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O COMPUTADOR COMO FERRAMENTA PEDAGÓGICA

INTERDICIPLINAR NA CLASSE HOSPITALAR DO ESPAÇO


ACOLHER-PA: UM CASO EXPECÍFICO DAS ALUNAS VÍTIMAS DE
ESCALPELAMENTO

OLIVEIRA, Micheline Banhos de1 - SEDUC/PA

SALDANHA, Gilda Maria Maia Martins2 - SEDUC/PA

MOTA, Denise Corrêa Soares da3 - SEDUC/PA

FIGUEIREDO, Rita de Cássia Reis Rosa4 - SEDUC/PA

SILVA, Ana Rita Fontes5 – SEDUC/PA

Grupo de Trabalho – Pedagogia Hospitalar


Agência Financiadora: não contou com financiamento

Resumo

Este trabalho relata a realização de práticas pedagógicas interdisciplinares através da


utilização do computador durante as aulas do Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e
Adultos no Espaço Acolher, onde atuam professores da classe hospitalar por meio de ações
conveniadas entre a Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará e a Secretaria Estadual de
Educação. O Espaço Acolher hospeda mulheres vindas do interior do Estado do Pará que
sofreram escalpelamento nas embarcações que não tem proteção do eixo do motor, fato este
que acidentalmente provoca a retirada parcial ou total do couro cabeludo, deixando sequelas
devido tratamento longo e doloroso com perdas biopsicosociais para essas mulheres. A
escolaridade dessas alunas é garantida pelo atendimento da classe hospitalar com um quadro

1
Graduação em Bacharelado e Licenciatura em Geografia pela Universidade Federal do Pará, especialista em
Orientação Educacional pela Universidade Cândido Mendes e em Tecnologia em Educação pela Pontifícia
Universidade Católica do Rio de Janeiro, professora de Geografia e Informática Educativa da Classe Hospitalar
do Espaço Acolher. Email: banhos.m@gmail.com
2
Mestre em educação pela Universidade Federal do Pará. Professora da Classe hospitalar do Espaço Acolher e
Pedagoga da Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia do Estado do Pará. Membro do Grupo de Estudos
e Pesquisas de Educação e Saúde- GEPES. E-mail: gmartinsal@hotmail.com
3
Especialização em Currículo. Graduação em Pedagogia pela Universidade do Estado do Pará. Professor
responsável pelo Espaço Acolher. Denisesoares20@gmail.com
4
Especialização em Abordagem Literária e Educação Inclusiva. Licenciatura em Letras e Artes da Universidade
Federal do Pará. Professora de Área de Códigos e Linguagens. Email:ritareisrosa@hotmail.com
5
Graduada em Educação Artística com habilitação em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Pará.
Professora de Arte da Classe Hospitalar da Secretaria de Estado de Educação. Email anaritafontess@gmail.com
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de professores e pedagogos, que desenvolvem suas atividades de forma interdisciplinar. Neste


ano de 2013 foi incluído a Informática Educativa no Espaço Acolher, com o objetivo de
promover a inclusão digital e também desenvolver práticas pedagógicas associadas ao uso das
Tecnologias de Comunicação e Informação. A Informática Educativa tem promovido a
inserção das alunas no mundo digital, não deixando, contudo de explorar o universo
ribeirinho. O uso do computador durante as aulas tem proporciona a adequação dos conteúdos
dos componentes curriculares em todos os níveis de Ensino, no Fundamental e na Educação
de Jovens e Adultos (EJA) com realização de atividades utilizando softwares e sites
educativos voltados para a vivência de cada aluna ribeirinha, que tem pouco ou quase nenhum
acesso ao computador e a internet, em seu município. Portanto, esta prática vem garantindo o
a estas alunas o direito à inclusão digital mostrando que o espaço ribeirinho não pode
permanecer isolado deste contexto.

Palavras-chave: Classe Hospitalar. Escalpelamento. Interdisciplinaridade. Informática


Educativa

Introdução

O Espaço Acolher é uma casa de acolhimento criada pela Fundação Santa Casa de
Misericórdia do Pará com o objetivo de hospedar pacientes oriundos de municípios distantes
do Estado do Pará vítimas de escalpelamento.
O escalpelamento é um acidente que ocorre com mulheres que utilizam embarcações,
como meio de transporte, que não tem o eixo do motor protegido vindo a provocar a retirada
total ou parcial do couro cabeludo deixando cicatrizes e mutilações na cabeça, rosto e
pescoço. O tratamento é longo e doloroso, as vítimas recebem também acompanhamento
psicológico.
A Secretaria Estadual de Educação e a Fundação Santa Casa de Misericórdia através
de um Convênio de Cooperação Técnica assegura a educação a essas vítimas por meio do
atendimento da classe hospitalar, as mesmas recebem escolarização em todos os níveis, desde
a alfabetização até a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
A Classe hospitalar do Espaço Acolher tem desenvolvido no decorrer deste ano de
2013 um atendimento específico para cada nível de ensino, valorizando a leitura de mundo
que cada vítima de escalpelamento trás consigo, para tanto tem como proposta pedagógica
trabalhar as diferentes culturas e linguagens das alunas ribeirinhas interligadas aos conteúdos
das diversas áreas do conhecimento.
Desta forma estas alunas estão sendo inseridas num processo de ensino e
aprendizagem que está calcado nos valores de uma sociedade moderna que se caracteriza por
práticas que envolvem diretamente o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação
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(TIC) em qualquer espaço de vivência, entretanto este feito está ocorrendo sem que deixemos
de relacionar com a realidade do cotidiano de cada aluna atendida pela classe hospitalar do
Espaço Acolher.
Assim este texto pretende relatar as experiências vivenciadas pelas alunas do Espaço
Acolher com a utilização do computador como ferramenta pedagógica que favorece o
interesse de aprender durante o tratamento de saúde.

Desenvolvimento

Para compreendermos como ocorreu a inserção da informática educativa ou o uso de


tecnologia na educação temos que nos reportar à década de 70, quando em 1971 houve as
primeiras iniciativas do computador no ensino de Física nos EUA.
No Brasil a tecnologia começou a ser usada primeiro na segurança do território com a
criação pelo Governo Brasileiro, da CAPRE – Comissão Coordenadora das Atividades de
Processamento Eletrônico, a DIGIBRÁS – Empresa Digital Brasileira e a própria SEI –
Secretaria Especial de Informática, que foi criada como órgão executivo do Conselho de
Segurança Nacional da Presidência da República, na época da ditadura militar
Contudo, já se cogitava a necessidade de informatizar a sociedade fomentando a
iniciação científica. Nesse momento o Ministério da Educação (MEC) procurou promover
discussões sobre a integração da informática e educação.
Em 1982, o MEC assumi o compromisso de criar mecanismos para viabilizar o
desenvolvimento de estudos que permitissem a implementação de projetos na área da
tecnologia educativa.
Para que isso ocorresse foram elaboradas as primeiras diretrizes estabelecidas no III
Plano Setorial de Educação e Cultura – III PSEC, referente aos anos de 1980/1985 e que
serviram como base para o uso das tecnologias educacionais e dos sistemas de computação
com o objetivo de melhoria da educação, atualizando os conhecimentos técnico-científicos,
que já vinham sendo expressas no II Plano Nacional de Desenvolvimento – II PND (1975 -
1979).
Podemos destacar como exemplo da utilização da tecnologia no processo de ensino e
aprendizagem o trabalho realizado pelo Laboratório de Estudos Cognitivos do Instituto de
Psicologia – LEC/UFRGS, que potencializava o uso do computador usando a Linguagem
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LOGO, que consiste em uma linguagem de programação interpretada voltada para crianças,
jovens e adultos.
A Informática Educativa no Brasil iniciou-se seguindo as diretrizes de outras culturas
e limitava-se ao entendimento técnico do computador sem a finalidade de um aproveitamento
pedagógico. A Informática começou a ser utilizada nas escolas provavelmente nos anos 60,
mas somente nos anos 80 com o barateamento dos computadores e as inovações das interfaces
que tornaram os sistemas mais familiares ao usuário, intensificou-se o uso de computadores
para criação de sites educativos, fazendo com que a escola começasse a fazer parte dessa nova
fase tecnológica.
Para Borba e Penteado (2001, p. 47)

O acesso à Informática deve ser visto como um direito e, portanto, nas escolas
públicas e particulares o estudante deve poder usufruir de uma educação que no
momento atual inclua, no mínimo, uma‘alfabetização tecnológica’. Tal alfabetização
deve ser vista não como um curso de Informática, mas, sim, como um aprender a ler
essa nova mídia. Assim, o computador deve estar inserido em atividades essenciais,
tais como aprender a ler, escrever, compreender textos, entender gráficos, contar,
desenvolver noções espaciais etc. E , nesse sentido, a Informática na escola passa a
ser parte da resposta a questões ligadas à cidadania.

Tendo em vista esta reflexão a classe hospitalar vem se beneficiar de alguns recursos
da tecnologia para ampliar as metodologias, promovendo a inclusão digital e garantindo a
cidadania do aluno em tratamento.
No Espaço Acolher a informática educativa faz parte de um conjunto de atividades
pedagógicas que estão se desenvolvendo ao longo do ano de 2013 por meio de projetos e
sequências didáticas que envolvem um conjunto de práticas educacionais que priorizam o
cotidiano de cada aluna.
A prática de uma educação que prima pela vivência e leitura de mundo adquirida pelo
aluno pode ser muito bem interpretada a partir de Freire (2006, p.23), quando afirma que o
povo tem um saber que se gera na prática social da qual ele participa constituindo a base do
processo de ensino e como ponto de partida e de chegada da prática educativa teórico.
Por tanto, se faz necessário levantar algumas proposições sobre a prática da
informática educativa em classes hospitalares, tais como: como promover o manuseio da
máquina por alunas vítimas de escalpelamento depois do acidente? Como resgatar o interesse
por algo novo, pois no momento, pode parecer um desafio inalcançável? Como alfabetizar no
computador, sendo esta uma ferramenta que é desconhecida para a maioria delas?
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Almeida (2005) nos faz refletir sobre a importância do computador como uma
máquina que possibilita testar ideias ou hipóteses, que levam à criação de um mundo abstrato
e simbólico, ao mesmo tempo em que permite introduzir diferentes formas de atuação e
interação entre as pessoas, talvez por esse motivo provoque curiosidade e ansiedade para ser
usado.
Este anseio também faz parte do mundo ribeirinho das alunas da classe hospitalar que
vivem no Espaço Acolher, dai a importância de introduzirmos a informática educativa, com a
utilização dos softwares, nas práticas interdisciplinares das ações curriculares da Educação
Básica.
Desenvolver atividades no computador para alunas em tratamento hospitalar é um
diferencial que torna a aula muito mais atrativa. Na maioria das vezes, os educandos do
Espaço Acolher moram no interior e são de baixa renda. O acesso a essa ferramenta é pouco
frequente, e quase sempre utilizada como meio de comunicação através das redes sociais.
As atividades estão sendo realizadas da seguinte forma:
Para as alunas do Ensino Fundamental, as atividades iniciais foram de conhecer o
computador, utilizando o teclado para digitar as letras e aprender noções básicas de digitação.

Figura 2-Aluna da Alfabetização conhecendo


as letras no teclado do computador.
Fonte: Espaço Acolher

A seguir foram elaboradas atividades no editor de textos, onde as alunas conheceram


as famílias, formaram sílabas e construíram palavras do cotidiano ribeirinho como: rio, peixe,
barco, boto, dentre outros a partir do conteúdo programático de cada série.
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Figura 2- Aluna copiando no caderno as palavras


criadas.
Fonte: Espaço Acolher

Também as alunas trabalharam com pesquisa na internet e leitura de imagens que


mostravam: alguns hábitos, costumes, objetos usados no seu dia a dia, músicas regionais,
entre outros e em seguida digitaram o nome dessas figuras.
Da mesma forma, com as alunas da EJA primeiramente foram desenvolvidas
atividades de conhecimento do computador, digitando textos, inserindo imagens pesquisadas
na internet referindo-se às temáticas ribeirinhas.

Figura 3 - Alunas da EJA pesquisando na


Internet e digitando no word
Fonte: Espaço Acolher

Figura 4 – Trecho de música regional digitado e


formatado por uma aluna da 3º ciclo
Fonte: Espaço Acolher
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Em seguida as alunas pesquisaram vídeos sobre o tema referente ao conteúdo das


aulas e digitaram o que conseguiram compreender a partir da discussão desses vídeos.
Todas as atividades terão continuidade para todas as alunas no decorrer do ano letivo
de 2013, com produção de trabalhos gráficos no computador como histórias em quadrinho, a
partir da execução do Projeto “Imagens do Universo Amazônico na Classe Hospitalar do
Espaço Acolher”, que é um projeto de pesquisa que será executado e tem como objetivo servir
de apoio às atividades curriculares realizadas no Espaço Acolher.

Considerações Finais

O computador é um instrumento de ensino que proporciona a utilização de softwares


educativos que facilitam a aprendizagem.
Um exemplo disso é a digitação no Word, essa prática levou as alunas a digitar
palavras simples do seu cotidiano, e depois quando já tinham um pouco mais de domínio
sobre esse software passaram a digitar textos relatando as experiências com o seu trabalho na
roça, a forma como utilizam o rio para transporte dos produtos retirados da floresta. Nestes
textos foi utilizada uma linguagem própria de quem é interiorano.
O resultado obtido com esta atividade foi mostrar às alunas que elas podiam começar a
utilizar o computador de forma simples, construindo um texto com o vocabulário
característico de cada município a que elas pertencem, e assim elas puderam criar textos bem
peculiares utilizando o Word.

Figura 5 - Texto digitado pela aluna do 3º ciclo do Ensino Fundamental


Fonte – Espaço Acolher
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Com as alunas do Espaço Acolher foram aplicadas atividades bem próximas da


realidade ribeirinha. A informática educativa neste caso foi adequada à carência de
computador nos municípios interioranos, à ausência de internet e também ao fato destas
alunas não terem como praticar o conhecimento adquirido quando voltam para seus
municípios.
Desta forma o computador criou ambientes inovadores de aprendizagem, nos quais as
alunas puderam exercer seu imaginário a partir da produção de textos no Word, ou mesmo
adquirir uma leitura de mundo questionadora quando a elas foi permitida a busca de novas
informações e aquisição de novos hábitos e costumes, ao realizarem uma pesquisa na rede
mundial de computadores.
As alunas do espaço Acolher da Educação de Jovens e Adultos foram as que mais
mantiveram cautela diante do manuseio do computador durante as aulas. Infere-se a falta de
vivência com utilização de ferramentas tão avançadas em suas escolas de origem que
pudessem levá-las a um imaginário tão distante e tão perto ao mesmo tempo, e em questões
de segundos.
As aulas no computador e mais precisamente na internet ganharam sempre conotação
de descoberta de um mundo, que antes do contato com a tecnologia parecia não existir,
porque o imaginário delas não ia além dos limites das margens dos rios onde elas vivem.
Ouviam falar do computador, mas não imaginavam que o escalpelamento apesar de doloroso
pudesse lhes proporcionar uma viagem para tão longe e aprender conteúdos novos, através do
ato de conectar-se ao mundo a partir de um clik.

Figura 6 - Alunas pesquisando na internet


Fonte: Espaço Acolher
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Matos e Mugiatti (2011) destaca que a internet com seus recursos abre muitas e
variadas possibilidades de interação, conexão e envolvimento virtual no contexto hospitalar.
Vimos assim, o mundo fora do Espaço Acolher aproximar-se das alunas em tratamento e a
partir dessa prerrogativa elas não se sentiam mais alheias a tantas novidades.
Por este motivo, as atividades em sala de aula referentes ao computador foram
aplicadas para aproximar a tecnologia da cultura, dos hábitos, dos costumes, do vocabulário
ribeirinho, assim as alunas independentemente da idade e ou nível de escolarização puderam
manusear o computador.
Os projetos planejados para a escola do Espaço Acolher tem a conotação de mostrar
um mundo novo e possível de se ensinar e aprender, de se criar e recriar e principalmente de
construir uma leitura de mundo sem extrair os vínculos com o lugar interiorano de cada aluna.

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, José Fernando de. Educação e Informática: Os computadores na escola São


Paulo: Cortez, 2005.

BORBA, Marcelo C. e PENTEADO, Miriam Godoy. Informática e Educação


Matemática - coleção tendências em Educação Matemática - Autêntica, Belo Horizonte -
2001

FREIRE, Paulo e Donaldo Macedo. Alfabetização: leitura da palavra leitura de mundo, 4ª


Ed. Rio e Janeiro: Paz e Terra, 2006.

MATOS, Elizete Lúcia Moreira e MUGIATTI, Maria Texeira de Freitas. Pedagogia


Hospitalar: a humanização integrando educação e saúde. 5. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes,
2011.

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