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LITERATURA
Introdução
Uma vez colocada essa premissa, a segunda parte daquela dupla pergunta, por onde
começar, não mais nos oprime. Resta-nos a primeira parte: o que ler? Em um universo
tão vasto de textos, toda e qualquer escolha terá um traço arbitrário e questionável. No
entanto, quero aqui recuperar o sentido mais positivo de “arbitrário”. Esqueçamos a
relação dessa palavra com arbitrariedade, violência, voluntarismo, e nos lembremos por
um instante que ela tem a mesma raiz do verbo “arbitrar”, a tarefa precípua do árbitro,
do juiz, daquele que julga com base em critério estabelecido e discernimento acumulado.
O aluno iniciante pede ao professor que exerça esse papel, sem arbitrariedade, mas com
critério; sem voluntarismo, mas com discernimento. No nosso tempo, e por medo de
parecerem autoritários, muitos professores têm renunciado a essa tarefa de autoridade.
Não me incluo nesse caso. Com todos os riscos, prefiro fazer as sugestões que me pedem.
Com o conhecimento à disposição de todos no mundo digital, cada vez mais o professor
tem como tarefa, acima de qualquer outra, apenas a de sugerir leituras. Aí pode haver
erro, mas da errância o estudante pode encontrar seu caminho.
Para fazer sugestões, coloco antes, então, os critérios. Penso em um pequeno cânone
para estudantes de Letras, no Brasil, que se sabem possuidores de pouco ou nenhum
repertório literário; parco repertório cultural ou crítico; que são, infelizmente,
monoglotas (um conjunto de sugestões, mesmo traduzidas, bem pode incentivar a
aquisição mínima e fundamental de línguas estrangeiras); que conhecem um pouco de
história, mas nada de filosofia; que não têm familiaridade com música clássica, com jazz
ou artes plásticas; que não possuem condições financeiras para investir de maneira
adequada no necessário repertório, e portanto devem contar decididamente com a
biblioteca de sua faculdade e com as fontes online.
Qualquer professor de literatura que esteja lendo este texto facilmente reconhece nos
critérios acima uma descrição média dos nossos alunos do curso de Letras. Além da
genuína vontade de aprender, há apenas um recurso que todos esses alunos possuem: um
telefone celular de múltiplas funções. Laptops ou leitores de textos, tipo kindle ou ipad,
seriam muito bem vindos, mas não se pode contar com eles. Ainda assim, a maioria tem
acesso à rede via desktops, mesmo que seja apenas em sua faculdade.
Como se trata de uma seleção para iniciantes, não faz sentido recomendar simplesmente
autores, com suas obras completas. Cabe indicar obras particulares, na certeza de que o
encanto com uma obra singular abrirá a porta para o desejo de conhecimento de outras
do mesmo autor e da mesma literatura. A palavra “encanto” se reveste de importância
neste contexto. Há obras muito importantes para a compreensão do conjunto da arte da
literatura que, no entanto, demandam prévia formação de repertório, seja por sua
localização histórica, temática ou de gênero específica; sua técnica experimental e
complexa; sua distância cultural em relação ao iniciante. Textos como o Ulisses ou o
Finnegans Wake, de Joyce; ou os Cantos, de Pound; ou O homem sem qualidades, de
Musil; ou Os demônios, de Von Doderer; ou ainda o Doutor Fausto, de Thomas Mann,
são exemplos desse tipo de livro fundamental mas problemático. Abro aqui um
parênteses para dizer que a ausência de Thomas Mann na listagem à frente exemplifica
outro tipo de problema, qual seja a necessidade de impor limite numérico. Ainda que
a Montanha Mágica, de Mann, seja um monumento, optei por incluir o Mundo de ontem,
de Stefan Zweig, porque, cumprindo o mesmo papel de descrever o mundo centro-
europeu antes das guerras, traz a vantagem de adicionar à lista um gênero específico, a
autobiografia. Vaclav Havel, Milan Kundera, Alexander Soljenítzin ou Sándor Marai
também ficam de fora apenas por falta de espaço. Há igualmente autores problemáticos
para a lista porque, mesmo sendo importantíssimos, não possuem traduções de referência
em português, como é o caso de Robert Frost, o grande poeta americano do século XX,
entre tantos poetas magistrais daquele país. Os tesouros da poesia húngara, dos quais
conhecemos apenas flashes aqui e ali, dependem igualmente de traduções, e elas ainda
não são suficientes em português. E se a listagem, por todos os motivos antes expostos,
deve ser numericamente restrita, a indicação de textos complicadores não faz sentido,
pois ela pode destruir o encanto necessário ao primeiro contato. Os textos para o
iniciante devem abrir-lhe as portas do vasto mundo da literatura, e o encanto pelos textos,
que já se revela naquela demanda inicial (“O que devo ler?”), pode bem ser a chave de
todo o processo. Essa necessidade de encantamento não obriga, entretanto, que os textos
sejam sempre fáceis de ler. Certa dificuldade pode também encantar, e por isso mesmo
se faz necessária.
Ao lado dessa série, incluo uma pequena listagem de fontes eletrônicas para música,
artes plásticas e cinema. Cabe dizer que a indicação de edições específicas, notadamente
no caso de traduções ou de obras antigas, se baseia na qualidade da edição, no conjunto
de referências anexas ou na acessibilidade do texto. Em qualquer caso, a indicação é
apenas sugestiva, e pode ser substituída, a critério do estudante, por outra edição, desde
que nela se mantenha o texto integral da obra. Uma única obra estrangeira foi indicada
na língua original, como forma de provocação ao estudante: as Poesías, do espanhol
Antonio Machado. O mesmo se deu com um site de apreciação do jazz, uma vez que
música é um idioma universal, e é possível seguir razoavelmente os programas mesmo
sem dominar o inglês.
LITERATURA BRASILEIRA
PROSA
POESIA
SÉCULO XIX
BALZAC, Honoré de. Pai Goriot. Trad. Paulo Rónai ou Rosa Freire d’Aguiar.
BRONTË, Emily. O morro dos ventos uivantes. Trad. Guilherme da Silva Braga.
SÉCULOS XX E XXI
HUXLEY, Aldous. Admirável mundo novo. Trad. Lino Vallandro e Vidal Serrano.
PROUST, Marcel. No caminho de Swann. Trad. Mário Quintana (à espera de uma nova
tradução por Mário Sérgio Conti).
VARGAS LLOSA, Mário. As travessuras da menina má. Trad. Paulina Wacht e Ari
Roitman.
FONTES ELETRÔNICAS
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/PesquisaObraForm.jsp
ARTES PLÁSTICAS
Museum of Fine Arts Boston (na linha de navegação, procure “Translate”, para tradução
ao português): http://www.mfa.org/
http://www.macvirtual.usp.br/mac/templates/projetos/roteiro/roteiro.asp
CINEMA: http://webportal.nowonline.com.br/series-programa-de-tv/a-historia-do-
cinema-uma-odisseia/1000001290