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PLANO DE GESTÃO DA ÁREA DE

PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PRESIDENTE


FIGUEIREDO CAVERNA DO MAROAGA

1
OMAR ABDEL AZIZ
Governador do Amazonas

NÁDIA CRISTINA D’AVILA FERREIRA


Secretária de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas - SDS

KAMILA BOTELHO DO AMARAL


Secretária Executiva de Gestão da SDS

THEREZINHA DE JESUS PINTO FRAXE


Coordenadora do Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas
– CEUC

JOÃO TALOCCHI
Coordenadora do Centro Estadual de Mudanças Climáticas – CECLIMA

JOSÉ ADAILTON ALVES


Secretária Executiva Adjunta de Compensação Ambiental - SEACA

ADENILZA MESQUITA VIEIRA


Secretária Executiva Adjunta de Florestas e Extrativismo - SEAFE

ALEXSANDRA BIANCHINI
Secretário Executivo Adjunto de Gestão Ambiental - SEAGA

DANIEL BORGES NAVA


Secretário Executivo de Geodiversidade e Recursos Hídricos - SEGEORH

ANTONIO ADEMIR STROSKI


Presidente do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM

RAIMUNDO VALDELINO CAVALCANTE


Presidente da Agência de Desenvolvimento Sustentável – ADS

LINO CHÍXARO
Presidente da Companhia do Gás do Amazonas – CIGÁS

Av. Mário Ypiranga Monteiro, 3280, Parque Dez de Novembro, Manaus/AM –


CEP 69050-030 Fone/fax: 3642-4607 http://www.ceuc.sds.am.gov.br/

2
Secretaria de Estado de Meio Ambiente Desenvolvimento Sustentável do
Amazonas - SDS
Unidade Gestora do Centro Estadual de Mudanças Climáticas e do Centro
Estadual de Unidades de Conservação
Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas - CEUC

PLANO DE GESTÃO DA ÁREA DE


PROTEÇÃO AMBIENTAL DE PRESIDENTE
FIGUEIREDO CAVERNA DO MAROAGA

Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF)


Associação de Levantamento Florestal do Amazonas (ALFA)

Realização:

Apoio:

Dezembro/2011
3
FICHA TÉCNICA DA ELABORAÇÃO DO PLANO DE GESTÃO DA APA CAVERNA
MAROAGA

Supervisão Geral
Domingos Macedo

Coordenação Geral
Enrique Salazar (CEUC/DPV)
Márcia Lederman (GIZ)

Organização e Redação
Enrique Salazar (CEUC/DPV)
Roberto Franklin (CEUC/DPT)
José Luis Camargo (Coordenador Científico PDBFF/ALFA)
Noella Markstein (Consultor – ALFA)
João Rodrigo Leitão dos Reis (Consultor – ALFA)

Produção de mapas
Hérica Igreja (CEUC/LABGEO)
Bruno Matta (CEUC/LABGEO)

Revisão Técnica de Conteúdo


Enrique Salazar (CEUC/DPV)
Geise de Góes Canalez (CEUC/DPMA)
Guillermo Moisés Estupiñan (CEUC/DMGR)
Hérica Igreja (CEUC/LABGEO)
Lidiane Silva (CEUC/DPT)
Márcia Lederman (GIZ)
Milton Bianchini (CEUC/DPMA)
Sinomar F. Fonseca Júnior (CEUC/DPMA)
Wilde Itaborahy (CEUC/DPT)

Caracterização socioeconômica
José Fernandes Barros (UFAM)
Andréia Vasconcelos Carvalho (UFAM) - Estagiária

Mapeamento e caracterização dos atrativos naturais


João Rodrigo Leitão dos Reis (UFAM – Pesquisador)
4
Heloiza Jussara Vasconcelos Aguiar (UFAM – Estagiária)
Pedro Rocha Moraes (Fotógrafo Profissional)
Raimundo José Gadelha de Souza (Guia e Roteirista dos atrativos)
José Tenaçol Andes Júnior (Motorista e Assistente de Campo/PDBFF)

Oficinas de Planejamento Participativo

Coordenação: Noella Markstein (ALFA)


Apoio Técnico: Enrique Salazar (CEUC); Adevane Araújo (Chefe de APA); Heloisa Corrêa
(CEUC/DPT); Josinaldo Cursino Corrêa (CEUC/DMGR); Sinomar F. Fonseca Júnior
(CEUC); Felipe Nascimento Araújo (CUEC/DPMA); Márcia Lederman (GIZ)
Moderação: Paulo Bonassa (ALFA); Roberto Franklin (Moderador – ALFA)

Colaboração Técnica: Artemísia Souza do Vale (IPAAM); Milvânia Maria Vieira de Oliveira
(SEMMA/PF); Germairie Fernandes Evangelista (ITEAM); João Rodrigo L. dos Reis (SDS);
Silvana Keyla B. Lobato (AMAZONASTUR)

Administração e Logística ALFA/PDBFF/INPA


Cleucilene da Silva Nery
Adriane Gomes
Ary Jorge Corrêa Ferreira
Rosely Cavalcante Hipólito
José Luis Camargo

Outros Colaboradores

Moradores e Associações das Comunidades da APA Caverna Maroaga


Nova Jerusalém
Santo Antônio do Abonari
Ramal do Paulista
Novo Rumo
Boa União
Terra Santa
Boa Esperança
Jardim Floresta/Nova Floresta
Maruaga
Marcos Freire
5
Nova União
Menino Deus
São Francisco de Assis
Novo Horizonte
Cristo Rei
Cristã
São Miguel
São Salvador
Vila de Balbina
Fé em Deus
São José do Uatumã
São Jorge do Uatumã
Tucumanduba
Cooperação Alemã – GIZ
Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas – IPAAM
Instituto de Terras do Amazonas – ITEAM
Secretaria Adjunta de Florestas e Extrativismo – SEAFE/SDS

6
Siglas

ALFA - Associação de Levantamento Florestal do Amazonas


AMAZONASTUR - Empresa Estadual de Turismo do Amazonas
APA - Área de Proteção Ambiental
APP - Área de Preservação Permanente
CCA - Corredor Central da Amazônia
CECAV- Centro Nacional de Estudo, Proteção e Manejo de Cavernas
CEUC - Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas
CITES - Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e Flora Silvestres
Ameaçadas
CPRM - Serviço Geológico do Brasil
DNPM - Departamento Nacional de Pesquisa Mineral
EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
ICMBio - Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
IDESAM - Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia
IPAAM - Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas
ITEAM - Instituto de Terras do Estado do Amazonas
IUCN - União Internacional para a Conservação da Natureza
MMA - Ministério do Meio Ambiente
RBAC - Reserva da Biosfera da Amazônia Central
RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural
SDS - Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
SEUC - Sistema Estadual de Unidades de Conservação
SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservação
PDBFF - Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais
PG - Plano de Gestão
PPG7 - Programa Piloto para a proteção das Florestas Tropicais do Brasil
UC - Unidade de Conservação
UHE - Usina Hidrelétrica

7
SUMÁRIO

Volume I – Diagnóstico da APA Caverna do Maroaga

1. INTRODUÇÃO................................................................................................................................................... 13
1.1 Aspectos Legais.................................................................................................................................................... 15
2. Histórico de Planejamento.................................................................................................................................... 16
3. Contexto Atual do Sistema de Unidades de Conservação no Amazonas.................................................. 18
4. Informações Gerais................................................................................................................................................. 26
4.1. Ficha técnica da unidade de conservação....................................................................................................... 26
4.2. Localização e acesso à unidade de conservação............................................................................................ 28
4.2.1 Unidades de conservação municipais, estaduais e federais...................................................................... 28
4.3. Histórico de criação e antecedentes legais..................................................................................................... 32
4.4. Origem do nome.................................................................................................................................................. 35
4.5. Situação fundiária................................................................................................................................................ 36
4.5.1. Histórico............................................................................................................................................................. 38
5. Caracterização dos Fatores Abióticos ................................................................................................................ 41
5.1. Clima....................................................................................................................................................................... 42
5.2. Aspectos geológicos............................................................................................................................................ 43
5.3 Geomorfologia....................................................................................................................................................... 48
5.4 Solos e relevo......................................................................................................................................................... 54
5.5. Hidrografia............................................................................................................................................................ 61
6. Caracterização dos Fatores Bióticos................................................................................................................... 64
6.1 Caracterização da vegetação.............................................................................................................................. 65
6.1.1 Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Emergente e Dossel Uniforme......................................... 67
6.1.2 Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Dossel Emergente................................................................ 67
6.1.3 Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana Dossel Emergente................................................................. 67
6.2. Caracterização da fauna...................................................................................................................................... 72
6.2.1 Espécies relevantes, ameaçadas e status de conservação......................................................................... 76
6.2.2 Espécie de relevante importância para o turismo: galo da serra............................................................ 77
7. Caracterização Socio-Econômica da População............................................................................................... 82
7.1 O município de Presidente Figueiredo............................................................................................................ 83
7.1.1 O Distrito de Balbina........................................................................................................................................ 84
7.1.1.1 A UHE de Balbina......................................................................................................................................... 84
7.1.2 A Vila do Pitinga............................................................................................................................................... 84
7.1.3 A Sede do Município......................................................................................................................................... 85
7.1.4 As Comunidades................................................................................................................................................ 85
7.1.5 As Unidades de Conservação.......................................................................................................................... 86
7.2 Histórico de Ocupação......................................................................................................................................... 86
7.3 Caracterização Sócio-econômica do município de Presidente Figueiredo.............................................. 88
7.3.1 Sistema rodoviário............................................................................................................................................. 88
7.3.2 Educação............................................................................................................................................................... 88
7.3.3 Saúde..................................................................................................................................................................... 89
7.3.4 Coleta e destinação de resíduos - O Lixão da APA Caverna do Maroaga............................................ 89
7.3.5 Comunicação....................................................................................................................................................... 91
7.3.6 Energia elétrica................................................................................................................................................... 91
7.3.7 Abastecimento de água.................................................................................................................................... 91
7.3.8 Segurança.............................................................................................................................................................. 91
7.3.9 Cultura, Lazer, Esportes.................................................................................................................................... 91
7.3.10 Arqueologia........................................................................................................................................................ 92
7.3.11 Religião................................................................................................................................................................ 93
7.3.12 Economia............................................................................................................................................................. 93
7.4 Impactos Ambientais no município de Presidente Figueiredo.................................................................... 99
7.5 Aspectos Socioeconômicos das Comunidades Rurais e Núcleos Urbanos Dispersos inseridos na
APA Caverna do Maroaga...................................................................................................................................... 101

8
7.6 Formas de uso dos recursos naturais da APA Caverna do Maroaga.................................................... 107
7.6.1 Agricultura....................................................................................................................................................... 107
7.6.2 Pecuária............................................................................................................................................................. 111
7.6.3 Pesca.................................................................................................................................................................. 111
7.6.4 Turismo............................................................................................................................................................ 111
7.6.4.1Acessibilidade................................................................................................................................................ 114
7.6.4.2 Situação fundiária........................................................................................................................................ 114
7.6.4.3 Infraestrutura e Gestão............................................................................................................................. 116
7.6.4.4 Caracterização Biofísica............................................................................................................................. 116
7.6.4.5 Impactos ambientais................................................................................................................................... 116
7.6.4.6 O turismo na caverna Refúgio do Maroaga.......................................................................................... 117
8. Aspectos Institucionais....................................................................................................................................... 123
8.1 Estrutura organizacional.................................................................................................................................. 124
9. Análise Estratégica ........................................................................................................................................... 128
10. Declaração de Significância.............................................................................................................................. 131
Referências Bibliográficas.................................................................................................................................. 133

9
ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Área ocupada por unidades de conservação estaduais e federais no Amazonas...................... 20


Figura 2 Mapa das unidades de conservação estaduais e federais no estado do Amazonas.................. 22
Figura 3 Mapa do Corredor Central da Amazônia.......................................................................................... 25
Figura 4 Localização da APA Caverna do Maroaga....................................................................................... 28
Figura 5 Mapa das unidades de conservação municipais, estaduais e federais......................................... 31
Figura 6 Localização da APA Caverna do Maroaga e REBIO Uatumã em torno do reservatório..... 33
Figura 7 Área da APA Caverna do Maroaga inserida na Zona de Amortecimento da REBIO........... 33
Figura 8 Foto da Entrada da caverna Refúgio do Maroaga......................................................................... 35
Figura 9 Distribuição das porcentagens dos domínios das terras na APA Caverna do Maroaga...... 36
Figura 10 Glebas da União e do Estado do Amazonas no município de Presidente Figueiredo........ 37
Figura 11 Mapa com a situação fundiária da APA Caverna do Maroaga................................................. 40
Figura 12 Comparação entre Médias mensais de Chuva em Manaus (1991 – 2000)............................. 42
Figura 13 Subdivisão tectônica da América do Sul........................................................................................ 44
Figura 14 e 15 Contato das rochas vulcânicas com as rochas sedimentares.......................................... 45
Figura 16 e 17 Limite entre a crosta laterítica com solo e laterito............................................................. 45
Figura 18 Mapa Geológico da APA Caverna do Maroaga............................................................................ 18
Figura 19 Grandes unidades geomorfológicas no Município de Presidente Figueiredo....................... 50
Figura 20 Limite dos Domínios Oeste Uatumã e Leste Uatumã-Abonari................................................ 51
Figura 21 Limites litológicos do Domínio da Bacia Paleozóica do Amazonas......................................... 52
Figura 22 Mapa Geomorfológico da APA Caverna do Maroaga................................................................. 53
Figura 23 Mapa dos tipos de solos encontrados na APA Caverna do Maroaga...................................... 57
Figura 24 Mapa dos tipos de solos encontrados no município de Presidente Figueiredo.................... 58
Figura 25 UHE de Balbina no rio Uatumã....................................................................................................... 62
Figura 26 Ilhas formadas pelo enchimento do reservatório de Balbina.................................................... 62
Figura 27 Mapa da hidrografia na APA Caverna do Maroaga.................................................................... 63
Figura 28 Perfil esquemático da Floresta Ombrófila Densa......................................................................... 65
Figura 29 Mapa da vegetação da APA Caverna do Maroaga....................................................................... 66
Figura 30 Blocos-diagrama das fisionomias ecológicas das florestas tropicais........................................ 69
Figura 31 O sub-bosque da Floresta Ombrófila Densa do entorno da Caverna do Maroaga.............. 71
Figura 32 O sub-dossel no entorno da Caverna do Maroaga....................................................................... 71
Figura 33 Aspecto da Campinarana Arborizada.............................................................................................. 71
Figura 34 Galo-da-serra macho........................................................................................................................... 77
Figura 35 Galo-da-serra fêmea no ninho em paredão rochoso.................................................................... 78

10
Figura 36 Mapa de modelo de distribuição potencial de Rupicola rupicola p/a América do sul........... 79
Figura 37 Mapa de áreas prioritárias para conservação do galo-da-serra na APA................................. 81
Figura 38 Mapa do estado do Amazonas com destaque para a localização do município...................... 83
Figura 39 Mapa dos assentamentos rurais no município de Presidente Figueiredo............................... 86
Figura 40 Localização dentro da APA e aspecto do depósito de lixo municipal...................................... 90
Figura 41 Artefatos indígenas encontrados em sítios arqueológicos na bacia do rio Uatumã............. 92
Figura 42 Mapa da localização dos principais geoparques propostos pelo CPRM no AM................... 96
Figura 43 Mapa da localização dos empreendimentos licenciados pelo IPAAM..................................... 97
Figura 44 Mapa do desmatamento acumulado na APA Caverna do Maroaga de 1997 a 2008.......... 100
Figura 45 Impactos ambientais no município de Presidente Figueiredo................................................. 101
Figura 46 A) Placa identificativa da comunidade Cristã B) Vista da Rodovia AM 240....................... 102
Figura 47 Aspecto de moradia em uma comunidade da APA Caverna do Maroaga............................ 103
Figura 48 Saneamento nas comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga............................... 103
Figura 49 Atividades econômicas desenvolvidas nas comunidades inseridas na APA........................ 108
Figura 50 Mapas dos atrativos naturais mapeados na APA Caverna do Maroaga.............................. 112
Figura 51 Gráfico da porcentagem de atrativos situados em diferentes domínios de terra............... 115
Figura 52 Mapa da localização fundiária dos atrativos naturais da APA Caverna do Maroaga....... 115
Figura 53 Gráfico da porcent. de diferentes impactos ambientais encontrados nos atrativos........... 117
Figura 54 Mapa da área proposta para criação de Parque no entorno da caverna Maroaga.............. 119
Figura 55 Caverna Refúgio do Maroaga......................................................................................................... 120
Figura 56 Sistema Maroaga............................................................................................................................... 121
Figura 57 Mapa da situação fundiária da caverna do Maroaga e da área proposta............................... 122
Figura 58 A gestão de uma unidade de conservação..................................................................................... 125
Figura 59 Organograma da Secretaria de estado do meio Ambiente....................................................... 126
Figura 60 Os departamentos ligados ao CEUC e os macroprocessos de gestão.................................... 127

11
QUADROS

Quadro 1 Números de categorias de unidades de conservação estaduais e federais presentes............. 21


Quadro 2 RPPN presentes no estado do Amazonas, localização, portaria e áreas com destaque........ 23
Quadro 3 Unidades de Conservação sobrepostas á APA Caverna do Maroaga....................................... 39
Quadro 4 Tipos de solo presentes na APA e aptidão agrícola..................................................................... 56
Quadro 5 Classes de solos no município de presidente Figueiredo............................................................. 59
Quadro 6 Características Técnicas do Reservatório de Balbina................................................................... 62
Quadro 7 Classificação da vegetação na APA Caverna do Maroaga........................................................... 67
Quadro 8 Lista das espécies da mastofauna presente na APA constantes em listas oficiais.................. 76
Quadro 9 Ranking de importância das áreas sugeridas para a conservação do galo-da-serra.............. 80
Quadro 10 Lista dos sete Municípios do Estado do AM com PIB superior a R$ 250 milhões............ 95
Quadro 11 Usos da terra no município de Presidente Figueiredo.............................................................. 98
Quadro 12 Produção da lavoura permanente e temporária no município de Presid.Figueiredo.......... 99
Quadro 13 Distribuição da porcentagem de diferentes classes de faixa etária por gênero................. 102
Quadro 14 Abastecimento de água das comunidades rurais da APA....................................................... 102
Quadro 15 Distribuição da porcent. de diferentes tipos de casas presentes nas comunidades........... 102
Quadro 16 População das comunid. rurais da APA que estão na escola ou são alfabetizados.......... 102
Quadro 17 Distribuição da porcentagem de diferentes destinações do esgoto na comunidade......... 102
Quadro 18 Formas de disposição do lixo nas comunidades rurais da APA............................................ 102
Quadro 19 Postos de saúde presentes nas comunidades rurais inseridas na APA................................ 103
Quadro 20 Associações comunitárias presentes no município de Presidente Figueiredo.................. 104
Quadro 21 Comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga........................................................... 106
Quadro 22 Comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga, localização e produtos................ 109
Quadro 23 Localização dos atrativos naturais turísticos da APA Caverna do Maroaga..................... 113
Quadro 24 Análise estratégica dos pontos fortes e fracos da APA Caverna do Maroaga................... 130

12
1. INTRODUÇÃO

13
A Área de Proteção Ambiental (APA) de Presidente Figueiredo Caverna do Maroaga
é uma Unidade de Conservação (UC) estadual do Amazonas. A UC foi criada pelo Decreto
Estadual nº. 12.836 de 09 de março de 1990 com o objetivo de destacar áreas do patrimônio
estadual para fins de conservação do meio ambiente. A área era de aproximadamente
256.200,00 ha. sendo ampliada pelo Decreto Estadual nº. 16.364 de 07 de dezembro de 1994
para 374.700,00 ha, cerca de 15% da área do município de Presidente Figueiredo.
A UC limita-se, ao norte, com a terra indígena Waimiri Atroari e com o lago da
hidrelétrica de Balbina; a oeste com a BR 174; ao sul com rio Urubu e Igarapé-Açu e a leste
com o rio Uatumã. A rodovia estadual AM 240, que liga a sede do município de Presidente
Figueiredo ao distrito de Balbina atravessa a porção sul da APA, de leste a oeste. Ao longo
dessa rodovia encontramos a grande maioria dos atributos naturais turísticos em uso na UC
como cachoeiras e corredeiras. Pelo fácil acesso, a partir de Manaus e a presença de atributos
naturais únicos, a APA Caverna do Maroaga possui uma forte vocação para atividades de
ecoturismo. O complexo de cavernas de formação arenítica onde se localiza a Caverna
Refúgio do Maruaga, que dá o nome à unidade, é um dos atributos mais relevantes da região.
A espécie da avifauna Rupicola rupicola, conhecida como galo-da-serra, é símbolo do
município de Presidente Figueiredo ocorrendo dentro da UC e sendo muito visada pelo
tráfico de animais silvestres e pela atividade eco turística de birdwatching.
O desmatamento resultante da ocupação desordenada do território, conversão do uso
das terras para sistemas agrícolas e do não cumprimento da legislação ambiental a principal
ameaça e fator mais preocupante sobre a integridade dos recursos naturais dessa UC
Segundo Côrte (2007), as APA a partir de seu conceito geral, são
áreas de uso múltiplo submetidas ao planejamento e à gestão ambiental, controladas através do
zoneamento, fiscalização e educação ambiental. Podem conter outras unidades de conservação mais
restritivas, podem ter uso urbano e propiciam a experimentação de novas técnicas e atitudes que
permitam conciliar o uso da terra e o desenvolvimento regional com a manutenção dos processos
ecológicos essenciais. Essas áreas buscam:
a) conciliar o desenvolvimento de atividades humanas com a conservação dos recursos naturais (objetivo
geral);
b) proteger o solo, subsolo, a cobertura vegetal e a fauna local, promover a melhoria da qualidade dos
recursos hídricos, recuperar áreas degradadas (objetivos específicos).

O instrumento técnico de planejamento norteador das ações estratégicas a serem


desenvolvidas nas unidades de conservação, visando cumprir os objetivos específicos de cada
uma, é chamado, no Amazonas, de Plano de Gestão (PG). Tem como objetivo subsidiar o
órgão gestor da UC, assim como o seu conselho deliberativo, no desenvolvimento de ações e
programas, que vise garantir o melhoramento da qualidade de vida da comunidade que a
habita, a valorização de seus atributos naturais e o uso sustentável dos recursos naturais.
O PG da APA Caverna do Maroaga, aqui apresentado, foi elaborado de acordo com
as exigências técnicas do Sistema Estadual de Unidades de Conservação (SEUC) do
Amazonas (2007) e com a metodologia estabelecida no Roteiro para Elaboração de Planos de
Gestão para as Unidades de Conservação

Estaduais do Amazonas (2007) e responde aos mesmos quesitos legais e


características técnicas do Plano de Manejo definido no Sistema Nacional de Unidades de
Conservação (SNUC, 2000). O PG contém dois volumes. O Volume I apresenta o
diagnóstico da Área de Proteção Ambiental Caverna do Maroaga, e o Volume II, contém os
objetivos, o zoneamento e o planejamento da unidade para os próximos cinco anos.
Este documento propõe-se a ser uma ferramenta de gestão de uso prático, para que os
objetivos desta unidade possam ser alcançados, contribuindo para o desenvolvimento de uma
sociedade mais justa e harmônica no uso e na conservação da natureza.

14
1.1 ASPECTOS LEGAIS

As unidades de conservação são conceituadas pelo SNUC, em seu Art. 2° inciso II,
como sendo

o espaço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com


características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, com objetivos de
conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam
garantias adequadas de proteção.

Esta lei regulamentou o Art. 225, § 1o, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal
Brasileira, que dispõe sobre os direitos e deveres relativos ao meio ambiente.
A categoria APA é regulamentada pela Lei n° 6.902 de 27/04/1981, que permite ao
Poder Executivo federal, estadual e municipal declarar determinadas áreas singulares como
de interesse para a proteção ambiental, visando à melhoria da qualidade de vida da
população.
Esta lei foi anteriormente regulamentada pelo Decreto federal nº 88.351 de 01/06/
1983 e pela Resolução CONAMA nº 10, de 14/12/1988. De acordo com esta Resolução em
seu Art. 1º as APA são “unidades de conservação destinadas a proteger e conservar a
qualidade ambiental e os sistemas naturais ali existentes, visando à melhoria da qualidade de
vida da população local e, também, objetivando a proteção dos ecossistemas regionais”.
A principal característica das APAs é o fato de permitir, em seus limites, o exercício
do direito de propriedade obedecendo, entretanto, algumas restrições. (SEUC, 2007). Assim,
respeitados os limites constitucionais, podem ser estabelecidas normas e restrições de uso
das terras e seus recursos de acordo com o PG elaborado para atender aos objetivos de
proteção da unidade. A APA é um local considerado de relevante interesse, do ponto de vista
ambiental, que deve ser manejada de forma sustentável de modo a assegurar o
desenvolvimento de atividades econômicas locais e o bem estar das populações humanas
residentes.
O Decreto Federal nº 99.274, de 6/ 06/1990, veio regulamentar a lei de criação das APA e
dispor sobre a Política Nacional do Meio Ambiente.

Segundo o SNUC (2000) e o SEUC (2007) as APA são definidas como

área em geral extensa, com certo grau de ocupação humana, dotada de atributos abióticos,
bióticos, estéticos ou culturais especialmente importantes para a qualidade de vida e o bem-
estar das populações humanas tendo como objetivos básicos proteger a diversidade biológica,
disciplinar o processo de ocupação e assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais.

De acordo com o Art.16 do SEUC, para a instituição e funcionamento de uma APA, os


critérios abaixo devem ser observados:

I - a área pode se constituir de terras públicas ou privadas

II - respeitando os limites constitucionais podem ser estabelecidas normas e restrições


para a utilização de uma propriedade privada localizada numa APA

III- as condições para a visitação pública nas áreas sob domínio público serão
estabelecidas pelo órgão gestor da unidade

IV- nas áreas sob propriedade privada cabe ao proprietário estabelecer as condições
para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições
legais

15
2. HISTÓRICO DE PLANEJAMENTO

16
O planejamento das ações para realização do Plano de Gestão da APA Caverna do
Maroaga ocorre desde 2005 quando foi realizado um diagnóstico sobre o envolvimento e a
participação dos diferentes atores sociais no processo de elaboração do Plano de Gestão da
APA financiado pelo PPG-7, também formado o conselho deliberativo da unidade. De 2005 a
2009, as atividades na unidade se restringiram a ações de fiscalização, reuniões do conselho e
cursos de capacitação para os comunitários residentes.
O processo mais recente relativo à realização do Plano de Gestão da APA Caverna do
Maroaga iniciou-se em 2009 com a firmação de um contrato entre Secretaria de Meio
Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Estado (SDS) e a Associação de Levantamento
Florestal do Amazonas (ALFA). O financiamento para elaboração do PG foi obtido através
da Fundação Betty & Gordon Moore mediante acordo entre a SDS, a Fundação Moore e a
Fundação Djalma Batista, para a implementação de doze unidades de conservação estaduais
até 2010. O contrato consta no Termo de Contrato nº 030-09 e o Termo de Referência n°01-
09, objetivando coordenar as atividades para elaboração do Plano de Gestão da APA
Caverna do Maroaga.
A ALFA é uma associação sem fins lucrativos que fornece apoio logístico ao Projeto
Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) do Instituto Nacional de Pesquisas
da Amazônia (INPA).
A partir do acordado, a ALFA elaborou o Plano de Trabalho contendo as ações e o
cronograma para a realização das atividades. A equipe de planejamento contou com: um
coordenador, técnicos do Centro Estadual de Unidades de Conservação do Amazonas
(CEUC), técnicos do laboratório de geoprocessamento da SDS para elaboração dos mapas,
um consultor para realização da caracterização turística da unidade, um consultor para a
realização da caracterização socioeconômica além de técnicos vinculados ao PDBFF para
coordenação logística e financeira. Em dezembro de 2009 foi realizada a primeira reunião
entre representantes da SDS e da ALFA para nivelar a s informações e definir o modo de
trabalho conjunto. A partir desse momento, outras reuniões foram realizadas para adequação
de cronograma. Pelo tempo, recursos disponíveis e características singulares da UC, as
saídas de campo se deram visando a caracterização turística e socioeconômica da unidade
ocorrida entre os meses de fevereiro e março.
A caracterização biótica e abiótica foi realizada através de coleta de informações
secundárias disponíveis em diversas instituições e trabalhos científicos. Durante todo o
processo de elaboração do PG, a consultoria contratada trabalhou em conjunto com
CEUC/SDS, para a realização das etapas deste instrumento de gestão.

17
3. CONTEXTO ATUAL DO SISTEMA DE
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO AMAZONAS

18
Referimo-nos à Amazônia ora como um bioma ora como uma bacia hidrográfica.
Esta se refere à extensão de um ambiente terrestre drenado por um curso d’água, o rio
Amazonas, e aquele se relacionam a características da vegetação (Townsend, 2006).
O Bioma Amazônia estende-se por nove países da América do Sul, ocupando 25% de
sua superfície. Sua bacia hidrográfica é formada por mais de mil rios e tributários,
concentrando 15% das águas doces superficiais não congeladas do mundo (Meirelles, 2004).
A Bacia Amazônica ocupa cerca de 40% da superfície do território nacional sendo a
maior rede hidrográfica do mundo. Seu principal curso d’água, o rio Amazonas, tem 6.570
km de extensão, nasce em território peruano a 5.000 metros acima do nível do mar
(Miranda, 2007) e deságua no Oceano Atlântico.
Com a Lei n° 1.806 de 1953, a Amazônia brasileira passou a ser designada de
Amazônia Legal incluindo os estados do Acre, Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Roraima,
Tocantins, parte do Maranhão (oeste do meridiano 44º) e Mato Grosso (norte do paralelo
16º latitude sul). Possui uma área de aproximadamente 500 milhões de ha (5.000.000 km²)
sendo que o estado do Amazonas, o maior do Brasil, possui cerca de 157 milhões de ha
(1.570.000 km²) (IBGE, 2009).
A Amazônia encontra-se relativamente bem preservada, representando uma
oportunidade extraordinária para uma sociedade que, cada vez mais, se conscientiza da
importância da biodiversidade e dos serviços ambientais. É a oportunidade para a
implementação do desenvolvimento conservando as riquezas naturais e culturais que
compõem a fantástica sociobiodiversidade amazônica (MMA, 2007). Hoje, 7,76% da
Amazônia brasileira estão protegidas dentro de unidades de conservação de proteção
integral, principalmente em Parques Nacionais, Reservas Biológicas e Estações Ecológicas.
Outros 14,39% se encontram dentro de UC de uso sustentável como Reservas Extrativistas
e Florestas Nacionais entre outras categorias de unidades de conservação. Segundo a
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas
(SDS) as APA apresentam pouca representação no Sistema Estadual de Unidades de
Conservação, sendo as RDS as unidades de uso sustentável predominantes no estado.
O governo do Amazonas tem tido papel importante no processo de criação de
unidades de conservação na Amazônia, sendo responsável por mais da metade das unidades
presentes no estado (SDS, 2009).
Atualmente, o SEUC do Amazonas é composto por 41 unidades de conservação
somando um total de 19 milhões de hectares (cerca de 12% da área do estado) (Figura 1)
geridos pela SDS através do Centro Estadual de Unidades de Conservação (CEUC). Desse
total, em torno de 15.400.000 ha estão concentrados dentro de unidades de conservação de
uso sustentável. As unidades de proteção integral, em número de nove, estão distribuídas
em aproximadamente 3.600.000 há. Existem ainda no estado 33 unidades de conservação
federais num total de 23 milhões de ha administradas pelo Instituto Chico Mendes de
Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Neste total foram computadas as 13 Reservas
Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) federais presentes no estado que totalizam
cerca de 600 há de área protegida (CEUC, 2010). As unidades de conservação federais
juntamente com as unidades de conservação estaduais (Anexo 1) somam uma área de
aproximadamente 42 milhões de hectares de áreas protegidas, em torno de 27% do território
do estado do Amazonas (Figura 2).

19
12%

15%
UCs estaduais
UCs federais
Área fora de Ucs

73%

Figura 1. Porcentagem da área ocupada por unidades de conservação estaduais e federais no estado do
Amazonas.

O Sistema Estadual de Unidades de Conservação, instituído pela Lei Complementar


n° 53 de 05 de junho de 2007, é o instrumento legal que estipula as normas para criação,
implantação e gestão das unidades de conservação estaduais do Amazonas, estabelecendo
ainda as penalidades e infrações relacionadas a atividades ilegais nessas áreas. Tendo como
base legal e técnica o SNUC, o SEUC é composto pelo conjunto de unidades de conservação
do estado, dos seus municípios e de particulares, constituindo o instrumento jurídico que
norteia as ações dos órgãos gestores dessas unidades.
Nas últimas décadas, tem-se observado um aumento do número de unidades de
conservação na Amazônia, assim como a busca pela implementação dessas áreas protegidas.
Esses esforços vêm sendo feitos junto a organizações não-governamentais, sociedade civil e
institutos de pesquisa para a gestão efetiva dessas áreas. No estado do Amazonas, as
unidades de conservação estaduais começaram a se estabelecer principalmente na década de
90, com a publicação do Decreto Estadual n° 12.836 de 1990. Este decreto criou, ao mesmo
tempo, seis unidades de conservação, a saber: o Parque Estadual da Serra do Aracá, a
Estação
Ecológica Mamirauá (recategorizada como Reserva de Desenvolvimento Sustentável em
1996) a Área de Proteção Ambiental de Presidente Figueiredo Caverna do Maroaga, a Área
de Proteção Ambiental do Médio Purus (incorporada pela RDS Piagaçu-Purus em 2003), a
Área de Proteção Ambiental de Nhamundá e a Reserva Biológica Morro dos Seis Lagos. A
UC estadual mais antiga é o Parque Estadual Nhamundá criado em 1989.
Entre os anos de 2005 e 2009, foram criadas 22 unidades de conservação pelo
governo estadual, o dobro do que foi criado pelo estado em toda a década de 90, (11UC).
Isto mostra a evolução do entendimento governamental de que a criação de unidades de
conservação é a melhor estratégia para a salvaguarda do patrimônio natural da Amazônia e
do desenvolvimento sustentável das populações que a habitam. De acordo com o SEUC as
unidades de conservação do estado do Amazonas estão divididas em dois grupos: o grupo de
Unidades de Proteção Integral com cinco categorias e o grupo de Unidades de Uso
Sustentável com nove categorias. Todas as Unidades de Proteção Integral têm como
objetivo básico preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos
naturais. Aquelas de Uso Sustentável objetivam compatibilizar a conservação da natureza
com o uso sustentável de parte de seus recursos naturais. Dentro do grupo das Unidades de
Proteção Integral estão definidas as seguintes categorias de unidades de conservação:
Estação Ecológica (ESEC) Reserva Biológica (REBIO), Parque Estadual (PAREST),
Monumento Natural, Refúgio da Vida Silvestre e Reserva Particular do Patrimônio Natural
(RPPN).
Para as Unidades de Uso Sustentável as categorias são: Área de Proteção Ambiental 20
(APA), Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE), Floresta Estadual (FLORESTA),
Reserva Extrativista (RESEX), Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento
Sustentável (RDS), Reserva Particular de Desenvolvimento Sustentável (RPDS), Estrada
Parque e Rio Cênico.
Na lei que implementa o SNUC, as categorias: Reserva Particular de
Desenvolvimento Sustentável (RPDS), Estrada Parque e Rio Cênico inexistem, sendo estas
inovações do estado na definição de categorias para as unidades de conservação do
Amazonas. Cabe ressaltar que de acordo com a lei que estabelece o SEUC, em seu Art. 22
parágrafo 1 inciso IV, a RPDS pode se sobrepor à APA. E de acordo com o Art.14 inciso III,
a RPPN pode se sobrepor à APA e à RDS.

Unidades de
Conservação Proteção Integral/n° Uso Sustentável/n°
no estado do
Amazonas

Estadual PAREST 8 APA 5


REBIO 1 FLOREST 8
RESEX 4
RDS 15
Total (ha.)
3.582.211 15.406.514
18.988.735

Federal PARNA 7 ARIE 2


REBIO 2 FLONA 9
Total (ha.) ESEC 3 RESEX .. 9

23.159.71
12.181.665 10.978.054
Quadro 1. Números de categorias de unidades de conservação estaduais e federais presentes no estado do
Amazonas (exceto as RPPN). Fonte: SDS, 2010

21
Rio
Negro

Rio Amazonas

Rio Solimões

Figura 2. Mapa das Unidades de Conservação Estaduais e Federais no estado do Amazonas com destaque em vermelho para a APA Caverna do Maroaga. Em azul, a
localização de outras APA do estado.

22
Existem, atualmente, treze RPPN federais presentes no estado, dentre as quais dez
encontram-se no município de Presidente Figueiredo e, dessas, sete inseridas dentro dos
limites da APA Caverna do Maroaga.

RPPN Localização Área (ha)

1. Sitio Morada do Sol Presidente Figueiredo 43,55


2. Morada do Sol e da Lua Manaus 7
3. Nazaré das Lajes Presidente Figueiredo 52,06
4. Fazenda Betel Presidente Figueiredo 67,5
5. Estância Rivas Presidente Figueiredo 100
6. Reserva dos Arqueiros Manaus 25
7. Bela Vista Presidente Figueiredo 27,35
8. Reserva Quatro Elementos Presidente Figueiredo 25
9. Adão e Eva Presidente Figueiredo 100
10. Reserva Sol Nascente Manaus 20
11. Laço de Amor Presidente Figueiredo 8
12. Sítio Bela Vista Presidente Figueiredo 63
13. Santuário Presidente Figueiredo 60
Total 598,46
Quadro 2. RPPN presentes no estado do Amazonas, localização, portaria e áreas com destaque
Em negrito para aquelas localizadas na APA Caverna do Maroaga. Fonte: ICMBio, 2010

Dados indicam que cerca de 20% da Amazônia já foram desmatados. A média anual
de desmatamento é estimada em 1,8 milhões de hectares resultantes, principalmente, da
atividade madeireira e da conversão de florestas em sistemas agropastoris. Ao
desmatamento somam-se, ainda, os impactos resultantes da ação da caça, da pesca e da
poluição advinda das atividades de garimpo e mineração ilegal (CI, 2010).

Uma nova estratégia de conservação dos recursos aliada à melhoria da qualidade de


vida da população é a gestão de grandes extensões de florestas, formadas por diferentes
áreas protegidas, visando prevenir a fragmentação e proteger os ecossistemas florestais
prioritários para a conservação da biodiversidade. Nesse contexto, o Projeto Corredores
Ecológicos pretende alcançar esses objetivos no estado através do Corredor Central da
Amazônia composto por 53 milhões de hectares de áreas protegidas (terras indígenas e
unidades de conservação estadual e federal) e de áreas não protegidas. Outro objetivo do
projeto é promover a integração de unidade de conservação e terras indígenas ao

23
desenvolvimento local, apoiando ações voltadas para a geração de renda nas áreas de
entorno e gestão ambiental participativa (SDS, 2009).
Outro modelo de gestão integrando diversas áreas protegidas é aquele das Reservas
da Biosfera. Em setembro de 2001, foi reconhecida pela UNESCO a Reserva da Biosfera da
Amazônia Central (RBAC) abrangendo uma área de 20 milhões de ha. localizados dentro do
CCA (SDS, 2009).

A Reserva da Biosfera é um modelo de gestão integrada, participativa e sustentável dos


recursos naturais, com os objetivos básicos de preservação da diversidade biológica,
desenvolvimento de atividades de pesquisa, monitoramento ambiental, educação ambiental,
desenvolvimento sustentável e melhoria da qualidade de vida das populações podendo ser
composta por Unidades de Conservação, Zonas de Amortecimento e Corredores Ecológicos
(SEUC, 2007).

24
Figura 3. Mapa do Corredor Central da Amazônia com destaque em vermelho para a localização da APA Caverna do Maroaga. Fonte:http://www.conservation.org
25
4. INFORMAÇÕES GERAIS

26
4.1 FICHA TÉCNICA DA UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

Área de Proteção Ambiental de Presidente Figueiredo


Nome
Caverna do Maroaga
Centro Estadual de Unidades de Conservação - CEUC /
Unidade Gestora Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável – SDS
Manaus, Rua Recife 3280, Parque 10 de Novembro, Cep 69050-
Endereço da Sede
030
CEUC/ Manaus: (92) 3642 4607
Telefone
SEMMA /Pres.Figueiredo : (92) 3324 1158

Fax CEUC/ Manaus: (92) 3642 4607

Web site www.ceuc.sds.am.gov.br

Área 374.700,00 hectares

Município Presidente Figueiredo

Estado Amazonas

Coordenadas geográficas 02º02’58,7’’ Latitude S 59º58’22” Longitude W

Data de criação 09 de março de 1990

Decreto Estadual n° 12.836. Alteração de limite Decreto estadual


Decreto de criação
n° 16.363 de 1994
Terra indígena Waimiri-Atroari e lago da hidrelétrica de Balbina,
Limites ao norte, BR 174 a oeste, rio Urubu e Igarapé-Açu ao sul e rio
Uatumã a leste

Bioma Amazônia

Ecossistemas Florestas

Atividades em andamento Fiscalização, Educação ambiental

Atividades conflitantes Ocupação ilegal de terras, desmatamento

Atividades de uso público Turismo, recreação, pesquisa.

Conselho Deliberativo Portaria nº. 114/2009, de 05/06/2009

27
4.2. LOCALIZAÇÃO E ACESSO Á UNIDADE DE CONSERVAÇÃO

O acesso à APA Caverna do Maroaga é feito por via terrestre e fluvial. Por via
terrestre, pela BR 174 que liga o Amazonas a Roraima no trecho Manaus – Caracaraí – Boa
Vista, continuando até à capital venezuelana Caracas. Saindo de Manaus, por esta rodovia,
até a sede do município de Presidente Figueiredo, percorre-se 107 km. A APA inicia-se no
km 98, no cruzamento da BR 174 com a margem esquerda do rio Urubu. Continuando em
direção norte até o cruzamento da BR 174 com o ponto mais setentrional do lago da
hidrelétrica de Balbina, ou até o rio Santo Antônio do Abonari, chega-se ao limite da
Unidade com a Terra indígena Waimiri-Atroari (Figura 4).
As primeiras tentativas de construção de uma estrada que ligasse o estado do
Amazonas a Roraima iniciaram no ano de 1893 e só foram retomadas em fins de 1969 e início
de 1970.
Outro acesso é feito pela mesma BR virando-se à direita no km 104, na rodovia que
leva à Usina Hidrelétrica (UHE) de Balbina, a AM-240. Esta estrada está totalmente inserida
na porção sul da Unidade cortando a mesma de leste a oeste ligando o município de
Presidente Figueiredo à vila de Balbina.
Chega-se também à UC pelo Lago da UHE de Balbina, pelo rio Uatumã e pelo rio Urubu.

Figura 4. Localização da APA Caverna do Maroaga

4.2.1 ENFOQUE REGIONAL: UNIDADES DE CONSERVAÇÃO MUNICIPAIS,


ESTADUAIS E FEDERAIS

Reserva Biológica do Uatumã


Foi criada pelo Decreto Federal nº 99.277, de 06 de junho de 1990 (e ampliada pelo
Decreto Presidencial s/n de 19 de setembro de 2002 para 943.054 ha) para compensar os
danos ambientais causados pela construção da Usina Hidrelétrica de Balbina. Seu objetivo é
preservar a fauna e a flora da Amazônia Central e demais atributos naturais existentes em
seus limites, proporcionando às gerações presentes e futuras um meio ambiente
ecologicamente equilibrado.

28
Reserva Particular do Patrimônio Natural
A primeira RPPN criada no município de Presidente Figueiredo foi a Reserva
Morada do Sol, em outubro de 1996, com área equivalente a 43,55 ha. Segundo a relação
fornecida pelo ICMBio das 13 RPPN que possuem portarias no Estado, 11 estão localizadas
em Presidente Figueiredo e sete dentro da APA caverna do Maroaga. O somatório das áreas
das 11 RPPN totalizam 519,49 ha, a menor possui 7 ha e a maior 100,01 ha.

Área de Relevante Interesse Ecológico - Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos


Florestais
Criada pelo Decreto Federal n° 91.88 de 1985 possui área de 3.288 ha distribuídos em
fragmentos florestais nos municípios de Manaus e Rio Preto da Eva. As áreas de
pesquisa do Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (PDBFF) localizam-se
dentro do Distrito Agropecuário da SUFRAMA, cerca de 80 km ao norte da cidade de
Manaus. A ARIE caracteriza-se por estar dentro da formação "Floresta Densa Tropical"
segundo a classificação do RADAMBRASIL (1978). A cobertura vegetal ombrófila possui
altura média em torno de 30-35 m com emergentes ocasionais de até 55 m. A topografia é
constituída de áreas de platôs recortados por pequenos riachos e igarapés que formam em
certos casos, áreas de inundação. Além de áreas protegidas, existem locais de pastagens em
uso, abandonadas ou em várias fases de regeneração florestal. A história do uso do solo é
conhecida em todas as áreas, o que propicia uma oportunidade única de estudar o processo de
regeneração florestal nessas áreas.
Terra indígena Waimiri-Atroari
O Decreto Federal Nº 97.837, de 16 de Junho de 1989, homologou a demarcação
administrativa da Área Indígena WAIMIRI-ATROARI que possui atualmente cerca de
2.585.911 ha. Desse total, 805.767 ha encontram-se no Município de Presidente Figueiredo.
Os Waimiri-Atroari fazem parte do grupo lingüístico da família karib, habitantes das
regiões Sul do Estado de Roraima e Norte do Amazonas, distribuídos em 14 aldeias dentro
da T I. Nos primeiros contatos com os não índios, nas atuais cidades de Moura e Airão, eram
conhecidos como Crichaná. Até a década de 60, esse grupo viveu praticamente isolado
mantendo raros contatos com caçadores, pescadores e extrativistas, caracterizados como os
primeiros invasores de suas terras. No final dessa década iniciaram-se, por parte da FUNAI,
os trabalhos da “Frente de Atração e Contato” dos Waimiri-Atroari. Neste trabalho foi
intensificado o contato com a sociedade nacional, provocando consequências dramáticas para
a comunidade indígena. Além dos choques armados foram acometidos com surtos epidêmicos
que quase a dizimaram. Na tentativa de consumar o contato para possibilitar a construção da
BR 174, uma equipe comandada pelo padre Giovane Calleri foi massacrada pelos Waimiri-
Atroari, em 1968. A rodovia BR 174 que corta ao meio a terra indígena entre os quilômetros
209 e 325 é parte de três grandes empreendimentos que foram executados na área dos
Waimiri-Atroari. Os outros dois são: a instalação do Projeto Pitinga (grupo Paranapanema),
com atividade de extração de cassiterita, e a construção da hidrelétrica de Balbina.
Os Waimiri-Atroari tiveram parte de sua área desapropriada em 1981, quando as
obras da barragem já estavam adiantadas, abrangendo o então projeto do reservatório da
UHE Balbina e a sua área de influência, que atingiu toda a rede hídrica do rio Uatumã e
Igarapé Santo Antônio do Abonari. No mesmo ano, manipulações cartográficas foram
realizadas pela Paranapanema que mudaram o curso superior do rio Uatumã para o sudoeste
e rebatizaram o antigo alto rio Uatumã como "Pitinga", com a finalidade de "legalizar" o
desmembramento de uma área de aproximadamente 526.800 ha da então Reserva Indígena
Waimiri-Atroari. A Reserva Indígena foi desfeita e redefinida pelo Decreto Presidencial No.
86.630 de 23.11.81, desmembrando justamente a área previamente invadida por empresas

29
mineradoras do Grupo Paranapanema junto com uma vasta extensão do território indígena a
ser inundada posteriormente pelo reservatório da UHE Balbina(Baines, 1991).

Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual do Rio Uatumã


Criada pelo Decreto estadual n° 24.295 de 2004 possui 424.430 ha de área nos
municípios de São Sebastião do Uatumã e Itapiranga. É cortada em toda sua extensão pelo
rio Uatumã. A vegetação predominante é a Floresta de Terra Firme, havendo também áreas
de igapó, baixio, campinas e campinaranas. Destaca-se por ser um dos remanescentes do
ambiente que foi perdido com a construção da UHE de Balbina. Um dos motivos de sua
criação é a presença de um primata considerado raro e provavelmente endêmico da área e
entorno, o Saguinus martinsi ochraceus. Ocorrem também populações de quelônios ameaçados
de extinção, que desovam no interior da reserva.

Floresta Estadual do Rio Urubu


Inserida no município de Rio Preto da Eva possui área de 27.342 ha. Criada em 2003
pelo Decreto Estadual n° 23.993 está localizada a 80 km de Manaus, entre os rios Uatumã e
Negro, próxima à APA Caverna do Maroaga. Apresenta uma série de atributos especiais
como extensas áreas de buritizais nas planícies de alagação do rio Urubu, além de corredeiras
e cachoeiras de grande beleza cênica. Sua vegetação é composta, em sua maior parte, por
floresta primária intacta.

Área de Proteção Ambiental Municipal Urubuí

Seu nome homenageia um dos mais belos e visitados igarapés de água preta que
cortam a cidade de Presidente Figueiredo, o igarapé do Urubuí. Foi criada através do
Decreto Municipal n° 328, de 20 de março de 1997, e sua área representa cerca de 36.600 ha.
Caracteriza-se por apresentar notáveis atributos biológicos, estéticos e culturais.

Parque Natural Municipal Galo da Serra

Foi criado pelo Decreto Municipal nº 100 de 10 de maio de 2002, com área
aproximada de 16 ha, com o objetivo de proteger os locais de reprodução do galo- da-serra
(Rupicola rupicola) e sítios arqueológicos. Encontra-se localizado dentro da APA Caverna do
Maroaga.

Parque Municipal Cachoeiras das Orquídeas

Criado pela Lei Municipal n° 099, de 26 de abril de 2002, possui área de 817 há.Está
inserido dentro da APA Caverna do Maroaga e homenageia uma das mais belas cachoeiras
do Município, localizada numa campinarana.

Área de Relevante Interesse Ecológico da Aves

Criada pelo Decreto nº 668 de 11 de maio de 2006, com 8,94 ha está localizada na
área urbana do município de Presidente Figueiredo. A ARIE das Aves tem como objetivo a
proteção dos ecossistemas de banhado e mata de buritizais, bem como das espécies nativas.
É uma área com registro de várias espécies de bromélias, orquídeas e outras plantas
ornamentais. Encontra-se delimitada pelas avenidas Castanheiras, Ajuricaba e pelo igarapé
Urubuí (Figura 5).

30
Figura 5. Mapa das Unidades de Conservação municipais, estaduais e federais na região de localização
da APA Caverna do Maroaga

31
4.3. HISTÓRICO DE CRIAÇÃO E ANTECEDENTES LEGAIS

O contexto de criação da APA Caverna do Maroaga insere-se no mesmo momento


histórico da criação de outras Unidades de Conservação estaduais, além de uma UC federal
também localizada no entorno do lago da UHE de Balbina, a Reserva Biológica (REBIO)
Uatumã. Essas duas unidades foram decretadas em 1990. A APA Caverna do Maroaga pelo
Decreto Estadual n°12.836 que destacava 10 milhões de hectares de área do patrimônio
fundiário estadual para fins de conservação mediante a criação de Unidades de Conservação.
Foram instituídas neste mesmo decreto além da APA Caverna do Maroaga, outras cinco
Unidades de Conservação estaduais: Parque Estadual da Serra do Aracá, Estação Ecológica
Mamirauá, Área de Proteção Ambiental do Médio Purus “Lago Ayapuá”, Área de Proteção
Ambiental de Nhamundá e a Reserva Biológica dos Seis Lagos.

A bacia hidrográfica do rio Uatumã localiza-se entre os paralelos 1º e 3º Sul e os


meridianos 58º e 61º Oeste, entre os estados do Amazonas e Roraima, totalizando uma área
de drenagem de sete milhões de ha (RADAMBRASIL, 1978), O reservatório formado desde
1987 possui uma área de 236.000 ha (Fearnside, 1990).
A comunidade científica e os ambientalistas preocupados com os impactos do
enchimento do reservatório da hidrelétrica de Balbina solicitaram que medidas mitigadoras e
compensatórias fossem tomadas visando à proteção da fauna e ecossistemas da região.
(IBAMA, 1997). Dessa forma foi decidido junto à Eletronorte a criação e implantação de
Unidades de Conservação em toda a bacia de drenagem do reservatório, preservando
ecossistemas e espécies representativas da área que seria inundada.

Com base nas recomendações e diretrizes para o manejo da bacia hidrográfica [do rio Uatumã]
foi elaborado um projeto pelo Consórcio Monasa/Enge-Rio (CMER), empresas responsáveis
pelo projeto da hidrelétrica, com assessoria de técnicos do Departamento de Parques Nacionais
e Reservas Equivalentes, do extinto Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal (IBDF)
e da Fundação Brasileira para Conservação da Natureza (FBCN), que propunha a criação de
duas Unidades de Conservação na área de influência da UHE Balbina (Angela Pantoja, com.
pess.): uma Área de Proteção Ambiental, na margem direita do reservatório, devido às
alterações antrópicas já existentes; e uma Reserva Biológica na margem esquerda, onde os
ecossistemas encontravam-se em excelente estado de conservação” (ELETRONORTE/CMER,
1987, IBAMA 1997).

Dessa forma a REBIO Uatumã é instituída como conseqüência direta da construção


da Hidrelétrica de Balbina pela Eletronorte, iniciada em 1973 durante governo de Gilberto
Mestrinho e concluída em 1987.
A criação e implementação de Unidades de Conservação, preferencialmente de uso
indireto, como medida de compensação aos impactos de empreendimentos hidrelétricos está
prevista legalmente pela Resolução CONAMA n° 02 de abril de 1996.
Em março de 1990 é criada a APA Caverna do Maroaga por Decreto Estadual
enquanto a REBIO Uatumã é instituída em junho do mesmo ano a nível federal pelo
Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (IBAMA).
Atualmente a criação, fiscalização e implementação das Unidades de Conservação federais
são atribuições do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio),
criado em 2007 pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA).

32
A REBIO Uatumã protege 940.358 ha de floresta em torno da margem esquerda do
lago de Balbina. Junto com a unidade está incluída, sob regime de preservação permanente
(APP), a vegetação das ilhas criadas pelo represamento do rio Uatumã. (Decreto de criação
da REBIO Uatumã n° 99 277 de 06/06/1990) (Figura 6). Cerca de 80% da área da APA
Caverna do Maroaga (244.883 ha.) está incluída na zona de amortecimento da REBIO
Uatumã desde 1996 quando foi publicado o Plano de Manejo da UC (Figura 7).

REBIO
UATUMÃ

RESERVATÓRI
O
DA UHE

APA CAVERNA
DO MAROAGA

Figura 6. Localização da APA Caverna do Maroaga e REBIO Uatumã em torno


do reservatório da UHE de Balbina.

Figura 7. Área da APA Caverna do Maroaga (em amarelo) inserida na Zona de Amortecimento da REBIO
Uatumã (linha em vermelho em volta da REBIO).

33
Apesar do contexto histórico apresentado, a criação da APA pelo governo do estado
do Amazonas esteve ligada à busca de proteção dos atributos geológicos excepcionais, como
a caverna Refúgio do Maruaga que dá nome à unidade diferente do motivo que subsidiou a
criação da REBIO Uatumã, ou seja, a proteção aos ecossistemas presentes na área de
drenagem do rio Uatumã.
A APA Caverna do Maroaga foi criada com a totalidade de sua área de 256.200 ha
inseridos no município de Presidente Figueiredo. Em 1994 houve retificação dos limites e
ampliação da área da unidade de conservação devido a incorreções quanto ao perfil
geográfico na redação de seu decreto de criação. Foi concluído, por meio de estudos e
levantamentos, que houve uma interpretação equivocada, quanto aos limites da unidade. Em
1994 através do Decreto Estadual n° 16. 364 os limites da APA foram retificados e a mesma
passaou a contar com uma área de 374.700ha. Observa-se que os limites originais da unidade
não englobaram a caverna Refúgio do Maroaga localizada ao sul da rodovia AM 240, o que
pode ter sido um dos motivos da retificação dos limites da UC.
A terra Indígena Waimiri-Atroari, localizada ao norte da unidade, encontra-se
separada desta pelo rio Santo Antônio do Abonari que, assim como o rio Taquiri são
afluentes do rio Uatumã. Possui uma extensão de 2.585.000 ha. de área que somada ás áreas
da APA Caverna do Maroaga, da REBIO Uatumã e da RDS do rio Uatumã forma um
cinturão de áreas legalmente protegidas no entorno do reservatório de Balbina.
Tecnicamente a criação da APA foi subsidiada por um relatório preparado em 1990
pelo Dr. Bruce Nelson da Coordenação de Pesquisa em Botânica do Instituto de Pesquisas da
Amazônia (CBPO/INPA) e pelo Dr. William Rodrigues, com edição de Luiz Carlos B.
Molion, assessor do Governador Amazonino Mendes na época (Bruce Nelson, com.pess.). O
referido relatório sugeria a criação de seis parques estaduais, com base em relatórios de
outros pesquisadores e técnicos. Segundo o Dr. Nelson a APA Caverna do Maroaga foi
criada com base em dois argumentos principais: primeiro, a presença de morcegos
cavernícolas, incomuns na Amazônia; e, segundo, a variedade de substratos geológicos ao
longo da extensão norte/sul da APA que, supunha-se, deveria estar associada com uma
variedade similar de tipos de cobertura vegetal e de comunidades vegetais. Quanto aos
morcegos, foi utilizado um relatório de Rogério Gribel preparado antes de 1990. Neste
relatório ele comenta que o número de morcegos pernoitando na Caverna Refúgio do
Maruaga era variável de uma noite para outra, o que indicava a presença de outras cavernas,
ou abrigos, nas proximidades. A APA está estrategicamente localizada para maximizar a
diversidade de substratos dentro de uma área relativamente pequena. “A orientação norte-sul
do maior eixo da unidade incluiu toda a variação de rochas sedimentares marinhas e
continentais do sinclinal paleozóico, mais o embasamento cristalino ao norte. A presunção
era de que a textura, fertilidade e drenagem do solo -- e consequentemente a composição da
flora e da fauna -- estariam variando junto com os substratos geológicos” (Bruce Nelson, com
pess.).
Após a criação da APA Caverna do Maroaga algumas iniciativas foram tomadas
visando implementar a Unidade. Diante do desenvolvimento de atividades predatórias, não
condizentes com a proteção legal instituída na área, foi elaborado, em 1992, através da
Equipe Técnica instituída pela Portaria IMA-AM n° 225/92 o Relatório de Realização de
Estudos e Levantamentos Técnicos relacionados com a APA. Ele identificava os limites
geográficos e retratava a situação da unidade, através da identificação das atividades
predatórias desenvolvidas na área e da depredação dos atributos naturais, com
recomendações para a proteção

34
dos atributos relevantes e para uso racional dos recursos naturais, subsidiando a publicação
da Instrução Normativa n°002/93 do então Instituto de Desenvolvimento
dos Recursos Naturais e Proteção Ambiental do Estado do Amazonas (IMA). Essa Instrução
Normativa estabeleceu medidas disciplinadoras das atividades desenvolvidas na APA
relacionadas com a agropecuária, cobertura vegetal, turismo, mineração, indústria e
parcelamento do solo constituindo o primeiro instrumento de gestão da unidade. Em 1994, o
Decreto Estadual nº 16.364 que retifica a área e os limites da Unidade foi baseado nesse
mesmo relatório que apontava incorreções quanto à delimitação geográfica da Unidade.

4.4. ORIGEM DO NOME

A APA Caverna do Maroaga foi assim denominada por referência ao atributo natural
mais conhecido da área, a caverna Refúgio do Maruaga. (Foto 1).
Segundo consta no Plano de Manejo espeleológico da referida caverna, os guias locais
contam ser o nome uma referência a um índio guerreiro, da tribo Waimiri-Atroari, que teria
utilizado o local como refúgio nas décadas de 1960 e 1970, durante o período de construção
da Rodovia BR 174. “Maruaga”, na língua indígena, seria um título dado aos chefes das
tribos. De acordo com Carvalho (1982) Maruaga seria o nome de um legendário chefe
indígena Waimiri conhecido como tuxaua Maruaga
A caverna está localizada em uma falha geológica e é formada por blocos de rocha
arenítica, que se prolonga no sentido leste-oeste, paralelamente à estrada de acesso à vila de
Balbina. A trilha de acesso está localizada a cerca de 6 km da entrada da rodovia AM 240. A
caverna foi cadastrada na execução dos trabalhos de levantamento espeleológico para a
implantação da Usina Hidrelétrica de Balbina.

Figura 8. Entrada da caverna Refúgio do Maruaga

35
4.5. SITUAÇÃO FUNDIÁRIA

De acordo com o Plano Diretor do Município (2006), não existem áreas devolutas
dentro do limite territorial de Presidente Figueiredo.
Constituem-se áreas da União, sob tutela do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), nove imóveis: Uatumã, Rio Pardo, Pitinga I, Pitinga II, Pitinga III,
Pitinga IV, Pitinga V, Alalaú e Balbina; e três Projetos de Assentamentos (PA): Uatumã,
Canoas e Rio Pardo. O somatório destas áreas é de 1.383.861,29 ha, que representam 55,6%
da área total do Município.
A APA Caverna do Maroaga, com área de 374.700 ha ocupa cerca de 15% do
município de Presidente Figueiredo. O nome do município homenageia João Figueiredo,
presidente da província do Amazonas no tempo do império (Visão Global/Plano Diretor de
Presidente Figueiredo, 2006). De acordo com o CPRM (1998) as origens do município estão
relacionadas ao desmembramento de Novo Airão, Itapiranga, Silves e Urucará. Inserido na
área do Baixo Rio Negro, o município limita-se ao sul com Manaus e foi criado em 10 de
dezembro de 1981, pela Emenda Constitucional n° 12. Os primeiros núcleos populacionais
do Amazonas datam do século XVII e se encontravam nesta região do baixo rio Negro
Dentro da Unidade as porcentagens dos domínios das terras estão distribuídas de
acordo com a Figura abaixo:

42% 42% União


Estado
Não matriculadas
Particulares
3% 13%

Figura 9. Distribuição das porcentagens dos domínios das terras na APA Caverna do Maroaga

36
Figura 10. Glebas da União e do Estado do Amazonas no município de Presidente Figueiredo e na APA Caverna do Maroaga.

37
Os terrenos da margem sul da Rodovia AM 240, entre a estrada e o limite sul da
APA, o Igarapé-Açu, constituem-se terras do Estado do Amazonas (Figura 11) Totalizam
uma área aproximada de 48.594,00 ha, representativas de 13% da APA, além de 3% de terras
não matriculadas sob a jurisdição do Instituto de Terras do Amazonas (ITEAM). As demais
áreas constituem terrenos de domínio particular. Muitas dessas propriedades, adquiridas do
Estado do Amazonas na década de 70, estão submersas pela represa da UHE de Balbina
(Plano Diretor de Presidente Figueiredo, 2006).
As terras da União estão divididas nos imóveis Uatumã e Pitinga (INCRA, 2008)
além do Projeto de Assentamento (PA) Uatumã constituindo 42% das terras da unidade,
cerca de 157.000 ha. O PA Uatumã localiza-se ao longo da Rodovia AM 240 em uma área de
23.742,29 adquirida por desapropriação, onde se encontram inseridas quatro comunidades
rurais: Nova União I, Menino Deus, São Francisco de Assis e Cristã e dois núcleos urbanos
dispersos: Marcos Freire e Cristo Rei com aproximadamente 303 famílias assentadas. Estão
demarcados 380 lotes com área média de 60 há, foram expedidos 89 títulos definitivos e 132
autorizações de operação. De acordo com a prefeitura de Presidente Figueiredo os núcleos
urbanos são assim definidos por apresentarem o mínimo de três equipamentos e/ou serviços
públicos em sua vila comunitária.
Os terrenos de domínio particular somam cerca de 42% da área da UC agrupados em
cerca de 50 lotes. Algumas dessas propriedades encontram-se totalmente dentro da APA;
outras, parcialmente, por possuírem partes submersas pela represa da UHE de Balbina, ou
por estarem fora dos limites da Unidade.
Vários ilícitos foram cometidos pelo Estado do Amazonas quando loteou terras de domínio
da União em favor de particulares. Isto ocorreu em áreas onde estava sendo especulado o
futuro alagamento para exploração hidroelétrica.

4.5.1 HISTÓRICO

Na década de 1970 iniciaram-se as obras de construção da UHE Balbina, próxima à


cachoeira de Balbina no rio Uatumã. Em 1969 o Estado do Amazonas cria um loteamento na
área que seria posteriormente alagada pela represa da UHE de Balbina e outorga até o ano
de 1971 cerca de 550 lotes de terra de 3.000 há logo após a criação do Comitê de Estudos
Energéticos da Amazônia - ENERAM, que tinha como objetivos investigar as possibilidades
de aproveitamento hidrelétrico da região.

De acordo com o Ministério Público Federal

Vedada constitucionalmente a outorga de porções de terras superiores a 3.000 ha sem


autorização do Senado Federal (CF/67, art.164, § único) buscou-se contornar a proibição
inscrevendo-se os pedidos de concessão em nome de “testas de ferro”, esposas, filhos, sobrinhos,
amigos, cabendo a cada um a porção com limite de 3.000ha. Os requerentes dos lotes se
qualificavam como lavradores, com a peculiaridade de a grande maioria ser residente e
domiciliada na cidade de São Paulo-SP

As terras particulares no município de Presidente Figueiredo e da APA que


pertenciam à União e que foram tituladas pelo Estado na década de 70 em favor de
habitantes do sudeste do país são conhecidas na região como os “lotes dos paulistas”.

38
Após manifestações favoráveis do Ministério de Minas e Energia (MME) para a
concessão á Eletronorte da exploração hidrelétrica da cachoeira de Balbina, em 1976, os
beneficiários retomaram a corrida para transferir para eles os lotes de 3.000 ha que estavam
em nome de laranjas. O objetivo dessa ação foi a formação ilícita de estoque de terras para
futuro ganho fácil quando do alagamento da área coma formação do lago da UHE, ou seja,
enriquecimento ilícito em prejuízo do patrimônio público.
Em 1981, em estudo realizado pela FUNAI ficou demonstrado que parte da área
transferida pelo estado a particulares era de uso e ocupação tradicional dos índios Waimiri-
Atroari desde meados do século XVIII. Baines, em artigo sobre a comunidade indígena,
afirma que em 1987 aproximadamente um terço do total da população Waimiri-Atroari foi
deslocada compulsoriamente para outras partes da reserva como conseqüência da inundação
de grande parte de seu território pelo enchimento do reservatório da UHE de Balbina. “Toda
área inundada fazia parte do território dos Waimiri-Atroari até o início da década de 1970 e
cerca de 311 km ² da área inundada estão dentro do território que foi demarcada para os
Waimiri-Atroari
Muitos desses lotes, titulados ilegalmente pelo Estado sobre terras da União foram
ocupados por habitantes das comunidades que hoje vivem dentro na APA. Existem
atualmente vários processos tramitando para regularização fundiária no local visto que a
maioria dessas terras particulares encontra-se ociosa desde sua titulação na década de 70.
Essa situação irregular vem por décadas prejudicando os agricultores familiares que ali se
instalaram. Esses agricultores, por não disporem do título das terras que ocupam não podem
requerer legalmente as autorizações necessárias para proceder ao uso da terra em
conformidade com as exigências ambientais além da impossibilidade de fazer financiamentos
junto a bancos.
Para a maioria das comunidades da APA existe um consenso de que o maior
problema a ser resolvido para que se enquadrem no cumprimento das exigências legais no
uso da terra é a regularização fundiária, ou seja, a adequação da titularidade das terras que
ocupam e ou do uso das terras do ponto de vista legal.
A unidade encerra ainda em seus limites sete RPPN federais que protegem um total
de 415,50 ha além de duas Unidades de Conservação municipais, os parques Natural
Municipal (PNM) Cachoeira das Orquídeas e Galo da Serra. A APA Municipal Urubuí
consiste em um corredor de biodiversidade entre a APA Caverna do Maroaga e a APA
Estadual da Margem Esquerda do Rio Negro Setor Aturiá – Apuazinho (SEMMA, 2007).

Unidade de Conservação Área (ha.) Decreto / Portaria


16,00 100 / 02
PNM Galo da Serra
28,00 673 /06
PNM Cachoeira das Orquídeas 817,00 099/02
RPPN Fazenda Betel 67,50 17/01
RPPN Estância Rivas 100,00 66/97
RPPN Reserva dos Arqueiros 25,00 74/01
RPPN Adão e Eva 100,00 44/98
RPPN Sítio Bela Vista 63,00 07/98
RPPN Quatro Elementos 25,00 71/2001
RPPN Santuário 60,00 139/98
Quadro 3. Unidades de Conservação sobrepostas á APA Caverna do Maroaga.

39
Figura 11. Mapa com a situação fundiária da APA Caverna do Maroaga

40
5. CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES
ABIÓTICOS

41
5.1. CLIMA

O clima da Amazônia é basicamente controlado por mecanismos atmosféricos de


grande e meso escalas, sendo o principal a circulação planetária equatorial na direção leste-
oeste (circulação de Walter), cuja intensidade e posicionamento estão intimamente ligados ao
fenômeno El Niño/Anti-El Niño.
Em geral, a maioria das chuvas se origina de camadas de nuvens da estratosfera e se
caracteriza por precipitações de grande extensão horizontal e maior persistência.
A região está classificada no tipo Amw, segundo a divisão climática de Köppen, ou
seja, tropical chuvoso úmido e quente, com chuvas predominantemente de verão.
De acordo com estudos realizados pela Eletronorte a formação do lago de Balbina não
provocaria modificações sensíveis no regime e nos totais pluviométricos da bacia do rio
Uatumã, tendo em vista ser o clima da Amazônia basicamente controlado por mecanismos
atmosféricos de grande e meso escala. Estudos mostraram que o total anual de
evapotranspiração do lago não difere significativamente do total de evapotranspiração da
floresta existente na área alagada. No entanto, a substituição da floresta ocasionou alterações
na superfície de radiação que aumentou com a formação do lago (Eletronorte, 1988).
A seguir é apresentada uma descrição geral dos índices climáticos na região de acordo
com o Plano de Manejo da Reserva Biológica do Uatumã
a) Pluviosidade
As chuvas caem em aguaceiros intensos com duração média de cerca de 30 minutos e
sempre em forma de precipitações isoladas. O mês de maior precipitação é abril e o mais seco
agosto; o semestre mais chuvoso vai de dezembro a maio e o mais seco de junho a novembro.

Figura 12. Comparação entre Médias mensais de Chuva em Manaus e a Normal Climatológica
Provisória (1991 – 2000)

b) Temperatura do Ar
As temperaturas variam entre a máxima de 38ºC e a mínima de 20,5ºC. Na região a
temperatura é uniforme, não ocorrendo estações diferenciadas (raramente ocorrem
temperaturas inferiores a 20ºC) ao longo do ano.

c) Umidade Relativa do Ar

42
A umidade relativa se apresenta alta e uniforme ao longo do ano, sendo de 97,2% a
média total, com uma média das máximas de 99,8% e média das mínimas de 91,1%. As
medições são feitas diariamente, às 7 horas da manhã.

d) Velocidade dos Ventos


Na região há predominância de ventos de Norte e Sul, atingindo velocidade média
máxima entre 24 e 28 km/h. Os ventos de NW e SW são esparsos e de baixa intensidade e,
portanto, exercem pouca influência no meso clima da região.

e) Insolação
Os dados existentes indicam, para a região, uma média anual de insolação de,
aproximadamente, 2.000 horas (média diária de 5,5 horas), sendo que no mês de abril (mais
chuvoso) verifica-se a menor insolação média.

5.2 ASPECTOS GEOLÓGICOS

O Estado do Amazonas é caracterizado por uma extensa cobertura sedimentar


fanerozóica (que abrange os últimos 542 milhões de anos) depositada sobre um substrato
rochoso pré-cambriano (compreendido entre 4.5 bilhões de anos atrás até o Fanerozóico). O
Cráton Amazônico corresponde a duas principais áreas pré-cambrianas: o Escudo das
Guianas ao norte da bacia amazônica e o Escudo Brasil – Central ao sul daquela bacia
(Figura 12) (CPRM, 2005).
A região nordeste do Estado do Amazonas está inserida no domínio Waimiri, cujas
rochas estão, em grande parte, encobertas pela espessa sedimentação siliciclástica marinha à
fluvial ocorrida durante a evolução da Bacia do Amazonas (Sarges et al, 2009). Pesquisas
geológicas e paleontológicas têm demonstrado que a evolução da Bacia do Amazonas
envolveu inversão do fluxo da drenagem, a qual migrava primeiramente para oeste e
noroeste, em direção ao Pacífico, e há cerca de 15 milhões de anos atrás, devido ao
soerguimento dos Andes, mudou para leste em direção ao Atlântico. Outro importante
registro geológico é a atividade da neotectônica, responsável por alterações nas morfologias
do relevo e fluvial, com destaque para os diferentes estilos de falhas que abateram ou
soergueram blocos de rochas gerando desníveis topográficos, além feições anômala do tipo
rios retilíneos, corredeiras e cachoeiras, migração de canais fluviais e outras (Sarges et al,
2009). O município de Presidente Figueiredo está inserido nos limites setentrionais (norte)
da porção ocidental (oeste) da Bacia do Amazonas, nas proximidades do contato desta com os
terrenos cristalinos do Escudo das Guianas. Segundo Muller e Carvalho, 2009, são
identificados para esse município dois grandes domínios geológicos que encontram
representatividades na APA Caverna do Maroaga: um domínio Proterozóico, representado por
rochas ígneas e metamórficas e pacote sedimentar relacionadas ao Escudo das Guianas, na
porção Setentrional do Cráton Amazônico e um domínio Fanerozóico (Grupo trombetas
e formação Alter-do-chão) englobando essencialmente os sedimentos da Bacia do Amazonas.

43
Figura 13. Subdivisão tectônica da América do Sul. (Almeida, 1978)

O primeiro domínio está relacionado ao Grupo Iricoumé e corpos granitóides


atribuídos à Suíte Intrusiva Abonari, que ocorrem a partir do km 130 da BR-174.
O segundo é caracterizado por uma extensa cobertura sedimentar fanerozóica
compreendida pelas rochas paleozóicas da bacia sedimentar intracratônica do Amazonas,
representadas pelo Grupo Trombetas e Javari (Molinari et al.2008).
O Grupo Iricoumé, é a unidade estratigráfica de maior expressão na região de
drenagem do rio Uatumã juntamente com granitos da suíte intrusiva mapuera.
(IBAMA,1996). É constituído por rochas vulcânicas intermediárias a ácidas, não
metamorfizadas, representada por dacitos, traquidacitos e andesitos básicos Na altura do km
150 da BR 174 afloram na forma de rocha vulcânica ácida – Riolito, rocha de coloração
maciça, inequigranular, porfirítica apresentando intrusão de corpos de pegmatitos com
cristais bem desenvolvidos de feldspato potássico, quartzo e micas. Estas rochas encontram-
se bastante cisalhadas. Corpos discordantes de rochas básicas de coloração cinza-esverdeada
cortam estas rochas. Rochas vulcânicas ácidas também afloram nos seguintes locais ao
longo da BR-174: no km 130 onde tem-se o contato destas com as rochas sedimentares
paleozóicas da Bacia do Amazonas, cujo afloramento é totalmente alterado, com as rochas
vulcânicas de coloração avermelhada recobertas pelos sedimentos; no km 137 no leito do
igarapé Canastra e no km 174 onde as vulcânicas são representadas por dacitos.

44
Figura 14 e 15. Contato das rochas vulcânicas do Grupo Iricoumé com as rochas sedimentares (esq.) e
Pedreira de rochas vulcânicas – Riolito (dir.) Fonte: Alves (2008).

A Suíte Intrusiva Abonari é representada por rochas graníticas com anfibólio, que
apresentam coloração acinzentada a rósea, cujas melhores exposições ocorrem na pedreira
localizada no lado direito da BR-174, no km 202, Lat. S 01º18’23,0” e Long. W 60º23’27, 9”.
Segundo o CPRM (1976) a suíte intrusiva do Abonari é descrita como Granito
Abonari, registrando as maiores altitudes da área, estando parcialmente recoberto por capas
lateríticas e apresentado contato a noroeste e sudoeste com rochas graníticas da então
denominada unidade Granito São Gabriel (suíte intrusiva São Gabriel). De acordo com o
relatório esta é encontrada entre os km 155 e 165 da BR 174 e entre os km 189 e 211 sendo
rochas de cor rósea e às vezes avermelhada. O contato entre o Granito Abonari (suíte
Intrusiva Abonari) e Granito São Gabriel (suíte intrusiva São Gabriel) é demarcado pelo
limite morfológico da serra do Abonari.
No segundo domínio das rochas sedimentares, as rochas do Grupo Trombetas
representam idades litológicas em torno de 400 a 450 milhões de anos, constituídas por
depósitos.
A formação Trombetas, redefinida como Grupo ocorre nas bacias do alto, médio e baixo
amazonas, aflorando nos flancos norte e sul da bacia sedimentar paleozóica do Amazonas
(CPRM, 1976). Os arenitos e argilitos de coloração vermelha, graças à presença de óxido de
ferro da Formação Alter-do-Chão (Grupo Javari) se encontram presentes na porção sul da UC.
A areia empregada em Manaus é proveniente de depósitos formados por processos de
podzolização de rochas cretáceas da Formação Alter do Chão. Os depósitos da região de
Presidente Figueiredo são formados por similar processo, porém a podzolização se
desenvolve sobre os arenitos do Grupo Trombetas (CPRM, 2005).

Figura 16 e 17. Limite entre a crosta laterítica e solo (esq.) e laterito (dir.)Fonte: (2008)

45
Os lateritos são produto do intenso intemperismo químico de rochas subaéreas (pré-
existentes) e até mesmo de lateritos antigos, cujo processo aumenta o teor de ferro e/ou
alumínio e diminui o teor de sílica. Segundo a estrutura física, os lateritos classificam-se em:
compactos, maciços, coesos e incoesos, terrosos ou argilosos Este material é dado em
abundância, caracterizado por depósitos minerais associados encobertos por uma espessa
camada de Argila Belterra (argilo-arenoso de cor amarela). Na altura do km 128 este
material ocorre de maneira expressiva associado à latossolos vermelhos e amarelos (Molinari
et al., 2008).

A Formação Prosperança é constituída essencialmente por arenitos arcoseanos. A


presença de fragmentos de feldspato indica como fonte provável para suas camadas rochas
cristalinas ácidas, representadas pelo Grupo Anauá, Granito São Gabriel e Granodito Água
Branca. (CPRM 1976)
Essa Formação, de idade neoproterozóica, aflora numa faixa estreita e descontínua de
direção WSW-ENE, ao sul do município de Presidente Figueiredo. As melhores
exposições da Formação Prosperança no município alcançam até 12 m de espessura e são
encontradas nos km 129 e 160 da rodovia BR-174. Está distribuída no limite da borda
norte da Bacia do Amazonas sob a forma de uma faixa estreita e descontínua. Na altura do
quilômetro 130 da rodovia BR-174, é possível observar, em corte de estrada, registros da
Formação Prosperança depositados sobre as rochas embasamento granítico-vulcânico,
representado pelo Grupo Iricoumé e Suíte Intrusiva Mapuera.

A Formação Maecuru é composta por arenitos e pelitos depositados sob condições


neríticas e deltaicas, cujos afloramentos nas bordas norte e sul da Bacia do Amazonas
atingem espessura de 250 metros.

A Formação Içá no geral reúne arenitos amarelo-avermelhados, finos a


conglomeráticos, friáveis, com siltitos subordinados e argilitos de características
eminentemente continentais e depositados sob condições fluviais de elevada energia e clima
árido. De acordo com Maia et al. (1977), a seção inferior da formação é constituída por
siltitos e/ou argilitos maciços a finamente laminados, lenticulares, intercalados com arenitos
estratificados. A seção superior está representada por arenitos conglomeráticos. Os terraços
fluviais correspondem a amplos depósitos sedimentares constituídos por argila, areia e
cascalho, via-de-regra, inconsolidados a semi-consolidados e com dezenas de metros de
espessura. Os sedimentos revelam diferentes ciclos de erosão e deposição ao longo do
tempo geológico (CPRM, 2006)

46
Figura 18. Mapa Geológico da APA Caverna do Maroaga

47
5.3 GEOMORFOLOGIA

A geomorfologia entre Manaus e Presidente Figueiredo resulta diretamente do


arcabouço geológico, sendo compartimentada em dois grandes domínios. A porção sul,
localizada entre o km zero em Manaus e o km 130 em Presidente Figueiredo, compreende a
Bacia Sedimentar Fanerozóica da Amazônia (Ross, 2000) e caracteriza-se por terrenos
sedimentares paleozóicos de baixa altitude, compostos por cristas, colinas e interflúvios
tabulares em diferentes índices de dissecação sobre uma superfície de aplainamento plio-
pleistocênica, que sofreu profundos entalhes nas drenagens na sua zona de borda no contato
com o embasamento (Muller e Carvalho, 2001).
A porção norte, localizada entre o km 130 e o km 200 (Santo Antonio do Abonari) em
Presidente Figueiredo, constitui-se de terrenos mais acidentados, que se estendem ao longo
dos rios e platôs com níveis altimétricos intermediários, com altitude de até 200m, instalados
sobre as rochas graníticas e vulcânicas do embasamento. De acordo com Sarges et al (2001) e
Nogueira e Sarges (2001) essa configuração geomorfológica é compartimentada em duas
unidades morfoestruturais:
a) Depressão Periférica Norte do Pará (DPNP);
A Depressão Periférica do Norte do Pará que engloba as formas de relevo
desenvolvidas sobre as rochas vulcânicas do Supergrupo Uatumã (Proterozóico Médio),
compreendendo uma área aplainada, constituída por sistemas de vales e de colinas com
baixas altitude e extensão em torno de 200 m.
b) Planalto Dissecado Norte da Amazônia (PDNA)
O Planalto Dissecado Norte da Amazônia esculpido sobre os corpos graníticos
pertencentes à Suíte Intrusiva Mapuera (Proterozóico Médio). Os diferentes graus de
dissecação caracterizam-se por relevo de platôs e interflúvios tabulares com extensão média
de 8 km, além de colinas com extensão entre 200-300m.

Devido às características geomorfológicas da região, o enchimento do reservatório da


UHE Balbina inundou uma extensa área, cerca de 2.360 km². A ondulação do terreno deu
origem a cerca de 3.300 ilhas, dos mais diversos tamanhos, desde grandes ilhas, com mais de
1.000 ha., até as pequenas, com menos de 1 ha. A morfologia dessas ilhas também é
extremamente variável, existem as ilhas altas e íngremes, com até 90 metros acima do nível
d'água, até ilhas baixas e planas, com um a dois metros. (PM REBIO Uatumã, 1997).

De acordo com o CPRM (1996), a geomorfologia da região possui as seguintes feições:


A- Planície Aluvionar Recente
Caracterizada pelas faixas aluvionárias, são cobertas por mata de várzea, estando
sujeitas a inundações sazonais e acompanham os principais cursos d’água, como os rios
Uatumã, Pardo e Santo Antônio do Abonari. Apresentam normalmente uma tonalidade mais
clara e uma textura mais fina, nas imagens de radar, comparadas com outras unidades
geomorfológicas.

48
B- Peneplano rebaixado
São áreas extremamente peneplanizadas, praticamente isentas de elevações. Ocorrem
em dois setores distintos a noroeste próximo ao rio Abonari e a nordeste próximo ao rio
Uatumã. Apresentam relevo baixo peneplanizado, estando em um plano intermediário entre
o peneplano granítico-vulcãnico e a planície aluvionar. Representa uma superfície sujeita a
inundações, sem padrão de drenagem definido, dotado de uma vegetação semelhante à mata
de várzea. Rochas graníticas do grupo Anauá e vulcânicas do grupo Uatumã afloram no
domínio desta unidade geomorfológica.
C- Peneplano granítico – vulcânico
Ocorrem indiscriminadamente em áreas de rochas dos grupos: Anauá, Uatumã e
granito São Gabriel. Representam uma superfície peneplanizada uniformemente modelada
em suaves colinas com desníveis inferiores a 50m onde se insere uma drenagem
relativamente densa, compondo um padrão dendrítico a sub-retangular.
Os vales dos igarapés são fechados em forma de “V”, estando praticamente desprovidos de
faixas aluviais.
D- Escarpa de “cuesta”
A Escarpa de cuesta representa uma borda da bacia sedimentar, disposta em uma faixa
leste-oeste, onde se desenvolve uma drenagem dendrítica densa, entalhada, originando
inúmeras colinas de pequenas dimensões.
E- Platô arenítico
Caracteriza-se por possuir um relevo tabular, intercalado com depressões corres
pendentes a calha dos igarapés e também por uma drenagem dendrítica bastante aberta. Essa
expressão geomorfológica é característica das rochas sedimentares areníticas da formação
Trombetas.
F- Maciços residuais
Os principais maciços residuais da área correspondem às serras Abonari, São Gabriel e
Onça, que denotam relevo acidentado e drenagem bastante entalhada, geralmente mantendo
padrão sub-retangular. Geralmente apresentam uma cobertura laterítica descontínua, melhor
desenvolvida na Serra São Gabriel.
G- Platôs lateríticos
Formam superfícies tabulares bem definidas, que recobrem exclusiva e parcialmente
os maciços residuais representados pelas serras São Gabriel e Abonari. Carcaterizam-se por
serem praticamente isentos de drenagem no topo e bastante ravinados nos seus flancos e por
uma textura mais grosseira em relação às demais elevações da área, atingindo cotas de 350m.
Segundo Muller e Carvalho no Amazonas foram delimitadas três zonas
geoambientais no município de Presidente Figueiredo independente do traçado das áreas
protegidas presentes.

49
Figura 19. Grandes unidades geomorfológicas identificadas no Município de Presidente Figueiredo.
Fonte. Muller e Carvalho

A primeira denominada Zona Geoambiental Oeste do Uatumã ocorre do extremo


norte do município até o sudeste abrangendo uma pequena porção da APA em seu limite com
a terra indígena Waimiri Atroari.
Possui uma superfície de relevo baixo, uniformemente modelada a 50 metros e apresenta
uma drenagem densa, que vai de dentrítica a subdentrítica, com igarapés com vales em forma
de “v”, com aluviões restritos ou estreita faixa aluvial.

Zona Geoambiental Leste Uatumã-Abonari


Ocorre numa faixa que se estende desde a porção extremo-oeste do município até o
limite norte da bacia Paleozóica do Amazonas. Caracteriza-se por ser uma área, com relevo
baixo, além de superfícies sujeitas a inundações sazonais, sem padrão de drenagem definido e
com uma cobertura vegetal similar a mata de várzea. As rochas que ocorrem neste domínio
pertencem ao Complexo Metamórfico Anauá, formado por granitos, hornblenda-biotita
granito, biotita-hornblenda gnaisse, biotita gnaisse, gnaisse granodiorítico, migmatitos,
charnokitos, microcharnokitos e dioritos.

50
Esse domínio subdivide-se em dois compartimentos:

• Maciços residuais – que correspondem às Serras do Abonari, São Gabriel, entalhados


principalmente por padrões subretangulares, e a Serra da Onça, com padrão de
drenagem mais denso e subparalelo;

• Platô laterítico – caracterizado por superfícies tabulares bem definidas, recobrindo


exclusiva e parcialmente os maciços residuais representados pelas Serras São Gabriel
e Abonari. Sendo que na primeira serra, a cobertura laterítica é descontínua e bem
mais desenvolvida.

Figura 20. Limite dos Domínios Oeste Uatumã e Leste Uatumã-Abonari. Fonte. Muller e Carvalho.

Apresenta ainda pouca drenagem no seu topo, porém com bastantes ravinamentos
nos seus flancos e apresenta uma textura mais grosseira quando comparada com as demais
elevações.

Zona Geoambiental da Bacia do Amazonas e das coberturas cenozóicas.


É constituída por uma faixa estreita disposta de leste para oeste, localizada na porção sul do
município. Esta zona abrange a formação Trombetas, constituindo a borda norte da Sinéclise
do Amazonas. Possui uma vegetação caracterizada por floresta Ombrófila Densa e por
campinarana em alguns trechos, originando áreas de Tensão Ecológica. Essa unidade
caracteriza-se por interflúvios tabulares com topos de extensão entre 250 e 750 metros,
talhados sobre o Granito Mapuera, e situados a leste do rio Camanaú e apresentando
drenagem pouco profunda; além de solos do tipo Latossolo Vermelho Amarelo.

51
AM 240

Lago de Balbina

Rio Uatumã

Domínio III - Bacia paleozóica do


Amazonas e Coberturas

Figura 21 A e B. Limites litológicos do Domínio da Bacia Paleozóica do Amazonas,


e Domínio da Bacia Paleozóica do Amazonas. Fonte. Muller e Carvalho.

52
Figura 22. Mapa. Geomorfológico da APA Caverna do Maroaga

53
5.4 SOLOS
Na APA encontramos um mosaico de diferentes tipos de solo (Figura 24 e 25),
classificados neste capítulo de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos
(SIBCS) conforme atualizado no Manual Técnico de Pedologia do IBGE (2007). As
classificações quanto à aptidão agrícola seguem em conformidade com o Documento Técnico
n° 123 da Embrapa: “Caracterização e Classificação dos Solos do Município de Presidente
Figueiredo” (2001), conforme segue abaixo:

Os Latossolos predominam na unidade. São solos profundos e de boa drenagem


divididos em quatro classes distintas das quais duas estão representados na APA, os
latossolos vermelho-amarelos e os latossolos amarelos. Os latossolos vermelho-amarelos
têm cores vermelho-amareladas, são profundos, com boa drenagem e normalmente possuem
baixa fertilidade natural, embora se tenha verificado algumas ocorrências de solos eutróficos.
Estes solos evoluem de rochas do Complexo Guianense do Período Pré-cambriano,
encontram-se em relevo suave ondulado e ondulado, sob vegetação de floresta densa. Estão
sendo utilizados com cultura de subsistência, nos assentamentos do INCRA (em Presidente
Figueiredo) e na formação de pastagens. Os latossolos amarelos possuem perfis muito
homogêneos, com boa drenagem e baixa fertilidade natural em sua maioria.
Por apresentarem boas propriedades físicas, mesmo sendo argilosos e muito argilosos,
podem ser utilizados em atividades agrícolas intensivas, desde que sejam empregados
fertilizantes e corretivos para melhorar o nível de fertilidade, assim como práticas de manejo
e preparo de solo adequados a suas propriedades, para manter a sustentabilidade (Embrapa,
2001).

Os Planossolos (do latim planus, plano, horizontal; conotativo de solos desenvolvidos


com encharcamento superficial estacional) compreendem solos minerais, imperfeitamente ou
mal drenados, com horizonte superficial ou subsuperficial eluvial, de textura mais leve que
contrasta abruptamente com o horizonte B imediatamente subjacente, adensado e
geralmente com acentuada concentração de argila, com permeabilidade lenta ou muito lenta,
constituindo por vezes um horizonte “pã”, que é responsável pela detenção do lençol d’água
sobreposto (suspenso), de existência periódica e presença variável durante o ano. São
imperfeitamente ou mal drenados e a fertilidade natural é variável. Além da textura, outras
características como estrutura, porosidade, permeabilidade e muitas vezes cores, são também
bastante contrastantes entre o A e/ou E e o B.

Os Cambissolos (do latim cambiare, trocar; conotativo de solos em formação


(transformação) são solos que apresentam grande variação no tocante a profundidade,
ocorrendo desde rasos a profundos, além de apresentarem grande variabilidade também em
relação às demais características. A drenagem varia de acentuada a imperfeita e podem
apresentar qualquer tipo de horizonte A sobre um horizonte B incipiente (Bi), também de
cores diversas. Muitas vezes são pedregosos, cascalhentos e mesmo rochosos.

Os Neossolos (Areia Quartzosa e Areia Quartzosa Hidromórfica - SIBCS) (do grego


néos, novo, moderno; conotativo de solos jovens, em início de formação) são constituídos por
material mineral ou material orgânico pouco espesso (menos de 30 cm de espessura), com
baixa intensidade de alteração dos processos pedogenéticos sem modificações expressivas das
características do próprio material originário,

54
ocasionado pela sua resistência ao intemperismo ou composição química e pelo relevo que
podem limitar ou impedir a evolução desses solos (Embrapa, 1999). Congregam solos rasos,
Neossolos Litólicos; ou profundos e arenosos Neossolos Quartzarênicos; ou profundos e
arenosos com presença considerável de minerais primários de fácil intemperização,
Neossolos Regolíticos; ou ainda, solos constituídos por sucessão de camadas de natureza
aluvionar, sem relação pedogenética entre si, Neossolos Flúvicos.

As principais limitações desses solos referem-se à classe de textura arenosa que limita
o armazenamento de água disponível; à baixa fertilização natural, que exige a aplicação de
fertilizantes para suprir a carência de nutrientes essenciais às plantas cultivadas, existentes
nesses solos, à intensa lixiviação, proporcionada pela alta permeabilidade dos nutriente mais
solúveis e à drenagem impedida nos Neossolos quartzarênicos hidromórficos.
A utilização desses solos em atividades agrícolas é bastante restringida, pelas sérias
limitações que apresentam; no entanto podem ser utilizados em reflorestamento ou como
áreas de regeneração vegetal ou preservação ambiental. (Embrapa, 2001)

Espodossolos (Podzol hidromórfico) (do grego spodos, cinza vegetal, solos com
horizonte de acumulação de materiais orgânicos e outros). São solos bastante característicos,
em razão de sua gênese. Vias de regra, apresentam diferenciação significativa entre os
horizontes, e, na maioria das vezes, têm um horizonte espódico de cores escurecidas ou
avermelhadas/ amareladas, precedido de um horizonte eluvial e muitas vezes álbico. O
horizonte espódico ocorre a profundidades variáveis, e em alguns pontos da região
Amazônica encontra-se a profundidades superiores a 3 metros. São em geral muito pobres no
tocante a nutrientes minerais e têm textura arenosa predominantemente. São verificados
distribuídos esparsamente ao longo da costa leste brasileira e têm sua mais expressiva
ocorrência na região Amazônica (Amazonas e Roraima) e no Pantanal Mato-grossense.
Quando muito, são explorados com pastoreio extensivo de gado bovino.
Considerando as limitações inerentes à textura arenosa e à baixa fertilidade natural, também
possuem sérias restrições ao uso agrícola, quanto ao excesso de água, ocasionado pela baixa
permeabilidade. Devem, portanto, ser indicados para permanecerem com a vegetação
natural. (Embrapa, 2001).

Argissolos (Podzólico Amarelo e Podzólico vermelho-amarelo)


Do latim argilla, conotando solos com processo de acumulação de argila. Os solos desta
classe têm como característica marcante um aumento de argila do horizonte superficial A
para o subsuperficial B que é do tipo textural (Bt), geralmente acompanhado de boa
diferenciação também de cores e outras características. As cores do horizonte Bt variam de
acinzentadas a avermelhadas e as do horizonte A, são sempre mais escurecidas. A
profundidade dos solos é variável, mas em geral são pouco profundos e profundos. São,
juntamente com os Latossolos, os solos mais expressivos do Brasil, sendo verificados em
praticamente todas as regiões. Os Argissolos vermelho-amarelos são quimicamente pobres
em nutriente essenciais ás plantas cultivadas; principalmente em relação ao cálcio, magnésio,
potássio e fósforo, deficiência esta bastante comum em solos distróficos da Amazônia
(EMBRAPA, 2001) Apresentam restrições ao uso agrícola devido à ocorrência de relevo
ondulado a forte ondulado e em algumas áreas afloram rochas.

55
Tipos de Solos Aptidão agrícola
(Embrapa, 2001)
Latossolos vermelho-amarelos Podem ser utilizados em atividades agrícolas intensivas,
desde que sejam empregados fertilizantes e corretivos
para melhorar o nível de fertilidade, assim como práticas
Latossolos amarelos de manejo e preparo de solo adequadas ás sua
propriedades, para manter a sustentabilidade.

Planossolo Sem informações

Cambissolo Sem informações


A utilização desses solos em atividades agrícolas é
bastante restringida pelas sérias limitações que
Neossolo apresentam; no entanto podem ser utilizados em
reflorestamento ou como áreas de regeneração vegetal ou
preservação ambiental.
Possuem sérias restrições ao uso agrícola, quanto ao
excesso de água, ocasionado pela baixa permeabilidade.
Espodossolo Devem, portanto, ser indicados para permanecerem com a
vegetação natural.
Apresentam restrições ao uso agrícola devido à
Argissolo ocorrência de relevo ondulado a forte ondulado e em
algumas áreas afloram rochas
Quadro 4. Tipos de solo presentes na APA Caverna do Maroaga e aptidão agrícola (Embrapa, 2001).

56
Figura 23. Mapa dos tipos de solos encontrados na APA Caverna do Maroaga

57
Figura 24. Mapa dos tipos de solos encontrados no município de Presidente Figueiredo, Embrapa, 2001.

58
59
60
5.5 HIDROGRAFIA
A APA Caverna do Maroaga se encontra localizada na margem direita do
reservatório da UHE de Balbina. De acordo com o CPRM (1976) ocorrem na área da APA
quatro principais bacias de drenagem: rio Santo Antônio do Abonari, Uatumã, Urubu e
Pardo. A Bacia do rio Uatumã, afluente do rio Amazonas pela margem esquerda, é a mais
significativa da região com uma área de drenagem de 70.600 km². Seus principais formadores
são os igarapés Santo Antônio do Abonari (área de drenagem 1.626 km²) e Taquari (área de
drenagem 1.631 km²). Seus principais afluentes são os rios Pitinga e Jatapu. (IBAMA, 1997)
Dois padrões principais de drenagem podem ser observados: um, representando os
rios de substrato pré-cambriano e outro os rios da bacia paleontológica.
No primeiro, encontra-se a bacia do rio Uatumã, Pardo e Abonari, e no segundo, a
bacia do rio Urubu (CPRM, 1976).

• A bacia do rio Urubu corta a formação Trombetas e tem por principais afluentes os
igarapés Santa Cruz e Urubuí. Exibe um padrão dendrítico bastante aberto com
baixíssima densidade de drenagem.

• A bacia do rio Uatumã, controlada essencialmente por falhamentos é a maior da área


e seus principais afluentes ocorrem em regiões onde afloram rochas do complexo
vulcânico-granítico.

• O rio Pardo apresenta padrões de drenagem retilínea e de baixo curso típica de


rochas pré-cambrianas

• A bacia do rio Abonari corta as rochas graníticas São Gabriel e Abonari. Apresenta-
se condicionado por falhamentos e seus principais afluentes são os igarapés Charco,
Chavascal e Castanha.
A UHE de Balbina
Na década de 1970, iniciaram-se as obras de construção da UHE Balbina (Figura 26),
próxima à Cachoeira Balbina no rio Uatumã. O reservatório de Balbina foi construído a
partir do barramento do rio Uatumã e o enchimento iniciou-se em outubro de 1987,
prolongando-se até fevereiro de 1989. Devido a um relevo regional de baixa declividade, o
lago formado caracteriza-se por sua área extensa e profundidade rasa. Possui uma área
aproximada de 236.000 há e 3.300 ilhas (Figura 27). A profundidade média é de 7,4 m, sendo o
valor máximo observado de 30 m. Suas margens de feições dendríticas apresentam uma
extensão de 4.582 km, tendo como comprimento total 210 km, largura máxima de 75 km e
média de 11 km, o que perfaz um volume do reservatório na ordem de 17,5 km³,
considerando o nível de água máximo normal (50 m) (PRIMAZ, 1998)

61
Área Inundada 2.360 km²
Volume Total 18 bilhões de litros
Profundidade Máxima 30 m
Profundidade Média 7m
Tempo médio de residência na água 1 ano
Águas Altas Abr - Jun
Águas Baixas Ago - Dez
Chuva (média 1989- 1998) 2.545mm
Quadro 6. Características Técnicas do Reservatório. Fonte: Eletronorte, 2006

Figura 25. UHE de Balbina no rio Uatumã. Fonte: REBIO Uatumã

Figura 26. Ilhas formadas pelo enchimento do reservatório de Balbina. Fonte: REBIO Uatumã

62
Figura 27. Mapa da hidrografia na APA Caverna do Maroaga

63
6. CARACTERIZAÇÃO DOS FATORES
BIÓTICOS

64
A caracterização biótica da APA Caverna do Maroaga foi realizada a partir de dados
secundários de fontes diversas. A caracterização da vegetação foi realizada segundo
informações constantes na Classificação Vegetal Brasileira adaptada a um Sistema Universal
(IBGE, 1991), do Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 1992) e Plano de Manejo
da REBIO Uatumã, 1997, além de estudos e relatórios de pesquisadores que levantaram
aspectos florísticos da região.

6.1 CARACTERIZAÇÃO DA VEGETAÇÃO

De acordo com o IBGE (1991), em sua Classificação da Vegetação Brasileira


Adaptada a um Sistema Universal, a APA encontra-se na região fitogeográfica da Floresta
Ombrófila Densa (Figura 22).
O Manual Técnico da Vegetação Brasileira (IBGE, 1992) caracteriza esta vegetação
pela presença de fanerófitos, além de lianas lenhosas e grande quantidade de epífitos o que a
diferencia de outras formações. A característica ecológica principal está ligada aos fatores
climáticos, principalmente às altas temperaturas (média de 25°C) e à precipitação. Nos
ambientes dessas florestas predominam os latossolos com características distróficas
originados de diferentes tipos de rochas desde as cratônicas (granito e ganisses) até os
arenitos de variados períodos geológicos e os podzólicos (argissolos), ambos de baixa
fertilidade natural. Como citado no Manual, a floresta ombrófila foi dividida em cinco
formações, aluvial, terras baixas, sub-montana, montana e alto-montana, seguindo uma
hierarquia topográfica que reflete fisionomias diferentes, resultantes de ambientes
diferenciados.

1-Aluvial 2-Terras
Baixas 3-Sub Montana 4- Montana 5- Alto Montana

Figura 28. Perfil esquemático da Floresta Ombrófila Densa (IBGE, 1991)

65
Figura 29. Mapa da vegetação da APA Caverna do Maroaga
66
O Quadro abaixo denomina os tipos de vegetação presentes na APA de acordo com a
classificação do IBGE (1991) e mapa de vegetação (Figura 22) da unidade elaborado a partir
de base cartográfica do SIPAM.

Classificação Fitogeográfica – IBGE, 1991.


Sub-Classe de Subgrupo de
Classe de Formação Formações / Sub-formações/
Formação/ Clima - Formações /
/ Estrutura Ambiente - Relevo Fácies
Déficit hídrico Fisionomia
- Dossel
1- Aluvial
Ombrófila Uniforme
Floresta Densa 2-Terras Baixas
(0 a 4 meses de seca) - Dossel
3-Sub-Montana
Emergente
Quadro 7. Classificação da vegetação na APA Caverna do Maroaga

6.1.1. Floresta Ombrófila Densa Aluvial Dossel Emergente e Dossel Uniforme

Esse tipo de vegetação ocorre ao longo dos cursos d’água ocupando terraços antigos
das planícies quaternárias. Apresenta com freqüência um dossel emergente possuindo muitas
palmeiras no estrato intermediário, lianas lenhosas, herbáceas e epífitos.
Segundo o IBGE (1991) a vegetação das planícies aluviais reflete os efeitos das cheias
dos rios nas épocas chuvosas ou das depressões alagáveis todos os anos Nos terrenos
aluviais, conforme a quantidade de água empoçada e do tempo que permanece na área, as
comunidades vegetais temporariamente apresentam palmeiras que se agregam constituindo
açaizais e buritizais.

6.1.2. Floresta Ombrófila Densa Terras Baixas Dossel Emergente

As Florestas de Baixas Altitudes são encontradas nas porções centro-sul do


Município, ocupando terrenos de terraços do Quaternário e os platôs do Terciário.
(IBAMA/Eletronorte, 1997)
Na APA ocorre sobre e,basamento da Formação Alter-do-Chão ao sul de seu limite
na confluência do igarapé-Açu com o rio Uatumã e numa faixa que vai da BR 174 dos km
140 a 180 ao limite da margem direita do reservatório de Balbina.

6.1.3. Floresta Ombrófila Densa Sub-Montana Dossel Emergente

As Florestas Submontana são identificadas predominantemente, nas regiões centro-


setentrionais do município, em terrenos de idade paleozóica e pré-cambriana Representam
mais de 90% da vegetação presente na APA e são denominadas pelas seguintes sub-regiões
segundo a classificação do projeto RADAMBRASIL, 1976.
a) Sub-região Residual Paleozóica do Norte do Rio Amazonas
Esta sub-região é revestida por uma cobertura florestal densa, com espécies emergentes
sobre dossel uniforme. As principais espécies dessa sub-região são: angelim - pedra (Dinizia
excelsa), pau-d'arco-amarelo (Tabebuia serratifolia), macaúbas (Platymiscium spp.), castanheira
(Bertholletia excelsa), maçaranduba (Manilkara sp.), cardeiro (Scleronema micranthum).

67
Espécies de valor econômico:
Acapu-preto (Vouacapoua americana), louro-amarelo (Aniba sp.), louro preto
(Nectandra mollis), maçaranduba (Manilkara sp.), muiraúba (Mouriria brevipes), sucupira-
amarela (Bowdichia nítida), sucupira-preta (Diplotropis purpúrea), sucupira vermelha
(Diplotropis racemosa) e uxirana (Saccoglotis amazônia).
Outras espécies de menor ocorrência são: amapá-doce (Parhancorinia amapá),
amarelinho (Pogonophora schomburgtiana), andiroba (Carapa guianiensis), angelim-pedra
(Dinizia excelsa), angelim-rajado (Pithecelobium racemosum), anani (Simphonya globulifera),
aroeira (Astronium lecointei), castanheira (Bertholletia excelsa), cedrorana (Cedrelinga
catenaeformis) guariúba (Clarisia racemosa), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), louro rosa
(Aniba buchelli), maparajuba (Manildara amazônica), marupá (Simaruba amara), macaúba
(Platymiscium spp.), madioqueira (Qualea sp.), morototó (Didymopanax morototoni),
muiracatiara (Astronium gracile), muirapiranga (Brosimum rubescens), pau-marfim (Agonandra
brasiliensis), pau-roxo (Peltogyne lecointei), pará-pará (Jacarandá copaia), pau-d'arco roxo
(Tabebuia impetiginosa), piquiá (Caryocar villosum), piquiarana (Caryocar glabrum), piquiá-
marfim (Aspidosperma álbum), quaruba (Qualea sp.), roxinho (Peltogyne lecoitei), sorva (Couma
macrocarpa), ucuúba (Virola sp.) e visgueiro (Parkia pendula).
b) Sub-região dos Interflúvios Tabulares do Planalto Dissecado do Norte da Amazônia.
Esta está representada ao norte da APA associada aos argissolos vermelho-amarelos.
Apresenta uma cobertura florestal densa com dossel uniforme e com espécies emergentes
como angelins, maçarandubas. e castanheiras Esta sub-região é dividida em dois
ecossistemas:
- Ecossistema dos platôs graníticos
Esses ecossistemas apresentam cobertura florestal densa com pouca variação em sua
composição e estrutura. Espécies mais freqüentes nos altos platôs:
andiroba (Carapa guianiensis), pau-d'arco (Tabebuia spp), sucupira (Bowdichia sp.) e
(Diplotropis sp.), muiracatiara (Astronium gracile), cedrorana (Cedrelinga catenaeformis), marupá
(Simaruba amara), quarubarana (Erisma uncinatum) e quinarana (Geissospermum sericeum).
Espécies que ocorrem em áreas mais baixas, instalando-se próximas dos rios e das
áreas de relevo mais dissecado:
Morototó (Didymopanax morototoni), jacarandá-preto (Dalbergia spruceana), tatajuba
(Bagassa guianensi) e acapu (Vouacapoua americana).
Espécies florestais que ocorrem independentemente da altimetria: amapá-doce (Brosimum
potabile) castanheira, maçaranduba, itaúba (Mezilaurus itauba), angelins, marupá (Simaruba
amara), pará-pará (Jacaranda copaia), muiratinga (Maquira sclerophylla), acariquara
(Minquartia guianiensis), piquiás (Caryocar villosum), etc.

Espécies de valor econômico:


Andiroba (Carapa guianiensis), balata (Eclinusa balata), cajuaçu (Anacardium
giganteum), cupiúba (Goupia glabra), copaiba (Copaifera duckei), cedrorana (Cedrelinga
catenaeformis), faveira (Roupala thomensiana), freijó-branco (Cordia bicolor), quaruba (Qualea
sp. e Vochysia sp.), jutai-açu (Hymanaea courbaril),

68
louro-preto (Nectandra mollis), louro-amarelo (Aniba sp), maparajuba (Manilkara amazonica),
mandioqueira (Qualea sp), macaúba (Platymiscium spp.) muiracatiara (Astronium gracile),
muiraúba (Mouriria brevipes), pau-marfim (Agonandra brasiliensis), piquiá (Caryocar villosum),
quaruba-rosa (Vochysia obscura), seringueira (Hevea brasiliensis), sucupira-amarela (Bowdichia
nitida), sucupira-preta (Diplotropis purpúrea), tamaquaré (Caraiba grandiflora), ucuúba (Virola
sp). e visgueiro (Parkia pendula).
- Ecossistemas de platôs areníticos
As espécies características desta floresta densa e de maior valor econômico são:
Amapá-doce (Parahancorinia amapá), andiroba (Carapa guianiensis), andirobarana (Guarea
kunthii), cedro-verdadeiro (Cedrella odorata), freijó (Cordia goeldiana), tamaquaré (Caraíba
grandiflora) e jutai-açu (Hymanaea courbaril). Dentre as espécies emergentes desta floresta
densa destacam-se o cedro (Cedrella odorata) e a andiroba (Carapa guianensis). Embora o
número de indivíduos seja elevado, esta floresta é pouco heterogênea quanto à diversidade,
observando-se uma tendência para o gregarismo de determinadas espécies, como por
exemplo, a andiroba (Carapa guianensis) e a andirobarana (Guarea kunthii).
c) Sub-região da Superfície Dissecada do Complexo Guianense
Esta formação apresenta poucas espécies emergentes caracterizando-se por
apresentar um dossel uniforme com sub-bosque denso. Outras fisionomias integram esta
sub-região, como a Floresta Aberta com palmeiras e cipós (Figura 23), destacando-se na
primeira, a presença do patauá (Oenocarpus bataua) e do inajá (Maximiliana regia). As espécies
que melhor caracterizam esta sub-região são: maçaranduba (Manilkara sp.), angelins, cajuaçu
(Anacardium giganteum), tauaris (Couratari sp. e Cariniana sp.), pau-d'arco-amarelo (Tabebuia
serratifolia) e pau d'arco roxo (Tabebuia impetiginosa). A Floresta Aberta aparece,
principalmente, associada à Floresta Densa, sobre terraços aluvionares (IBAMA, 1997).

(1 ) Floresta Densa ( 2 ) Floresta Aberta com palmeiras ( 3 ) Floresta

Figura 30. Blocos-diagrama das fisionomias ecológicas das florestas tropicais


Fonte: IBGE, 1991. Ilustração de Regina Julianele

69
A mata de Igapó ocorre nas margens dos rios, lagos e igarapés. Este tipo de
vegetação sofre inundações periódicas na estação chuvosa. Embora a região tenha sofrido
uma exploração seletiva de pau rosa, a vegetação do município é ainda constituída por
florestas naturais, com poucas áreas desmatadas, PRIMAZ, 1998.
As campinas, de vegetação baixa e aberta, encontram-se isoladas dentro da mata
fluvial em áreas de regossol. Possuem estrutura florística muito especializada e adaptada a
solos de baixa fertilidade, ácidos e com eficiente drenagem. As campinas estão sempre
circundadas por campinaranas, que são formações de porte arbustivo a arbóreo, num
gradiente concêntrico, de limites bastante definidos com a Floresta Densa ou Aberta.
Geralmente, possuem árvores de diâmetro basal pequeno e dossel bastante uniforme.
O pau-rosa (Lauraceae) foi uma das poucas espécies florestais intensivamente
exploradas desde o início do século, levando à sua quase extinção. Desta espécie se extrai
uma essência vegetal utilizada pela indústria de perfumes. Durante os estudos arqueológicos
realizados na área de inundação da UHE Balbina, foi localizada ma antiga usina de pau-rosa,
utilizada para a destilação da essência. A matéria prima era coletada próxima à usina e
posteriormente transportada para Itapiranga, na foz do Uatumã, Itacoatiara e Manaus, de
onde era exportada Ainda hoje ocorre uma exploração incipiente, porém clandestina, cuja
essência é processada em usinas flutuantes instaladas nos rios Uatumã e Jatapu (IBAMA,
1997).
Em levantamento realizado para elaboração do Plano de Manejo espeleológico da
Caverna do Maroaga destacaram-se as seguintes espécies características da Floresta
Ombrófila Densa caracterizada por apresentar vários estratos, sendo o mais alto constituído
por árvores macrofanerófitas que se sobressaem por cima do dossel superior.
Destacam-se espécies como pau-rainha (Brosimum rubescens), pau-rosa, angelim-rajado
(Zigia racemosa), piquiá (Caryocar villosum), piquiarana (Caryocar glabrum ssp.), uxi-liso
(Endopleura uchi), cardeiro (Scleronema micranthum), abiurana-vermelha (Pouteria platyphylla),
seringueira (Hevea guianensis), acariquara (Minquartia guianensis), jacareúba (Calophyllum
brasiliensis), acariquara-branca (Gessospermum urceolataum), entre outras.
Com relação às palmeiras, foram identificadas neste estrato a bacaba (Oenocarpus bacaba) e o
patauá (Oenocarpus bataua).
No interior do seu dossel, há presença constante de lianas típicas desta formação. Ocorrem
entre outros, espécies de cipó-d’água (Doliocarpus brevipedicelatus), cipó-titica (Heteropsis
tenuispadix) e cipó-cravo (Tynanthus panurensis).
O sub-dossel (Foto 8), formado pelas mesofanerofitas, é caracterizado por apresentar
árvores quase todas da mesma altura e a constante presença de arvoretas.
Ocorrem espécies como mututí (Symphonia globulifera), breu-de-leite (Protium
amazonicum), breu-branco (Protium pilosum), casca-preciosa (Aniba canellila), marupá
(Simarouba amara), urucurana (Sloanea latifolia), mata-matá (Eschweilera bracteosa), itaúba-
abacate ,macacaúba e iIbaúba-benguê (Pouroma villosa).
Um terceiro e bem caracterizado estrato, é o sub-bosque (Foto 9) constituído por
lianas e herbáceas e uma certa ocorrência de palmeiras acaules. No geral, ocorrem espécies
como lacre-vermelho (Vismia cf. gracilis), pepino-do-mato (Ambelania duckei), sororoca
(Phenakospermum guyanense) Entre as palmeiras estão presentes as espécies de mumbaca
(Astrocaryum ginacanthum), palha-branca

70
(Attalea attaleoides), pupunha-de-porco (Syagrus inajai) e paxiubinha (Iriartella setigera).

Figura 31. Sub-bosque da Floresta Figura 32. O sub-dossel no entorno da


Ombrófila Densa do entorno da Caverna Caverna do Maroaga, formado pelas
do Maroaga com constante presença de mesofanerófitas. No detalhe, espécies com
palmeiras acaules. Fonte: Amazonastur caules retilíneos. Fonte: Amazonastur
caverna do Maroaga, 2004 Caverna do Maroaga, 2004

Campinarana Florestada
Sucedendo a Floresta Ombrófila Densa, surge em direção sul, a Campinarana
Florestada formação típica da Amazônia. Fisionomicamente caracteriza-se por árvores de
troncos finos e esbranquiçados com altura variando entre 15 e 20 metros e a presença de
muitas epífitas, como Araceae e Orchidaceae. O solo é do tipo podzol e coberto por uma
densa camada de serapilheira entremeada com um denso tapete de raízes. O Paredão da
Judéia está circundado por esta formação. Ocorrem algumas espécies endêmicas deste
habitat, tais como casca doce (Pradosia schomburgkiana ssp.), breu-da-campina (Protium
heptaphyllum).
Campinarana Arborizada
Na topossequência das formações vegetacionais da Caverna do Maroaga, Gruta da
Judéia e Paredão da Galinha (aproximadamente 300 m a oeste desta última), entre as
coordenadas geográficas 02º08’ 37.01 S; 59º05’. 08.06 W, surge em forma de transição com a
campinarana florestada, a campinarana arborizada (Foto 10) Caracteriza-se por pequenas
ilhas de vegetação e moita de ervas espalhadas nas áreas abertas, desenvolvidas sobre
argissolo.

Figura 33. Aspecto da Campinarana Arborizada nas proximidades do Paredão da Galinha. No detalhe, moitas
de vegetação, se desenvolvendo sobre podzol exposto. Fonte: PME Caverna do Maroaga, 2004

71
Floresta Secundária

Pode ser observada como na área em frente à Caverna do Maroaga. As perturbações


naturais existentes foram causadas provavelmente por queda natural de árvores do dossel.
Nas formações vegetacionais pesquisadas durante a elaboração do plano de manejo
espeleológico da Caverna do Maroaga foram identificadas cerca de 61 famílias, 106 gêneros e
131 espécies. Dos 131 táxons coletados, 124 foram identificados a nível específico e apenas 7
a nível genérico.

6.2. CARACTERIZAÇÃO DA FAUNA

A partir dos Andes até o Oceano Atlântico e do Delta do Orenoco até a Bolívia, a
floresta amazônica engloba várias regiões mais ou menos bem delimitadas cujas floras e
faunas são bem distintas. A região do Platô das Guianas cobre uma parte da Venezuela e do
Brasil e integralmente a Guiana, Suriname e Guiana Francesa. Essa região é chamada pelos
especialistas em ecologia tropical e pelos geólogos de Escudo das Guianas, (ONF, 2005) ou
Região zoogeográfica do Planalto das Guianas.
A APA Caverna do Maroaga encontra-se localizada na zona de transição da bacia
sedimentar amazônica e do planalto das guianas apresentando a fauna característica dessa
região.
Os dados sobre a fauna da APA foram compilados de diversos estudos e
levantamentos já realizados na região, notadamente em unidades de conservação vizinhas.

Mamíferos
A mastofauna e avifauna existentes na UC foram amostradas por Omena Júnior,
(2006) na área denominada Uirapuru localizada próxima á rodovia AM 240, km 32, com
acesso a partir da comunidade Cristã. Na época, a área estava sendo estudada para a criação
de um Projeto de Desenvolvimento Sustentável (PDS). Segundo Omena Jr. a cobertura
vegetal do local e suas características naturais vinham se modificando pela atividade de
extração de pau-rosa (Aniba roseadora).
Nesse inventário foram amostradas 45 espécies de mamíferos não voadores distribuídos em
19 famílias.
Outros dados utilizados foram aqueles levantados pelo INPA, resultado das
amostragens de fauna presente na bacia do rio Uatumã, realizados em convênio com a
Eletronorte e previstas por EMMONS (1990), identificando a possível ocorrência de 70
espécies de mamíferos não voadores e de 50 a 90 espécies de mamíferos voadores. Os locais
amostrados para esses estudos foram igarapés na margem direita e esquerda do rio Uatumã
indicando desse modo uma fauna representativa da bacia deste rio onde está inserida a APA.

Primatas
Em estudo recente sobre os efeitos da fragmentação insular sobre a comunidade de
primatas na Amazônia central, Souza (2009) encontrou nas ilhas do reservatório da UHE de
Balbina, formadas pelo represamento do rio Uatumã, sete espécies de primatas, sendo o
guariba (Alouatta macconelli) e o mico-de-cheiro (Saimiri sciureus ) os mais representativos das
áreas levantadas. Cabe ressaltar, que as ilhas amostradas não foram consideradas sob pressão
de caça. As outras

72
espécies encontradas foram: macaco-aranha (Ateles paniscus), macaco-prego (Cebus apella),
cuxiú (Chiropotes sagulatus), parauacú (Pithecia pithecia) e sauim-mao-de-ouro (Saguinus
midas). Segundo consta no Plano de Manejo da REBIO Uatumã, nos levantamentos de fauna
foi também encontrado, além das espécies citadas por Souza (2009) e Omena (2006), outra
espécie de macao-prego (Cebus nigrivitatus) considerado uma das espécies possivelmente
abundantes da região assim como o guariba.
As espécies de primatas que se pode encontrar na APA Caverna do Maroaga, levantadas nos
estudos citados encontram-se listadas abaixo:
Mico-de-cheiro (Saimiri sciureus), macaco-mão-de-ouro (Saguinus midas), macaco-da-
noite (Aotus vociferans), macaco-prego (Cebus nigrivitatus), macaco-prego (Cebus apella).
Parauacu (Pithecia pithecia), macaco-cuxiú (Chiropotes satanus*), cuxiú (Chiropotes sagulatus),
guariba-vermelho (Alouatta seniculus).
* A área de distribuição: Amazônia oriental, ao sul do rio Amazonas. (MMA, 2008)

Carnívoros
Os carnívoros são animais que necessitam de grandes áreas para obter a quantidade
presas necessárias à sua subsistência. A fragmentação e alteração de habitat representam a
principal causa de ameaça para todas as espécies deste grupo. O abate ou retirada de
indivíduos da natureza é, atualmente, a segunda principal causa de ameaça para as espécies
de carnívoros (MMA, 2008). A caça acarreta a redução da quantidade de presas disponíveis
sendo uma ameaça para o cachorro-do-mato-vinagre, a jaguatirica e as onças.
Atropelamentos também afetam populações de várias espécies, e a poluição é uma das
principais ameaças para a ariranha. Para mitigar essas ameaças, várias ações específicas
podem ser efetivadas, mas as principais dizem respeito à proteção de habitats procurando
sempre promover a conectividade entre eles. Dentro da perspectiva de crescente destruição e
fragmentação de ambientes naturais e de seus requerimentos de área, a conectividade entre
populações é fundamental para a conservação de carnívoros. (MMA, 2008)
De acordo com os levantamentos consultados podemos encontrar na APA os
seguintes carnívoros: Ariranha (Pteronura brasiliensis), cachorro vinagre (Speothus venaticus),
furão (GaÍictis vittata), gato maracajá (Leopardus wiedii), gato mourisco (Puma yagouaroundi),
jaguatirica (Leopardus pardalis), jupará (Potus flavus), lontra (Lontra longicaudis), onça pintada
(Panthera onca), onça vermelha (Puma concolor), quati (Nasua nasua).

Pequenos mamíferos
Os pequenos mamíferos são considerados os marsupiais e roedores de pequeno porte,
ou seja, com peso inferior a 5 quilos. Por falta de dados científicos tem sido difícil determinar
as causas que indicam sua raridade e as ameaças de extinção, mas suspeita-se que os
desmatamentos e fragmentação de habitats sejam as causas principais. De acordo com a
IUCN, vários pequenos mamíferos podem estar em risco, mas os dados disponíveis são
insuficientes para uma categorização. A melhor estratégia de conservação, também
indicada para outros pequenos mamíferos de dossel, notadamente a cuíca amazônica
(Caluromysiops irrupta) o único marsupial que consta no livro vermelho, é a conservação das
florestas onde vivem (MMA, 2008).

73
Em estudo sobre pequenos mamíferos nas ilhas do reservatório da UHE de Balbina,
Borges (2007) capturou sete marsupiais típicos da Amazônia Central, Cuíca (Micoureus
demerarae), mucura xixica (Didelphis marsupialis), mucura de quatro olhos (Philander opossum),
mucura de quatro olhos (Metachirus nudicaudatus), mucura lanosa (Marmosa cf. murina),
mucura (Marmosops cf. parvidens), mucura (Monodelphis brevicaudata).

Quirópteros
Durante os estudos efetuados para a elaboração do Plano de Manejo Espeleológico da
Caverna do Maroaga em 2004 foi realizado o levantamento da fauna de morcegos. Foram
capturados durante esse período 116 exemplares, sendo que destes, 77 eram da espécie
Pteronotus parnellii (Mormoopidae), sendo 49 fêmeas e 28 machos, e 39 indivíduos da espécie
Carollia perspicillata (Phyllostomidae), entre estes, quatro fêmeas e 35 machos.

Quelônios e Mamíferos aquáticos


O Centro de Preservação e Pesquisa de Mamíferos Aquáticos (CPPMA) e o Centro de
Proteção e Pesquisa de Quelônios Aquáticos (CPPQA), mantidos pela Manaus Energia S/A
no distrito de Balbina indicam a existência de cinco espécies de mamíferos aquáticos na bacia
do rio Uatumã: peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis), boto-vermelho (Inia geoffrensis),
boto tucuxi (Sotalia fluviatilis), ariranha (Pteronura brasiliensis), lontra (Lutra longicaudis) e os
quelônios: tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), tracajá (Podocnemis unifilis).
No levantamento de Mamíferos Aquáticos da RDS Uatumã (IDESAM, 2007) foi
verificada a presença das cinco espécies citadas acima. De acordo IDESAM, o peixe-boi
encontra-se vulnerável à extinção; a ariranha está classificada como ameaçada e o boto –
vermelho, a lontra e o tucuxi, são listados como espécies insuficientemente conhecidas.

Avifauna
De acordo com Omena Jr. (2006) espécies como o inhambu-de-cabeça-vermelha, gavião-
real, gavião-pato, jacamin-de-costas-cinza, tovacuçu-malhado, anambé-pompadora e o
uirapuru, sensíveis à fragmentação e à derrubada da floresta, foram encontrados na APA.
Em seu inventário da avifauna realizado no local foram identificadas 158 espécies de
aves, distribuídas em 43 famílias.
Dentre as espécies amostradas duas constam no Anexo I da Convenção sobre o comércio
internacional de espécies da fauna e flora selvagem ameaçadas de extinção (CITES).
Outra fonte de informações sobre a avifauna da região está relacionada aos estudos
realizados nas Áreas de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) do PDBFF., localizadas a
cerca de 80 km ao norte de Manaus no Distrito Agropecuário da Zona Franca de Manaus
(SUFRAMA). Essas áreas foram amostradas por vários estudos ornitológicos e somam um
total de 394 espécies já registradas no local. Muitas das espécies identificadas são exclusivas
do centro de endemismo das Guianas que se estende pelo território de cinco países (Brasil,
Guiana, Guiana Francesa,

74
Suriname e Venezuela). Mais da metade do centro de endemismo da Guiana (50.8%) está em
território brasileiro (ISA, 2008). Espécies como o anambé-fusco Lodopleura fusca e a maria-
bicudinha Hemitriccus josephinae têm poucos registros na Amazônia brasileira e não são
conhecidas de outras IBAs (Important Bird Áreas). O primeiro registro da espécie de H.
josephinae na área do projeto foi recentemente anilhado durante uma pesquisa de campo em
registros anteriores que ocorreram na região de Balbina. Existem no local outros tiranídeos
raros, como a Maria-da-campina Hemitriccus inornatus e borboletinha-guianense Phylloscartes
virescens. (Birdlife, 2010)
De acordo com o Zoneamento Ecológico - Econômico (ZEE) da SUFRAMA
realizado em 2005, foram amostradas na região da bacia hidrográfica do rio Urubu 60
espécies de peixes, 69 de anfíbios, 89 de répteis 386 de aves e 68 de mamíferos. Como citado
no ZEE, provavelmente as espécies de maior porte, como cotias, pacas, capivaras, porcos,
veados, antas e onças já apresentam pressão de caça, em locais com maior densidade
populacional, como nas áreas rurais dos Municípios de Rio Preto da Eva e de Presidente
Figueiredo e ao longo de rodovias (AM 010 e BR 174) e vicinais.

Ictiofauna
Estima-se que o número de espécies da ictiofauna amazônica varie de 1.500 a 2.000.
Qualquer que seja o número final, a Amazônia é o local onde existe a maior quantidade de
peixes de água doce do mundo. No município de Presidente Figueiredo é conhecido o
turismo de pesca esportiva no reservatório de Balbina, voltado principalmente para a pesca
do tucunaré.
Em estudo sobre a pesca no reservatório da UHE, foram identificadas 70 espécies de
peixes (dados não publicados) além das três espécies de tucunaré conhecidas sendo quatro
delas com potencial para a pesca como a piranha preta, carás e oranas. Além do tucunaré
outras espécies como o aruanã e a traíra também são pescados.
Em levantamento socioeconômico realizado em 2005 nas comunidades inseridas na
APA, foram identificadas as seguintes espécies da icitiofauna utilizadas na alimentação:
tucunaré, piranha, tambaqui, acará e aruanã, piranha, pacu, bicudo, pescada e aracú, acará
preto, bodó, sardinha, pescada.
Além do papel fundamental na dinâmica dos sistemas aquáticos amazônicos, os peixes
são um componente da fauna muito importante do ponto de vista econômico, através da
pesca. Apesar disto, grande parte desta fauna permanece pouquíssimo estudada e conhecida
(CPRM, 2005). A icitofauna apontada em estudo de Ferreira (2007) para o rio Uatumã
registrou 104 espécies de peixes, entre eles jaraquis, pacus, curimatãs e aracus, que
atualmente vivem apenas abaixo da barragem da UHE de Balbina, já que não podem mais
manter os ciclos de vida na área acima da barragem que se encontra toda alagada.

Fauna cavernícola
De acordo com levantamento realizado durante a elaboração do Plano de Manejo da
Caverna do Maroaga (2004) a fauna terrestre da zona de entrada da caverna possui os
seguintes trogloxenos (animais que utilizam esta área para abrigo, reprodução ou para se
alimentar): as aranhas Scytodes sp., Thaumasia sp. e Mesabolivar aurantiurus; o amblipigeo
Heterophrynus sp. os opiliões Paecilaema sp. e Trinella sp.; dípteros culicideos e os anuros
Leptodactylus sp. e Bufo marinus. Na parte terrestre da zona afótica da caverna encontram-se
diversos troglófilos (que podem visitar ou habitar comumente a parte com penumbra da zona
de entrada) como: aranhas Plato sp. os ácaros, o tatuzinho Armadillidae, os colêmbolos, o
percevejo Emesinae e Cydnidae, o grilo Endecous sp. e o díptero Drosophila cf. eleonorae .
Na ressurgência da caverna podem ser observados os percevejos-d’água Veliidae e
peixes Chraciformes. Na parte do rio da região afótica encontra-se a ameba Centropyxis sp., a
planária Dugesiidae, o camarão Macrobrachium inpa e o caranguejo Pseudothelphusidae; as

75
náidaes de efemeroptera e de libélula e as larvas de Trichoptera, os bagres Rhamdia sp, e
Helogenes sp. e o anfíbio Pipa sp. Os grilos Endecous sp., que devem se alimentar de fungos e
detritos animais e vegetais, estão por praticamente toda a caverna constituindo-se nos
organismos mais facilmente observáveis. Outras populações como as dos ácaros e de vários
dípteros certamente são bastante grandes, porém não foram estimadas face ao pequeno
tamanho dos animais. Já os predadores como aranhas, amblipígeos e percevejos Emesinae
tem populações muito menores.

6.2.1 ESPÉCIES RELEVANTES, AMEAÇADAS E STATUS DE CONSERVAÇÃO.

A lista de espécies de mamíferos não voadores da fauna da bacia do rio Uatumã


também identificada no Plano de Manejo da Rebio Uatumã e encontrada no levantamento de
Omena Jr. (2006) encontra-se na tabela abaixo, onde as espécies são classificadas de acordo
com o grau de ameaça a que estão submetidas. Para essa classificação forma usados os status
de conservação publicados pelo MMA (2008) no Livro vermelho das espécies da fauna
brasileira ameaçadas de extinção. Para as espécies ameaçadas a nível mundial foram
utilizados os critérios de classificação da União Internacional para a Conservação da
Natureza (IUCN). A lista vermelha da IUCN é considerada a fonte de informações mais
completa sobre o status de conservação global das espécies vegetais e animais.
Foram considerados os Anexos I da CITES, que apresenta todas as espécies
ameaçadas de extinção mundialmente sendo que o comércio delas só é autorizado em
condições excepcionais, e o Anexo II que engloba as espécies que, embora não se encontrem
em perigo de extinção, poderão chegar a esta situação caso seu comércio não esteja sujeito a
rigorosa regulamentação.
IUCN MMA CITES
Nome científico Nome comum
2010 2008 2010
Trichechus inunguis Peixe-boi da Amazônia VU A Anexo I
Pteronura brasiliensis Ariranha EN VU Anexo I
Lontra longicaudis Lontra DD não consta Anexo I
Myrmecophaga tridactyla Tamanduá bandeira NT A Anexo II
Chiropotes satanas Cuxiú EN A não consta
Panthera onca Onça pintada NT A Anexo I
Speothos venaticus Cachorro-do-mato-vinagre NT A Anexo I
Tapirus terrestris Anta VU não consta Anexo II
Leopardus wiedii Gato - maracajá NT A Anexo I
VU: risco elevado de extinção na natureza EN: risco muito elevado de extinção na natureza DD: dados
insuficiente CR: risco extremamente elevado de extinção na natureza A: Ameaçada nacionalmente NT: quase
ameaçada
Quadro 8. Lista das espécies da mastofauna presente na APA com alto risco de extinção,
constantes em listas oficiais de classificação quanto ao grau de ameaça e / ou constantes do Anexo I
ou II da CITES.

A onça-parda (Puma concolor) e a jaguatirica (Leopardus pardalis) não estão ameaçadas


já que ocorrem em praticamente todo o território nacional, inclusive na Amazônia.
Entretanto, duas subespécies extra amazônicas de onça-parda (Puma concolor capricornensis e
P.concolor greeni) e uma subespécie de jaguatirica (Leopardus pardalis mitis) foram incluídas na
lista nacional. Isso se explica porque a distribuição geográfica dessas subespécies está restrita
a regiões intensamente degradadas ou com alto grau de perturbação antrópica. Desse modo,
é importante ressaltar que, mesmo que não conste da lista nacional, uma espécie pode estar
ameaçada regionalmente (MMA 2008).

76
6.2.2 ESPÉCIE DE RELEVANTE IMPORTÂNCIA PARA O TURISMO: GALO-DA-
SERRA

Figura 34. Galo-da-serra macho. Foto: Marcelo Barreiros

A espécie da avifauna que mais se destaca na APA, símbolo do município de Presidente


Figueiredo é o galo-da-serra (Rupicola rupicola) Encontrada somente nas florestas com
terreno escarpado, a espécie se distribui pela região do platô das guianas, sendo endêmica
desta região (Figura 33).
A população de galo-da-serra que ocorre no município representa, provavelmente, o
limite sul de distribuição da espécie, não se conhecendo outras populações até a Guiana
(Sohn, 2009).
São conhecidas somente duas espécies de galo-da-serra no mundo, o galo-da-serra
andino (Rupicola peruviana) e o galo-da-serra-do-pará (Rupicola rupicola) encontradas somente
na área montanhosa do norte da América do Sul. Enquanto a primeira espécie habita os
Andes, desde o sul da Venezuela até a Bolívia, a segunda vive na área montanhosa, mais
antiga e bastante corroída a leste dos Andes e ao norte do rio Amazonas, ou seja, nas
Guianas e áreas adjacentes da Venezuela, Brasil e Colômbia (Sohn, 2009).
O galo da serra pode ser considerado uma espécie bandeira, que, por sua beleza,
possui grande apelo para a conservação de áreas para sua sobrevivência, que podem abrigar
outras espécies menos carismáticas (Primack, 2001). Portanto, é uma espécie importante para
alavancar a conservação da biodiversidade do município e para o desenvolvimento econômico
baseado no ecoturismo, por ser considerada um forte atrativo bastante visado para a
atividade de birdwatching. No município de Presidente Figueiredo-AM, a captura dos galos-
da-serra, assim como a crescente urbanização e visitação contínua de turistas em áreas de
nidificação constitui o principal fator que põem em risco a manutenção e preservação dessa
espécie (Sohn, 2009).
A espécie encontrada na Amazônia brasileira, também conhecida por galo-da-rocha
ou galo-do-pará, possui tamanho médio de 28 cm. O macho possui um topete constituído de
uma crista larga, ereta e semicircular, posicionada verticalmente na cabeça, que se estende
desde a nuca até o bico, encobrindo-o. Sua bela plumagem é laranja, sendo as asas e a
extremidade da cauda negra. Diferentemente, a fêmea é marrom-pardacenta e apresenta um
topete mais acanhado. Por ser bastante escura, a fêmea pode parecer preta à distância
(IBAMA, 2003).

77
Figura 35. Galo-da-serra fêmea no ninho em paredão rochoso. Foto: Mário Henrique Fernandez

78
Figura 36. Mapa de modelo de distribuição potencial de Rupicola rupicola para a América do sul contendo a localização da APA Caverna do Maroaga, pontos
conhecidos de presença e distribuição conhecida para a família (Ridgely &Tudor 1994; Natureserve 2007 apud Sohn, 2009)

79
A espécie encontra-se no Anexo II da CITES e, de acordo com a Rede Nacional de
Combate ao Tráfico de Animais Silvestres (RENCTAS), galos-da-serras são levados de
Presidente Figueiredo, pela rodovia BR 174 até a Venezuela e de lá são exportados para a
América do Norte e Europa, para abastecer colecionadores e lojas de Petshop (OMENA,
2005). A espécie não é considerada vulnerável à extinção, de acordo com os critérios da
IUCN (2001), já que o tamanho da população é considerado relativamente alto ou suficiente
para garantir a permanência da espécie. Está em risco, no município, por sofrer pressão pelo
tráfico de animais, pela exploração turística desordenada e perda de habitat por ações
antrópicas.
Sohn (2009) indica áreas prioritárias para a conservação e possíveis reintroduções do
galo- da- serra dentro e próximo aos limites da APA (Figura 35), de acordo com um modelo
de distribuição potencial das áreas de vida e reprodutivas da espécie Essas áreas foram
selecionadas a partir das áreas de alta probabilidade de ocorrência da ave e com distância de
5 km das áreas urbanas e rodovias, consideradas como as de menor pressão antrópica. Os
pontos de observação da espécie no estudo citado concentram-se ao longo da AM 240.
Foi utilizado um ranking para classificação das áreas sugeridas com relação á maior
importância para conservação da espécie. A área mais importante foi qualificada como sendo
aquela que possui maior tamanho de área total, reprodutiva e de vida, e menor área com
ausência de dados e distância de um ponto confirmado de ocorrência da espécie.
Das seis áreas definidas como prioritárias para a conservação da espécie, quatro
encontram-se nos limites da APA. A área número um, qualificada como mais importante
possui a maior extensão: cerca de 9.787ha. (978,69 km²) no total, e cerca de metade de sua
área engloba a porção sul da APA, abaixo do igarapé Tucumanduba, paralelo à AM 240 até o
limite sul da unidade, o Igarapé-Açu. A área número dois totalmente dentro dos limites da
unidade possui cerca de 5 mil ha. (498,39 km²) e está localizada na porção centro sul, acima
da AM 240 e delimitada a leste pelo lago da represa da hidroelétrica de Balbina, estendendo-
se até o km 18 da AM 240, acima da comunidade Nova União e a leste das comunidades
Jardim Floresta e Boa Esperança. A área número três com 1.374 há (137,40 km²) de extensão
encontra-se na região central da APA, ao norte da área dois, próxima às comunidades Nova
União II e São Sebastião. A área número 4 é a menor área selecionada com 839 há (83,88
km²) e de menor importância está localizada no extremo norte da APA próxima á
comunidade Santo Antônio do Abonari

Área sugerida Tamanho (ha) Ranking de importância


Área 1 489,34 1
Área 2 498,39 3
Área 3 137,4 4
Área 4 83,88 5
Total 1209,01 6
Quadro 9. Ranking de importância das áreas sugeridas para a conservação do galo-da-serra na APA Caverna
do Maroaga e entorno.

80
Figura 37. Mapa de áreas prioritárias para conservação do galo-da-serra na APA Caverna Maroaga e no município de Presidente Figueiredo

81
7.CARACTERIZAÇÃO SOCIOECONÔMICA
DA POPULAÇÃO

82
7.1 O MUNICÍPIO DE PRESIDENTE FIGUEIREDO: DADOS GERAIS

• Localização: Situado na 8ª Sub-


Região do Médio Amazonas
• Limites: Municípios de Urucará,
São Sebastião do Uatumã,
Itapiranga, Rio Preto da Eva,
Manaus, Novo Airão e estado de
Roraima.
• Área Territorial: 25.421 km²
• Distância da sede municipal para
Manaus: Em linha reta 107 km
• Nº de Comunidades Rurais: 45
• Estimativa da população em
2009 (IBGE): 26.282 habitantes.
• PIB per capita (IBGE) R$ 13.014

Figura 38. Mapa do estado do Amazonas com destaque me verde para a


localização do município de Presidente Figueiredo

O município está inserido no baixo rio Negro, 8ª Sub-Região do Médio Amazonas, ao


norte de Manaus. Sua área territorial é cortada, no sentido sul – norte, pela rodovia BR 174
(que liga Manaus ao estado de Roraima). Administrativamente é composto pela sede
municipal de Presidente Figueiredo, a vila residencial de Pitinga e o distrito de Balbina. A
área territorial é representada pela área urbana de 1.500 ha (15 km2) e pela área rural de
2.476 ha (24.766 km²). Sua população é bem miscigenada em razão do seu processo de
povoamento causado pela migração dos povos do Nordeste, do Sudeste e do Norte em geral e
se concentrou inicialmente ao redor do km 107 da Br 174 devido à construção da UHE de
balbina e atraída pela mineração (cassiterita) na província mineral do Pitinga. O município
ficou conhecido como a “terra das cachoeiras” por seu solo rochoso e a topografia propícia á
formação de cachoeiras e grutas
De acordo com o IBGE a estimativa da população residente em 2009 era de 26.282
(vinte e seis mil, duzentos e oitenta e dois) habitantes distribuídos entre a sede do município,
o distrito de Balbina, vila do Pitinga e nas diversas comunidades rurais e núcleos urbanos
dispersos (cerca de 45) distribuídas ao longo da Rodovia Federal BR 174, da Rodovia Estadual
AM 240 (Estrada de Balbina) e às margens do rio Uatumã (SEMMA/PF).
O nome do município segundo o Plano Diretor é uma homenagem prestada ao
primeiro presidente da Província do Amazonas, João Batista de Figueiredo Tenreiro Aranha.
Criado em 10 de dezembro de 1981 pela Emenda Constitucional n° 12, teve seu território
formado por terras desmembradas dos municípios de Itapiranga, Novo Airão, Silves e
Urucará.

83
7.1.1 O Distrito de Balbina
Criado para abrigar a mão de obra necessária à construção e à manutenção da UHE
de Balbina o distrito está localizado a 72 km da sede do Município de Presidente Figueiredo
e seu acesso é feito pela AM 240. Possui infra-estrutura incomparável no estado incluindo
hospital, pousadas, agência bancária, pista de pouso, ginásio coberto, complexo esportivo,
dois clubes de lazer, centro comercial, central telefônica, sistema televisivo, escola de
alfabetização fundamental, ensino médio e centros de pesquisa da Eletronorte dedicados a
estudos de mamíferos aquáticos, quelônios e á proteção ambiental.

7.1.1.1 A UHE de Balbina

Em 1971, o Comitê Coordenador dos Estudos Energéticos da Amazônia - ENERAM


concluiu o inventário hidrelétrico do rio Uatumã que teve como objetivo investigar suas
possibilidades de aproveitamento energético. Em 1976, a Eletronorte fez o pedido de
Outorga da Concessão para aproveitamento da energia hidráulica da bacia do rio Uatumã
“em toda sua extensão, desde as nascentes de seus formadores, neles incluídos os rios Jatapu,
Santo Antônio do Abonari e Pitinga até sua foz, no rio Amazonas, com prioridade para o
aproveitamento do local denominado cachoeira Balbina, no rio Uatumã” (Processo ME
702.491/76-2). Nesse mesmo ano foi emitido parecer favorável ao pedido e, em 1981, foi
iniciada, pela Eletronorte, a construção da Usina Hidrelétrica de Balbina. Com a construção
da UHE uma área de cerca de 236 mil hectares de floresta foi inundada. A medida
compensatória adotada pela perda dos ecossistemas naturais foi a criação da Reserva
Biológica do Uatumã. Possui atualmente 930.000 hectares (quatro vezes maior do que a área
inundada) de área é a maior em sua categoria no Brasil e considerada de prioridade máxima
para a preservação da diversidade biológica da região.
A Usina de Balbina começou a funcionar no final da década de 80, e desde o início
das obras foi criticada veementemente por seu alto custo e por ter causado um dos maiores
desastres ambientais brasileiros.

7.1.2 A Vila do Pitinga

A Vila do Pitinga é uma província mineral, classificada pelo DNPM como uma das
principais áreas produtoras de bens minerais no país. A área de exploração mineral pertence
à Mineração Taboca (grupo Paranapanema) e está localizada em Terra Indígena Waimiri
Atroari. O acesso é feito pela rodovia BR 174 até a altura do km 249, a partir do qual foi
aberta uma estrada vicinal, de 63 km, ligando a rodovia federal à mina. Sua construção foi
iniciada em 1984 e concluída em 1987. A vila, com 3.000 habitantes, é dotada de toda a infra-
estrutura necessária: água tratada e energia elétrica, saneamento, escolas, refeitórios, centro
médico-hospitalar, agência bancária, correio, centro telefônico, supermercado e centro
comercial.
O Projeto Pitinga iniciou-se na década de 80 e produz cassiterita (mineral de estanho)
além de minerais associados, como a zirconita, columbita, tantalita e xenontina. As áreas com
concessão de lavra somam mais de 130.000 ha. A vida útil do projeto é de, no mínimo, 20
anos, com base na reserva de estanho na ordem de grandeza de 400.000 toneladas. O
empreendimento gera cerda de 2.500 empregos diretos.

84
7.1.3 A Sede do Município
Com a instalação de grandes empreendimentos na região como a UHE de Balbina e
Projeto Pitinga nas décadas de 70 e 80 as primeiras ocupações na área urbana do município
se deram com a instalação de um posto de combustível visando abastecer os veículos que
trafegavam para o estado de Roraima, bem como dar suporte aos veículos do exército e logo
em seguida aos veículos que trafegavam para Pitinga e Balbina. Logo em seguida,
apareceram o primeiro restaurante e o primeiro hotel. Posteriormente, surgiram em volta as
residências e o centro comercial, utilizando-se da doação de lotes feita pelo então órgão
estadual de terras do estado O projeto do centro comercial e da área urbana foi realizado nos
lotes 17, 19 e 24 do Imóvel Uatumã, Gleba I, dando início à sede municipal.
[...] deu inicio a demarcação e abertura das ruas e a distribuição dos lotes na vila (hoje centro); na área
central (hoje área comercial) só existia um galpão que funcionava restaurante, posto telefônico,
rodoviária e ao lado o posto de gasolina, (onde funcionava a guarda municipal) era o prédio da Prefeitura,
que servia de alojamento para o 1º prefeito (Mário Jorge Gomes da Costa), o vice (Floriano Maia) e o
médico (Dr. Gouveia) e no mesmo prédio funcionava a 1ª farmácia que era do Márcio Abrantes (na
antiga SEMIC) era a casa do Sr. Chagas, mais tarde a 1ª Câmara Municipal, também existia o casarão do
Sr. Holdão (Fazenda Cuca Legal) hoje na esquina da rua Manaus com a BR 174, do outro lado existia o
comércio e restaurante do Josias. Dava início à retirada dos arames do campo para abrir as ruas. A
população, formada por maioria de imigrantes nordestinos, ocuparam os primeiros lotes se estabelecido e
formando o que hoje é a sede municipal.(Plano Diretor, 2006)

7.1.4 As Comunidades Rurais


Existem no município em torno de 49 comunidades rurais, sendo 13 delas
consideradas como núcleos urbanos dispersos pelo Plano Diretor do município (2006). Em
seu Art.8° §1°, são definidas como áreas urbanas, por apresentarem o mínimo de três
equipamentos e /ou serviços públicos em sua vila comunitária. São eles: vila do Pitinga,
Nova Jerusalém, Rumo Certo, Novo Rumo, Rio Canoas, Castanhal, Jardim Floresta, Boa
Esperança, Marcos Freire, Cristo Rei, São Miguel, São José do Uatumã, São Jorge do
Uatumã. As comunidades rurais, excetuadas as consideradas núcleos urbanos dispersos, são:
Brava Gente, Santa Terezinha I, Santa Terezinha do Urubuí II, Nova União I, Nova União
II, Rio Pardo, Nova Galiléia, Santo Antonio do Abonari, Rodrigo Chaves, São Sebastião,
Canastra I e II, Cristã, São Salvador, São Francisco de Assis, Novo Horizonte, Nova União,
Maroaga, PDS Morena, Tucumanduba, Céu e Mar, São João do Urubuí, Bom Jesus, Novo
Paraíso, Água Azul, Ramal do Paulista, Rio Taboca e Menino Deus. Existem três Projetos
de Assentamento (PA) do INCRA: Uatumã (inserido dentro da APA caverna do Maroaga),
Canoas e Rio Pardo além do Projeto de Desenvolvimento Sustentável do ITEAM: o PDS da
Morena. O Projeto de Assentamento Rio Pardo localiza-se próximo à Rodovia BR 174, em
uma área de 27.980,00ha, adquirida por arrecadação sumária. Já foram assentadas 101
famílias. Estão demarcados 428 lotes com área média de 60 ha. O Projeto de Assentamento
Canoas localiza-se próximo à Rodovia BR 174, em uma área de 28.850,00 ha. adquirida por
arrecadação sumária. Já foram assentadas 261 famílias. Estão demarcados 261 lotes com área
média de 70 ha. O Projeto de Assentamento Uatumã localiza-se ao longo da Rodovia AM
240 em uma área de 23.742,29 ha, adquirida por desapropriação. Já foram assentadas
aproximadamente 303 famílias. Estão demarcados 380 lotes com área média de 60 ha, e
foram expedidos 89 Títulos Definitivos e 132 Autorizações de Operação.

85
Figura 39. Mapa dos assentamentos rurais no município de Presidente Figueiredo

86
7.1.5 As Unidades de Conservação

Estão parcialmente ou totalmente inseridas dentro do município as seguintes áreas


protegidas:

• APA municipal do Urubuí


• APA estadual Caverna do Maroaga
• Terra Indígena Waimiri Atroari
• REBIO Uatumã
• 11 RPPN federais
• Parque municipal Galo-da-serra
• Parque municipal das Orquídeas
• ARIE municipal das Aves

7.2 HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO

Os primeiros sinais de presença do colonizador em terras amazonenses ocorreram no


baixo Rio Negro (séc. XVI). Dois marcos históricos aconteceram nessa época: a fundação da
Missão dos Tarumãs, em 1657, e o erguimento do forte de São José do Rio Negro, em 1669,
onde se aglomeraram famílias de índios Barés, Banibas e Passés, formando a população do
Lugar da Barra do Rio Negro, núcleo colonial português que deu origem à cidade de Manaus
(Garcia, 2006). Esses fatos acabaram determinando o surgimento da Missão de Saracá e do
povoado de Santo Elias do Jaú, núcleos originados das unidades políticas de onde foi
destacada a área do Município de Presidente Figueiredo. A Missão de Santana Saracá foi
fundada pouco antes de 1663, por frei Raimundo da Ordem das Mercês, no lago de Saracá,
onde deságua o rio Urubu. A ela se incorporaram, posteriormente, as missões de Anibá e
Uatumã, dando origem ao município de Silves. O núcleo inicial de Novo Airão foi fundado
em 1668, no rio Negro, e transferido depois para a foz do rio Jaú, com a denominação de
Santo Elias do Jaú. (CPRM, 1998)
O processo de ocupação do Município de Presidente Figueiredo deu-se a partir da
construção da Rodovia BR 174, no final da década de 60, com a doação de lotes agrícolas
pelo Governo Federal, fortalecendo-se a partir das pesquisas para a construção da Usina
Hidrelétrica de Balbina e do início da exploração de minério na mina do Pitinga. As
primeiras ocupações na área urbana aconteceram no final da década de 70 e no início da
década de 80. Nota-se que não houve nenhum planejamento que direcionasse o crescimento
da cidade; além disso, não foram estabelecidas regras de urbanização nem do uso e ocupação
do solo, além de não haver nenhuma outra preocupação com o desenvolvimento social,
econômico e ambiental, mesmo sabendo-se que o município estava a uma distância de apenas
107 km de Manaus e que era atravessado por uma rodovia federal (PD, 2006). Segundo
Reis (2010), as populações estabelecidas no município podem ser divididas em dois tipos: os
grandes empreendedores devidamente capitalizados que desenvolveram as atividades de
exploração ilegal de madeira e a criação de rebanho bovino e/ou extensas áreas para
agricultura em larga escala nos anos 70, e os desempregados dos grandes empreendimentos
já estabelecidos no município além de aventureiros atraídos pela “indústria ilegal da
madeira”, em busca de uma oportunidade para melhorar de vida.

87
A partir de 1990, os ocupantes pioneiros e os novos (bem capitalizados e instruídos)
estão voltados ao aproveitamento das belezas naturais do município, originárias das
características ambientais e geomorfológicas da área. Mas o verdadeiro interesse foi
despertado graças ao pioneirismo dos políticos locais que adquiriram extensas áreas com a
presença de cachoeiras e corredeiras de destaque, as quais transformaram em grandes
empreendimentos turístico-hoteleiros credenciados sob a forma de reservas privadas
(Reservas Particulares do Patrimônio Natural-RPPN), tornando-se o modelo a seguir. Esse
aspecto despertou o interesse dos proprietários rurais e de demais agentes locais e regionais
e migrou a atenção para uma nova forma de exploração dos recursos naturais, que é o uso
público de cachoeiras, cavernas e demais formações espeleológicas e geomorfológicas (Reis,
2010).

7.3 CARACTERIZAÇÃO SÓCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIODE PRESIDENTE


FIGUEIREDO
Dados coletados dos levantamentos realizados para elaboração do Plano Diretor do
Município

7.3.1 Sistema rodoviário

O sistema rodoviário do município é ligado à capital do Estado pela Rodovia Federal


BR 174 que integra a Amazônia setentrional ao Caribe. A rodovia estadual AM 240 liga a
sede do município à vila de Balbina numa extensão de 82 km, também em bom estado de
conservação. Além das referidas estradas, há aproximadamente 16 estradas vicinais que
ligam as comunidades rurais às vias principais, servindo para o deslocamento das pessoas e o
escoamento da produção para o mercado consumidor. Na sede, existe o terminal rodoviário
que oferece serviços de bar, restaurantes, farmácia, banca de revista, jornais e loja de
artesanato, entre outros. As vilas de Balbina e de Pitinga dispõem de campo de pouso, com
capacidade para aeronaves de pequeno porte. O transporte rodoviário é feito diariamente
pelas empresas de ônibus Aruanã e Transamazônica, de Manaus a Presidente Figueiredo e
Balbina e vice-versa. A empresa União Cascavel faz o trajeto Manaus/Boa Vista, com parada
em Presidente Figueiredo. A viagem entre Manaus e Presidente Figueiredo dura cerca de 2
horas e 30 minutos e entre Presidente Figueiredo e Balbina, 1 hora e 30 minutos.

7.3.2 Educação

O Sistema Educacional do Município é predominantemente público, com ensino


desde o nível fundamental até o superior. De acordo com os dados da Secretaria Municipal
de Educação – SEMED, o sistema educacional de Presidente Figueiredo é composto por 36
unidades educacionais que atendem do pré-escolar até o ensino médio com um total de 8.048
alunos matriculados e uma taxa de alfabetização de 88,6%. Na zona urbana, há um total de
sete escolas municipais, com nove anexos, e, na zona rural, há vinte escolas municipais de 1°
grau que atendem as comunidades situadas na rodovia AM 240 e aquelas localizadas ao
longo da BR174. Na Vila de Balbina, há também uma Unidade Educacional mantida pelo
convênio entre Prefeitura/Estado/ Manaus Energia, que atende do pré-escolar ao ensino
médio. Uma creche localizada na sede do Município atende as crianças menores de cinco
anos.

88
7.3.3 Saúde

Na sede do Município, os serviços de saúde são feitos pela Unidade Mista Hospitalar
“Gama e Silva”. Esta Unidade possui 43 leitos e uma média de 18.456 atendimentos mensais
em clínicas médica e cirúrgica, obstetrícia e ginecológica, pronto-socorro, unidade de terapia
intensiva (UTI), odontologia, vacinação, curativos, sutura e programas preventivos e
também por Postos de Saúde distribuídos nos bairros do Município.
No meio rural, existem 19 postos de saúde. Na vila Balbina existe um hospital
equipado e administrado pela Manaus Energia. Na vila de Pitinga, a Mineração Taboca
administra e mantém um hospital para atendimento ambulatorial e internação dos habitantes
locais. Na área indígena, o atendimento à população é prestado por agentes e por auxiliares
de saúde, também indígenas que trabalham nas aldeias para identificação dos casos de
malária. Os dentistas são provenientes de Manaus e fazem visitas quinzenais à área.
A infra-estrutura do setor responsável pela saúde no município, consiste de dois
hospitais, sendo um localizado em Balbina e outro em Pitinga. O sistema de saúde do
Município conta com 43 leitos, 24 postos de saúde e três laboratórios. A vila de Pitinga
dispõe de um hospital aparelhado para atender 3.000 pessoas, e conta com serviços para
prevenção de doenças tropicais típicas da região.

7.3.4 Coleta e destinação de resíduos - O Lixão da APA Caverna do Maroaga

A coleta de lixo público doméstico e a limpeza das vias públicas são realizadas
diariamente pela Prefeitura municipal na sede. Em média 90%, dos domicílios urbanos têm
atendimento de coleta de lixo, correspondendo a cerca de 16 a 20 toneladas/dia. Esta
quantidade é depositada diariamente no lixão do Município, localizado na AM 240, km 09,
(Presidente Figueiredo – Vila de Balbina) dentro da APA Caverna do Maroaga, próximo à
caverna de mesmo nome (Figura 41). Os 10% restantes dos resíduos são depositados em
outros locais. Na área rural, 99% dos moradores realizam incineração, ou outras formas de
disposição do lixo (enterrando ou jogando em terreno baldio ou logradouro, em rio, lago ou
outros).
Em vistoria técnica realizada no local pela Prefeitura do município com a finalidade
de avaliar a situação atual do Aterro Sanitário municipal foram observados alguns aspectos:
O Aterro Sanitário é formado por três trincheiras dispostas paralelamente, todas com
canaletas de drenagem para coletar o chorume gerado nas células. Este chorume é remetido
para sumidouros individuais de infiltração, que se encontram em situação de
desmoronamento (dois deles). O sumidouro da terceira trincheira já encontra-se totalmente
tomado pela água (chorume) proveniente da trincheira e da chuva, e suas paredes já
desmoronaram por completo;
A deposição do lixo nas trincheiras não obedeceu a nenhum critério. O uso destas foi
aleatório, sendo usadas (as três trincheiras) ao mesmo tempo. Não existe “solo de cobertura”
usado para recobrimento das células de lixo;
A drenagem projetada não é aplicada para esse tipo de aterro. É visível que a
tentativa de impermeabilização das trincheiras foi feita através da aplicação de uma pintura à
base de asfalto, ou outro derivado de petróleo, não aconselhável para esse fim;

89
O chorume gerado não tem nenhum tratamento, logo, a infiltração está causando
contaminação do solo e possivelmente do lençol freático. Não existe drenagem de gases nem
de águas superficiais;
Apesar da existência de dois pequenos galpões, próximos à entrada do aterro,
“projetados” para a execução da triagem do lixo, esses não estão sendo usados;
É significativa a quantidade de insetos no perímetro do aterro;
O projeto aqui tratado não cumpre os requisitos exigidos pelas normas da ABNT
através da NBR 8419. Trata-se de uma obra que não obedece nenhum critério técnico /
ambiental, devendo ser classificada simplesmente como “Lixão”.
No caso específico da Caverna Maroaga e de seu entorno, verifica-se que esta se
encontra em região já bastante antropizada, destacando-se o depósito de lixo municipal. A
entrada para o depósito está localizada no km 09 da AM 240 e fica distante cerca de 2 km da
caverna (Figura 41. A). Foi implantada no local uma Usina de Reciclagem, com recursos
provenientes do Ministério do Meio Ambiente (MMA), mas a mesma não entrou em
funcionamento. A frota municipal destinada à coleta de lixo é constituída por dois carros
coletores e uma pá mecânica. Parte do lixo hospitalar é incinerada no hospital, mas parte é
depositada no depósito de lixo existente. Segundo diagnóstico da APA “Caverna do
Maroaga” (PGAI/AM – PPG7, 2002) o Aterro não possui condições técnicas adequadas para
receber resíduos sólidos. Mesmo sua localização, segundo os autores, não está evidentemente
adequada ao tipo de atividade que exerce.

Caverna
do
Maroaga

Lixão

B C

Figura 40. Localização e aspecto do depósito de lixo municipal: A. Mapa da localização do lixão
da APA com relação á localização da caverna do Maroaga. B e C. Sistema de coleta de lixo feito
através de caçambas. Fonte: Figura A: PME da caverna refúgio do Maroaga, 2004. Fotos: Plano
Diretor de PF, 2006.

90
7.3.5 Comunicação

O sistema de telefonia fixo é administrado pela Telemar, que opera os sistemas de


DDD, e DDI, mais três empresas de telefonia móvel (OI, Vivo e Amazônia Celular). Existem
duas retransmissoras (repetidoras) de televisão na sede do município que apresentam os
canais da Rede Globo, TV Bandeirante, SBT e Amazonsat, além da TV Presidente
Figueiredo/Rede amazônica. Existem também um provedor local de internet, a estação de
rádio: A Crítica e uma rádio comunitária na vila Balbina.
O Correio se faz presente com uma agência na sede do município e no distrito de
Balbina. Cabe ressaltar que os correios não atendem à zona rural. No município existem duas
agências bancárias, uma do Bradesco com dois caixas eletrônicos e uma do Banco do Brasil.

7.3.6 Energia Elétrica

A energia do Município é gerada por termoelétrica, distribuída pela CEAM, e


hidrelétrica proveniente da UHE de Balbina, responsável pelo abastecimento da sede e de
suas comunidades. A vila de Pitinga possui seu próprio sistema de geração e distribuição de
energia. A vila de Balbina também é servida diretamente pela UHE, com administração a
cargo da CEAM. A maioria das comunidades rurais é atendida com energia pelo projeto Luz
para Todos, mas há baixa qualidade no fornecimento da energia.

7.3.7 Abastecimento de água

Os serviços de captação e distribuição de água à população da sede são administrados


pela Fundação Nacional de Saúde (FNS), através do Serviço Autônomo de Água e Esgoto
(SAAE), em convênio com a Prefeitura Municipal. A captação é feita na fonte de água
mineral Santa Cláudia. A rede de distribuição tem aproximadamente 16 km, cobrindo cerca
de 97% da cidade.

7.3.8 Segurança Pública

O município possui uma delegacia das polícias militar, civil além da presença da
guarda municipal.

7.3.9 Cultura, Lazer, Esportes

Segundo o MMA (2002), as aldeias Waimiri-Atroari são consideradas um dos mais


importantes geradores de manifestações culturais, tendo em vista as festas e tradições desse
povo habitante da região. Os Waimiri Atroari ainda mantêm sua identidade cultural, no que
diz respeito à sua forma de vida: caçam, pescam e plantam roças. A língua e os festejos
tradicionais se mantêm vivos, ainda que em centros de convivência mais afastados.
Existem no município: um ginásio aberto, quadras de esporte, campo de futebol e
clubes. Diversas festas populares ocorrem analmente como: Carnaval da Terra da Cachoeira
– Carnachoeira (fevereiro), Festa do Cupuaçu (abril), Festival Folclórico (junho), Festival de
Verão (agosto), Torneio de Pesca do Tucunaré (outubro), Aniversário da Cidade (10 de
dezembro).

91
7.3.10 Arqueologia

Em março de 2010, foi identificada por uma equipe de profissionais, nova ocorrência
de pinturas rupestres e fragmentos cerâmicos na propriedade rural ”Salto do Ipy”, situada na
AM 240 no município de Presidente Figueiredo; notadamente dentro dos limites da APA
Caverna do Maroaga. De acordo com os pesquisadores

esse achado retira o caráter de isolamento da gruta do Batismo (vila de Balbina) como única
ocorrência de pinturas rupestres do estado e sugere a existência de uma província rupestre
específica na área, contendo vários sítios com pinturas, dos quais apenas agora uma fração
começa a ser conhecida.

Apontam, no relatório de campo, a preocupação com a conservação do patrimônio


arqueológico do município, especialmente quando relacionada à incursão de turistas sem
nenhuma regulação prévia; tendo sido constatada a ação de vândalos em um objeto de
cerâmica de natureza única no sítio do Ipy. Diante da importância dessa nova descoberta, os
pesquisadores ressaltam a necessidade de implementação de um programa de levantamento
arqueológico no município de Presidente Figueiredo especificamente voltado para a
prospecção das formações geológicas que competem para a ocorrência de sítios abrigados,
passíveis de escavação, com arte rupestre e registro cerâmico.
Durante o enchimento do reservatório da UHE de Balbina, na década de 80, foram
encontrados 145 sítios arqueológicos; outros continuam sendo descobertos freqüentemente
por moradores (Proecotur/MMA, 2002). De acordo com o Programa de Salvamento
Arqueológico e Cultural da Usina Hidrelétrica de Balbina (SAUHEB) existem na Bacia do
rio Uatumã três das cinco tradições arqueológicas existentes na bacia Amazônica
pertencentes ao estágio conhecido como Formativo do período cronológico de 1.000 a C até
1.500 d A. A descoberta do Muiraquitã na região, que é característico da região Nhamundá-
Trombetas, levanta a hipótese do local ter sido um centro de difusão cultural. Outras
evidências da presença de antigas tradições culturais são os petroglifos (gravações em blocos
de rocha encontrados na calha do rio Uatumã e afluentes) e pictoglifos (pinturas rupestres
nas rochas) que têm ocorrência rara na Amazônia.
Figura 41. Artefatos indígenas encontrados em sítios arqueológicos na bacia do rio Uatumã: A)
Muiraquitã B) Pedaços de diferentes artefatos C) Vasilhame de cerâmica. Fonte:SAUHEB

B C

92
7.3.11 Religião

Estão presentes no município as Igrejas Católica, Assembléia de Deus, Deus é Amor,


Presbiteriana, Universal do Reino de Deus, Testemunhas de Jeová, Batista, Adventista,
dentre outras. Festas Religiosas: Nossa Senhora do Perpétuo Socorro (27 de junho),
Procissão Fluvial de São Pedro (lago de Balbina, 29 de junho). Santo Padroeiro: Nossa
Senhora do Perpétuo Socorro

7.3. 12 Economia

Extração mineral: a economia local está ancorada principalmente na atividade de extração


mineral notadamente de cassiterita (minério de estanho), além de zirconita, columbita,
tantalita, ouro, água subterrânea, seixos, brita e areia, gerando 1.400 empregos diretos e mais
3.000 indiretos (SEMMA/PF, 2006). A extração mineral de cassiterita na mina do Pitinga,
promovida pela mineradora Paranapanema, constitui-se na principal atividade extrativista do
município, representando uma das maiores extrações de cassiterita a céu aberto do país e
respondendo por 10% do estanho produzido no mundo. Vale ressaltar que a produção de
mais de 1.500 t/mês de minério de estanho torna o município de Presidente Figueiredo uma
das unidades do Estado de maior renda per capita, em torno de R$ 13.000,00 (Quadro 9).
Além da cassiterita, existem na mina do Pitinga, jazidas de tantalita, columbita, zirconita e
criolita. Registram-se também no segmento extrativismo mineral, a produção mensal acima
de 3.500 m³ de brita de granito (BR 174), 5000 m³ de seixo (rio Uatumã) e uma significativa
produção de areia. Outro recurso mineral bastante utilizado em Presidente Figueiredo é a
água subterrânea, onde as rochas da Formação Nhamundá compreendem um importante
aqüífero tendo como principal exemplo, a fonte d’água da Agroindústria Santa Cláudia, com
uma vazão de 300 m³/h.
Essa fonte é responsável pelo total abastecimento de água para consumo da população local.
Segundo o Código de Águas Minerais, está classificada como Água Mineral de Fonte
Hipotermal.

Agricultura: destacam-se, na zona rural, os cultivos de cupuaçu, mandioca (farinha), cana-


de-açúcar, milho, banana, hortaliças. A empresa Agropecuária Jayoro Ltda. atende ao
mercado de açúcar, álcool e extrato de guaraná do pólo de concentrados e bases para
refrigerantes instalado na Zona Franca de Manaus. O açúcar, produzido pela empresa é
utilizado na produção do corante caramelo, insumo utilizado na fabricação de bebidas (da
cola ao conhaque), temperos, molhos, sopas, alimentos para animais (secos e molhados) e os
mais variados alimentos para uso humano, O álcool é utilizado para fins comerciais como
combustível. O extrato de guaraná é utilizado na fabricação de refrigerante. A parcela da
produção total de açúcar (50%) e álcool (28%) destinam-se à Recofarma Indústria do
Amazonas e o restante à comercialização no mercado interno, tanto estadual como
interestadual.

Extração de madeira de lei: essa atividade foi viabilizada com o asfaltamento da BR 174 e
ocorre pontualmente principalmente ao longo dos ramais e vicinais que interligam as
comunidades à BR 174 e à AM 240. Existem Planos de Manejo Florestal em funcionamento
no município segundo informações do IDAM, mas a maioria da exploração é feita
principalmente de forma clandestina, visando atender principalmente à demanda local das
comunidades, para construção de casas e marcenaria, e ao mercado consumidor da sede
municipal e de Manaus. Registra-se, ainda que raramente, a exploração de Pau-Rosa, em
terra firme nos ramais para extração do linanol.

Pesca: Atualmente, na vila de Balbina funciona a Colônia de Pescadores. Com o


represamento do rio Uatumã, que deu origem ao reservatório da UHE de Balbina, o

93
município de Presidente Figueiredo ganhou enorme potencial no setor pesqueiro. As
características hidrográficas da região, principalmente nos rios Uatumã, e no lago de
Balbina, vêm fazendo com que a atividade pesqueira se destaque no município desde o início
da década de 90, onde as principais espécies capturadas são o tucunaré, pirarucu, tambaqui,
sardinha, matrinxã e aruanã, comercializados nas feiras do município, e principalmente em
Manaus. Constitue um recurso de grande importância comercial sendo, portanto, uma
grande fonte de geração de empregos. A atividade de pesca amadora esportiva vem
crescendo graças ao aumento do turismo na região. Esse aumento vem sendo observado a
cada Torneio Internacional de Pesca Amadora, que acontece geralmente no último bimestre
do ano no lago de Balbina.

Turismo: Outra base econômica que vem se consolidando na última década para o município
é o turismo. O município de Presidente Figueiredo possui características naturais únicas
além de acessibilidade e oferta de serviços que o tornaram pólo turístico da região. A
facilidade de acesso a partir da capital, Manaus, pela BR 174, e o grande número de atrativos
como: cachoeiras, corredeiras e cavernas concentradas próximas à sede do município, além da
presença do lago da UHE de Balbina onde se desenvolvem atividades de pesca esportiva a
tornaram referência do turismo de aventura no estado
(http://www.visitamazonas.am.gov.br).
As características pedológicas da unidade indicam sua baixa aptidão natural para a
agricultura e a pecuária, sendo o turismo ecológico uma alternativa econômica, de grande
potencial, para a promoção da melhoria da qualidade de vida da população. O turismo
apresenta-se como uma alternativa de uso dos recursos naturais, em lugar da conversão do
uso do solo para pastagens e agricultura com uso de defensivos agrícolas, constituindo uma
atividade importante para o desenvolvimento do município em bases sustentáveis. Outra
atividade turística com grande potencial a ser desenvolvido no município são os geoparques.
De acordo com o Schobbenhaus (2009), o Brasil possui um dos maiores potenciais do globo
para a criação de parques geológicos ou geoparques, devido a sua grande extensão territorial,
aliada à sua rica geodiversidade, que possui testemunhos de praticamente toda a história
geológica do planeta. Registros importantes dessa história, alguns de caráter único,
representam parte do patrimônio natural da nação e também de toda a humanidade. Esses
registros são identificados (a) em áreas relativamente pontuais (os chamados sítios
geológicos, geossítios, geótopos ou geomonumentos) e (b) em áreas relativamente extensas e
bem delimitadas (os geoparques). Estes incluem grande número de geossítios (de tipologias
diversas ou não) e são comumente associados à geoformas e paisagens originadas da
evolução geomorfológica da região.
Estão sendo realizadas pelo CPRM atividades relativas ao desenvolvimento do
projeto “Geoparques: Cachoeiras do Amazonas” que visa mapear e caracterizar áreas com
ocorrência de feições geológico/geomorfológicas, tais como as cachoeiras, corredeiras,
cavernas, grutas, entre outros, no município Presidente Figueiredo. O projeto está sendo
executado no período de 2009/2010 devendo gerar propostas para instituição de geoparques
na Amazônia. Para isso, deverão ser submetidas ao processo seletivo orientado pela
Comissão Brasileira dos Sítios Geológicos e Paleobiológicos (SIGEP), que apresenta como
critérios vários quesitos para avaliação de sítios como: sua singularidade na representação de
sua tipologia ou categoria; importância na caracterização de processos geológicos-chave
regionais ou globais; períodos geológicos e registros expressivos na história evolutiva da
Terra; expressão cênica; bom estado de conservação; acesso viável; e existência de
mecanismos ou possibilidade de criação de mecanismos que lhe assegure conservação.

94
Posição Cidade PIB em reais População Base da Economia
1 Manaus 34.403.671 1.738.641 Indústria, Comércio e Turismo
Indústria, Farmoquímica, Petróleo e
2 Coari 1.114.177 66.991
Gás natural
Indústria, Comércio Turismo,
3 Itacoatiara 610.608 90.440
Prestação de Serviços e Agropecuária
Agropecuária, Comércio e Prestação
4 Manacapuru 378.165 88.472
de Serviços
5 Parintins 358.968 65.671 Agropecuária, Tursmo e Indústria
6 Tefé 319.494 65.671 Indústrias
Presidente Prestação de serviços e Turismo
7 317.023 26.282
Figueiredo
Quadro 10. Lista dos sete municípios do estado do Amazonas com PIB superior a R$ 250
milhões de reais. Os valores referem-se ao ano de 2007, segundo o IBGE

95
Figura 42. Mapa da localização dos principais geoparques propostos pelo CPRM, no estado do Amazonas. Em destaque círculo rosa preenchido indicando o município de
Presidente Figueiredo como local proposto para criação de um Geoparque.

96
Figura 43. Mapa da localização dos empreendimentos licenciados pelo IPAAM dentro e próximo á APA

97
Área dos
Nº de
Estabelecimentos
Categoria Estabelecimento
(ha.)
Permanentes 721 8.002
Temporárias 560 2.348
Lavouras Área plantada com
forrageiras 562 11
para corte
Naturais 31 149

Pastagens Plantadas degradadas 24 1.077


Plantadas em boas
195 6.803
condições
Naturais destinadas à
preservação permanente 464 22.289
ou reserva legal
Matas e/ou Naturais (exclusive área).
florestas de preservação
permanente e as em 442 18.927
sistemas agroflorestais)
Florestas plantadas com
1
essências florestais
Tanques, lagos, açudes e/ou área de águas públicas para
6 29
exploração da aqüicultura
Construções, benfeitorias e caminhos 136 334
Terras inaproveitáveis para a agricultura e ou pecuária
11 82
(pântanos, areia, pedreiras, etc.).
Quadro 11. Usos da terra no município de Presidente Figueiredo Fonte. Censo Agropecuário 2006 IBGE
2009, Reis, João Rodrigo 2010.

98
Valor da produção
Lavoura permanente Quantidade produzida (t)
(mil reais)

Abacate 30 1mil reais


Banana 8250 66
Coco-da-baía 2080 mil frutos 354
Guaraná (semente) 140 1120
Laranja 750, 188
Limão 544 98
Mamão 204 20
Maracujá 38 3
Pimenta-do-reino 20 50
Tangerina 14 3

Valor da produção
Lavoura temporária Quantidade produzida (t)
(mil reais)

Abacaxi 160 mil frutos 112


Arroz 46 t 35
Cana-de -açúcar 280 000t 44800
Feijão 76 t 106
Mandioca 5604 t 168
Melancia 72 t 12
Milho 250 t 125
Quadro 12. Produção da lavoura permanente e temporária no município de Presidente
Figueiredo Fonte: Censo Agropecuário 2006, IBGE 201 *Estabelecimentos com mais de 50
pés.

7.4 IMPACTOS AMBIENTAIS NO MUNICÍPIO

Os impactos de que vamos tratar são aqueles gerados por ações antrópicas que podem
ser apresentadas de acordo com a atividade a que estão associadas. Desta forma, no
município, verificam-se como principais impactos ambientais aqueles associados á:

• Crescimento desordenado e especulação de terras


• Atividade mineradora, com a descaracterização do relevo, desestabilização dos solos,
erosão, poluição, desvio e assoreamentos dos cursos d’água, remoção da cobertura
vegetal e liberação de gases
• Atividade agrícola, pecuária e a extração madeireira que promovem o desmatamento,
erosão, assoreamento, incêndios
• Pesca que é realizada de forma insustentável (sobrepesca)
• Turismo promovendo grande produção de resíduos destinados indevidamente
principalmente pelos hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos de apoio à
atividade. Geração de efluentes líquidos – os hotéis e pousadas de Presidente
Figueiredo, sempre apresentam o problema da destinação do seu esgoto e demais
efluentes. Degradação dos atrativos naturais como pichações nas cavernas e grutas.

99
Figura 44. Mapa do desmatamento acumulado na APA Caverna do Maroaga de 1997 a 2008

100
A B

C D
Figura 45. Impactos ambientais no município de Presidente Figueiredo: A) Desmatamento em encosta B)
Alteração da paisagem por atividade de mineração (brita) C) Desmatamento para pastagens D) Uso do fogo
para agricultura.

7.5 ASPECTOS SÒCIOECONOMICOS DAS COMUNIDADES RURAIS E NÚCLEOS


URBANOS DISPERSOS INSERIDOS NA APA

O histórico de ocupação da população residente da APA foi condicionado ao modelo


de ocupação e desenvolvimento do município de Presidente Figueiredo. A idealização e
execução do projeto de construção da Rodovia Manaus-Caracaraí (BR 174) impulsionou a
frente pioneira que ocupou a região. Esse contingente foi atraído pelos recursos naturais da
região e pelos grandes projetos em fase de implantação na década de 1980. A abertura e
posterior pavimentação da BR 174, com início da construção na década de 70, propiciaram o
surgimento do município Presidente Figueiredo e atraíram um fluxo migratório para
assentamentos rurais e de trabalhadores vindos para a construção da Hidrelétrica de Balbina
e a exploração mineral do rio Pitinga (Reis et al, 2008; Oliveira, 2000).
Os primeiros moradores, originários dos municípios adjacentes do que hoje constitui
Presidente Figueiredo, motivados pela abertura de postos de trabalhos e pela possibilidade
de acesso à terra, constituíram os primeiros nódulos das comunidades que foram se formando
no entorno das principais rodovias que dão acesso à sede municipal (BR 174 e AM 240), à
Usina Hidrelétrica de Balbina e às jazidas minerais na região do núcleo urbano do Pitinga.

101
A B
Figura 46. Aspecto da Rodovia AM 240 e placa identificativa de comunidade inserida na APA Caverna do
Maroaga A) Placa identificativa da comunidade Cristã B) Vista da Rodovia AM 240

Faixa Etária
<1 1a9 10 a 19 20 a 39 40 a 49 50 a 59 >60
(anos de idade)

Masculino (%) 0,93 19,71 22,6 25,39 11,12 9,95 10,4

Feminino (%) 0,98 21,68 23,59 27,86 9,6 9,2 7,0

Quadro 13. Distribuição da porcentagem de diferentes classes de faixa etária por gênero das
comunidades rurais da APA

Da população presente na zona rural de Presidente Figueiredo, foram cadastradas


7.754 pessoas por levantamentos realizados pela secretaria de saúde do município em 2010.
Desse total, 4190 eram homens e 3564 mulheres. Essa população é formada
predominantemente por jovens de 10 a 19 anos (23,09%) e adultos de 20 a 39 (26,62%)
Abastecimento de água Porcentagem Tipo de casa Porcentagem
Rede pública 16,79 Tijolo 8,11
Poço ou nascente 75,56 Madeira 88,62
Outros 7,65 Outros 3,27
Quadro 14. Distribuição da porcentagem de diferentes Quadro 15. Distribuição da porcentagem de
tipos de abastecimento de água das comunidades rurais diferentes tipos de casas presentes nas
da APA comunidades rurais da APA
7-14 anos na >ou = 15 anos
Educação escola (%) alfabetizados (%)
Média 90,48 91,95
Quadro 16. Média da porcentagem da população das comunidades rurais da APA que estão na escola ou
são alfabetizados
Destino do lixo Porcentagem Destino do esgoto Porcentagem
Coleta Pública 19,12 Sistema de Esgoto 0,48
Queimado/Enterrado 77,5 Fossa 74,06
Céu Aberto 3,38 Céu aberto 25,46
Quadro 17. Distribuição da porcentagem de diferentes Quadro 18. Distribuição da porcentagem de
destinações do esgoto nas comunidades rurais da APA diferentes formas de disposição do lixo nas
comunidades rurais da APA

102
Figura 47. Aspecto de moradia em uma comunidade da APA Caverna do Maroaga

POSTOS DE SAÚDE ÁREA RURAL Inseridos na APA


Postos de Saúde na AM 240 (acesso a Balbina)
Posto de Saúde Marcos Freire, km 13. 01
01
Posto de Saúde Nova União, km 17. 01
Posto de Saúde São Francisco de Assis, km 24. 01
01
Posto de Saúde Cristo Rei, km 28. 01
Posto de Saúde São Miguel, km 50. 01

Posto de Saúde Fé em Deus, km 70.


Posto de Saúde Cachoeira da Morena, Ramal da Morena, km 13.
Postos de Saúde da BR 174:
Posto de Saúde Boa Esperança, km 120. 01
01
Posto de Saúde Jardim Floresta, km 126. 01
Posto de Saúde Castanhal, km 134. 01
01
Posto de Saúde Rumo Certo, km 165. 01
Posto de Saúde Novo Rumo, km 165. 01

Posto de Saúde Santo Antônio do Abonari, km 200.


Quadro 19. Postos de saúde presetes nas comunidades rurais inseridas na APA

A B
Figura 48. . Saneamento nas comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga. A) Disposição do lixo B)
Cacimba. Fonte: PME caverna do Maroaga, 2004

103
Nº Nome da Associação Localização Famílias CNPJ Fundação

01 Ass. Com. São João do Urubuí BR 174 km 107 M/E 80 02.299.988/0001-67 10.08.1995
02 Ass. Com. Boa Esperança BR 174 km 120 M/D 62 01.338.210/0001-57 10.08.1995
03 Ass. Com. Jardim Floresta BR 174 km 126 M/D 82 00.382.071/0001-04 07.08.1994
04 Ass. Com. Sta. Terezinha II BR 174 km 126 M/E 85 04.497.763/0001-40 -
05 Ass. Com. Castanhal BR 174 Km 134 M/D 80 00.448.109/0001-96 18.07.1993
06 Ass. Com. Nova União II BR 174 km 134 M/D 30 04.400.043/0001-15 22.07.2000
07 Ass. Com. São Francisco BR 174 km 137 M/E 32 63.691.414/0001-24 12.03.1989
08 Ass. Com. Canastra I e II BR 174 km 137 M/D 34 04.605.635/0001-73 15.07.2001
09 Ass. Com. Sta. Terezinha BR 174 km 139 M/E 64 04.497.763/0001-40 15.05.1988
10 Ass. Com. Rio Canoas BR 174 km 139 M/E 300 34.563.007/0001-33 01.05.1993
11 Ass. Com. Rio Pardo BR 174 km 139 M/E 268 02.100.180/0001-09 10.11.1996
12 Ass. Com. Bom Jesus BR 174 km 139 M/E 67 03.399.942/0001-82 29.06.1999
13 Ass. Com. Novo Paraíso BR 174 km 139 M/E 30 04.245.773/0001-99 01.10.2000
14 Ass. Com. Água Azul BR 174 km 159 M/E 25 04.462.843/0001-60 28.05.2001
15 Ass. Com. Boa União BR 174 km 165 M/D 350 01.043.141/0001-54 06.08.1993
16 Ass. Com. Novo Rumo BR 174 Km 165 M/D 150 03.324.086/0001-04 05.12.2001
17 Ass. Com. N. Jerusalém BR 174 Km 179 M/D 200 40.612.982/0001-34 -
18 Ass. Com. Ramal do Paulista BR 174 Km 179 M/D 35 03.638.642/0001-09 29.08.1999
19 Ass. Com. Rio Taboca BR 174 km 185 M/E 20 05.270.010/0001-60 18.07.2002
20 Ass. Com. Sto. Antonio do Abonari BR 174 km 200 M/E 70 02.100.183/0001-42 11.05.1994
21 Ass. Com. Marcos Freire AM 240 Km 13 M/D 57 34.562.611/0001-45 24.04.1988
22 Ass. Com. Nova União AM 240 Km 17 M/E 45 05.411.264/0001-51 15.08.1993
23 Ass. Com. Menino Deus AM 240 km 20 M/D 25 05.162.945/0001-23 09.09.2000
24 Ass. Com. São Fco de Assis AM 240 Km24 M/E 40 01.100.184/0001-91 23.02.1989
25 Ass. Com. São Salvador AM 240 km 26 M/E 35 04.385.063/0001-64 26.11.2000
26 Ass. Com Cristo Rei AM 240 Km 28 M/D 15 34.489.856/0001-94 09.09.1988
27 Ass. Com. Cristã AM 240 km 32 M/E 50 01.745.050/0001-60 29.12.1996
28 Ass. Com. São Miguel AM 240 Km 50 M/D 150 04.513.697/0001-16 -
29 Ass. Com. Fé em Deus AM 240 Km 68 M/D 20 - -
30 Ass. Com. Céu e Mar R. Moreno Km 02 40 02.166.575/0001-04 30.03.1997
31 Ass. Com. São José do Uatumã Rua Morena km 13 90 02.557.443/0001-03 12.03.1989
32 Ass. Com. São Jorge do Uatumã R. Morena km 23 60 63.692.297/0001-13 01.09.1991

104
33 Ass. Com. Carlos A. N. Ribeiro Rio Uatumã M/E 10 03.673.414/0001-70 06.06.1999
34 Ass. Com. São Fco de Assis do Uatumã Rio Uatumã M/E 40 04.385.078/0001-22 08.03.2001
35 Ass. Com. Bom Futuro Rio Uatumã M/D 10 02.100.182/0001-06 03.06.1989
36 Ass. Com. Bela Vista Rio Uatumã M/E 20 - 30.06.2002
37 Ass. Com. N. Sra. do P. Socorro Rio Uatumã M/E 20 04.530.011/0001-34 17.04.1994
38 Ass. Com. Brava Gente BR 174 km 126/ME 10 05.211.143/0001-66 -
39 Ass. Com. Belo Horizonte AM 240 km 36 - 02.981.478/0001-75 -
40 Ass. Com. ASAMOT R. Morena KM 13 45 05.121.174/0001-26 02.02.2002
Rio
Quadro 20. Associações comunitárias presentes no município de Presidente Figueiredo

105
Estimativa do n° de
Rodovia N° Comunidade Localização
famílias
um Santo Antonio do Abonari Km 200 92
2 Ramal do Paulista Km 180
187
3 Nova Jerusalém Km 179
4 Príncipe da Paz Km 172 64
5 Novo Rumo Km 165 142
6 Boa União Km 165 406 (91 nas ilhas)
BR 174 7 Terra Santa Km 152 29
8 Canastra Km 137 34
9 Castanhal Km 134 56
10 Nova União II Km 134 40
11 Jardim Floresta Km 126 105
12 Boa Esperança Km 120 127
1 282
13 Maroaga Km 07 120
14 Marcos Freire Km 13 141
15 Nova União Km 18 61
16 Menino Deus Km 22 25
17 São Francisco de Assis Km 24 81
18 São Salvador Km 26 31
19 Cristo Rei Km 28 128
20 Cristã Km 32 25
AM 240
21 Novo Horizonte Km 37 37
22 São Miguel Km 50 45
23 Fé em Deus Km 68 09
24 Céu e Mar * Km 03 R.Morena 37
Km 13
25 São José do Uatumã * 86
R. da Morena
Km 23
26 São Jorge do Uatumã * 85
R. da Morena
911
Total 2193
Quadro 21. Comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga, localização ao longo da BR 174 e AM 240, n° de
famílias cadastradas pela Secretaria Municipal de saúde/ 2010 e levantamento do diagnóstico.
Socioeconômico.

*As comunidades Céu e Mar, São José do Uatumã e São Jorge do Uatumã ao longo do Ramal da Morena foram aqui
consideradas como estando inseridas na APA embora seus núcleos estejam localizados fora dos limites da UC

A APA possui, em seu interior, 23 comunidades. Três comunidades, que não estão
inseridas dentro dos limites, foram consideradas, neste diagnóstico, por ocuparem áreas
dentro dos limites da APA: comunidade Céu e Mar, São José do Uatumã e São Jorge do
Uatumã ao longo do Ramal da Morena. As comunidades da APA encontram-se localizadas,
principalmente, ao longo das rodovias BR 174 e AM 240. De acordo com os dados coletados
em campo, e com aqueles obtidos junto à secretaria de saúde, obteve-se o número
aproximado de famílias de cada comunidade localizada no interior da APA e seu número
total.

106
A comunidade mais populosa da APA é a Boa União, localizada entre a BR 174 e as
margens do lago de Balbina possuindo em torno 3 000 moradores. Das comunidades
localizadas no entorno da AM 240 a Cristo Rei é aquela com maior número de moradores,
em número de 500, divididos em 130 famílias e a menos habitada é a Fé em Deus com oito
famílias e 30 moradores.

7.6 FORMAS DE USO DOS RECURSOS NATURAIS DA APA CAVERNA DO


MAROAGA

Os modos de vida das populações rurais residentes na Área de Proteção Ambiental


Caverna do Maroaga são condicionados pelas formas de uso dos recursos naturais. A
polivalência de uso dos recursos naturais garante a essa população os meios para a sua
sobrevivência. As comunidades visitadas intercambiam diferentes atividades produtivas e,
consequentemente, formas diversificadas de uso dos recursos.
A floresta concentra grande número de espécies de produtos madeireiros e não
madeireiros que permitem sua extração e coleta. Tal experiência proporciona o manejo de
algumas espécies altamente úteis como: açaí, buriti, patuá, castanha, andiroba, cipós, etc. A
extração de madeira, segundo os moradores, destina-se, sobretudo para construção de casas e
serviços de carpintaria. Os produtos não-madeireiros são utilizados tanto para complemento
da dieta alimentar (açaí, bacaba, patauá, buriti, castanha) como para uso medicinal (andiroba,
copaíba, carapanaúba, uxi, etc.). Desse modo, estes recursos florestais além de ter grande
importância na vida dos moradores locais, representam grande potencial de geração de
renda.
O peixe, a farinha e a carne (galinha, pato, porco, gado) constituem a base da dieta alimentar,
complementada com a caça de animais silvestres. O artesanato, praticado em algumas
comunidades, é desenvolvido de forma bastante incipiente, mas com grande potencial para
comercialização.

7.6.1 Agricultura
A organização produtiva dos moradores baseia-se no modelo de agricultura familiar.
As principais atividades produtivas estão basicamente voltadas para o plantio de mandioca,
cupuaçu, maracujá, abacaxi, coco, macaxeira, milho, laranja, mamão, melancia, pimentão,
pimenta de cheiro, pimenta murupi, maxixe e outros. Além disso, desenvolve-se a criação de
pequenos animais (galinha, pato, porco, bode); o extrativismo florestal de madeira, castanha,
açaí, bacaba, patuá; a pecuária (gado); a pesca e a piscicultura. A renda das comunidades é
proveniente, em sua maioria, da comercialização de frutas e hortaliças seguida da venda de
legumes, da criação de gado, de pequenos animais e peixes.

107
A B

C D

E F

G H

Figura 49. Atividades econômicas desenvolvidas nas comunidades inseridas na APA Caverna do
Maroaga A) Venda de aves B) Plantação de coco C)Venda de polpa de cupuaçu D) Venda de carvão
E) Oficina de artesanato com cipó-titica F) Criação de pato G) Roça de mandioca

108
N° Comunidade Localização Produção e geração de renda
Macaxeira, cana de açúcar, banana, mandioca e
Santo Antonio
1 Km 200 / BR 174 derivados, mamão, abacaxi, coco, melancia, limão,
do Abonari
laranja, maxixe, jerimum, milho e arroz.
Ramal do Cítricos, macaxeira, abacaxi, banana, côco,
2 Km 180 / BR 174
Paulista cupuaçu, hortaliças e cana de açúcar.
Banana, mandioca, cupuaçu, maracujá, abacaxi,
Nova
3 Km 179 / BR 174 côco, macaxeira, cana de açúcar, hortaliças,
Jerusalém
abacaxi, mamão, melancia, jerimum.
Banana, mandioca, macaxeira, hortaliças: pimenta
de cheiro, pimentão, cebolinha e pimenta murupi.
4 Novo Rumo Km 165 / BR 174
Comercialização de gado, porco e pato. Também
tem lucro com o turismo e madeira
Banana, mandioca, macaxeira, hortaliças: repolho,
jerimum, maxixe, pimenta de cheiro, pimentão,
Boa União Km 165 / BR 174
5 cebolinha e pimenta murupi. Comercializam gado,
(Rumo Certo)
porco e pato. Pesca turismo, acampamento,
fabricação de móveis.
Príncipe da
6 Km 172 / BR 174 Pecuária
Paz
Macaxeira, banana. pimenta, repolho, chicória,
7 Terra Santa km 152 / BR 174 couve. Plasticultura e pecuária.

Pimentão, pimenta de cheiro, côco, acerola, mamão,


8 Canastra Km 137 / BR 174 macaxeira, maracujá, mamão. Criação de gado,
porco e galinha.
Limão, pimentão, pimenta de cheiro, côco, banana,
Km 134 / BR 174
9 Castanhal macaxeira, mamão, hortaliças e castanha. Criação
de: gado, porco e galinha.
Km 134 (entrada
10 Nova União II pelo ramal do -
Micad)
Plasticultura (pimentão e alface), Movelaria,
horticultura em geral: pimentão, pimenta-de-
cheiro, pimenta murupi, alface, brócolis, feijão-de-
11 Boa Esperança Km 120 / BR 174 metro, tomate, jiló, macaxeira, quiabo, maxixe,
Fruticultura: limão, laranja, açaí, graviola, mamão,
cupuaçu, acerola, banana. Criação de gado bovino,
caprino, porco e galinha .
Banana, maracujá, côco, pupunha, murici,
Jardim
12 Km 126 / BR 174 carambola, abacate, marmelo, mandioca, macaxeira,
Floresta
cupuaçu.
Hortaliças: cheiro verde, couve, maxixe, pimenta
cheirosa, pimenta murupi. Banana, abacaxi, açaí,
cupuaçu, abacate, manga, graviola, côco, mari-mari,
13 Maruaga Km 07 / AM 240
macaxeira, jabuticaba, ingá, laranja e criação de
galinha. A renda da comunidade gira entorno da
venda de hortaliças e abacaxi
Cupuaçu, (doce de cupuaçu), banana, tucumã,
bacaba, caju, macaxeira, mandioca (farinha) côco,
14 Marcos Freire Km13 / AM 240
laranja, hortaliças galinha, porco, carneiro, gado
bovino,

109
Hortaliças: cheiro verde, couve, maxixe, pimenta
cheirosa, pimenta murupi.
Banana, abacaxi, açaí, cupuaçu, abacate, manga,
graviola, coco, mari-mari, macaxeira, jabuticaba,
15 Nova União Km 18 / AM 240 ingá, laranja e criação de peixe e galinha. A renda
basicamente vem da comercialização de peixe:
matrinxã e vendas de verduras e laranja

Hortaliças (pimenta de cheiro), cupuaçu, Limão,


pupunha, noni, bacuri, cana-de-açúcar, coco,
16 São Salvador Km 26 / AM 240
manga, cajá, araçá, goiaba, abacaxi, criação de
galinha e pato.
Farinha de mandioca, banana, cupuaçu, biriba,
17 Menino Deus Km 22 / AM 240 macaxeira, manga, melancia, pequena atividade de
turismo.
Cupuaçu, laranja, patuá, buriti, açaí, ingá, caju.
Macaxeira, mandioca, pitomba e tamarindo (muitos
terrenos têm de 3 a 4 ha. de plantação). Hortaliças:
pimenta de cheiro, pimentão, pimenta murupi.
18 São Francisco Km 24 / AM 240
Pimentão, seguida de pimenta de cheiro, limão,
laranja, banana, coco, açaí, pupunha, macaxeira,
mandioca (farinha), jerimum, tomate, cheiro verde,
pato e gado.
Macaxeira, cupuaçu, pepino, pimentão, cheiro-
19 Cristo Rei Km 28 / AM 240
verde, coco, banana e maracujá.
Novo Agricultura, limão, jerimum, macaxeira, banana,
20 Km 37 / AM 240
Horizonte hortaliças, piscicultura.
Farinha de mandioca, banana, cupuaçu, pimenta de
21 Cristã Km 32 / AM 240
cheiro, piscicultura.
Cupuaçu, graviola açaí, goiaba, graviola, hortaliças,
verduras, buriti, bacaba, tucumã.
22 São Miguel Km 50 / AM 240 Criação de galinha e gado. Também trabalham com
criação de peixe (tambaqui e matrinxã), vendem
apenas para a comunidade.
Queijo, leite, cupuaçu, peixe (tambaqui e pirarucu),
23 Fé em Deus Km 68 / AM 240
porco, açaí, galinha, macaxeira,
Banana, cupuaçu, manga, caju, graviola, melancia,
Km 03 / Ramal
24 *Céu e Mar açaí, pupunha, tucumã, coco.
da Morena
Criação de peixe, galinha e açaí.
Murici. Banana, cupuaçu, manga, caju, graviola,
*São José do Km 13 / Ramal
25 melancia, açaí, pupunha, tucumã, coco. Criação de
Uatumã da Morena
peixe, galinha e gado.
*São Jorge do Km 23/ Ramal da Banana, cupuaçu, graviola, melancia, açaí, pupunha,
26
Uatumã Morena tucumã, coco. Criação de peixe, galinha e gado.
Quadro 22. Comunidades inseridas na APA Caverna do Maroaga, localização e principais
produtos produzidos que geram renda

110
7.6.2 Pecuária

A atividade pecuária está concentrada na criação de gado de corte para abastecimento


do município. O Abatedouro Municipal localiza-se no km 09 da AM 240; realiza os serviços
de abate bovino e suíno, com abate de cerca de 50 cabeças de gado bovino por semana. De
acordo com o IDAM, existem 14.700 cabeças de gado no município sendo que 55% delas
estão concentradas dentro da APA.
Segundo informações de um funcionário do abatedouro, o couro dos animais é
vendido para o Rio Grande do Sul. Todos os outros resíduos são acumulados em fossas e
destinados ao lixão do município, dentro da APA Caverna do Maroaga.
De acordo com dados levantados junto ao IDAM a quantidade de gado presente nos
limites da APA é de cerca de 8.122 cabeças, divididas em 126 fazendas ou sítios. Ao longo da
margem direita da BR 174, estão concentradas 88 propriedades rurais contendo 85% das
cabeças de gado presentes na APA. Ao longo da AM 240, 15% do gado está distribuído em
41 propriedades.

7.6.3 Pesca

A pesca regular é efetuada apenas no Lago de Balbina e está voltada quase que
exclusivamente para a exploração do tucunaré (Cichla sp.), peixe muito procurado pelo
consumidor e de valor econômico considerável. Constituem um recurso de grande
importância comercial, sendo, portanto uma grande fonte de geração de empregos e como
também, uma das maiores fontes de renda para mais de 150 famílias, constituindo
diretamente em média 700 pessoas beneficiadas por essa atividade; notadamente na
comunidade Boa União, no Rumo Certo.

7.6.4 Turismo

O Relatório “Potencial turístico do Município de Presidente Figueiredo”


desenvolvido pela Companhia de Pesquisa de Recursos Naturais (CPRM) por meio do
Programa de Integração Mineral em Municípios da Amazônia (PRIMAZ de Presidente
Figueiredo), no ano de 1998, era o único documento até 2009 que apresentava a base
cartográfica de 18 atrativos inseridos na APA.
Com a realização do “Diagnóstico dos atrativos turísticos naturais da APA Caverna
do Maroaga (REIS, 2010)”, que contemplou o mapeamento e caracterização dos atrativos
turístico da unidade, detectou-se que, no município de Presidente Figueiredo, até o ano 2009,
eram conhecidos apenas 62 atrativos, todos com turismo, sendo 28 áreas mapeadas em 1998
pela CPRM/PRIMAZ, e 34 áreas apenas cadastradas pela Secretaria Municipal de Turismo
(SEMTUR) e Secretaria Municipal de Meio Ambiente (SEMMA).
Do total de áreas conhecidas, na APA Caverna do Maroaga havia até 2009 apenas 39
atrativos conhecidos oficialmente, sendo 18 mapeados pelo PRIMAZ (1998) e 21 cadastrados
pela SEMMA/SEMTUR.
Com a execução da Consultoria (REIS, 2010) pela ALFA, foram mapeadas, re-
mapeadas e caracterizadas institucional e ambientalmente, 47 atrativos, sendo 22 em uso
pelo turismo e 25 potenciais. Realizando-se: 1) Re-mapeamento de 10 atrativos da
CPRM/PRIMAZ (1998), sendo 03 atrativos com incremento de novas áreas na conformação
de complexos e 07 atrativos isolados; 2) Mapeamento de 07 áreas cadastradas pela
SEMMA/SEMTUR (2004-2007), sendo 05 atrativos isolados e 02 com incremento de novas
áreas na conformação de complexos; e, 3)

111
30 novos atrativos mapeados/descobertos durante o campo, sendo 07 em uso e 23 potenciais,
com a conformação de 10 complexo naturais (conjunto de feições em um mesma área
fundiária) e 04 atrativos isolados.

Desse modo, a APA Caverna do Maroaga possui em 2010 oficialmente, 55 atrativos


com mapeamento e caracterização, sendo 08 com informações do PRIMAZ/CPRM de 1998,
e 47 atrativos com informações da consultoria ALFA - REIS, 2010 (10 áreas re-mapeadas –
PRIMAZ/CPRM, 07 mapeadas, antes apenas cadastradas pela SEMMA/SEMTUR, e 30
novas áreas descobertas), restando 14 atrativos cadastrados pela SEMMA/SEMTUR a
mapear.
Os atrativos estão divididos em cachoeiras, grutas, cavernas, corredeiras e demais
formações rochosas. 70% encontram-se no entorno da AM 240, inseridos na unidade
geológica do grupo trombetas que apresenta feições de relevos mais intensificadas do que nas
outras unidades geológicas presentes na UC (Figura 51). Os outros 30% estão presentes em
uma faixa ao longo da BR 174, do km 100 ao

Figura 50. Mapas dos atrativos naturais mapeados na APA Caverna do Maroaga. A) Litologia dos atrativos
B) Localização dos atrativos da APA

112
Entre os atributos naturais turísticos, 57% são cachoeiras, e 10% são corredeiras.
correspondendo às áreas mais atrativas na unidade. Essas áreas possuem um conjunto de
recursos naturais no seu entorno, como florestas e sua fauna, propiciando ambientes com um
leque amplo de opções para o desenvolvimento de atividades de lazer, notadamente aliadas à
sensibilização e interpretação ambiental. As cavernas e grutas presentes na APA são
cavidades naturais legalmente protegidas pelo Decreto nº. 99.556, de 01 de outubro de1990.
De acordo com seu Art. 1° “As cavidades naturais subterrâneas existentes no
território nacional deverão ser protegidas, de modo a permitir estudos e pesquisas de ordem
técnico-científica, bem como atividades de cunho espeleológico, étnico-cultural, turístico,
recreativo e educativo”. Redação dada pelo Decreto nº 6.640, de 2008.
De acordo com o Art. 20, inciso X da Constituição Federal de 1988 as cavidades
subterrâneas são bens de propriedade da União (Gestão do Governo Federal). O Centro
Nacional de Pesquisa e Conservação de Cavernas do Instituto Chico Mendes de Conservação
da Biodiversidade (Cecav/ICMBio) tem por objetivo realizar pesquisas científicas e ações de
manejo para conservação dos ambientes cavernícolas e espécies associadas (Cecav/ICMBio,
2009).
N° Nome Localização Uso turístico
1 Caverna do Maroaga AM 240 km 06 x
2 Arena/Reprodução do galo da serra AM 240 km 06
3 Cânion Maroaga AM 240 km 06
4 Paredão da Galinha AM 240 km 06
5 Gruta dos Três Arcos AM 240 km 06
6 Gruta da Judéia AM 240 km 06 x
7 Cachoeira Santuário AM 240 km 12 x
8 Cachoeira do km 13 AM 240 km 13
9 Cachoeira dos Pássaros AM 240 km 13 x
10 Cachoeira da Porteira AM 240 km 13 x
11 Cachoeira da Maroca AM 240 km 18 x
12 Galerias do Mutum AM 240 km 18
13 Corredeiras das Galerias AM 240 km 18
14 Portal das Galerias/dos desejos AM 240 km 18
15 Cachoeira Índia Nua AM 240 km 18
16 Corredeira Sossego da Pantera AM 240 km 20 x
17 Cachoeira da Neblina AM 240 km 51 x
18 Corredeira da Neblina AM 240 km 51 x
19 Cachoeira do Mutum AM 240 km 54,5
20 Corredeira da Jaguatirica AM 240 km 54,5
21 Cachoeira da Pedra Furada AM 240 km 57 x
22 Cachoeira Salto do Ypi AM 240 km 57 x
23 Cachoeira do Dedéu AM 240 km 60
24 Cachoeira dos Maias AM 240 km 60
25 Cascata do Cupuí AM 240 km 60
26 Quedas 1 e 2 AM 240 km 64
27 Gruta dos Aracuãs AM 240 km 64
28 Cachoeira dos Japós AM 240 km 64
29 Cachoeira do Jacamim AM 240 km 64
30 Muralha Gadelhacea AM 240 km 64
31 Cachoeira Cabelo da Índia AM 240 km 64
32 Cachoeira das Muralhas do Barreto AM 240 km 65
33 Paredão/Muralha do Barreto AM 240 km 65

113
34 Cachoeira das Quatro Quedas BR 174 km 107 x
35 Cachoeira das Orquídeas BR 174 km 107 x
36 Cachoeira Santa Cláudia BR 174 km 107
37 Gruta do Raio BR 174 km 107
38 Cachoeira/Corredeira das Lages 2 BR 174 km 112 x
39 Corredeira das Lages BR 174 km 113
40 Paredão dos Lages BR 174 km 113
41 1° Queda BR 174 km 113
42 2° Queda BR 174 km 113
43 3° Queda BR 174 km 113
44 Cachoeira Pedra Lascada BR 174 km 113
45 Queda e Gruta do Ceará BR 174 km 120
46 Gruta - Fenda do Ceara BR 174 km 120
47 Cachoeira do Castanhal (da loira) BR 174 km 134 x
Quadro 23. Localização dos atrativos naturais turísticos da APA Caverna do Maroaga. Em destaque
grutas, cavernas e rochas expostas e os locais em uso.

7.6.4.1 Acessibilidade

As condições de acessibilidade das 47 áreas naturais mapeadas encontram-se divididas


em três aspectos. Em 39% das áreas o acesso é realizado por meio de trilha. Em 4,3% das
áreas, o acesso é realizado a partir de caminhada na floresta, o que sinaliza que essas áreas se
encontram em bom estado de conservação e que, provavelmente, não há uso turístico
freqüente, e sim, o uso rotineiro dos próprios comunitários, durante a execução de outras
atividades na floresta.
Detectou-se, em 78% das áreas, que o acesso é restrito, realizado somente com a
autorização do proprietário, que pode ou, não cobrar valores monetários para permitir o
usufruto dos atributos presentes em sua propriedade; e em 18% das áreas apresenta perfil de
uso comum, sendo de livre acesso à população local.

7.6.4.2 Situação fundiária

60,9% das áreas estão inseridas em propriedades privadas e 8,7% das áreas estão
localizadas em unidades de conservação públicas e privadas (4,3%). Os locais inseridos em
área pública (área ociosa) são de 4,3%, correndo grande risco de posse espontânea de terras
públicas e uso intensificado. Observa-se que 3,4% das áreas estão inseridas em RPPN’s,
obedecendo a condições mínimas de uso público, porém, sem existência de plano de manejo.
Em áreas de posseiros localizam-se cerca de 8,7% dos locais, que necessitam de imediata ação
para ordenamento ambiental e fundiário.

114
Figura 51. Gráfico da porcentagem de atrativos situados em diferentes domínios de terra

Figura 52. Mapa da localização fundiária dos atrativos naturais da APA Caverna do Maroaga

115
7.6.4.3 Infraestrutura e Gestão

A gestão de áreas naturais turísticas carece de infra-estrutura básica e de


equipamentos específicos, para sua implantação, além de normas de gestão que regulem seu
funcionamento e gestão administrativa. Dos 47 atrativos caracterizados (Quadro 22), ocorre
visitação turística em 15 áreas que possuem denominação, sendo que seis delas estão
sinalizadas e apenas cinco possuem infraestrutura para estada e alimentação dos visitantes;
em duas há serviços de informação turística.

7.6.4.4 Caracterização Biofísica

Nas 47 áreas mapeadas, a Floresta de Campinarana se sobressai (60,9%), circundada


por outras formações vegetais, seja a Floresta Secundária (52,2%) e a Floresta Densa
(17,4%). Além disso, a presença de áreas com vegetação fragmentada (com ou sem capoeira) é
um indicador de uso pretérito do atrativo para atividades do setor primário como pecuária ou
exploração madeireira (8,7%), ainda existentes na região, principalmente com a expansão
indiscriminada de pastos para suposta criação de gado (4,3%).
Todas as áreas possuem drenagem em no seu interior, em maior ou menor dimensão
e no entorno, com presença de nascentes em 73,9% das áreas em diferentes pontos,
apresentando corpos d´água translúcidos (95,7%) propícios a banhos.

7.6.4.5 Impactos ambientais

As maiores pressões antrópicas de uso e ocupação do solo, no município de Presidente


Figueiredo, são observados ao longo da BR 174, que liga Manaus a Boa Vista, e ao longo da
AM 240, que interliga a sede municipal de Presidente Figueiredo à vila de Balbina. Observa-
se, nestes trechos, a existência de áreas desmatadas onde se desenvolvem atividades
relacionadas à instalação de famílias, loteamentos, pastagens para pecuária, agricultura de
pequeno e médio porte e, principalmente, instalação de pontos comerciais e de acesso aos
recursos hídricos superficiais; pequenos e médios empreendimentos turísticos (pousadas,
“banhos”, etc.), além de pequenas pedreiras e, em todos os casos, associados à abertura de
ramais, desmatamentos e queimadas (Plano Diretor, 2006) A observação dos impactos
ambientais existentes nas áreas dos atrativos turísticos é essencial para conhecimento do seu
estado de uso e para a proposição de medidas de gestão que orientem a sua conservação. Um
dos principais problemas identificados nas áreas são o desflorestamento e a presença de
resíduos sólidos dispersos (Figura 53). Em alguns casos, como na caverna do Maroaga e na
gruta do Raio, é possível visualizar os vestígios de pichações realizadas por visitantes. A
entrada para o depósito de lixo municipal está localizada no km 04 da AM 240, distante cerca
de 2 km da caverna do Maroaga. Segundo o Diagnóstico Ambiental da Área de Proteção da
Caverna do Maroaga (PROECOTUR/MMA, 2002), o depósito apresenta-se em condições
inadequadas de localização e infra-estrutura, acarretando provável contaminação do solo e
dos corpos d’água, além da poluição atmosférica da área de influência, descaracterizando a
paisagem.

116
Impactos Ambientais
%

90,0

78,3 78,3
80,0
Não
70,0
60,9 Sim
60,0
52,2
Próximo
50,0 47,8

39,1 39,1 Distante


40,0

30,0
21,7
20,0 17,4
13,0 13,0
8,7 8,7 8,7 8,7
10,0
4,3

0,0
Desflorestamentos Clareiras Resíduos Sólidos Pichações Queimadas
Dispersos

Figura 53. Gráfico da porcentagem de diferentes impactos ambientais encontrados nos atrativos
mapeados dentro da APA Caverna do Maroaga

7.6.4.6 O turismo na caverna Refúgio do Maroaga

A Caverna do Maroaga foi cadastrada junto á Sociedade Brasileira de Espeleologia


(SBE) como “Gruta Refúgio do Maroaga” (AM-002) durante a execução dos trabalhos de
levantamento espeleológico para a implantação da UHE de Balbina na década de 80. É
constituída por arenitos de coloração branco acinzentado, da Formação Nhamundá, do
Grupo Trombetas (Paleozóico) (Karmann, 1986). O nome da caverna teria origem no fato de
ter sido refúgio de um chefe indígena, Maruaga, na língua dos Waimiri Atroari, durante
abertura da BR 174. (CPRM 1998). Durante as atividades de prospecção relacionadas à
elaboração do Plano de Manejo Espeleológico da caverna (2004), foram identificadas outras
cavidades ainda não cadastradas oficialmente na Sociedade Brasileira de Espeleologia (SBE):
a gruta dos Animais, gruta do Pequeno, gruta da Judéia, fenda das Raízes, gruta dos Três
Arcos e grutas do Maratá formando o chamado Sistema Maroaga.Situada a cerca de 600 m
da rodovia AM 240, através de trilha aberta em meio à floresta a caverna do Maroaga é
considerada a maior do estado do Amazonas. Sua área total de projeção é de 4.620 m² e o seu
volume aproximado é de 37.270 m³ (Ecossistema, 2004).
Segundo Gadelha, 2006, configura-se no segundo atrativo turístico mais visitado do
município. No Plano de Manejo Espeleológico da caverna, ainda não implementado, é
proposta a criação de um parque no local, para garantir maior proteção ao sistema Maroaga
e às espécies que a habitam, especialmente o galo-da-serra, que nidifica na caverna. Nos sítios
de reprodução de galos-da-serra a atividade de visitação deve ser ordenada, principalmente
no período reprodutivo da ave. Essas áreas vulneráveis também devem ser fiscalizadas e
monitoradas, de modo que o turismo não cause estresse nas aves, não interfira na atividade
de reprodução e nem deixe os filhotes vulneráveis à captura (Omena Júnior e Martins, 2007).

117
O objetivo do parque seria garantir a proteção efetiva do atrativo ecoturístico
elencado como prioridade pelo Programa de Desenvolvimento do Ecoturismo na Amazônia
Legal/ PROECOTUR. Através da proteção da região, seria compatibilizado o uso
ecoturístico com o manejo e a conservação dos recursos naturais componentes do Sistema
Maroaga.
Em 2005 a Portaria Municipal nº. 012, de 19 de dezembro da Secretaria Municipal de
Meio Ambiente (SEMMA) de Presidente Figueiredo, proibiu o acesso ao interior da Caverna
do Maroaga, devido à detecção de fungos patogênicos prejudiciais à saúde humana,
provenientes das fezes dos morcegos que habitam o seu interior. Mais recentemente a
portaria municipal n° 08 de agosto de 2010 proíbe a visitação à caverna durante o período
reprodutivo do galo-da-serra, de 1° de novembro a 30 de abril.
São indicados como principais objetivos do Parque Caverna do Maroaga: preservar a
diversidade biológica; proteger a Caverna do Maroaga, Gruta da Judéia, Toca I, II, III e IV,
Paredão da Galinha, Gruta dos Três Arcos, Gruta dos Animais, Gruta do Pequeno e Fenda
das Raízes; preservar e restaurar os ecossistemas, representados pelos diversos ambientes
naturais; propiciar e incentivar o desenvolvimento de pesquisas científicas; desenvolver
atividades de educação ambiental; realizar o monitoramento ambiental; possibilitar o turismo
ecológico e a realização de atividades de recreação em contato com a natureza; incentivar o
desenvolvimento regional integrado através da realização de atividades recreativas, do
turismo ecológico e de práticas conservacionistas; buscar a tomada de consciência do público
visitante quanto à importância do ecossistema cavernícola, da flora e da fauna regionais;
proteger espécies da fauna e da flora em geral, principalmente as consideradas raras,
endêmicas, vulneráveis ou em perigo de extinção.
Rogério Gribel, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia (INPA),
na década de 80, elaborou a primeira proposta conhecida para proteção da referida caverna.
No documento intitulado “Proposta preliminar para criação de uma reserva ambiental na
área da Caverna Refugio do Maroaga, Município de Presidente Figueiredo, Estado do
Amazonas”, destaca a relevância ambiental e ecológica da região e o cenário de degradação
ambiental observado na época, direcionando a proteção da cavidade para fins de conservação,
pesquisa e educação. Nesse documento, Gribel (1988), destaca que os desmatamentos
ocorridos na época tinham sido catalisados por iniciativa governamental, como a criação do
Distrito Agropecuário da Suframa. O Plano de Manejo Espeleológico da caverna do
Maroaga já gerou subsídios técnicos para sua relevância a nível regional e a perspectiva de
ordenamento ambiental e administrativo. Atualmente o CECAV possui uma relação de
aproximadamente 50 locais propícios à conservação, dependendo de estudos sobre a
relevância das cavidades, usos e ocupação, para se identificar a qual perfil de área protegida
se destina. Entre esses processos está o da Caverna do Maroaga. Segundo Gadelha (2009). a
vulnerabilidade da caverna do maroaga aumenta em razão dos fenômenos naturais, como o
intenso intemperismo químico, lixiviação, erosões hídrica e eólica, e as induzidas: laminar e
em sulcos. Além disso, existe a escassez de fiscalização e de manutenção, fortes aliados da
intensificação dos impactos.
A área sugerida para a implantação do Parque (Figura 55) segundo o Plano de
manejo da caverna do Maroaga, 2004, abrange todo o conjunto de feições espeleológicas e
suas nascentes, além de um fragmento florestal bem conservado. Partindo-se do ponto 1,
localizado sobre a AM240 nas coordenadas 02º03´21,52"S

118
e 59º58´40,61"W (9772440N e 168690E), segue-se rumo o azimute 123º por
aproximadamente 1260 m até chegar-se ao ponto 2 localizado nas coordenadas 02º03´43,60"
S e 59º58´06,70"W (9771765N e 169740E). Do ponto 2, segue-se o rumo azimute 010º por
cerca de 527 m até o ponto 3, situado nas coordenadas 02°03´26,2"S e 59º58´03,60"W
(972300N e 169835E), deste ponto 3, segue-se rumo azimute 012º por cerca de 1.135 m, até
encontrar-se o ponto 4, localizado sobre a AM-240 nas coordenadas 02º02´49,46”S e
59º57´55,61”W (9773430N e 170080E). Do ponto 4 acompanha-se a AM- 240 em rumos e
azimutes variados por cerca de 2.167 m até chegar-se ao novamente ao ponto 1, fechando a
poligonal da área proposta, totalizando 153,5 ha e um perímetro de 5.089 m.

Figura 54. Mapa da área proposta para criação de Parque no entorno da caverna Maroaga.
Fonte: Plano de Manejo espeleológico da Caverna Maroaga, 2004

119
A B

C D

Figura 55. Caverna Maroaga A) Turistas na entrada da caverna B) Entrada da caverna Maroga C)Placa de
interdição D) Placa informativa para visitas E) Placa indentificativa da Caverna na rodovia AM 240Mapa da
área proposta para criação de Parque no entoro da caverna Maroaga.Fonte: Plano de Manejo espeleológico da
Caverna Maroaga, 2004

120
A B

C
D

Figura 56. Sistema Maroaga A) Fenda das Raízes B) Gruta da Judéia C)Arena do Galo-da-serra D) Galo-da-
serra macho. Fotos:Pedro Rocha Moraes, 2010

121
Figura 57. Mapa da situação fundiária da caverna do Maroaga e da área proposta para criação de Parque.

122
8. ASPECTOS INSTITUCIONAIS

123
8.1 ESTRUTURA ORGANIZACIONAL

A APA Caverna do Maroaga conta com um Chefe de Unidade de Conservação lotado


no município de Presidente Figueiredo que ocupa um escritório na Secretaria Municipal de
Meio Ambiente (SEMMA). No entanto, além da insuficiência em recursos humanos, não há
infraestrutura própria como veículos e escritório próprio que possa atender as demandas e
executar as medidas de gestão imediatas para a UC, dependendo da disponibilidade dos
recursos da sede do órgão que se localizada em Manaus para sua efetivação. Por meio da
Portaria nº. 114/2009, de 05/06/2009, o Conselho Deliberativo da APA foi estabelecido e
está operante, com reuniões trimestrais, após dois anos inativo, tendo realizado quatro
reuniões integrada ao Conselho Consultivo da REBIO Uatumã.
As ações de fiscalização e vigilância ambiental ocorrem diretamente com o apoio da
SEMMA ou a partir das visitas técnicas executadas pelo Instituto de Proteção Ambiental do
Estado do Amazonas (IPAAM), órgão responsável pela fiscalização ambiental nas UC
estaduais e ICMBio através da REBIO Uatumã que atua na APA, parte inserida em sua zona
de amortecimento, com atividades de fiscalização e educação ambiental. Geralmente, o
IPAAM atua no monitoramento dos empreendimentos licenciados localizados na APA,
especificamente como requisito para expedição de novas Licenças.
As unidades de conservação do estado do Amazonas são administradas de acordo com
Sistema Estadual de Unidades de Conservação – SEUC instituído no ano de 2007, pela Lei
Complementar n° 53 de 05 de junho que define os seguintes órgãos e atribuições de gestão:
• À SDS (Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável)
cabe as atribuições relativas ao estabelecimento de normas de gestão, criação,
implantação e reclassificação das UC do estado assim como prestação de assistência
técnica aos moradores além de prestar assistência técnica aos moradores, podendo,
por meio de convênios, contratos e outros ajustes específicos, compartilhar ou delegar
suas atribuições.

• CEMAAM (Conselho Estadual de Meio Ambiente do Estado do Amazonas) com


atribuições consultivas e deliberativas de avalizar a implementação do Sistema

• CEUC (Centro Estadual de Unidades de Conservação), instituído pela Lei Nº 3.244,


de 04 de abril de 2008, como parte da Unidade Gestora do Centro Estadual de
Mudanças Climáticas e do Centro Estadual de Unidades de Conservação (UGMUC),
(Figura 35), com a atribuição de administrar todas as unidades de conservação
estaduais do Amazonas através da implementação e consolidação do Sistema Estadual
de Unidades de Conservação do Amazonas, promovendo a conservação da natureza, a
valorização sócio ambiental e o manejo sustentável dos recursos naturais. Para isso
está estruturado em cinco coordenações com objetivos específicos de atuação nas
unidades: Coordenação de Populações Tradicionais – CPT, Coordenação de Pesquisa
e Monitoramento Ambiental – CPMA, Coordenação de Manejo e Geração de Renda
– CMGR, Coordenação de Infra-estrutura e Finanças – CIF, Coordenação de
Proteção – CP.

• IPAAM (Instituto de Proteção Ambiental do Estado do Amazonas), com a função de


licenciar e fiscalizar atividades potencial ou efetivamente poluidoras ou degradadoras.

• Conselho Deliberativo da APA Caverna do Maroaga, instituído pela Portaria nº.


114/2009, de 05/06/2009, que deve avaliar e aprovar o Plano de Gestão da Unidade.

124
• Poder púbico local
Conselho • Assoc. da sociedade civil
CONSULTIVO OU • Empresas privadas
DELIBERATIVO • Populações locais e organizações
representativas
• Órgãos ambientais
• Universidades e instituições
Gestão da UNIDADE DE • Instituições públicas
CONSERVAÇÃO

PLANO DE GESTÃO

Figura 58. A gestão de uma unidade de conservação leva em conta a interação entre várias entidades que
compõem o Conselho Deliberativo ou Consultivo e as metas e atividades previstas em um plano de manejo
(Revista Política Ambiental n° 4, 2007, CI, Modificado por Noella Markstein, 2010).

125
Figura 59. Organograma da Secretaria de estado do meio Ambiente

126
Figura 60. Os departamentos ligados ao CEUC e os macroprocessos de gestão

127
9. ANÁLISE ESTRATÉGICA DA UNIDADE
DE CONSERVAÇÃO

128
A análise estratégica tem como objetivo sintetizar os principais resultados das
informações levantadas a respeito da unidade, considerando seus objetivos estabelecidos no
instrumento de criação de forma a orientar a proposição e a implementação dos programas e
atividades para a gestão da unidade.
O Quadro 23 demonstra esta análise, contemplando os principais pontos que devem ser
considerados com referência á APA sendo que os pontos fracos e fortes podem condicionar o
manejo da APA e influenciar no cumprimento dos objetivos de criação da UC. As ações de
mitigação e propostas para avançar nos aspectos positivos servirão de norte para o
desenvolvimento dos programas de gestão da unidade.

129
FRAQUEZAS MITIGAÇÃO FORTALEZAS AVANÇO
Buscar acordos com os órgãos competentes para o
Atributos ambientais de Avaliar, desenvolver e monitorar o uso em atrativos
Situação Fundiária irregular agricultor poder utilizar a terra e buscar os caminhos para
grande valor turístico turísticos utilizados e potenciais
resolução da questão fundiária

Utilizar o espaço do conselho para resolução de


Descumprimento cotidiano da legislação ambiental Prover de capacidade executiva a equipe técnica da UC Conselho Deliberativo ativo
problemas da unidade

Motivação para realização de


Fortalecer as associações de produtores rurais com
Organização comunitária enfraquecida Integração e divulgação sobre a UC e seu conselho encontros intercomunitários e
capacitação e transferência d e tecnologia
intercâmbios de experiências

Grande potencial de
Degradação oriunda de usos turísticos não planejados, sem Trabalhar em conjunto com Instituições e proprietário
Fiscalização e monitoramento sistemático exploração do recurso hídrico.
controle de terras para a conservação das microbacias da APA
Água de altíssima qualidade

Experiências e anseio por


Fomentar apoiar e buscar iniciativas para alternativas
Destinação inadequada de lixo e esgoto Informação e articulação com responsáveis públicos alternativas de
de geração de renda e uso agrícola
desenvolvimento rural

Acesso á informações sobre técnica alternativas ao uso do Território com grande área Desenvolver estratégias para conectividade e
Desmatamento e queimadas
fogo, realizar mutirões, fazer aceiros florestada manutenção de áreas de preservação dentro da APA

Forte identificação com o


Buscar integração e trabalho conjunto com instituições
Caça para consumo e/ou comércio Informações sobre a legislação ambiental galo-da-serra para a
e ensino e pesquisa
conservação

Reconhecimento nacional de
Estabelecer parcerias com instituições de ensino e
Desconhecimento sobre a legislação ambiental sobre área com alta importância para
Desenvolver atividades e materiais de educação ambiental pesquisa para aumentar conhecimento sobre o ambiente,
unidades de conservação, sua necessidade e vantagens a conservação da
atributos e técnicas agrícolas
biodiversidade
Atuação da fiscalização sem articulação entre os diferentes
Preocupação com a
níveis de poderes atuando na área e sem realização prévia Desenvolver atividades e materiais de educação ambiental Monitorar e fiscalizar o uso do ambiente
conservação de áreas de APP
educação ambiental como medida preventiva
Estabelecer contatos com empresas e instituições que
Deficiência em infra-estrutura básica Informação e articulação com responsáveis públicos Conselho Deliberativo ativo
tenham interesse em utilizar os recursos da unidade
Quadro 24. Análise estratégica dos pontos fortes e fracos da APA Caverna do Maroaga

130
10. SIGNIFICÂNCIA

131
A Área de Proteção Ambiental estadual Caverna do Maroaga, criada no município de Presidente
Figueiredo, AM, está localizada sobre substrato geológico muito diverso abrangendo em sua área atributos
naturais de grande fragilidade e beleza cênica como grutas, cavernas e cachoeiras. Sua área é largamente
drenada e florestada possuindo cavernas, cachoeiras e cursos d’água utilizados pela população do município
e da capital do estado, Manaus, para atividades turísticas, abrigando animais da fauna silvestre típica da
Amazônia e do Platô das Guianas.
Sua significância está relacionada á sua condição de território classificado como sendo de alta
importância para a biodiversidade definida pelo MMA, 2008, zona de amortecimento da Reserva da
Biológica do Uatumã, entorno direto do reservatório da Hidrelétrica de Balbina, parte integrante do
Corredor Central da Amazônia e da Reserva da Biosfera da Amazônia Central, área de proteção de várias
nascentes da bacia do rio Uatumã e área contígua á APA municipal Urubuí e á Terra Indígena Waimiri-
Atroari. Neste território foram identificadas a ocorrência de diversas espécies da flora e fauna da Amazônia
constantes das listas de espécies ameaçadas e um grande potencial para a presença de sítios arqueológicos.
São registradas cotidianas pressões que impõem riscos à sua conservação. Dessa maneira fica caracterizada
a significância deste território para o município, para o estado assim como para a conservação de todos os
ecossistemas associados á bacia do rio Uatumã e Urubu e para o uso sustentável de seus recursos pela
população residente.

132
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