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A ortografia, a memória humana e a inteligência artificial

Margarida S. M. Moraes*

Tenho refletido muito, e já há algum tempo, sobre a relação entre os


elementos do título. Vários estudos sobre psicologia da educação se
debruçaram, e ainda o fazem, sobre os processos de aprendizagem e a memória
humana.

A memória humana é fundamental na compreensão oral e escrita, no


cálculo e no raciocínio, exercendo um papel indispensável no sistema de
aprendizagem e é considerada responsável por algumas diferenças importantes
ao nível do desempenho dos indivíduos nas tarefas escolares, profissionais e do
dia a dia. A memória, porém, é algo extremamente pessoal. A atenção e a
concentração com que recebemos uma informação e a relação emocional ou
sentimental que atribuímos a ela são essenciais para determinar o que
guardaremos de modo mais “forte”.
Além disso, só conservamos uma pequena parte de toda informação a
que somos expostos. O que fazemos ou como lidamos com essas informações
é determinante para a retenção delas. É como o que ocorre com uma pessoa
que pratica um instrumento musical. A cada aula ela melhora seu desempenho
e quanto mais toca determinada música, mais lhe parece fácil, porque as
sinapses e mecanismos envolvidos na aprendizagem dessa execução se
fortalecem com a prática. Entretanto, se esse indivíduo passar um período sem
se exercitar, provavelmente esquecerá a ordem das teclas ou das cordas que
deve tocar para executar a peça musical, ou fará isso menos agilidade, pois as
sinapses desse aprendizado foram enfraquecendo.

E o que isso tem a ver com a ortografia?


Embora a ortografia seja definida por um conjunto de regras, que aliás,
sofreu algumas alterações a partir do Acordo Ortográfico (confira o texto do
acordo em
https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508145/000997415.pdf?se
quence=1 ) entre os países lusófonos, as pessoas ‘comuns (digo isso em
contraponto como os professores de Gramática, que são bem ‘incomuns’ hehe)
não buscam o apoio das regras para empregarem a linguagem no seu cotidiano.
Saber as regras de ortografia será útil apenas na resolução de alguns concursos
e provas.
No dia a dia, as pessoas escrevem lançando mão de seu repertório de
vocabulário, que foi sendo adquirido em seu contato com a convivência com
falantes da língua portuguesa e com a prática da leitura. Aí é que começa o
problema! Com o uso cada vez mais frequente das ferramentas da informática,
a memória vem tendo menos ‘trabalho’. Quando digitamos, os programas de
previsão de texto já dão uma série de sugestões a partir das primeiras letras e
não temos o trabalho de escrever a palavra toda. Ou então, quando usamos um
editor de texto, ele mesmo se encarrega de, automaticamente, corrigir a palavra
que porventura tenha sido digitada com uma letra trocada. E assim, aquelas
sinapses a que fiz referência no processo de prática e execução de peças
musicais (e que funcionam de modo muito parecido com a aquisição e uso da
linguagem dentro da norma culta) vão se enfraquecendo.
E desse modo, a memória vai ‘enferrujando’. O remédio para isso é
mesmo a leitura. Leia, caro aluno! Quanto mais a leitura atenta for praticada (de
bons textos, evidentemente), mais a ortografia vai ficando registrada na
memória. E estude as regras, se for fazer concursos, mas a regra ficará mais
clara, se as palavras estiverem nítidas na sua memória.

In: https://www.infoenem.com.br/a-ortografia-a-memoria-humana-e-a-inteligencia-artificial/

 Possui graduação em Letras pela Universidade de São Paulo(1995), especialização em


Pós-Graduação em Educação pelo Centro Universitário Nove de Julho(2000),
especialização em Docência do Ensino Superior pela Universidade Nove de Julho(2013)
e mestrado em Letras (Letras Clássicas) pela Universidade de São Paulo(2001).
Atualmente é Professor do Colégio São Roque, do Objetivo Piedade. Tem experiência
na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa (Gramática, Interpretação de
Texto e Redação).

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