"LA PETITE PATRIE ENCLOSE
DANS LA G DE":
regionalismo e identidade nacional na
França durante a Terceira República
abe-se que a França é uma nação
fortemente centrnlizada. Seu centm­
lismo é antigo, pois foi impL,nL,do no
Antigo Regime monárquico e fort.llecido
por todos os regimes políticos que o
sucederam. A concentmção quase abso­
IUL' de poderes em uma capiLll que do­
mina o conjunto do território nacional
parece ser uma das cuacteriStiClS princi·
pais da identidade francesa. Em decor­
rência, as reivindicações regionalisL15 pa­
recem ser apenas manifeslaçõcs superfi­
ciais, espocidicas e desprovidas de efei­
tos na histón., nacional, o que explica,
sem dúvid'l, sua ausência quase lOLl.l nas
históri.15 d, França contemporânea. En­
treL,n to, há mais de um século, a repre­
senL,ção regionalisL' é um elemento for­
te da identidade nacional, sendo que a
Nota.: ESle artigo roi lr.ldllZido do fr.tocês por Fr:wci.sco de USlro Azelo°edO.
Estudos Históricos, Rio deJ:lneiro, vaI. 8, n. IS, 1995, p. 3-J6.
•
1870-1940
Anne-Marie Thiesse
valorização da diversid,de do território
não é exercida em contmposição mas
complemenL1rrOente à represenL,ção da
França como "úna e indivisível". O regio­
nalismo não se desenvolve em oposição
ao sentimento de identidade nacional,
m.15 como foroL, consensual da reurtã i o
nacional. É este fenõmenoaparentemen­
te paradoxal que tenL1CCmos expor, mos­
trando sua construção dura0 te a Terceira
República (1871-1940).
A Fran�a unificada
A Revolução Francesa, ao mesmo tem·
po em que instituiu a igualdade juridica
dos cicl:ldãos (masculinos), qualquer que
fosse sua origem social, estabeleceu a
 4 ESTIIlOI HISTÓRICOS· I9'lsns
igualdade das unidades tellilOriais, re­
partidas em novos quadros adminisuatl­
.os (os depanamen lOS). Fssa unificação
do território foi acompanhada da impo­
sição de uma moeda, de um sistema de
unid1des de medida e de um sistema
legislatim idênticos para todo o país. A
Primeira República foi unificadora, e não
cen tralizadora inicialmente, chegan do
mesmo a introduzir a celebração da Fe­
deração como festa eufórica e grandiosa
da nação. Mas os aconlecimenlOS hislóri­
cos (guerra externa e guerra civil) condu­
ziram rapidamente a um fortalecimento
do Exccutim e do cenrraJismo. Fsse cen­
tralismo permaneceu como o elemento
. dominante da vida política e adminisrra­
tiva francesa, aliado à concepção unifica·
da e igualiLiria do território nacional,
uma vez que nunca se resrabeleceram
eSL"llutos regionais especificos.' Ourro
fato também dete rmin ante foi a fOOlção
das fronteiras da França merropoJitana
depois do período das1"erras remlucio­
nárias e napoleônicas, o que COIIcspon­
deu ao fim do imperialismo francês na
Europa e permitiu uma representação
estável e durável do território nacional. A
ausência de reivindicações de anexação
de territórios dos países linúrrofe; cor­
responde, há quase dois séculos, a exIre­
ma fraqu=< de movimentos locais exi­
gindo a ane:xaçio de parte do terrilório
francês a ouIras nações. É ceno que na
MOlda de 1930 surgiram movimentos
desle tipo na Córsega ou em Flandres,
mas eles envolveram apenas um número
muito fe<hlzido de indivíduos e não exer­
ceram qualquer impacto sobre a popula­
ção. Da mesma forma, o separatismo per­
maneceu e:Xlremamente marginal e sem
um verd"ldeiro apoio local a A1eilLmba
-
nazista tentou utilizar militanteS separa­
tistas bretões, mas não deinorou a desco­
briro fraco eruaizamentodo movimento.
O sen timento de identidade nacional,
constiruído precocemente na França,
fortaleceu-se de maneira continua ao
longo dos anos.
Portanto, 01 NeoaigionaJismo franc� não
foi construído conua o nacinnal, mas
sobreveio, ao contrário, como vontade
de corrigir os males de que a nação pa­
d�cia O primeiro dos males denuncia­
dos foi O excesso de cenrraJismo, comu­
mente identificado
de meados do século XIX, numerosos
ideólogos denunciaram a ausência de
órgãos intermediários enlte a comuna e
o Estado, com força suficiente para can­
rrabaJançar o poder do Estado. Em sua
op inião, o departamento era demasiado
pequeno e fraco para desempenhar esse
papel, na medida em que a divisão depar­
tamental estabelecida sob a Remlução
não le.ou em con ta a e.olução ocorrida
nos campos demográfico e econômico,
Somente um agrupamento mais sintético
e mais "nalural" tomaria possível equili­
brar o poder do Estado e furer com que
fossem levadas em consideração as ver­
dadeiras neressidades dos cidadãos e da
nação.
De futo, a partir da segunda metade do
, século multiplicaram-se os projelOS de
nova repartição do território francês. O
problema é que, nesses esludos preleO­
samente cientificos e fundados sobre as
j(aiidades econômicas, históricas e cul­
turais, o número e o contorno das novas
entidades locais variavam consideravel­
menre de um autor para outro - a defini­
ção das legiões francesas é rudo, menos
evidente. Mas a quesrão se tomava ainda
mais delicada quando se tratava de deter­
minaras capitais regionais, pois qualquer
projeto passava logo a SUsciL"lf polêmicas
entre as dd."ldes vizinhas de igual impor­
tância e proleSlOS indignados de cidades
médias que temiam acima de rudo ser
colocad."lS sob a rurela de urna melrÓpole
regional. O dominio de Paris parecia me­
nos temivel a Saint·Étienne que o de
Lyon, enquanto Nimes rejeilava a vincu­
lação a Marselha. Quando se saía do rer-
 LA PUITE PAT�E ENCLDIE DANS LA GRANDE
reno da teori... para entrar no da prática,
o centralismo, opresso r uniforme d.'lS
províncias, passaw. a ser considerado o
mal menor. Aí está, sem dúvida, uma das
razões de sua peienidade. ..
Outra causa d... ausência de descentra­
lização política e adminisuativa na França
'
até recentemente foi a desconfiança do
governo em reL'lção a qualquer poder
periférico, mesmo que este pudesse estar
nas rn.'ios de a1i.'ldos políticos. A preocu­
pação em evitar concorrências fez com
que os dirigentes que prometiam refor­
rn.'lS descentralizadoras (e, neste último
século, foram numerosos aqueles que
fabram disso em suas campanbas eleito­
rais) torn.'lSSCm todos os cuidados para
que as coisas acontecessem de maneira
diferente.
Nos últimos dois séculos, a evolução
da França foi de mto marcada por um
aumento do centralismo e um aparente
fracasso dos movimentos descentrali:m­
dores e regionalisL'lS. Mas é isto que, na
verdade, dá sentido e força a esses movi­
mentos. A vontade de corrigir a ccnlrali­
ZlçãO excessiva esL"Í de Lll forma Ligada
ao bom senso que ela consútui sem dú­
vida o grau zero do consenso nacional -
consenso que se rn.'lOtém desde que não
estejam em discuss.�o as modalid...des
concrcL'lS da descentralização. O regio­
nalismo, pOrL'lOto, desempenha na bist6-
rio.. franccsa um papel de consolidação da
identidade nacional, relegado com fre­
qüência ao segundo plano, m.'lS subim­
mente colocado em evidênci... nos perio­
dos de crise intensa.
o nascimonto 010 regionalismo
Pode-se d.'ltar do final do século XIX o
surgimento do termo "regionalismo" na
língua francesa foi em 1900 que um
grupo de intelectuais, originários da pro­
vincia, criou uma associação que foi bati­
zada de Federação RegionalisL1 Francesa.
5
A criação deste movimento inscreve-se na
linha de diversas reivindicações que vi­
nham sendo propOSL'lS ao longo de vá­
rios decênios.
a) No pL'lOO econômico, essas reivindi­
cações remetiam às coo uadiçóes d.1 orga­
nização frances.'l: a industlÍ.11i:mçãodo país
se 11"a1jzou em um conlCXtO libernl, sendo
privada e local a iniciativa de criação de
empresas, mas as grandes decisões sobre
obras de infra-estruwra, sobretudo aque­
L'lS referen tes a uanspones e romunica­
çóes, eram tom.'ld.'lS em Paris e mvorcciam
Paris (era o caso, nOL'id.'lffiCO te, d.'l rede
viária e feIroviária em forma de "teia de
aranha", em deuimcolO de sislcnlas de
comunicação Il:gionais). Os nOL'iveis lo­
Clis recl.,m'lvam uma parcx:la maior de
iniciativa e de gesLw na rn.'ltéri.1.
b) Politicamente, a critica contra o cen­
lralismo era sempre um meio de criLirnr
o poder ccn traI e o regime em vigor.
Desde a insL..bção da República p- da­ �
mentar, a critica ao papel dospréJets e a
reivindicação de retomo às antigas pro­
víncias eram apenas um eufemismo dos
monarquisL'lS para pedi r a VOIL'l aoAnligo
Regime. Quanto aos nOLiveis republica­
nos, que sabiam muito bem que as car­
reiras políticas nasciam e se apoiavam no
eleitorado das provincias, rn.'lS que o ver­
d.1deiro poder esL'lva em Paris, é claro
que reclam.wam o forta1ecimen10 dos
poderes locais.
c) No imaginário social do fim do sé­
culo XIX, Paris exercia uma função parti­
cular. Tratava-se de urn.'l mega1ópole que
não parara de crescer, passando de 600
mil habitantes em 1789 para 2,5 mi!bões
7
no final do século. O desequilíbrio entre
uma cidade bipertrofiada e o reslO do
pais era extremo. Nasceu enL�o a meLifo­
ra do corpo nacional doente, ameaçado
de congesL�o ccrebral. A concenlraçãona
cid.'lde superpovoad.'l de um proleL'lria­
do urbano alimentado pelo êxodo rural
levou ainda à represenL'lção de P-.uis
6 E\TUO� HI5lÓRJ(�· msns
como lug'u· de peedição de alm."\S e cor­
pos, B,lbilônia de lodos os vicios e pan­
demônio de doenças coletiY.ls, onde
gmssaYo,m a prostituição e a tuberculose.
Paris era lambém a cidade d"\S revolu­
ções, a cid�de perigosa, depois de junbo
de 1848 e da Comuna da pr1ma.era de
1871. A provinci.-., em >is.... dislO, apareci.-.
como O reposilório da moderação, a sal­
vagu arda contra os excessos. Celebrar a
província e suas virtudes em, port..11IlO,
OpLU pelo conserY.ldorismo político. No
fundo, porém, as coisas não eram assim
L'iO definidas. Paris, melOním., do poder
em lodas as áreas, pode. L�mhém ser
assimilada às posições sodtlmenle domi-
nanres, e a provmoa, por conscquenaa,
� . - ...
às posições dominad"\S. Celebrar a pro­
vincia e suas vinudes significaY.l L�mhém
v;tIorizar o povo oprimido pelos podero­
sos e pOrL�nlO externar, ao modo popu­
lisL1., uma critica às hierarquias sociais e
políliClS.
d) A islO se somaY.l o Irnuma devido à
derrow de 1870 frenle à Alemanha e que
marcou profund�menlC os primeiros àe­
cênios da Terceira República. A partir de
enL'io, o declínio da França no cenário
inlemacional foi percebido de forma ;n­
lCIlsa pelas elil. es nacionais - a SUprSL�
supremace. da França em malérL� mililar,
cconômka e mesmo rulruraJ pa.rccia per­
tencer a um pass.�do findo. Dirigenles e
intelectuais se questionavam sobre a ver­
dad'!ira força do país, e começou a ser
ebborad� uma nova defmição da exce­
lênci:t da França. Mais modesla que a
anterior, mas pretendendo ser mais sóli­
da e inexlirpável, eL� eSlabclecL� a supe­
riorid�de francesa pela reunii '. o
nios.-. de ludo aquilo que é necessário à
felicidwe hum.�na. A grandezt da Fran­
ça, nesta perspectiva, esL1v.t em sua diver­
sidade prodigiosa - não podendo ser a
mais poderosa das nações, ela era O pais
aben çoado pela nalur=t, o resumo ideal
de lod� a Europa. Esse país excepcional
"Iem uma riquezt de IOnalidades que
niio se enconlrn em pane alguma do
8
mundo", observaY.l Vid"ll de la Blache,
fundador da escola geográfica francesa. E
o medievalisL� GaslOn Paris, professor no
CoUege de France, procL�m.�Y.I com en­
tus""mo esL� idéia que teve enOrme acci­
lação enlrC os grandes universiL1rios do
final do século XIX:
A França deve suscitar ou ressusci­
L�r u m.� imagem de si própri.� em lod�
a riqueza de sua infinila diversidade,
em lod� a força de sua evolução mile­
nar, em loda a fecundid�de inesgolá­
vel de seu gênio. Es.... im.1gem; ela a
deve a si mesma, ela a deve à nalureza,
que derramou sobre ela às mãos­
.
chei."\S o que em outros lugares distri­
buiu de forma desigual.
Será em viio que somos o país pri­
vilegiado entre IOdos, que reúne os
climas e os dons mais OPOSIOS, que
lem Suas COSL"\S banhad"\S L�nlO pelo
duro mar germãn ico como pelo Ocea­
no de horizonles sem·fim como pelo
macacaricianlc e tépido em que tod.'lS
as ci vilizações se mir.-.ram e cujas on­
das deram à luz a belezt elema? Será
em vão que nossas Cronteira..s , ainda
que estreitas - infelt..
ram regiõcs ela diferentes, mOnL'l­
nhas tão gigamescas e planícies infini­
L"\S ( . ), lOdas as culturas, da laranja ao
. .
lúpulo, lod"\S as caças, lOdos os peixes,
lodas as riqu= do solo e do ,..,bsolo,
lodas as plaoL�ções e wd"\S as indús­
trias? (. ) Teremos recebido da nalu­
..
r=t eSle admicivel mosaico, cujas pe­
dms multicoloridas form.�m um qua­
dro harmonioso, para deixá-lo perder­
se em um.� unjformid�de cinza e em­
baçada? Não: reavivemos, ao contrá­
rio, com um fervor ciumcolo, o brilho
de cad� uma das pedras de que ele se
compõe, e eSlejamos certos de que a
grande Ogura que resulL� de sua mon­
L1gem se imporá mais nítida, mais bri­
9
lbante e mais indelével.
 L.< f'[IlJ( PAlijE EHCLDIE DANIL.< GRANDE
o verdadeiro dever patriótico cons�
ti:t, portanto, em fuzer conhecer, amar e
avivar a maravilhosa diversidade france­
sa. A escola da República seri.� ex:IL�men­
te um dos multipLicadores deste aplcodi­
zado.
e) O fim do século XIX foi m.ucado na
FranÇl, como em ",irios outros países
europeus, pela "descoberta" e valoriza­
ção cL.. civilização camponesa. A entrada
na modcmi,Lwe industriaJ. a ruptura de­
cisiva com a relativa cslabilidade cL-.s 50-
ciecL.. des agrícolas. a expansão do prole­
L"lri... do urb.mo deram um valor súbito às
comunidades campones.-.s. Os foldo�
L"S. que no início se timi"..vam a coletar
canções e contos popuLues. ampli.-.ram
seu campo de pesquisa para a cultura
materi."lI (vestuário. mobili:'uio. hãbiL"lt) e
começaram a estucL..r os costumes e os
modos de vida. O mundo rural transfor­
mou-se eIH referência mítica e nosL1Jgica
das sociedades modernas. Na França do
final do século XIX, roncL..da pela ima­
gem da decadênci.... numerosos intelec­
tuais. sobretudo da jovem geração. pro­
clamaram que somente no seio desta.
cultura tradicional poderi.;lm ser encon·
trados os vercL1dciros valores capazes de
dar sustenL..ção ao fuluro e pennitir um
verdadeiro renascimento nacional. A Pa­
ris. rneL-uora da degenerescênci.1 cosmo­
poliL". eles opunham o vigor sadio de
uma cultura autenticamente francesa.
que seri... preservada nas provincias. Era
eSle o repertório de argumentos aprc­
scnL1dos por lod.1.S as inici.1.tivas de "revi­
valismo", como o Renascimento Provin­
ci."lI. "sociedade de estudos e de divulga­
ção dos costumes e cL-.s artcs provinci."lis"
funcL1da em 1906:
O Renascimento l'rovincL"lI francês
foi cri.1do com o objetivo de (ver re­
viver por todos os meios de manifes­
L1çãO (exposiçõcs. conferêncL-.s. audi­
ções. rcpresenL..çõcs) as obras de arte.
canÇÕC5. danças. costumes. tradiçôcs.
7
bem como a literatura de nossas pro­
víncias francesas. (... ) Esperamos os
m.1iores beneficios dess.-.s m.WifCSL"­
çõcs da arte provincial. que tem suas
origens nas profundezas da raça e da
hislÓri.... Ao cxal LU di.wte do povo o
gênio distintivo de cada uma de nos­
sas províncias. acredilamos despcrt.u
as energi.-.s locais. recondu::i-L-.s à pu­
""la do gosto francês e salvaguardar
. 10
,
asSlm a IOrça C a belC7;l oaaooru5.
· ·
Um:, das caraclerísliClS do regionalis.­
mo francês da Terceira Rcpúblicafoimis­
turar, de maneira ino.1ricivcl, todos os
elementos que acabamos de enuncLu e
se apresenLu como um.� obra de s.llvação
nacional.
O último decênio do século assistiu à
crisL"lIização dos debates. sobretudo en­
tre os grupos de jovens inlelectuais de
origem provincL"ll Um de seus lideres foi
um pOCL� provençal. Charlcs Maurras.
que não tinha aiocL� 30 anos. mas era
movido por grandes ambiçôcs literãri.-.s
e políticas. De 1892 a 1896. ele animou
a escola parisiense do félibrige. "anlena"
na capiL"lI do r.mde movimento cultural
lF
merislional Manleve conlatos com ou­
tros grupos provinci.1is (cspeci."lImente
bretões) e começou a fonnuLu a idéia de
que o federalismo (a definiçío do tenno
continuava muito vaga) era a solução
para os grandcs prohlcm.-.s políticos e
sociais que pes.�vam sobre a FranÇ\- Ao
redor de Maurras graviL1vam jovens que
partilb avam de seus pontos de vista "des­
ccntralizadores". m.-.s cujas opções poli­
ticas eram muito diversas. O c.-.so Drey­
fuso quando foi levado à discussão do
grande público. acarretou. como aconte-
.
ceu com outros casos, um.1. CISlO nesse
-
grupo de jovens descentralizadores. Al­
guns acompanharam Maucras. que enve­
redou abert...mente pelo caminh o nacio­
nalista e anLi-semiL1. e p:lSSOU a associar a
reivindicação federalisL� à lUla antidrey­
12
fusi:ma. Os outros tenL..ram esbo çar
8 mUDOS HISTÓlKOI. 1991n1
um no\'O grupo,que deveri.,liderar a luta
patrlólica do descenltaJis mo e para o
qual era necess:lrio anleS de tudo encon­
uacum norne. Federalismo, já ligado
demais ao nome de MaumIS, não era
mais ulili2ável; descentra/lsmo e descer>­
tra//mçào pruedam muilO restriti\'Os e
pouco entusiasmantcs; ao final, foi pnr
poslO 1)!8lotulllsmo , porque esse termo
novo,H virgem de conoL,ção ideológica
e política, collespondi., à idéi., primeira
expressa pelo novo grupo: ele se situava
"fora e acim, de qualquer quesliio políti­
ca .. 14 A federação RegionalisL' frances."
que a partir de 1902 teve sua voz amplia­
da pelo jomalL 'Acllon Régloru//iste, pnr
clamou-se como a união de lodos os
franceses de boa \'OnL,de, quaisquer que
fossem suas opiniões polWcas, desde
que desejassem IUL'lr
do eco tralismo. En Ire seus membros, de
1:'10, encontravam·se notáve.is de direita,
moderados e radicais. A esquerda soda­
lisL'l, sem lhe m'lnifestar
ci.1imenle quase não levou a sériol
um
movimenlO que rel,cionava o essencial
dos problem'lS sociais ao desequilibrio
entre Paris e o resto do pais e pensava
que desL, forma c ri.'lria um reformismo
perfeiL'lmente consensual. O programa
da federação, quase imUL'Ível ao longo
de décadas, era suficientemente vago
para eviLU divergênCias.16 E as publica­
ções m'lis articulad'lS sobre o regionaJis..
mo, sobreludo as redigidas pelo gran de
condulOr da federação or rn.,is de 40
anos, Jean Charles-Brun,
R7 consistiam na
justlposição de proposL'lS COnCreL'lS, rn.'lS
sem um, tomada de posição por nenhu­
ma dd'lS. Qualquer opção clara acarreta­
ria de filO uma ruptura no consenso
"acim.'l dos paJ1idos políticos".
Na ve rdade, a federação Regionalista
jamais passou de um pequeno grupo de
algumas centenas de adeplos: rn.'lS seu
papel foi imporL,nte na medid, em que
esteS adeplos eram pessoas notáveis, par­
lamenL'lrCS e respons.'Íveis por associa-
ções econômicas e culturais, J8 que divulp
gavam os apelos ao regionalismo em inu·
meráveis discursos, publicações e arti­
gos. Em um curto espaço de tempo, por­
tanto, o termo "regionalismo foi lança­
11
do e alcançou grande sucesso, enquanto
se multiplicavam as referênci.'lS ao regio­
nalismo nos discursos eleitorais, nas
inaugurações de feiras comerciais, CUl
comemorações e nas mais diversas m.wi­
fesL,çães cuhurais (cri.,ção de museus do
folclore, feslivais de d,nças folclóricas,
lançamenlo de coleções edilori.,is consa­
gradas às provincias, cartazes publiciL'Í­
rios ete.). O regionalismo esL,va assim
em tod'l pane, de preferênci.'1 com um
tom festi\'O e brilhanle. Nos anos 19()().
1930, desenvolveu·se urn., imporL'iDle
produção lilerári., regionalisL', que al­
�
cançou rande sucesso junlo ao grande
público. 9
No plano das refonn.'lS políticas, em
sentido estrilO, a ação regionalisL' foi
desprovida de efeilOS,2° rn.'lS o regiona­
lismo atuou profundamente na cons­
ciência nadonal como elemento de con­
senso. Mais que outros rcfonrtismos, o
regionalismo pôde ser promovido como
O tema da uni.;o. Ele linha com efeilO a
C1pacidade nOL1vel de poder enunci.u a
exislência de diferenças ao mesmo tem­
po em que as neu tralizava, deslocan do-as
do pL'iDO soci.lI para o pbno geográfico.
Assim, os regionalisL'lS declaravam que,
deixando-se as organizações patronais e
os sindicatos operários resolverem seus
problem.'lS no plano local, os conflilos
políticos e soci.'lis poderi.,m ser resolvi­
dos a bem do inte resse geral. Mas, dife­
rentemente das doutrinas separatistaS, o
regionalismo afirm.'lva a comun idade de
inleresses das diferet1les regiões - sendo
cada uma domda de identid1de própria,
elas se equivaliam nos direilos e se com­
plcmenL,vam no quadro global d'l enti­
d,de nacional. Os males de que se L,men­
tavam os diversos grupos soci.'lis não
eram negados, mas impuL,dos ao centra-
 U P[lijE PATijE ENCLOSE DANS U GlANDE
lismo, que oprimia igualmente lOdas as
regiões e IOOlS as cL'ISSeS. A dominação
ex<X'Ssí"" da capital, segundo os regiona­
lisL1S, era a causa de IOdos os males: 5:Úa
de cena o capilal, sobre o qual nada mais
precisava ser dito. O Icgionalismo, como
niio propunha nenhum outro objetivo
alé.m da reconciliação geral da paz social,
e COmO o seu único adversário, o centra­
lismo, niio era claramente identificável
nem aos indivíduos nem aos grupos de
interesse, tomou-se pouoo a pouco a
própria expressão da superação dos COn­
fliJOs reais - o que pemúli.1 que ele fosse
utilizado como último reOJrSO em perio-
do de crise aguda
•
Um exemplo ilustrativo do papel con­
sensual do regionalismo foi a repre­
senlação da Fr,mça na úllima grande
mostra internacional organizadaanlCS da
11 Guerra Mund.ial, a Exposição Interna­
cional de Artes e Técnicas, realizada e m
Paris no verão de 1937.
Embora a década de 30 tenha sido um
periodo alL1.meote critico, social e ideo­
logicamente, em 1935 já se havía chega­
do ao acordo de que a monL'geJll da
seção francesa da Exposição seria sobre
o tema do Icgjonalismo. A apresenlação
de pavilhões nacionais, às véspeJõlS do
con1l.ito mundial, era a ocasião que ti­
nham os difelCflleS países de dar uma
mosl.l'a ao mesmo tempo basL.'ln te con­
crela e alL,mente simbó lica de sua iden­
tidade nacional e de seu projeJO político.
Os plédios da AIem.1.nha e da URSS, c0-
locad os um em Crente ao outro, uan SrJl.l..
lindo a mesma express,io arquitetônica
de potência e modernidade, foram para
os vísilanleS a imagem de um confranJO
prestes a explodir. Já a seção francesa
apelou para a sedução da diversidade e
do pitoresco, e o seu regionalismo ali
exibido deveria mostrar de maneira dara
a união de IOdos os franceses.
Como cxplicou o comissário da Expo­
sição:
9
A exposição de 1937 apresentad
aos olhos dos vísitanleS a França dos
oficios e das artes, a França das fesl:lS
e dos jogos, a França dascanções e dos
poemas, a França das paisagens. E �
. .
sun, ao mesmO tempo em que servua
-
à causa das provínci.1S, ela simbolizará
a união de IOdos OS franceses. (.. .) Ela
demonstrará que patriotismo e regio­
nalismo não se contradizem, que os
interesseS da Província são os mesmos
de Paris e que, quando se lr.lla de
desenvolver uma obra nacional, eles
se fundem de maneira indissolúvel.21
Doce França. pais das Artes e d1S letras,
da alegria de viver e do turismo a husca
-
a IOdo custo d.. paz social produziu esla
im ....gem sele ... a e am.1ve1 d.. Ilação. Na
hora em que os perigos nas fronteiras se
avolu m1Vam, na hora dos gr.mdes confli­
tOS internos, era m1.rcaDre a vonL1de de se
enconliõlr um1. defirução minima, m.1S
COIlSCOSU:t1, d1. identid1de tran ces, O ad­
vento do Front Popular de fortn.1 nenhu­
ma invalidou esL1 orienL1.ção regionalista
decidid1 inicialmente por um governo de
direita. A esquerd1., em seu periodo unia­
nista, pôde ver neste regionalismo a alian­
ça enfim reúÍ2:1<!.1 do Povo de França dian­
te da ameaça do capitalismo inremacional.
Qu ....
nto aos movimentOS de direiL1, eles
ppdhm encontrar nesta definição tcgio­
nalista ludoaquUo que desejasselll enCOll­
tear: o sinal do retomo à Fr.mça eterna, a
apologia da terra, a negação das IUL1S de
classes, a recusa da modemid1.de ou a
abord,gem nacional do progresso. O re­
gionalismo era o "lugar comum" onde
IOdos podiam se reunir, porque podiam
esl:lbelecerà vonL,de seu ronteúdo e seus
fundamentos.
Tod1Vi.1., se de um lado a seção france­
sa da Exposição neu traliwu os con1l.iiOS
ideológicos, de outro ela reacendeu a
sempiterna questão da definição d1S re­
giões franccs;lS: as 17 seções Icgjonais
inici;dmente previstas transform.1ram·se
10 mUDOS HIITÓRICOS. 199snl
em 25, devido às divergências babituais
eotre as cidades próximas, que fo rçaram
a criação de seções suplemenLues! Mas,
no verão de 1937, a fesL, foi realizada em
grande estilo, neste Centro Regionalista
rico de manifestações folclóricas e de
praures gastronômicos.
As ..... u.nas pátrias e a grande
Pátria
o L,1O de a temática regionalista im­
pregnar O imaginário coletivo francês é
devido em boa parte à construção do
sentimeolO patriótico feiL' pelo ensino
1.0
pnrnano d a Terceu-a
. _ .
. - bliCl.22
Rcpu go
em segu ida à derroL, de 1871, quando
começou a ser implanL,da a nova escola
republicana, leiga, gratuiL, e obrig.,lÓria,
pedagogos escL=cidos observaram que
a ooção de Pát.ri., em muito abstraL, para
ser aprccudida direL1.menre pelas cri.1.D·
ças. Eles propuseram que, a partir de seu
ambien te imedL'IO, ao qual ele se prende
espontaneamente, o aluno fosse condu­
zido gradualmente a visualizar a PátrL,
como a uniào barmonios., dos diferentes
componentes da oação. Foi isto que, em
1872, expôs expliciL,mente Michel Bréal,
futuro ministro d, Instrução Pública:
Quaodo as crianças conhecerem
aquilo que além do Reno se chama de
a "pát.ri., estreiL''', terá chegado o mo­
menlO de lhes mostrar a grande Pá­
tria... E L,mbém aqui eu dUL' prefe­
rencL, sobretudo aos falOS e aos ensi­
namentos que mostrem de que ma·
neiro cada parte da França contribui
para a �mndeza e a prosperid,de da
França. 3
logo apareceu, porL,nlO, a noção de
"pequena pátria", tr.tdução ap roxim.1.tiva
do alemão "Helma'''. As criaoças partiam
do estudo de sua pequena pátria (e nu­
me rosas dirc tri= ministeriais estimula-
ram os educadores a praticar a história e
a geogr:ú1, locais) e depois descobrL,m
as especifici(bdes das outraS pequenas
pátrL'5 antes de serem convidad'5 a amar
a grande Pátria. Numerosos manuais de
leitura escolar propunham aos alunos
acompanharem Ilcticiamente jovens be­
róis oa descoberta m:lravilhad, da rica
diversidade da França.24 Por outro lado,
a partir do início deste século, os exerci­
cios de diL,do e os tc>:10S para o aprendi­
zado da leitura roram quase sempre ex·
tr:údos daliteratura regionalisL'\. Durante
v.irias décadas, as cri'1.nças aprenderam as
armad ilhas da ortogr:ú1, frances., através
de descrições das vindim.'5 meridionais,
d, lavoum do limousin e das caçadas de
Sologne. Até mesmo poemas de circuns­
tância (em versos execráveis) ensinariam
a lição do regionalismo, que em servir,
pelo amor consensual e sereno diS ma_·
ravilhosas pequenas pátrL'5 naturais, à
glórL'\ da grande Pátria:
Rég/onaJismefrançais
Amis, en proclaman l, cbaque }ou
r,
I'allirance
De nos pelils pays, si cremeis par teur
beaulll,
Nous/a/sons mleUXC01VUl;/re el m;eux
cbérir /a r-rance,
Dans loure $O splendeur el SO.. In/imilé.
Unlssons nos e.fforts, afin de bien
poUTSuivre
NOlre noble dessein; sachO/i< mel/re en
valeu/"
J.es sUes mervei/leux Oll nous aimons à
mure,
•
Sons
(. egois"", IItroil, sons espril querel/eur.
.
)
Chanlons nos océans, nosflelltJes, nos
.
rlvleres,
Nos coscades, nos Ines, nos SOlUces, nos
ruisseaux.
Qu� comme lesforê/s, les /andes, les
c/alrteres,
Onl lenJé blen souve,,' /a Iyre el tes
plnceara
 LA PETijE PATijE EllCLOIE DAKI LA GRANDE
Célébrons, engourmels, nos vlgnes el nos
IreU/es,
Nos jardhlS, nos vergers, nos rucbes, nos
moissons,
Nos bel/es basseS<OllTS, nos crecbes sons
parell/es,
NoITe alxmdant glbler, nos SOVO/D'eUX
polssons.
(. ..)
EIje I'alme, el ces vers le som tole brunb/e
oJ]rande,
Tol qu 'on ne pelll a lmer d'/ln amour trop
JervenJ,
Queje ne qullleral pas plus morl que
vivanJ,
Ma pellle patrle, endose dons la grande.
(GeOT8CS Trouillol;25
A França cekbralb na escoL.. prim1ria
era seguramente m.'1is ru raJ e m.'l.is arctica
do que o país real. O problem. .. era que,
de um L'ldo, a escoL.., oorm."llmente 3ruS3-
d.. de desviar os jovens do trabalbo do
campo, tinha de demonstrar conslanle­
mcole que não encorajaY.l o êxodo rural.
De ouIJ'o, era mais fficil a consuução de
um patriotismo selCOO e alegre a partir da
celebração de um passado rural miLificado
do que tendo como base uma modemid,­
de industrial e urn...na c:utegad, de confl�
tos. O regionalismo foldórico iria aos pou­
cos suplanL'If, duranle a Terceira Repúbli­
ca, a história nacional heroicizld, como o
cimen to da iden tidade nacional. Os
"Toursdc France" cscoL'U'CS, que ap resen­
L'lY.lm inici.1.lmcntc, para cada regiáo, os
fCO.1CSOS naturais, as indústrias, os monu­
mcotos históricos e os"gmndeshomens",
se oricoL'lmm progressiY.lfficole, à med�
da que foram se intensificando a uniformi­
zação dos modos de vid.. e a urb.wização,
para um' vis.'io mais turístka e mais fold6-
rica do prus. O acento passou a seccoloca­
do sobre o pitoresco e o palrirnone'll. Uma
v:ui.wte dos Tours de France esoobres,
publicld, em 1939, tr:IL..Y.l d .. iniciação
emogr:ífica. O prólogo era uma "FesL.. d-.s
provindas frances.-.s", na qual desfilaY.lffi
11
al egremenle músicos e d,nçarioos UII tra­
jes regionais. As crianças em vLl' gem
cobriam o artesanato típico de CleL, região,
o mobiliário, a arquiletu la, os costumes.
Ao término de uma apresen tação do Mu­
seu Alsaciano de Estrasburgo, os exerci­
dos pergunlaY.lm aos colegL'lis:
Que é um museu regional? Se fosse
insL'lIado um museu na cidade ou vib
onde você mora, quais os objetos ca­
racterísticos de sua regL'io (roupas,
móveis, objetos diversos da vida coti­
de..na etc.) que seria necessário ex­
por?,!6
Aliás, em m'lio de J 938 um decreto
instituira no Mio islério de Educação na­
cional uma Co miss.'io de Arles e Tradiçães
PopuL'li'CS que tinha o objetim de
desenvolver o estudo cientifico das
arIeS e tr:Idiçõcs populares, encorajar
a arte popular e o artesanato tradicio­
nal, collborar para a conservação dos
monumentos relevantes d'1S artes e
tradiçõcs populares e (worecer o sur­
gimento de museus ao ar livre e d ..
terra, difundir o gosto e a prãtica da
música, do canto e da dança e recupe­
rar a dignidade das fesL'lS e espeL1cu­
los da tr:Idição popul'lr.27
Na vercL1de, era porque a emlução
rumo à modernidade urbana e industrial
e à uniformizaç:;o dos modos de vida era
um processo irrevcrsivel, que a valoriza·
ção dos particularísmos e do rural podia
ser vivida como uma cekbrnçl0 nost.:ilgi­
ca, festiY.l c comunit-ire
década de 30, tanto na escola quanto nos
movirnentos paraescolares católicos e de
esquerda, nos albergues da juventude ou
nos campos de escoteiros, seria estirou­
lad.. a reviver os cantos e as d,nças de
"outrora" e a redescobrir o arteSanato
tradicional.
12 ISTUOOS HISlÓRKOS. I99sns
A routlllza§ão vlchys.a
cio regionalismo
Não foi por acaso que o governo pé­
tainisla, surgido com a de rrocada de
1940, fez do regionalismo a paL�vra de
ordem da " Revolução Nacional". O Esta­
do francês empreendeu então a liquida­
ção da Terceira República ulilizando-se
de uma referência que se impôs como a
própria expressão do consenso - ele po­
dia apreseo 1aC-se agora como a resposta
às aspirações da nação enfim reconcilia­
da. A ideologia reacionárL� do péJainis.
mo, e sobretudo a sua componente
m"'lurrassiana, acoplavam-se agora a um
reformismo demasL�do vago em torno
das questões sociais e polí ticas para se
constituir algum dL� em objeto de uma
""rdadeira critica ideológica. Pelo viés do
regionalismo, o péLwismo não parava
nunca de celebrar a I'rovíncia, a França e
o Povo francês, ao mesmo tempo em que
praticava uma organiz.�ção a1L=ente
centr.ilizada e submissa ao ocupante es.­
trangeiro. A colocação em cena do gran­
de espeLlculo do folclorismo era o bdo
festivo, pitoresco do cen tralismo antide­
mocr:ítico. Em 1941, foi criada uma co­
missão para estudar uma nova divisão da
8
França em provinci� ? No enLwto, ao
mesmo tempo em que abri�va a coffiis..
s.'io que devL� preparar a descen 1taIiza­
ção, o regime, que sup rimira todas as
inslJiocL'lS eleit.'lS e nomeara direramente
os prefeitos, designou administradores
regionais in teiramente submissos ao
Executivo. O regionalismo político torna­
va-se assim um engodo. Em contraparti­
da, o regionalismo transformou-se na
cultura o ficial do péL1.inismo. Em tod.�
as suas violgens, O D'L1rechal Pélam era
recebido com fesL� em trajes típicos e
danças folcló ricas. O rádio, a imprensa,
os movimentos deju""ntude e as cscoL�
deven.1ffi, a partir de enL1.0, ensinar a
população a praticar intensamente as tra­
29
dições folclóricas. O Museu das Artes e
Tradições Populares, inaugurado em
1937, tornou-se uma das instituições
mais es timadas do novo regime. As inici.1-
tivas privadas anteriormente coostituídas
oa área do regionalismo cultural foram
3s.sumidas e p a..�uam a ser control ad1s
por estruturas governamena.1.is. Na prá ti­
ca, o regime pél3inista colocou o folelo­
rismo ruralista eu. primeiro plano, elimi­
nando tod.� as ou tras rcferênci� cultu­
rais. Vichypromo""u à categorL� de gran­
de escritor nacional o auvernhês Henri
Pourm� autor de numeros.� obras sobre
o camponês, e criou um novo p rêmio
lilerário "destinado a encorajar, apoiar e
recompens.u a literatura dedicada à vid�
campestre" .30 E os líderes regionalisL�
ou as autoridades uni""rsiL'\rL� foram
levados, muiL� ""Zl'S sem grande sutile­
za, a misturar .togans péL�inisL� ao ""­
Ibo discurso do tipo Terceira República
sobre a maravilhosa di""rsidade regiooal
da França. É o que se vê na fala do sub­
reitor d� Faculd�de de letras de Mont­
peUier, ao receber jo""ns enquadrados
pdas "Oficinas do Museu de Artes e Tra­
dições PopuL�":
O Regionalismo pode ser uma en­
grenagem essencial deste renasci­
mento intelectual e moral da França,
que desejamos de lOdo o coração.
Além disso, ao preservar nossas tra­
dições arústicas regionais (...) que a
civilização moderna põe em risco, vo­
cês L"\Zem utm obra fraocesa. "A paL�­
vra que melhor caracteriza a França é
variedade", escre>'CU Vidal de b fila­
che como epígrafe a seu luminoso
Tab/eau de géograpbie de la France.
Mas acaso não é esL� variedade a I�
de nosso gênio nacional? Da mesma
forma que, em uma C,lmilia, irm.;os e
irmãs, dOL1dos de traços comuns, se
diferend�m e se compleL�m, assim
a.�m en tre as regiões irm.'is exis­
tem diferenças que explicam a incrivel
di""rsidwe do gênio francês. Se, ao
 U PETITE PATiIE EIKlOIE DAIII U GII'�DE
longo da história, ele foi múltiplo e
fecundo, é porque ele foi a SOm:t dos
gênios �ion:tis, é porque a i11leligên­
cia pront" e cheia de enlUsiasmo im­
pelUOSO dos homens do Midi apoiou
e viviflcou a lenacidade lenta e come­
dida dos homens do nOrle e do JeSIe.
Desta fusão nasceu o povo mais rum­
plelO que exisle na Ierra.31
Parad oxalmenle (m:1S eSle paradoxo
aparenle se explica pela continuidade de
um discurso que não é nem de direila
nem de esquerda), enconlram-se aIgu­
rn.'lS dessas proposL'lS no discurso pro­
nunciado em rn.'lI'ÇO de 1945 pelo secre­
Lmo do Partido ComunisL'l Francês da
região Garo-Lozere. Na ocasL'io, o Partido
ComunisL'l inaugurava urn.'l pL'lca em Ni­
mes em homenagem a Frédéric Mistral,
e o secretário exclamou:
Nós, comunislaS, estamos feUles
com o mIO de o espirilO
ter inspirado esta por·
que pensamos que o gênio de um:t
nação é composto de IOdos os gênios
provinciais, cujo desabrochar não Ira­
va, m.'1S ao contrário estimula, o gênio
.
naClon. al.32
E o dirigenle COmunisL'l, in YOCalJdo a
política soviética d.'lS nacionaJi(L'ldes, L'l2
de Mistral um admirador póslUmo de
SL'IIin!
Na verdade, a aproprL'lção VicbYSL'l do
regionalismo acarrew-lhe-L'l, por longos
anos, um pesado descrédito. O próprio
termo duranle muilO lCmpo leve um:t
conoL'lção de extrem:t direita. MólS, na
sua versão folclórica e pilOresca, o regic>­
nalismo se nt.'lnteri.'l, na educaçio paraes­
colar e nos ovimenlOS de jovens (cujos
/"
responsáveIS foram fOtm.1.dos sob a Ter­
ceira República e sob Vichy) , até o final
da década de 60. A escola prim. 'iria guar­
darL'l por longo lempo a versão ''Vidal de
L'l Blache" da excelência francesa ("a
13
França, em sua' rn.'lravilhosa diversidade,
é um resumo ideal da Europa,,)33 e per­
rn.'lOcceria marcada pela apreseoL'lção
ruralista e serena do prus. O IUrismo, por
oultO lado, seria um grande consumidor
do pitoresco regional e celebraria, em
beneficio dos franceses e de seus vizi­
nhos europeus, os enean los da diversida­
de francesa
Politicamenle, a invocação do regic>­
naJismo ressurgiu no final da década de
60, desta feita com um:t conotação de
extrem:t esquerda. Ela apareceu de início
nólS regiões "deixadólS por conta" do cres­
cimento econômico do p6s-guerra (Bre­
L'lnba, L'lnguedoc), onde, por referência
às IUL'lS dos povos do Terceiro Mundo,
desenvolveu-se o tem.1. das "colônias in·
leriores". EslaS reivindicações regionaJis­
L'lS (jun L'lmen te com o aparecimen 10 de
-movimentos ditos "autonomistas", de
fraca longevidade) denunciavam um Es­
tado francês opressor dólS regiões, uma­
men le no momen 10 em que esse EsLWo
perdL'l muilO de sua independêncL'l e de
seu poder. As dccisôes viL'lÍS para o fulU­
ro <Lu regiões serL1m, a partir de então,
tomadas mais em BruxeL'lS do que cru
Paris... Na década de 70, o regionalismo
evoluiu em direção a um folclorismo fes­
tivo, com a juvenlUde do baby-boom cul­
tivando os prazeres das danÇólS e d'lS
canções lradicion:tis, ólS alegrias da nalU­
I
r&I selvagcul, OS utensilios em rn.'ldcira.
e o veslU.11'Ío "retrô". Esla mo<l.'lSó durou
até o final da décad'l de 70, rn.'lS o regic>­
naJismo se prolongou até O pc'senIe sob
duas form.'lS. De um L'ldo, o ccologismo,
-
com um:t poslUra que nao é "nem de
direita nem de esquerda", desempenha
atualmente, com rn."lior ou menor eficá·
cia, o papel de referência consensual,
peJo menos enquanlO não se passa às
realizações concreL'lS. De oultO L'ldo, a
implementação da Europa política e ccc>­
nôntica, os acordos de livre comércio
inlemacion:tis, que parecem ameaçar a
iden tid�e nacional, conduzem a um te·
14 ESTUDOS HI5TÓRICOS· 1995nl
tomo às regiões e à sua rica diversid F representlntes por sufrligio u!Ú ver.;aI, amplia.
3
como ddade1as da pálrill em perigo. As
reCetênd,1S às regiões, boje, de forma
alguma visam a questionar a unidade
nadonal, mas, no quadro de uma séria
inquieL�ção qu.'lnto à posição da FC.'lnça
no cenário intemooonal, são uLiliz3d�
como "identidade nacional de socono".
Daí a idéia, muiL� vezes apresentada
nestes últimos anos, e necc
ssari
..
u nente
imprecis.1. em lOdos os seus lermos, de
uma "Europa das regiões". Aqueles que
a exprimem esperam sem dúvida que, na
falia de uma FC.'lnça poderos.� na Europ.'l,
baja regiões francesas fones num COD­
junlO que não apresen Lm a ameaça do
supranacional.
Notas
1. É neccsslrio, todavia, assinalar dois ca,.
sos. ligados a conjunturasbisLÓricasc políticas
complexas. O primeiro diz respeito � AIs;S.cia·
Lorena alemã de 1871 a 1918, que ronservou,
quando de seu retomo ii França, certos e1e­
manos da legislação aluü:i. A Córscg;l, muitO
recentemente, no contexto de uma crise I»
lítica e social aguda, obLC.e um CSt:J.bJlO tern.
torial que aprescotl algumas especificidades.
2. Com exceção da rcone,,:,:;,; o de Nice e
da Savoie ii FranÇl em 1860.
3. O retomo da A1siícia·Lorena ii FranÇl
depois de 1871 foi vivido no imaginário pol>­
tiro francês como a reparação de uma amplr
!ação do oorpo nacion;aJ. e não oomo YOnt:lde
de (re)cooquiStl.
4. lslO é bem de.tlcado peloD/cIlonna/n!
de l'Académle Françalse, que, na sua edição
de 1934, define regionalismo romo a "ten­
dência a faYOfCCO", embora mantendo a uni­
dade nacional, o desen><>lvimento particular
e autônomo das regiões e a oonservar jl flsio­
nomia dos oosrumes, o vestuário c as tr.ld�
çõcs históricas".
5. As regiões frnnCX'Sls, divididas segundo
o decreto de 2 de junho de 1960, que instiruía
2 1 circunscriçôc:s regionais, rcc(bcram noYOrS
poderes pela Lei Oeferre de 1982 (deição de
ção dos poderes decisórios no tocante ao
orçunento). Estl descen.r:di7!lção política, a
mais importante da história francCS-1, paula­
nece no el\tulLO muito limir.ada em SlJas apu.
cações quando romparada rom a de OUIrQS
palses europeus. Apenas um exemplo: as da­
tIS de férias esoolares, diferentes segundo as
Academias, cuja divis:io não rorrc:sponde aliás
àquela das regiões, continuam a ser fixadas
pelo Minislério nacional para O conjunlO do
lOIitório.
6. Ospré/ets, criados por Napoleão, são os
representantcs do poder central nos dcparta,.
roemos.
7. Na mesma époc:a. as duas maiorcs cida­
des da província, Lyon e Marselha, não uh...-
pas",Y:lOl 05 500 mil babitlnleS.
8. Pierre Vidal de la Blacbe, Tablcau de
géograpbie de la France, pre5mbulo ii J-J/sIO�
Te de F-ranct! de '-"visse, 1903.
9. Gastoll Paris, Oisrours en Sorbonne aux
délégués des sociétés déparremcotlles de Pa­
ris, 24 de março de 1985; publicado em IA
tradillon en Poltou el en Charenles, Sociélé
d'Ethnograpbie Nationale et d'M Popubire,
Congresso de Nion, 1896, Paris-Nion, 1897,
reimpressão fac-similada Poitiecs, Ubrairie
Brissaud, 1981.
10. IA Rena/ssanct! Provlnclale, nO I, ju­
nho de 1906.
11. Criado em 1854, o Félibrige tinha a
pretensão de fazer da lÚlgua de oc uma verda­
dcira Ilngua de culrura e doú·1a de uma lilO­
rarura moderna e dealtl qualidade. Seu chefe
foi, até a morte, Frédéric Misttal. O movimen­
to félibri:mo desenvolveu-se rapidamente nas
d3'iSCS médias do sul da França e contou enU'e
suas fLIei.ras com numerosos notáveis locais e
parlamcntlCeS, de direitl ou de esquerda.
Movimentoculnu-al, fundador de revistlS cde
oomemoraçõcs, oolecionador ec:nográlico, o
Félibrige apresentou tlmbém regu1arrncnte
reivindicações polítiClS em favor de uma a�
tonomia maior do espaço oocano ou de uma
organização rederalistl da FranÇl. EstlS rcivil>­
dicaçõcscstawm regularmente presentes nos
discursos, mas eram exteroadas sem excessi­
vo ardor militante, uma vez que qualquer
decisão precisa neste campo se transformaria
em fonte c o ta de dissensões e rup turas.
 LA PflITl PATilE EN(LOSE DANS LA GRANDE
12. Em 1898, Maurras publicou um fuse"
culo intituladoDécenlralisalion (Paris, Rcvue
Encyclopédique, 45 páginas), que dedicava "À
doutrina de nossos mestres Comte. Le Play,
Renan e Taine; aos Senhores Oficiais do Esra­
do-Maior do Exército francês, oCendidos pelos
irúmigos do Estado". Ele concluía nesse texto
peJa necessidade de ligar nacionalismo e dey
centra1j7;lçáo, mas sem rejeitar aootamente o
regime republicano. Isto ele só faria c:xplicita.
mente em 1905, em uma controvérsia com
PauJ-Boncour (foulouse, Socié,é Provinciale
•
d'Edition), afirmando então a incompatibili-
dade entre a RepÚbliCl e a verdadeira desce0.
lJ'j1Jização. Em 1908, Maurras se tomou dico­
tor da Actioo Françaisc, órgão do movimento
nacionalistl anti-scmim..
13. A primeira utilização públiCl do tertUO
"regionalismo" data de 1898; ele aparece na
denominação de uma associação bretã. de
vocação sobretudo culrural, criada naquele
ano - a Uniao Régionaliste Bretonne.
14. Foi esta a expreS5-10 que, ao Jongo de
decênios, encabeçou o programa da f-edcl'3.­
ção Regionalista Frances:1.
15. É necessório,
entre ralllo, lembrar que
Cb:u-les Longue� um dos genros de KarlManc,
foi um dos membros fundadores da federa­
ção Regionalista Francesa, pouco anteS de sua
mone. Foi sobretudo Jean Jaurês, dirigem"
do Partido Socialis", Unificado, um meridio­
nal de boa cepa, quem deu grande atenção à
questío icgion.al; ver Uhike Brummêrt, L 'unf,.
versei elteparlfctdier dans lapensée deJean
Jaures, Tübinguen, Günrer N:u-r Verlag, 1990.
16. O programa é enunciado da seguinte
manora:
•
"I - Do ponto de vista administratiyo -
Criação de centros regionais, industriais e
uniw:rsiláriosj gestão dos assuntos comunais
pela comuna, da região peJa .egião, da nação
pelo Es",do; criação de uma jurisdição arbitral
encarregada de conhecer os conflitos entre o
indivíduo, a comuna, a legião e o Estado.
II - Do ponto de visra econômico - liber­
dade de iniciativas comunais e regionais; or­
ganização profIssional regional, desenvolvi­
malto de grupos locais murualiscs, cCK>pera­
ti� e corporativos; conciliação dos interes­
ses econômicns de cada regi50.
fIl - Do ponto de visra inlelectuaJ - Ado­
quaçã.o do ensino às n<X'Cssidades regionais e
15
loca.is, autonomia das universidades; desen­
\oUlvimento de obras de iniciativa privada no
campo das ciências, das letraS e das artes."
17. Nascido em Mon'peUier em 1870, pro­
fessor adjunto de letras no ensinoserundário,
Jean Cbarles-Brun tinha feito parte do peque­
no grupo de jovens membros do f+tibrige.
gravirando ao redor de Olarles Maurras anleS
da ruplUC'3. relacionada oom o Caso Dreyfus.
Republicano, calÓlico social, Olarles-Brun do­
votou sua vida. a partir de 1900, à ClIl'Sa regio­
nalista. Multiplioou Sl135 ooruerêuoa5 nas asso­
ciações eronômicas, profissionais, ruJwrais e
wúvo:sitírias e redigiu inúmaos trabalhos s0-
bre o papel da paSI"",tiva regionalisra nos
diferenleS cunpos (desde o turismo ;ué as
ruoonalizaçõcs industriais em 1945). M;anteve
relações seguidas com políticos comempor.i­
neos e responsáveis por associações. Co-fun­
dador do MII.seu Nacional de An:es eTro.diÇÕC5
Populares (1937), fundador e responsável por
um centro regionalista na ScK:iété des Gcns de
LellTes (1932), Ol:u-les-Brun Coi titular da ca­
deira de Ação· Social da Ü lCr.llura no Colégio
üvre de Ciências Sociais.
18. Entre os membros doComilêdcHonra
da Federação Regionalista Francesa encon
..
tram-se muitos eminentes notáveis da Teceei-­
ra República: Justin G� Louis Madelin,
Josepb Paul-Boncour, Cbarles Beauquier,
Paul Descbancl, Paul Doumer (os dois últimos
foram presidemes da República) . LouisMarin,
ministro de vários governos da Terceira Repú­
blica, líder de uma fonnação de direira, Coi
também presidente efetivo da Federação Re­
gionalisra Francesa durante vãrios 3.nos.
19. Es", lilCr.ltura reglonalisra é, sob mu�
lOS aspeaos, análoga à Heim,ulilerarur dos
paísesgennânicos. Para mais icúorma.ções, ver
Anne-Marie Tbiesse, Éah la France, le mou­
vement lltléraire régionaliste de lan guefr=
çaise enlre la Bel/e Époqtll! e la libéra llon,
Paris, P.U.F., 1991/
20. No máximo, se poderia assinalar a cria­
ção, em 1919, em �ida aos projetos Hen­
nessy e Clémenlcl, de 17 regiões econômicas
que opcravam um grupo de câmaras de a>
memo.
• •
21. Edmond Ubbé, J.e Régionalisme el
I'&posllion lntemallonale de Paris 1937,
Ans el Teebniques de la Vie Modelue, Paris,
Imprimerie Nationale, 1937.
16 [S1wo\ HII'IÓlKOS· 199sns
22. P:u2 ffi3is infonnaçõc:s, \U:l lese rccc;n..
re de )c::m·François Cbane� L'éooIe républ�
calne ., /es pelftes patrks, Univc:rsité Paris-I,
janeiro de 1994.
23. Micbel BréaI, Quelques m()/s SUl' /'fns.
/rUd/on p/lbllque, citado por Cbacles-Brun,
Le JreglonaJlsme, Bloud et G_y, 1911, p. 152.
24. O mais conhecido destes manuais é o
Tour de Francepar dewc m/anis, de G. Bru­
no (mulher de um ideólogo republicano),
que seria lido, durante 50 _nos, por milhões
de alunos. Os dois pequenos heróis do livro
são 6rf.ios que fogem de PhaIsbourg, arranca·
da à França pclos pmssianos, e acab;un. df>
pois de um longo périplo nacional que llies
f'az dcsrobrir e enumenr as riquezas materiais
e cuJrurais do país, por se instalar em wrul
fuzenda. O inventário patri6tioo se atttlTa,
portanto, com um retomo ao rural.
25. Publicado em Iienry Boibesso� AnIl»
logl. classfq/le d'éalvalns comlols (antolo­
gia escolar), Ilcsançon. Édilions de Francbo­
Comté et Monts-)uro, 1924. Diz ° poema:
Regionalismo [ranci'" Amigos, ao Ploclamar,
a cada dia. o encantei de nossas pequenas
reg;ões, t20 gr.lndes pela sua bekla; nós
tomamos • F",nça mais conhecid. e amada;
em tOdo seu esplendor e sua intimidadeJ
Unamos nossos esforços, para perseguir wm
fi,"""I nosso nobre dcsfgnio; saib3mos dar
° devido valorl aos lug;u-es maIõlvilbosos onde
gostamos de vivcr" sem mesquinharia, sem
espÍfiIO de intrigaJ (...)1 Cantemos nossos
oceanos, nossos rios. nQSSilS prõl.iasJ nossas
MSCltl.S, nossos bgos, nCKS35 rontes. nossos
riacbos! que, oomo as Dorestas, as landes e as
clareiras,/ tantaS WlrS tentaram cantar a lira e
os pinoos./Cdcbremos. comob�urmels, nos­
sas vinhas e parreir.Ls/ nOSMS horas. nossos
rvvn
.1' �1"I"'C. nossas colméias, nOSS1S messes
- ._ --' I
..
nossos bdos quinrnis. nossos cstábuJos san
iguaisJ nos5ã' nça abundante, nossos peixes
saborososJ (...)1 E eu te amo, e C$lcs >o"""
são uma humildc: ofacnda' a ti, que nunClSC
podcci amar comamor pordemais i(:NOIoscV
e que eu não :abandonarei nuu morto nem
vivo,! minha peq.. ",a pálrla, COIIIIda na
�ande.
26. Yvonne Ostroga e Maciel)ean-Brunhes
Delamare, Me,veflles de Frana, Mélfers et
CIIlI/lreS, paysQ/,"'s de France, Manuel de leo­
ture: CQW"aIl te et acúw: pour Ie oours moyen,
Tours, Mame, 1939. Maciel )ean·Brunhes, 6-
Ihadoenliocntege6grafo)ean Brunbes, seria,
depóisdaD GuclI. Mundial, pesquisodora no
Centro de Etnologia Franccsa do MIISC'U de
Artes e Tradições Populares.
27. E... wmissão foi presidida pdo histo­
riador lJJcien Fcbvre, pdo geógrafo A lbeIt
Demangoon e por Chac1c:s-Brun, delegado
geca1 d. Federação Regionalisu francesa
28. Esta comissão foi composta de notá..,;s
das províncias e de personalid.des externas,
entre os quais Chacles-Brun, fundador da Fo­
d=ç'io Regionalista Francesa'
29. Para mais informações, >CC Christian
•
Fauce, lo projel C/Illllrel de VIcby, Lion, Paes­
ses Univcrsitaires de Lion-CNRS, 1989. Este
tnbta1ho, ricamalt.e documentado, sobre a
obr:l vichysta negligencia, no entanto, os �
ta:cdentes do tegionaJismo sob a TeJcc,ilil
República.
30. T"'ta·se do prêmio SuUy-Olivier de Scr­
rcs, ai.do por resolução de 23 de julho de
1942. Este prêmio existe ainda hoje em di:.
31. Auguslin F1icbe, proreMOr de estudos
medievais. discurso 30S jo�ns das Oficinas do
Museu de Artes e Tradições Populares e .os
esroIaces de Unguedoc, "le ..-:li visage du
cegjonalisme", emL'Écbo desPl'Ovfnas, abriJ.
novc:rnhro de 1943.
32. Discucso deJean Coin, 25 de março de
1945, publicado en C4blers d'Hlslo/re de n�
lIIuldeJrecbetcbesMarxisles, 1982, n0 9, ''00-
átan.ie", p. 141.
33. 1iá uns dois ou três anos, ti..,. surp......
de encontrar esta expressão como epígrafe da
.ula de geogcafi. de um de meus filhosl
34. Pudemos assistir, quando dos del,<ltes
rcttntes sobre: a intcg;açio européia, a:alguns
poIítkos ddendendo acicr:ldamente • França
das 365 especialid.des de queijos locais,
ameaçada de aculrucação pdo Gouda.
(RerebidI:J para publlcaçlJo em
março de 1995)
Ano�Marie TWNse éd�aon dc ��
sa no CNRS, Paris.