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iss 1) a Hea ee SANTO AGOSTINHO E O SURGIMENTO DO INDIVIDUALISMO NA CULTURA OCIDENTAL * Marcos Roberto Nunes Costa INTRODUGAO Em meio as grandes discussées atuais acerca de nossa Cultura Ocidental, um dos frequentes temas polémicos é quanto as origens do individualismo. Nao é raro encontrarmos a afirmagado de que “os antigos nao conheciam a no¢ao de individuo, o individualismo na Cultura Ocidental surgiu a partir do Cristianismo”, no inicio, sob a forma de individualismo subjetivo, transformando-se, na modernidade, em individualismo pratico-utilitarista. Foi a partir dessa afirmagao genérica que resolvemos desenvolver nossas pesquisas no sentido de procurar verificar se ela tem sentido; e, se tem, sob que condigées podemos dizer que 0 individualismo é filho do cristianismo Sendo Santo Agostinho um dos primeiros pensadores cristaos sobre o qual esta alicergado o pensamento cristao Ocidental, procuraremos verificar como se deu o surgimento do individualismo na sociedade antiga, quais os principios cristaos que favoreceram seu desenvolvimento e qual a contribuigdo de Santo Agostinho para sua consolidacao. * Professor do Departamento de Filosofia da UNICAP e Mestrando em Filosofia pela UFPE. RZ A ee ia) =) cd te Mal acne} 1 -O DESENVOLVIMENTO DO INDIVIDUALISMO NA FILOSOFIA PRE- AGOSTINIANA |.1- O Problema da Liberdade Individual na Grécia Antiga. Para nao nos perdermos na amplitude do titulo deste topico, tomaremos como referencial a analise da relacdo individuo- sociedade em Aristdteles, por considerarmos que, neste pensador, encontramos 0 apogeu do pensamento politico da Grécia antiga. Em Aristoteles, encontramos os indicios de um conceito de liberdade do individuo em sua "Teoria do Ato Voluntario”. Nessa teoria, Aristoteles parte do principio de que somos capazes de escolher entre alternativas que podem significar algum valor moral, e transforma esse ato voluntdrio em fundamento ético, relacionando-o com a justica ou com a felicidade da cidade, onde a vontade adquire um conceito de agdo. Em outras palavras, Aristételes entendia que a questao da vontade individual esta diretamente associada a acao e esta se da na cidade. A primeira definigao de ato voluntdrio a que chega Aristdteles é de carater negativo: nem sempre o agente pode escolher, de maneira consciente, ou conhecer as causas internas que determinam uma ago. Disso se segue que, “o carater voluntario de uma acdo depende da sua origem ou, de sua causa, mas sobretudo, do conhecimento que o agente tem do principio interno que o faz conhecer"(ARISTOTELES, Apud BIGNOTTO, 1992: 329). Tal cardter negativo acontece com os animais e plantas, por exemplo, que nado podem conhecer 0 principio motor de seus atos, por isso nao possuem vontade. Segundo Aristdteles, 0 ato voluntario é aquele em que o agente ou ator conhece nado somente a multiplicidade de alternativas que Ihe sao oferecidas, mas também 0 principio motor de sua escolha. Assim, além de ser uma acao, esta implica um conhecimento. Aqui Aristételes associa vontade ao conhecimento ou a razao. CADERNOS DO CTCH CENTRO DE TEOLOGIA © CIENCIAS HUMANAS Além de associar a questao da vontade & teoria da acdo, e esta a razao, Aristoteles estabelece uma estreita ligacgdo entre ato voluntario e felicidade, onde afirma que o exercicio da vontade tem como fundamento maior o bem-estar do individuo, que passa por parametros gerais da ética, pois, ao promover a acao, esta provoca, ou nado, modificagdes no corpo politico. Pois, “se é claro que as acées sao individuais, que na maioria das vezes concernem apenas aquele que age, ndéo podemos esquecer que o ator aristotélico @€ sempre um cidadao que deseja, em Ultima das instancias, o bem de todos”( BIGNOTTO, 1992: 330 ). Dessa forma, podemos dizer que a teoria da vontade em Aristoteles tem um cardter “realista”, uma vez que, apesar de partir de um principio interno do conhecimento ou da razdo, esta se manifesta na acao, que trard resultados concretos no corpo politico. Ao estabelecer um vinculo entre ato voluntario e felicidade, Aristételes faz da vontade um instrumento ou meio para alcangar um fim, ou um meio, ja que a felicidade € um dom supremo - 0 Bem, este s6 podemos deseja-lo, mas nao escolhemos. A acdo adquire um carater pratico, aplicavel a situagdes concretas da vida pratica, que devem levar ao fim almejado - o Bem. Para Aristoteles, a escolha pratica sO revela sua esséncia quando se transforma em escolha das virtudes, ou em pratica das virtudes. Em outras palavras, Aristoteles faz uma distingao qualitativa entre a escolha das praticas corriqueiras e a escolha das virtudes que nos levam ao Bem - as verdades éticas que levam a felicidade de todos, que se encontram na politica. A acao politica € aquela que visa ao bem, sob 0 impulso do desejo, e mediada pela tutela da razao. A virtude resulta da escolha, onde “para que a escolha seja legitima, o desejo deve querer aquilo que a razao afirma -A escolha é 0 desejo e a razao um fim [...] Ela é, por conseguinte, uma razao que deseja e um desejo que raciocina”( ARISTOTELES, Apud ROUANET, 1990: 17 ). Ao qualificar a escolha da virtude como esséncia da felicidade, ou como meio para construcgdo do Bem, que se realiza na cidade, (ZU 27 2 Ee ee

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