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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA

CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS


DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL

(RE) CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DOS PROVESSOS DE REPRODUÇÃO SOCIAL


DO REASSENTAMENTO DE NOVO SOBERBO – MG. O RESSURGIMENTO DE
UM CONFLITO?

BOLSISTA: Bruno Costa da Fonseca


ORIENTADOR: Marcelo Leles Romarco de
Oliveira

Relatório Final, referente ao período de


agosto/2011 a julho/2012, apresentado à
Universidade Federal de Viçosa, como parte das
exigências do PIBIC/CNPq.

VIÇOSA
MINAS GERAIS - BRASIL
AGOSTO/2012
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ECONOMIA RURAL
RESUMO

(RE) CONSTRUÇÃO E ANÁLISE DOS PROVESSOS DE REPRODUÇÃO SOCIAL


DO REASSENTAMENTO DE NOVO SOBERBO – MG. O RESSURGIMENTO DE
UM CONFLITO?
Nos dias de hoje é possível perceber que a utilização e a apropriação dos recursos naturais
em função de um desenvolvimento econômico desorientado, ou mesmo, para satisfazer o
aumento dos ganhos de grandes empreendedores, têm ocasionado o surgimento dos
chamados conflitos socioambientais, que de maneira geral, culmina em grandes impactos às
comunidades tradicionais, indígenas, povos quilombolas, ribeirinhos, dentre outros.
Destarte, o relatório aqui apresentado explana mais um caso de embate entre uma
comunidade rural – povoado de São Sebastião do Soberbo – MG – e um grande
empreendedor – o consórcio Candonga -, incidindo em um conflito socioambiental que dura
mais de dez anos. Para isso utilizamos como procedimentos metodológicos a pesquisa
documental e bibliográfica; pesquisa de campo, com a aplicação de questionários abertos e
fechados; e a Pesquisa-ação, possibilitada pela participação em projetos de extensão e em
Ong’s. Foi possível constar na pesquisa que existe uma lacuna na proposta de
desenvolvimento adotada pelo país, pois este tem acarretado sérios danos às comunidades
destituídas de poder econômico e político. No mesmo sentido, em uma análise mais
detalhada do conflito, percebemos que existem diversos problemas na comunidade como a
falta de geração de renda, o aumento dos gastos com a ida para o reassentamento, a má
qualidade da água, dentre outros, que vão de embate ao discurso do empreendedor.
Outrossim, algumas atividades culturais e eventos educativos possibilitados pelo Consórcio
Candonga não tem sido suficientes para dar fim ao conflito que ocorre a mais de dez anos.
De modo geral, salientamos que o embate tem tomado outras formas ao longo dos anos e
agora possui diversos focos de conflitos que são cada vez menos ligados ao meio ambiente
em seu sentido mais restrito – motivos da resistência de outrora -, e passam a ser muito mais
político e social. Portanto, intitulamos de conflito socioambiental.

Data: ___/___/___

Prof. Marcelo Leles Romarco de Oliveira Bruno Costa da Fonseca


ORIENTADOR BOLSISTA PIBIC/CNPq
INTRODUÇÃO

"Neste país da corda bamba tudo acaba em samba"


(CASUZA)

As discussões sobre a temática ambiental é constante nos dias de hoje. Percebeu-se

que o homem, desde que começou a dominar a natureza, sobretudo, a agricultura, passou a ter

uma relação de exploração dos recursos naturais, até então utilizada somente como forma de

sobrevivência. A partir daí formaram-se as sociedades, pois os povos deixaram de ser

nômades, e começa então o sentimento de apropriação de tais recursos. Destarte, os conflitos

socioambientais, em seu conceito mais clássico, surgem quando determinados atores sociais

contestam a legitimidade de certas formas de apropriação e uso dos recursos naturais em um

dado espaço, objetivando assim, anular os efeitos interativos de outros atores sobre aquele

espaço de disputa.

Neste sentido este relatório teve por intento apresentar o emblemático caso da

comunidade rural de São Sebastião do Soberbo, distrito de Santa Cruz do Escalvado - MG,

que fora atingida pela construção da UHE (Usina Hidrelétrica de Energia) Risoleta Neves.

Este caso que ficou conhecido como Candonga, nome do consórcio responsável pela

construção do empreendimento, formado pela Companhia Vale do Rio Doce e pela Alcan

Alumínio1 do Brasil, encontra-se em um embate que já dura mais de dez anos e pode ser

exemplo de luta entre uma comunidade rural e empreendedores dotados de grandes poderes

econômicos e político, demonstrando assim, um acirrado jogo de interesses que permeia por

questões políticas, sociais e até mesmo ideológicas.

1
Atualmente esse consórcio está sendo administrado pela Companhia Vale do Rio Doce e Novelis Aluminum.
A UHE Risoleta Neves está situada na bacia hidrográfica do Rio Doce, entre os

municípios de Rio Doce e Santa Cruz do Escalvado, no estado de Minas Gerais. A

inauguração da usina aconteceu em 2005 pelo então deputado Aécio Neves, que na

oportunidade homenageou sua avó Risoleta Neves ao colocar o seu nome na usina. Entretanto,

cabe ressaltar que o processo começara muito antes, em 1996, com os primeiros estudos de

Licenciamento Ambiental, materializado pelos Estudos e Relatório de Impactos Ambientais

(EIA/Rima) que tinha por intento verificar a viabilidade técnico-econômica e socioambiental

do projeto.

De fato, o objeto de estudo deste trabalho concentra-se na realocação da comunidade

rural de São Sebastião do Soberbo. A comunidade constituía-se um típico povoado ribeirinho

composto por famílias de baixa renda e escolaridade, onde a dinâmica econômica era

essencialmente rural, pautada na Agricultura Familiar, na pesca ao longo do rio e no garimpo.

Em época de seca a maioria das famílias explorava o ouro por meio da faiscação2 e em tempos

de chuvas trabalhavam como meeiras ou exploravam sua própria terra (PENIDO, 2008;

PINTO e PEREIRA, 2005). Abaixo, na Figura 1, pode ser visto uma foto de como era São

Sebastião do Soberbo antes da inundação.

2
Pequena extração realizada no rio pelo trabalho do próprio garimpeiro.
Figura 1- Reunião na praça da antiga comunidade de São Sebastião

Fonte: Foto gentilmente cedida por um morador. Trabalho de campo (2012).

Logo, com a notícia da construção da barragem muitas expectativas se criaram na

comunidade e sua dinâmica mudou com a presença de funcionários do Consórcio e com

algumas reuniões que a princípio serviriam para elucidar o processo. Segundo Barros e

Sylvestre (2004) no ano 2000 aconteceu a primeira audiência pública para explanar as nuanças

do projeto, todavia, o que se viu foi um discurso completamente tecnicista utilizado por

representantes do Consórcio e do Estado que serviram apenas para intimidar a comunidade

repreendendo sua participação.

Até 2004, em média 150 famílias foram realocadas para o reassentamento intitulado

Novo Soberbo, mas no total foram 270 famílias afetadas diretamente, que não foram

reconhecidas ou foram reassentadas em outro lugar. Vale ressaltar que 14 famílias resistiram

até o fim, quando por intermédio de força policial (Figura 2) foram transferidos. O dia 3 de
maio de 2004 – em que foi removido as 14 famílias - ficou marcado pela indignação da

comunidade a ter que deixar seus lugares de origem. Neste mesmo ano o Núcleo de

Assessoria às Comunidades Atingidas por Barragens (NACAB) entrou com uma ação civil

pública para a não concessão da Licença de Operação do empreendimento, devido a diversas

pendências do Consórcio, fortalecendo ainda mais a resistência da comunidade (PENIDO,

2008). Não obstante, o Tribunal de Justiça de Minas Gerais, anulou a decisão que impedia o

enchimento do reservatório. Isto se deu, pois o Consórcio ofereceu o valor de R$ 1.393.688,50

que garantiria a indenização de futuros danos.

Figura 2 – Momentos da expulsão das famílias que resistiam

Fonte: Foto gentilmente cedida por um morador. Pesquisa de campo (2012)

Destarte, destituídos de qualquer poder de resistência, às famílias de São Sebastião do

Soberbo encontraram algumas dificuldades de reprodução social e econômica no

reassentamento, culminando em um novo processo de resistência que estaria ligado a


reivindicação de seus direitos de outrora e de outros direitos adquiridos com a realocação para

o reassentamento.

Assim, o caso de Candonga se assemelha a vários outros casos onde há um embate

entre o empreendedor responsável pela obra e a comunidade atingida, que via de regra, tem

seus valores culturais e simbólicos ameaçados em prol do desenvolvimento capitalista.

Contudo, no caso de Candonga aconteceu um marco no histórico dos conflitos

socioambientais no Brasil, pois depois de sete anos de funcionamento a Barragem Candonga

teve sua licença de operação caçada pelo Tribunal de Justiça Ambiental: “Diante da ausência

de implementação das condições exigidas para a concessão da Licença de Operação, impõe-se

sua anulação, sob pena de ofensa ao texto constitucional e legal” (OBSERVATÓRIO SÓCIO-

AMBIENTAL DE BARAGENS, 2012), no entanto, a UHE Candonga não parou de funcionar

na prática, mas, ainda sim, se tornou uma grande conquista dos movimentos sociais.

Percebemos então, que o caso do reassentamento involuntário de Novo Soberbo,

constitui um complexo jogo de disputas entre os atores sociais envolvidos no conflito,

demonstrando uma aguçada assimetria de poderes entre os mesmos. Deste modo, esta

pesquisa possui possibilitou mapear informações latentes e intrínsecas deste contexto de

reprodução social conflituosa.

1- REVISÃO DE LITERATURA

Nesta seção serão apresentadas algumas discussões que foram indispensáveis para a

realização da pesquisa. A revisão da literatura escolhida está ligada principalmente a áreas da

Sociologia, Geografia e da Antropologia, derivadas de diversos textos acadêmicos e livros que

tratam da temática dos conflitos socioambientais.


1.1- O clássico sobre conflitos

A construção de usinas hidrelétricas tem sido a principal causa do surgimento dos

chamados conflitos socioambientais no Brasil. Isto se dá, sobretudo, pela abundância de

riquezas naturais em nossas terras e pelo modelo desenvolvimentista adotado pelo Estado que

têm preconizado a eficiência técnica e econômica em detrimento de modelos alternativos de

desenvolvimento, socialmente mais justo. Segundo Berman (2007, p.2) são mais de “[...]

34.000 km2 de terras inundadas para a formação dos reservatórios, e na expulsão – ou

"deslocamento compulsório" – de cerca de 200 mil famílias, todas elas populações ribeirinhas

diretamente atingidas”.

Neste sentido, ao se fazer um recorte histórico sobre o processo de implantação das

Usinas Hidrelétricas de Energia (UHEs) e das Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs),

percebe-se que a partir da Revolução de 1930 houve uma crescente demanda oriunda do

crescimento urbano-industrial, resultando em uma série de procedimentos inerentes à

exploração das águas e do potencial energético no país. A partir de 1940, com a crescente

demanda por energia, ocorreu um gradativo processo de substituição das PCHs (superior a 1

MW e inferior a 30 MW) pelas UHEs (acima de 30 MW). Seguido pelo regime militar entre

1964 e 1985, que propunha um modelo desenvolvimentista voltado para a industrialização,

ocorreu grandes impactos socioambientais, além de, um incremento da dívida externa,

fortalecendo as amarras às determinações estrangeiras (PENIDO; PEREIRA e LAGES, 2011).

Destarte, é possível verificar que a materialização dos anseios e dos desejos do homem

moderno perpassa pela questão do uso da energia, sendo um dos fatores chave do processo de

desenvolvimento, ou seja, a produção de energia passa a constituir algo essencial na

modernidade culminando em uma pressão para que a geração de energia seja muito forte em

diversos setores da sociedade. Não obstante, este novo modo de agir/viver da sociedade tem
acarretado diversos impactos socioambientais, para as comunidades atingidas colocando em

risco reproduções sociais, econômicas, culturais e simbólicas de diversas gerações.

Estes pressupostos tem culminado nos chamados conflitos socioambientais. Mas de

um modo geral, os estudos sobre conflitos são consubstanciais à própria história da

humanidade, pois antes mesmo da formação das escolas de pensamento da Grécia Antiga,

grandes estrategistas já elaboravam suas teorias pré-militares inerentes às disputas territoriais.

Assim, ao longo da história do homem diversos campos do conhecimento como a Psicologia

Social, a Economia, a Administração, a Sociologia, a Antropologia e a Ciência Política,

contribuíram para a análise dessas formas violentas de conflitos, ou mesmo, para outras

formas menos agressivas de embates entre indivíduos, grupos sociais, e até mesmo, Estados.

(BARBANTI JR., 2002; VARGAS, 2007).

Mais recentemente, especialmente após a Revolução Industrial foi possível perceber os

piores problemas enfrentados pela sociedade mundial. Antes, a crise se limitava a Europa e

para resolver o problema de escassez de alimentos, ocupação e espaço para uma grande massa

europeia houve o deslocamento para terras pouco povoadas, sobretudo, nas Américas com a

vantagem de serem férteis e estarem "disponíveis". Todavia, no final do século XX e início do

XXI, ocorreram grandes crises sociais, econômicas e ambientais decorrentes da Revolução

Industrial, dos avanços tecnológicos e de um grande aumento da população mundial, e assim,

não mais haveria "terras novas" férteis e "disponíveis" para enviar milhares de pessoas

socialmente e economicamente excluídas (THEODORO; CORDEIRO e BEKE, 2004).

Hoje existe uma imensa conjuntura de conceituações, visões e abordagens sobre a

temática conflito. Por isso, tentaremos trazer aqui uma breve abordagem dos conflitos

socioambientais, construindo um conceito que melhor atenda nosso trabalho e que possibilite

compreender o complexo jogo de disputas pertencentes ao meio rural da Zona da Mata

Mineira.
Segundo Schimid (1997 apud VARGAS 2007), até pouco tempo os estudos referentes

aos conflitos oscilavam entre duas correntes teóricas, a objetivista e a subjetivista. A primeira

propõe que os conflitos surgiam como um produto de determinadas situações estruturais da

sociedade, portanto o conflito poderia existir independente das percepções das partes

envolvidas. A segunda, ao contrário da primeira, sugere que os conflitos emergem das

percepções e incompatibilidades de objetivos entre as partes envolvidas.

No que tange aos conflitos socioambientais, propriamente ditos, encontramos na

literatura brasileira - possivelmente evoluída das visões supracitadas - diversos conceitos.

Têm aqueles que reduzem o conflito socioambiental a uma questão de ordem econômica, tem

aqueles conflitos vistos sob a ótica sociológica e antropológica, e de maneira bastante presente

nos discursos atuais os estudos de conflitos derivados da ecologia política.

Borsoi (2007) explicita que a concepção predominante sobre conflitos socioambientais

é a economicista e reducionista da qual o conflito estaria delimitado na quantidade e qualidade

de matéria e energia existente no planeta, não levando em consideração os aspectos sociais e

simbólicos.

Por outro lado, a visão da sociologia e da antropologia inicialmente permite entender

de forma mais dinâmica os conflitos socioambientais oriundos de um território socialmente

complexo. Nesse sentido Nascimento (2003) aponta que,

[...] em muitos conflitos gerados em torno da disputa pelo uso de


determinados recursos naturais, ocorre uma trama entre os atores, com
dinâmicas que precisam ser contextualizadas, uma vez que envolvem
aspectos históricos, culturais e éticos, muitas vezes submersos ou invisíveis.
Por exemplo, a fluidez temporal das alianças entre os diferentes atores, gera
situações de grande complexidade e volatilidade. Os recortes podem ser
surpreendentes dependendo do momento em que se analisam determinadas
situações (NASCIMENTO, 2003, p. 12).
Nessa perspectiva para Little (2006), o conceito de conflitos socioambientais na ótica

antropológica, ultrapassa as barreiras da discussão política e econômica, acrescentando

ingredientes cosmológicos, rituais, identitários e morais, que por vezes passam despercebidas

aos olhares de outras linhas de conhecimentos. Nesse sentido, para o autor, a etnografia dos

conflitos socioambientais explicita as bases latentes dos conflitos e da visibilidade a grupos

marginalizados, tais como: povos indígenas, quilombolas, ribeirinhos, dentre outros.

Atualmente, uma vertente das ciências sociais chama a atenção por englobar os seres

humanos ao meio ambiente assim como os elementos biofísicos, é a chamada ecologia

política. A ecologia política, segundo Laschefski e Costa (2008), está pautada na análise dos

problemas ambientais no contexto sócio político focalizando a identificação dos atores sociais

e os seus interesses específicos. De maneira mais detalhada Little (2004) aponta alguns

elementos importantes para a compreensão da ecologia política. Primeiro, "[...] existe a

necessidade de lidar simultaneamente com as dimensões social e biofísica [...] e não

simplesmente o ambiental ou o social por separada, como fazem as ciências naturais e as

ciências sociais, respectivamente." (LITTLE, 2004, p. 1).

Segundo, o mesmo autor, é importante que o pesquisador identifique as principais

forças biofísicas, tais como as características geológicas de região, a evolução biológica da

fauna e flora e os fluxos hídricos, assim como a identificação das principais atividades

humanas, tais como os sistemas agrícolas, os efluentes industriais lançados ao ambiente, a

infraestrutura de transporte e comunicação instalada na região, entre outras.

E por fim, "[...] a ecologia política é uma metodologia na qual as relações são o foco

de análise. Essas relações se expressam mediante múltiplas esferas de interação, cada um das

quais tem suas próprias regras e normas de funcionamento." (LITTLE, 2004, p.2).

1.1 - Outra perspectiva sobre os conflitos


O estudo do caso de Candonga nos fez refletir para outra questão que permeia entre a

discussão das divergências entre o conceito de conflito ambiental e conflito socioambiental.

Nesse sentido um assunto pouco estudado se refere a evolução destes conflitos. Por mais que

o motivo de um conflito socioambiental seja o da construção de uma barragem e por

consequência o deslocamento compulsório de uma comunidade, materialização da perda do

rio e da terra de outrora, este tipo de embate evolui para outras formas. Isto é, a obra

aconteceu e o deslocamento também, o que resta é a busca dos interesses das partes

envolvidas que pode ser resumido em: condicionantes supostamente não cumpridas, as quais

são reivindicadas pelos atingidos; a minimização dos custos de cumprimento das pendências

pelo empreendedor; a reflexão e modificação do modelo de desenvolvimento adotado pelo

país por parte dos movimentos sociais; dentre outros. Mas nenhum desses está ligado a

preservação do meio ambiente em seu sentido mais restrito, que muitas vezes foram “gritos de

guerra” para dar força a resistência no passado.

O conflito ainda toma, por vezes, um aspecto muito individualista. As motivações se

tornam cada vez mais em buscar as realizações pessoais do que de um coletivo maior. Ainda

assim, os líderes dessas comunidades impactadas guardam dentro de si um senso de luta por

todos, caso contrário estes não investiriam boa parte de seu tempo em enfretamentos contra os

empreendedores buscando conquistas por si só.

Outra face que o conflito socioambiental pode tomar é um agravamento de intrigas na

comunidade podendo ocorrer inclusive uma ruptura de amizades. Às vezes, pelo simples fato

de uma parte desistir da luta pautada pela outra, ou até mesmo por cooperar com o

empreendedor pode ser motivo para o surgimento de um conflito interno. A partir de então,

começa um processo de fofocas que pode agravar ainda mais o conflito instaurado. Rumores
surgem na comunidade, sejam notícias boas ou ruins e vai se alastrando de forma distorcida

entre os moradores.

Outra característica é que durante os anos o conflito também pode ser mais visível ou

mais latente. Isto acontece porque sempre vão surgindo novos elementos nos conflitos o que

pode acarretar o desânimo ou um incentivo paras as partes. Um exemplo é quando chega perto

da renovação da Licença de Operação, pois para a comunidade que resiste e para os órgãos

que a assessoram é uma boa oportunidade de ganhar força no enfretamento demonstrando as

pendências que existem por parte do empreendedor. Assim, diante desta oportunidade a

comunidade ganha forças e motivações para ascender o estopim de resistência.

O problema é que tão logo aparece uma assimetria de poderes entre os atores sociais

envolvidos e com isso a renovação deste tipo de licença, via de regra, acontece, demonstrando

assim a força política e econômica que os empreendedores possuem. Por consequência a

intensidade do conflito diminui até que apareça um novo fato que venha reerguer um dos

lados. A exceção cabe aos líderes das comunidades que não deixam de agir em nenhum

momento e às vezes se torna até o direcionamento de suas vidas.

Todos estes elementos citados, que estão intrínsecos em um conflito socioambiental,

funcionam em um movimento pendular e passam ter interferência muito maior na dinâmica de

funcionamento da sociedade do que no meio ambiente (em seu sentido restrito de natureza).

Em verdade, usar o termo conflito ambiental ou socioambiental poderia ser apenas uma

mudança de valor semântico das palavras para aqueles que entendem o meio ambiente

composto pela natureza e as relações sociais. Por isso, muitos defendem que usar o termo

conflito socioambiental é desnecessário e redundante, contudo, pela evolução que um conflito


pode vir a ter durante os anos e por ainda existir uma maioria que vê o meio ambiente sem

relações sociais e sem pessoas é preferimos adotar o termo conflito socioambiental.

1.3 - Identidades territoriais e relações conflitantes

Um fator de suma importância para o entendimento de conflitos se da a partir da

perspectiva da identidade territorial. Algumas análises geógrafas propõem que o conceito de

território está ligado as noções de lugar, a paisagem e o próprio espaço (SOUSA e PEDON,

2007). Todavia, entendemos que as definições de território para uma comunidade rural estão

muito além de uma simples base física, atrelada a custos de transporte e de comunicação. Um

território consiste em um conjunto de relações com raízes históricas, configurações políticas e

identidades (ABROMOVAY, 2000).

Esta relação de identidade permite que comunidades rurais criem processos de

resistência quando se sentem ameaçados por atores externos dentro de seu próprio território.

Pode surgir daí ações coletivas iniciadas por movimentos sociais de base com o intuito de

defender os interesses dessas comunidades. Segundo Sheneider e Henndges (2006) a

identidade territorial pode ser construída a partir da perspectiva de coletividade, para que

possam suportar opressões que de outra maneira tornar-se-ia mais difícil.

Alguns autores como Ratzel e Gottman (apud HAESBAERT, 2002), apontam os

elementos de poder presentes na construção social de um território, percebendo-o como uma

disputa pela apropriação do espaço, tornado território pelos usos humanos, seja percebendo

território sempre em relação ao Estado - território estatal – que ao tratar do território,

reconhece a relação entre as identidades coletivas diferenciadas e as estratégias

governamentais:
As formas de manipulação do espaço, parece claro, não jogam apenas um papel
decisivo para a realização das estratégias político-econômicas dominantes. Elas
podem corresponder também à base para a formulação de propostas minoritárias de
convivência social e a um referencial indispensável para a articulação e/ou
preservação de identidades coletivas diferenciadoras (HAESBAERT, 2002, p.14).

Nesse sentido, é possível pensar o território dentro de uma dinâmica de relações

sociais de disputa. Esse pressuposto permite observar que as relações de dominação do

território (econômica, simbólica e materiais) existentes na estrutura social, os mecanismos de

resistência e manifestações contrárias e/ou alternativas às ações de políticas públicas, têm se

tornado foco de ação do planejamento de qualquer setor. Assim, as distintas fases do

planejamento setorial, especialmente dos setores com o peso do setor de energia, devem

também atentar para a complexidade das relações sociais e os conflitos de escalas e

representações em suas distintas fases.

Seguindo essa linha de raciocínio, Nutti (2006) aponta para necessidade de conhecer e

observar as diversas esferas e escalas de conflitos de representação espacial, cultura,

simbólica, entre outras, como também processos de resistência aos atores hegemônicos. Ainda

para a autora, as lutas e conflitos por representação dos usos do território estão acionados

tanto na sociedade de forma geral como nas próprias formulações ideológicas das políticas

públicas e de suas fases de planejamento.

Diante das questões supracitadas Acselrad (2010) faz uma ligação entre a emergência

de um conflito ambiental e a forma como os atores sociais se apropriam de um dado território:

Os conflitos ambientais eclodem quando a legitimidade de certas formas de


apropriação do espaço e contestada sob a alegação da ocorrência de efeitos
interativos indesejados de uma pratica espacial sobre outras. Denuncia-se, assim, a
ausência ou a quebra de compatibilidade entre certas praticas espaciais, colocando-
se em questão a forma de distribuição do poder sobre os recursos do território
(ACSELRAD, 2010, p.2).
Por fim, consideramos que tais conflitos de representação estão ligados a variadas

formas de classificação dos atores sociais envolvidos. As representações culturais, ambientais,

políticas e de apropriação de um determinado território devem ser levadas em consideração

nas relações sociais presentes no território estudado.

1.4 – Conflitos socioambientais e a perspectiva do desenvolvimento

Se pensarmos no sentido restrito e literal da palavra desenvolvimento, vamos perceber


que, em suma, na maioria dos dicionários esta palavra significa crescimento ou progresso de
algo, remetendo-nos a uma coisa boa e desejada. Portanto, corroboramos que por este âmbito
de análise o conceito é verdadeiro. Porém, é preciso um olhar mais crítico sobre o sentido que
o desenvolvimento vem ganhando ao longo da construção da humanidade.

Durante anos, o desenvolvimento foi concebido a partir da perspectiva de crescimento


econômico, entretanto percebeu-se que este tipo de visão estava acarretando sérios problemas
sociais e ambientais ao mundo. O desenvolvimento econômico, refletido através da insana
busca pela industrialização, levou diversos países a concentrar seus esforços no aumento do
Produto Interno Bruto (PIB), preocupando-se pouco com a qualidade de vida da população,
afirma Oliveira (2002). Além disso, o crescimento econômico era visto como o meio e o fim
do desenvolvimento, deixando graves danos para a humanidade.

Nessa perspectiva, fez-se um antagonismo entre o meio ambiente e o


desenvolvimento, sobretudo, nas décadas de 70 e 80 do século passado, colocando em dúvida
o modelo de desenvolvimento utilizado por praticamente todos os países, cujos projetos
desenvolvimentistas se refletiam em desastrosas consequências sociais e ambientais para o
mundo (ZHOURI e LASCHEFSKI, 2010). No Brasil, não foi diferente, pois assim como em
outros países menos industrializados, as decisões de localização dos grandes projetos de
infraestrutura requeridos pelos processos de desenvolvimento econômico têm priorizado áreas
ocupadas por grupos de baixa renda, comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas,
extrativistas, pescadores artesanais, agricultores familiares, dentre outros que compartilham os
espaços de uso comum e do uso dos recursos naturais, reafirmando a hipótese de que estes
projetos têm deixado grandes impactos socioambientais e pouco desenvolvimento para as
comunidades atingidas.
Segundo Acselrad (2010, p.7), "[...] os danos ambientais do desenvolvimento são
distribuídos desigualmente, atingindo mais que proporcionalmente as populações mais
destituídas, de menor renda, populações tradicionais e grupos étnicos". No mesmo sentido,
para Scherer-Warren e Reis (2008), a aceleração de processos desenvolvimentistas, sobretudo
na segunda metade do século XX, foi caracterizada pela instalação de grandes projetos de
infraestrutura, principalmente as barragens voltadas à produção de energia elétrica, que têm
sido causadoras de grandes impactos socioambientais no campo.

Para Rothman (2008), no caso de Minas Gerais, os processos de desenvolvimento


propostos pelo Estado, representados pela implantação de hidrelétricas, têm ameaçado
principalmente pequenos agricultores ribeirinhos, resultando nos processos chamados de
"reassentamentos involuntários", provocando simultaneamente um retrocesso nos modos de
emancipação destes grupos sociais.

Em epítome, percebemos que o desenvolvimento de "uns" tem sido extremamente


danoso a "outros", contrariando a perspectiva de desenvolvimento acordada na Conferência
das Nações Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento - Eco 92 - que teve como
resultados uma nova proposta de um modelo de desenvolvimento embasado no tripé
economia-ecologia-equidade social (ZHOURI e LASCHEFSKI, 2010). Além disso, as
desigualdades sociais provocadas pelos processos de desenvolvimento são mais evidentes
quando percebemos que existe uma forte assimetria de poderes entre os grupos sociais
envolvidos, sobretudo, quando se refere à utilização dos recursos naturais no meio rural.

Para Vargas (2007), os recursos na maior parte das vezes são comuns em espaços
sociais onde são estabelecidas relações complexas e desiguais entre distintos atores sociais,
tais como empresários rurais, pequenos agricultores, minorias étnicas, agências do governo,
entre outros. Portanto, aqueles atores com maior acesso ao poder são os que detêm o controle
sobre o acesso e o uso dos recursos naturais.

3 - Materiais e Métodos

Entendemos que a proposta deste trabalho se configurou em uma Pesquisa Descritiva


de acordo com os objetivos. De acordo com Gil (2002, p. 42), uma pesquisa descritiva visa
"[...], como objetivo primordial, à descrição das características de determinada população ou
fenômeno ou, então, ao estabelecimento de relações entre variáveis". Ainda para o mesmo
autor, "Algumas pesquisas descritivas vão além da simples identificação da existência de
relações entre variáveis, pretendem determinar a natureza dessa relação" (p.42). Para tanto
recorremos ao estudo de caso para que pudéssemos investigar a realidade da comunidade rural
de São Sebastião de Soberbo.

Um estudo de caso possibilita dentre outras coisas, evidenciar a realidade de um dado

grupo social profundamente, tentando assim explicar determinadas questões em um contexto

amplo. Neste sentido, os estudos de casos além de priorizarem dados qualitativos, possuem

algumas características importantes que devem ser salientadas e que explicam a escolha deste

caminho: (I) os estudos de casos consideram as interações e o comportamento dos mais

diversos sujeitos envolvidos para compreender melhor a manifestação geral de um problema;

(II) o pesquisador que escolhe o caminho do estudo de caso deve recorrer a uma grande

variedade de dados, coletados em diferentes momentos, situações e com uma grande

variedade de tipos de informantes; (III) o estudo de caso também apresenta diferentes pontos

de vistas sobre uma mesma situação social, não havendo uma única que seja a verdadeira

(RODRIGO, 2008).

Como forma de coleta de dados utilizamos a priori a pesquisa bibliográfica que pode
ser concebida como o processo de buscar elementos importantes – conceitos, dados
secundários, outras experiências - em materiais já publicados como livros, artigos de
periódicos, teses de mestrado e doutorado, materiais disponibilizados na internet, entre outros
(GIL, 2002).

Realizamos também uma pesquisa documental, bastante similar à pesquisa


bibliográfica, cujo elemento diferenciador está na origem das fontes. A pesquisa bibliográfica
nos direciona para as diferentes contribuições de autores sobre um mesmo tema,
configurando-se assim em uma fonte secundária. Por outro lado, a pesquisa documental
recorre a materiais que ainda não receberam nenhum tipo de tratamento analítico, ou seja,
recorre às fontes primárias (SÁ-SILVA; ALMEIDA e GUINDANI, 2009).

Para a coleta de dados primários realizamos uma imersão na comunidade de


aproximadamente um mês. Isto nos possibilitou aplicar 20 questionários com questões abertas
e fechadas, realizar sete histórias de vida, colher diversos depoimentos, fotos, documentos,
além de visitar cursos proporcionados pelo consórcio e diversos outros espaços dentro do
assentamento. Todas as questões giravam em torno de se tentar entender os acontecimentos
durante oi processo de deslocamento da comunidade. Assim poderíamos formular o que
chamamos em nosso trabalho de realidade empírica, pois para quem está de fora do embate
consegue perceber o conflito muito mais pelo jogo dos discursos e das acusações e pouco se
sabe do que ocorre de fato. Quanto à amostra, esta se deu forma aleatória, isto é, percorremos
por diversas casas no reassentamento e as pessoas que estavam dispostas a contribuir nos
abordamos.

Outra possibilidade de coleta de dados aconteceu a partir da participação dos


pesquisadores no Projeto de Assessorias às comunidades Atingidas por Barragens (Pacab),
que consiste em um projeto de extensão universitária ligada ao departamento de Economia
Rural/UFV e na participação no Núcleo de Assessoria às Comunidades Atingidas por
Barragens, uma ong que atual a mais de dez anos na defesa dos direitos de comunidades rurais
prestando assessoria técnica em extensão rural. Isto é o que se pode chamar de Pesquisa-ação,
entendida como um processo em que os pesquisadores se inserem na comunidade, exercendo
o papel de fazer parte e cientificar um processo de mudança vivido pelos sujeitos do grupo.
Para Franco (2005, p. 486), a metodologia de Pesquisa-ação se pauta no "[...] mergulho na
práxis do grupo social em estudo, do qual se extraem as perspectivas latentes, o oculto, o não
familiar, que sustentam as práticas, sendo as mudanças negociadas e geridas no coletivo".

A análise dos dados foi feito por meio da eleição de duas variáveis. A primeira

consiste no discurso dos atores envolvidos no embate, ou seja, por um lado o Consórcio

exalta os efeitos benéficos da construção da usina hidrelétrica e por outro a comunidade e os

movimentos sociais enaltece os impactos causados. Assim, o discurso dos atores foi cotejado

com outra variável, a realidade empírica, isto é, a demonstração do que realmente está
acontecendo na comunidade através de uma inserção em seu dia a dia. A posteriori fizemos

uma inferência sobre os dados, resultando no relatório aqui apresentado.

5- Objetivos

Gerais

Possibilitou uma construção sócio-histórica dos processos de reprodução social da

Comunidade de Nova Soberbo - MG, identificando os atores sociais envolvidos bem como as

causas e os desdobramentos do ressurgimento/evolução dos conflitos socioambientais, sob a

ótica de uma nova reprodução social.

Específicos

a. Realizou uma construção sócio-histórico dos conflitos socioambientais no

reassentamento de Novo Soberbo de 2001 a 2012.

b. Mapeou os atores sociais envolvidos no embate entre a comunidade e o empreendedor,

assim como sua posição em relação aos fatos.

c. Identificou as causas e os desdobramentos dos conflitos evidentes e latentes nesta

comunidade.

d. Relacionou as diferenças de reprodução social vividas outrora na comunidade de São

Sebastião do Soberbo e após - com o deslocamento compulsório - em Novo Soberbo.

6 - Resultados e discussões

6.1- Uma análise do conflito sob a perspectiva do desenvolvimento

Partimos do pressuposto de que uma análise dos efeitos benéficos ou nocivos do


desenvolvimento e a quem eles se direcionam pode ser, a princípio, orientada pelo ponto de
vista dos atores sociais envolvidos. Não obstante, quando adentramos um estudo de caso
como o do reassentamento involuntário de Nova Soberbo, devemos perceber que existem
contextos econômicos, políticos, ambientais e sociais muito mais complexos do que apenas os
dizeres dos atores.

A priori, para o sujeito que está de fora e não tem nenhuma relação com a comunidade
impactada, os efeitos benéficos do desenvolvimento são evidentes, afinal, na sociedade em
que vivemos hoje, quem não precisa de energia elétrica para sobreviver?

Portanto, podemos chegar à conclusão de que o setor elétrico é tido como o segmento
de infraestrutura essencial para o desenvolvimento econômico do país, fato comprovado pelos
grandes investimentos feitos pelo Estado nos últimos anos. No caso do estado de Minas
Gerais, é possível citar os dados do Programa de Geração Hidrelétrico do Estado de Minas
Gerais (PGHMG) 2007-2027, no qual estão previsto a construção de 45 UHEs e 335 PCHs
para o estado de Minas Gerais, totalizando um incremento de 7,7 mil MW, que
corresponderiam a cerca 45 % em relação à potência já instalada (FONSECA, OLIVEIRA e
SOUSA, 2011).

Outrossim, segundo o Consórcio Candonga, a construção da UHE Risoleta Neves


trouxe o desenvolvimento social para a comunidade atingida, pois, "Somado às medidas
compensatórias e mitigadoras, nossa empresa atua para levar mais educação, infraestrutura e
qualidade de vida à população" (UHE RISOLETA NEVES, 2010). Ressaltamos que este é um
ponto de vista, sobretudo, do empreendedor e em raras circunstâncias de alguns atingidos.
Apesar dos conflitos e tensões instaurados, abrir mão do uso do rio e da terra culmina em um
processo de desenvolvimento que atingirá todo o país com efeitos benéficos locais para a
comunidade local deslocada, como novas casas de boa qualidade, asfalto, centro de lazer e
outros.

No entanto, alguns elementos devem ser colocados em questão. Primeiro, a proporção


da energia elétrica produzida por UHEs como a Risoleta Neves vai em sua maioria para a
produção de eletro utensílios, ou seja, apenas 46 % em média é utilizado no abastecimento de
energia do estado, no caso desse empreendimento. Concomitantemente, devemos levar em
consideração que o Consórcio Candonga é composto pela Vale (50%) e Novelis do Brasil
(50%) empresas de capital estrangeiro em sua maior parte (UHE RISOLETA NEVES, 2010).
O segundo ponto diz respeito ao olhar das comunidades atingidas e à verdadeira
realidade pela qual elas estão passando. Assim sendo, no início deste ano (2012), o assessor
jurídico da comunidade de Nova Soberbo solicitou uma intervenção do Pacab com o intuito
de que grupo desse suporte técnico, pois, segundo ele, a comunidade estava prestes a invadir a
barragem devido ao tanto de problemas enfrentados por ela. Desde então, fizemos diversas
incursões à comunidade e, em uma delas, através de uma metodologia participativa -
Diagnóstico Rural Participativo3, especificamente, "Realidade Desejo" - pudemos constatar
diversos problemas apontados pela comunidade (Figuras 4 e 5).

Figura 3 - Aplicação da metodologia participativa "Realidade Desejo"

Fonte: Trabalho de campo (2012).

3
Segundo Verdejo (2006, p. 12), a DRP “[...] é um conjunto de técnicas e ferramentas que permitem que as

comunidades façam seu próprio diagnóstico e a partir daí comecem a autogerenciar seu planejamento e

desenvolvimento”.
Figura 4 - Aplicação da metodologia participativa "Realidade Desejo"

Fonte: Trabalho de campo (2012).

Posteriormente, em algumas manifestações da comunidade, Figuras 6 e 7, organizadas


pelo Movimento dos Atingido por Barragens (MAB), também puderam ser constatadas
algumas reivindicações de pendências deixadas pelo consórcio, tendo em vista que, para
alguns críticos da academia, existem uma manobra da população e uma supervalorização de
problemas por parte dos movimentos sociais, já que estes movimentos, via de regra, são
contra o modelo de desenvolvimento proposto pelo Estado. Contudo, foi averiguado no
trabalho que a população teve a iniciativa de procurar o MAB, pedindo ajuda, sem contar que
esta população já tinha um certo nível de organização.
Figura 5 - Assembleia popular realizada na Praça de Nova Soberbo como parte do
processo de pressão sobre o Consórcio Candonga em maio de 2012

Fonte: Acervo do PACAB, 2012.

Figura 6 - Acampamento feito pelo MAB como forma de protesto e reivindicação

Fonte: www.mabnacional.org.br, 2012.

Analisando pela ótica da comunidade atingida, podemos inferir que o desenvolvimento


pode custar caro para essas comunidades envolvidas, pois representa uma aguçada piora nos
seus padrões de vida, com impactos intangíveis que não podem ser recompensados pelos
valores das indenizações, pelas casas melhores que outrora, pelo asfalto, enfim, por todas as
medidas mitigadoras do deslocamento compulsório. Abrir mão do rio e da terra trouxe
problemas como ter que deixar de plantar e garimpar, que, para muitas famílias, era o único
meio de sobrevivência. Além disso, a luz se tornou muito cara, a água é de péssima qualidade
e houve rompimento de diversas práticas sociais de antes, entre outros prejuízos constatados.

Além disso, é importante analisar o papel do Estado neste contexto. Em suas diversas
instâncias, tanto locais, regionais, estaduais quanto federais, o Estado se comporta de forma
diferente perante o caso. Por exemplo, as instituições ambientais representantes do estado de
Minas Gerais têm legitimado as ações do empreendedor, quando permitem o funcionamento
da usina mesmo com diversas pendências constatadas na comunidade, deste modo conferindo
poder de ação ao empreendedor. Por outro lado, o poder municipal, no mandato atual4, tem se
posicionado ao lado da comunidade, dando-lhe apoio em suas reivindicações. Além do mais, a
atuação do Estado pode mudar ao longo da história, estando em certa época ao lado da
comunidade e em outra época ao lado do empreendedor. Mas no fim, de forma geral, o poder
municipal deveria ter como principal propósito mediar os conflitos que se estabelecem nesse
processo de desenvolvimento.

Deste modo, a cota de poder que cada ator social envolvido diretamente nos processos
de desenvolvimento pode acarretar mais benefícios a "uns" e menos a "outros", assim como
prejuízos. Ao mesmo tempo em que a comunidade pode se beneficiar do desenvolvimento, ela
pode ser prejudicada por ele. Além do mais, um desenvolvimento macro pode trazer um
retrocesso no desenvolvimento para as comunidades rurais locais, caso em estudo, já que a
comunidade, que antes sobrevivia da agricultura familiar e das atividades do rio, hoje passa
por dificuldades no meio urbano (reassentamento involuntário) provocadas, mormente, por ter
uma cota de poder inferior, pois não teve possibilidade de escolher ficar em seu local de
origem. Portanto, de qualquer forma, independentemente dos tipos de percepções aqui
apresentadas, fica claro que a comunidade de Nova Soberbo é alvo de um pressuposto
desenvolvimento estabelecido por um sistema - articulação entre o Estado e empreendimentos
privados - aquém de seus limites territoriais, econômicos e políticos.

4
Segundo vários relatos de moradores, na época da construção da barragem, o prefeito abriu as portas para que o

empreendimento fizesse o que quisesse, contudo, o prefeito atual tem aceitação de quase 100% da comunidade.
6.2- Uma análise sob a perspectiva dos atores

Essa parte da análise dos resultados começou a partir da classificação de indicadores

que demonstram no discurso dos atores envolvendo os prós e os contras da construção do

empreendimento. Deste modo, apresentamos um quadro construído através da pesquisa que

resume as principais características deste conflito, refletindo as ideias e os argumentos

inerentes ao Caso Candonga.

Tabela 1 – Discurso dos atores

Indicador Descrição5 Ator social

Econômico “Após a mudança para Nova Soberbo, as Consórcio Candonga


famílias também receberam uma cesta básica e
um salário mínimo, além de mudas de árvores
frutíferas e uma área para plantio comunitário”
(BORTONE, 2008).

“Artesãos de São Sebastião do Soberbo, que


recebem o apoio do Consórcio para
produzirem peças da marca Eukifiz em um
projeto de geração de renda no distrito de
Santa Cruz do Escalvado, participam da feira,
expondo e comercializando seus produtos”
(CONSÓRCIO CANDONGA, 2012).

Econômico Meu pai foi marrado, ou ele vendia pelo preço Comunidade
que eles quiseram paga ou ele não trazia nada, atingida
ficava sem nada!”(Depoimento6 da sra. M.H.,
2012).

“Lá eu prantava, vendia feijão. Tinha coisa pra


vende, hoje infelizmente eu tô compranu aos

5
Elencamos apenas alguns dizeres já que eles se repetem em várias fontes mudando apenas a forma como é dita.

6
Os depoimentos podem ser encontrados no site < http://www.youtube.com/user/novasoberbo?feature=watch>.
quilos, num tenho salário ,num tem terra
direito pra prantá”(Depoimento do sr. M.A.P,
2012)
Infraestrutura/moradia “Entre os dias 10 e 25 de setembro, o Consórcio Candonga
Consórcio Candonga realizou reparos na rede
de distribuição de água de Sebastião do
Soberbo. Em cumprimento aos procedimentos
padrões foram feitas limpezas em dois poços
que abastecem o sistema da Estação de
Tratamento de Água (ETA)” (CONSÓRCIO
CANDONGA, 2012).

Infraestrutura/moradia “Problema de água , nóis tem um problema Comunidade


sério, pagamos muito caro” “A luz fica alta atingida
,nem sei porque ela fica alta”. (Depoimento
do sr. M. A. P., 2012).

“A água antes era abundante, hoje não”


(Depoimento da sra. M.H., 2012).

Cultura/Educação “Desde Setembro deste ano o Consórcio Consórcio Candonga


Candonga desenvolve o Projeto Memórias de
um Povo de Lá – inclusão social, promoção e
ressignificação dos idosos do distrito de São
Sebastião do Soberbo proporcionando aos
moradores da localidade ações como EJA –
Educação de Jovens e Adultos, Práticas
Motoras e Ações Culturais. Este projeto é
coordenado pelo NAED – Núcleo Artístico
Educacional”

“No dia 21/12 aconteceu uma edição do Cine


Soberbo onde os participantes puderam assistir
ao filme nacional TAPETE VERMELHO.
Houve boa participação da comunidade além
de um debate sobre questões apresentadas no
filme. Esta ação tem como objetivo promover
o acesso a ações culturais para toda a
comunidade além de valorizar o cinema
nacional.” (CONSÓRCIO CANDONGA,
2012)

“O consórcio Candonga promoveu um evento


denominado Multirão da Cidadania. “Além da
possibilidade de tirar todos os documentos, o
evento contará com um espaço de lazer e
diversão para as crianças. Na Rua de Lazer
haverá recreação com brincadeiras e atividades
circenses como malabares, perna-de-pau,
pirofagia e brinquedos como piscina de
bolinhas, pula-pula e escorregador para
entreter o público. Arte também fará parte das
atividades com a pintura em tecido e pintura de
rosto”.

(CONSÓRCIO CANDONGA, 2012).

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

Neste quadro que apresentamos alguns dos discursos dos atores envolvidos no

conflito estudado, é possível perceber várias divergências no tangente a necessidades básicas

de sobrevivência dos atingidos. Inicialmente podemos perceber um cotejo no fator econômico.

Com o processo de deslocamento para o reassentamento ocasionado pela construção de uma

usina hidrelétrica o empreendedor responsável tem como via de regra, fornecer subsídios para

que a comunidade reassentada restabeleça novas formas de geração de renda que são

impossibilitados de continuar exercendo suas atividades de antes. Assim, o empreendedor

apresenta diversos projetos e estratégias de incluir economicamente a comunidade, mas por

outro lado a comunidade diz que os projetos de Reativação Econômica não vêm dando certo.

Em verdade, a realidade empírica comprova um contexto de pobreza e de exclusão

social dos moradores da comunidade, isto é, por algum motivo os projetos propostos pelo

empreendedor não tem obtido êxito. Uma grande parte da população teve uma piora na renda

(Gráfico 1) após a ida para o reassentamento demonstrado pelas respostas das entrevistas que

somam 61% entre piorou muito e piorou parcialmente.


Gráfico 1 - Renda

Fonte: Dados da pesquisa 2012

Este problema de geração de renda ainda é agravado por dois outros fatores que afetam

diretamente até mesmo aqueles que responderam que a renda não melhorou nem pirou: (I)

Inicialmente os gastos por morar no reassentamento aumentaram. Por exemplo, o gasto com o

a conta de luz, já que antes pagavam luz rural e agora pagam tarifas urbanas que são mais

caras. Outro problema averiguado (II) foi que na Velha Soberbo eles produziam praticamente

tudo que consumiam e agora, com vida em perímetro urbano precisam comprar muitos

gêneros alimentícios. Estes dois agravantes podem ser averiguado em diversas falas dos

moradores:

“La cê tinha muita coisa. Se precisava de pagar uma luz, vendia ovo e pagava. Se
precisava de galinha não precisava preocupar que tinha. Lá precisava de tá
comprando. Lá tinha casa que não era tão bonita, não adianta casa bonita e bolso
vazio.” (Senhor A, 2012)

“Tudo Compra. Conta de luz aumenta. Tudo aumenta.” (Senhor G, 2012)

“Porque antes tirava da terra para sobreviver. Não salário mas tirava da terra.”
(Senhora V, 2012)
“Lá tinha mais plantação. Plantava arroz, feijão e milho.” (Senhor E, 2012)

“Luz é um absurdo, lá era barato. Casa é mais difícil de limpar, gasta mais produtos
de limpeza, piso branco. O que custo de vida é mais alto em relação ao anterior.
Tenho que compra a 10 reais o carrinho de lenha, antes buscava lenha no rio ou na
mata perto de casa.” (Senhora C, 2012)

Outro fator que demonstra um confronto no discurso dos atores envolvidos se refere à

melhoria de infraestrutura. Pois bem, neste aspecto existem diversos peculiaridades, no

entanto vamos elencar dois que está diretamente ligado a condições básicas de sobrevivência

da comunidade: (I) o primeiro se refere a condição das casas do reassentamento que podem

ser comparadas as da antiga Soberbo. Se observado do ponto de vista da modernidade, de fato

as casas possuem um aspecto superior as de outrora. Nesse sentido 65 % (Gráfico 2) dos

entrevistados alegaram a melhora nas moradias, além do fato de que hoje possui asfalto, o que

para alguns facilita o deslocamento.

Gráfico 2 – Percepção da casa no reassentamento

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.


Concomitante a isso existe as pessoas que não se interessam por estas mudanças, sobretudo os mais

velhos. A perda do quintal, a cozinha voltada para a rua e as lembranças da casa antiga supera os padrões

impostos pela modernidade.

Ademais, (II) o quintal para as comunidades rurais constitui em um importante espaço de socialização

e de complemento dos gastos domésticos. Segundo 94% (Gráfico 3) dos moradores entrevistados o quintal no

reassentamento é pior do que aqueles que possuíam na Antiga Soberbo. Isso pode ser explicado talvez pelo

tamanho, já que estes foram drasticamente reduzidos por estarem em um complexo urbano e, além do mais, a

terra é improdutiva, existem limitações do que plantar7 e quanto a criação de alguns animais.

Gráfico 3 – Opinião sobre os quintais

Fonte: Dados da pesquisa, 2012.

7
Esta limitação ocorre, sobretudo, pelo tamanho das culturas já que as casas são muito próximas uma das outras incidindo um risco

sobre as mesmas.
A coisa se agrava quando tocamos no assunto saúde pública. Todas as famílias abordadas reclamaram

do problema da água, mesmo que no discurso o empreendedor diz que este problema já foi resolvido. Nas

oportunidades de incursão à comunidade podemos observar que todas não utilizam a água para beber, pois

esta exala um mau cheiro e possui uma cor amarelada. Toda a comunidade busca água em uma bica, que com

o passar dos tempos percebe-se que não dará conta da demanda.

Existe também uma grande divulgação do empreendedor em relação a atividades de cultura e

educação, como por exemplo, aulas de bordado, ginástica para idosos, filme na praça, entre outros. A

realidade empírica não refuta tal discurso, entretanto há uma baixíssima participação da comunidade. Existe

uma resistência programada por parte dos moradores em participar de alguns eventos realizados pelo

Consórcio. Talvez, o maior problema seja que existem diversos cursos (costura, de vigilante, etc.) que são

divulgados como geração de renda, o que não é verdade. Quanto à educação, foi identificado que existe uma

boa estrutura nas escolas, inclusive com cursos de informática.

Por fim, inferimos que vão existir diversos pontos negativos contra o empreendedor, tais como

pessoas que não foram indenizadas justamente, coerção por parte dos funcionários do Consórcio, descaso,

abuso social, dentre outros. Por outro lado o empreendedor não economizará nos discursos e no marketing

visual – principalmente fotos – para provar que ela cumpre com todas as condicionantes e medidas

mitigadoras dos impactos sociais, econômicos e ambientais desde a construção da usina. Infelizmente, é

assim que se constrói um conflito, ou seja, quando existem partes divergentes. Não obstante, chamamos a

atenção que o embate possui agora diversos focos de conflitos que são cada vez menos ligados ao meio

ambiente, e passam a ser muito mais político e social. É o que defendemos como conflitos socioambientais.

32
7 - Considerações finais

O mundo no qual vivemos hoje é fruto de um desenvolvimento, caso contrário, nem as linhas que
permeiam este texto seria possível concretizar. Percebemos neste trabalho que o problema não está em buscar
o progresso, mas talvez de como isso tenha sido feito. Os custos de um desenvolvimento quando recaem
sobre pequenos grupos sociais é sinal de que talvez possa estar havendo uma evolução desigual.

Outro ponto que percebemos ter sido essencial e que talvez possa explicar essa dicotomia entre o
desenvolvimento de "uns" e o retrocesso de "outros" é o fator econômico. Segundo especialistas, a energia
gerada através das usinas hidrelétricas é limpa e barata, mas existem também outros tipos de energias limpas
como a solar, a eólica, biogás, entre outras, que são menos impactantes. Entretanto, o que tem pesado, entre
outros fatores, é o econômico. Primeiro, pelos investimentos caros em pesquisa e execução dessas formas
alternativas de geração de energia, segundo, pelo lucro que as empresas privadas têm conseguido pela
produção deste tipo de energia.

Ademais, percebemos neste estudo que a análise de um conflito socioambiental configura num

esforço metodológico maior de ir além do que está explícito, ou seja, existem motivações e verdades latentes

que só vão vir à tona pela imersão total no objeto de estudo, por aqueles que buscam tal compreensão. O

indivíduo que está em sua casa e vê uma propagando de geração de energia tem as melhores impressões sobre

a mesma. Isto se dá, pois a construção de uma usina hidrelétrica vem, a princípio, cobrir os anseios de uma

sociedade moderna cada vez mais demandante de energia. Além do mais, estas empresas em suas

propagandas sempre demonstra alto grau de responsabilidade social e ambiental.

33
Isto nos faz refletir que, devido ao pouco acesso a recursos econômicos e tecnológicos, os problemas

de uma comunidade rural dificilmente chegarão aos ouvidos daquele mesmo indivíduo que estava assistindo

em sua tv uma propaganda dos benefícios da geração de energia. Por isso é possível perceber uma forte

assimetria de poderes no caso aqui apresentado, entre a comunidade rural de Novo Soberbo – teoricamente

urbana – e o Consórcio Candonga.

De forma inevitável o conflito socioambiental instaurado no caso Candonga toma variadas formas e

passa ter como foco principal o confronto nas ideias e nos argumentos, materializados, sobretudo, pelas lutas

judicias. Concluímos assim que a análise deste tipo de embate envolve dinâmicas muito complexas e existem

muitos outros atores sociais envolvidos que tem influência direta nos acontecimentos, isto é, necessita um

estudo muito mais profundo do que o proposto neste papper. Ainda sim, de forma simples, este trabalho tem

potencial para contribuir com os debates acerca desta temática que cada vez mais vem ganhando força na

academia nas mais diversas áreas.

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