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Denise M. Osborne
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13/05/2019, às 08:31:26

Olavo de Carvalho e Steve Bannon

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inicial)

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Muita comparação se tem feito entre Steve Bannon e Olavo de Carvalho. É verdade que eles têm alguns pontos em comum. Steve
Bannon é o ex-estrategista da Casa Branca e o CIO da campanha na eleição de Trump; foi chamado de o guru de Trump. De forma
semelhante, Olavo de Carvalho tem sido chamado de o guru de Bolsonaro.

Mesmo não morando no Brasil, Carvalho tem indicado nomes para assumir cargos importantes no país, como o do ministro Ricardo (/anuncio/nevescontec)
Vélez que assumiu o Ministério da Educação, mas acabou deixando o cargo após três meses de controvérsias. Tanto Bannon quanto

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Carvalho têm sido considerados fundamentais para os governos que eles apoiam. Durante a visita do presidente Bolsonaro aos
Estados Unidos (18 de março de 2019), seu filho Eduardo Bolsonaro disse que “sem ele [Olavo de Carvalho], Jair Bolsonaro não
existiria”. De forma semelhante, alguns afirmam que foi Bannon quem colocou Trump no poder. Os dois também compartilham
visões econômicas e políticas semelhantes: apoiam o nacionalismo econômico, são anti-globalistas e representam a extrema
direita.

Entretanto, as diferenças entre os dois são marcantes. Não importa a nossa posição política ou opinião pessoal sobre Steve
Bannon, temos que reconhecer que ele tem um C.V. admirável. Depois de uma carreira na marinha, em que chegou a ser (https://www.guiatel.com.br)
assistente do chefe de operações do Pentágono, Bannon fez mestrado na Universidade de George-town e se formou na escola de
negócios de Harvard. Bannon escreveu livros, produziu documentários políticos, trabalhou para o Goldman Sachs e criou seu
próprio banco de investimento; isso, para citar apenas alguns dos seus feitos.

Bannon é constantemente convidado para fazer palestras e debates no mundo todo. Por causa das suas posições controvertidas, é
comum Bannon enfrentar uma audiência desafiadora e agressiva, o que interrompe sua fala e o impede de prosseguir em muitos
momentos. Mesmo assim, Bannon nunca responde de forma deseducada a essas manifestações; sempre demonstra respeito e,
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quando critica, ele se refere ao mundo das ideias e não a ataques pessoais.

Por outro lado, Carvalho é descrito como astrólogo, jornalista e filósofo, embora não tenha se formado em nenhuma
universidade. Escreveu para jornais, como o Globo, e hoje dá cursos de filosofia pela internet. Podemos conhecer as ideias de
Carvalho através dos vídeos que ele grava para o YouTube ou dos textos curtos que escreve e divulga nas mídias sociais, mas não
vemos Carvalho em debates abertos. Através do material que Carvalho publica online, podemos imaginar como Carvalho reagiria
a um público que discorda de suas ideias: intermediaria sua fala política e filosófica com palavras rudes, palavrões e xingamentos
pessoais.

Talvez a diferença mais marcante entre eles, seja que Bannon mora nos Estados Unidos, o país que ele quer ver mudanças
acontecerem, enquanto Carvalho mora fora do Brasil e se restringe a uma participação virtual no país que quer influenciar.
Carvalho prefere ficar em frente ao seu computador onde promove suas ideias no conforto de sua casa nos Estados Unidos; ele
mantém, assim, uma distância física do próprio país.

Alguns anos atrás, quando eu ainda não sabia quem era Olavo de Carvalho, aconteceu de eu comprar o livro “O Mínimo que Você
Precisa Saber Para Não Ser um Idiota”, de autoria de Olavo de Carvalho, numa livraria em Araxá. Na época, estava interessada em
um livro sobre política brasileira para me ajudar a me atualizar sobre o Brasil atual, depois de ter passado cinco anos me
dedicando aos estudos do meu doutorado nos Estados Unidos e, portanto, afastada do ambiente político brasileiro. Já nas
primeiras páginas, Carvalho começa com suas críticas ferrenhas. As críticas são aos jovens de hoje. Eu não entendi. Por que o
autor critica os jovens de hoje? De onde vem esse ódio aos jovens brasileiros? Confesso que não consegui passar das primeiras
páginas. O texto me pareceu vazio, sem embasamento tanto teórico quanto empírico (sem pesquisa). Enfim, uma perda de
tempo. Fechei o livro e o deixei na estante. Só uns dois anos depois, com a campanha eleitoral de Bolsonaro, fui descobrir quem
era Olavo de Carvalho; o livro, então, fez um pouco mais de sentido. Continua lá no mesmo lugar em que deixei anos atrás.

Em agosto de 2017, Bannon foi despedido da Casa Branca. Sua carreira em Washington durou por volta de seis meses. Será que
Carvalho terá um futuro semelhante? O incrível é que se Bolsonaro quiser despedir Carvalho, não será possível já que ele não
trabalha oficialmente para o governo. Uma situação, no mínimo, inusitada e sem paralelo!

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