; Pinturas de castas; mestiçagem.

Danças do Inframundo: A cosmovisão mochica através da iconografia.


Ananda Mendes Lima - IFCH/UNICAMP

A seguinte proposta tem como foco relacionar os aspectos da cosmovisão mochica à


iconografia presente nas representações de danças com figuras mortas. Para tanto serão
apresentadas problemáticas recentes dos estudos sobre o tema, seguidas de aspectos da
cosmovisão e análise das fontes. Para mais, pretende-se apresentar particularidades dos estudos
baseados em registros arqueológicos de grupos cujos padrões diferem dos paradigmas das
culturas ocidentais. Dessa forma, serão explicitadas questões que envolvem a
interdisciplinaridade dos estudos arqueológicos da área moche e como eles se desenvolvem
com base em uma perspectiva pan-andina de fundo cultural, religioso e social, justificando a
abordagem metodológica utilizada, que consiste em um conjunto entre a arqueologia, a
iconografia e a semiótica, com o intuito de proporcionar uma visão ampla procurando, desta
forma, desviar das limitações metodológicas de uma abordagem restrita a um único método,
abrangendo, assim, a complexidade e subjetividade da sociedade mochica, evitando reproduzir
análises etnocêntricas que reforçam um olhar colonizador.

Palavras-chave: Arqueologia; iconografia; moche; cosmovisão.

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Mesa 6: História e sexualidade

Arquivo Edgard Leuenroth; O Movimento Homossexual E As Políticas De Tratamento


De Documentação: Experiências De Uma Aluna De Graduação Em História
Amanda da Silva Marques - IFCH/UNICAMP

A apresentação consistirá em um relato sobre a experiência de uma aluna da graduação


em História no projeto de Bolsa Auxílio Social “Preservar Direitos E Garantir Cidadania: Os
Acervos Do Movimento Homossexual” e no projeto desenvolvido na disciplina de Estágio
Supervisionado, ambos realizados no Arquivo Edgard Leuenroth - AEL, e como tais práticas
geraram uma iniciativa de pesquisa acadêmica.
O AEL é o maior arquivo brasileiro sobre Movimentos Sociais, levando o nome de
Edgard Leuenroth, importante anarquista da Primeira República brasileira. Com importantes
documentos sobre o movimento operário, o arquivo foi visado por diversos pesquisadores da
temática, seja na procura pela documentação encontrada no local, seja para doações de novos
acervos, se tornando central nestes estudos. Contudo, o AEL é um grande receptor de acervos
de outras temáticas, como o movimento feminista e o movimento LGBTQ+, temas estes que
têm sido intensamente procurados nos últimos anos, gerando a necessidade de restaurar,
organizar e difundir estes documentos.
Atualmente, os fundos de temática homossexual e LGBTQ+ que se encontram em
processo de organização são: Somos, Outra Coisa e João Antônio Mascarenhas (antigo
Triângulo Rosa), além do recém finalizado Paulo Ottoni. O fundo Luiz Mott e o Identidade se
encontram em processo de preparação. Estes fundos estão sendo trabalhados por bolsistas
BAS-SAE e passaram por um processo de divulgação através do trabalho dos estagiários de
História no segundo semestre de 2018, com a criação de uma exposição virtual - na qual é
possível acessá-la através do site www.difuael.wix.com/expotrilhadoarcoiris.
A apresentação busca demonstrar como o AEL pode - e deve - ser compreendido
enquanto um lugar de diversidade, e não apenas como o abrigo de documentação sobre o
movimento operário. A documentação atualmente trabalhada pelo AEL chegou ao arquivo em
finais dos anos 1980, existindo uma lacuna de aproximadamente 25 anos para que estes fundos
fossem finalmente trabalhados. Diante desta informação, algumas questões podem ser
levantadas: como as vertentes historiográficas dominantes que prezam pelo distanciamento
histórico influenciam nas políticas de trabalho em arquivos como o Edgard Leuenroth? como
a temática do movimento homossexual e LGBTQ+ se encontra dentro das discussões
historiográficas? qual a relação da história dos movimentos sociais com a história do passado
recente, terminologia apontada por Marina Franco e Florencia Levín? Tais questionamentos
permitiram o início da escrita de um projeto de pesquisa que procura compreender a
legitimidade dos estudos de movimentos sociais no campo historiográfico, mais
especificamente sobre o Movimento Homossexual e LGBTQ+, a partir da documentação
encontrada no AEL.

Palavras-chave: movimentos sociais; movimento homossexual; arquivo; historiografia.

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A Violência Nas Redes Sociais: Os Discursos De Ódio Virtuais Contra Lgbts
William Dias - IFCH/UNICAMP

Este projeto visa compreender como são produzidos, quem produz e como são
propagados os discursos de ódio LGBTfóbicos na internet e em mídias digitais, perguntando
sobre os significados do espraiamento dessas ideias no contexto dos anos 2011 a 2017. A
pesquisa está centrada em analisar os argumentos centrais dos propagadores dos discursos de
ódio e, especialmente, os comentários a essa produção nas mídias digitais, sobretudo no
Facebook através do grupo “Sou contra a PL 122 e o kit gay”. A esse corpus de pesquisa se
junta a análise de denúncias relatadas ao Disque 100 do governo federal e dados disponíveis
na Safernet.

Palavras-chave: Discurso de ódio; LGBTfobia; mídias digitais; “kit gay”.

Relações entre a prostituição masculina e o movimento homossexual brasileiro no século


XX
Rodrigo Gomes Pinto - IFCH/UNICAMP

O movimento homossexual brasileiro tem sua origem na segunda metade da década de


1970, durante o período da abertura política da Ditadura militar (1964-1985), com a formação
de grupos homossexuais organizados. Temas como a luta por direitos e a questão do HIV/Aids
estiveram presentes tanto nas reuniões dos grupos que compuseram o movimento quanto nos
encontros nacionais. No entanto, um assunto por vezes marginalizado, seja no debate público
ou nas produções historiográficas, foi a prostituição masculina, tendo como sua referência no
Brasil o livro do antropólogo argentino Néstor Perlongher, O negócio do Michê, publicado em
1987. Diante desse cenário, há inquietações quanto aos modos de tratar a prostituição
masculina no período em questão. Sendo assim, a presente pesquisa tem por objetivo principal
relacionar a forma com que organizações homossexuais abordaram a temática da prostituição
masculina no Brasil durante o século XX. Para isso, serão consultados acervos referentes aos
grupos homossexuais que encontram-se disponíveis no Arquivo Edgard Leuenroth, da
Universidade Estadual de Campinas (AEL-UNICAMP). Espera-se, assim, compreender as
dinâmicas em torno de tais relações e, além disso, suprir lacunas historiográficas acerca da
prostituição masculina no Brasil durante o século XX.

Palavras-Chave: Prostituição masculina; movimento homossexual; historiografia.

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Homossexualidade e Idade Média: poder e confissão (séculos XI-XII)
Arthur Rocha Martins Rodrigues Teixeira - IFCH/UNICAMP

O projeto objetiva um tema latente: a homossexualidade. Pensar a história da


homossexualidade é confrontar a diversidade sexual em suas muitas formas de expressão.
Pensar a história da homossexualidade na Idade Média, consiste tanto em um confronto com
as diversidades como com em um exercício de alteridade que exige do historiador a capacidade
de observa-la sem as máscaras modernas que o impedem de compreendê-la no passado. Sendo
assim, o projeto tem como objetivo abordar a questão da homossexualidade entre os séculos
XI-XII, de forma que ela seja compreendida como parte integrante da sociedade medieval. Para
tanto, se busca um protagonismo dentro de narrativas que já foram contadas, por exemplo,
enxergar a homossexualidade nos processos de confissão e penitência. A execução do projeto
está centrada em, primeiramente, estabelecer um diálogo com a historiografia sobre o tema,
abordar questões de cunho teórico e metodológico quanto à escrita de uma história das relações
homoafetivas e, por fim, trabalhar com a fonte primária, “Liber Gomorrhanius” de Pedro
Damião, que denuncia práticas homossexuais dentro do clero.

Palavras-chave: Homossexualidade; cristianismo; sodomia; processos confessionais.

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Mesa 7: Alteridade e Identidades Nacionais

Irlandês primata, Irlanda selvagem: a racialização irlandesa nos cartuns de periódicos


britânicos e estadunidenses (1860 – 1880)
Lucas Gomes Liza - IFCH/UNICAMP

Projeto de pesquisa para iniciação científica centrado na análise de um conjunto de


cartuns políticos publicados entre as décadas de 1860 e 1880 nos Estados Unidos e no Reino
Unido. Temperamento explosivo, preguiçosos, membro de gangues, indisciplinados, católicos
fervorosos e sujos. Essas são algumas das características frequentemente atribuídas aos
irlandeses que migraram para os Estados Unidos em meados do século XIX e também para
aqueles que viviam as tensões do relacionamento da ilha da Irlanda com o Império Britânico,
entretanto, nos cartuns do período outro traço era atribuído ao grupo, esse que a princípio
parece escapar do escopo comportamental e cultural dos anteriores para uma construção mais
complexa: a representação símia do irlandês. Os cartuns que trazem em seus traços os
irlandeses retratados como dotados de características símias fornecem, como fontes, um novo
território a ser explorado para investigar o cotidiano desse grupo e as formulações concebidas
sobre o mesmo. Assim, o objetivo deste trabalho é analisar as estratégias das caricaturas e
charges do período na representação do irlandês e seu cotidiano. Pretende-se explorar questões
políticas, questões de raça, classe, religião e a circulação de técnicas e ideias no Atlântico Norte
numa perspectiva transnacional visto que há um elemento comum que liga os temas dos

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cartuns, a integração social, assim como outro fator externo que está presente no cotidiano
irlandês tanto na América quanto na Europa, o seu nacionalismo.

Palavras-chave: Irlanda; Imprensa Ilustrada; História Transnacional; Racismo Científico.

Pelas lentes de Costică Acsinte: identidade nacional romena no início do século XX


(1920-1940)
Alice Rosim Sundfeld Di Tella Ferreira - IFCH/UNICAMP

O projeto de pesquisa pretende analisar algumas fotografias do romeno Costică Acsinte


(1897-1984) com um recorte cronológico estabelecido entre as décadas de 1920 e 1940, tendo
como tema específico as fotos que permitem um estudo mais aprofundado sobre a organização
da sociedade romena em torno de identidades nacionais e da criação de um nacionalismo
romeno.
Sendo assim, a obra “Comunidades Imaginadas” de Benedict Anderson se mostra
central para esta discussão, que tento somar ao texto de Walter Benjamin “A obra de arte na
era de sua reprodutibilidade técnica” com a finalidade de tratar a criação de uma identidade
nacional a partir de imagens, para além de documentos escritos, reafirmando também a
importância da fotografia como fonte histórica.
Além disso, pretendo trabalhar a especificidade romena no começo do século XX, me
dedicando a entender mais sobre o contexto da Romênia naquele período. Por se tratar de um
tema do qual normalmente se tem pouco conhecimento e contato quando estudamos História
no Brasil, pretendo demonstrar a importância de se pesquisar regiões e pessoas que estão fora
de uma área de monopólio da historiografia, ou seja, fora da grande produção de materiais a
respeito da Europa Ocidental que exclui as questões e especificidades de outros locais.

Palavras-chave: Costică Acsinte; Romênia; Nacionalismo; Fotografias.

Islamic Government - A repercussão da palavra de Khomeini no século XX


Manoel Augusto Cabral - IFCH/UNICAMP

O período posterior a Revolução Iraniana de 1979 foi marcado por turbulências


políticas e sociais tão significativas quanto as que fomentaram o movimento que culminou na
instalação de uma República Islâmica no país. Foi nesse período que Ruhollah Musavi
Khomeini (1902-1989), Líder Supremo do Irã, pode implementar o projeto de um governo
teocrático que havia idealizado ao longo dos anos 1960.
O conjunto de discursos e palestras proferidas por Khomeini em Najaf, Iraque, e que
foram posteriormente transcritas e compiladas em forma de livro, intitulado Islamic

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Government, tendo edições publicadas tanto no oriente como no ocidente, é que serve de fonte
documental para essa pesquisa de monografia.
A dissertação, que ainda está em seu início, levanta alguns questionamentos sobre o
que esse projeto de governo e sociedade, possibilitado pela instauração de uma República
Islâmica idealizada por Khomeini, representou para determinados setores sociais que
compunham as manifestações no contexto da Revolução Iraniana e, sobretudo, no período da
década de 80 do século XX, período de implementação do governo, bem como o que essa
publicação representou no ocidente, pensando na circulação da obra nos Estados Unidos.

Palavras-chave: Irã; Khomeini; Islamic Government; Islã; Revolução Iraniana.

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Mesa 8: Aproximações entre a academia e o ensino

RepubliCAST: pesquisa e divulgação científica nas mídias digitais


Lucas Gomes Liza e Daphiny Lisboa de Santana - IFCH/UNICAMP

O projeto procura democratizar o acesso aos resultados de pesquisas realizadas no curso


de História da UNICAMP a partir da integração do historiador e da pesquisa científica às
mídias digitais. Ao lado do incentivo ao uso de tais ferramentas como linguagens e suportes
alternativos para a difusão do conhecimento histórico baseado em pesquisas academicamente
referenciadas, o projeto visa disponibilizar análises críticas da história, capazes de fazer face a
narrativas generalizantes e em grande parte estereotipadas acerca da história, sobretudo do
Brasil (conteúdos usualmente difundidos por meio de vídeos e blogs de discutível
fundamentação teórico-metodológica e flagrantes tendências ideológicas). A importância do
projeto se dá por conta da inserção da pesquisa acadêmica no cotidiano da população que não
está necessariamente familiarizada com esse contexto e que raramente tem contato com o que
é estudado na universidade, principalmente em relação às Humanidades. Busca-se, então, criar
na rede digital um ponto de referência para informações sobre História, de fácil acesso aos
educadores da rede básica e à própria população.

Palavras chave: Podcast; Divulgação Científica; Mídias Digitais; História do Brasil; Ensino.

Diáspora Africana: conexões e fronteiras entre a pesquisa e o ensino de História.


Vinicius Lima Lustoza - IFCH/UNICAMP

O presente trabalho tem por objetivo realizar uma breve discussão sobre relação entre
a pesquisa acadêmica acerca da formação e expansão do Reino do Daomé dentro do contexto

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da Diáspora Africana no século XVIII com o ensino de História. Este estudo é resultante da
articulação do desenvolvimento de uma pesquisa de Iniciação Científica com a experiência de
lecionamento em cursinhos populares. Os principais interesses residem no impacto que o
desenvolvimento de pesquisas nesta área podem implicar na aplicabilidade da Lei 10.639/2003
na sala de aula e, também, os possíveis caminhos que estudos neste tema podem proporcionar
nos atuais debates de Diáspora Africana.

Palavras-chave: Ensino de História; Diáspora Africana; História da África; História do Brasil


Colônia.

Vivências do Programa Residência Pedagógica: uso de fontes históricas em sala de aula


Raissa Quiterio Dias - PUC/Minas

O trabalho apresenta um relato de experiência dentro do Programa Residência


Pedagógica vinculado a Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e fomentado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior na Escola Estadual Maestro
Villa Lobos, localizada na região centro sul da cidade de Belo Horizonte-MG, para o 3° ano do
Ensino Médio, sob a ótica da Revolução documental do campo historiográfico e se
materializando no conteúdo da Ditadura Civil Militar de 1964 a 1985 no Brasil. Foi realizado
a inserção do uso de fontes históricas e o uso de novas de tecnologias em sala de aula, face ao
atual contexto, em que Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)¸ apontam para a
necessidade de demonstrar ao aluno de que forma a história é feita, amparamo-nos no fator que
se refere diretamente a fontes históricas e assim tornando-se indispensável na prática do ensino
de História.

Palavras chave: Ensino de História; Fontes históricas; Residência Pedagógica

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Mesa 9: Produção escrita e visual de mulheres na história

Marie de Gournay e a "Querelle des Femmes": Escolhas Retóricas no Tratado Egalité


des Hommes et des Femmes de Marie le Jars de Gournay (1622-1641)
Raquel Baptista Mariani - IFCH/UNICAMP

A apresentação se baseará em uma investigação em andamento cujo objetivo é estudar


a relação de Marie de Gournay com a "Querelle des Femmes", a partir do tratado "Egalité des
hommes et des femmes", escrito por Gournay e publicado pela primeira vez em 1622. Essa
análise, de natureza histórica, parte de um paradigma contextualista, ou seja, que entende a

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fonte como inserida em um universo linguístico maior. A hipótese que subjaz nossa
investigação é que Gournay teria desenvolvido, no contexto da "Querelle des Femmes" que se
desdobra na primeira metade do século XVII, uma obra original a partir da leitura criativa que
fez de autores envolvidos no debate e de textos integrantes das tradições clássica e cristã. Essa
leitura, conquanto delimitada pelas possibilidades retóricas próprias daquele contexto (e que
condicionavam a própria noção de “originalidade”), não teria se esgotado na mera repetição de
argumentos consagrados ou em fazer eco às ideias de mentores de Gournay (como Montaigne
e Lipsius); ao contrário, respondeu a questões levantadas em seu próprio momento, inserindo-
se vigorosamente no ambiente erudito da primeira metade do século XVII. É em termos dos
problemas colocados nesse contexto, e não de valorações anacrônicas da obra de Gournay, que
procuramos compreender a especificidade de seu pensamento, de forma a cooperar para o
esclarecimento de uma importante fase da história moderna.

Palavras-chave: Marie de Gournay; "Egalité des Hommes et des Femmes"; escolhas retóricas;
"Querelle des Femmes"; Primeira Modernidade.

M.A.P. (Mulheres na América Portuguesa): mapeamento digital de escritos de mulheres


e sobre mulheres no espaço Atlântico
Mariana Rodrigues de Vita - FFLCH/USP

O projeto Mulheres na América Portuguesa: mapeamento digital de escritos de


mulheres e sobre mulheres no espaço Atlântico é primeiramente um recorte temático
preocupado em centralizar a mulher como protagonista de suas ações e suas histórias.
Relegados a “acidentes históricos”, os escritos de e sobre mulheres ora são escassos ora são de
difícil acesso, sendo o pesquisador um caçador de documentos para pesquisas pré-
estabelecidas. A catalogação de documentos de mulheres visa não só beneficiar pesquisas em
desenvolvimento como construir outras novas. A história das mulheres não só faz parte da
História como é a História. Figurar esse tema como um campo de estudo não é um excesso de
delimitações, mas um pressuposto para entender as particularidades de um grupo explorado em
todos os âmbitos da vida e em todas as classes sociais. O projeto visa justamente sistematizar
sob a perspectiva de História Social com base no estudo do cotidiano, fontes primárias
instigando futuras pesquisas das mais variadas áreas como História Social, em se tratando de
compreender as relações sociais dos indivíduos que ultrapassam a elite alfabetizada; dos papéis
sociais das mulheres em diferentes estratos sociais e regiões; História Econômica, partindo do
estudo de casos de diferentes mulheres que ocuparam o mundo do comércio ou possuíam e
administravam os próprios bens; campo da filologia, linguística histórica, dentre outros.

Palavras-chave: mulheres; catálogo; gênero; base de dados.

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“A expressão da “feminilidade” na obra “Guitarrista e duas figuras femininas” de
Marie Laurencin”
Letícia Asfora Falabella Leme - IFCH/UNICAMP

A pesquisa a ser apresentada propõe refletir sobre a caracterização da feminilidade na


obra de Marie Laurencin a partir da análise do quadro “Guitarrista e Duas Figuras Femininas”
pintado por ela no ano de 1934 e doado pelo Banco Hipotecário Lar Brasileiro S.A. ao Museu
de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand(Masp) em 1947, e desde então pertencente ao seu
acervo. A obra é a única da artista presente no museu e a partir dela é possível desvendar
características da obra de Laurencin que revelam suas tendências pictóricas, temáticas e seus
interesses e objetivos dentro da pintura, assim como sua inserção nas vanguardas modernistas,
tanto nas semelhanças com os movimentos quanto em sua originalidade e características
próprias. O que pretendemos aqui é um estudo sobre esse quadro que o contextualize dentro do
acervo do Masp e dentro da obra de Marie Laurencin, além de problematizar a partir dele o
conceito de arte feminina relacionado a ela.

Palavras-chave: Marie Laurencin; feminilidade; modernismo.

Lendo as mulheres na construção de uma Argélia independente, 1954-1962: o primeiro


tempo da obra de Assia Djebar.
Bruna Perrotti - IFCH/UNICAMP

O período da descolonização argelina foi determinante na história recente desse país,


gerações que foram expostas a cultura colonial por meio de um sistema educacional fortemente
assimilacionista se depararam ou mesmo compuseram movimentos nacionalistas que
assumiriam protagonismo na Guerra de Independência (1954-1962). A escritora Assia Djebar
viveu esse contexto turbulento nos primeiros anos de sua carreira e essa pesquisa pretende
analisar duas de suas obras iniciais no período: La Soif (1958) e Les Enfants du Nouveau
Monde (1962), obras que trazem as tensões de uma autora dividida entre dois paradigmas
culturais distintos. Temos como ponto de partida nessa análise a ideia de que a particularidade
das opressões sofridas pelas mulheres no contexto colonial influencia suas respostas e maneiras
de engajamento. A pesquisa objetiva portanto através do enfoque no primeiro tempo da obra
de Djebar, investigar as continuidades e inovações entre as duas obras selecionadas,
apreendendo: como foi o processo de construção da autora como intelectual e seu engajamento
e o de outras mulheres na causa da independência; qual a especificidade da participação da
escrita feminina na construção literária de discursos que dialogam com os movimentos
nacionalistas em emergência e atuação; e por fim, qual foi a recepção crítica de Djebar: se a
autora conseguiu ou não, seu espaço de fala.
Palavras-chave: História e Literatura; gênero; descolonização argelina; Assia Djebar.
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Mesa 10: Discursos e práticas políticas

Apropriações culturais do franquismo (1948-1955) pelo pinochetismo (1973-1975)


André Mateus Pupin - IFCH/UNICAMP

A proposta desta pesquisa é mapear as apropriações que o pinochetismo fez do


franquismo. O ponto de partida é o funeral de Francisco Franco, em 1975, onde poucos chefes
de Estado se fizeram presentes em razão da pouca relevância, e rechaço, da figura política de
Franco. Nessa ocasião Pinochet fez discursos exaltando a hispanidad, a catolicidad e o
“combate ao comunismo” no franquismo, além de criticar o rei Juan Carlos I que, em sua posse,
não mencionou o legado franquista.
Ocorre que tais conceitos mobilizados por Pinochet foram na realidade forjados e
fortalecidos muito antes, por iniciativa do próprio Franco. Após a Guerra Civil e a Segunda
Guerra Mundial, o regime franquista estava isolado na política internacional devido a sua
aliança com o fascismo, e maldito pelos Cuadernos Americanos criados em 1942 na
Universidad Nacional Autónoma de México – que aliás recebia grande colaboração de
republicanos espanhóis exilados. Dessa forma, em 1948 Franco fundou os Cuadernos
Hispanoamericanos vinculados ao Ministério de Assuntos Exteriores e responsável por
difundir a imagem de uma madre Espanha e de uma Hispanoamérica, ambas católicas.

Palavras-chave: pinochetismo; franquismo; pensamento conservador.

Ideário e Práticas Políticas no Governo Jackson (1829-1837)


Gustavo Fernandes dos Santos - IFCH/UNICAMP

Durante muito tempo os trabalhos historiográficos referentes ao Governo de Andrew


Jackson (1829-1837), Estados Unidos, pautaram-se exclusivamente na persona de Jackson ou
sobre uma perspectiva social do momento histórico. Atualmente o foco dos trabalhos sobre
este período passam a assumir uma preocupação no campo político. No entanto, os debates se
debruçam majoritariamente sobre um caráter relacionado especificamente ao conceito
democrático, a participação ou não de grupos sociais na ação política. Assim, a pesquisa tem o
objetivo de aferir o modo como o Liberalismo Clássico fora adaptado no Governo Jackson e
compreender as causas que levaram a uma implementação específica, utilizando-se de estudos
da História Cultural. De forma a não incidir em um debate meramente conceitual que
não leva o momento histórico em consideração, o que contribui para a incidência em
julgamentos de valor e dicotomias, distinguindo valores democráticos de liberais.

Palavras-chave: Estados Unidos; Andrew Jackson; História Política; Liberalismo.

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Apagamento da Memória e Resgate Material : a intersecção entre a obra 1984 de
George Orwell e as ditaduras Latino Americanas do Século XX
Jaqueline Brandão Martins - IFCH/UNICAMP

Este é um artigo através do qual busca-se aproximar dois processos contidos em dois
universos diferentes, respectivamente: o primeiro corresponde ao fenômeno do apagamento da
memória, processo endossado pelas ditaduras militares na América Latina do século XX; o
segundo compreende os trabalhos realizados pelo Ministério da Verdade, aparato
governamental existente no mundo distópico criado por George Orwell em sua obra intitulada
1984. Depois de feita tal aproximação, surge na intersecção desses universos a problemática
do resgate da memória, e sugere-se, a partir daí, uma possível solução através da Arqueologia
e seu resgate material.

Palavras-chave: Ditaduras latino americanas; Memória. Arqueologia; 1984: George Orwell;


Distopia; Resgate Material.
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Mesa 11: Representações e narrativas na antiguidade

O persa nas fontes gregas: a alteridade na tragédia Os persas de Ésquilo e nas


representações iconográficas
Amabile Helena Zanco - IFCH/UNICAMP

Desde a Antiguidade, o Oriente é objeto do olhar do Ocidente, fato que determinou a


elaboração de relações de alteridade entre os diferentes povos que habitaram as duas regiões
ao longo do tempo. Na primeira metade do século V a.C., as Guerras Médicas forem um
conflito determinante para a construção da identidade grega e de seu discurso de alteridade.
Logo, podemos observar nas fontes uma transformação na maneira como os gregos reagiam ao
“outro” bárbaro, que passa a ser relacionado ao persa e a diferir dos gregos em diversas
características. Na pesquisa analisamos a representação dessa relação de alteridade a partir da
tragédia Os persas (472 a.C.) de Ésquilo e das representações persas na cultura material, em
consonância com os estudos disponíveis sobre a alteridade.
Palavras-chave: gregos; persas; alteridade.

Doctor Who e a Caixa de Pandora: Uma análise do mito grego em "The Pandorica
Opens"
Sidnei de Oliveira Junior - IFCH/UNICAMP

Este artigo busca expor as reflexões realizadas na elaboração do trabalho final do curso
“Tópicos Especiais em História XXIX – ‘Introdução à Cultura Visual’". Será analisado o
primeiro episódio do arco que encerra a Quinta Temporada da famosa série britânica de sci-fi

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Doctor Who, "The Pandorica Opens" (A Pandorica se abre), transmitido originalmente em 19
junho de 2010 pela emissora britânica de televisão BBC HD, e no Brasil pelo canal televisivo
TV Cultura em 2011. Busca-se compreender o modo como é produzida a releitura do mito de
"Prometeus e Pandora" e sua recepção no início do século XXI.
Inicialmente será feita uma breve colocação sobre Doctor Who inserido na Era da
Convergência – conceito teorizado por Jenkins. Em seguida será descrito alguns aspectos da
série e um resumo do episódio e, logo após, será narrada um trecho da versão de Hesíodo em
"O Trabalho e os Dias" do mito de “Prometeus e Pandora”. Finalizando, será realizada uma
análise desta lenda grega e sua recepção nesse episódio da série Doctor Who.

Palavras-chaves: Doctor Who; Recepção; Pandora; Alegoria.

Indo além das evidências: dois casos de inferência história injustificada


Júlio Matzenbacher Zampietro - IFCH/UNICAMP

É recorrente a ideia de que o estudo da Antiguidade Tardia é atrapalhado pela ausência


de evidências. Entretanto, esta ideia via de regra não é aprofundada ou ilustrada. O presente
trabalho tem como objetivo demonstrá-la a partir de dois casos específicos, em que a ausência
de evidências levou a generalizações indevidas em obras historiográficas. O primeiro se
relaciona à Praga de Justiniano (541 – 750 EC), e o segundo a instituições cristãs de caridade,
tema da iniciação científica do autor. Um segundo objetivo é a sugestão de metodologias que
vão na direção de remediar o problema, e que podem ser aplicadas ao estudo de outros
momentos históricos.

Palavras-chave: metodologia; teoria; antiguidade.

Adornando as bestas: a figuração de animais em rituais de sacrifício na cerâmica ática


do século V a.C.
Erik de Lima Correia - EFLCH/ UNIFESP

Este trabalho tem como objetivo entender o ritual de sacrifício animal na perspectiva
dos artesãos que produziam vasos de cerâmica áticos no século V a.C. por meio da forma como
eles figuravam animais. Muitas cenas deste tipo de ritual foram figuradas em vasos cerâmicos
por artesãos da região da Ática, mas a bibliografia não é consistente quanto aos animais que
nelas estavam presentes. Nesse sentido, pretende-se analisar os animais escolhidos, como eram
figurados e também a forma de interação destes com outros elementos presentes nas cenas nos
vasos de cerâmica pintados.

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Van Straten (1995) apresenta um enorme catálogo tanto de figurações de vasos de
cerâmica quanto de relevos votivos que possuem cenas que figuram o ritual de sacrifício
animal. O estudioso, ao tratar dos vasos pintados, separa estas cenas em três fases distintas: a
fase de “pré-sacrifício”, que mostra animais vivos e inteiros em variadas cenas do ritual; a fase
de “sacrifício”, que mostra o animal sendo abatido; e a fase de “pós-sacrifício”, onde não é
mais possível identificar o animal na cena. Para essa pesquisa, portanto, centralizarei apenas
em cenas de “pré-sacrifício”, e o foco recairá sobre os animais que estão figurados nelas, tendo
como objetivo específico entender a perspectiva do ritual de sacrifício animal pelos artesãos da
região da Ática do século V a.C., e objetivos gerais que são: (a) entender a escolha de animais
feitas por estes artesãos; (b) como esses animais eram figurados; e (c) como esses animais
interagiam com os demais elementos também figurados nas cenas.
Para analisar as figurações, proponho três pontos a serem levados em consideração: a
cena e seu contexto; o animal como um todo; e a interação deste com outros elementos
presentes na cena. Dois tipos de cenas, as procissões e os rituais preliminares no altar, devem
ser levados em conta frente a escolha do animal feita pelos artesãos, para contextualizar os
animais. Em seguida, deve-se ser feita a descrição do tipo do animal e de toda sua anatomia,
sexo, como ele foi e/ou está figurado na cena, tomando também como foco suas posições na
cena, tendo como pressuposto que uma imagem é um lugar, um espaço onde sinais ocorrem,
posicionados de acordo com os critérios espaciais – esquerda/direita, alto/baixo, na frente ou
atrás, como ressalta Durand (1989). Por fim, é preciso entender como o animal está interagindo
com os outros elementos da cena. Para tal, é importante descrever os gestos, os movimentos
das figuras humanas e dos animais, os objetos presentes na cena e que tenham relação com os
animais, assim como o ritual de sacrifício.

Palavras-chave: ritual de sacrifício animal; vasos de cerâmica áticos; figuração de animais.

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Mesa 12: Práticas no Ensino

Motivação Para Ler e Estratégias de Regulação da motivação de Estudantes de


Licenciatura em História
Natalia Borelli de Carvalho - FE/UNICAMP

Baseada no referencial teórico da Teoria Social Cognitiva e da Aprendizagem


Autorregulada, para as quais a Motivação para a leitura é considerada uma variável chave para
o processo de aprendizagem, a pesquisa visou identificar o tipo motivacional e as estratégias
da regulação da motivação utilizadas por estudantes do curso de licenciatura em História. O
projeto se revela importante, já que são poucos os estudos acerca da motivação para a leitura e
estratégias para regular a motivação de alunos do Ensino Superior, sobretudo de futuros
professores. A pesquisa contou com a participação de 85 alunos matriculados em disciplinas
obrigatórias do curso de História. Foram utilizadas duas escalas para coleta de dados, sendo

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uma para mapear o tipo motivacional para a leitura e a outra para identificar as estratégias de
regulação da motivação da amostra. Os participantes apresentaram níveis elevados de
motivação extrínseca integrada e identificada para a leitura e pouca desmotivação. No que
tange às estratégias de regulação da motivação, verificou-se que os participantes utilizam mais
frequentemente as estratégias da regulação do valor. Os participantes relataram ser altamente
motivados e autorregulados quanto à leitura. Em linhas gerais, os resultados se encontram em
consonância com a literatura da área. Considera-se altamente relevante conhecer o futuro
professor, uma vez que estes serão os responsáveis pelo ensino de seus alunos. Professores
altamente motivados para ler como os participantes dessa pesquisa tendem a incentivar a leitura
em seus alunos, contribuindo para o desenvolvimento de habilidades de leitura e senso crítico,
variáveis muito importantes para a aprendizagem de história e de outras disciplinas.

Palavras chave: Autorregulação da motivação, Motivação para a leitura, licenciaturas,


Licenciatura em História

Educomunicação: surdez e ensino de História


Gabriela de Aguiar Gotardi -.IFCH/UNICAMP
Rodrigo Gomes Pinto - IFCH/UNICAMP

O projeto Educomunicação é desenvolvido no Centro Educacional Municipal de


Educação de Jovens e Adultos Sérgio Rossini, em Campinas - SP que funciona com Ensino
Supletivo na educação de Jovens e Adultos e é um polo de educação bilíngue que inclui alunos
surdos, tendo em seu corpo docente, além de professores das disciplinas do Ensino
Fundamental II, intérpretes de Língua de Sinais. O contexto bilíngue é considerado o mais
adequado para a aprendizagem dos alunos surdos, uma vez que respeita sua singularidade
linguística, sendo a língua de sinais a que veicula os conhecimentos acadêmicos (neste caso,
com a presença do Intérprete de LIBRAS) e a Língua Portuguesa, na modalidade escrita, a
segunda língua destes alunos. A demanda para a realização do projeto é da própria gestão da
escola, que conta com 30 tablets, os quais são utilizados para desenvolver atividades
pedagógicas em todas as disciplinas do Ensino Fundamental II. Durante o ano de 2018, os
graduandos acompanharam as aulas de Português e História. E, assim, prepararam as atividades
em consonância como o conteúdo desenvolvido em sala, atuando diretamente com os alunos
surdos e ouvintes.

Palavras-chave: Ensino de História; surdez; educação.

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Mesa 13: Disputas, direitos e o lugar das mulheres na história

Contestações e Defesas sobre o uso do sobrenome do marido pela mulher: o debate da


década de 70
Christiane Kozesinski - IFCH/UNICAMP

Este projeto de estudo é centrado na investigação do debate transcorrido no âmbito


legislativo e da sociedade civil na década de 70 sobre a obrigatoriedade da adoção do
sobrenome do marido pela mulher com o casamento, então previsto no artigo n° 240 do Código
Civil de 1916. O ponto de inflexão que culminou numa reação de debate foi a redação da
formulação do anteprojeto do novo Código Civil em 1975, que conservava a disposição dessa
obrigatoriedade à mulher casada no texto. Para amparar a compreensão dessa discussão
tenciona entre contestações e defesas quanto a obrigatoriedade do uso do sobrenome do
homem, entoados por vários sujeitos - homens e mulheres casadas, desquitadas e concubinas,
bem como as complexas nuances que envolvem a adoção ou retificação do sobrenome do
marido pela mulher, serão centrais documentos jornalísticos do período entre 1970-1979.
Ainda compõe como fonte balizar as asseverações sobre essa questão no livro do jurista
Divaldo Montenegro O uso, pela mulher, do sobrenome do companheiro (MONTENEGRO,
1977) produzido no contexto de discussão da Lei do Divórcio de 1977 e de formação do novo
Código Civil.

Palavras-chave: nomeação patronímica; mulher; casamento.

A misericórdia nas sentenças de processos jurídicos de violência contra mulher em


Buenos Aires no fim do XVIII
Alessandra Vespa - UNIFESP

O presente projeto de IC, financiado pela FAPESP, estuda 15 processos jurídicos de


violência contra mulheres em Buenos Aires no fim do XVIII a partir de uma chave de leitura
da teologia moral, própria do sistema jurídico da época. Nesta apresentação, aponto os indícios
de que a misericórdia estava presente nos processos, tanto da parte do réu, do acusador, dos
advogados e, também, do juiz nas sentenças. Pretendo apresentar as bibliografias em que me
apoio, bem como os exemplos encontrados nos próprios processos.

Palavras-chave: História da Justiça; História da América Colonial; Buenos Aires; XVIII;


Processos Jurídicos; Mulheres.

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A mulher na Inglaterra nos séculos XII a XIV: uma análise do poema ABC a Femmes
Jackeline Hernandez Barros de Oliveira - PUC-CAMP

A História das mulheres tem sido frequentemente negligenciada por historiadores, seja
por não a considerarem importante ou por ter sido feita através de uma perspectiva
unidimensional da disputa de poder entre homens e mulheres. Através do tempo, a história das
mulheres foi muitas vezes generalizada, ignorando suas especificidades e sua relevância para
o entendimento político, cultural e social de um período. Esse artigo visa contextualizar e
compreender os papéis exercidos pelas mulheres na Inglaterra Anglo-Normanda, aplicando
hermenêutica ao poema ABC a Femmes, do manuscrito MS Harley 2253. Busca-se usar o
poema para compreender o que era esperado dessas mulheres, quais eram suas
responsabilidades para com a sociedade e qual seu level de autonomia.

Palavras-chave: MS Harley 2253; ABC a Femmes; História das Mulheres; História Social;
Inglaterra; Idade Média.

A enfermagem e a emancipação feminina


Raíza Gomes Araújo de Paulo - UFMG

No início do século XX, as demandas de saúde pública e a parceria com outras nações
possibilitaram a fundação da primeira escola de enfermagem do país. A criação da Escola Anna
Nery marca no Brasil o início da enfermagem moderna e seguindo o “padrão Nightingale”
estabelece a profissão como um lugar do feminino, ou mais especificamente, da mulher branca
e de “boa base social". Essa nova possibilidade de ocupação para as mulheres cresce com a
multiplicação das escolas de enfermagem, pois essas visam atingir o padrão proposto pela E.E.
Anna Nery. Assim, a enfermagem torna-se um espaço a ser ocupado pelas mulheres e ao
contrário das outras “profissões femininas” (professora, costureira...) essa era capaz de
emancipar as mulheres financeiramente e garantia a elas o “direito” à vida longe da tutela
masculina. Apesar da intensa propaganda pública a enfermagem não conseguiu preencher toda
a sua necessidade com o público alvo, por isso foi obrigada a alargar o padrão do feminino,
recebendo também mulheres negras e de menor poder aquisitivo. Nesse contexto a
comunicação tem como objetivo analisar o perfil das primeiras enfermeiras e avaliar como a
enfermagem impactou nas relações de gênero durante boa parte do século XX. Utilizando um
estudo histórico social que revisitou biografias, contrapôs fontes e traçou o perfil da Escola de
Enfermagem Carlos Chagas uma das primeiras escolas do país. Localizada na fronteira entre
diversas áreas do conhecimento a pesquisa provoca importantes reflexões sobre a história da
enfermagem, possibilitando compreender melhor os desafios da enfermagem e principalmente
os desafios das profissões tidas como femininas.

Palavras-chave: História da enfermagem; Gênero; Profissões; Enfermagem.

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Mesa 14: Abordagens em história da África

Between the Rainbow and Reality: An Interdisciplinary Approach on South Africa's


Inequality
Matias Almeida Garzon - IFCH/UNICAMP

A presente pesquisa tem como objetivo realizar um estudo sobre o processo de


conformação de um Sistema de Desenvolvimento Dual na África do Sul, partindo das ideias
expostas pelo historiador Jorn Rusen sobre a intrínseca relação do estudo do passado a partir
das conjunturas do presente. Mediante a análise de duas cartas legislativas: o Natives Land Act
(1913) e o Group Areas Act (1950), foi estudado o planejamento nacional de desenvolvimento,
especificamente focado na temática da segregação socio-econômica, com a ajuda do marco
teórico trabalhado por James Robinson e Daron Acemoglu; oriundos das áreas de Economia e
os Estudos do Desenvolvimento. O trabalho apresenta-se como uma tentativa por realizar um
estudo conjunto que procura estabelecer um diálogo colaborativo entre a História e outras áreas
acadêmicas.

Palavras-chave: África do Sul; Pobreza; Interdisciplinar; História; Desenvolvimento;


Economia.

Uma História Decolonial da África: um estudo a partir de São Tomé e Príncipe no


Século XX
Jéssica Cristina Rosa - IFCH/UNICAMP

Partindo da perspectiva de uma história decolonial, que propõe um rompimento


temático e epistemológico com as formas ocidentais de produção do conhecimento, venho
desenvolvendo, nos últimos 3 anos, uma pesquisa sobre o arquipélago de São Tomé e Príncipe
nas primeiras décadas do século XX. Iniciada em 2016 com a análise da legislação sobre
trabalho nas colônias portuguesas, a pesquisa hoje busca compreender relações sociais
estabelecidas no arquipélago, a partir da leitura e análise da imprensa sãotomense produzida
pela elite crioula. É essencial a compreensão de que o arquipélago é central no império
português, se não economicamente, no avançar do século XX, na produção do discurso de um
império colonial multirracial.
Na primeira parte da pesquisa, concentrada na alimentação da base de dados
"Legislação: Trabalhadores e Trabalho em Portugal, Brasil e África Colonial Portuguesa"
(disponível em: http://www.ifch.unicamp.br/cecult/lex/web/), com o financiamento de uma
bolsa PIBIC – Cnpq e sob orientação da professora Lucilene Reginaldo, a pesquisa privilegiou
a compreensão das modificações legais ocorridas no período posterior à Segunda Guerra
Mundial, quando da emergência de movimentos independentistas por toda a África. Portugal

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passa então por modificações legais e discursivas no cenário internacional, na tentativa de
manter suas colônias no continente.
No atual estágio da pesquisa, o foco é na produção da imprensa sãotomense. A
cronologia escolhida, 1911 a 1930, coincide com o da proclamação da Primeira República
Portuguesa, mas tem por interesse as implicações das mudanças de regime político
metropolitano no arquipélago. Nesse contexto de alteração e instabilidade governamental, é
central para os são tomenses, e outros habitantes das colônias portuguesas na África, pensar
que tipo de relação se estabeleceria entre Portugal e seus territórios além-mar. A ideologia
republicana, por exemplo, é uma questão latente nas páginas dos periódicos, bem como a
percepção de que algumas atitudes dos administradores portugueses nada condiziam com os
valores do sistema político recém adotado.
Depois da leitura de várias edições de seis jornais do arquipélago, escolhi o periódico
A Liberdade, publicado entre 1919 e 1923. Do volume completo de edições publicadas (ainda
não consegui encontrar a quantidade exata), tenho disponível 10 números (entre os n.º 19 e 28),
a partir dos quais foco na análise da elite crioula a partir da imprensa, meio de expressão e de
construção política desse grupo. A imprensa funciona aqui como fonte para a compreensão do
processo político e social no qual essa elite estava envolvida, processo este que envolve pensar
um projeto político para seu local de origem, mas também como objeto, uma vez que é nela
que o grupo se constrói, expressa, debate e atua.
Nessa comunicação, pretendo apresentar um panorama do arquipélago (central para as
aspirações portuguesas na África no período), bem como explorar as conclusões e reflexões
que tenho feito sobre a elite crioula e sua imprensa em São Tomé e Príncipe nesse início de
século XX. Essas questões, que busco discutir e aprofundar em minha monografia, serão o
caminho para uma reflexão mais ampla que buscará, nesse evento, falar da importância do
estudo de uma história que busque temas, metodologias e epistemologias para além da suposta
centralidade e universalidade do sujeito europeu.

Palavras-chave: História decolonial; São Tomé e Príncipe; Colonialismo; Imprensa.

Soberanias negociadas: paz inquieta e protetorado francês nos "Estados de Samory"


(1885-1891)
Rafaél Antônio Nascimento Cruz - FFLCH/USP

A presente comunicação discutirá um dos aspectos da pesquisa de IC intitulada


“Samory Touré e a resistência à dominação francesa na África do Oeste (1882-1898)”.
Objetivamos contribuir para o entendimento das resistências à expansão colonial francesa nas
últimas décadas do século XIX. Para tanto, procuramos precisar a natureza e os sentidos das
ações do soberano malinquê Samory Touré, que liderou uma estrutura política centralizada na
bacia do alto Níger. De caráter militarista e em processo de expansão territorial, esta estrutura
entrou em confronto militar direto com o imperialismo francês em 1882. Três anos depois, as
duas partes iniciaram negociações sucessivas e estabeleceram tratados bilaterais: Kéniéba-

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Koura (1886), Bissandougou (1887) e Niakho (1889). À partir da análise dos tratados e de
relatos das negociações pretendemos identificar possíveis orientações para a ação política de
Samory, bem como o papel dos tratados em regrar as relações entre as duas entidades sem,
contudo, deixar de levar em conta as assimetrias da dominação imperialista.

Palavras-chave: Resistência; Samory; Colonialismo; África do Oeste.

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Mesa 15: Legislação e justiça

A Lei Seca e a ascensão do controle biopolítico estadunidense


Caio César Alves da Costa - FFLCH/USP

O uso de substâncias alteradoras de consciência acompanha a humanidade desde seus


primórdios e exerceu – e ainda exerce - um importante papel na coesão social e na formação
cultural de diversos povos. Anteriormente regulado por fatores religiosos e morais, o uso dessas
substâncias passou a partir da modernidade a ser regulado pelo organismo estatal então em
formação e expansão.
A partir do século XIX na América do Norte, tanto no Canadá quanto nos Estados
Unidos, um movimento religioso antialcoólico – auto proclamado movimento pela Temperança
- tomou forma e conquistou uma grande influência social e política. Guiado por preceitos
provindos principalmente da corrente evangélica metodista e seu ideário de atletismo moral, os
pregadores uniram forças com outros setores influentes da sociedade, como a classe médica –
então em ascensão por conta do crescimento da indústria farmacêutica e o discurso em favor
do controle da saúde pública - e grandes industriais como Henry Ford e John Rockefeller, os
quais doaram milhões para instituições proibicionistas como a Anti-Saloon League. Com isso,
o grupo proibicionista emplacou uma proibição a nível federal no ano de 1920.
A Lei Seca nos Estados Unidos, muitas vezes considerada um fracasso aberrante,
pavimentou uma drástica mudança no que tange o controle biopolítico da sociedade por parte
do poder estatal. Devido à grande centralidade das bebidas alcoólicas na cultura e lazer de
minorias sociais, como imigrantes, afro-americanos e trabalhadores fabris, a aprovação da 18ª
emenda à constituição estadunidense representou um ataque específico a essas comunidades
consideradas perigosas e subversivas.
Utilizarei para essa apresentação como base fundamental a obra de Lisa McGirr “The
War On Alcohol: prohibition and the rise of the american state” complementando com outras
obras recentes que abordam a temática, como o livro "Drogas: a história do proibicionismo" do
historiador Henrique Carneiro. Essa bibliografia foi selecionada para possibilitar uma
apresentação ampla da problemática do proibicionismo do álcool para posterior verticalização
sobre a proibição estadunidense.

Palavras-chave: Álcool; Proibicionismo; Lei seca; Estados Unidos; História; Temperança.

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Antialcoolismo: um estudo do caso canadense
Guilherme Rodrigues Soares - FFLCH/USP

A guerra às drogas é um assunto com o qual a sociedade contemporânea é altamente


familiarizada, sendo uma série de substâncias por ela demonizadas como fonte da perdição e
do mal. Tal situação, porém, nem sempre se deu dessa forma; a busca pela alteração de
consciência é algo que acompanha a humanidade por sua história, bem como a tentativa de
regulação de substâncias psicoativas não é algo exclusivo da contemporaneidade.
Pouco questionado até o século XIX, o álcool começa a ver-se em xeque nesse período.
Surgem, tanto no espaço europeu como no espaço norte-americano, questionamentos acerca
do “problema social” das tavernas e, consequentemente, acerca de seu principal produto: o
álcool.
É então nesse contexto que os Estados começam a debater possibilidades de regulação
e até mesmo proibição da mesma – sendo o expoente mais famoso dessa postura
intervencionista a Lei Seca, aprovada em 1919 e que vigorou nos Estados Unidos da América
entre 1920 e 1933.
As bebidas alcoólicas tiveram papel central no cotidiano da Nova França e da América
do Norte Britânica – espaços formadores do território canadense – sendo consumidas sem
maiores problemas até a década de 1830. Nesse período começa a efervescer um movimento
de temperança na sociedade canadense – assim como nos Estados Unidos da América e em
diversos locais da Europa – que visará colocar em cheque o lugar do álcool nessa sociedade,
originando a única grande cruzada reformista desse país no século XIX. Apesar da força do
movimento antialcoólico nesse país e o mesmo seguir muitos passos do movimento em seu
país vizinho, os Estados Unidos, em 1898 há um elemento central que mostra um freio ao
proibicionismo no plebiscito realizado em nível nacional: o elemento quebequense, franco-
canadense católico, que levará, a partir de 1919, o país a experimentar um modelo regulatório
presente primeiramente na província do Quebec e hoje imperante em nível nacional.
Dentro dessa perspectiva, pretendo realizar esse debate em cima de bibliografia como
o livro recentemente publicado pelo historiador Henrique Carneiro intitulado "Drogas: a
História do Proibicionismo", o qual realiza uma ótima análise em língua portuguesa do
antialcoolismo do século XIX e início do século XX, passando por casos como dos Estados
Unidos, Canadá, França e Rússia; também, é essencial para discutir o caso do Canadá o livro
do historiador canadense Craig Heron "Booze: a distilled history", o qual se constitui na mais
completa obra sobre o beber no Canadá, desde suas origens coloniais franco-anglófonas até a
atualidade, além da obra de Desmond Morton "Breve História do Canadá", útil para
compreensão de aspectos sociopolíticos da sociedade canadense à época recortada – século
XIX e início do XX. Além dessas obras, vale também citar breves artigos como "Joe Beef of
Montreal: working-class culture and the tavern, 1869-1889" de Peter Delottinville, que
relaciona a classe trabalhadora com o ambiente da taverna - logo, de consumo alcoólico - e
"Canadians and Prohibition: An Analysis of the 1898 Referendum" de Ruth Dupré e Désiré
Vencatachellum", que foca num interessante plebiscito realizado no Canadá em nível nacional
em 1898 sobre proibir ou não as bebidas alcoólicas.
Palavras-chave: Álcool; Proibicionismo; Canadá; História.

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Tutela, assistência e trabalho indígena no período republicano (1910-1988)
Luiza Oliveira P. de Andrade - IFCH/UNICAMP

O projeto de pesquisa abordou a legislação indigenista durante o período republicano


brasileiro, desde a criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores
Nacionais (SPILTN), em 1910, até a Constituição Federal de 1988. O estudo analisou os
conceitos de “tutela”, “assistência” e “trabalho” na legislação, de modo a observar as
articulações por trás dessas formulações e seus impactos na política indigenista. Sendo assim,
as permanências, rupturas, pressupostos e implicações das normas legais voltadas às
populações indígenas ao longo do século XX brasileiro são centrais nesse trabalho.

Palavras-chave: trabalho indígena; Brasil República; tutela

O trabalhador rural e o Parlamento: direitos e política (1945-1963)


Julio Capelupi - IFCH/UNICAMP

A lei n.º 4.214, de 2 março de 1963, criou o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR),
primeiro texto que institui o regime jurídico das relações de trabalho no campo. A lei garantia
aos trabalhadores rurais os direitos que até então só eram certificados aos assalariados urbanos
pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) - com as adaptações ao trabalho rural. Há uma
vasta bibliografia sobre o assunto, cuja maior parte se dedicou a analisar os impactos da lei nas
relações de trabalho, passando também pelo estudo do conteúdo jurídico do ETR e pelos
objetivos do Estado na sua aprovação. Entretanto, nenhum trabalho analisou como os
parlamentares pensaram os direitos dos trabalhadores do campo durante a tramitação do projeto
(1960-1963), constituindo uma lacuna historiográfica na qual o pesquisador se inseriu. A
pesquisa já tem dois anos de duração, com muitos resultados, usando como documentação
privilegiada os anais da Câmara dos Deputados, além de vários jornais da época, obras de
juristas especializados no Direito do Trabalho, e livros de memórias escritos por políticos do
contexto em foco. Inicialmente eram 4 as hipóteses centrais do projeto, que não podem ser
explicitadas aqui por falta de espaço. Mas ao longo da pesquisa outros elementos e pontos
centrais de análise foram modificados no contato com a documentação. Atualmente é possível
dizer que duas das três partes da monografia (início em janeiro de 2019 e previsão de término
em agosto do mesmo ano) estão concluídas: 1. análise das querelas político-partidárias do
período que compreende 1945-1960 para entender os seus impactos na tramitação do projeto;
2. narrativa sobre as diferentes concepções parlamentares a respeito da figura do homem do
campo, algo que foi determinante na “solução encontrada” pelos políticos, qual seja a do caráter
civilizador e instrumental da lei.

Palavras-chave: Estatuto do Trabalhador Rural; Congresso Nacional; legislação trabalhista;


política

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Mesa 16: Tensões sociais, estado e cotidiano na história

A questão social na perspectiva da Doutrina da Segurança Nacional de Golbery do


Couto e Silva: a miséria como vulnerabilidade e o bem estar em seu limite
Letícia Maria de Alcântara Nogueira - FFLCH/USP

Durante as décadas de 50 e 60 no Brasil, destaca-se a discussão sobre a Segurança


Nacional devido a sua importância para um projeto de desenvolvimento econômico-social no
país. Neste debate, Golbery do Couto e Silva é uma relevante referência teórica, atuando na
Escola Superior de Guerra de 1952 à 1955 e no Serviço Nacional de Informação desde 1964.
Observando a perspectiva teórica de Golbery sobre a Doutrina de Segurança Nacional, notamos
que o autor descreve um cenário denominado “guerra total”. Este aparece de forma a integrar
diversos campos, como o econômico, o político e o psicossocial. Assim, Golbery pontua a
importância de se decidir formas estratégicas atuem nessas áreas. A questão central desta
pesquisa é a abordagem de Golbery sobre as questões sociais de bem estar e miséria em um
momento de “guerra total”. Mira-se no dilema exposto pelo autor: enquanto para estruturar-se
a segurança é necessário um mínimo de bem estar, este último deve ser em certa medida
sacrificado na medida em que o binômio da segurança e do desenvolvimento deve ser
priorizado. Enquanto isso, a miséria é apontada como um fator crítico na América Latina, uma
vez que traz a potencialidade de geração de antagonismos influenciados pelo inimigo soviético.

Palavras-chave: Escola Superior de Guerra; Doutrina de Segurança Nacional; Questão Social.

Expedição Roncador-Xingu (1943-1948): a tensão entre integrar e preservar os


indígenas do Brasil Central
Thays Fregolent de Almeida - PUC/SP

A pesquisa busca compreender a Expedição Roncador-Xingu, ponta de lança da


Campanha da Marcha para o Oeste, lançada por Getúlio Vargas durante o Estado Novo (1937-
1945). Seu intuito era reconhecer, colonizar e integrar os fundos territoriais do país, que
incluíam parte do estado de Goiás, Mato Grosso e Amazônia. Para tanto, mapeamos os discurso
e as representações em torno do Brasil Central que, no limite, desencadearam a Marcha, em
termos gerais, e, em termos específicos, a Roncador-Xingu. Interessa ainda compreender como
foram construídos os nexos entre a memória pública acerca dos antigos bandeirantes e os
expedicionários do novo movimento de expansão. A partir da análise de fontes jornalísticas
sobre a referida expedição e a própria historiografia paulista do período difundida por Affonso
de Taunay e por Cassiano Ricardo, procurou-se compreender como foi articulada a legitimação
dessa nova e ambiciosa empreitada. Nesse sentido, se torna imprescindível analisar a expedição
à luz do conceito de fronteira, aqui, utilizado como categoria interpretativa. Isto é, pensar tanto
os conteúdos práticos da expansão territorial, quanto os simbólicos, de modo a considerar a

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fronteira como um vasto ambiente de adaptação e interação do homem com o cenário natural.
Sendo assim, a Expedição Roncador-Xingu, que no presente trabalho incorpora a expansão da
fronteira Oeste, será analisada a partir das preocupações e agendas de seu período, ou seja,
intimamente vinculada às mudanças econômicas, políticas e sociais dos anos 1940. Por fim,
tendo em vista que a Roncador-Xingu avançou em terras indígenas, a pesquisa reflete sobre
como os contatos e as “pacificações” estabelecidas se enquadraram no cenário das políticas
indigenistas de meados do século XX. A reflexão proposta engloba a atuação e a análise do
diário dos irmãos Villas Bôas - os mais renomados expedicionários - e do sertanista Acary de
Passos Oliveira, relator da expedição. Apesar de assumirem o modelo protecionista defendido
por Marechal Rondon, a expedição se insere em um movimento no qual o Estado utilizou da
imagem simbólica do indígena, como integrante da nacionalidade, para a espoliação de suas
terras através das diversas faces da Marcha para o Oeste, entre elas a Roncador-Xingu.

Palavras-chave: Estado Novo; Marcha para o Oeste; Expedição Roncador-Xingu.

Nas ruas de Minas Gerais, entre os aparatos burocráticos e os tabuleiros - uma história
das pretas minas
Vivian Felipe de Sousas - IFCH/UNICAMP

O tema deste projeto são as relações das comerciantes africanas da Costa da Mina com
as múltiplas formas de uso da palavra escrita nos arraiais auríferos de Mariana, Minas Gerais
na primeira metade do século XVIII. Trata-se de um grupo que teve presença marcante na
formação da sociedade colonial, atuando no abastecimento alimentar por meio de tabuleiros ou
por meio de vendas. O objetivo da pesquisa é investigar os significados atribuídos à palavra
escrita pelo grupo composto pelas pretas Mina (como eram denominadas nos documentos
manuscritos) e as dimensões sociais que permeavam o acesso que elas tiveram aos aparatos
burocráticos do cotidiano colonial. A pesquisa, portanto enfoca práticas mercantis das pretas
Mina do ponto de vista dos circuitos dos documentos que permeavam suas atividades.

Palavras-chave: preta mina; mulheres; colônia; Minas Gerais; diáspora africana; Minas
colonial.

Experiências familiares crioulas no contexto da diáspora africana: tráfico negreiro,


trajetórias e rupturas (Mariana, 1701-1750)
Gabriel Antonio Bomfim Seghetto - IFCH/UNICAMP

O tema deste projeto são as experiências familiares da população classificada no


período colonial como crioula ("crioulo", "crioula", "crioulinho", "crioulinha"). O seu foco é o

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impacto do comércio negreiro nos processos de ruptura, composição e recomposição de laços
familiares dos descendentes de africanos nascidos na América portuguesa, sem desconsiderar
as suas relações com outros segmentos demográficos, sobretudo os africanos escravizados que
eram importados constantemente para a Colônia. Interessa recuperar a dimensão humana destas
dinâmicas marcadas por profundas rupturas dos laços de parentesco. A principal contribuição
deste projeto para o campo historiográfico onde se insere são os aportes e avanços que trará
para o conhecimento da complexidade das vivências dos descendentes de africanos (crioulos)
na experiência histórica mais ampla da diáspora.

Palavras-chave: Experiências familiares; descendentes de africanos; diáspora.

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Mesa 17: Estudos Medievais

Os reis e a moeda na Francia Ocidental Carolíngia (séculos VIII-IX)


Eric Cyon Rodrigues - FFLCH/USP

Durante boa parte do século XX, a Alta Idade Média foi interpretada por inúmeros
historiadores como um período de regressão econômica, principalmente o período
correspondente aos reis carolíngios. A produtividade das terras era baixa, o comércio era
restringido à poucas mercadorias, e as cidades existiam em poucas regiões, possuindo um papel
marginal em relação à economia de subsistência. Da mesma forma, o papel das moedas era
resumido ao campo econômico. E este, por sua vez, possuía pouca relevância.
Entretanto, interpretações com perspectivas mais positivas da economia carolíngia
trouxeram uma nova abordagem para as moedas, não só ressaltando seu papel relevante nas
relações comerciais, mas também buscando estudá-las em outros campos sociais do Império
Carolíngio. O uso do dinheiro nas trocas comerciais seria relativamente maior. Não apenas
como meio de troca, mas como unidade de valor. Além disso, ela atuaria como uma forma de
afirmação do poder por parte dos governantes, que durante esses dois séculos, realizaram
reformas monetárias e combateram a falsificação de moedas, tentando estabelecer um
monopólio real sob a produção e a circulação monetária.
Dentro do período de 751 a 877 d.C., no espaço compreendido por Francia Ocidental,
nosso objetivo será o de analisar um conjunto de dezoito capitulares e quarenta exemplares
monetários carolíngios, buscando compreender a natureza das reformas monetárias, suas
razões e suas consequências. Dessa forma, teremos base para afirmar se é possível interpretá-
las como um conjunto de decisões coesas, e classificá-las, se esse for o caso, como uma prática
de política monetária realizada pelos governantes carolíngios.

Palavras-chave: Carolíngios; Francia Ocidental; Moedas.

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O recurso à violência e seus significados na sociedade da Alta Idade Média: o caso de
Geraldo de Aurillac
Vitor Boldrini - IFCH/UNICAMP

Durante quase todo o século XIX e nas primeiras décadas do XX, os historiadores
frequentemente afirmavam que a violência descomedida era um dos elementos constitutivos
das sociedades na Alta Idade Média. O século X, em particular, foi muitas vezes descrito como
"século de ferro", em contraste com a organização política centralizada dos Estados Modernos.
A partir do final da década de 1970 são estabelecidas outras interpretações. A releitura de
documentos e a descoberta de novos, amparados principalmente pelos avanços da arqueologia,
foram fatores fundamentais nessa mudança. Os historiadores passam a adotar novas
explicações que permitem questionar a historiografia desenvolvida até então.Atentos às novas
descobertas e hipóteses, nosso principal objetivo na presente pesquisa é compreender como se
articulam as relações entre paz e violência na hagiografia Vida de São Geraldo de Aurillac
(c.930), tendo como finalidade a caracterização dos conflitos e das disputas nela presentes.
Buscaremos compreender, sobretudo, quais as formas em que eram feitas as reconciliações e
as novas alianças, estabelecidas num quadro muito mais complexo do que o mero registro da
violência generalizada.

O "Hávámal" para um novo aprendizado: como a literatura dos povos vikings pode
influenciar numa nova concepção acerca da Idade Média
Alexandre Pinto de Souza e Silva - FGV-Rio

O "Hávámal" (que significa "o altíssimo", em tradução livre) foi escrito no século X,
onde atualmente é a Islândia, e pertence a um conjunto de histórias que constituíam a "Edda
em prosa" e era voltada, sobretudo, para o deus máximo desta cultura politeísta: Odin. A
literatura escandinava deste período ficou marcada sobretudo pelas sagas, poesias escáldicas e
Eddas, porém pouco se conhece devido ao predomínio das literaturas da França, Inglaterra e
Alemanha nos livros didáticos. A inserção de um estilo literário diferente do qual estamos
habituados representa a inclusão de um novo olhar sobre o mesmo período, bem como um olhar
diferente para os povos à margem das culturas dos países "civilizados" da Idade Média. O
aprendizado deste conto pode nos dizer muito sobre os costumes e as tradições dos povos
"vikings", que produziam suas histórias por meio da coletividade e da oralidade. Assim, a
diversificação dos fatos históricos permite ao aluno ter uma compreensão mais ampla acerca
do período histórico medieval, que ainda é bastante restrita aos olhares de poucas culturas, e
também perceber os valores sociais de acordo com a cultura nórdica e a narrativa que ela
formula os seus conhecimentos.

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Organização

Adrielly Tomazia Costa


Amabile Helena Zanco
Ananda Mendes Lima
Bárbara Diniz Gonçalvez
Gabriel Antonio Bomfim Seghetto
Giovanna de Assis Bareli
Heloisa Soares da Silva Fonseca
Jaqueline Brandão Martins
Julio Matzenbacher Zampietro
Leticia Asfora Falabella Leme
Luiza Oliveira Pereira de Andrade
Manoel Augusto Cabral
Raquel Baptista Mariani
Willian Dias

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