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PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS


Processo Nº. : 0054022-05.2014.8.05.0001
Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO PANAMERICANO SA
Recorrido(s) : ERCILIA DE CERQUEIRA SOUZA
Origem : JUIZADO MODELO CÍVEL - FEDERAÇÃO -
VESPERTINO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
G
DRA, AQUI A PARTE ALEGA DESCONTO INDEVIDO DE CARTÃO CONSIGNAÇÃO
NÃO CONTRATADO. OBSERVAR QUESTÃO DA PRESCRIÇÃO DAS PRESTAÇÕES
ANTERIORES AO PROTOCOLO DA INICIAL. APLIQUEI A TRIENAL, MESMO SEM
PEDIDO EXPRESSO DO BANCO RECORRENTE. TAMBÉM CHAMEI ATENÇÃO
PARA O VALOR A SER RESTITUÍDO, QUE DEVE ESTAR LASTREADO NA PROVA
DOS DESCONTOS ( EXTRATO BANCÁRIO, DOCS INSS OU OUTROS DOCS), NÃO
BASTANDO O MERO PEDIDO.

VOTO- E M E N T A

RECURSO INOMINADO. CONSUMIDOR. CARTÃO CRÉDITO CONSIGNADO.


AUSÊNCIA DE PROVAS ACERCA DA CONSTITUIÇÃO REGULAR DA RELAÇÃO
JURÍDICA PELO RÉU.(ART.373, INCISO II DO NCPC). FALHA NA PRESTAÇÃO DE
SERVIÇOS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA. RESTITUIÇÃO SIMPLES.AUSÊNCIA
DE PROVAS ACERCA DA MÁ FÉ. PRESCRIÇÃO TRIENAL EM RELAÇÃO ÀS
PRESTAÇÕES ANTERIORES À DATA DA PROPOSITURA DA AÇÃO. ART. 206,
PARÁG. 3º, INCISO IV DO CC/02. QUANTUM A SER RESTITUÍDO LASTREADO NOS
DESCONTOS EFETIVAMENTE COMPROVADOS NOS AUTOS. DANOS MORAIS
CONFIGURADOS. PRÁTICA ABUSIVA QUE NO CASO CONCRETO VIOLOU DIREITOS
DA PERSONALIDADE. QUANTUM ARBITRADO DE ACORDO COM OS PARÂMETROS
DA RAZOABILIDADE E PROPORCIONALIDADE. SENTENÇA PARCIALMENTE
REFORMADA.

1. Trata-se de recurso inominado interposto contra sentença que julgou


parcialmente procedente o pedido, declarou a ilegitimidade da cobrança e dos
descontos efetuados no benefício previdenciário da parte autora, determinou a
restituição dos valores descontados conforme pedido formulado na exordial, bem
como condenou a ré em R$ 3.000,00 (três mil reais) a título de danos morais.

2. O recorrente busca a reforma da sentença, aduzindo, em síntese, que o


contrato na modalidade cartão de crédito consignado fora regularmente firmado
entre as partes, o que legitima a realização dos descontos que foram efetuados no
benefício previdenciário da parte autora; em caráter eventual, pleiteia que a
restituição dos valores descontados se dê na forma simples; que não foram
demonstrados os requisitos ensejadores do dano moral, pugnando pela
improcedência do pleito.

3. No caso em tela, a parte autora alega que vinha sofrendo descontos em seu
benefício previdenciário desde 2008, alegando que desconhece a causa
subjacente a tais cobranças; requereu a restituição em dobro dos valores
descontados bem como indenização pelos danos morais sofridos.

4. A despeito das alegações da acionada acerca da regularidade da


contratação do cartão de crédito consignado, a mesma não faz prova da
regular contratação dos serviços, como lhe incumbia fazer, nos termos do
art.373 do CPC, não juntando aos autos o instrumento contratual
destacado, que contenha a assinatura da parte autora, elemento de prova
essencial para a comprovação do prévio consentimento da parte acionante no
tocante à contratação.

5. Como sabido, as instituições bancárias possuem o dever de atuar com


diligência no ato da contratação de seus serviços, verificando os dados
pessoais daqueles que manifestam a intenção de contratar, através da
solicitação dos documentos de identificação, bem como arquivando as
cópias dos instrumentos, ou registrando por outros meios de prova o ato da
contratação, de modo a evitar fraudes que corriqueiramente ocorrem no
mercado de consumo, bem como para evitar falha na prestação de seus
serviços, que venham a causar danos aos consumidores.

6. Ante a ausência de provas acerca da contratação, mister que haja a


declaração de nulidade da avença anexa, com a consequente restituição, na forma
simples, ante a ausência de provas nos autos acerca da má fé do banco
demandado, não sendo caso de aplicação do art. 42, parág.único do CDC.

7. No concernente ao período abrangido pelo pleito de restituição, mister seja


considerado apenas os três anos anteriores ao ajuizamento da presente ação,
diante da prescrição trienal das parcelas anteriores a tal data, aplicando-se ao caso
o art. 206 parág 3, inciso IV do CC/02. Ademais, apenas há de ser deferido o pleito
de restituição em relação aos descontos para os quais haja prova documental nos
autos, demonstrados através da juntada de extrato bancário ou documento do
INSS, contracheque , ou qualquer outro meio de prova em direito admitido, sendo
descabido o deferimento genérico do pleito sem que haja tal demonstração.

8. No que toca a ocorrência do dano moral na hipótese, entendo como


efetivamente ocorrido, diante da prática reiterada da conduta, do lapso de tempo
decorrido desde o primeiro desconto indevido, e levando em conta o fato de a parte
autora ser pessoa simples, com rendimento de um salário mínimo, o que
representou restrição indevida de seu orçamento doméstico, o que vem sendo
reconhecido como violação a direitos da personalidade pela jurisprudência pátria.

9. ISTO POSTO, voto no sentido de CONHECER DO RECURSO


INTERPOSTO E DOU-LHE PARCIAL PROVIMENTO, tão somente para
determinar que a restituição dos valores indevidamente descontados do
benefício previdenciário se dê na forma simples, bem como para declarar a
prescrição em relação ao triênio anterior à data do ajuizamento da ação;
determino ainda que quantum a ser restituído seja determinado com base na
prova dos autos sobre os efetivos descontos, mantendo no mais a sentença
objurgada pelos próprios fundamentos.. Sem custas processuais e honorários
advocatícios, pelo êxito da parte no recurso.

10. Salvador, Sala das Sessões, 01 de Junho de 2017.


11. BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
12.Juíza Relatora
13.BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
14.Juíza Presidente
PODER JUDICIÁRIO DO ESTADO DA BAHIA

2ª TURMA RECURSAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS

Processo Nº. : 0054022-05.2014.8.05.0001


Classe : RECURSO INOMINADO
Recorrente(s) : BANCO PANAMERICANO SA

Recorrido(s) : ERCILIA DE CERQUEIRA SOUZA

Origem : JUIZADO MODELO CÍVEL - FEDERAÇÃO -


VESPERTINO
Relatora Juíza : MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE

ACÓRDÃO
Acordam as Senhoras Juízas da 2ª Turma Recursal dos Juizados Especiais
Cíveis e Criminais do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, CÉLIA MARIA
CARDOZO DOS REIS QUEIROZ –Presidente, MARIA AUXILIADORA SOBRAL
LEITE – Relatora e ALBÊNIO LIMA DA SILVA HONÓRIO, em proferir a seguinte
decisão: RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO . UNÂNIME, de
acordo com a ata do julgamento. Sem custas processuais e honorários advocatícios,
pelo êxito da parte no recurso.

Salvador, Sala das Sessões, 01 de Junho de 2017.


BELA. MARIA AUXILIADORA SOBRAL LEITE
Juíza Relatora
BELA CÉLIA MARIA CARDOZO DOS REIS QUEIROZ
Juíza Presidente

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