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Universalidade da Harmonia

Roland de Candé

O desenvolvimento das formas clássicas é indissociável da evolução


correlata do sistema musical e das técnicas de composição. O sistema
musical clássico não é fruto de uma brusca mutação, mas da tomada de
consciência e da organização teórica de métodos empíricos em constante
evolução. Em meados do século XVIII chegou-se a um estado de
organização coerente e provisoriamente estável do edifício teórico chamado
“Sistema Tonal”:

1. O primado absoluto do modo de dó (modo maior) acarretou o


desaparecimento dos velhos modos. Os dois aspectos da oitava, a que
correspondem os dois tipos de escalas, são o maior e o menor. Eles se
distinguem principalmente pela natureza da terça que adquire uma nova
importância: “não há harmonia sem terça”, já escrevia Charpentier. O
“modo menor” apresenta similitudes com a oitava ré-ré (primeiro tom
eclesiástico) ou com a oitava lá-lá. Mas, na harmonia clássica, está mais
aparentado ao “modo maior”, seja como seu contrário, seja como a face
complementar de uma mesma realidade ambígua. Relações harmônicas
particulares se estabelecem entre os tons maiores e menores “relativos”,
aqueles que têm, dois a dois, as mesmas alterações na chave.
2. A harmonia, aspecto vertical da polifonia, triunfa sobre o
contraponto, aspecto horizontal. O baixo contínuo é abandonado; livre dos
estereótipos, a escrita harmônica se enriquece, tornando-se um elemento
fundamental da composição.
3. O sentido de um acorde é definido por uma “função tonal”:
tônica (grau 1), dominante (grau 5) ou subdominante (grau 4). Essas
funções adquirem uma importância considerável, instituindo relações
dinâmicas, em que se baseiam as regras gerais da formação e do
encadeamento dos acordes.
4. A adoção do temperamento autoriza a modulação em todos os
tons e, por conseguinte, desenvolvimentos harmônicos tão grandes quanto
se desejar. É a origem de um novo processo de complexidade crescente,
não mais na ordem contrapontística, mas na ordem harmônica. O
deslocamento das funções tonais, que caracteriza a modulação, é favorecido
pela instabilidade dos acordes dissonantes.
5. Portanto, a dissonância é transitória na harmonia clássica. Ela
se define mais por uma ausência de consonância do que por suas
características positivas; o estado de tensão, de instabilidade, que ela
sugere obriga-a a resolver-se (a “salvar-se”, como se dizia no século XVIII)
numa consonância. Mas, se os compositores ousam utilizar as dissonâncias
por suas qualidades próprias, um processo de dissolução das funções tonais
põe-se em movimento: a progressiva emancipação da dissonância
provocará, assim, a falência do Sistema Tonal.

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