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20/08/2018 Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre cineastas - 18/08/2018 - Ilustrada - Folha

Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre


cineastas
Produtores temem que isso acabe lhes tirando a possibilidade de receber propostas

18.ago.2018 às 15h59
Atualizado: 20.ago.2018 às 17h29

Guilherme Genestreti

SÃO PAULO Adirley Queirós, do elogiadíssimo “Branco Sai, Preto Fica” é um


diretor nota 7. Quem tirou 10 foi André Pellenz, do blockbuster nacional
“Minha Mãe É uma Peça”. Felipe Sholl, vencedor do Festival do Rio por “Fala
Comigo”, nem foi avaliado. E um dos maiores nomes do cinema brasileiro,
Rogério Sganzerla, tem nota 5 –ele morreu em 2004.
 
Ao publicar as notas dos diretores brasileiros de acordo com seu
desempenho comercial, a Ancine (Agência Nacional do Cinema) atraiu uma
avalanche de críticas nas redes sociais e em grupos privados de conversa de
cineastas. Outros realizadores, além da própria agência, defendem o sistema.

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08/ancine-da-nota-a-diretores-e-provoca-criticas-entre-cineastas.shtml 1/8
20/08/2018 Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre cineastas - 18/08/2018 - Ilustrada - Folha

Cena do filme "Branco Sai. Preto Fica", de Adirley Queirós, vencedor do Festival de Brasília -
Divulgação

A pontuação é um dos critérios para habilitar o recebimento de verbas do


edital de fluxo contínuo. O programa de fomento vai distribuir R$ 150
milhões a projetos de longa-metragem com base numa pontuação que inclui
quantidade de obras lançadas e êxito comercial tanto de produtoras quanto
distribuidoras e de diretores vinculados aos projetos.

 
O valor se refere a praticamente um quinto de toda o orçamento anual para a
atividade audiovisual no Brasil.
Há cineastas que já lançaram obras, mas não aparecem na lista, caso de Sholl
(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2016/10/1821708-diretores-tratam-temas-densos-com-ironia-em-filmes-do-

festival-do-rio.shtml).
Há diretores que já morreram (Sganzerla, Hector Babenco,
Nelson Pereira dos Santos....). Outros se queixam do que chamam de
“aleatoriedade” na atribuição das notas.

O diretor Vicente Amorim, de “Corações Sujos” e “Motorrad


(https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/09/1917901-unico-filme-brasileiro-em-toronto-motorrad-e-recebido-

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20/08/2018 Ancine dá nota a diretores e provoca críticas entre cineastas - 18/08/2018 - Ilustrada - Folha

discretamente.shtml)”, reclama que a pontuação não considera filmes internacionais


dirigidos por brasileiros (como o seu “Um Homem Bom” ou “O Jardineiro
Fiel”, de Fernando Meirelles). “Se isso não qualifica um diretor, não sei o que
qualificaria.”

Diretora de “Meus 15 Anos (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2017/06/1894771-como-debutante-


insegura-larissa-manoela-exorcisa-maria-joaquina.shtml)”, sexto filme nacional mais visto de 2017,
Caroline Fioratti não aparece na lista. Ela diz temer que a pontuação sirva
para contratar diretores no futuro. “Eu ficaria muito encabulada de pontuar
mais do que um cineasta que marcou socialmente e artisticamente o nosso
cinema. Esta lista é um apagamento também da história”, escreveu em rede
social.

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O produtor Paulo Boccato, de “Bróder” e “Copa de Elite”, também aponta


que, ao divulgar nome e CPF dos cineastas e atribuir a eles notas, a Ancine
pode acabar lhes tirando a possibilidade de receber propostas de trabalho.

“Muitos diretores serão escolhidos pelas produtoras não por seu talento ou
adequação ao projeto, mas por uma nota dada arbitrariamente que permita
abocanhar mais ou menos recursos públicos”, diz.

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Em carta publicada nesta segunda (20) no site da Ancine, o diretor-


presidente da agência, Christian de Castro, diz que diretores, produtoras e
distribuidoras sempre receberam notas, que geravam a classificação em
rankings. “A diferença é que, no passado, os critérios de pontuação e as notas
deles resultantes não eram transparentes nem divulgados para os
proponentes”, escreve (leia a íntegra abaixo). 

E continua: “Diretores e empresas sempre foram julgados, pontuados e


comparados entre si, mas isso acontecia longe dos olhos dos concorrentes,
muitas vezes com base em idiossincrasias e preferências pessoais de
pareceristas e membros de comissões”.

Conforme antecipado (https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08/produtores-temem-que-edital-da-


ancine-concentre-recursos-em-duas-empresas.shtml) pela
Folha, o edital já vem sendo alvo de
críticas no meio audiovisual há algumas semanas. O principal temor é que
ele permita a concentração desses recursos públicos entre as duas maiores
distribuidoras do país –a Paris e a Downtown.

Como o desempenho comercial é um dos principais critérios e as duas


empresas são responsáveis pelo lançamento dos maiores sucessos nacionais,
elas saltam na frente. Pelas regras, um mesmo grupo econômico pode
receber até 25% do montante. Teme-se que, desta forma, ambas abocanhem
até metade de todos os recursos.

Leia a íntegra da carta escrita pelo diretor-presidente da Ancine, Christian de


Castro:

Desde a criação da ANCINE, a política de fomento ao cinema e ao audiovisual


coordenada pela Agência tem sido continuamente aprimorada, e é necessário que
seja assim. Com diálogo e transparência, à medida que o mercado amadurece,
novos mecanismos são criados, de maneira a estruturar uma indústria forte, com
estímulo ao empreendedorismo e atenção às novas janelas de oportunidade que se
abrem. Mudanças no comportamento do consumidor de conteúdos audiovisuais e
aceleradas transformações tecnológicas tornam rapidamente obsoletos modelos

https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2018/08/ancine-da-nota-a-diretores-e-provoca-criticas-entre-cineastas.shtml 4/8
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que eram eficientes pouco tempo atrás, exigindo a adoção de novos formatos de
fomento.

É para isso que o Comitê Gestor do Fundo Setorial do Audiovisual - FSA - se reúne
periodicamente. Contando com a ativa participação de representantes do mercado,
além de membros do governo, Ministério da Cultura, do BNDES e da
própria ANCINE, é o Comitê que estabelece as diretrizes de investimentos e os
parâmetros de aplicação de recursos, bem como as normas e critérios de seleção
dos projetos. Após mais de um ano de debate, reflexão e pesquisa, com
embasamento técnico e a valiosa contribuição dos agentes do mercado,
construímos mais um mecanismo inovador de estímulo à indústria: o recém-
lançado edital de produção para cinema, em regime de fluxo contínuo, com critérios
automáticos de pontuação, formulado para atender às necessidades de empresas
produtoras e distribuidoras de diferentes portes e características.

 Cabe sublinhar aqui que diretores, produtoras e distribuidoras sempre receberam


notas, que geravam a classificação em rankings - o que é inevitável em qualquer
processo seletivo, ainda mais envolvendo recursos públicos (uma vez que
a ANCINE tem compromisso com a aplicação rigorosa e segura do dinheiro do
contribuinte).A diferença é que, no passado, os critérios de pontuação e as notas
deles resultantes não eram transparentes, nem divulgados para os proponentes.
Diretores e empresas sempre foram julgados, pontuados e comparados entre si, mas
isso acontecia longe dos olhos dos concorrentes, muitas vezes com base em
idiossincrasias e preferências pessoais de pareceristas e membros de comissões. A
parametrização das notas, aliás, também era uma antiga demanda do mercado,
que precisa de previsibilidade nos processos seletivos, com pontuações aferidas de
forma clara. 

Além de valorizar a consistência das empresas proponentes, que receberão recursos


públicos para a produção de projetos de longas-metragens de ficção, documentário
e animação, o novo edital estabelece, pela primeira vez, faixas de investimento
diferenciadas, de acordo com o porte, o histórico, o desempenho comercial e
artístico e a estruturação financeira das empresas. Isso garante que projetos de
diferentes ambições, tamanhos e orçamentos sejam contemplados de forma
equilibrada, em conformidade com parâmetros públicos e objetivos de
investimento, mitigando riscos e otimizando a utilização dos recursos.

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Esse modelo induz a estruturação de novos arranjos e amplia a possibilidade de


participação de produtoras e distribuidoras novas ou de pequeno porte e de
diferentes regiões, uma vez que a nota mínima para habilitação dos projetos foi
reduzida. Também estimula em particular as produtoras do CONNE (Centro-
Oeste/Norte/Nordeste) e FAMES (MG, ES e Sul), pois, com a nova modalidade,
queremos gerar uma demanda que antes não existia. Por outro lado, empresas
maiores e com melhor histórico de desempenho poderão acessar mais recursos do
que empresas menores e com pouca experiência – lembrando que os aportes
do FSA não são a fundo perdido, mas investimentos que devem trazer retorno.

O novo edital faz uso de um banco de dados criteriosamente construído pela área
técnica da ANCINE ao longo da última década: o OCA - Observatório do Cinema e
do Audiovisual, que coleta e armazena dados primários sobre o audiovisual
brasileiro e do banco de dados da Superintendência de Registro da Agência. Essa
massa de informações foi finalmente traduzida em conhecimento capaz de orientar
as decisões de fomento. O edital possibilita também maior agilidade na análise dos
projetos, encurtando o tempo do processamento e acelerando a contratação - uma
antiga demanda dos agentes do mercado. Tudo isso com mais transparência e
controle: o regulamento para a pontuação de diretores e empresas produtoras e
distribuidoras, de acordo com seu desempenho comercial e artístico (este com base
na participação e premiação em festivais), é público e transparente.

A política de investimentos no cinema e no audiovisual precisa ser percebida e


compreendida de maneira integrada. O novo edital com pontuação automática não
substitui os outros mecanismos de fomento, ele os complementa. Em paralelo,
continuam sendo lançados pela ANCINE editais de concurso, com processos
seletivos que induzem a inovação de linguagem e a participação de novos entrantes.
Nesses editais (alguns deles em parceria com a Secretaria do Audiovisual do
Ministério da Cultura), pela primeira vez na história da Agência foram estabelecidas
cotas raciais e de gênero, que se somam aos indutores regionais como formas de
garantir a diversidade na produção cinematográfica nacional. Somados, esses
editais de concurso aportarão R$ 250 milhões no mercado, enquanto o novo edital
de fluxo contínuo para cinema conta com R$ 150 milhões.

O objetivo dos editais de fluxo contínuo – um segundo edital nesse modelo,


destinado à produção de obras para a televisão, com R$ 130 milhões, será lançado

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em setembro – é valorizar a consistência da entrega e a capacidade empresarial das


empresas proponentes, além de estimular a formação de arranjos competitivos,
porque não existe um mercado forte sem empresas fortes. Mas a ANCINE opera
ainda um terceiro nível de investimento: o suporte automático, que premia o
histórico recente de desempenho comercial e artístico em cinema, televisão e outras
janelas, com mais R$ 56 milhões.

É a combinação entre esses diferentes mecanismos de apoio – editais de concurso,


fluxo contínuo e suporte automático – que viabiliza a produção de filmes de menor
orçamento para o cinema e de conteúdos menos comerciais para a TV, uns e outros
de inegável relevância cultural e artística, além de possibilitar o aumento da
competitividade das empresas.

É preciso aprofundar a análise de qualquer edital lançado, sobretudo quando se


trata de um modelo inovador de fomento, uma vez que opiniões superficiais e mal-
intencionadas provocam transtorno desnecessário num momento que o setor
precisa se unir pelo seu crescimento sustentável. Críticas são necessárias e serão
sempre bem-vindas para que seja aprimorado o modelo; a ANCINE está preparada
para prestar todas as informações e esclarecer todas as dúvidas.

A sociedade e os agentes do mercado podem ter certeza que continuaremos


apostando na desburocratização, na agilidade, na transparência, no diálogo e no
controle de processos, de forma a garantir o uso eficiente de recursos públicos na
estruturação de uma indústria audiovisual dinâmica e atenta às novas
possibilidades de crescimento.

O EDITAL DE FLUXO CONTÍNUO

Lançado pela Ancine, vai distribuir R$ 150 milhões para projetos em


cinema
Permite que uma mesma empresa concentre sozinha até 25% do total
da verba
Abriu um racha entre as duas maiores distribuidoras brasileiras (Paris e
Downtown) e grupos de produtores independentes

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OS GRUPOS NO CENTRO DA CONTROVÉRSIA

Paris e Downtown

Distribuidoras especializadas no lançamento de filmes comerciais


Juntas acumularam 98% das bilheterias brasileiras no primeiro
semestre
Filmes dessas distribuidoras: “Nada a Perder”, “Os Farofeiros”, “Fala
Sério, Mãe!”

Produtores independentes

Grupos que criticam o edital: Abraci (Associação Brasileira de


Cineastas), Apaci (Associação Paulista de Cineastas), Conne (Conexão
Audiovisual Centro-Oeste, Norte e Nordeste) e Fames (Fórum
Audiovisual de Minas Gerais, Espírito Santo e estados do Sul)
Filmes desses produtores: “Uma Noite Não É Nada”, de Alain Fresnot,
“Os Últimos Cangaceiros”, de Wolney Oliveira, “Sol Alegria”, de Tavinho
Teixeira

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