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FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

CAMPUS UNIVERSITARIO DE PALMAS

CURSO DE DIREITO

DISCIPLINA DE SOCIOLOGIA JURIDICA

PROF. PÓS DOUTOR JOÃO RODRIGUES PORTELINHO

SEGURANÇA E POLÍCIA

ACADEMICOS: CAMILA DA SILVA MACIEL

GABIEL SILVA DE MESQUITA

JULIO CESAR CARDOSO ALENCAR

LUIZ

MARCOS VINÍCIUS RIBEIRO MOURA

PALMAS, TOCANTINS, EM 29/05/2018


I - O PROBLEMA DA APLICAÇÃO DO DIREITO

A polícia, hoje reconhecida e legitimada pelo Estado pelo artigo 144 da CF/88: “A segurança
pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio”. Têm o dever sob forma formal e se
preciso uso da violência legal para defender o estado de paz na sociedade, sendo dever e direito que
ultrapassa a limitação do Estado e se estende a todo cidadão a bilateralidade da ordem social. Nesse
sentido, Para Salles, 2012:

O Estado tem o dever de manter a ordem social pelas regras e princípios de direito,
sem deixar de lado a participação do cidadão. Cabe ao Poder Público em cada
esfera de governo desenvolver canais de participação efetiva do cidadão na esfera
política da sociedade. O cidadão tem o dever de contribuir para uma cultura da
paz, exercer sua cidadania por meio da participação, cumprir seus deveres e
exercer seus direitos.

Existe um conjunto ordenado de relações e um processo burocrático que envolve a criação


e legitimação do direito pela aplicação da ordem jurídica nacional. Um exemplo dessa burocracia,
o sistema de justiça brasileiro, ao pensar em uma nova norma individual, como leis ou decretos,
deve-se levar em conta a hierarquia de sua criação em normas gerais.
A movimentação do sistema de justiça se inicia com a atividade da polícia e tem seu termino
com a inserção do indivíduo na sociedade, devidamente ressocializado, pelo menos na teoria, pelos
métodos de reeducação ofertados pelo Estados que em partes não são eficazes. Entre a tarefa inicial
da polícia e a ressocialização é conhecida como network, a rede de equipe profissional que exerce
o direito, composto pelo Executivo, o Legislativo, o Ministério Público e o Judiciário, Devendo ser
estruturado e burocrático pra garantir a Segurança Pública. É dever do Estado a regulamentação da
estrutura e da garantia do exercício dos direitos fundamentais, ou como como conhecemos na
prática, é a manutenção da paz pública por meio da ordem social onde tem-se a intenção de inibir o
crime organizado, o atentado à ordem, terrorismo e fatos que atrapalhem o exercício dos direitos
coletivos. Mas, devido a norma não ser bem interpretada pelo fato de ser feita pelo legislativo ter
que passar pelo network, está exposta as várias formas de experiências pessoais, sendo ela
consciente ou não, que acarretam dificuldades de definição e implicam a interpretação da lei, mesmo
que está muitas vezes já sejam interpretadas por um poder superior como o STF, por exemplo.
Os Policiais, às vezes, tendem a orientar sua rotina de trabalho sem conhecimento prévio da
lei, realizando abordagens e até mesmo prisões sem que tenham infringido o código penal ou quais
quer outros códigos que ameacem a ordem social. Em contrapartida, possuem modelos conceituais
que não descrevem a realidade com precisão, podendo variar de acordo com o local da cidade, do
segmento social, a relação de poder envolvida e da capacidade de decisão do agente.
Importante salientar os três de tipos de policiais que existem no nosso sistemas de justiça,
sendo eles: Os vigilantes, os Legalistas e os Pragmáticos. O primeiro tipo, preocupa-se mais com a
aparência da paz, sem que seja preciso exercer, necessariamente a lei; Os legalistas, no modo
positivista, vivem em cima da lei, como se o código penal aparasse todo tipo de comportamento e
conduta e os Pragmáticos, que aderem a adequação da norma ao ponto de vista das pessoas, usando
o controle informal na maioria das vezes para casos pequenos ou de relevância pequena.
Esse leque de variabilidade comportamental, não explica a totalidade da polícia, mas relata
os estilos operacionais normativos que regem o comportamento público e formam uma subcultura.
Para o autor Pedro Scuro Neto, existe uma subcultura onde exercem modos de pensar e agir dos
próprios policiais que justificam o seu “cinismo”, ou seja o sentimento de que se não houvesse a
polícia o resto do mundo seria regido por egoísmo e más intenções. Essa explicação define a razão
pelo qual os próprios policiais definem a profissão como a mais perigosa que se possa existir.
Entretanto, por mais que haja riscos na profissão, não é uma verdade que seja a mais ariscada do
mundo, pois todas as profissões estão passivas de tragédias, como uma construção civil pode
desabar, por um erro de cálculo, atingir cruelmente o pedreiro e leva-lo a óbito.
Das atividades que um policial pode desempenhar, está a de patrulhar para que se previna a
ocorrência de crimes, o controle de multidões (como em manifestos ou festas), desativação de
conflitos e até mesmo fazer o cidadão respeitar as regras de transito entre outras. Contudo, o que
poucos sabem é que na maior parte os policiais fazer tarefas rotineiras burocráticas dentro do próprio
pelotão e o serviço de prevenção e patrulhamento é deixado, como forma de castigo, às vezes, para
policiais “problemáticos” e “incompetentes”, algo deve-se a subcultura gerada pelo próprio órgão.

II - POLÍCIA: QUESTÃO DE OBJETIVOS

Segundo José Cretella Júnior, “Polícia é o conjunto de poderes coercitivos exercidos pelo
Estado sobre as atividades do cidadão mediante restrições legais impostas a essas atividades, quando
abusivas, a fim de assegurar-se a ordem pública”. Assim, podemos dizer que Polícia é a organização
administrativa que tem por atribuição impor limitações à liberdade (individual ou coletiva) na exata
medida necessária à salvaguarda e manutenção da Ordem Pública. É o nome que se reserva às forças
públicas encarregadas da fiscalização das leis e regulamentos, ou seja, aos agentes públicos, ao
pessoal, de cuja atividade resulta a ordem pública.
A Polícia é um órgão governamental, presente em todos os países politicamente organizados,
cuja função é a de repressão e manutenção da ordem pública através do uso da força, ou seja, realiza
o controle social.
É possível visualizar, pelos elementos constantes da definição de polícia, que o Estado é o
seu gerador, isto é, a fonte da polícia, como também, o limitador das ações do indivíduo com vistas
a manter a segurança das pessoas. Polícia, portanto, sendo uma idéia indissociável do Estado, apenas
poderá ser exercida por órgãos da Administração Pública e por pessoas devidamente investidas em
cargos públicos.

A Constituição Federal de 1988 dispõe em seu artigo 144 que:


Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das
pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:
I - polícia federal;
II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
IV - polícias civis;
V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.

A doutrina divide as polícias em administrativa e a judiciária. A primeira diferença existente


entre a polícia administrativa e a judiciária é o fato de a primeira atuar preventivamente e a segunda
repressivamente. Assim, a polícia administrativa teria como objetivo impedir a conduta antissocial
ao passo que a judiciária apurar os fatos já ocorridos.
Uma outra diferença apontada pela doutrina está no fato de que a polícia administrativa atua
sobre bens, direitos e atividades ao passo que a judiciária somente sobre pessoas.
A atividade policial pode ser verificada em quase todas as organizações políticas que
conhecemos, desde as cidades-Estado gregas até os Estados atuais. Mas a idéia que temos hoje é
resultado dos fatores históricos de transformação organizacional e estrutural pelas quais as polícias
passaram ao longo do tempo.
Aristóteles já dizia: Ubi societas ibi jus, onde houver sociedade haverá o direito. A
convivência entre os homens provocou o surgimento da sociedade, que pode ser definida de maneira
simples como todo complexo de relações do ser humano com seus semelhantes.
A necessidade de sobrevivência no meio hostil que o cercava, aliada à necessidade de
proteção e de organização fez com que surgissem alguns conflitos entre os homens. A polícia, de
modo geral, nasceu de uma necessidade social, com o surgimento dos primeiros núcleos sociais,
assim tornou-se um poder de harmonização dos interesses em conflito. A sua existência vem
acompanhando a humanidade em sua evolução, e sua finalidade é cada vez mais aceita em meio ao
mundo cercado de conflitos e interesses, onde o desrespeito e a falta de valorização do homem pelo
homem se acentua a cada momento.
A palavra polícia é originária da palavra grega polis, o núcleo básico da convivência
humana, usada para descrever a constituição e organização da autoridade coletiva, que muitas vezes
se alia à palavra política, relativa ao exercício dessa autoridade coletiva, o que deveria fazer com
que ambas buscassem o bem da coletividade.
As bases da polícia foram lançadas na Europa. Em 1605, em Portugal, o rei Filipe IV
determinou que funcionários ficassem de prontidão para evitar que bandidos cometessem crimes.
Em 1760 o rei D. José criou o posto de intendente-Geral da Polícia da Corte e do Reino, ocupado a
partir de 1780 por Diogo Inácio de Pina Manique, que tinha como principal preocupação impedir
que a população tomasse a justiça nas próprias mãos.
Em 1748, em Londres, surgiam os agentes da lei voluntários que, sem receber salários,
ganhavam recompensas pela captura de marginais. Depois o Governo transformou essa força num
corpo fardado de cavaleiros para patrulhar a cidade, mas sem recursos públicos. Era uma polícia
truculenta e arbitrária. Somente em 1829 o Parlamento inglês regulamentou a Metropolitan Police,
um órgão autorizado a prevenir a criminalidade e apreender infratores, Considerada a primeira
polícia moderna em um país com governo representativo. Essa polícia foi criada inicialmente com
o objetivo de prevenir e reprimir o crime, por meio de patrulha constante, em vez da simples
apreensão de ofensores após a ocorrência do fato.
A Polícia Metropolitana de Londres introduziu vários elementos que fizeram parte, daí para
diante, da ideia moderna de policiamento: um sentido de missão, relacionado à noção de prevenir o
crime antes que ele ocorra, em que a estratégia era a patrulha preventiva; uma estrutura
organizacional definida, no caso em pauta, baseada na estrutura das forças armadas, em especial o
seu sistema de comando e disciplina; e a presença contínua da polícia na comunidade por meio da
patrulha preventiva em tempo integral
Na maioria dos casos o trabalho policial exige tomar decisões complexas, instantâneas, sem
supervisão ou treinamento específico e aparentemente sem sentido em termos objetivos
considerados válidos pelos próprios policiais. E essas decisões serão avaliadas futuramente pelos
órgãos de controle e pelo Judiciário.
E quais seriam esses objetivos?
De um lado, a polícia precisa convencer o cidadão comum a não fazer o uso da força (“fazer
justiça com as próprias mãos”), utilizando o bom senso ou a Justiça para resolver diferenças. Com
isso se evitam a ampliação e a generalização dos danos, bem como as condutas que a lei visa coibir.
Por outro lado, a polícia deve combater a desordem, a violência e a criminalidade mediante
ações preventivas como patrulha, atendimento a chamados e investigação e elucidação de
ocorrências (polícia ostensiva e judiciária). Essas ações de polícia ostensiva e judiciária visam saber
quem, como, quando, onde e por que as infrações são cometidas, especialmente no intuito de evitar
que sejam cometidas. Cabe à inteligência policial fazer um estudo dos problemas, elaborar objetivos
específicos, e fazer avaliações estratégicas e táticas da conquista desses objetivos. Com isso é
possível monitorar e prever a ocorrência de crimes, e conduzir o trabalho policial da condição
convencional, puramente reativa ao status de polícia proativa.
Esses dois objetivos compõem o modelo burocrático e militar, que implica papéis e
responsabilidades definidos nítida e precisamente, atividades regulamentadas com rigor (leis),
cadeias de comando, com intuito de manter a disciplina e implantar padrões de eficiência.
O campo de atuação da polícia foi se ampliando, assumindo deveres como supervisionar a higiene
pública, zelar pelas condições sanitárias e pelo abastecimento de água, entre outros. Com isso, um
novo conceito de polícia foi se incorporando.

III - MODELO BUROCRÁTICO E MILITAR E POLÍCIA EFICIENTE

A organização policial varia bastante de um pais para outro, embora comumente é utilizado
um modelo burocrático e militar. Em termos gerais estará sempre presente na organização uma
divisão de trabalho com cadeias e unidades de comando, o qual as suas ações – serviços – seguem
regras e regulamentos, obedecendo a uma conduta de disciplina de poder hierárquico. A
organização policial por ser uma grande corporação é necessária uma divisão de trabalho fixo e bem
definida. As tarefas são divididas e as responsabilidades repartidas com tarefas confinadas as
unidades, divisões, seções ou delegacias especializadas tais como: controle de trânsito, o trafico de
entorpecente ou policias cientificas. Por se tratar de uma atividade complexa, é essencial o seu
controle por unidades de comandos em cadeias. Em teoria, todo tipo de informação deve fluir pela
organização policial sem ignorar nenhum tipo de supervisão e obedecendo a hierarquia.
Na estrutura policial, cada membro deve reporta-se a apenas um superior imediato. Nesta
estrutura vale também o principio de delegação de autoridade, o qual o superior hierárquico possui
total autoridade sobre os subordinados, que, por sua vez, são responsáveis perante esse superior.
Apesar de não haver uniformidade nos escalões policiais é mundialmente adotado um estilo militar
sendo os níveis de autoridade representados em cargos ( soldado, comandante, sargento, tenente,
capitão, major, chefe, coronel), unidades funcionais ( unidade, divisão, seção, força, esquadrão,
pelotão, companhia), jurisdicionais (posto, setor, distrito, área) e unidades territoriais e de tempo
(ronda, turno). O autor Scuro Neto afirma que no Brasil a organização policial tem encontrado
dificuldade para desempenhar as atividades de acordo com essa estrutura e pontua os problemas da
subcultura policial, relatando a demasiada autonomia dos delegados agindo mais como membros do
Judiciário que o executivo e desvios de função da policia civil aparentando mais uma policia
ostensiva que investigativa.
Durante as ações policiais, visando o controle e orientar suas ações, a maioria das forças
policiais segue um complexo sistema de regras e regulamentos, usa manuais de procedimentos em
uma variedade de ocasiões, por exemplo: quando usar algemas a força armada, como fazer prisões,
enfrentar emergências e etc. No entanto, muitas vezes, esses procedimentos podem se revelar inúteis
ou inaplicáveis. Assim, como não podem seguir mecanicamente o manual, os policiais devem ser
capazes de tomar decisões de forma estratégica diante das contingências.
Os serviços policiais buscam a identidade de harmonia, com aval estatal, com a missão
básica de coibir violência e criminalidade. Divididas em três tipos básicas de atividades, em primeiro
lugar, serviços (funções) de linha que incluem o patrulhamento, investigação, controle do transito e
policiamento especializado. Em seguida, os serviços administrativos, dando apoio ao pessoal de
linha, através de treinamentos, pesquisa e planejamento, negócios jurídicos (incluindo
corregedoria), relações publicas e vigilâncias internas. Por fim, os serviços auxiliares, apoiando o
pessoal de linha no exercício de suas funções precípuas, com unidades especializadas –
comunicações, arquivos, procedimentos de dados, prisão preventiva, laboratórios,
aprovisionamento e manutenção.
Uma vez conhecidas a divisão de atividades, indubitavelmente, as funções de linha são
a atividade policial com maior visibilidade, voltada a objetivos práticos, dessa forma, essas funções
são as que suscitam a maior parte das questões relativas a efetividade da organização policial, posta
em questão pela opinião pública e até mesmo pelos membros da justiça. Além disso, experimentos
controlados para medir o desempenho das atividades policiais confirmam impressões negativas
sobre a eficácia da policia.
Uma comissão americana presidencial conclui na década 1990 que a capacidade da policia
de conter a violência e criminalidade é limitada, os cidadãos desempenham papel primordial na
preservação da ordem, além disso, a polícia deveria cada vez mais orientar-se ao fortalecimento de
suas relações com a coletividade e coibir problemas menores de segurança pública evitando que
culminem em crimes de maior gravidade e violência.
Essas conclusões resumem o estado da arte, o melhor da organização policial reproduzido
na prática através de iniciativas de reestruturação. Por outro lado, no Brasil a conduta insiste-se que
a inovação da policia – geralmente restrito a pedir mais viaturas, policiais e salários – tende ao
“eficientismo” e a ideologia da maximização de resultados. Ou seja, segundo Reale Junior; 1997,
essa maximização apenas insiste em resolver casos rapidamente, encher as cadeias, esvaziar as varas
criminais com modelos organizacionais e padrões acima do valor da justiça.
Segundo Scuro Neto, nota-se a presença de uma confusão entre a lei e condições de
aplicação, incluindo as limitações implícitas no próprio ordenamento e na concepção do status da
policia no sistema da justiça. O autor pontua uma conclusão sociológica que não tem sido levada
em consideração que os indivíduos cada vez ficam mais indiferentes aos objetivos de suas
organizações, e estas avaliam cada vez mais seus integrantes independentemente de seus objetivos.
Citando o salário como forma de quantificar desempenho, refletindo cada vez menos os atributos
de uma organização e de seus funcionários e o que dela se pode esperar. Este sim, relacionado com
a estrutura social, interpondo-se entre a função social básica e expectativas de desempenho concreto.
Com isso, objetivos deixam de ser responsabilidade do individuo e não dizem respeito ao papel que
exercem na organização (PARSONS apud SCURO NETO, 1964).

IV - O SISTEMA DE JUSTIÇA CRIMINAL: O PROBLEMA DA ORGANIZAÇÃO


POLICIAL

Não dispomos de análises mais detalhadas sobre a integração funcional das diversas
organizações do sistema de justiça criminal. O que parece ser uma constante é uma certa
"desconfiança" quanto à integração das várias organizações do sistema de Justiça Criminal, sem que
saibamos exatamente a causa desses conflitos de jurisdições. Alguns diagnósticos preliminares
acerca do nosso sistema de Justiça Criminal destacam o "caráter frouxamente articulado" da relação
entre as organizações que compõem o sistema (Paixão, 1993; Coelho, 1986) que termina por operar
uma disjunção entre o aparelho policial e a administração da polícia (Coelho, 1986). Na ponta
inicial, as polícias operam de forma igualmente desarticulada (Paixão, 1993), o que ensejou as
inúmeras propostas de integração entre elas, seja suprimindo simplesmente a força militar, seja
unificando seus comandos.
Além disso, os recentes movimentos de reivindicação salarial envolvendo as polícias
estaduais brasileiras adicionaram um ingrediente inédito na história das polícias brasileiras, e raro
na história das polícias no mundo: uma greve. Em Minas Gerais, justamente uma das forças policiais
mais respeitadas da Federação, o movimento teve componentes de violência que terminaram por
propor dramaticamente uma velha questão de sociologia política: Quis custodiet
ipsos/Custodes? ("Quem guardará os próprios guardas?").
A par da perplexidade diante do ineditismo do ocorrido, esses eventos descortinaram uma
preocupante situação: existe uma grande ignorância no Brasil em relação ao sistema de Justiça
Criminal em geral e às organizações policiais em particular. Este desconhecimento não decorre
apenas do desprestígio do tema da Justiça Criminal nos meios acadêmicos, mas também de um certo
insulamento das próprias organizações do sistema. Nem todas estão dispostas a ser estudadas e
avaliadas por razões as mais diversas. No caso das polícias, justamente por serem a face mais visível
do sistema de Justiça Criminal, frequentemente estão presentes na mídia, seja através de forma
mistificada, seja das sucessivas crises protagonizadas por elas devido às situações de brutalidade,
violência e corrupção. A mistificação se dá pela falsa concepção de que o trabalho policial é
dedicado exclusivamente ao combate ao crime, relegando a segundo plano o sem número de
atividades rotineiras, assistenciais e de manutenção da ordem em que os policiais estão envolvidos
(Bittner, 1990; Reiner, 1992). Da mesma forma, a visibilidade dos eventos relacionados a corrupção
ou violência policial não esgotam as relações que a polícia mantém com o público, embora
enfoquem um aspecto decisivo da atuação policial em sociedades democráticas.
Nossa ignorância a respeito do funcionamento das polícias estaduais, bem como das
organizações do sistema de justiça criminal, e a forma mistificada do enfoque dado ao problema
policial pode estar na origem de algumas prescrições frequentemente propostas para reforma das
polícias. A primeira delas consiste na ideia de que existe uma estrutura ideal de organização policial,
e que a atual estrutura não se coaduna com este modelo. No Brasil, a definição da estrutura e função
das polícias é matéria constitucional: cabe à Polícia Federal a apuração de infrações com repercussão
interestadual e a repressão e prevenção ao tráfico de entorpecentes; à Polícia Civil as funções de
polícia judiciária; e às polícias militares o de policiamento ostensivo (Constituição de 1988, Cap.
III, art.144). Qual o modelo a ser perseguido, entretanto, é algo que não fica claro. Aparentemente,
o pano de fundo dessa ordem de crítica repousa na ideia de que modelos descentralizados de
comando e organização são condições necessárias para a transição a um modelo de polícia
"orientado comunitariamente", em contraposição a um modelo "orientado profissionalmente" que
parece ainda prevalecer na definição constitucional e como orientação doutrinária em muitas
organizações policiais estaduais. Entretanto, nem o número de forças policiais autônomas existente,
nem a centralização/descentralização de comandos e sua aproximação com a comunidade em que
atuam parecem guardar qualquer relação com os objetivos das organizações policiais, com métodos
de policiamento utilizados ou com sua relação com o público (Bayley, 1992).
Na realidade, o ponto de desconforto em relação à atual estrutura está na existência de uma
força policial militar: uma Polícia Militar não se coaduna com a realidade democrática das
sociedades modernas. É verdade que o surgimento da polícia moderna se deu com a retirada dos
exércitos no combate ao crime, dado que o combate à criminalidade exigia uma força repressiva
mais especializada. Combater o crime não é o mesmo que ir à guerra. Contudo, isto não significou
a emergência de forças civis de manutenção da ordem pública que, aliás, já existiam, e eram
extremamente permeáveis ao mandonismo local. O que ocorreu foi uma engenharia institucional de
construção de um modelo quase-militar de policiamento, ainda prevalecente em muitos países do
mundo (Monkkonen, 1992; Lane, 1992), segundo o qual o controle social coercitivo passa a ser
exercido por especialistas em conflitos e desvios da ordem industrial e urbana (Silver, 1967). O que
poderia estar em jogo é a oposição entre modelos distintos de policiamento: o anglo-saxão, que seria
uma polícia descentralizada, apartidária, não militar e que exerce a coerção por consenso; e o
modelo francês, que seria uma polícia de Estado, centralizada, politizada, militarizada e com baixa
aprovação pública. Permanece, entretanto, a evidência empírica de que esses modelos raramente são
encontrados em estado puro (Horton, 1995; Lévi, 1997).
Da mesma forma como acredita-se numa estrutura ideal de organização da atividade policial,
existe a crença de que elas são passíveis de formas ideais e descontextualizadas de controle dessas
atividades. Nas fórmulas ideais de controle da polícia não há espaço para a existência de uma Justiça
Militar. A questão do controle da ação policial é extremamente complexa, e é preocupação da
sociedade em geral, como também das próprias organizações policiais. Do ponto de vista
organizacional, envolve desde mecanismos de seleção, recrutamento e formação até formas de
controle disciplinares internos (que, no Brasil, alguns acreditam ser excessivamente rígidos) além
de formas externas de controle como os tribunais.

V – NOVOS MODELOS DE POLICIAMENTO

V.1 - Polícia Comunitária: Modelo de Policiamento Ideal


A Constituição Federal estabelece, em seu art. 144, caput, no tocante à segurança pública,
isto é, que ela é responsabilidade de todos, e não só do Estado, tampouco só das polícias. E nem
deveria ser diferente, pois um assunto de tamanha importância não poderia ser restringido às
instituições policiais, já que estas, sozinhas, não possuem condições de resolver todos os problemas
atinentes à segurança pública. Exatamente nesse contexto, e em consonância com o preceito
constitucional supramencionado, é que um certo modelo de polícia apresenta-se como o mais
adequado modernamente o de polícia comunitária. Neste, comunidade e polícia atuam
conjuntamente.
A primeira, dentre outras contribuições, expõe as peculiaridades e problemas locais; a
segunda a polícia, utiliza-se de todo seu conhecimento técnico, aplicando-o conforme as
particularidades destacadas pela comunidade. Desse modo, percebe-se que a palavra-chave do
modelo de polícia comunitária é parceria. Pois, segundo o Novo Dicionário Aurélio, parceria
significa, em um de seus sentidos, “reunião de pessoas para um fim de interesse comum”. É essa a
acepção da palavra que perfeitamente se encaixa no contexto de polícia comunitária, já que os
integrantes da comunidade, fazendo valer sua cidadania, também assumem a responsabilidade pela
segurança pública, solidariamente com a polícia, todos voltados para um mesmo objetivo, qual seja,
da manutenção da ordem pública. Outrossim, vale ressaltar que polícia comunitária não significa
uma polícia débil ou apática. Se assim fosse, mais cedo ou mais tarde, acabar-se-ia por instaurar o
caos e a desordem na sociedade, já que o convívio social exige limites a serem respeitados, cabendo
ao Estado essa regulação. A própria sociedade legitima, em casos específicos, o uso da força pela
polícia, decerto que estritamente dentro de uma legalidade e proporcionalidade.
Logo, em situações extremadas, a utilização da força resta como meio necessário para o
restabelecimento da ordem, evitando danos mais graves à coletividade. Assim, a polícia comunitária
continua exercendo seu papel de polícia efetiva, contudo, com maior aproximação com a
comunidade, o que, indubitavelmente, ocasiona um melhor relacionamento entre ambas, trazendo
incontáveis benefícios para a segurança pública. Além disso, a doutrina de polícia comunitária prega
uma ampliação do campo de atuação das instituições policiais. Estas, ao conhecerem de perto os
problemas locais, que não se resumem àqueles de segurança pública propriamente ditos, devem
interceder também em outras necessidades da comunidade em que atuam, por exemplo, levando as
carências da localidade às instituições competentes para resolvê-las.
De qualquer modo, várias dessas problemáticas, não relacionadas diretamente à questão da
segurança, se não solucionadas, acabam tendo reflexos nesta última. Enfim, depois de todo o tempo
de experiência com os modelos tradicionais de polícia, verifica-se que estes, apesar de possuírem
pontos positivos, apresentam falhas que devem ser sanadas. Neste passo, o modelo de polícia
comunitária, por todos os importantes aspectos expostos acima, que não se encerram neles,
mostram-se como adequado e ideal mecanismo para proporcionar a devida efetividade ao direito
fundamental da segurança pública, além de estar sintonizado com as diretrizes de um Estado
Democrático de Direito. Isto em uma reunião de esforços por parte da polícia, comunidade e demais
setores da sociedade, todos em prol de uma mesma finalidade: a promoção da segurança pública.

V.1.1 - Solução de Problemas


O Policiamento Orientado à Solução de Problemas (Posp) traz como contribuição a atuação
sobre as causas dos problemas de segurança pública, ampliando seu olhar para além do crime e
sobrepondo a desordem ou sensação de insegurança. O Posp propicia a elaboração de uma resposta
que congregue todos aqueles que têm responsabilidade sobre cada causa específica.
V.2 - Policiamento Orientado à Solução de Problemas – POSP
De acordo com material do Ministério da Justiça (2009, p. 17), o Posp: é uma estratégia de
policiamento moderno, que direciona as atividades policiais para identificar os problemas policiais
repetitivos, analisar suas causas, resolvê-los e avaliar os resultados alcançados.
O conceito de Posp foi introduzido por Herman Goldstein em um ensaio publicado em 1979,
cujo marco teórico traz como objetivo do policiamento a ação sobre as causas que dão origem aos
problemas de segurança repetitivos e não simplesmente responder aos incidentes quando eles
ocorrem ou tentar impedi- los por meio de policiamento ostensivo (CLARKE; ECK, 2013).
Além da sobrecarga de trabalho, os policiais acham desmoralizante voltar várias vezes ao
mesmo local pelo mesmo problema e, muitas vezes, causado pelo mesmo pequeno grupo de pessoas.
Para sair desta situação, a polícia deveria adotar um método no qual a trabalharia a partir das quatro
etapas:
• exame cuidadoso dos dados, para identificar padrões dos incidentes com os quais a polícia
lida rotineiramente;
• análise profunda das causas desses padrões (ou problemas);
• descoberta de novas formas de intervir previamente na cadeia causal, a fim de reduzir a
probabilidade de ocorrência desses problemas no futuro;
• avaliação de impacto das intervenções e, se elas não tiverem sucesso, iniciar o processo
novamente (CLARKE; ECK, 2013). Segundo Rolim (2009, p. 103), as evidências colhidas até agora
autorizam a expectativa de que as experiências [...] com Posp possam reduzir o crime mais
efetivamente do que os melhores resultados do modelo reativo de policiamento. De acordo com
Monet (2002, p. 288), a função policial no Posp expande-se para que se analisem com precisão as
demandas, a fim de identificar os grupos sociais com problema, os tipos de problemas encontrados,
as soluções a serem empregadas. Soluções que não seriam unicamente do tipo policial, mas
deveriam mobilizar diversos atores institucionais.
O Posp também vem atender à demanda de um policiamento mais eficiente, baseado em
dados, até para justificar seus gastos perante os contribuintes e os gestores públicos. Nesse sentido,
o Posp pauta-se em um método que no Brasil passou a ser denominado Iara.

V.3 - Método IARA


Na resolução de problemas repetitivos de segurança, com base no Posp, a polícia deve
utilizar a seguinte metodologia: identificar e especificar os problemas, analisar para descobrir as
causas desses problemas, responder baseada nos dados analisados para eliminar as causas geradoras
dos problemas e avaliar o sucesso de todo esse processo (CLARKE; ECK, 2013).
As mencionadas etapas de identificar, analisar, responder e avaliar foram sintetizadas na
sigla Iara, traduzida da sigla inglesa SARA, criada por John Eck e Bill Spelman para descrever as
quatro fases de solução de problemas correspondentes no inglês: scanning, analysis, response e
assessment (CLARKE; ECK, 2013).

V.3.1 - Identificação do Problema


Para iniciar o método Iara, é necessário definir o que é um problema. No contexto do Posp,
um problema corresponde a um grupo de incidentes similares em tempo, modo, lugar e pessoas,
relacionados à segurança pública. Além disso, um problema deve ser uma preocupação substancial
tanto para a comunidade quanto para a polícia. Assim, tanto polícia como comunidade devem
participar juntos e ter paridade no processo de identificação do problema (TASCA, 2010).
É importante também nesta etapa a participação da comunidade. Segundo Marcineiro (2009,
p. 119), dar qualidade ao serviço policial significa torná-lo mais próximo e acessível ao cidadão,
respeitando-lhe as necessidades e desejos e considerando as díspares peculiaridades de cada
comunidade no planejamento e oferta do serviço policial. Além disso, segundo o autor, Outro
aspecto que deve ser levado em conta na identificação do problema é a necessidade de se eliminar
o ‘achismo’, ou seja, deve-se trabalhar com atos concretos e dados coletados em fontes de
informações confiáveis. A experiência pessoal de cada um que participa na identificação do
problema é importante, porém, para se evitar desperdício de tempo e recursos na busca de soluções
por um problema erroneamente identificado ou pouco importante no contexto geral, deve-se
procurar, sempre que possível, comprovar a experiência pessoal através de dados estatísticos
(Marcineiro, 2009, p. 180).
No tocante à contribuição da polícia, destaca-se o papel da inteligência de segurança pública
como condição primordial à identificação dos problemas e suas respectivas causas. Por isso, a
inteligência de segurança pública deve ser desenvolvida e aperfeiçoada constantemente com a
integração de diversas bases de dados e não apenas com dados de instituições de segurança pública,
uma vez que órgãos, como secretarias de saúde e educação, podem fornecer informações bastante
valiosas à polícia. Nesse cenário, é interessante a utilização de tecnologias cada vez mais avançadas
de análise criminal no auxílio à inteligência de segurança pública (SANTA CATARINA, 2011).
Entretanto, segundo Rolim (2009, p. 41), infelizmente, muitas vezes só se obtêm: dados
compilados a partir dos registros de ocorrência, o que assimila, inequivocamente, uma maneira
ultrapassada de se lidar com indicadores de criminalidade e violência. Não por outra razão, o rol de
indicadores de problemas deve ser amplo e diversificado. Do lado policial devem ser considerados
os órgãos da segurança pública no geral (policiais militares, policiais civis e bombeiros); do lado da
comunidade devem participar, além de moradores, empresários e lideranças locais, representantes
de outras instituições públicas e privadas.
Todos devem participar em conjunto para dar legitimidade ao processo (BRASIL, 2009).
Cabe salientar que, ao se isolar um determinado tipo de problema, há maior facilidade de resolvê-
lo, e é necessário considerar ainda que um pequeno grupo de problemas se mostra responsável por
um número considerável de ocorrências policiais. Segundo dados trazidos por Rolim (2009, p. 139)
de pesquisa realizada nos Estados Unidos, cerca de 10% das vítimas estão envolvidas em 40% dos
crimes; 10% dos agressores estão envolvidos em 50% dos crimes; e 10% dos lugares formam o
ambiente para cerca de 60% das ocorrências infracionais. Acredita-se que a realidade seja
semelhante no Brasil, seguindo o que se chama de Princípio de Pareto, de acordo com o qual,
geralmente, um pequeno número de causas (20%) é responsável por uma grande proporção de
resultados (80%) (TASCA, 2010).

V.3.2 - Análise do Problema


A fase de análise do problema corresponde ao coração do método Iara. Nesta fase, buscam-
se as raízes dos problemas para, assim, conseguir atacar suas causas e não apenas combater os efeitos
dos problemas (HIPÓLITO; TASCA, 2012). Tentando analisar a gênese do crime, as teorias de
criminologia se concentram em fatores sociais. Simulam causas em fatores longínquos, como as
práticas de educação de crianças, componentes genéticos e processos psicológicos ou sociais. Essas
constituem teorias difíceis de validação prática e focam em políticas públicas incertas que estão fora
do alcance da polícia (CLARKE; ECK, 2013).
Ao contrário da criminologia tradicional, as teorias e os conceitos da ciência do crime são
muito mais úteis no trabalho diário da polícia, pois segundo Clarke e Eck (2013, p. 38), “lidam com
as causas situacionais imediatas dos eventos criminais, incluindo tentações e oportunidades e
proteção insuficiente dos alvos”. Para esta fase é importante o conhecimento do triângulo de análise
de problema (também conhecido como o triangulo do crime), originado da teoria da atividade
rotineira. Essa teoria, formulada por Lawrence Cohen e Marcus Felson, diz que o crime ocorre
quando um potencial infrator encontra-se com um potencial alvo (para aquele tipo de infrator) no
mesmo tempo e lugar, sem a presença de um guardião eficaz. Essa formulação forma o tripé da
análise de problema representada por infrator, alvo e local (CLARKE; ECK, 2013).

V.3.4 - Respostas às Causas do Problema


Após a identificação clara e análise detalhada do problema, a polícia enfrenta o desafio de
procurar o meio mais efetivo de lidar com ele, desenvolver ações adequadas com baixo custo e o
máximo de benefício. Para isso, a polícia deve evitar a tentação de respostas prematuras não
fundamentadas nas fases anteriores do método Iara (BRASIL, 2009).
Deve haver um equilíbrio nas respostas com a utilização de táticas tradicionais e não
tradicionais. Normalmente as primeiras estão relacionadas às atividades básicas de policiamento e
sozinhas dificilmente proporcionam soluções duradouras para os problemas (por exemplo, prisões,
intimações e policiamento fixo no local), ao passo que as táticas não tradicionais ligam-se às ações
comunitárias (como organização da comunidade, educação da população, alteração do contexto
físico, mudanças no contexto social e da sequência de eventos, alteração do comportamento das
vítimas) (BRASIL, 2009; HIPÓLITO; TASCA, 2012).
Frisa-se que essas respostas não são limitadas aos esforços para identificar, prender e
oficialmente acusar e julgar infratores. Expande- se, sem abandonar o uso do direito penal. O
policiamento orientado à solução de problemas procura descobrir outras respostas potencialmente
efetivas (que podem exigir parcerias), dando grande prioridade à prevenção (CLARKE; ECK,
2013).

V.3.5 - Avaliação do Processo


Nesta etapa, os policiais avaliam a efetividade das respostas aplicadas na fase anterior. A
avaliação é chave para o método Iara, pois se as respostas implementadas não são efetivas, as
informações reunidas durante a etapa de análise devem ser revisitadas e novas hipóteses de respostas
devem ser formuladas (BRASIL, 2009). Esta fase serve também para exportar programas que
funcionaram em determinados locais para serem aplicados em outras localidades cujos resultados
de identificação e análise do problema sejam semelhantes. Nesse sentido, em 1977, o Tesouro
britânico iniciou uma política de controle e eficiência nos gastos em segurança pública,
condicionando o repasse de verbas à demonstração de capacidade de reduzir o crime.
Por isso, investiu-se em uma grande revisão dos estudos disponíveis nos EUA, no Reino
Unido e na Holanda. Assim, foi possível identificar programas que, de fato, funcionavam.
Demonstrou-se que os projetos mais eficazes na redução do crime, sem aumentar o efetivo policial,
utilizavam-se da abordagem de Posp e firmavam fortes parcerias com as comunidades (ROLIM,
2009).
As comunidades e as polícias devem compartilhar as experiências bem-sucedidas de
prevenção ao crime; aquelas que geram efetiva segurança a curto e a longo prazo. Devem
compartilhar as ideias específicas de como resolver problemas de vizinhança. Ao destacar os
programas que foram desenvolvidos, espera-se que esta informação sirva como um catalisador para
desenvolver maneiras eficazes de impedir o crime e aumentar a participação das comunidades nestes
esforços (DALMARCO, 2004, p. 22).
Segundo Skonieczny (2009), outro fator importante nesta fase é conhecer o impacto das
medidas policiais sobre a população ou a comunidade diretamente envolvida.

VI – UM NOVO CONCEITO DE POLÍCIA

O processo de redemocratização do Brasil, a partir da década de 80, vem provocando nas


instituições públicas, em especial nas corporações policiais, transformações decorrentes do
questionamento da sociedade brasileira sobre a real função pública que devem assumir diante do
Estado Democrático de Direito.
No modelo tradicional, tratando-se de Brasil a força tem sido o primeiro e quase único
instrumento de intervenção, sendo usada freqüentemente da forma não profissional, desqualificada
e inconseqüente, não poucas vezes à margem da legalidade. É possível, portanto, ter um outro
modelo de polícia, desde que passe a centrar sua função na garantia e efetivação dos direitos
fundamentais dos cidadãos e na interação com a comunidade, estabelecendo a mediação e a
negociação como instrumento principal; uma polícia altamente preparada para a eventual utilização
da força e para a decisão de usá-lo.
Um novo conceito usado pelas polícias no exterior é a tecnologia a seu favor, fazendo um
paralelo com o Brasil temos um exemplo na polícia de Londres que nos interrogatórios, um rígido
código de conduta impede ameaças e agressões, físicas ou psicológicas. O regulamento criado há
mais de três décadas está sendo reformulado com a ajuda de especialistas que, pela primeira vez,
usam métodos de pesquisa científica para analisar o comportamento de investigadores e suspeitos.
Há também um novo modelo defendido pelos especialistas em segurança pública, diante da
ineficiência do sistema policial que temos, um novo conceito de política de segurança pública vem
sendo alvo de intensas discussões, como via mais consistente para solucionar essa insegurança com
a qual a população tem convivido e visto diariamente nos noticiários policiais. Em decorrência disso,
operadores do Direito, especialistas em Ciências Militares, membros do Legislativo e outros vem
apresentando como novo conceito: o ciclo completo de polícia.
A sugestão, pois, do presente estudo será que ao final, ao invés do encaminhamento de
ocorrências por parte das polícias militares às polícias civis, aquelas possam realizar o ciclo
completo na fase pré-processual e estas possam envidar seus esforços na elucidação de infrações
mais relevantes e que geram maior repercussão do ponto de vista social, de forma que ambas as
agências policiais sejam mais eficazes e céleres, a fim de combater e solucionar o mais diverso rol
de crimes.
Atualmente no Brasil conta-se com o modelo centralizado de policiamento, onde há
instituicões e diferentes policias com campos de atuaçao distintos, tendo um uma característica
marcante a jurisdição, esse modelo é bastante criticado devido ao fato de na maioria das vezes as
polícias competirem entrem si, devido a falta de cooperação prejudicando a efetidade nas operações.
Outro ponto é a corrupção, cada polícia tem seu efetivo e no caso das polícias militares (Atuantes
nos Estados) o número é ainda maior como por exemplo da PMESP (São Paulo) que conta com o
efetivo de aproximadamente 100.000 polícias, o que dificulta encontrar os erros de conduta.
Essa centralização está presente nas 5 instituições policiais do País; Polícia Federal, Polícia
Rodoviária Federal, Polícia Ferroviária Federal, já nos Estados temos a Polícia Civil e Polícia
Militar. Cada uma com atuações em difrentes esferas, e forma de organização, com seus próprio
códigos de contuda e estatutos previstos em lei, dentro dessas intituições existem setores em áreas
específicas como por exemplo esquadrão anti bombas, polícias ambientais, forças especiais com
cães, especilizados em conflitos agrários, especiliazdos no tráfico de entorpercentes que
caracterizam o modelo centralizado.
Já modelo desentralizado tomaremos como exemplo o modelo de policiamento presente nos
Estados Unidos, que se difere do modelo adotado no Brasil e é tido como umas das potências em
segurança pública no mundo.
É bastante significativo o número de instituições e indivíduos atuando em prol da
manutenção da lei e da ordem nos Estados Unidos da América (EUA).Existem nos EUA mais de
17.000 agências policiais, servidas por um contingente de recursos humanos superior a 900 mil
indivíduos. A operação total desse "sistema" importa num gasto superior a 44 bilhões de dólares
anuais. Nos últimos 20 anos, as despesas com a segurança pública norte-americana, em todos níveis,
quadruplicaram.
A origem do modelo norte-americano de "controles locais" remonta a "infância" do país,
época em que a nação norte-americana começou a demonstrar sua peculiar "idiossincrasia" em
relação a instituições públicas federais de grande porte e poder centralizador, existem nos EUA
1.600 agências policiais federais e autônomas, 12.300 departamentos de polícia municipal e de
condado e 3.100 xerifados. Os xerifados são um tipo específico de polícia de condado ou município,
via de regra prestando serviços de apoio direto ao judiciário local seus prepostos executam tarefas
semelhantes às dos "oficiais de justiça" brasileiro também dando apoio a policiamento local.
Contam com as Polícias locais, Polícias estaduais e Polícias Federais;
 As polícias locais, aí incluídas as organizações municipais, de condado e xerifados,
são a "espinha dorsal" do sistema de segurança pública dos EUA (mais de 15.400
organizações). No entendimento do cidadão comum norte-americano, a expressão
"polícia" está identificada com a organização policial que serve o seu município ou
condado de residência.
 As polícias estaduais têm sua origem histórica na necessidade de manutenção da lei
e da ordem em localidades surgidas durante a fase mais recente de expansão urbana
do país. Desse fenômeno resultou um aumento geral nos índices nacionais de
criminalidade. A malha rodoviária, estabelecida a partir do início deste século, foi
seguida de uma universalização do uso do automóvel. Isso acelerou ainda mais o
fenômeno da rápida urbanização norte-americana, na medida em que o automóvel
tornou possível um aumento significativo da mobilidade da população.A criação das
organizações policiais estaduais também foi inspirada na tentativa de desvincular a
segurança pública da política local dos municípios e condados, o que muitos
acreditam resultar em corrupção e falta de efetividade operacional das organizações
policiais locais.
 A constituição norte-americana não estabelece nenhuma polícia nacional, muito
embora dê poderes ao governo central para exercer o poder de polícia em relação a
determinados delitos. De acordo com a tradição política dos EUA, compete
constitucionalmente aos estados realizar a maior parte das atividades de
policiamento. Os estados, por sua vez, transferem às comunidades locais (condados
e municípios) boa parte do poder de fiscalização policial, o qual termina por ser
efetivamente exercido pelas chamadas "polícias locais". Vários departamentos do
governo federal norte-americano (equivalentes aos ministérios brasileiros) possuem
agências policiais, a saber: justiça, tesouro, interior, defesa, administração e
transporte.
VII – REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 ALVES, Fernanda M. S. Segurança pública, cidadania e controle social. Plataforma


Jusbrasil, 2012. Acesso em: <
https://fernandasales7583.jusbrasil.com.br/artigos/418885866/seguranca-publica...>15
maio 2018.

 BATITUCCI, Eduardo Cerqueira. A evolução institucional da Polícia no século XIX:


Inglaterra, Estados Unidos e Brasil em perspectiva comparada. Revista Brasileira de
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 BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília,


DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p.

 BRETAS, Marcos Luiz; ROSEMBERG, André. A história da polícia no Brasil: balanço


e perspectivas. Topoi. Revista de História. Programa de Pós-Graduação em História Social
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 CRETELLA JÚNIOR, José. Polícia Militar e Poder de Polícia no Direito Brasileiro.


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 FILHO, Cláudio C. B. Políticas públicas de segurança e a questão policial In. A violência


disseminada. Disponível em:<www.scielo/ cielo.php?script=sci_arttext&pid=s0102-
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Problemas na Polícia Militar do Estado de Santa Catarina – Brasil.
Disponívelem:<revista.forumseguranca.org.br/index.php/rbsp/article/download/451/201>.
Acesso em 6 maio 2018.

 NETO, Pedro Scuro. Sociologia geral e jurídica. 7.ed. São Paulo: Editora Saraiva, 2010.

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