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GOIÂNIA
2018
ADRIANO QUIRINO GARCIA
ANDREZA MILENA DE MELO
LUCAS DE CARVALHO BENITEZ
GOIÂNIA
2018
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1 CONTRATO MERCANTIL
O direito contratual privado brasileiro está regulamentado pelo Código Civil, nos arts.
421 a 853, e pelo Código de Defesa do Consumidor, nos arts. 46 a 44.
Assim, o regime jurídico a ser observado nas negociações realizadas entre particulares
será o do direito civil, sujeito, consequentemente, às regras do Código Civil, sempre que os
contratantes – empresários ou não-empresários – não se enquadrarem nos conceitos de
consumidor e de fornecedor, estabelecidos, respectivamente, nos arts. 2º e 3º, do CDC.
Por sua vez, quando os contratantes – empresários ou não-empresários – puderem ser
considerados consumidor e fornecedor, nos termos dos mencionados dispositivos legais, o
regime jurídico a ser observado é o do direito do consumidor, sujeito às normas do Código de
Defesa do Consumidor.
Logo, o empresário, ao celebrar contratos para a exploração de sua atividade
empresarial, poderá ser submetido tanto ao regime jurídico do direito civil quanto ao do direito
do consumidor, conforme possa ser ou não enquadrado no conceito legal de consumidor.
Os contratos mercantis são aqueles em que contratante e contratado são necessariamente
empresários. Logo, os contratos celebrados entre empresário e não-empresário, ou entre não-
empresários, não podem ser considerados mercantis.
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Pelo art. 481 do CC. Concluímos que o contrato de compra e venda é o contrato em que
uma pessoa (vendedor) se obriga a transferir a outra (comprador) o domínio de uma coisa
corpórea ou incorpórea, mediante o pagamento de certo preço em dinheiro ou valor fiduciário
correspondente.
Regulamentado esses contratos, temos o Código Civil, se ambos os contratantes foram
empresários, caso contrário serão aplicadas as regras do Código de Defesa do Consumidor.
A compra e venda considerar-se-ão obrigatórias perfeitas, desde que as partes acordem
no objeto e no preço.
No que diz respeito ao objeto, pode tratar-se de bem imóvel, móvel ou somente. A
compra e venda podem ter por objeto coisa atual ou futura. Neste caso, ficará sem efeito o
contrato, se esta não vir a existir.
Com relação ao preço, esta devera, necessariamente, ser pago em dinheiro senão
caracteriza-se outra espécie contratual.
Se a venda se realizar a vista de amostras, protótipos ou modelos entender-se-á que o
vendedor assegura ter a coisa as qualidades que elas correspondem.
A fixação do preço pode ser deixada ao arbítrio de terceiro, que os contratantes logo
designarem ou prometerem designar. Também se poderá deixar a fixação do preço à taxa de
mercado ou de bolsa, em certo e determinado dia e lugar. As partes podem fixar o preço em
razão de índices ou parâmetros, desde que suscetíveis de objetiva determinação.
Nulo é o contrato de compra e vendo, quando se deixa ao arbítrio exclusivo de ema das
partes a fixação do preço. Não sendo a venda a credito, o vendedor não é obrigado a entregar a
coisa antes de receber o preço.
Salvo clausula em contrário, ficarão as despesas de escritura e registros a cargo de
comprador, e a cargo do vendedor as da transferência.
Se a coisa for expedida para lugar diverso, por ordem do comprador, por sua conta
correrão os riscos, uma vez entregue a quem haja de transportá-la, salvo se das instruções dele
afastar o vendedor.
Em razão da possibilidade dos contratantes estabelecerem disposições diversas quanto
às despesas e responsabilidades pelo transporte das mercadorias, bem como, com a expansão
das transações internacionais, a Câmara de Comercio Internacional (CCI) criou regras para
administrar conflitos oriundos da interpretação de contratos internacionais de contratos
internacionais firmados entre exportadores e importadores, concernentes à transferência de
mercadorias, às despesas decorrentes das transações e à responsabilidade sobre perdas e danos.
A CCI institui, em1936, os INCOTERMS (International Commercial Terms). Os
Termos Internacionais de Comércio, inicialmente, foram empregados nos transportes marítimos
e terrestres e, a partir de 1976, nos transportes aéreos.
Está em vigor desde 01.01.2000 o Incoterms 2000, que leva em consideração o recente
crescimento das zonas de livre comércio, o aumento de comunicações eletrônicas em transações
comerciais e mudanças nas práticas relativas ao transporte de mercadorias.
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2.1.1 Incoterms
tais como desembarque, impostos, taxas, direitos aduaneiros. Esta modalidade somente pode
ser utilizada para transporte marítimo. Deverá ser utilizado o termo CIP para os casos de
transporte rodoviário, ferroviário ou aéreo).
CPT (Carriage Paid To – Transporte Pago Até. O vendedor paga o frete até o local do
destino indicado; o comprador assume o ônus dos riscos por perdas e danos, a partir do
momento em que a transportadora assume a custódia das mercadorias. Este termo pode ser
utilizado independentemente da forma de transporte, inclusive multimodal.
CIP (Carriage and Insurance Paid To – Transporte e Seguro Pagos até. O frete é pago
pelo vendedor até o destino convencionado; as responsabilidades são as mesmas indicadas na
CPT, acrescidas do pagamento de seguro até o destino; os riscos e danos passam para a
responsabilidade do comprador no momento em que o transportador assume a custódia das
mercadorias. Este termo pode ser utilizado independentemente da forma de transporte, inclusive
multimodal).
DAF (Delivered At Frontier – Entregue na Fronteira. A entrega da mercadoria é feita
em um ponto antes da fronteira alfandegária com o país limítrofe desembaraçada para
exportação, porém não desembaraçada para importação; a partir desse ponto, a responsabilidade
por despesas, perdas e danos é do comprador).
DES (Delivered EX-Ship – Entregue no navio. O vendedor coloca a mercadoria, não
desembaraçada, a bordo do navio, no porto de destino designado, à disposição do comprador;
até chegar ao destino, a responsabilidade por perdas e danos é do vendedor. Este termo somente
pode ser utilizado quando se tratar de transporte marítimo).
DEQ (Delivered Ex- Quay – Entregue no cais. O vendedor entrega a mercadoria não
desembaraçada ao comprador, no porto de destino designado; a responsabilidade pelas despesas
de entrega das mercadorias ao porto de destino e desembarque no caís é do vendedor. Este
Incoterms prevê que é de responsabilidade do comprador o desembaraço das mercadorias para
importação e o pagamento de todas as formalidades, impostos, taxas e outras despesas relativas
à importação, ao contrário dos incoterms 1990).
DDU (Delivered Duty Unpaid – Entregues Diretos Não-pagos. Consiste na entrega de
mercadorias dentro do país do comprador, descarregadas; os riscos e despesas até a entrega da
mercadoria correm por conta do vendedor, exceto as decorrentes do pagamento de direitos,
impostos e outros encargos resultantes da importação).
DDP (Delivered Duty Paid – Entregue Direitos Pagos. O vendedor cumpre os termos
de negociação, ao tornar a mercadoria disponível no país do importador, no local combinado,
desembaraça para importação, porém sem o compromisso de efetuar desembarque; o vendedor
assume os riscos e custos referentes a impostos e outros encargos até a entrega da mercadoria;
este termo representa o máximo de obrigação do vendedor em contraposição ao EXW).
Trata-se de contrato bilateral, pois geram obrigações para ambas as partes. É também
um contrato consensual, uma vez que basta o acordo de vontade entre as partes para que ele se
aperfeiçoe.
Salvo a disposição em contrário, cada um dos contratantes pagará por metade as
despesas da troca e o imposto sobre o valor do bem adquirido, conforme art. 533, inc. I, Do
Código Civil.
Anulável será a troca de valores desiguais entre ascendentes e descendentes, sem
consentimento dos outros descendentes e do cônjuge do alienante, nos termos do art. 533, inc.
II, do Código Civil.
2.4.1 Comodato
2.4.2 Mútuo
O contrato de mútuo é aquele em que uma pessoa, chamada de mutuante, transfere, por
mera liberalidade sua, a propriedade de um bem fungível a outra, chamada de mutuário, que se
obriga a restituir ao mutuante, ao final do prazo estabelecido entre as partes, outro bem da
mesma espécie, qualidade e quantidade.
O mutuante pode exigir garantia da restituição se antes do vencimento do prazo
contratual o mutuário vier a sofrer notória mudança em sua situação econômica, que possa
comprometer o adimplemento da obrigação de devolução.
Se o mútuo for destinado para fins econômicos, serão devidos os juros legais,
independentemente de pacto expresso nesse sentido. O prazo do mútuo será em regra
convencional. Todavia, na ausência de pacto, o prazo será: a) até a colheita seguinte, se for
mútuo de produtos agrícolas; b) de ao menos 30 dias, se for dinheiro; ou c) o tempo que o
mutuante vier a determinar, quando se tratar de qualquer outro bem fungível.
Consiste na autorização dada pelo depositante ao banco para que os recursos nele
depositados sejam aplicados no mercado de capitais (compra de ações, de títulos da dívida
pública etc.), o que é feito de acordo com a escolha do banco, no que não se confunde com o
mandato ou da corretagem.
Por meio deste contrato, a instituição bancária coloca à disposição do correntista uma
certa quantia de dinheiro, que pode ou não a utilizar. É costumeiramente chamado de “cheque
especial”, e o cliente só pagará juros e encargos, se efetivamente utilizar o crédito disponível.
Fábio Ulhoa cita como contratos bancários impróprios: a alienação fiduciária (o
proprietário de um bem – fiduciante – aliena em confiança a outrem, que se obriga a devolvê-
lo, se ocorrerem certas condições, contrato regulado pela Lei no 4.728/65, art.66, hoje com a
redação Decreto-lei no 911/69 e o acréscimo da MP no 2.160-25, de 23.8.2001. Caracteriza-se
por permitir a alienação extrajudicial do bem e a prisão civil do fiduciante, equiparado ao
depositário infiel); o factoring (fomento mercantil); o leasing (arrendamento mercantil, com a
possibilidade de o locatário optar pela compra do bem locado; Lei no 6.099, de 12/9/1974;
Regulamento anexo à Res. no 2.309, de 28/8/1996); o cartão de crédito, em que a
administradora emite o cartão e se obriga a pagar o débito do titular do cartão ao fornecedor da
mercadoria ou do serviço, podendo o titular obter financiamento para o pagamento à
administradora, situação em que se caracteriza uma operação bancária.
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Assim, é possível, por exemplo, que uma empresa possua créditos referentes a vendas a
prazo no valor de R$ 100.000,00 representados por diversos títulos e que os transfira para a
empresa faturizadora, recebendo, de imediato, uma quantia um pouco inferior, ficando a
diferença como remuneração da faturizadora (a título de comissão e juros), ou que pactue de só
receber os valores no vencimento, quando parte destes ficará com a faturizadora a título de
comissão. Na primeira hipótese estaremos diante de um conventional e, na segunda, de um
maturity factoring. É claro que, na primeira, a remuneração costuma ser maior, uma vez que a
faturizadora faz um adiantamento dos valores.
Sendo o factoring uma espécie de contrato em que está contida uma cessão de crédito,
devem ser observadas as regras do Código Civil que tratam desse tema (arts. 286 a 298), dentre
as quais cabem
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2.6.4 Classificação
O factoring é um contrato oneroso, porque traz vantagens para as duas partes, e bilateral,
pois também cria obrigações para ambas.
Quanto à formação, tal contrato se classifica como consensual, porque se aperfeiçoa
com o consentimento das partes. É também um contrato não formal, uma vez que dispensa a
forma escrita, embora, na prática, esta seja usual. Apesar disso, Fran Martins salienta que
algumas cláusulas são da própria essência do contrato de factoring, como as que se referem à
exclusividade ou totalidade das contas do faturizado, à duração do contrato, à faculdade de
escolher o faturizador os créditos que deseja garantir, à liquidação dos créditos e à remuneração
do faturizador.
Veja-se, por fim, que, embora seja normalmente um contrato de adesão, nada impede
que outras cláusulas sejam ajustadas pelas partes, desde que não sejam contrárias às cláusulas
essenciais.
Discute-se na doutrina se é necessário que a empresa faturizadora seja instituição
financeira. Essa discussão, na prática, acaba sendo inócua, uma vez que, atualmente, o Banco
Central não proíbe contratos de faturização por parte de quem não seja instituição financeira,
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Tendo em vista que o leasing é um contrato bilateral, acarreta obrigações para as duas
partes. O arrendador tem o dever de comprar o bem indicado e colocá-lo à disposição do
arrendatário. Findo o prazo, tem ele de vender o bem ao arrendatário pelo valor previamente
pactuado ou recebê-lo de volta, caso este não queira adquiri-lo. É também dever do arrendador
renovar o contrato se o arrendatário assim o quiser, mediante nova remuneração.
Já ao arrendatário cabe pagar as prestações avençadas, conservar o bem — respondendo
por prejuízos que venha a causar — e, finalmente, comprar a coisa ou devolver o bem (caso o
contrato não seja prorrogado).
Nesse caso, o proprietário de um bem vende-o à empresa que, por sua vez, o arrenda ao
antigo proprietário. É evidente que esse tipo de contrato é realizado quando o arrendatário está
necessitando de capital de giro. Existe também a possibilidade de reaquisição do bem ao fim
do contrato.
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2.7.4 Inadimplemento
2.7.5 Extinção
O contrato de seguro encontra-se regulado no Código Civil, pelos arts. 757 a 802. O
contrato de seguro é aquele em que uma das partes, chamada de segurado, mediante pagamento
do prêmio, adquire o direito de exigi da outra parte, denominada segurador, uma indenização,
caso ocorra o risco por esse assumido (sinistro). As partes podem anuir que o beneficiário seja
outra pessoa que não o segurado.
O contrato de seguro prova-se com a exibição da apólice ou do bilhete de seguro e, na
falta desses, pelo documento comprobatório do pagamento do prêmio. A apólice deve
mencionar, além do prazo do seguro, o limite da garantia, o valor do prêmio, o nome do
segurado e do beneficiário, os riscos assumidos, sendo nesse sentido simples, plúrima ou aberta.
A apólice também poderá ser nominativa, à ordem ou ao portador.
É nulo contrato de seguro que tenha como sinistro ato doloso do beneficiário, do
segurado ou de seus representantes.
Não terá direito a receber indenização o segurado que estiver em mora no pagamento
do prêmio na época do sinistro.
Não pode o segurado eximir-se do pagamento da indenização se a morte ou
incapacidade do segurado provier da: a) utilização de meio de transporte mais arriscado; b)
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wireless etc. Entretanto, ressalta-se que dentre todos os meios a Internet é o mais utilizado, seja
pela facilidade de acesso ou pela possibilidade e visualização do produto ou serviço.
Insta observar que o contrato eletrônico é aquele formado, concluído e aperfeiçoado por
meio de transmissão eletrônica de dados. Destarte o comércio eletrônico stricto sensu é definido
como uma modalidade de contratação não-presencial, ou melhor, a distância em que o fim é a
aquisição de serviços ou de produtos por meio eletrônico. E em sentido amplo o comércio
eletrônico pode ser conceituado como um método inovador de se fazer negócios jurídicos em
que ficaria abrangida qualquer forma de transação ou troca de informação comercial, desde as
previas tratativas contratuais até a efetiva venda ou contração.
Bem é toda a utilidade material ou ideal que pode ser objeto de direitos subjetivos. Os
bens jurídicos podem ou não serem dotados de economicidade, como também pode ter ou não
existência material. Destarte ilustrando pode-se exemplificar como sendo um imóvel o objeto
do direito (subjetivo) de propriedade, e a imagem o objeto do direito (subjetivo) da
personalidade.
Destarte infere-se que a distinção tradicional entre bens e mercadorias, corpóreos ou não
perdeu espaço dentro da teoria do comércio eletrônico, porque tudo aquilo que pode ser
digitalizado e colocado na rede pode ser tido como objeto jurídico do comércio eletrônico.
Impende, portanto, notar que o bem na era digital do e-commerce é tudo aquilo que pode
ser digitalizado, seja bem/mercadoria ou serviço. Sendo possível a digitalização o próximo
passo é a feitura do contrato e das formas de pagamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial, volume 1: direito de empresa. 16. ed.
São Paulo: Saraiva, 2012.
GONÇALVES, Victor Eduardo Rios. Títulos de crédito e contratos mercantis. 11. ed. São
Paulo: Saraiva, 2016.
RAMOS, André Luiz Santa Cruz. Direito empresarial. 7. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro:
Forense, 2017.