Вы находитесь на странице: 1из 88

Matemática 1

Semanas 6, 7 e 8

Professor Luiz Claudio Pereira


Faculdade de Planaltina
Universidade de Brasília

Material Previsto para três semanas

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 1 / 88


Limites, continuidade e diferenciação de funções

1 Limites, continuidade e derivação de funções


Denições, propriedades e exemplos

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 2 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Denição
Seja f : D → Y uma função real de variável real. Diz-se que L ∈ R é o
limite de f quando x tende a x0 ∈ R se dado qualquer ε > 0, existir δ > 0,
que pode depender de ε e de x0 , tal que

0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε

Neste caso, simbolicamente, escreve-se lim f (x ) = L, ou f (x ) → L quando


x → x0
x → x0
x → x0 , ou, ainda mais simplicadamente, f (x ) −→ L.

Intuitivamente
Num pensamento dinâmico, armar que lim f (x ) = L signica dizer que à
x → x0
medida que x se aproxima de x0 , o valor de f (x ) se aproxima de algum
modo de L. Isso quer dizer que f (x ) → L, independentemente da forma
como x → x0 .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 3 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Denição
lim f (x ) = L se, e somente se,
x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε

Exemplo - função identidade


Sejam a ∈ R xado e f (x ) = x . Prove que lim f (x ) = a.
x →a

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = ε > 0. Segue que 0 < |x − a| < δ implica
x 6= a, |x − a| < δ e, por conseguinte, |f (x ) − L| = |x − a| < δ = ε , como
desejado. Assim, é válido escrever que

lim x = a
x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 4 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Denição
lim f (x ) = L se, e somente se,
x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε

Exemplo - função constante


Sejam a ∈ R xado e f (x ) = x0 . Prove que lim f (x ) = x0 .
x →a

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = 1 > 0. Segue que 0 < |x − a| < δ implica
x 6= a, |x − a| < δ e, por conseguinte, |f (x ) − L| = |x0 − x0 | = 0 < ε , como

desejado. Assim, é válido escrever

lim x = x0
x →a 0
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 5 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Denição
lim f (x ) = L se, e somente se,
x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε

Exemplo
Prove que lim 7x + 3 = −4.
x →−1

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = ε/7 > 0. Segue que 0 < |x − (−1)| < δ
implica x 6= −1, |x + 1| < δ e, por conseguinte,

|f (x ) − L| = |(7x + 3) − (−4)| = |7 · (x + 1)| = 7 · |x + 1| < 7 · δ = ε

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 6 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Denição
lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε
x →x0

Observação
O valor de δ > 0 na denição de limite não é único.

Exemplo
Prove que lim 7x + 3 = −4.
x →−1

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = ε/10 > 0. Segue que 0 < |x − (−1)| < δ
implica x 6= −1, |x + 1| < δ e, por conseguinte,
ε
|f (x ) − L| = |(7x + 3) − (−4)| = |7 · (x + 1)| = 7 · |x + 1| < 7 · δ = 7 · <ε
10
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 7 / 88
Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se,


x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .

Exemplo

Prove que lim x = 2.
x →4

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = 2ε > 0. Segue que 0 < |x − 4| < δ implica
√ 1 1
x 6= 4, |x − 4| < δ e, como x +2 > 2 ⇔ √ < ,
√ x +2
2
x −2  |x − 4| |x − 4| δ

√ √
|f (x ) − L| = x − 2 = √ · x +2 = √ < < =ε
x +2 x +2 2 2

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 8 / 88


Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε


x →x0

Exemplo
Prove que lim x 2 − 2 = −1.
x →1

Solução
1 2ε
 
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min , > 0.
2 5

Caso 1: Suponha δ = 1/2. Segue que 0 < |x − 1| < δ implica δ ≤ ,
5
x 6= 1 e |x − 1| < 1/2 ⇔ −1/2 < x − 1 < 1/2 ⇔ 3/2 < x + 1 < 5/2. Como

−5/2 < 3/2 decorre que −5/2 < x + 1 < 5/2 ⇔ |x + 1| < 5/2 e que
5
|f (x ) − L| = x 2 − 2 − (−1) = x 2 − 1 = |x + 1| · |x − 1| < · δ ≤ ε .

2
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 9 / 88
Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε


x →x0

Exemplo
Prove que lim x 2 − 2 = −1.
x →1

Solução
1 2ε
 
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min , > 0.
2 5
Caso 2: Suponha δ = 2ε/5. Segue que 0 < |x − 1| < δ implica δ ≤ 1/2,
x 6= 1 e |x − 1| < 1/2 ⇔ −1/2 < x − 1 < 1/2 ⇔ 3/2 < x + 1 < 5/2. Como

−5/2 < 3/2 decorre que −5/2 < x + 1 < 5/2 ⇔ |x + 1| < 5/2 e que
5
|f (x ) − L| = x 2 − 2 − (−1) = |x + 1| · |x − 1| < · δ = ε .

2
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 10 / 88
Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε


x →x0

Exemplo
Prove que lim x 2 − 2 = −1.
x →1

1 2ε
 
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min , > 0. Ambos os casos
2 5
permitiram concluir que 0 < |x − 1| < δ implica x 2 − 2 − (−1) < ε .


Portanto, lim x 2 − 2 = −1.


x →1

Observação
No exemplo acima, é possível dispensar a análise de dois casos, utilizando
um raciocínio sintético.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 11 / 88
Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε


x →x0

Exemplo
Prove que lim x 2 − 2 = −1.
x →1

Solução alternativa
1 2ε
 
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min , > 0. Segue que
2 5
2ε 1
0 < |x − 1| < δ implica δ ≤ , δ ≤ , x 6= 1, |x − 1| < δ e, por
5 2
conseguinte, |x − 1| < 1/2 ⇔ −1/2 < x − 1 < 1/2 ⇔ 3/2 < x + 1 < 5/2.
Como −5/2 < 3/2 decorre que −5/2 < x + 1 < 5/2 ⇔ |x + 1| < 5/2 e que
5
|f (x ) − L| = x 2 − 2 − (−1) = x 2 − 1 = |x + 1| · |x − 1| < · δ ≤ ε .

2
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 12 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Exercício
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min {1, ε} > 0.
1 1
(a) Prove que 0 < |x − 4| < δ acarreta < √ < 1.
√ 5 2 + x

(b) Mostre que 0 < |x√− 4| < δ ⇒ x − 2 < ε .




(c) Conclua que lim x = 2.
x →4

Observação
Em todos os exemplos anteriores ocorreu lim f (x ) = L, com L = f (x0 ).
x → x0
Isso, contudo, nem sempre é o caso.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 13 / 88


Limites de funções
Fundamentos

lim f (x ) = L se, e só se,


x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .

Exemplo
x
2 −9
Prove que lim = −6.
x →−3 x +3

Solução
Dado qualquer ε > 0, tome δ = ε . Segue que 0 < |x − (−3)| < δ implica
x2 − 9 x 2 − 9 + 6 (x + 3 )
x 6= −3, |x + 3| < δ e |f (x ) − L| = − (−6 ) = =
x +3 x +3

2
2
x + 6x − 9 (x + 3)

x + 3 = x + 3 = |x + 3| < δ = ε .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 14 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Denição
lim f (x ) = L se, e só se,
x →x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .

Denição
Diz-se que f : D → Y é contínua em x0 ∈ D , se dado qualquer ε > 0, existe
δ > 0, que pode depender de ε e x0 , tal que

|x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − f (x0 )| < ε

Neste caso, escreve-se lim f (x ) = f (x0 ).


x →x0

Uma função f : D → Y , que é contínua em todos os pontos de seu domínio


(natural), é dita contínua (em D ).
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 15 / 88
Limites de funções
Fundamentos

f : D → Y é contínua em x0 ∈ D se, e só se,

∀ε > 0, ∃δ > 0 : |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − f (x0 )| < ε

Exemplo - função seno


Mostre que a função f (x ) = sen x é contínua (em R).

Solução
Seja a ∈ R qualquer. Para todo ε > 0 dado, tome δ = ε > 0. Daí,
|x − a| < δ implica

|f (x ) − f (a)| = |sen x − sen a|


   
x −a x +a x −a
= 2 · sen · cos ≤ 2 · 2 · 1 = |x − a| < ε

2 2

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 16 / 88


Limites de funções
Fundamentos

f : D → Y é contínua em x0 ∈ D se, e só se,

∀ε > 0, ∃δ > 0 : |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − f (x0 )| < ε

Exemplo - função cosseno


Mostre que a função f (x ) = cos x é contínua (em R).

Solução
Seja a ∈ R qualquer. Para todo ε > 0 dado, tome δ = ε > 0. Daí,
|x − a| < δ implica

|f (x ) − f (a)| = |cos x − cos a|


   
x −a x +a x −a
= −2 · sen · sen ≤ 2 · 2 · 1 = |x − a| < ε

2 2

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 17 / 88


Limites de funções
Fundamentos

f : D → Y é contínua em x0 ∈ D se, e só se,

∀ε > 0, ∃δ > 0 : |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − f (x0 )| < ε

Denição
Uma função f : X → Y é dita descontínua em a ∈ R se não for contínua
nesse ponto, ou seja, ocorrer lim f (x ) 6= f (a).
x →a

Exemplo
 2
x −9
, se x 6= a
Sejam a = −3 e ϕ : R → R denida por ϕ (x ) = x + 3 . f é
−7, se x = a

2
x −9
descontínua em a ∈ R, pois lim ϕ (x ) = lim = −6 e ϕ (a) 6= −6.
x →a x →−3 x + 3
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 18 / 88
Matrizes e Sistemas Lineares
Fundamentos

Exemplo √ √ √
Porque x + a > a segue que,

Seja f (x ) = x , x ∈ [0, +∞). Mostre |x − a| < δ implica
que f é contínua (em seu domínio √ √
natural). |f (x ) − f (a)| = x − a
|x − a|
=√ √
Solução x + a

Caso 1: Suponha a = 0. Dado |x − a|


≤ √
qualquer ε > 0, tome δ = ε 2 > 0. a

Daí, |x − 0| = x <√
δ implica

δ
<√
|f (x ) − f (0)| = x < δ = ε . a


Caso 2: Suponha a > 0. Dado

qualquer ε > 0, tome δ = a · ε > 0. como desejado.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 19 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Recordação das denições


(i) lim f (x ) = L se, e só se,
x → x0
∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε

(ii) f : D → Y é contínua em x0 ∈ D se, e só se,

∀ε > 0, ∃δ > 0 : |x − x0 | < δ ⇒ |f (x ) − f (x0 )| < ε

Exemplo - a função módulo é contínua


A função f (x ) = |x | é contínua em R.

Com efeito, seja a ∈ R qualquer. Para todo ε > 0 dado, tome δ = ε > 0.
De |x − a| < δ , decorre, pela segunda desiguldade triangular, que
|f (x ) − f (a)| = ||x | − |a|| ≤ |x − a| < δ = ε .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 20 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Exemplo
Seja f (x ) = 1/x , x ∈ R − {0}. Mostre que f é contínua.

Solução
Seja a ∈ 
R − {0} um  elemento qualquer. Dado qualquer ε > 0, tome 2
|a| a2 ε |a| a ε
δ = min , > 0. Segue que |x − a| < δ implica δ ≤ , δ ≤
2 2 2 2
e, pela segunda desigualdade triangular,
|a| |a| |a|
|a| − |x | ≤ ||x | − |a|| ≤ |x − a| < ⇒ |a| − < |x | ⇒ |x | > . Daí,
2 2 2
1 1 1 2 2

|x − a| a ε
|f (x ) − f (a)| = − = · < 2· =ε
x a |x | |a| |a| 2

Exercício
Prove que lim |f (x )| = 0 é equivalente a lim f (x ) = 0.
x →a x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 21 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Pergunta natural a partir do que foi exposto


De que modo se encontrou um δ > 0 que permitisse, da hipótese
0 < |x − a| < δ , concluir a tese |f (x ) − L| < ε ?

Uma resposta possível, segundo Aref Antar Neto e outros


Realizando uma investigação bem feita!

Na procura por um δ , deve-se (i) desenvolver |f (x ) − L| de modo que


surja, de algum modo, o termo |x − a|; (ii) encontrar mecanismos para se
livrar de termos indesejáveis que atrapalham o processo;(iii) impor a
condição < ε à expressão que restar; (iv) comparar o que obter com a
hipótese; (v) inferindo o valor de δ de acordo com o procedimento.

Note que o procedimento de investigação não se confunde com a


demonstração (ou prova) do limite.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 22 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Exemplo
Prove que lim 3x − 1 = 1/2.
x →1/2

Investigação de um δ > 0
A hipótese é 0 < |x − 1/2| < δ . A tese é |(3x − 1) − 1/2| < ε .
Desenvolvendo |f (x ) − L| surge |(3x − 1) − 1/2| = |3x − 3/2| = 3 · |x − 1/2|.
Impondo a condição 3 · |x − 1/2| < ε , obtém-se |x − 1/2| < ε/3.
Comparando essa expressão com a hipótese, infere-se que δ = ε/3 é um
valor que pode funcionar na prova do limite.

Prova
Dado qualquer ε > 0, tome δ = ε/3 > 0. Segue que 0 < |x − 1/2| < δ
implica [...] (faça como exercício).
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 23 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Prove que lim x 2 = 9.


x →3
Investigação de um δ > 0
A hipótese é 0 < |x − 3| < δ . A tese é x 2 − 9 < ε . Desenvolvendo

|f (x ) − L| surge x 2 − 9 = |x + 3| · |x − 3|. O termo |x + 3| é indesejável,


pois atrapalha o processo. Um mecanismo para se livrar desse termo
espúrio é considerar a condição |x − 3| < 1 , pois disso segue que
−1 < x − 3 < 1 ⇔ 5 < x + 3 < 7 e, como −7 < 5,
−7 < x + 3 < 7 ⇔ |x + 3| < 7. Assim, x 2 − 9 = |x + 3| · |x − 3| < 7 · |x − 3|.
Impondo a condição 7 · |x − 3| < ε , obtém-se |x − 3| < ε/7. Comparando
com a hipótese, infere-se que δ = min {1, ε/7} pode funcionar.

Prova
Dado qualquer ε > 0, tome δ = min {1, ε/7} > 0. Segue que
0 < |x − 3| < δ implica [...] (faça como exercício).
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 24 / 88
Limites de funções
Propriedades

Unicidade do limite
Se existe L = lim ψ (x ), então esse limite é único.
x →a

Prova
Se ocorresse M = lim ψ (x ), com M 6= L, dado ε = |M − L| /2 > 0, por
x →a
denição de limite, ∃δ1 > 0 tal que 0 < |x − a| < δ1 ⇒ |ψ (x ) − L| < ε e
∃δ2 > 0 tal que 0 < |x − a| < δ2 ⇒ |ψ (x ) − M | < ε . Tomando
δ = min {δ1 , δ2 }, pela primeira desigualdade triangular, segue que
0 < |x − a| < δ implica

|M − L| = |{ψ (x ) − L} − {ψ (x ) − M }|
≤ |ψ (x ) − L| + |ψ (x ) − M | < ε + ε = |M − L|

que é um absurdo. Destarte, para que não se produza um absurdo, deve


ser M = L.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 25 / 88
Limites de funções
Propriedades

Corolário (da unicidade do limite)


Se ∃L = lim ψ (x ), L não depende do modo como x se aproxima de a.
x →a

Prova
Se o valor de L dependesse da forma como x → a, o limite não seria único,
o que contraria o teorema da unicidade do limite.

Exemplo - função de Dirichlet


(
1, se x ∈ R − Q
Sejam a ∈ R e f (x ) = . (i) Para x ∈ Q, com x → a,
0, se x ∈ Q
tem-se lim f (x ) = lim 0 = 0. (ii) Para x ∈ R − Q, com x → a, tem-se
x →a x →a
lim f (x ) = lim 1 = 1. Como 1 6= 0, pelo (corolário do) teorema de
x →a x →a
unicidade do limite, para todo a ∈ R, não existe lim f (x ).
x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 26 / 88
Limites de funções
Propriedades

Recordando
lim ψ (x ) = L⇔∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − x0 | < δ implica |ψ (x ) − L| < ε
x →x0

Limites laterais
Quando x → a, x pode se aproximar de a por valores maiores do que a.
Neste caso, escreve-se x → a+ e o limite L = lim+ ψ (x ) é chamado limite
x →a
lateral à direita de a. Como |x − a| = x − a , por denição, lim+ f (x ) ≡ L
x →a
se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0, 0 < x − a < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .

Quando x → a, x pode se aproximar de a por valores menores do que a.


Neste caso, escreve-se x → a− e o limite L = lim− ψ (x ) é chamado limite
x →a
lateral à esquerda de a. Como |x − a| = − (x − a) , por denição,
lim f (x ) = L se, e só se, ∀ε > 0, ∃δ > 0, 0 < a − x < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .
x →a −
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 27 / 88
Limites de funções
Propriedades

(⇒) Se existe lim f (x ), então L = lim f (x ) é independente do modo como


x →a x →a
x → a e, consequentemente, lim f (x ) = lim f (x ).
x →a+ x →a−
(⇐) Reciprocamente, se lim− f (x ) = L, lim+ f (x ) = M e L = M , então,
x →a x →a
por denição, ∀ε > 0 dado, ∃δ1 , δ2 > 0 tais que
0 < x − a < δ1 ⇒ |f (x ) − L| < ε e 0 < a − x < δ2 ⇒ |f (x ) − L| < ε .
Tomando δ = min {δ1 , δ2 }, segue que 0 < |x − a| < δ acarreta
(i) para x > a, 0 < x − a < δ ≤ δ1 e
(ii) para x < a, 0 < − (x − a) < δ ≤ δ2 ⇒ 0 < a − x < δ2 . Por conseguinte,
em ambos casos, 0 < |x − a| < δ implica |f (x ) − L| < ε .
Provou-se assim o seguinte
Teorema (sobre limites laterais)
Existe L = lim f (x ) se, e somente se, lim+ f (x ) = L = lim− f (x ).
x →a x →a x →a

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 28 / 88


Limites de funções
Propriedades

Teorema (sobre limites laterais)


Existe L = lim f (x ) se, e somente se, lim+ f (x ) = L = lim− f (x ).
x →a x →a x →a

Exemplo
|x + 7|
Seja f (x ) = , x ∈ R − {−7}. Não existe L = lim f (x ).
x +7 x →−7

Com efeito,
x +7
(i) para x > −7, f (x ) = = 1 e lim + f (x ) = lim + 1 = 1;
x +7 x →−7 x →−7
− (x + 7)
(ii) para x < −7, f (x ) = = −1 e lim − f (x ) = lim − −1 = −1.
x +7 x →−7 x →−7
Como 1 6= −1, pelo teorema acima (relativo à unicidade do limite), não
existe lim f (x ).
x →−7
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 29 / 88
Limites de funções
Propriedades

Teorema (sobre limites laterais)


Existe L = lim f (x ) se, e somente se, lim+ f (x ) = L = lim− f (x ).
x →a x →a x →a

Exemplo
(
(x − 1) (3x − 2) , se x ≥0
Seja f (x ) = , x ∈ R. Existe L = lim f (x ).
(x + 1) (2 − 3x ) , se x <0 x →0

Como efeito,
(i) para x > 0, lim+ f (x ) = lim+ (x − 1) (3x − 2) = (0 − 1) (3 · 0 − 2) = 2 e
x →0 x →0
(ii) para x < 0, lim− f (x ) = lim− (x + 1) (2 − 3x ) = (0 + 1) (2 − 3 · 0) = 2.
x →0 x →0
Como lim− f (x ) = lim+ f (x ), pelo teorema acima (relativo à igualdade dos
x →0 x →0
limites laterais), conclui-se que lim f (x ) = 2.
x →0
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 30 / 88
Limites de funções
Propriedades

Exercício
(
sen x , se x ≥ π/2
Seja f (x ) = 2 2
, x ∈ (−2, 2π].
4x /π , se x < π/2
(a) Um estudante arma que existe L = lim f (x ). Você concorda ou
x →0
discorda? Justique.
(b) f é contínua em π/2? Justique.
(c) f é contínua em (−2, 2π]? Justique.
(d) Esboce o gráco de f .

Exercício
(2 − |x |) · ||x | − 1|
Seja f (x ) = , x ∈ R − {−1, 1}. Calcule os limites laterais
|x | − 1
de f em −1 e em 1.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 31 / 88


Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exercício
(i) Se f é contínua em A, f é contínua em B ⊂ A? Justique.
(ii) Dê exemplo de uma função contínua em R e descontínua em Z.

Teorema
Sejam L = lim f (x ) e M = lim g (x ).
x →a x →a
(i) lim {f (x ) + g (x )} = L + M = lim f (x ) + lim g (x ).
x →a x →a x →a

Prova
Por hipótese,∀ε > 0 dado, ∃δ1 , δ2 > 0 tais que
0 < |x − a| < δ1 ⇒ |f (x ) − L| < ε/2 e 0 < |x − a| < δ2 ⇒ |g (x ) − L| < ε/2.
Daí, tomando δ = min {δ1 , δ2 } > 0, pela primeira desigualdade triangular,
decorre que 0 < |x − a| < δ implica |{f (x ) + g (x )} − {L + M }| =
|{f (x ) − L} + {g (x ) − M }| ≤ |f (x ) − L| + |g (x ) − M | < ε/2 + ε/2 = ε .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 32 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exercício
Prove que se lim f (x ) = L, então lim |f (x )| = |L|, isto é,
x →a x →a

lim |f (x )| = lim f (x )

x →a x →a

Denição
Diz-se que uma função f : X ⊂ R → Y ⊂ R é limitada (em X ) quando
existe k > 0 tal que |f (x )| ≤ k , para todo x ∈ X .

Exemplo
A função f (x ) = sen x é limitada (em R) uma vez que ∃k > 0 tal que,
∀x ∈ R, |f (x )| = |sen x | ≤ k , a saber, k = 1.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 33 / 88


Funções elementares
Fundamentos

Exemplo - função arco-tangente


Seja f : (−π/2, π/2) → R denida
por f (x ) = tg x .

f é bijetiva. Existe a função inversa de


f e y = tg x ⇔ x = arctg y . A função

x = g (y ) = arctg y , y ∈ R é chamada

função arco-tangente.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 34 / 88


Funções elementares
Fundamentos

Exemplo - função arco-tangente


Seja f : (−π/2, π/2) → R denida
por f (x ) = tg x .

Por costume, usando x para variável


independente e y para variável
dependente, i. e., permutando-se x e
y , obtém-se y = g (x ) = arctg x , x ∈ R.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 35 / 88


Funções elementares
Fundamentos

Exemplo - função arco-tangente


Seja f : (−π/2, π/2) → R denida
por f (x ) = tg x .

É usual pôr o eixo das abscissas na ho-


rizontal e o das ordenadas na vertical,
nos sentidos usuais, através de uma
reexão em R3 e uma rotação em R2 .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 36 / 88


Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exemplo - a função arco-tangente


A função g : R → (−π/2, π/2) denida por g (x ) = arctg x é limitada
porquanto ∃k > 0 tal que, ∀x ∈ R, |g (x )| = |arctg x | ≤ k , a saber, k = 3.

Exercício - a função arco-cotangente


Mostre que é limitada f : R → (0, 2π) dada por f (x ) = arccotg x .

Exercício
Faça o que se pede.
(a) Ao dizer que uma função f : X ⊂ R → Y ⊂ R não é limitada (em X )o
que, precisamente, se está querendo armar?
(b) Mostre que a função f (x ) = ln x não é limitada em x ∈ (0, +∞).

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 37 / 88


Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Teorema
Se ∃L = lim f (x ), então ∃δ , k > 0 tais que 0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x )| ≤ k .
x →a

Prova
Por hipótese,∀ε > 0, ∃δ > 0 tal que 0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x ) − L| < ε .
Tomando ε = 1, pela segunda desigualdade triangular, decorre que
0 < |x − a| < δ implica |f (x )| − |L| ≤ ||f (x )| − |L|| ≤ |f (x ) − L| < 1 e, por
conseguinte, |f (x )| < 1 + |L| ≡ k , como desejado.

Observação
Como 0 < |x − a| < δ ⇔ x 6= a e −δ < x − a < δ ⇔ x 6= a e
−δ + a < x < δ + a ⇔ x ∈ I ≡ (−δ + a, δ + a) − {a} , o que o teorema
arma é que f é limitada numa vizinhança aberta de a, desde que exista
L = lim f (x ).
x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 38 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Teorema
Sejam L = lim f (x ) e M = lim g (x ).
x →a x →a
(ii) lim {f (x ) · g (x )} = L · M = lim f (x ) · lim g (x ).
x →a x →a x →a

Prova
Caso 1: Suponha L 6= 0.
Note que f (x ) g (x ) − LM = {f (x ) − L} g (x ) + L {g (x ) − M } .
Porque M = lim g (x ), dado qualquer ε > 0,∃δ1 , δ2 , k > 0 tais que
x →a
ε
0 < |x − a| < δ1 ⇒ |g (x ) − M | < e, pelo teorema anterior,
2 |L|
0 < |x − a| < δ2 ⇒ |g (x )| ≤ k . Como L = lim f (x ), ∃δ3 > 0 tal que
x →a
ε
0 < |x − a| < δ3 ⇒ |f (x ) − L| < . Tomando δ = min {δ1 , δ2 , δ3 } > 0,
2k
pela primeira desigualdade triangular, decorre que 0 < |x − a| < δ implica
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 39 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Teorema
Sejam L = lim f (x ) e M = lim g (x ).
x →a x →a
(ii) lim {f (x ) · g (x )} = L · M = lim f (x ) · lim g (x ).
x →a x →a x →a

Prova

|f (x ) g (x ) − LM | = |{f (x ) − L} g (x ) + L {g (x ) − M }|
≤ |{f (x ) − L} g (x )| + |L {g (x ) − M }|
= |f (x ) − L| · |g (x )| + |L| · |g (x ) − M |
ε ε
< · k + |L| · =ε
2k 2 |L|

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 40 / 88


Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Teorema
Sejam L = lim f (x ) e M = lim g (x ).
x →a x →a
(ii) lim {f (x ) · g (x )} = L · M = lim f (x ) · lim g (x ).
x →a x →a x →a

Prova
Caso 2: Suponha L = 0. Porque M = lim g (x ), pelo teorema anterior,
x →a
∃δ1 , k > 0 tais que 0 < |x − a| < δ2 ⇒ |g (x )| ≤ k . Como L = lim f (x ),
x →a
ε
∀ε > 0 dado, ∃δ2 > 0 tal que 0 < |x − a| < δ2 ⇒ |f (x ) − 0| < . Tomando
k
δ = min {δ1 , δ2 } > 0 decorre que 0 < |x − a| < δ implica
ε
|f (x ) g (x ) − 0| = |f (x )| · |g (x )| < · k = ε .
k

Ora, ∀ε > 0, ∃δ > 0 : 0 < |x − a| < δ ⇒ |f (x ) g (x ) − LM | < ε em ambos o


casos. Logo, lim {f (x ) · g (x )} = lim f (x ) · lim g (x ).
x →a x →a x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 41 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exemplo
Seja p (x ) = 2x 3 + 7x + 4. Mostre que lim p (x ) = −5.
x →−1

Solução
De acordo com as propriedades acima,

lim ( ) = lim 2x 3 + 7x + 4 = lim 2x 3 + lim 7x + lim 4



p x
x →−1 x →−1 x →−1 x →−1 x →−1
3
= lim 2 · lim x + lim 7 · lim x + 4
x →−1 x →−1 x →−1 x →−1
= 2 · lim {x · x · x } + 7 · (−1) + 4
x →−1
= 2 · lim x · lim x · lim x + 7 · (−1) + 4
x →−1 x →−1 x →−1
= 2 · (−1) · (−1) · (−1) + 7 · (−1) + 4
= 2 · (−1)3 + 7 · (−1) + 4 = p (−1)
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 42 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exercício
Mostre que toda função polinomial
n
p (x ) = αn x + αn−1 x
n−1 + . . . + α1 x + α0 é contínua em R.

Lema
Seja M = lim g (x ). Se M 6= 0, então ∃δ , α, β > 0 tais que
x →a
0 < |x − a| < δ ⇒ α < |g (x )| < β .

Prova
Dado ε = |M | /2 > 0, por denição de limite, ∃δ > 0 tal que
0 < |x − a| < δ ⇒ |g (x ) − M | < ε . Pela segunda desigualdade triangular:
(i) |g (x )| − |M | ≤ ||g (x )| − |M || ≤ |g (x ) − M | < ε ⇒
|g (x )| < ε + |M | = 3 |M | /2 ≡ β ; e
(ii) |M | − |g (x )| ≤ ||M | − |g (x )|| ≤ |g (x ) − M | < ε ⇒
|g (x )| > |M | − ε = |M | /2 ≡ α .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 43 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Corolário (teorema de conservação do sinal)


(i) Se lim g (x ) = M > 0, então ∃δ > 0 tal que
x →a
0 < |x − a| < δ ⇒ g (x ) > 0

Noutras palavras, existe uma vizinhança aberta de a tal que g é positiva


nessa vizinhança.
(ii) Se lim g (x ) = M < 0, então ∃δ > 0 tal que
x →a
0 < |x − a| < δ ⇒ g (x ) < 0

Noutras palavras, existe uma vizinhança aberta de a tal que g é negativa


vizinhança.

Exercício. Prove o corolário acima.


113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 44 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Teorema
Seja M = lim g (x ).
x →a
1 1 1
(iii) Se M 6= 0, então lim = = .
x →a g (x ) M lim g (x )
x →a

Prova
Pelo lema anterior, ∃δ1 , α > 0 tais que 0 < |x − a| < δ1 ⇒ |g (x )| > α . Por
denição de limite, ∀ε > 0 dado, ∃δ2 > 0 tal que
0 < |x − a| < δ2 ⇒ |g (x ) − M | < |M | αε . Tomando δ = min {δ1 , δ2 } > 0
decorre que 0 < |x − a| < δ implica
1 1 1 1 1 1


g (x ) − M = |g (x )| · |M | |g (x ) − M | < α · |M | · |M | αε = ε

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 45 / 88


Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Corolário
Sejam L = lim f (x ) e = lim g (x ).
M
x →a x →a
lim f (x )
= x →a
f (x ) L
(iv) Se M 6= 0, então lim = .
x →a g (x ) M lim g (x )
x →a
(v) lim {k · f (x )} = k · L = k · lim f (x ), k ∈ R.
x →a x →a

Prova
De acordo com as propriedades de limite,
f (x ) 1 1 1 L
(iv) lim = lim f (x ) · = lim f (x ) · lim = L· =
x →a g (x ) x →a g (x ) x →a x →a g (x ) M M
(v) lim {k · f (x )} = lim k · lim f (x ) = k · lim f (x ) = k · L, pois
x →a x →a x →a x →a
lim k = k
x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 46 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exemplo

1− x 1
Mostre que lim =− .
x →1 x −1 2

Solução - indeterminação do tipo 0/0


√ √ √
Note que lim 1 − x = lim 1 − lim x = 1 − 1 = 0 e

x →1 x →1 x →1
lim {x − 1} = 1 − 1 = 0. Ora, para x > 0,
x →1 √ 2 √  √
x −1 = − 12 = x −1 x + 1 . Daí,

x
√ √
1− x 1− x −1
= √  √ = √ , desde que x 6= 1 e x > 0. Logo,
x −1 x −1 x +1 1+ x
√ lim −1
1− x −1 −1
lim = lim √ = x →1 √ = √ = −1/2.
x →1 x − 1 x →1 1 + x lim 1 + x 1 + 1
x →1
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 47 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com limites

Exemplo
x
3 −8
Mostre que lim = 12.
x →2 x −2

Solução - indeterminação do tipo 0/0


3
Note que lim − 8 = 23 − 8 = 0 e lim {x − 2} = 2 − 2 = 0. Ora,

x
x →2 x →2
2
x − 2) x + 2x + 4

3 2 (
x − 8 = (x − 2) x + 2x + 4 e = x 2 + 2x + 4, desde

x −2
3
x −8
que x 6= 2. Logo, lim = lim x 2 + 2x + 4 = 22 + 2 · 2 + 4 = 12.

x →2 x − 2 x →2

Exercício - indeterminação do tipo 0/0


√ √ −1 − 7−1
3
x − 35 x
Calcule (a) lim e (b) lim .
x →5 x −5 x →7 x − 7
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 48 / 88
Limites de funções
Propriedades - operações com funções contínuas

Os resultados acima envolvendo operações (aritméticas) com limites se


estendem, mutatis mutandis, às funções contínuas.

Teorema
Se lim f (x ) = f (a) e lim g (x ) = g (a), então as funções f + g , k · f , f · g e
x →a x →a
f
, desde que g (a) 6= 0, são contínuas em a.
g

Prova
Das propriedades de limite de funções, tem-se lim (f · g ) (x ) ≡
x →a
lim f (x ) · g (x ) = lim f (x ) · lim g (x ) = f (a) · g (a) ≡ (f · g ) (a).
x →a x →a x →a

Exercício
Complete a prova do teorema acima.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 49 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Teorema do confronto (sanduíche)


Sejam f , g e h funções reais de variável real tais que g (x ) ≤ f (x ) ≤ h (x ),
∀x ∈ X . Se lim g (x ) = L e lim h (x ) = L, então lim f (x ) = L.
x →a x →a x →a

Prova
Por hipótese, ∀ε > 0 dado, ∃δ1 , δ2 > 0 tais que 0 < |x − a| < δ1 implica

|g (x ) − L| < ε ⇔ −ε < g (x ) − L < ε ⇔ L − ε < g (x ) < L + ε

e 0 < |x − a| < δ2 implica |h (x ) − L| < ε ⇔ L − ε < h (x ) < L + ε . Tomando


δ = min {δ1 , δ2 }, tem-se que 0 < |x − a| < δ implica

L − ε < g (x ) ≤ f (x ) ≤ h (x ) < L + ε ⇒ −ε < f (x ) − L < ε ⇒ |f (x ) − L| < ε

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 50 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Exemplo
1
Calcule lim x · sen .
x →0 x

Solução
Observe que o domínio natural de f (x ) = x · sen x −1 é R − {0}. Deste


modo, f é descontínua em a = 0. Em todo caso, qualquer que seja


x ∈ R − {0}, tem-se −1 ≤ sen x
−1 ≤ 1. Agora, note que

(i) Se x > 0, então −x ≤ x sen x −1 ≤ x .


(ii) Se x < 0, então −x ≥ x sen x −1 ≥ x .
Seja como for, lim x = 0 e lim {−x } = −0 = 0.
x →0 x →0
1
Assim, pelo teorema do confronto, segue que lim x · sen = 0.
x →0 x

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 51 / 88


Funções elementares
Fundamentos

(b) Do setor circular de arco θ , em


razão da regra de três
2π - π · (raio )2
|θ | - S

12 · |θ |
é dada por S = .
2
(c) Do triângulo de vértices (0, 0),
(1, 0), (1, tg θ ) é dada por
Seja θ ∈ (−π/2, π/2) em radianos. 1 · |tg θ |
No círculo trigonométrico, a área: T1 = .
2
(a) Do triângulo de vértices (0, 0),
(sen θ , 0), (sen θ , cos θ ) é dada por Ora, T1 ≤ S ≤ T2 ⇔
cos θ · |sen θ | |sen θ |
T1 = . cos θ · |sen θ | ≤ |θ | ≤
2 cos θ

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 52 / 88


Limites de funções
Fundamentos

|sen θ |
Porque T1 ≤ S ≤ T2 ⇔ cos θ · |sen θ | ≤ |θ | ≤ para todo
cos θ
θ ∈ (−π/2, π/2), segue que se θ = 6 0, então sen θ 6= 0 e
|sen θ | sen θ
(i) cos θ ≤ = , uma vez que, para θ < 0,
|θ | θ
|sen θ | − sen θ sen θ
= = .
|θ | −θ θ
sen θ |sen θ | 1
(ii) = ≤ . Provou-se assim o seguinte
θ |θ | cos θ
Lema
Se θ ∈ (−π/2, π/2) e θ 6= 0, então
sen θ 1
cos θ ≤ ≤
θ cos θ

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 53 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Teorema - um limite fundamental


sen θ
lim = 1.
θ →0 θ

Prova
Como θ → 0, ocorre θ ∈ (−π/2, π/2) e θ 6= 0. Pelo lema anterior,
sen θ 1
cos θ ≤ ≤ . Porque lim cos θ = cos 0 = 1 e
θ cos θ θ →0
1 1
lim = = 1, do teorema do confronto segue o resultado.
θ →0 cos θ cos 0

Exercício
f (x ) f (7x )
Suponha que lim = 1. Calcule lim .
x →0 x x →0 3x
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 54 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Exemplo - indeterminação do tipo 0/0


sen 2x
Calcule lim .
x →0 x

Solução
A mudança de variável θ = 2x ⇔ x = θ /2 é tal que x → 0 ⇔ θ → 0. Deste
modo,
sen 2x sen θ sen θ sen θ
lim = lim = lim 2 · = lim 2 · lim = 2·1 = 2
x →0 x θ →0 θ /2 θ →0 θ θ →0 θ →0 θ

Exercício - indeterminação do tipo 0/0


Sejam f (x ) = x 3 , x ∈ R. Calcule
f (x + h) − f (x )
lim .
h→0 h

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 55 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Exemplo - indeterminação do tipo 0/0


sen π x
Calcule lim .
x →1 x − 1

Solução
A mudança de variável θ = x − 1 ⇔ x = θ + 1 é tal que x → 1 ⇔ θ → 0.
Assim,
sen π x sen π (θ + 1) sen πθ · cos π + cos πθ · sen π
lim = lim = lim =
x →1 x − 1 θ →0 θ θ →0 θ
−1 · sen πθ
lim . A mudança de variável u = πθ ⇔ θ = u /π é tal que
θ →0 θ
sen π x −1 · sen πθ −1 · sen u
θ → 0 ⇔ u → 0. Daí, lim = lim = lim =
x →1 x − 1 θ →0 θ u→0 u /π
sen u sen u
lim − π · = lim − π · lim = −π · 1 = −π .
u→0 u u→0 u→0 u
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 56 / 88
Limites de funções
Fundamentos

Exercício - Faça o que se pede.



x
2 1

(a) Mostre que lim x cos + = 1.
x →0 2 x

2+ 1 1
sen x − sen
x x
(b) Calcule lim .
x →0 x

Exercício
√ √
6−x −2 3
3x + 5 − 2
Calcule: (a) lim √ (b) lim 2
x →2 3 − x − 1 x →1 x −1

Exercício - indeterminação do tipo 0/0


f (x + h) − f (x )
Seja f (x ) = sen x , x ∈ R. Calcule lim .
h→0 h

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 57 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Observação
Se f : X → Y é uma função real de variável real tal que a ∈
/ X , então não
existe f (a) e f é descontínua em a ∈ R.

Descontinuidade removível
Se é contínua em
f X − {a} e existe L = lim f (x ), a função ψ , de domínio
x →a
X ∪ {a}, dada por
(
f(x ), se x 6= a
ψ (x ) =
L, se x =a
é contínua em X ∪ {a}, uma vez que lim ψ (x ) = lim f (x ) = L = ψ (a).
x →a x →a
Uma função ψ assim denida é chamada extensão contínua de f em a.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 58 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Exemplo - extensão contínua de uma função descontínua num ponto


sen x
O domínio natural de f (x ) = é R − {0}. f é contínua em R − {0},
x
pois é o quociente de funções contínuas, e a = 0 é ponto de
descontinuidade de f . Ademais, ∃L = lim f (x ), a saber, L = 1. Logo, a
x →0
função ψ : R→ R dada por
( sen x
, se x 6= 0
ψ (x ) = x
1, se x =0

é uma extensão contínua de f em 0, porquanto


sen x
lim ψ (x ) = lim = 1 = ψ (0)
x →0 x →0 x

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 59 / 88


Limites de funções
Fundamentos

Observação
Quando ψ é extensão contínua de f : X → Y em a, diz-se também que f é
a restrição de ψ ao conjunto X e, neste caso, escreve-se f = ψ|X .

Exemplo - extensão contínua de uma função descontínua num ponto


1
O domínio natural de f (x ) = x sen é X = R − {0}. f é contínua em X ,
x
pois é o produto de funções contínuas, e a = 0 é ponto de descontinuidade
de f . Ademais, ∃L = lim f (x ), a saber, L = 0. A função ψ : R→ R dada
x →0
x sen 1 , se x 6= 0

por ψ (x ) = x é uma extensão contínua de f em 0,


0, se x = 0
sen x
porquanto lim ψ (x ) = lim = 0 = ψ (0). Noutras palavras, f é a
x →0 x →0 x
restrição de ψ ao conjunto R − {0}. Simbolicamente, f = ψ|R−{0} .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 60 / 88
Limites de funções
Propriedades

Exercício
(2 − |x |) · ||x | − 1|
Seja f (x ) = , x ∈ R − {−1, 1}. Um estudante arma que
|x | − 1
não é possível estender f a uma função contínua ψ em quaisquer dos
pontos de descontinuidade de f . Você concorda ou discorda? Justique.

Exercício
(
sen x , se≥ π/2
x
Sejam f (x ) = , x ∈ (−2, 2π], e a = π/2.
4x 2 /π 2 , se
x < π/2

f (a + h ) − f (a) f (a + h ) − f (a)
(i) Calcule lim+ e lim− .
h→0 h h →0 h
f (a + h ) − f (a)
(ii) Existe lim ? Justique.
h→0 h

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 61 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Denição
Seja f : X → Y uma função real de variável real. Chama-se derivada
derivada de f em a ∈ X , denotada por f 0 (a), ao limite
f (x ) − f (a)
lim = f 0 (a )
x →a x −a

quando o limite existe. Se f possui derivada em todos os pontos de seu


domínio X , diz-se que f é derivável (em X ).

Observação
A mudança de variável h = x − a ⇔ x = h + a é tal que x → a ⇔ h → 0.
Assim, a derivada de f em a ∈ X também é dada por
f (a + h) − f (a)
f
0
(a) = lim
h→0 h

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 62 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo - derivada da função constante


Seja f (x ) = k ,
x ∈ R. A derivada de f em a ∈ R é, por denição,
(
fx ) − f (a) k −k
f (a) ≡ lim = lim = lim 0 = 0. Usando a variável x ao
0
x →a x −a x →a x −a x →a
invés de a, podemos armar que a derivada de f (x ) = k é f 0 (x ) = 0.

Exemplo - derivada da função identidade


Seja f (x ) = x , x ∈ R. A derivada de f em a ∈ R é, por denição,
f( a + h ) − f (a ) a+h−a
f (a) ≡ lim = lim = lim 1 = 1. Usando a
0
h→0 h h→0 h h→0
variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de f (x ) = x é
f (x ) = 1 = 1 · x
0 1−1 .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 63 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo
1
Seja f (x ) = 2 = x −2 , x ∈ R − {0}.
x
A derivada de f em a ∈ R − {0} é, por denição,
1 1
f (x ) − f (a) 2
− 2 2
a −x
2
f
0 (a) ≡ lim = lim x a
= lim
x →a x −a x →a x −a x →a (x − a) x 2 a2
(a − x ) ( a + x )
= lim
x →a (x − a) x 2 a2
−1 · (a + x ) 2a
= lim =− = −2a−3
x →a x a
2 2 2 2
a a
Usando a variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de
f (x ) = x
−2 é

f
0
(x ) = −2x −3 = −2 · x −2−1

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 64 / 88


Funções elementares
Fundamentos

Exemplo
Seja f (x ) = x 4 , x ∈ R. A derivada de f em a ∈ R é, por denição,
f (a + h) − f (a)
f
0
(a) ≡ lim
h→0 h
4
(a + h ) − a 4
= lim
h →0 h
4 3 2 2 3 4
a + 4ha + 6h a + 4h a + h − a
4
= lim
h →0 h

= lim 4a + 6ha + 4h2 a + h3


 3 2

h →0
= 4a 3

Usando a variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de


f (x ) = x
4 é f 0 (x ) = 4x 3 = 4x 4−1 .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 65 / 88


Funções elementares
Fundamentos

Exemplo

Seja f (x ) = x , x ∈ R. A derivada de f em a ∈ R é, por denição,
√ √
f (a + h) − f (a)a+h− a
f
0
(a) ≡ lim = lim
h →0 h h→0 h
√ √  √ √ 
a+h− a a+h+ a
= lim · √ √ 
h→0 h a+h+ a

(a + h) − a 1
= lim √ √  = lim √ √
h→0 h a + h + a h→0 a + h + a
1 1 −1/2
= √ = a
2 a 2
Usando a variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de
f (x ) = x
1/2 é f 0 (x ) = 1/2 · x 1/2−1 .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 66 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo - derivada da função cosseno


Seja f (x ) = cos x , x ∈ R. A derivada de f em a ∈ R é, por denição,
(x ) − f (a )
f
f
0
(a) ≡ lim
x →a x −a
cos x − cos a
= lim
x →a x −a
   
x +a x −a
−2 · sen · sen
2 2
= lim
x →a x −a

A mudança de variável θ = (x − a)/2 ⇔ x = 2θ + a é tal que


sen θ

x → a ⇔ θ → 0. Daí, f (a) = lim −1 · sen (θ + a) · = − sen a.
0
θ →0 θ
Usando a variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de
f (x ) = cos x é f (x ) = − sen x .
0

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 67 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo
Sejam n ∈ N, n ≥ 2, e f (x ) = x n , x ∈ R. O binômio de Newton informa que
n
(a + h)n = ∑ Cjn hj an−j
j =0
=an + C1n an−1 h + C2n an−2 h2 + . . . + Cnn−2 a2 hn−2 + Cnn−1 ahn−1 + hn .
Decorre que da denição de derivada de f em a ∈ R que
f (a + h) − f (a)
f
0
(a) ≡ lim
h →0 h

(a + h)n − an
= lim
h→0 h

= lim nan−1 + C2n an−2 h + . . . + Cnn−2 a2 hn−3 + nahn−2 + hn−1 = nan−1



h→0
Usando a variável x ao invés de a, podemos armar que a derivada de
n
f (x ) = x , n ∈ N, é f (x ) = n · x
0 n−1 .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 68 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Exercício - derivada do seno


Um estudante arma que a derivada de f (x ) = sen x , x ∈ R, é
f (x ) = cos x . Você concorda ou discorda? Justique.
0

Teorema
Se f : X → Y é derivável em a ∈ X , então f é contínua em a.

Prova
Por hipótese, existe f
0 (a). Daí,
 
f (x ) − f (a)
lim {f (x ) − f (a)} = lim · (x − a) = f 0 (a) · 0 = 0
x →a x →a x −a

Logo, 0 = lim {f (x ) − f (a)} = lim f (x ) − f (a), ou seja, lim f (x ) = f (a).


x →a x →a x →a
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 69 / 88
Derivada de funções
Propriedades de derivação

Teorema
Se f : X → Y é derivável em a ∈ X , então f é contínua em a.

Exercício
A recíproca do teorema anterior é verdadeira? Justique.

Observação
f (x ) − f (a)
f : X → Y é derivável em ∈ X se, e só se, ∃f 0 (a) = lim
a que
x →a x −a
é equivalente a armar que ∀ε > 0 dado, ∃δ > 0, que pode depender de ε
f (x ) − f (a)
e a, tal que 0 < |x − a| < δ ⇒ − f (a) < ε .
0

x −a

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 70 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Notação
A derivada de y = f (x ) em a, denotada por f
0 (a), também é indicada
df dy
pelos seguintes símbolos: (a) ou (a) ou Df (a ) .
dx dx

Teorema - regras de derivação


Sejam f e g deriváveis em a, um ponto do domínio de ambas as funções.
(i) (k · f )0 (a) = k · f 0 (a).

Prova
 
0 · f (x ) − k · f (a)
k f (x ) − f (a )
(k · f ) (a) ≡ lim = lim k ·
x →a x −a x →a x −a

f (x ) − f (a )
= lim k · lim = k · f 0 (a).
x →a x →a x −a

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 71 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Teorema - regras de derivação


Sejam f e g deriváveis em a, um ponto do domínio de ambas as funções.
(ii) (f + g )0 (a) = f 0 (a) + g 0 (a).

Prova

{f (x ) + g (x )} − {f (a) + g (a)}
(f + g )0 (a) ≡ lim
x →a x −a
 
f (x ) − f (a) g (x ) − g (a)
= lim +
x →a x −a x −a

f (x ) − f (a) g (x ) − g (a)
= lim + lim
x →a x −a x →a x −a
0 0
= f (a) + g (a)

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 72 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Teorema - regras de derivação


Sejam f e g deriváveis em a, um ponto do domínio de ambas as funções.
(iii) (f · g )0 (a) = f 0 (a) · g (a) + f (a) · g 0 (a).

Prova
Como g é contínua em a, segue que
(x ) · g (x ) − f (a ) · g (a )
f
(f · g )0 (a) ≡ lim
x →a x −a
 
f (x ) − f (a) g (x ) − g (a)
= lim · g (x ) + f (a) ·
x →a x −a x −a

f (x ) − f (a) g (x ) − g (a)
= lim · lim g (x ) + lim f (a) · lim
x →a x −a x →a x →a x →a x −a

= f 0 (a) · g (a) + f (a) · g 0 (a)

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 73 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Teorema - regras de derivação


Sejam f e0 g deriváveis em a, um ponto do domínio de ambas as funções.
f
0 0
f (a) · g (a) − f (a) · g (a)
(iv) (a ) = 2 .
g [g (a)]

Prova
Como g é contínua em a, segue que
(x ) f (a)
f
 0 −
1
 
f g (x ) g (a) f (x ) g (a) − f (a) g (x )
(a) ≡ lim = lim ·
g x →a x −a x →a x −a g (a) g (x )

1
 
f (x ) − f (a) g (x ) − g (a)
= lim · g (a) − f (a) · · lim
x →a x −a x −a x →a g (a) g (x )
1
= f (a) · g (a) + f (a) · g 0 (a) ·
 0
g (a) · g (a)
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 74 / 88
Derivada de funções
Propriedades de derivação

Teorema - regras de derivação


Sejam f e g deriváveis em x , um ponto do domínio de ambas as funções.
(i) (k · f )0 (x ) = k · f 0 (x ).
(ii) (f + g )0 (x ) = f 0 (x ) + g 0 (x ).
(f · g)0 (x ) = f 0 (x ) · g (x ) + f (x ) · g 0 (x ).
(iii) 
0 0 (x ) · g
f f (x ) − f (x ) · g 0 (x )
(iv) (x ) = .
g [g (x )]2

Exemplo
Sendo f (x ) = x 3 ·sen x , tem-se
3 0 0
f (x ) = x · sen x
0 = x 3 · sen x + x 3 · (sen x )0 = 3x 2 sen x + x 3 cos x .

Exercício
Nas condições do teorema acima, mostre que (f − g )0 (x ) = f 0 (x ) − g 0 (x ).
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 75 / 88
Derivada de funções
Propriedades de derivação

Exemplo
Ache a (função) derivada de f (x ) = 4 cos2 x − sen x .
0 0
0
(x ) = 4 cos2 x + (−1) · sen x = 4 cos2 x + [(−1) · sen x ]0

f
0
= 4 · cos2 x + (−1) · (sen x )0 = 4 · (cos x · cos x )0 − cos x
= 4 · (cos x )0 · cos x + cos x · (cos x )0 − cos x


= 4 · {− sen x · cos x + cos x · (− sen x )} − cos x


= −8 cos x sen x − cos x
= 4 · 2 · cos x · (− sen x ) − cos x

Exercício
Mostre que a derivada de f (x ) = sen 2x é f
0 (x ) = 2 cos 2x .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 76 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Exemplo - derivada da tangente


Ache a (função) derivada de f (x ) = tg x .

0
 sen x 0 (sen x )0 · cos x − sen x · (cos x )0
f (x ) = =
cos x (cos x )2
cos x · cos x − sen x · (− sen x )
=
cos2 x
2
1

=
cos x
= sec2 x

Exercício
Use as regras de derivação para achar a derivada de f (x ) = cotg x .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 77 / 88


Derivada de funções
Propriedades de derivação

Exemplo - derivada da cossecante


Ache a (função) derivada de f (x ) = cossec x .

1 0 (1)0 · sen x − 1 · (sen x )0


 
0
f (x ) = =
sen x (sen x )2
0 · sen x − 1 · (cos x )
=
sen2 x
1 cos x
=− ·
sen x sen x
= − cossec x cotg x

Exercício
Use as regras de derivação para achar a derivada de f (x ) = sec x .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 78 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo
Sejam n ∈ N e f (x ) = x −n . De acordo com as regras de derivação,

1 0 (1)0 · x n − 1 · (x n )0
 
0
f (x ) = n =
x (x n )2
0 · x n − 1 · nx n−1

= 2n
x

= −n · x n −1−2n
= (−n) · x (−n)−1

Portanto, ∀α ∈ Z, se f (x ) = x α , então f
0 (x ) = α x α−1 .

Exercício
Seja f (x ) = x −3 + 3x , x ∈ R − {0}. Ache todos os valores de a ∈ R tais
que f 0 (a) = 0.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 79 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Derivadas laterais
A derivada de f : D → Y num ponto x ∈ D , quando existente, é dada por

f (x + h) − f (x )
f
0
(x ) = lim
h→0 h

Disso decorre que se pode considerar h → 0+ ou h → 0− , obtendo as


chamadas derivadas laterais à direita e à esquerda, denidas,
respectivamente, por
f (x + h) − f (x )
0
f+ x ( ) = lim+
h →0 h

e
f (x + h) − f (x )
0
f− x ( ) = lim+
h→0 h

Do teorema sobre limites laterais, segue o seguinte


113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 80 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Teorema (sobre derivadas laterais)


f : D → Y é derivável em x ∈ D se, e somente se, 0
f+ x ( ) = f−0 (x ).

Exemplo
(
(x + 2) (4 − x ) se x < 1
Seja f : R → R dada f (x ) = .
9 · (x − 2)2 , se x ≥ 1
f (1 + h ) − f (1)
(i) Se h > 0, 1 + h > 1 e f+0 (1) = lim+ =
h→0 h
2 2
9 (1 + h − 2) − 9 (1 − 2) 9h2 − 18h
lim+ = lim+ = lim+ {9h − 18} = −18.
h →0 h h→0 h h→0
f (1 + h ) − f (1)
(ii) Se h < 0, 1 + h < 1 e f−0 (1) = lim− =
h→0 h
(h + 3) (3 − h) − 9 −h 2
lim− = lim+ = lim+ −h = 0. Como f+0 (1) 6= f−0 (1),
h →0 h h→0 h h→0
f não é derivável em 1.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 81 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Denição
Seja f : D → Y uma função real de variável real. Um ponto a ∈ D é dito
ponto crítico de f quando f 0 (a) = 0 ou quando f não é derivável em a.

Exemplo
(
(x + 2) (4 − x ) se x < 1
Seja f : R → R dada f (x ) = . Como f não é
9 · (x − 2)2 , se x ≥ 1
derivável em 1, o ponto a1 = 1 é ponto crítico de f . Ademais, (i) para
2
x < 1, f (x ) = −x + 2x + 4, f (x ) = −2x + 2 = 2 (1 − x ) e f (x ) 6= 0 uma
0 0

vez que x < 1; (ii) para x > 1, f (x ) = 9x 2 − 36x + 36, f 0 (x ) = 18x − 36 e


f (x ) = 0 ⇔ x = 2. Assim, a2 = 2 é outro ponto crítico de f . Além disso, a
0
(
2 (1 − x ) , se x < 1
(função) derivada de f é dada por f 0 (x ) =
18 (x − 2) , se x > 1

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 82 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exercício
Seja f : R → R dada por f (x ) = x |x | − 5x . (i) Ache a função derivada de
f . (ii) Determine todos os pontos críticos de f .

Observação - derivação sucessiva e derivadas de ordem superior


A derivada f 0 de uma função f em x é ela própria uma função, que pode
eventualmente também ser derivada. A derivada de f 0 é chamada derivada
segunda de f e costuma ser indicada por f 00 ou f (2) .

Exemplo
Seja f (x ) = sen x , ∈ R. Então, f 0 (x ) = cos x e f (2) (x ) = − sen x .
x
d{f 00 } 0
Demais, Df (2) (x ) = (x ) = f (2) (x ) = − cos x é a derivada de
dx
ordem 3 de f . Seguindo esse procedimento de derivação sucessiva, pode-se
obter derivada de ordem superior (a um) de f (x ) = sen x .
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 83 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Conceitos
A derivada de ordem n ∈ {2, 3, 4, . . .} ou n−ésima derivada de uma função
f no ponto a, denotada por f (n) (a), é dada por
(n−1) (a + h) − f (n−1) (a) d n (n−1) o i0
(n)
(a) = f (n−1) (a)
f
h
f (a) = lim = f
h→0 h dx

Indicando f (x ) por f (0) (x ), pode-se escrever f (n) (a) = f (n−1) (a) para
 0

todo n ∈ N = {1, 2, 3, . . .}. (i) Quando existe f (n) (x ), ∀x ∈ I , diz-se que


f : I → Y é n vezes derivável no intervalo aberto I . (ii) Quando f é n − 1

vezes derivável numa vizinhança aberta de a e existe f (n) (a), diz-se que f é
n vezes derivável no ponto a. (iii) f é dita de classe C
n em I quando f é n
vezes derivável em I e a função f 0 é contínua em I . Neste caso, escreve-se
n n
f ∈ C . Quando f ∈ C , para todo n ∈ N, diz-se que f é de classe C
∞ e

escreve-se f ∈ C .

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 84 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Exemplo
Seja f (x ) = x −3 , x ∈ R − {0}. A derivação sucessiva de f acarreta
f
(1) (x ) = −3x −4 ; f (2) (x ) = 3 · 4x −5 ; f (3) (x ) = −3 · 4 · 5x −6 ;

f
(4) (x ) = 3 · 4 · 5 · 6x −7 ; f (5) (x ) = −3 · 4 · 5 · 6 · 7x −8 = − 7! x −8 ;
2
6 9 8! −9
f
( ) (x ) = 3 · 4 · 5 · 6 · 7 · 8x = x ; etc. Intuitiva e indutivamente,

2
n n (n + 2)! −(n+3)
obtém-se f (x ) = (−1)
( ) x , ∀n ∈ N = {1, 2, 3, . . .}. Em
2
(50 + 2)! −(50+3) 52!
particular, f (50) (2) = (−1)50 2 = 54 .
2 2

Exercício
Seja f (x ) = cos x , x ∈ R. Ache f
(37) (π).

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 85 / 88


Derivada de funções
Fundamentos

Notação
Seja y= f (x ) uma função real de variável real. A derivada de ordem n de
dn y
f também é denotada pelos símbolos ou D n y .
dx n

Exercício
3x 8 − 4x 7
Seja y = , x ∈ X = R − {0}. Determine (i) os pontos críticos de
4x 3
f e (ii) todos os elementos a ∈ X tais que D 2 f (a) = 0.

Denição
Seja y = f (x ) uma função real de variável real. Os extremos relativos de f
são seus pontos de máximo ou de mínimo locais. Similarmente, os
extremos absolutos de f são seus pontos de máximo ou de mínimo globais.
113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 86 / 88
Derivada de funções
Fundamentos

Exercício
(
(x + 2) (4 − x ) se x <1
Seja f : [−2, 2] → R dada f (x ) = . Ache os
9 · (x − 2)2 , se x ≥1
extremos de f . São eles extremos relativos ou absolutos? Justique.

Exercício
Seja f (x ) = sec x , x ∈ [−π/3, π/6]. Ache os extremos de f . São eles
extremos relativos ou absolutos? Justique.

Exercício
Seja f uma função tal que, ∀x , y ∈ R, (i) f (x + y ) = f (x ) · f (y ) e (ii)

f (x ) = 1 + xg (x ), onde lim g (x ) = 1. Mostre que f 0 (x ) = f (x ).


x →0

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 87 / 88


Leitura Recomendada I

NETO, Aref Antar; SAMPAIO, José Luiz Pereira; LAPA, Nilton;


CAVALLANTE, Sidney Luiz.
Introdução à Análise Matemática. Noções de matemática. v. 8.

São Paulo: Moderna, [s. a].


HOFFMAN, L. e BRADLEY, G.
Cálculo: um curso moderno e suas aplicações .
Rio de Janeiro: LTC, 2002.
THOMAS, G. B.; WEIR, M. D.; HASS, J.
Cálculo. 11. ed. v. 1.

São Paulo: Pearson Addison Wesley, 2009.

113018 (UNB) Luiz Claudio Pereira 2017 88 / 88

Вам также может понравиться