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ENSAIO | ESSAY 249

O acolhimento como estratégia de vigilância


em saúde para produção do cuidado: uma
reflexão epistemológica
User embracement as a surveillance strategy in health care
production: an epistemological reflection

Tarciso Feijó da Silva1, Helena Maria Scherlowski Leal David2, Célia Pereira Caldas3, Elaine Lutz
1 Universidade do
Martins4, Susana Reis Ferreira5
Estado do Rio de Janeiro
(Uerj), Faculdade de
Enfermagem, Programa
de Pós-Graduação em DOI: 10.1590/0103-11042018S420
Enfermagem – Rio de
Janeiro (RJ), Brasil.
Orcid: https://orcid.
org/0000-0002-5623-
7475
tarcisofeijo@gmail.com

2 Universidade do Estado
do Rio de Janeiro (Uerj),
Faculdade de Enfermagem, RESUMO Ensaio de reflexão epistemológica que considerou os sentidos sobre o acolhimento.
Departamento de Saúde
Pública – Rio de Janeiro Os objetivos consistiram em analisar os sentidos sobre o acolhimento em saúde e identificar
(RJ), Brasil. sua relevância como estratégia de vigilância em saúde para a produção do cuidado na atenção
Orcid: https://orcid.
org/0000-0001-8002- primária. Na prática dos serviços de saúde, o acolhimento envolve relação e produção de saúde.
6830 Como instrumento de prática de vigilância em saúde, abarca não apenas a resolução de proble-
helenalealdavid@gmail.com
mas, mas converge para um cuidado sistematizado e integralizado. Nesse sentido, considerar
3 Universidade do Estado os significados e sentidos que ele contempla contribui para ressignificá-lo como ferramenta de
do Rio de Janeiro (Uerj),
Faculdade de Enfermagem vigilância em saúde, permitindo considerá-lo como uma estratégia de sustentação do paradigma
– Rio de Janeiro (RJ), Brasil. vigente de produção social da saúde.
Orcid: https://orcid.
org/0000-0001-6903-
1778 PALAVRAS-CHAVE Acolhimento. Atenção Primária à Saúde. Assistência integral à saúde.
celpcaldas@gmail.com
Vigilância em saúde pública.
4 Universidade do
Estado do Rio de Janeiro
(Uerj), Faculdade de ABSTRACT Essay of epistemological reflection that considered the senses of user embracement.
Enfermagem, Programa The objectives were to analyze the meanings of health care, and to identify its relevance as a
de Pós-Graduação em
Enfermagem – Rio de strategy of health surveillance for the production of care in primary care. In the practice of the
Janeiro (RJ), Brasil. health services, user embracement involves relation and production of health. As an instrument
Orcid: https://orcid.
org/0000-0002-6596- of health surveillance practice, it encompasses not only the resolution of problems, but converges
6477 to a systematized and integrated care. In this sense, considering the meanings and senses that it
elainelutzmartins@yahoo.
com.br contemplates contributes to re-signifying it as a tool of health surveillance and allowingto consider
5 Universidade
it as a strategy to support the current paradigm of social production of health.
do Estado
do Rio de Janeiro (Uerj),
Faculdade de Enfermagem, KEYWORDS User embracement. Primary Health Care. Comprehensive health care. Public health
Departamento de Saúde
Pública – Rio de Janeiro surveillance.
(RJ), Brasil.
Orcid: https://orcid.
org/0000-0002-7375-
2751
susanareisesilva@yahoo.
com.br

Este é um artigo publicado em acesso aberto (Open Access) sob a licença Creative
Commons Attribution, que permite uso, distribuição e reprodução em qualquer
meio, sem restrições, desde que o trabalho original seja corretamente citado. SAÚDE DEBATE | RIO DE JANEIRO, V. 42, N. ESPECIAL 4, P. 249-260, DEZ 2018
250 Silva TF, David HMSL, Caldas CP, Martins EL, Ferreira SR

Introdução ao Paradigma de Produção Social da Saúde, não


teria emergido em uma determinada época
para responder às demandas por saúde sob uma
É na singeleza que reside o segredo de pro- perspectiva mais humanística e solidária?; e não
duzir saúde. Para fazer um gesto, dizer uma poderia ser considerado como uma estratégia de
palavra, basta um. O fato pode ser produzido vigilância para a produção do cuidado?
por uma tecnologia. Mas vale como o outro Alerta-se, a priori, que não se tem a intenção
recebe o gesto, como responde ou corres- de buscar respostas para tais perguntas, antes,
ponde à palavra, como o fato mobiliza sua porém, pretende-se compartilhar as motiva-
sensibilidade e a sua ação. O saber se atua- ções que contribuíram para a construção deste
liza na interação entre as pessoas. Antes ou pensamento. Estas, por sua vez, assentam-se na
independente dessa interação ele é apenas discussão que envolve os modelos de atenção
virtualidade. Por esse motivo não é possível em saúde, nas diferentes definições sobre o
fazer saúde para o outro, tratar, curar o outro, acolhimento e nas dimensões que o envolvem,
mudar seus hábitos, integrá-lo. Saúde é uma assim como na relevância dele para a organi-
co-produção – se trata, se cura e se aprende a zação dos serviços de saúde, especificamente
cuidar com o outro1. para os serviços da atenção primária.
Nesse contexto, os objetivos deste ensaio
Rubem Alves, no livro ‘Filosofia da ciência’, são analisar os sentidos sobre o acolhimento
aponta ser relevante que o pesquisador com- em saúde e identificar sua relevância como
preenda as questões que envolvem o senso estratégia de vigilância em saúde para a pro-
comum para melhor entendimento do que é dução do cuidado na atenção primária.
a ciência. Para o autor, ela é uma metamorfose
do senso comum, sendo este necessário para
sua existência. Esclarece que é brincando com A relevância do paradigma
alguns problemas que se compreende o senso
comum e que ser bom em ciência, como ser Os paradigmas, pelo senso comum, podem ser
bom no senso comum, não é saber soluções e compreendidos como modelos que se tornam
respostas já dadas. Estas podem muito bem ser um padrão e que são impostos, ou seja, são im-
encontradas em livros e receituários. Ser bom posições padronizadas. O ‘Dicionário Houaiss
em ciência e no senso comum, por sua vez, da língua portuguesa’ define paradigma como
é ser capaz de inventar soluções. De acordo uma construção social que dita normas de
com o teórico, a ciência, assim como o conhe- comportamento que devem ser seguidas,
cimento de qualquer tipo, inicia-se quando independentemente de essas normas serem
uma pergunta é disparada, contribuindo para benéficas ou prejudiciais, e como um conceito
tornar relevante um pensamento que, dada a das ciências e da epistemologia vinculado a
natureza da sua importância, estabelece uma exemplo, modelo de algo que deve ser seguido3.
conversa com a natureza ou com a sociedade2. Para a comunidade científica, paradigma é
Nessa perspectiva, ao considerar a gênese um modelo ou padrão que orienta a pesquisa.
do termo acolhimento e as diferentes propo- Ele impera sobre as mentes porque institui
sições que convergem para compreender sua os conceitos soberanos e a relação lógica que
relevância para a saúde, assim como as nuances governa, ocultamente, as concepções e as
qualitativas associadas a ele nas principais teorias científicas4.
políticas normativas e estudos da área das Sabe-se que um paradigma são as realizações
ciências da saúde, duas questão surgiram: O científicas universalmente reconhecidas que,
acolhimento, no contexto das práticas dos ser- durante algum tempo, fornecem problemas e
viços de saúde da atenção primária, alinhado soluções modelares para uma comunidade de

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praticantes de uma ciência5. São visões de predominância de doenças infecciosas sobre


mundo mais abrangentes que teorias, informam as demais. Nesse período, tomou corpo a ideia
das entidades fundamentais da realidade e per- da natureza biológica da doença, deslocando
mitem identificar as entidades que compõem o pensamento causal em saúde do ambiente
determinada ciência e dizem ao cientistao que físico e social para patógenos concretos8.
procurar e o que esperar2. Nesse sentindo, entende-se que a doença
O paradigma ou matriz disciplinar, como teria uma causa única, com um germe ori-
também é chamado pelo teórico Gerard Fourez, é ginando cada etiologia. Por consequência,
visto, ainda, como a estrutura mental, consciente saúde era compreendida tão somente como
ou não, que serve para classificar o mundo e poder ausência de doença, isto é, ausência de um
abordá-lo sob a lente da filosofia da ciência6. agravo causado por um germe8. O modelo
Para Kuhn, os paradigmas de uma determina- prevalente na maioria dos países capitalis-
da comunidade científica amadurecida podem tas estruturava-se na visão negativa de saúde
ser determinados com relativa facilidade, e vinculando-o à doença e à morte.
abandoná-los é deixar de praticar a ciência que Por essa perspectiva, a saúde era percebida
este define5. Nesse sentido, um paradigma tem apenas como ausência de doença, ganhando
a capacidade de estabelecer uma ruptura com os dimensão social por meio da visão capita-
projetos da vida cotidiana, permitindo eliminar lista emergente. A organização dos serviços
uma série de questões que não são consideradas começou a ser medicamente definida, pas-
como pertinentes6. sando a ter como objetivo colocar à disposição
A história da ciência, por exemplo, permite da população serviços preventivos e curativos
inferir como os atos de observar, medir e inter- reabilitatórios acessíveis9.
pretar experiências foram radicalmente trans- Esse novo modo de entender a doença
formados em razão de diferentes mudanças exigiu um esforço acadêmico direcionado à
paradigmáticas ocorridas5: a revolução coper- mudança do ensino médico, já que não estava
nicana empreendida por Galileu; a descoberta preparado para responder às novas evidên-
de Urano realizada por Herschel; a disputa entre cias e ideias. Entre vários projetos de refor-
Priestley e Lavoisier pela prioridade da descober- mulação do ensino médico que emergiram
ta do oxigênio e as mudanças conceituais intro- nos Estados Unidos da América (EUA) e no
duzidas no ato de medir pela mecânica quântica Canadá, o da Fundação Carneggie obteve êxito
estão entre estas mudanças paradigmáticas5. e repercussão internacional. Em 1910, a refe-
No campo da saúde, a conotação do termo rida Fundação convidou o educador Abraham
paradigma, no sentido de movimento ideológico, Flexner, diretor de uma escola secundária de
no entanto, corresponde a um Kentucky, a realizar um estudo sobre a situação
das escolas médicas americanas e canadenses.
conjunto de noções, pressupostos e crenças, O documento, elaborado após o estudo reali-
relativamente compartilhados por um deter- zado por Abraham Flexner, ficou conhecido
minado segmento de sujeitos sociais, que ser- como ‘Relatório Flexner’ e reforçava o ideário
ve de referencial para a ação7(30). hegemônico da medicina no campo da saúde10.
O paradigma flexneriano emergiu a partir
desse relatório, sistematizando o ensino e a
prática médica, estruturando respostas ao pro-
As mudanças blema das doenças, ou seja, a política sanitária
paradigmáticas na saúde de atenção médica e um conjunto de elemen-
tos, tais como: ‘individualismo’, ‘mecanicismo’
No século XIX, a situação da morbimortali- e ‘especialismo’10. Estruturou-se, dessa forma,
dade em todo o mundo era caracterizada pela como resposta para os problemas de saúde:

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a atenção médica e de outros profissionais Dawson influenciaram a criação do sistema


(dentistas, enfermeiro etc.), medicamentos, nacional de saúde britânico que, por sua vez,
exames, equipamentos, entre outros. O fazer passou a ser modelo para a reorganização dos
saúde passou a ser entendido como oferta de sistemas de saúde em vários países do mundo.
serviços de saúde, desconsiderando outros É importante reiterar que as concepções for-
aspectos fundamentais11. muladas por Dawson apontavam para fragili-
Se, por um lado – para o bem –, o para- dades no paradigma flexneriano15.
digma flexneriano permitiu reorganizar e No Brasil, a atenção à saúde tem sido his-
regulamentar o funcionamento das escolas toricamente marcada pela predominância
médicas, por outro – para o mal –, desencadeou da assistência médica curativa e individual e
um processo terrível de extirpação de todas pelo entendimento de saúde como ausência
as propostas de atenção em saúde que não de doença, princípios estes definidos a partir
professassem o modelo proposto. O grande do paradigma flexneriano. A ruptura desse
mérito – para o bem – do paradigma flexne- paradigma veio com o ordenamento jurídico-
riano foi a busca da excelência na preparação -institucional de criação e implantação do
dos futuros médicos, introduzindo uma salutar Sistema Único de Saúde (SUS), uma vez que
racionalidade científica, para o contexto da o paradigma flexneriano não respondia aos
época. Contudo, ao focar toda a sua atenção problemas de organização das ações e serviços
nesse aspecto, desconsiderou – para o mal de saúde de maneira a atender às necessidades
– outros fatores que afetam profundamente de saúde da população16.
os impactos da educação médica na prática Com a proposta SUS, além de princípios
profissional e na organização dos serviços de de organização do sistema (descentralização,
saúde. O paradigma flexneriano, dessa forma, regionalização, hierarquização, resolubilida-
ficou caracterizado por uma concepção meca- de e complementaridade do setor privado),
nicista do processo saúde-doença, pelo redu- foram definidos os princípios doutrinários
cionismo da causalidade aos fatores biológicos, de universalidade de acesso aos serviços de
pelo foco da atenção sobre a doença e sobre o saúde em todos os níveis de assistência; de
indivíduo, pelo culto à doença, e não à saúde, integralidade da assistência, entendida como
e pela devoção à tecnologia12. um conjunto articulado e contínuo das ações
No Reino Unido, em 1920, Bertrand Dawson e serviços preventivos e curativos, individu-
elaborava outro relatório que criticava em ais e coletivos, exigidos para cada caso em
vários aspectos o Relatório Flexner. Este todos os níveis de complexidade do sistema;
tinha como propostas uma reorganização de equidade na assistência à saúde, sem pre-
dos serviços de saúde, a partir de profissio- conceitos ou privilégios de qualquer espécie;
nais generalistas que seriam responsáveis por e de participação da comunidade17.
implementar ações tanto curativas quanto A construção social de um novo sistema
preventivas, com serviços organizados local de saúde implicou um processo que exigiu
e regionalmente, por níveis de atenção13. mudanças na concepção do processo saúde-
Dawson acreditava que o Estado deveria -doença. O sentido da mudança foi de uma
organizar um sistema de saúde para toda a po- concepção negativa de saúde para uma con-
pulação. Propôs, pela primeira vez, o esquema cepção positiva de saúde. Esse processo de
conhecido como rede de atenção em saúde, mudança contribuiu para a concepção de um
apresentando entre outros os conceitos de: ter- novo paradigma que ficou conhecido como
ritório, populações adscritas, porta de entrada, Paradigma de Produção Social da Saúde. A
vínculo/acolhimento, referência e atenção prática sanitária, nesse contexto de mudança
primária como coordenadora do cuidado14. paradigmática da atenção médica, voltou-se
As concepções do documento proposto por para a vigilância em saúde18.

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A partir desse novo paradigma, a saúde uma especialidade profissional, dessa forma,
passou a ser vista como um conceito positivo a investigação e o tratamento não podem
na medida em que enfatizou os recursos sociais permanecer exclusivamente vinculados às
e pessoais, bem como as capacidades físicas especialidades médicas.
de cada indivíduo19. O conceito positivo de O Paradigma de Produção Social da Saúde
saúde é caracterizado como a capacidade de orientado pela vigilância em saúde assume a
ter uma vida satisfatória e proveitosa, confir- responsabilidade de reconstruir as práticas
mada geralmente pela percepção do bem-estar de saúde para dar conta da globalidade do
geral20. A saúde, a partir dessa nova lógica, não processo saúde-doença. A vigilância em saúde,
é responsabilidade exclusiva do setor saúde, assim, deve orientar a reformulação das prá-
indo além de um estilo de vida saudável na ticas assistenciais e coletivas18, devendo estar
direção de um bem-estar global19. implicada com as diferentes dimensões que
Segundo o Paradigma de Produção Social envolvem o processo saúde-doença, tais como:
da Saúde, salvo a natureza intocada, tudo que as necessidades sociais de saúde, a atuação
existe é produto da ação humana na sociedade, com enfoque em grupos de risco, a gestão
a partir de suas capacidades políticas, ideoló- da agenda para atendimento de demandas
gicas, cognitivas, econômicas, organizativas programadas e espontâneas e a articulação
e culturais. Uma sociedade poderá, pela sua das atividades de promoção, prevenção, tra-
produção social, acumular saúde ou produzir tamento e reabilitação22.
socialmente enfermidades8. O estado de saúde, Na prática da vigilância em saúde, destaca-se
assim, é um processo que está em permanente a relevância do princípio da territorialidade para
transformação e que deve ser entendido como identificação das prioridades, assim como da
um campo de conhecimento interdisciplinar, utilização adequada dos diferentes recursos
assistido na ótica da intersetorialidade, em existentes para atendimento das necessidades
coerência com o conceito de saúde como ex- de saúde da população. O indivíduo é o objetivo
pressão da qualidade de vida18. final da vigilância em saúde, mas deve ser consi-
Outros autores21 discorrem sobre os princí- derado no contexto da família, da comunidade,
pios que orientam o Paradigma de Produção do sistema social, do ambiente. Qualquer ação
Social da Saúde. Segundo os autores: o corpo de saúde que se pretenda realizardeverá incidir
humano é um organismo biológico, psicológico sobre esse conjunto. Um indivíduo não existe
e social, ou seja, recebe informações, organi- sozinho, isolado. Todo homem é resultado das
za, armazena, gera, atribui significados e os relações que estabelece23.
transmite, os quais produzem, por sua vez,
maneiras de se comportar; saúde e doença
são condições que estão em equilíbrio dinâ- Acolhimento: significados,
mico, estando codeterminadas por variáveis sentidos e possibilidades
biológicas, psicológicas e sociais, todas em
constante interação; o estudo, diagnóstico, Em linhas gerais, poder-se-ia dizer que o
prevenção e tratamento de várias doenças acolhimento está presente em todas as re-
devem considerar as contribuições especiais lações e encontros que são feitos na vida,
e diferenciadas dos três conjuntos de variáveis mesmo quando se está pouco implicado
citadas; a etiologia dos estados de doença é e envolvido com as relações e com os en-
sempre multifatorial; a melhor maneira de contros24. Acolher, nos serviços de saúde,
cuidar de pessoas que estão doentes se dá por significa admitir antes de tudo uma maneira
ações integradas, realizadas por uma equipe diferente de viver, ou seja, a atitude dos
multiprofissional; saúde não é patrimônio ou profissionais pode ser a porta de entrada
responsabilidade exclusiva de um grupo de ou de saída dos serviços de saúde1.

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O debate que envolve o termo acolhimento o reconhece como um usuário com direitos em
a partir do advento da Política Nacional de relação ao serviço realizado, criando suas bar-
Humanização (PNH) ganhou nuances qualita- reiras e mecanismos de acesso; por outro lado
tivas nas diferentes políticas prescritivas e em é também visto como uma tecnologia leve do
outras referências. Os significados atribuídos à processo intercessor do trabalho em saúde que
palavra ora são convergentes, ora são distintos. ocorre em todos os lugares em que se constituem
Para a PNH, acolher é reconhecer o que o os encontros entre trabalhador e usuários26.
outro traz como legítima e singular necessida- Nessa lógica, Franco e colaboradores veem o
de de saúde. O acolhimento deve comparecer acolhimento como uma proposta para inversão
e sustentar a relação entre equipes/serviços e da lógica de organização e funcionamento
usuários/populações. Como valor das práticas dos serviços de saúde, tendo como base o
de saúde, o acolhimento é construído de forma atendimento de todas as pessoas que buscam
coletiva, a partir da análise dos processos de os serviços de saúde, garantindo acesso uni-
trabalho, e tem como objetivo a construção de versal, reorganização do processo de trabalho
relações de confiança, compromisso e vínculo com deslocamento das ações do médico para
entre as equipes/serviços, trabalhador/equipes a equipe multiprofissional e qualificação da
e usuário com sua rede socioafetiva. De acordo relação trabalhador-usuário, a partir de parâ-
com a política, a partir da escuta qualificada metros humanitários que envolvem solidarie-
oferecida pelos trabalhadores às necessidades dade e cidadania27.
do usuário, é possível garantir o acesso opor- O acolhimento apresenta-se como uma es-
tuno desses usuários às tecnologias adequadas tratégia fundamental para a qualificação em
às suas necessidades, ampliando a efetividade uma perspectiva de promoção da ‘mudança’
das práticas de saúde25. no processo de trabalho, na reestruturação dos
Com a PNH, o acolhimento passou a ser serviços de saúde voltados para a integralidade,
considerado como uma das diretrizes de maior a humanização, a equidade e a resolutividade da
relevância ética/estética/política. Ética no atenção28 e como modo de operar os processos
que se refere ao compromisso com o reco- de trabalho em saúde de forma a dar atenção
nhecimento do outro, na atitude de acolhê-lo a todos que procuram os serviços de saúde29.
em suas diferenças, suas dores, suas alegrias, Constitui-se como ação que deve ocorrer
seus modos de viver, sentir e estar na vida; em todos os locais e momentos do serviço,
estética porque traz para as relações e os en- não devendo limitar-se ao recebimento da
contros do dia a dia a invenção de estratégias demanda espontânea para identificação de
que contribuem para a dignificação da vida e risco ou definição de urgências. Diferencia-se
do viver e, assim, para a construção da própria de triagem, uma vez que esta última se refere
humanidade; e política porque implica o com- a uma filtragem de quem pode e de quem não
promisso coletivo de envolver-se neste ‘estar pode ser atendido, baseada no que o serviço
com’, potencializando protagonismos e vida tem para oferecer, sem considerar as neces-
nos diferentes encontros24. sidades dos usuários. Acolher, para além, é
O acolhimento pressupõe uma dupla dimen- receber bem, com atenção e disponibilidade
são, pois se de um lado é visto como uma etapa para escutar, valorizar as particularidades de
do processo de trabalho, realizado em serviços cada caso, buscar uma forma de compreendê-lo
concretos – em particular no momento da e solidarizar-se com ele30.
recepção desses serviços –, que estabelece O acolhimento é visto como uma das formas
o modo como o serviço faz o seu primeiro de concretizar a humanização das práticas de
contato com a sua clientela, em um processo saúde, não devendo restringir-se somente à
mútuo de reconhecimento no qual o usuário se escuta, mas avançar para além da fala/expres-
reconhece como cliente do serviço e o serviço são verbal; é compreendido como um conjunto

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O acolhimento como estratégia de vigilância em saúde para produção do cuidado: uma reflexão epistemológica 255

de medidas, posturas e atitudes dos profis- Atualmente, o acolhimento vem rompendo


sionais de saúde que garanta credibilidade e com a lógica de organização das unidades de
consideração e pressupõe respeito e solidarie- saúde e tem-se configurado na prática dos
dade31. Ele emerge como forma de inclusão dos serviços como um dispositivo para orientação
usuários, na medida em que pressupõe que não do acesso, priorização de riscos e gestão das
apenas determinados grupos populacionais agendas de atendimento. Pode ser considerado
(portadores de agravos mais prevalentes e/ potente instrumento para prática de vigilân-
ou recortados a partir de ciclos de vida) são cia em saúde, desde que tenha um processo
objeto privilegiado do trabalho das equipes, sistematizado com foco não somente voltado
mas também as pessoas que apresentam ne- para resolução de problemas agudos, mas para
cessidades de saúde e que não estão contem- práticas de cuidados sistematizadas que con-
pladas nesses critérios. Nessa perspectiva, o siderem fatores de risco, vulnerabilidades e
acolhimento se revela menos no discurso sobre possibilidades terapêuticas.
ele do que nas práticas concretas32. Nesse sentido, poder-se-ia pressupor o
O acolhimento aparece centralmente acolhimento como uma estratégia de vigilân-
marcado no território das tecnologias leves, cia para produção do cuidado ao considerar
encarnadas nas relações que se estabelecem não os significados que ele contempla, mas
entre trabalhadores e usuários, nos modos os sentidos que os profissionais e usuários
de escutas e filtros, nas maneiras de lidar têm reservado ao mesmo no contexto das uni-
com o não previsto, nos modos de construção dades de saúde. O movimento pela inclusão
de vínculos, nas formas de sensibilidade do dos diferentes atores sociais em uma atuação
trabalhador, em um certo posicionamento colaborativa que permita a “construção per-
ético situacional32. É um espaço-momento manente e solidária de laços de cidadania”36(9)
de encontro para o reconhecimento de expressa um dos mais importantes sentidos
necessidades, acontece com ou sem sala do acolhimento.
específica, em vários lugares e tempos33. Estes podem ainda ser expressos pela
Expressa-se na relação estabelecida entre tomada de decisão dos profissionais em
os profissionais de saúde e os (as) usuários procurar respostas para os problemas dos
(as), mediante atitudes profissionais huma- usuários a partir de fluxos assistenciais
nizadoras, que compreendem iniciativas tais que não contemplam todas as demandas
como as de: (I) apresentar-se; (II) chamar da saúde, desenvolvimento de estratégias
os (as) usuários(as) pelo nome; (III) prestar que conduzam a processos de busca ativa a
informações sobre condutas e procedimen- partir do primeiro contato, adoção de nova
tos que devam ser realizados; (IV) escutar configuração do trabalho na perspectiva da
e valorizar o que é dito pelas pessoas; (V) multiprofissionalidade, interdisciplinari-
garantir a privacidade e a confidenciali- dade e envolvimento dos usuários, política
dade das informações; e (VI) incentivar a institucional de construção de redes com
presença do (a) acompanhante, entre outras projeções intersetoriais, e, principalmen-
iniciativas semelhantes. De igual forma, o te, pelo contato com os usuários permeado
acolhimento também se mostra: (I) na reor- pela iniciativa, interesse, envolvimento e
ganização do processo de trabalho; (II) na empatia. Enquanto projeto de democrati-
relação dos trabalhadores com os modos de zação das estruturas de poder e de huma-
cuidar; (III) na postura profissional; e (IV) nização da assistência à saúde, centrado
no vínculo, o que facilita, assim, o acesso aos na primazia da experiência e da sensibi-
serviços de saúde34. O acolhimento, dessa lidade. Neste sentido, é importante que o
forma, é compreendido como um recurso, acolhimento assuma o cuidado como uma
transversal a todas as práticas de saúde35. competência estabelecida e prescrita37.

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Justificativas para repensar Nessa perspectiva, o acolhimento não é uma


o acolhimento como prática isolada, mas um conjunto de práti-
cas que se traduz em atitudes que as pessoas
estratégia de vigilância para tomam nas interações que se estabelecem no
a produção do cuidado ambiente dos serviços de saúde. A postura
adotada pelos profissionais de saúde no acolhi-
O acolhimento tem-se apresentado nas práticas mento representa a postura do próprio serviço
dos serviços de saúde como ‘modelo de ajuda’, em de saúde, que como ente se constitui45.
que inclui o atender, o responder, o personalizar, O acolhimento, no contexto das práticas
o orientar, o envolver-se, o explorar, o compre- de vigilância em saúde, é visto como um
ender e o agir38. Pautado na disponibilidade, na processo que envolve relação e produção de
aceitação, na empatia, no diálogo, na cordialidade saúde. Nesse sentido, a relação entre os ci-
e na presteza, o acolhimento tem-se configurado dadãos trabalhadores de saúde e os cidadãos
como produtor de tranquilidade e segurança que buscam atendimento não deve ser uma
para o usuário. Pressupõe a escuta sensível e interação mecânica entre os usuários e agentes,
tensiona aproximação e vinculação observando antes deve se constituir em um relacionamento
o significado multidimensional da experiência de troca, participação e coprodução. Para isso,
vivenciada pelos usuários39. há necessidade de mudança de percepção no
Como ferramenta para o processo de que diz respeito ao sentir dos profissionais de
educação em saúde, o acolhimento tem-se saúde, o qual tende a ser desagregador, sepa-
revelado uma prática de educação solidária rador e disjuntor. É necessário compreender
e emancipatória, no sentido do exercício e bem a extensão e a profundidade da ideia de
da construção da cidadania, pela escuta e relação, junção, participação, assim como a
troca de saberes entre conhecimento técnico ideia que se tem do lugar que o outro ocupa
e popular40. Enquanto uma combinação de no contexto das práticas que são produzidas.
ações dialógicas, atitudinais e organizativas Nessa ótica, o acolhimento como processo
das práticas de atenção nos centros de saúde, o requer a simultaneidade de várias atividades,
acolhimento aponta para o desafio cotidiano da e a primeira delas perpassa pela mudança no
alteridade e contribui tanto para melhoria das modo de sentir dos profissionais de saúde, o
práticas do cuidado quanto para a legitimação qual deve se aproximar da cultura humanística.
do sistema público de saúde41,42. Esta pressupõe considerar que há momentos
Esse exercício de alteridade é mediado pelo na vida em que se precisa medir, pesar e contar.
encontro e vai além do processo de reconhe- E há, também, momentos em que é preciso
cimento e de suas diferenças, singularidades e levar em conta os sentimentos, as emoções, a
saberes, antes propõe e desafia a considerar a subjetividade e a intuição1.
lógica do outro, o seu ‘ponto de vista’ e a legitimar O acolhimento associa, na forma exata, o
o seu conhecimento e as suas necessidades e discurso da inclusão social, da defesa do SUS
demandas de saúde. Além disso, desafia a integrar a um arsenal técnico extremamente potente,
a voz do outro nos processos de escolha e decisão que vai desde a reorganização dos serviços de
no cotidiano das práticas de cuidado42-44. saúde, a partir do processo de trabalho, até à
Diante disso, percebe-se a necessidade de constituição de dispositivos autoanalíticos e
superar o reducionismo biológico, a partir da autogestionários, passando por um processo
escuta, da conversa qualificada e compreensão de mudanças estruturais na forma de gestão
das necessidades de saúde para além do explí- das unidades de saúde. O resultado esperado
cito fisicamente, com o propósito de responder é a inversão do paradigma tecnoassistencial27.
adequadamente de forma integrada e integral, Ele analiticamente pode evidenciar as dinâ-
fortalecendo também as ações de prevenção38. micas e os critérios de acessibilidade a que os

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usuários (portadores das necessidades centrais cuidado em saúde, possibilitando o surgimento


e finalísticas de um serviço) estão submetidos, do Paradigma de Produção Social da Saúde.
nas suas relações com ‘o quê’ os modelos de Este analisa o processo saúde-doença com uma
atenção constituem como verdadeiros campos abordagem positiva, pautada nas necessidades
denecessidades de saúde, para si27. sociais de saúde, por meio de promoção, pre-
Assim, o que transparece de forma enfática venção, tratamento e reabilitação em saúde.
em todo o trabalho de investigação que envolve Com o advento da PNH, o acolhimento re-
o acolhimento é sua contemporaneidade, ou velou-se como uma diretriz, e diferentes con-
seja, a capacidade de se colocar no tempo cepções sobre o termo passaram a ser adotadas
presente, de mobilizar energias adormecidas, nas diferentes normativas do Ministério da
reacender a esperança e colocar em movi- Saúde e nas pesquisas científicas. As múltiplas
mento segmentos importantes dos serviços de concepções sobre o acolhimento convergiram,
saúde, como grupos de sujeito que se propõem no contexto do Paradigma de Produção Social
à construção do novo, a fazer no agora aquilo da Saúde, para torná-lo potente no cotidiano
que é o objetivo no futuro27. das práticas de serviços de saúde.
No Paradigma de Produção Social da Saúde,
o acolhimento é atravessado por diferentes
Considerações finais significados e sentidos que convergem para
que ele seja considerado como uma estratégia
No paradigma flexneriano, o atendimento em de vigilância em saúde para a produção do
saúde tende a ser vinculado ao conceito ne- cuidado, pressupondo que seja orientado pela
gativo de saúde, e a produção do cuidado tem integralidade, pelo conceito positivo de saúde e
como foco a doença e a cura. O acolhimento, práticas assistenciais e coletivas de promoção,
nesse mesmo contexto e paradigma, também prevenção, reabilitação e cura.
pode ser considerado como atividade mera- Nessa ótica, a partir desta reflexão teórica
mente receptiva, isolada e pontual que não e epistemológica, considera-se necessária a
envolve vigilância e ações capazes de promover realização de novas pesquisas com vistas a
produção do cuidado de forma longitudinal. aprofundar a temática sobre o acolhimento,
Com as mudanças políticas, o contexto visando identificar nas práticas dos serviços
social e a construção de um novo sistema de de saúde que sentidos ele tem para os profis-
saúde, o paradigma vigente deixou de respon- sionais, se estes compreendem sua relevância
der a todas as demandas por saúde, entrando como estratégia de vigilância em saúde para
em crise, o que abriu espaço para uma nova a produção do cuidado e para manutenção
perspectiva de análise do contexto social e do do Paradigma da Produção Social da Saúde. s

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