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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Nome: Carolina Mann de Oliveira


DRE: 113023319
Professor: Michel Gherman

Trabalho final da eletiva Novas Historiografias da Shoá

Artes no Nazismo: A Arte Degenerada do Ideal Estético Nazista


“Esta exposição representa o fim da loucura na arte e a negação da cultura do povo
alemão. Doravante, nós amargaremos uma guerra purificadora contra a desintegração de nossa
cultura” – Adolf Hitler.

Introdução: A purificação da raça


É desta forma que Adolf Hitler, primeiro ministro da Alemanha e líder do Partido
Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães descreve a cultura moderna. O partido, surgido
em 1920, tinha um projeto cultural e estético que tinha por objetivo tornar a Alemanha o centro
do mundo moderno. Para tal, toda a cultura alemã deveria ser purificada daquilo que trazia a sua
degeneração. Friedrich Nietzsche, em Segunda Consideração Intempestiva dizia que o povo
alemão, por sua cultura das lembranças, tinha perdido a capacidade de ação e, portanto, perdido
sua força como agente modificador da história. Para retomar sua posição, aquele que tivesse sido
injustiçado pela história deveria se utilizar da História Crítica para prestar contas com o passado
que tinha o oprimido. No caso alemão, este passado remetia a derrota humilhante da Primeira
Guerra Mundial e o Tratado de Versailles. Após a Primeira Guerra Mundial a Alemanha, além
de receber as sanções comuns quando se perde uma guerra, sofreu muito com o aumento da
inflação graças às dívidas que passou a ter com os países que venceram, perdeu diversas regiões
de seu território e foi retirada da comunidade científica europeia, mesmo que tivesse grandes
avanços neste campo. A História Crítica, juntamente com a ideia de Super Homem, ou Além do
Homem, que é também uma ideia de Nietzsche e que pressupõe o homem que, individualmente,
supera a sociedade, construíram o pensamento do Partido Nacional Socialista de que a sociedade
alemã deveria passar por uma reversão. Esta reversão envolveria retirar da sociedade todos
aqueles que a estivessem prejudicando. Segundo o filme Arquitetura da Destruição (Architektur
des Untergangs), de 1989 e dirigido por Peter Cohen, eram três grupos que estavam
comprometendo o crescimento forte e belo da nova Alemanha: os miscigenados, os doentes e os
judeus.
As teorias raciais e de eugenia tem uma grande importância para o projeto nazista como
um todo. Os alemães, após sua derrota na Primeira Guerra Mundial, se percebiam como uma
sociedade que estava enfraquecida e que precisava se reinventar. Para afastar o comunismo, que
crescia forte em toda a Europa e era percebido como uma ameaça à nação, o Partido Nacional
Socialista se aproximou de perspectivas que distanciassem a luta de classes, percebendo que os
trabalhadores se uniriam pelo vinculo da raça e da nacionalidade. Para tal, as teorias raciais
tiveram grande impacto e a ideia da existência de raças e da superioridade da ariana em relação às
outras tomou grandes proporções. No filme Homo Sapiens 1900, do mesmo diretor de
Arquitetura da Destruição, há uma grande discussão sobre Eugenia e sobre Higiene Racial. A
biologia passa a ser a salvação do mundo ocidental das doenças hereditárias que levavam a
decadência das grandes civilizações. Francis Galton é o inglês que primeiro criou o conceito de
eugenia. Seu objetivo era o controle da seleção natural, que traria a continuidade e o cultivo das
raças superiores pelo ideal da eugenia positiva, ou seja, da procriação de seres superiores entre si.
Já a eugenia negativa, isto é, a reprodução de raças superiores com inferiores era dissuadida. Em
todo mundo as teorias eugenistas tomaram muita força e em cada lugar elas tomavam uma forma.
Em Homo Sapiens 1900 há uma comparação entre a URSS e a Alemanha no que se refere ao
ideal de evolução da raça: enquanto a união soviética se empenhava no estudo sobre gênios,
estudando cérebros e genes destes superdotados, a Alemanha se interessava pelo corpo e pela
estética.
Ainda segundo o filme Arquitetura da Destruição, o primeiro alvo do projeto de limpeza
racial promovido pelo Partido Nacional Socialista eram os doentes (físicos e mentais). Estes
passaram a ser vistos como indivíduos que, apesar de advirem da raça ariana, não traziam a
estética e a beleza necessária para o fortalecimento da raça e por isso deveriam ser rechaçados. O
filme traz números assombrosos dados pelos escritos da época, no qual se calculava um
crescimento de 450% da população deficiente, enquanto a população alemã teria crescido
somente 50%. Mesmo que estes números não sejam exatos, eles mostram a extensão do
pensamento nazista a respeito da população doente e de como esta, por crescer tanto, estava
deixando toda a nação deficiente. Por isso ideias como a esterilização em massa surgiram em
todo mundo e foram amplamente aceitas em diversos países. Mesmo que muitas vezes, como na
Suécia, ela não fosse compulsória, a esterilização era bastante estimulada em pessoas abaixo da
média intelectual ou portadoras de alguma deficiência hereditária.
Nesta lógica, ambos os filmes mostram o papel central que os médicos passam a exercer.
Os cientistas, no geral, agora eram vistos como capazes de ajudar a melhoria racial e evitar a
degeneração e os médicos, especificamente, se tornaram centrais na identificação do que era
esteticamente agradável e o que era racialmente inaceitável. Estes deixaram de estar a serviço do
indivíduo e passaram a estar a serviço de toda a nação e raça. A população doente, segundo o
discurso nazista mostrado no filme, crescia cada vez mais e era necessário que fosse contida. Em
1933 foi sancionada a lei de esterilização de doentes e após o início da guerra a eutanásia se
tornou uma prática comum para eliminação de inferiores. A prática da eutanásia em crianças
nascidas com doenças hereditárias ou deficientes era uma ideia já presente na Europa do período,
principalmente ligada à figura de Alfred Ploetz, que, em 1895, cria a ideia de matar bebês
“fracos”. Dr. Haiselden também é um médico ligado à eutanásia, pois se recusava a fazer
cirurgias que salvariam bebês nascidos doentes ou, quando as fazia, propositalmente matava estes
bebês. Um filme é feito no qual ele é representado e, em uma das cenas fatídicas, ele assassina
um recém-nascido. Por ordens diretas do Führer, essa prática se tornou disseminada em toda
Alemanha, mas por desconfiança da população alemã com um governo que matava seus próprios,
ela era feita discretamente. Primeiro enviavam para a família uma carta que o paciente seria
mudado de lugar por conta da guerra. A segunda carta informava a chegada deste no novo destino
é a terceira e última avisava a família sobre a morte daquele paciente, por motivos inventados.
Todas essas cartas tinham assinaturas falsas. A purificação se inicia eliminando da raça ariana
suas deficiências e higienizando-a. E é nas artes que esta purificação deve ser vista, já que a arte é
um artefato de contemplação pessoal e é a forma que o homem encontra de buscar harmonia e
beleza, fugindo de suas inadequações e de suas impotências. Desta forma, também há um
processo de eugenia das artes que pretende eliminar as vanguardas modernas, principalmente o
expressionismo, e retornar ao ideal da Antiguidade Grega de perfeição.

Capitulo 1: “Sinto-me como um Robert Koch da política”


Além dos deficientes, que seriam um problema de dentro da raça, os judeus se tornaram
um grupo extremamente problemático para o fortalecimento da Alemanha segundo o ideal
nazista. Monica Grin e Bernardo Sorj retomam as questões de Saul Friedländer sobre três fases
da exclusão de populações. A primeira fase seria a exclusão legal baseada em perspectivas
pseudocientíficas, que até 1935 era majoritariamente voltada para população deficiente, deixando
a questão judaica para segunda instância. O extermínio judaico, como diz om historiador Michel
Löwy, iniciado depois do assassinato de deficientes, foi feito já com a experiência deste e por
isso teve um trabalho ideológico mais amplo. Por esse motivo não houve grande reação da
população, como houve com os deficientes.
Zygmunt Bauman analisa o processo de inserção do judeu na sociedade moderna. Em
primeiro lugar é importante salientar a discussão a respeito da classificação de populações como
judaicas. A classificação das populações se torna uma política pública do Estado alemão e a
identificação de quem era ou não judeu, por parte do estado e não como uma identificação
pessoal, é um fenômeno, segundo Bauman, essencialmente moderno. Na modernidade, quando o
grupo judaico sai de suas comunidades fechadas e se insere na sociedade, não fazem parte dos
mitos fundadores daquela sociedade, pois estes se ligam as questões étnicas nas quais os judeus
não estão incluídos. Por isso, sua participação da nação, em um contexto no qual o nacionalismo
e o mito fundador tinham grande importância, se tornou um problema. No início da modernidade,
passaram a existir diferentes correntes de percepção do judaísmo, que se diferenciavam tudo
entre si. Correntes como, por exemplo, a Ortodoxia, a Haskalá ou, mais para frente, o Bund eram
formas deste judeu de se inserir na sociedade que surgia. Contudo, para estas sociedades, os
judeus passam a ser vistos como o fantasma que traz problema e causa grande desconforto para
toda a Europa, principalmente nos lugares em que este judeu é mais assimilado e mais integrado.
Segundo Bauman, o holocausto não é um evento somente alemão, ele é um evento europeu, pois
aconteceria em qualquer país da Europa, dependendo somente de suas condições. A proximidade
de judeus da sociedade moderna e o início da visibilidade deste grupo trouxeram o ódio e, assim,
a possibilidade de um acontecimento como a Shoá.
Para Bauman, deste encontro surge, em primeiro lugar, o preconceito da visibilidade e,
em segundo lugar, o preconceito sistematizado, que é parte da instituição de uma radicalização no
Estado. Bauman se difere da historiografia tradicional sobre o Holocausto, que o percebe como a
culminância de um processo longo de perseguições, quando nota que a heterofobia, ou seja, o
desconforto com o diferente, não gera o genocídio. Para o autor, o genocídio é gerado por um
antissemitismo eugenista, que percebe o judeu como uma anti-raça, ou seja, uma raça
transnacional e não cristã que se assimila as raças superiores e, ao penetrar, as degenera.
Hannah Arendt, apesar de se distanciar de Bauman no que se refere à percepção
historiográfica, eles podem se relacionar quando tratam da perseguição judaica. Arendt percebe
que o conceito disseminado na comunidade judaica de “Povo Escolhido” produz a ideia de
perseguição como algo inexorável a este povo, e constrói uma identidade de perseguidos. Se a
perseguição tem fim, a identidade construída por ela perde a força então, de forma bastante
pragmática, Arendt percebe a parcela de culpa dos judeus em sua própria perseguição.
Ao analisar os processos políticos se consolidam na Alemanha nazista com objetivo de
excluir esta população é imperativo que estudemos as leis de Nuremberg, criadas em 1933. As
leis de Nuremberg foram leis que tinham por objetivo “preservar o sangue alemão”, ou seja,
evitar a mistura de raça que levaria a eugenia negativa, como já falado no capítulo anterior.
Tendo como base uma árvore genealógica que voltaria duas gerações, os avós do indivíduo
deveriam ser analisados para que a raça deste indivíduo fosse estabelecida e, com isso, o seu
lugar na sociedade alemã. Desta forma, as leis pretendiam conter a dimensão degeneradora que
raças inferiores trariam para os arianos. Por isso foram proibidos matrimônios, coabitação e até
relações sexuais entre judeus e alemães. O objetivo principal não era somente segregar a raça
judaica, mas sim evitar a procriação e a miscigenação com a ariana. Por isso algumas das leis
estabelecem uma faixa etária para a proibição do contato, como por exemplo, o artigo 3°, no qual
“os judeus são proibidos de terem como criados em sua casa cidadãos de sangue alemão ou
aparentando com menos de 45 anos”. A análise das leis de Nuremberg é de extrema importância
para a historiografia, pois nela podemos identificar a diferença do antissemitismo moderno com o
medieval. No antissemitismo medieval a principal questão para exclusão dos judeus é o fato deles
não serem cristãos. Todavia, nas leis de Nuremberg, percebemos como grande objetivo o
afastamento do sangue judaico, ou seja, da raça judaica, dos cidadãos arianos, e não a religião. A
questão religiosa passa para segundo plano e o judeu passa a ser uma raça. Por esse motivo, a
questão da eugenia e da hierarquia de raças toma importantes proporções no regime nazista.
Todas as manifestações alemãs ligadas a essa ideologia passam a ter por objetivo mostrar a
superioridade e a perfeição ariana. As artes não escapam deste contexto, elas passam a ser vistas
como “um espelho para a saúde mental do povo” (Arquitetura da Destruição).

Capítulo 2: Espelho quebrado


No início do século XX surge uma modificação na percepção artística de formas
diversificadas na Europa. Todos estes estilos que surgem, as vanguardas europeias, rejeitam a
arte clássica, tanto em sua forma quanto no conteúdo e pretendem retratar a modernidade em seus
quadros, esculturas e literatura. Na Alemanha do início do século emerge fortemente o
movimento expressionista, que visa uma obra bastante subjetiva e emocional, já que imprime no
objeto o que vem do interior para o exterior (por isso expressionismo), isto é, ele cria uma
realidade própria a partir da subjetividade do artista. O expressionismo vem contrariar o
impressionismo, criticando esta vertente de não ceder às sensações visuais quando vai representa
a realidade. Ainda se mantendo no plano do real (ao contrário do simbolismo, que traz o plano
onírico para a representação), o expressionismo estabelece uma comunicação com o interlocutor
e com seu momento histórico, é uma arte engajada. Em 1905 surge na Alemanha uma vertente do
expressionismo chamada Die Brücke (A ponte) que nasce de uma frente contra o
Impressionismo, que “não era um naturalismo banal, mas uma rigorosa pesquisa sobre o valor da
experiência visual como momento primeiro e essencial da relação entre sujeito e objeto”
(ARGAN, p. 228). O grupo Die Brücke, assim como o grupo oposto a ele, os Fauves da França,
tinha como estética as cores sólidas, linhas largas e a decomposição da aparência natural, que
dava a figura pintada uma aparência de concreta, material, pesada e que pretendia exteriorizar o
ritmo da pintura, o impulso da obra e a evolução da criação. Giulio Carlo Argan, em seu livro
Arte Moderna, ao investigar este movimento fala: “A deformação expressionista não é caricatura
da realidade: é a beleza que, passando da dimensão do ideal para a dimensão do real, inverte seu
próprio significado, torna-se fealdade, mas sempre conservando seu cunho de eleição.” (p. 240).
É desta forma que a arte alemã inicia o século XX. Assim como muitos alemães no pós-guerra, o
artista impressionista Gustav Klimt, que só viveu até 1918, percebe que a sociedade está em lenta
decadência. Contudo, diferente destes alemães, Klimt se sente fascinado pelo “crepúsculo
histórico” (expressão usada por Argan) e pela desintegração da noção de belo nas artes.
A República de Weimar, nome dado à Alemanha após a Primeira Guerra Mundial, já que
esta moveu sua capital de Berlim para Weimar, foi um período de diversas contradições políticas,
que pendiam entre decisões democráticas e autoritárias, mas que, curiosamente, abarcou um
grande desenvolvimento artístico acompanhado de grande libertação corporal de grupos como
homossexuais e mulheres. O expressionismo se aproximou do povo e se torna uma forma de
contestação social, uma arte engajada. Depois de percebermos como se desenvolveu a teoria da
eugenia a partir do filme Homo Sapiens 1900, podemos relacionar a questão da Higiene Racial
com a estética artística desenvolvida pelos nazistas, a partir de Arquitetura da Destruição.
Podemos perceber que o Partido Nacional Socialista, muito ligado à ideia de pureza, via com
maus olhos as artes modernas, entendendo-as como caóticas e como uma decadência cultural do
povo alemão. Essa decadência era explicada pela presença de raças inferiores se miscigenando e
pela influência dos judeus, a anti-raça que tentava destruir aquela sociedade. As obras, que
retratavam figuras humanas cuja forma era extremamente alterada, deixando de seguir a
representação naturalista de perfeição, chegando até a deformação, eram vistas como um sinal de
doenças mentais do artista e precisavam ser banidas para a saúde da nação. Esta forma de arte foi
considerada degenerada e banida da Alemanha. Paul Schultze-Naumburg, um arquiteto alemão,
lançou em 1928 um livro chamado Kunst und Rasse (Arte e Raça) no qual é apresentado o
paralelismo entre imagens de pessoas deficientes e de quadros modernistas com objetivo de
mostrar a arte modernista como uma representação e valorização da doença. Essas imagens são
utilizadas no filme Arquitetura da Destruição e se tornam emblemáticas para o entendimento do
que é considerado arte degenerada. Portanto, a forma artística na qual o povo alemão deveria se
inspirar era Antiguidade Clássica, que mostrava as formas perfeitas da raça superior.
Assim, pouco antes da Segunda Guerra foram realizadas amostras internacionais de “Arte
Degenerada” inaugurada em Munique, em 1937, passou por diversas cidades alemãs, como
Mannhein, Nuremberg, Dessau, Stuttgart e Dresden. As obras expostas, entre pinturas, esculturas,
desenhos e livros, foram reunidas por Adolf Ziegler, um artista e político formado pela Academia
de Belas-Artes de Munique, que se tornou o Presidente da Câmara das Artes do Terceiro Reich.
Obras de pintores modernistas consagrados foram expostas junto com quadros pintados por
doentes mentais em instituições psiquiátricas. Tal acervo, segundo Ziegler, era “fruto da
insanidade, imprudência, inépcia e completa degeneração”. Como salienta Yeda Arouche, em
uma entrevista concedida a IHU On-line sobre a perseguição nazista à arte “fluía um discurso
político moralizante e insultos atirados contra a estética modernista”. O objetivo da exposição era
expor e depois destruir “toda manifestação artística que insulta o espírito alemão, mutila ou
destrói as formas naturais ou apresenta de modo evidente as “falhas” de habilidade artístico-
artesanal” (Enciclopédia Itaú Cultural). É importante chamar atenção para a origem do termo arte
degenerada, em alemão Entartete Kunst, no qual Entartet (degenerado) é um termo que vêm da
biologia para designar seres tão modificados que não são mais reconhecidos como parte da
espécie. Mais uma vez, a biologia é utilizada como a ciência que estabelece os padrões estéticos
aos quais a raça superior deve seguir e o que se considera saudável para esta nova nação, forte e
bonita que era o grande objetivo do partido nacional socialista.
Após essa exposição, o governo inicia um processo de expropriação de varias artes,
queimando livros e pinturas ou leiloadas para arrecadar dinheiro para os projetos nacionais.
Diversos artistas modernistas tiveram que imigrar, enquanto artistas que seguiam as diretrizes de
pureza estética do partido eram muito valorizados, participando do projeto de nação idealizado
por Hitler. No filme Arquitetura da Destruição apresenta um manifesto escrito por artistas logo
após a ascensão de Hitler como Führer, no qual desejam que o novo governo destrua a arte
bolchevique e judaica e se colocando como voluntários para vigiar as obras expostas e combater
os degenerados.
O filme mostra também como Hitler se tornou um verdadeiro mecenas das artes que lhe
agradavam esteticamente, tendo uma equipe, em destaque o fotógrafo Heinrich Hoffmann, que
separava quadros que o agradariam. Hitler, ao comparecer as exposições organizadas, comprava
diversas obras, chegando a adquirir ⅓ de uma exposição. Desta forma, podemos perceber como o
Partido Nacional Socialista usava as artes como um importante projeto de governo, coerente com
as questões de higiene racial e uma justificativa diversa para o extermínio de determinadas
populações. Desta forma, a arte se tornava parte importante das políticas públicas deste governo,
tanto a pintura e a escultura semelhantes a Antiguidade Grega, que retratavam as formas perfeitas
quanto o cinema e a propaganda, que retratavam o alemão limpo, saudável, puro, bonito e
trabalhador, como por exemplo no filme Beleza no Trabalho”.
O cinema, então, se tornou uma forma efetiva de convencimento de estereótipos que
legitimariam as ações do Estado frente a populações como judeus, ciganos, negros,
homossexuais, comunistas, doentes mentais e deficientes físicos. Além disso, o Terceiro Reich
constrói diversos prédios públicos monumentais e com uma estética que demonstraria a força e
imponência do governo. Hitler, que sempre sonhou em ser artista, idealizou diversas destas
construções, sempre com objetivo de se tornarem prédios que mostram a superioridade alemã.
Havia um projeto grandioso de reconstrução de Berlim, que voltou a ser capital depois do fim da
República de Weimar, que a faria ser mais bela que Paris de Hausmann. “Atenas, Esparta e
Roma. Se criarmos uma síntese dessas três, nosso país nunca perecerá.”, era o que Hitler
acreditava.
Desta forma, a estética valorizada no regime nazista tinha grandes influências das teorias
da eugenia que criaram todo aporte ideológico para o extermínio de diversos grupos considerados
inferiores. Este fenômeno, essencialmente moderno, não teve consequências somente na política
mundial, mas também nas artes e na identidade de diversas populações que, apesar de não
perceberem, constroem sua identidade baseada em fatores externos de perseguição e ódio.
Felizmente, existem perspectivas capazes de ver o projeto estético nazista como um fenômeno
moderno que levou a um acontecimento excepcional, que quebrou paradigmas na história, e não
de algo que contruiu um desfecho para uma continuidade de perseguições.

Referências Bibliográficas:
ARENDT, Hannah. Eichmann em Jerusalém: um relato sobre a banalidade do mal. São Paulo:
Ed. Companhia das Letras, 1999.
AROUCHE, Yeda. Perseguição nazista à arte: o modernismo como arte “degenerada”.
http://www.ihuonline.unisinos.br/index.php?option=com_content&view=article&id=1963&secao
=265 Ultimo acesso: 01/08/2016
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade e Holocausto. Tradução de Marcos Penchel. Rio de Janeiro:
Zahar, 1998.
COHEN, Peter. Arquitetura da Destruição [Filme-video]. Peter Cohen. Suécia, 1992. Filme
retirado do Youtube, 121 minutos. Color, som. Link:
https://www.youtube.com/watch?v=gDqGT4xepjQ
____________. Homo Sapiens 1900 [Filme-video]. Peter Cohen. Suécia 1998. Filme retirado do
Youtube, 88minutos. Preto e Branco, som. Link:
https://www.youtube.com/watch?v=TPSjjElIIZM
ENCICLOPÉDIA ITAU CULTURAL. Definição de Arte Degenerada. Último acesso:
01/08/2016 http://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo328/arte-degenerada
FRIEDLÄNDER, Saul. Introdução. In: FRIEDLÄNDER, Saul. A Alemanha Nazista e os
Judeus. Volume I. Os Anos de Perseguição 1933,1939. Editora Perspectiva.
NIETZSCHE, F. Segunda Consideração Intempestiva: Da utilidade e desvantagem da história
para a vida. Tradução Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Relume Dumará, 2003.
SORJ, Bernard. O judaísmo moderno em perspectiva histórica: Do judaísmo rabínico ao
judaísmo pós-moderno. In: GRIN, Monica; SORJ, Bernardo (Org.). Judaísmo e Modernidade:
Metamorfoses da tradição messiânica. Rio de Janeiro: Imago Editora.

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