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VIII SEMINÁRIO NACIONAL DE

HISTÓRIA DA MATEMÁTICA
05 a 08 de abril de 2009
Belém – Pará – Brasil
ISBN – 978-85-7691-081-7

A Matemática ao longo da história:


novas direções impulsionadas pelas guerras

Ubiratan D'Ambrosio
USP/SP
ubi@usp.br

Resumo
A história da matemática nos mostra que sua evolução ao longo da história está atrelada a guerras. O estilo
das estratégias de guerra em diversas culturas (etnos) é determinante do estilo de matemática que se
desenvolve. Isto é, o desenvolvimento da matemática revela as estratégias de guerra. Nesta palestra pretendo
dar exemplos que apóiam essa asserção. E termino com a pergunta: é possível uma matemática que não se
desenvolve visando estratégias para matar?

Considerações gerais e a opinião de G.H.Hardy.

Tenho escrito muito sobre Mathematics for Peace e Mathematics and War. O tema vem atraindo interesse
de muitos matemáticos. O enfoque mais comum é reconhecer que, ao longo da história, a matemática,
desenvolvido com objetivos vários, tem sido apropriada pelas forças dominantes e utilizada para fins
bélicos.

Segundo Houaiss, guerra é uma “luta armada entre nações, ou entre partidos de uma mesma nacionalidade
ou de etnias diferentes, com o fim de impor supremacia ou salvaguardar interesses materiais ou
ideológicos”. O que tem a matemática a ver com isso? A guerra sempre foi útil para fornecer dados que
permitiram o surgimento de uma matemática censitária, e os primeiros exemplos dessa aplicação
matemática encontram-se nas crónicas de guerra, desde a antiguidade. Os estudos de estratégia O clássico
A Arte da Guerra, de Sun Tsu (século IV a.C.), bem como Sobre a Guerra, de Carl Von Clausewitz (1780-
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1831), são um misto de filosofia e de reflexões sobre estratégia, semelhante a um manual de resolução de
problemas. A matemática mais sofisticada para lidar com estratégias é a teoria dos jogos, introduzida no
livro clássico de John von Neumann e Oskar Morgenstern The Theory of Games and Economic Behavior,
publicado em 1944. Hoje, tanto os livros de natureza mais filosófica, como os de Sun Tsu e de von
Clausewitz, quanto o de matemática avançado, como o de von Neumann e Morgenstern e outros que se
seguiram, são muito utilizados em cursos e seminários de negócios, administração de empresas e economia.
Na informática, os chamados “jogos de guerra” praticamente dominam o mercado e são muito defendidos
por educadores matemáticos e psicólogos. A intimidade de Matemática e Guerra é inegável.

Mas essa intimidade não se limita ao fato de a matemática servir de amparo teórico para intelectualizar a
estratégia nas guerras. O desenvolvimento da matemática permite a efetiva construção de armas e para o ato
de matar. Não se pode demonizar a matemática por isso, nem mesmo os matemáticos, Ao produzir
tecnologia ou conhecimento, sua utilização pode ser desvirtuada. Isso vem desde a prehistória. A pedra
lascada, desenvolvida com o objetivo de descarnar carcaças de animais e melhorar o regime alimentar dos
homens tornou-se um instrumento de agressão. Mata-se com a faca que é uma elaboração da pedra lascada.
O mesmo se dá com a lança. Originalmente inventada para caçar com segurança, tornou-se o instrumento
agressivo por excelência. Inclusive desenvolveu-se como um fator social (espada) e cognitivo (arte do
arqueiro).

Como se desenvolve a matemática? A natureza e as grandes motivações para seu desenvolvimento são
identificadas como satisfação de necessidades materiais e de necessidades intelectuais, inclusive espirituais.
G.H. Hardy sintetiza, num livro de 1967 que se tornou um clássico, A Mathematician’s Apology,1 o
desenvolvimento da matemática em duas grandes vertentes: uma estratégia para a busca de verdade e pela
sua beleza neutra. Essa aparente dicotomia leva a distinguir o que se convenciona chamar Matemática
Aplicada de Matemática Pura. Embora eu veja essa distinção não só como impossível, mas equivocada, pois
ambas estão numa relação verdadeiramente simbiótica, as implicações filosóficas dessa distinção são
apropriadas para uma reflexão sobre o tema deste trabalho.

1
G. H. Hardy: Em Defesa de um Matemático (trad Luis Carlos Borges), Martins
Fontes Editora, São Paulo, 2000.

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Godfrey Harold Hardy (1877-1947), ou simplesmente G.H. Hardy, como é conhecido, era Fellow of the
Royal Society, Professor da Oxford University e, a partir de 1931, da Cambridge University. Foi um dos
mais importantes matemáticos do século XX. Além de seus importantes trabalhos em Teoria dos Números e
Séries Divergentes, seu livro de ensino de Cálculo, A Course of Pure Mathematics, de 1906, é um marco. A
colaboração de Hardy com J. E. (John Ederson) Littlewood (1885-1977) é apontada como uma das mais
significativas parcerias na história da matemática. Ambos, personalidades distintas, se completavam. O
reconhecimento do talento matemático do funcionário dos correios da Índia, S.(Srinivasa) Ramanujan
(1887-1920) é um dos melhores exemplos de humildade de um gênio matemático e revela sua abertura a
tradições distintas. A partir de 1931, Hardy conheceu C.P.(Charles Percy) Snow (1905-1980), proponente da
tese das Duas Culturas (isto é, ciências vs humanidades), e daí surgiu grande amizade. No Prefácio do livro
de Hardy, A Mathematician’s Apology (1967), Snow descreve o encontro dos dois. Uma deliciosa peça de
encontro de duas personalidades marcantes. Neste livro, que é uma das mais importantes peças de filosofia
não-tradicional da matemática, Hardy discute sobre Matemática Pura e Aplicada e, a partir daí reflete sobre
Matemática e Guerra.

As considerações sobre a neutralidade da matemática podem ser sintetizadas em alguns parágrafos


antológicos:

“Existem, então, duas matemáticas. Existe a matemática de verdade dos matemáticos de verdade, e
existe o que chamarei de matemática ‘trivial’, por falta de palavra melhor.
...

Concluímos que a matemática trivial, no geral, é útil, e que a matemática de verdade, no geral, não é;
que a matemática trivial ‘faz bem’ em certo sentido, e a matemática de verdade não faz; mas ainda
temos que perguntar se algum dos tipos de matemática faz mal. Seria paradoxal afirmar que um ou
outro tipo de matemática faz o mal em tempo de paz, de modo que somos levados a considerar os
efeitos da matemática sobre a guerra.
...
Há uma conclusão confortadora a que o matemático de verdade chega facilmente. A matemática de
verdade não tem nenhum efeito sobre a guerra. Ninguém descobriu ainda nenhum propósito bélico a
que possam servir a teoria dos números ou a da relatividade, e parece muito improvável que alguém
o faça no futuro próximo.

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...
Assim, o matemático de verdade tem a consciência limpa;...a matemática é uma ocupação
‘inofensiva e inocente’.
A matemática trivial, por outro lado, tem muitas aplicações na guerra.”
(pp.129-131)

Essa posição parece-me ingênua. Dificilmente podemos contestar que Alan Turing era um matemático de
verdade. No entanto, sua contribuição, como criptógrafo, na decifração do código que dava à marinha alemã
uma devastadora capacidade de torpedear navios que se dirigiam à Inglaterra. Justamente os especialistas
em Teoria dos Números e Lógica são os mais recrutados para o serviço de inteligência nas forças armadas.

Uma Matemática mais relacionada com as ciências sociais, como a economia, era quase rejeitada pelos
matemáticos puros. É interessante a observação de John F. Nash, ao se referir, na sua Autobiografia, ao
momento de apresentar sua tese de doutorado na Princeton University. Ele é muito explícito sobre essa
rejeição e diz:

“Eu estava, portanto, verdadeiramente preparado para a possibilidade que o trabalho de teoria dos
jogos poderia não ser considerado aceitável como uma tese no Departamento de Matemática e então
eu poderia cumprir o requerimento de uma tese de doutorado com [meus] outros resultados
[variedades e variedades algébricas reais]”.2

Não é sem razão a preocupação de John Nash. A teoria dos jogos ganhou evidência com a publicação, em
1944, da obra seminal de John von Neumann e Oskar Morgentern: Theory of Games and Economic
Behavior, na qual os autores deixavam bem claro que poderiam fundamentar uma nova ciência matemática,
cujo alvo era o mercado, assim como o alvo do cálculo de Newton era a física. Uma aproximação com as
ciências sociais não era vista com bons olhos pelos matemáticos tradicionais.

Num artigo de muito impacto, de autoria de Anthony Judge,3 que foi até 2007 Director of Communications
and Research da Union of International Associations (UIA), é contundente:

2
http://nobelprize.org/economics/laureates/1994/nash-autobio.html acesso em
24/11/2008.
3
http://www.laetusinpraesens.org/docs/mathbom.php acesso em 24/11/2008
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“Os matemáticos – tendo dado o apoio completo da sua disciplina para a indústria de armamentos
equipando os sistemas de mísseis – diriam que seu pensamento sutil está muito além da
compreensão daquelas que estão negociando. . . . Como sempre acontece com os protagonistas de
qualquer conflito, eles negam qualquer responsabilidade por falhas e pela maneira com a qual
reforçam soluções simplistas e insustentáveis que levam a maiores massacres”.

Uma síntese histórica e a situação atual.

Não é novidade que as guerras sempre mobilizaram grandes recursos materiais e humanos ligados às ciência
e à tecnologia. Particularmente, grandes cientistas e matemáticos despontaram como heróis em momentos
de guerra. Arquimedes é apontado como o primeiro matemático militar da história. Possivelmente, uma
imagem falsa, construída muito tempo depois. Tartaglia era empregado para cálculos balísticos. Viète era
assessor criptógrafo do Rei de Navarra. Os físicos nucleares, na verdade matemáticos, do século 20,
juntamente com outros cientistas e matemáticos tiveram participação decisiva na Segunda Guerra Mundial.
As guerras têm sido as grandes propulsoras de avanço científico e tecnológico.

A Segunda Guerra Mundial foi notável para impulsionar o avanço científico e tecnológico, particularmente
o avanço da matemática.

A nova matemática desenvolveu-se integrada à tecno-ciência e a estratégias políticas, muitas vezes


contrariando a matemática tradicional, formal, dominante. Claro, sempre presente esteve um grande esforço
para enquadrá-la no formalismo “oficial”. Surgiram, dentro do próprio ambiente matemático, teorias novas
como Programação Linear e Dinâmica, Pesquisa Operacional, Teoria das Comunicações, Informática,
Cibernética, Teoria dos Jogos. Mas não sem uma certa hesitação quanto a sua aceitação pelos matemáticos
puros, ainda fortemente atrelados à matemática originada da Mecânica Newtoniana.

O melhor exemplo da intimidade que se criou entre as ciências, integradas, e os interesses do Estado foi o Projeto Manhattan, do qual resultou, em 1945, a bomba
atômica. Independentemente das suas especialidades e das suas nacionalidades, todos os cientistas passavam por um estrito sistema de credenciamento, e os
resultados das pesquisas, qualificadas como “classified”, só eram acessíveis a cientistas qualificados por nível de confiabilidade.

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O pós-guerra trouxe alguns elementos novos ao cenário do desenvolvimento científico-tecnológico, social,


político e econômico. No campo científico-tecnológico, os sistemas de segurança criados para o Projeto
Manhattan foram intensificados e atingiram seu auge nos Estados Unidos, na chamada “era McCarthy”,
resultado de medidas estritas propostas pelo Senador Republicano Joseph R. McCarthy (1908-1957). O
clima de denúncias e investigações sobre atividades subversivas no mundo acadêmico fez inúmeras vítimas.
O mais notório é a eletrocussão, sob denúncias mas com erros no procedimento jurídico, do casal de físicos
Julius e Ethel Rosenberg. Até 1954, quando o Congresso americano restabeleceu a ordem constitucional, os
prejuízos dessa política foram enormes para o mundo acadêmico. Uma situação semelhante ocorria na
União Soviética e as medidas tiveram enorme repercussão nos países satélites dos dois blocos. Este é um
tema pouco estudado, particularmente sobre as repercussões no Brasil e na América Latina.

Nos campos social, político e econômico, o mais evidente foi uma nova geopolítica, marcada pela
descolonização, o que exigiu novas estratégias de influência que antes, na ordem colonial, eram
desnecessárias.

Começa-se, então, em função dessas estratégias, a dar maior atenção às culturas até então subordinadas pelo
modelo colonial. É relevante a emergência de uma nova antropologia, fortalecida por uma tentativa de
reafirmação do estruturalismo. A obra de Claude Lévi-Strauss (1908-), iniciada na década de 30, consolida-
se com obras como Les strutures élémentaires de la parenté (1949), Tristes tropiques (1955), Anthropologie
structurale (1958), La pensée sauvage (1962).

Na matemática, a monumental obra de Nicolas Bourbaki, já mencionada acima, teve profundos reflexos na
educação, apoiando-se num estruturalismo que dominou as ciências cognitivas da época (Jean Piaget é a
referência básica), e deu inicio aos movimentos de modernização do Ensino de Matemática, de Física e das
Ciências em geral. Na verdade, movimentos para se ensinar o velho com roupas modernas!

O pós-guerra foi profundamente marcado pelo que se chamou a Guerra Fria, que era uma desenfreada
corrida armamentista liderada pelas duas grandes potências que emergiram da Segunda Guerra Mundial, os
Estados Unidos da América e a URSS, e envolvendo seus respectivos satélites. Foi um momento de
cooperação e integração da matemática e das ciências, e os recursos financeiros fluíam, com abundância e
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generosidade, para o desenvolvimento científico e tecnológico. Era um fato comum que cientistas e
laboratórios acadêmicos fossem, praticamente, mantidos mediante contratos com o US Office of Naval
Research, com o US Army Reserarch Office, com a US Air Force, com a National Administration of Space
and Astronautics, com a US Atomic Energy Commision, com a North Atlantic Treaty Organization. Era
comum falar-se em “classified research”, isto é, resultados de pesquisa que só podiam ser publicadas após
um tipo de nihil obstat dos órgãos financiadores, de acordo com critérios que garantissem a segurança do
“mundo Livre”. Países satélites, então construindo seus quadros científicos, inclusive o Brasil,
beneficiaram-se desses fundos. A crítica, por ingenuidade, por conveniência ou por temor, era muito fraca.
Poucos matemáticos recusavam-se a receber fundos provenientes das forças armadas. Embora essa época
esteja sendo bem estudada, as repercussões dessa situação, no Brasil e na América Latina, merecem maior
atenção dos pesquisadores em História das Ciências.

A associação estreita do estado e do complexo financeiro-industrial com as universidades e os institutos de


pesquisa teve, como resultado, um desenvolvimento sem precedentes de novas áreas de pesquisa acadêmica.
Foi particularmente favorecido o que viria a ser chamado tecno-ciência, geralmente rompendo as barreiras
dos departamentos acadêmicos tradicionais, e favorecendo a necessária integração da matemática com as
demais áreas do conhecimento científico.

A presença da tecno-ciência é a grande novidade no conhecimento, no comportamento e no cotidiano atual.


A tecno-ciência não é uma prática cultural; é a prática cultural da contemporaneidade.

Hoje, os departamentos acadêmicos tradicionais, embora tentem resistir, são meros subsidiários de projetos
de pesquisa, em áreas como Cibernética, Inteligência Artificial, Mecatrônica, Nanotecnologia, Biologia
Molecular, Teorias da Mente e da Consciência, Novos enfoques à Cognição e Aprendizagem, Teoria dos
Jogos, Teoria Geral de Sistemas, Fractais, Teorias Fuzzy, Teorias de Caos. Todas essas áreas têm muito
conteúdo matemático, mas são fortemente integradas com as outras ciências e, portanto, sujeitas a outros
padrões de formalismo e rigor.

Uma pergunta que normalmente ocorre é sobre o que vai se passar com a Matemática tradicional na
transição do século 20 para o século 21?

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Há questões não resolvidas, que continuam estimulando pesquisa matemática tradicional. Lembro aquelas
que receberam muita publicidade, como o teorema de Fermat (formulado em 1663) e a hipótese de Riemann
(formulada em 1859). O interesse acadêmico em questões assim leva a prêmios multimilionários, mas os
detalhes das resoluções ficam restritos a pouquíssimos indivíduos. Os passos envolvidos na soluções
premiadas são inacessíveis, não só ao cidadão comum, mas inclusive aos matemáticos não da área
específica. Aceitar que problemas como esses foram resolvidos e fazem jus aos muitos milhões de dólares
de premiação implica algo como um ato-de-fé no complexo acadêmico!

A aceitação do conhecimento matemático como um ato-de-fé, isto é, uma forma de “infalibilidade” das
instituições, tem óbvias repercussões negativas na atitude geral da sociedade. Facilita a aceitação, pela
sociedade, do novo, sem ter idéia do que está aceitando. A retórica da autoridade institucional garante a
subordinação a desígnios e interesses de indivíduos, de grupos religiosos, de grupos econômicos e
financeiros, e de partidos políticos. Essencialmente, subordina a sociedade como um todo ao poder.

Essa subordinação é notada no dia-a-dia, como por exemplo a manipulação estatística de pesquisas bio-
médicas, a questão dos transgênicos, e a legislação sobre aborto, com a retórica da moralidade e de tantas
outras formas de manipulação da opinião.

Mas nada é tão fortemente eficaz quanto o discurso do terrorismo que ataca e do anti-terrorismo que
defende. O anti-terrorismo se resolve por reforçar os mecanismos de defesa. Mas a lição primeira de
estratégia é que a melhor defesa é o ataque preventivo. O ataque preventivo é uma forma de destruir e matar
indiscriminadamente. Esse ataque depende de matemática em suas várias fases, do planejamento à
execução.

Assim, a matemática e os matemáticos são recrutados, o que é irrecusável,


por razões convenientemente manipuladas,
para a ação na defesa, isto é,
para o ataque preventivo.

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