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Transporte rodoviário:

estrutura e mercado
O início do século XX marcou o desenvolvimento industrial em larga escala dos automóveis.
Embora os primeiros veículos tenham aparecido no final do século XIX, na Europa, foi em 1903 que
surgiu uma das empresas que iria revolucionar o mercado automobilístico no mundo. Era a americana
Ford Motor Company, fundada por Henry Ford, que iria popularizar o transporte rodoviário, pois queria
oferecer transporte simples, com um modelo resistente e acessível à maioria da população (RONÁ, 2002,
p. 49). Os Estados Unidos são pioneiros no desenvolvimento do transporte rodoviário. A abertura de
rodovias e grandes auto-estradas possibilitou o desenvolvimento do país, fazendo com que hoje este
seja o meio de transporte mais utilizado naquele país.
Embora os automóveis sejam veículos que oferecem privacidade e conforto aos seus ocupantes,
limitam-se à baixa capacidade, pois são veículos para o transporte individual. Os ônibus, em contrapartida,
têm capacidade maior de transporte, podendo ser utilizados não somente no transporte regular, como
também em viagens turísticas, o que facilitou o crescimento do turismo de massa.
O desenvolvimento do transporte rodoviário trouxe conforto à sociedade contemporânea,
porém, trouxe também alguns problemas como a poluição, os congestionamentos e os acidentes. Nesta
aula, vamos abordar a estrutura e o mercado do transporte rodoviário, também utilizado pelo turismo,
conhecendo seus elementos físicos, os tipos de rodovias e a estrutura rodoviária existente no país, as
principais empresas de ônibus nacionais, além dos tipos de veículos possíveis de serem utilizados com
fins turísticos.

Elementos físicos do transporte rodoviário


O modal rodoviário oferece grande flexibilidade para seus usuários. Além de compreender uma
grande parte da rede de transporte de uma determinada região, o transporte rodoviário serve ainda
como meio de interligação entre os outros meios de transporte (PALHARES, 2002, p. 185). Uma viagem,
seja ela turística ou não, tem início, na maioria das vezes, com a utilização do transporte rodoviário.
90 Multimodalidade Turística

A utilização do transporte rodoviário é mais adequada em viagens de curta e média duração,


devido à velocidade que empreende (no Brasil, as rodovias permitem velocidades entre 80 e 120km/h).
A importância do transporte rodoviário para o turismo, segundo Palhares (2002, p. 31), é:
:: a flexibilidade porta-a-porta, que permite ao turista escolher sua rota de preferência;
:: permite levar equipamentos próprios de turismo;
:: funciona também como ligação entre os terminais de transporte e os destinos finais;
:: funciona como transporte de massa para excursões em áreas turísticas.
O transporte rodoviário é muito versátil quando utilizado no turismo, pois proporciona fácil
deslocamento de casa ou cidade de origem ao destino final, passa pela interligação entre os outros
modais (aéreo, marítimo e ferroviário) e é também utilizado como transporte de massa em áreas
consideradas turísticas.
A importância deste tipo de transporte é confirmada também pela Agência Nacional de
Transportes Terrestres – ANTT – (AGÊNCIA, 2007b), que informa que o transporte rodoviário interes-
tadual e internacional de passageiros, no Brasil, movimenta mais de 140 milhões de pessoas ao ano. A
principal modalidade no transporte terrestre é o realizado por ônibus, transporte coletivo que movi-
menta quase 95% dos deslocamentos interestaduais no País. Segundo o mesmo órgão, são utilizados
aproximadamente 13 400 ônibus no transporte regular de passageiros.
Assim como os outros modais de transporte, o rodoviário também apresenta como elementos
físicos a via, o terminal, os veículos e a força motriz. Vamos ver os detalhes de cada um a seguir.

Via
A via utilizada no transporte rodoviário é a terrestre, composta por estradas, auto-estradas e
rodovias. A vantagem da utilização do transporte rodoviário é a flexibilidade do transporte porta-a-
porta, ou seja, da cidade de origem diretamente à cidade de destino. A via pode ser pavimentada ou
não. Mais adiante veremos os tipos de rodovia existentes no Brasil.
O transporte rodoviário de passageiros é vital para o Brasil, que possui uma malha rodoviária de
1,8 milhões de quilômetros, sendo que 146 mil são rodovias federais e estaduais asfaltadas. São três as
esferas governamentais responsáveis pela regulamentação e fiscalização do transporte de passageiros: a
municipal, que cuida do transporte urbano; a estadual, que responde pelas linhas intermunicipais dentro
de cada estado; e a federal, responsável pelas rodovias interestaduais e internacionais de passageiros,
ou seja, o transporte de um Estado para outro e entre fronteiras com outros países (AGÊNCIA, 2007b).
Embora o Brasil seja o segundo país no mundo em extensão de rodovias, segundo Paolillo (2002,
p. 66), a distribuição geográfica dessas rodovias não é harmônica em todo o território do País, pois as
mesmas vão se tornando escassas a partir da região Centro-Oeste até a região Norte.
Quando pensamos em infra-estrutura das vias rodoviárias sempre levamos em consideração
aquelas que oferecem conforto e segurança ao usuário. Porém, em se tratando do mercado turístico,
também podem ser consideradas as vias não pavimentadas, onde são utilizados veículos recreacionais
off-road, como os chamados 4x4 (PALHARES, 2002, p. 31).
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 91

Terminal
Os terminais rodoviários de passageiros, assim como as estações ferroviárias, geralmente
localizam-se próximos às regiões centrais das cidades, facilitando assim o acesso dos passageiros, tanto
para sair da cidade de origem quanto para chegar ao seu destino.
Como qualquer outro terminal, as rodoviárias devem oferecer um mínimo de conforto aos
passageiros que aguardam a partida dos veículos, como área de estacionamento, sanitários, bares e
restaurantes, bancos de espera, informações sobre partidas, entre outros. Nas grandes metrópoles a
infra-estrutura dos terminais tende a ser mais completa, além de as mesmas poderem estar integradas
a outros terminais de transporte, como o ferroviário e o metroviário.
Tomaremos como exemplo o terminal rodoviário Tietê, em São Paulo. Considerado o segundo
maior terminal do mundo, perdendo apenas para a cidade de Nova Iorque, a rodoviária Tietê oferece em
sua infra-estrutura os seguintes serviços: balcões de informações, ponto de encontro, achados e perdidos,
estacionamentos, assistência social, Departamento de Operação do Sistema Viário (DSV), postos do
Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), Departamento de Estradas de Rodagem de
São Paulo (DER), caixas eletrônicos de diversos bancos, caixa de coleta dos correios, telefones públicos,
sanitários, elevadores, relógios, fraldário, bebedouro, postos de vacinação, guarda-volumes, farmácia,
pontos de táxi e serviço de entrega de passagens em domicílio (RODOVIÁRIA, 2007).
A cidade de São Paulo possui ainda mais dois terminais: o terminal Barra Funda e o terminal
Jabaquara. Esses três terminais são interligados a terminais metroviários da cidade, sendo que o termi-
nal Barra Funda interliga-se também ao terminal ferroviário de passageiros.
Os veículos utilizados para o transporte de turistas podem ou não utilizar os terminais rodoviários
de passageiros regulares para o embarque e desembarque. Como há um horário previsto para a saída, é
comum que os ônibus de turismo realizem o embarque em áreas centrais ou de fácil acesso por outros
meios de transporte, como é o caso do metrô. Nesses casos é necessária uma autorização especial das
autoridades de trânsito para poder realizar o embarque e desembarque nessas áreas, que deverão,
principalmente, oferecer segurança às pessoas.

Veículos
Os veículos utilizados no transporte são, principalmente, os automóveis, para o transporte
individual, e os ônibus, para o transporte coletivo de pessoas. Se comparados a outros tipos de veículos,
como o trem e o avião, esses dois tipos de veículos têm baixa capacidade de transporte de passageiros,
sendo necessário então o seu uso intenso. Entretanto, o uso intensivo desses veículos causa males à
população, como os congestionamentos e a poluição, tanto sonora como do ar.
Também são utilizados como transporte rodoviário outros veículos, não tão ágeis como o ônibus
e o automóvel, mas que podem ser uma alternativa para o transporte individual, principalmente em
viagens turísticas. Podemos citar como veículos alternativos as motocicletas, as bicicletas, as carruagens,
os caminhões, as vans e as motorhomes1.

1 Motorhomes são veículos conhecidos como traillers, que possuem propulsão própria e infra-estrutura básica de uma casa.
92 Multimodalidade Turística

Nem todos os veículos rodam em todas as estradas e rodovias. O uso de determinado veículo
dependerá do percurso da viagem. Alguns veículos, mesmo tendo condições de trafegar em vias
não-pavimentadas, não podem utilizar as mesmas, pois isso pode danificar o veículo. Normalmente
as empresas de ônibus de turismo fazem restrição com relação à via utilizada. Quando da solicitação
desses veículos para a realização das viagens, o responsável deve deixar claro o percurso do mesmo
para evitar problemas durante a viagem.
Para enfrentar vias irregulares e não-pavimentadas o ideal é que se tenha veículos pesados e
potentes, como os 4x4 ou mesmo os caminhões.

Exploranter – o hotel sobre rodas


Embora possa parecer estranho a utilização dos caminhões no transporte turístico, atualmente
essa opção já é uma realidade. Esse tipo de turismo, explorado há bastante tempo em alguns países, é
chamado overland. Trata-se de uma forma alternativa de fazer turismo em grupo.
No Brasil, o overland foi lançado em 2001 com o nome de Exploranter. Explora rotas alternativas
àquelas exploradas no turismo rodoviário convencional. O Exploranter é um caminhão, ou melhor,
um hotel sobre rodas. Sua estrutura é composta por dois veículos principais. Um deles é a máquina,
composta por um caminhão Scania, responsável pela tração do veículo, que possui uma sala de estar
com janelas panorâmicas e teto retrátil, e uma cozinha, que serve até 200 pessoas. Um outro veículo,
que vai acoplado atrás da máquina, leva os banheiros completos, inclusive com ducha de água quente,
e os dormitórios, que acomodam até 28 pessoas (EXPLORANTER, 2007).
O Exploranter foi uma grande novidade para o turismo rodoviário brasileiro desde sua criação.
Alterou alguns conceitos sobre o turismo rodoviário, incluindo, além do transporte entre duas cidades,
hospedagem e alimentação sem a utilização de um hotel tradicional e paradas em locais de belas
paisagens, que integram o turista ao espaço natural. O intuito de apresentarmos esse tipo de veículo é
chamar atenção para a criatividade de um empreendedor que quis oferecer um novo produto turístico
e, ao mesmo tempo, alterar o conceito de turismo rodoviário no Brasil.

Força motriz
Conforme mencionamos anteriormente, o desenvolvimento industrial e a consequente fabrica-
ção dos motores foram responsáveis pelo grande crescimento da indústria automotiva. Com o passar
dos anos os motores foram se tornando mais modernos e potentes. Na atualidade, há uma grande pre-
ocupação em se fabricar motores capazes de emitir menos gases na atmosfera.
A força motriz, energia necessária que faz o veículo se movimentar, está diretamente relacionada
ao tamanho deste e à via que será utilizada no deslocamento. Os tipos de motores mais utilizados no
transporte rodoviário, atualmente, em todo o mundo são a gasolina e o diesel. Alguns combustíveis
alternativos também começam a ser utilizados em diversos países. O Brasil é pioneiro no uso de
combustíveis alternativos, entre eles, o álcool. O gás também é outro combustível bastante utilizado.
Há ainda veículos movidos a motores elétricos, que poluem menos o ar.
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 93

Tipos de rodovias e estrutura rodoviária


Os países que possuem uma malha rodoviária bem desenvolvida e conservada são capazes
também de prestar um bom serviço em viagens turísticas rodoviárias. A expansão da construção de
estradas e rodovias colaborou para o desenvolvimento do turismo em diversos países. O país que está
em primeiro lugar no uso do transporte rodoviário são os Estados Unidos. O uso do automóvel naquele
país ultrapassa em muito o uso de outros transportes (PALHARES, 2002, p. 186).
No Brasil também o uso do transporte rodoviário é muito expressivo. Segundo Palhares (2002,
p. 189), dois momentos marcaram o desenvolvimento desse tipo de transporte no país. O primeiro, em
1970, quando governos militares implementaram a política rodoviarista, e a segunda, em 1990, com a
estabilização econômica e o surgimento do transporte popular.
Mais carros nas ruas e estradas significa mais infra-estrutura necessária para receber o aumento
de veículos ocasionado pelo desenvolvimento.
No que diz respeito às rodovias, conforme mencionamos anteriormente, a fiscalização e a regula-
mentação no Brasil estão em três esferas governamentais. Neste item, vamos apresentar a estrutura das
rodovias nacionais, que estão classificadas em federais, estaduais e municipais.

Rodovias federais
As rodovias federais são aquelas que ligam dois ou mais Estados da Federação. São construídas
e também conservadas pelo governo federal. Algumas podem ser privatizadas, porém a decisão deve
partir do Ministério dos Transportes, a partir de estudos realizados pelo Departamento Nacional de
Estradas e Rodagem – DNER.
Essas rodovias recebem uma nomenclatura definida pelo símbolo BR, significando ser uma
rodovia federal, seguida por três algarismos. O primeiro algarismo vai indicar a categoria da rodovia,
de acordo com as definições do Plano Nacional de Viação. Os dois algarismos seguintes irão definir a
posição da rodovia, com relação à Brasília e aos limites do País (Norte, Sul, Leste e Oeste). Como exemplo
podemos citar a BR-101, também chamada Rodovia Litorânea, que liga o Nordeste ao Sul do país.
As rodovias federais apresentam as seguintes categorias, de acordo com o Plano Nacional de
Viação: radiais, longitudinais, transversais, diagonais (DEPARTAMENTO, 2007a).

Rodovias radiais
As rodovias radiais têm como nomenclatura a sigla BR-0XX. O seu primeiro algarismo é o zero
e os dois seguintes podem variar de 05 a 95, sempre contando em múltiplos de cinco, de acordo com
o ângulo formado, no sentido horário, entre o meridiano de Brasília e a rodovia. Toda rodovia radial
parte da capital federal, ligando-se às demais capitais estaduais ou a regiões periféricas importantes. A
figura 1 mostra as rodovias radiais partindo de Brasília em direção às capitais do Sudeste, Centro-Oeste
e Nordeste do País. Os exemplos apresentados no mapa são das rodovias BR-040, que liga Brasília ao
Rio de Janeiro; BR-070, que liga Brasília a Cáceres, na fronteira com a Bolívia; e BR-020, que liga Brasília a
Fortaleza (DEPARTAMENTO, 2007a).
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Figura 1 – Mapa das rodovias radiais

Temática Cartografia.
Equador

BR-020

BR-070

BR-040

Trópico de Capricórnio

W E

Rodovias longitudinais
A nomenclatura das rodovias longitudinais tem a sigla BR-1XX. Seu primeiro algarismo começa
com o número 1 e os dois seguintes variam de 00, no extremo leste do País, a 50, na Capital Federal e
de 50 a 99, no extremo oeste. A capital, Brasília, é o ponto divisor dessa numeração (150). As rodovias
longitudinais estão dispostas no sentido norte-sul.
Alguns exemplos dessas rodovias, conforme detalhes apresentados na figura 2, são a BR-174, que
liga Cáceres a Boa Vista, na fronteira com a Venezuela; a BR-153, que liga Marabá a Aceguá (RS); e a BR-
101, que liga Touros ao Rio Grande, (DEPARTAMENTO, 2007a).
Figura 2 – Mapa das rodovias longitudinais
Temática Cartografia.

Equador

BR-174

BR-101
BR-153

Trópico de Capricórnio

W E

S
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 95

Rodovias transversais
As rodovias transversais recebem o código de BR-2XX e estão dispostas no sentido leste-oeste.
Como o nome já diz, essas rodovias atravessam o País, sendo que a menor numeração inicia no Norte
do país e cresce em direção ao Sul. Brasília também é o ponto divisor.
Sua numeração é composta pelo número 2 (primeiro algarismo) e mais dois números, que variam
de 00, no extremo norte do País, a 50, na Capital Federal, e de 50 a 99 no extremo sul. O número de cada
rodovia transversal é obtido utilizando-se então 00 a 50 se a rodovia estiver ao norte da Capital e entre 50
e 99 se a rodovia estiver ao sul da capital. A capital, Brasília, é o ponto divisor dessa numeração (250).
Vejamos os detalhes na figura 3. Um exemplo desse tipo de rodovias é a BR-230, também chamada
de Rodovia Transamazônica, que liga Cabedelo, no extremo leste do país, a Benjamin Constant, no
extremo oeste. Outro exemplo é a BR-262, que liga Vitória a Corumbá. Por último, a BR-280, que liga São
Francisco do Sul a Dionísio Cerqueira (DEPARTAMENTO, 2007a).
Figura 3 – Mapa das rodovias transversais

Temática Cartografia.

Rodovias diagonais
As rodovias diagonais recebem a nomenclatura de BR-3XX e estão dispostas na direção noroeste-
sudeste e nordeste-sudoeste. Essas rodovias cortam o País na diagonal, iniciando a numeração no
nordeste e aumentando em direção ao sudoeste, tendo a capital federal como divisor.
Sua numeração começa com o número 3. Os dois números seguintes estão divididos em pares
e ímpares. Os números pares variam de 00, no extremo nordeste do país, a 50, em Brasília, e de 50 a
98 no extremo sudoeste. Os número ímpares, que vão no sentido noroeste-sudeste, variam de 01, no
extremos noroeste do País, até 51, em Brasília, e de 51 a 99 no extremo sudeste.
Podemos citar como exemplo as rodovias BR-319, que liga Manaus a Porto velho; a BR-365, que
liga Montes Claros a São Simão; e a BR-381, que liga São Mateus a São Paulo (DEPARTAMENTO, 2007a),
conforme detalhes na figura 4.
96 Multimodalidade Turística

Figura 4 – Mapa das rodovias diagonais

Temática Cartografia.
Equador

BR-304
BR-319
BR-324

BR-364

BR-365
BR-381

Trópico de Capricórnio

W E

Acesso ou ligação
As rodovias chamadas de acesso ou ligação apresentam-se em qualquer direção. Geralmente
ligam rodovias federais, ou pelo menos uma rodovia federal, a cidades importantes ou às nossas
fronteiras internacionais.
Sua nomenclatura é reconhecida pela sigla BR-4XX. O primeiro número é o 4 e os outros dois
algarismos subsequentes variam entre 00 e 50, se a rodovia estiver ao norte do paralelo da capital
federal, e entre 50 e 99 se estiver ao sul.
Alguns exemplos dessas rodovias são a BR-401 (Boa Vista/RR – Fronteira BRA/GUI), a BR-407
(Piripiri/PI – BR-116/PI e Anagé/PI), a BR-470 (Navegantes/SC – Camaquã/RS) e a BR-488 (BR-116/SP –
Santuário Nacional de Aparecida/SP) (DEPARTAMENTO, 2007a).

Rodovias estaduais
As rodovias estaduais têm início e fim dentro de um mesmo estado e estão sob a jurisdição desse
estado, do qual recebem fiscalização e manutenção. A administração de rodovias estaduais pode ser
feita diretamente pelo governo, pela iniciativa privada, através de concessões, ou ainda por convênios
delegados ao município.
Sua identificação é feita por um código de duas letras, que irá identificar o Estado – AM, BA, GO,
MG, PR, RJ, RS, SP etc., seguido por três algarismos, de acordo com o mesmo critério das rodovias federais.
O primeiro número indica a categoria da via e os outros dois indicam a posição da rodovia com relação
à capital do Estado, sendo 0 para rodovias radiais, 1 para longitudinais, 2 para as transversais, 3 para as
diagonais, 4 para as ligações. Os dois outros algarismos definem a posição, a partir da orientação geral
da rodovia, relativamente à capital da Unidade da Federação (UF) e aos limites extremos da Unidade da
Federação (Norte, Sul, Leste e Oeste) (DEPARTAMENTO, 2007b).
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 97

Palhares (2002, p. 229-230) destaca a importância de algumas rodovias federais e estaduais


para o turismo interno. São elas: BR-101, ou rodovia Governador Mário Covas, rodovia litorânea que
liga importantes cidades turísticas da costa brasileira, desde Natal (RN) a Garopaba (SC); a SP-150
(rodovia Anchieta) e SP-160 (rodovia Imigrantes), que levam às principais cidades do litoral paulista
e que recebem um grande fluxo de turistas no Estado de São Paulo, principalmente aos finais de
semana, feriados prolongados e férias de verão. Por fim, a RJ-124 e a RJ-106, que levam, através da BR-
101, à região dos Lagos, no Rio de Janeiro, região que também recebe um número grande de turistas
de veraneio.
Para que o fluxo de veículos ocorra de forma normal, é necessário que as rodovias – sejam elas
federais, estaduais ou municipais – estejam em bom estado de conservação, sempre visando a segurança
dos usuários em primeiro lugar.

Tipos, modelos de ônibus e principais


transportadoras nacionais
Como afirmamos anteriormente, o transporte rodoviário é um dos meios de transporte
mais utilizados no País, principalmente o transporte coletivo em ônibus. Há dois tipos de serviços
possíveis de serem utilizados em ônibus: o regular e o fretado. A seguir, veremos as características do
serviço regular.
Serviço regular de transporte é aquele que prevê saídas de ônibus, programadas em terminais
rodoviários, com data e horário pré-determinados. Os ônibus regulares são divididos em três categorias:
os convencionais, os executivos e os ônibus-leito. Geralmente a duração da viagem determina o uso de
cada um desses tipos de ônibus. Os ônibus convencionais são utilizados para viagens curtas realizadas
durante o dia. Os ônibus executivos geralmente são escolhidos para viagens de média duração,
realizadas durante o dia ou à noite, e os ônibus-leito são utilizados em viagens noturnas, geralmente
com longa duração.
As diferenças básicas encontradas nesses três tipos de ônibus são (PAOLILLO, 2002, p. 69-70):

Ônibus convencional
Os ônibus convencionais possuem entre 40 e 50 lugares, poltronas reclináveis com acabamento
simples e sanitário a bordo. Normalmente não possuem ar-condicionado.

Ônibus executivo
Os ônibus executivos têm entre 30 e 40 assentos. As poltronas são reclináveis e recebem um
acabamento melhor do que o ônibus convencional. Possuem ar-condicionado e oferecem serviço de
bordo self-service aos passageiros, como lanche, água e café.
98 Multimodalidade Turística

Ônibus leito
Os ônibus leito possuem entre 25 e 35 assentos e oferecem um espaço maior entre as
poltronas, pois as mesmas reclinam como uma cama. O acabamento é mais luxuoso, possuem ar-
condicionado e sanitário a bordo e também oferecem serviço de lanche, água e café. Algumas
empresas têm ainda a bordo equipamentos para projeção de filme para entreter o passageiro
durante a viagem.
Os três modelos podem variar, dependendo da frota de cada empresa transportadora. Segundo
estatísticas da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), as dez principais empresas de
transporte regular no País, levando-se em consideração o número de passageiros transportados e
quilômetros rodados em 2005, são (AGÊNCIA, 2007a):
:: Viação Itapemirim – Cachoeiro de Itapemirim (ES);
:: Cia. São Geraldo de Viação – Belo Horizonte (MG);
:: Viação Gontijo – Belo Horizonte (MG);
:: Viação Anapolina Ltda – Anápolis (GO);
:: Expresso Guanabara S/A – Fortaleza (CE);
:: Empresa de Transportes Andorinha – Presidente Prudente (SP);
:: Viação Cometa – São Paulo (SP);
:: Viação Garcia – Londrina (PR);
:: Viação de Ônibus Nossa Senhora da Penha S/A – Curitiba (PR);
:: Transbrasiliana – Transportes e Turismo Ltda. – Goiânia (GO).

Ônibus utilizados no turismo


Com relação aos ônibus utilizados exclusivamente para o turismo, ou seja, ônibus de fretamento,
que se destinam a viagens ou roteiros específicos, podemos destacar três tipos diferentes: o standard, o
luxo e o superluxo (PAOLILLO, 2002, p. 70).

Ônibus standard
Os ônibus standard devem ter motorista uniformizado durante toda a duração da viagem. As
poltronas são reclináveis e possuem descanso para os pés. Para comodidade dos passageiros os ônibus
possuem sanitário, microfone e equipamento de som, caixa para primeiros-socorros, além de assento
para o guia de turismo.
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 99

Ônibus luxo
Os ônibus luxo diferem dos standard por oferecerem, além dos itens mencionados acima, ar-
condicionado e serviço completo de comissaria, incluindo geladeira e travesseiros.

Ônibus superluxo
Os ônibus superluxo possuem itens que oferecem maior conforto para os passageiros, como
poltronas-leito, mantas para se cobrir, aparelho de som, TV, vídeo, DVD, porta-copos, forno de microondas,
calefação etc. Esses ônibus, diferentemente dos ônibus-leito do serviço regular de passageiros, rodam
também durante o dia e à noite e podem ser utilizados em viagens de curta, média ou longa duração.
A escolha dependerá do conforto que se deseja oferecer aos passageiros, bem como o custo final
envolvido no fretamento.
A utilização de cada um dos ônibus mencionados acima dependerá do tipo de viagem a ser
realizada, do tipo de passageiro a ser transportado, do objetivo da viagem, das distâncias a serem
percorridas, da duração da viagem e do tipo de estradas a serem rodadas.
Segundo Paolillo (2002, p. 75-76), as empresas de turismo brasileiras que mais se destacam nas
viagens rodoviárias são a CVC, atuante em todo o território nacional; a Caprioli, atuante principalmente
no interior do estado de São Paulo; e a Santa Rita, atuante também no estado de São Paulo, entre outras.
Podemos citar ainda a empresa Pomptur, que trabalha com turismo rodoviário também no território
nacional. Das empresas mencionadas, a Santa Rita e a Caprioli possuem frota própria.

Locação de veículos
Os automóveis utilizados em viagens rodoviárias de turismo podem ser próprios ou alugados.
Vamos abordar somente a alternativa realizada por meio da locação de veículos. O aluguel de automóvel
tornou-se uma prática bastante comum em viagens, sejam elas nacionais ou internacionais.
A locação de automóveis é uma das alternativas mais práticas de transporte em viagens para
turistas que desejam ter mais liberdade. Essa opção é utilizada para viagens individuais ou em família. A
liberdade na viagem se resume à mudança de rota, de acordo com a necessidade do turista.
Segundo Palhares (2002, p. 191), o mercado de locação de automóveis é muito dependente da
indústria do turismo, pois a maioria dos passageiros de locadoras são turistas em viagens de lazer ou
a negócios. Algumas locadoras chegam a fazer acordos e parcerias com empresas aéreas e meios de
hospedagem para oferecerem seu produto em conjunto. Esses acordos geralmente oferecem vantagens
aos usuários, como desconto ou pontuação em milhagem.
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Os turistas de negócios utilizam a locação de automóvel para otimizar o tempo de viagem. A


entrega do veículo diretamente nos terminais de chegada (aeroporto, estações rodoviárias, ferroviárias
e marítimas) dá maior mobilidade e agilidade à viagem. Já os turistas de lazer, que empreendem
viagens por sua conta, podem escolher alterar a rota, bem como horários de viagens, de acordo com
sua conveniência.
A seguir, vamos conhecer as características do aluguel de automóveis.

Automóveis
Os veículos utilizados em locação podem variar desde os modelos econômicos e pequenos,
para o transporte entre terminais e os centros urbanos, até os modelos grandes ou de luxo, utilizados
por turistas de negócios ou lazer, em viagens de curta ou média duração, que necessitam ou desejam
experimentar um novo modelo de carro.

Principais companhias de locação de automóveis


Muito utilizada nas viagens de negócios e lazer, a locação oferece liberdade ao turista para definir
seus próprios caminhos na viagem. Para fidelizar o cliente, ou mesmo aumentar o número de usuários,
algumas locadoras fazem parcerias com outras empresas turísticas.
Esses acordos aparecem no mercado em forma de produtos turísticos, chamados de fly & drive,
quando realizado com uma companhia aérea, e fly & stay, quando realizado com um hotel (PALHARES,
2002, p. 191-193). No caso de acordo com cadeias hoteleiras, a locadora pode, por exemplo, isentar o
cliente da taxa de entrega do veículo no hotel.
Segundo Palhares, as principais companhias de locação no mundo são Avis, Hertz, Alamo, Budget,
National, Dollar e Europcar. No Brasil, embora existam mais de duas mil locadoras independentes, 45%
do mercado se concentra, segundo o mesmo autor, em quatro empresas, que são Localiza, Hertz, Avis
e Unidas.
As principais características do mercado de locação de automóveis, seja ele nacional ou
internacional, são:
:: No aluguel é sempre solicitado o grupo de carros e não um modelo específico.
:: Os grupos podem ser de carros econômicos, intermediários, executivos, stations wagon2 e
utilitários.
:: As diárias da locação de veículos, diferente do que acontece nos meios de hospedagem, são
sempre de 24 horas, contando o horário de retirada do veículo.
:: A idade mínima para se alugar um carro é de 25 anos no exterior e de 21 anos no Brasil. O
usuário da locação deve ser habilitado por no mínimo um ano.
:: A retirada do veículo pode ser realizada nas lojas das locadoras ou nos terminais aeroportuários,
rodoviários, ferroviários e marítimos, sempre que disponível. Para retiradas em terminais, pode
haver uma taxa adicional à tarifa do veículo.
2 Station Wagon são as chamadas vans.
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 101

:: A prática de cobrança do aluguel de carro é de adicionar-se à tarifa as taxas e seguros à diária do


automóvel. Algumas locadoras oferecem tarifas promocionais incluindo as taxas e os seguros.
As tarifas são cobradas com quilometragem livre ou controlada.
Outros veículos, além dos automóveis regulares, também podem ser locados em viagens turísticas
terrestres, como as vans, microônibus, motocicletas, bicicletas, traillers e motorhomes, limusines, entre
outros. Vejamos a seguir algumas dessas opções de veículos:

Vans
As vans são geralmente alugadas para grupos pequenos (entre 6 e 15 pessoas), compostos
principalmente de famílias, devido à economia nesse tipo de locação, principalmente nas viagens
internacionais. Embora possa trazer economia, esse tipo de locação pode trazer alguns inconvenientes,
como espaço de bagagem não suficiente para todos os passageiros e pressão maior sobre o passageiro
que fará o papel de motorista do grupo, pois aproveitará menos a viagem.

Microônibus
Os microônibus também são utilizados para o transporte de grupos pequenos, porém possuem
espaço maior para bagagens que as vans. A principal vantagem nesse tipo de locação é a maior
liberdade que todos os integrantes do grupo podem ter, pois todos poderão aproveitar a viagem. Uma
desvantagem pode ser o custo total da locação, pois com a inclusão de um motorista que necessitará
de hospedagem e alimentação, o custo final normalmente é mais alto.

Motocicletas
As motocicletas tornaram-se uma opção de veículo em locação nas viagens turísticas que
atendem um nicho específico de passageiros. Geralmente os turistas que buscam esse tipo de aluguel
já utilizam esse veículo em seus países de origem e, quando viajam, procuram experimentar modelos
diferentes, mais potentes e modernos. Essas viagens são realizadas principalmente por grupos de
amigos e agremiações que se reúnem para viagens em conjunto (PALHARES, 2002, p. 187).

Bicicletas
Também consideradas veículos rodoviários, as bicicletas são alugadas para passeios de um dia,
como parte integrante da viagem turística. Esses passeios ciclísticos são realizados em cidades que
possuem infra-estrutura para tal, como ciclovias e trânsito ordenado de forma a acolher esses turistas.
Também podem ser utilizadas em tours com duração de vários dias, geralmente em regiões de paisagem
exuberante. Nesses tours há uma infra-estrutura de apoio para o grupo, como o acompanhamento
de uma van ou microônibus, com provisões de alimentação e bebidas e espaço para transportar as
bagagens, além de reservas em hotéis. Essas viagens são bastante comuns na Europa, principalmente
na França e na Inglaterra (PALHARES, 2002, p. 187).
No Brasil já é possível usufruir de viagens com o uso da bicicleta como meio de transporte. Um
dos roteiros divulgados é o que percorre a Estrada Real, que vai de Ouro Preto a Paraty.
102 Multimodalidade Turística

Trailers e motorhomes
Os trailers e motorhomes são veículos recreacionais, utilizados para viagens de lazer (PALHARES,
2002, p. 202-203). O trailer necessita da tração de outro veículo para se locomover e o motorhome possui
propulsão própria, pois é montado numa única carroceria.
Os veículos recreacionais oferecem liberdade e conforto durante as viagens, além de economia,
principalmente quando se trata de viagem em família, pois economiza-se com a hospedagem, já que
esses veículos são utilizados também para dormir. Os passageiros têm ainda contato com a natureza e com
outras pessoas que também utilizam-se dos espaços para camping ou estacionamento desses veículos.
A estrutura dos veículos recreacionais pode diferenciar entre os modelos e tamanhos disponíveis,
mas, basicamente, oferecem, como facilidades para o turista, pequena cozinha para preparação de
alimentos, camas para dormir, banheiro, energia elétrica e água.
Os adeptos do camping são os turistas que mais utilizam esse tipo de transporte terrestre.

Leasing de carros na Europa


Outro sistema de locação, oferecido para os turistas que viajam à França, é o leasing. Trata-se
de um sistema de aluguel de automóvel zero quilômetro, que sai da fábrica diretamente para o uso,
disponível exclusivamente para turistas não-residentes na França e na União Européia. O passageiro
transforma-se num proprietário de carro zero, durante o tempo que estiver em viagem, e paga somente
pela depreciação do veículo.
A vantagem do leasing é que é um sistema livre de impostos, o que barateia o custo final desse
produto turístico. O leasing tem algumas diferenças básicas, se comparado ao aluguel tradicional, por
exemplo:
:: Solicitação da reserva com bastante antecedência, devido à necessidade de prazo mínimo para
confirmação dos veículos.
:: A retirada e a devolução são gratuitas em todo o território francês, não havendo taxa adicional
para retiradas ou devoluções em aeroportos.
:: O veículo sai da fábrica diretamente para o uso.
:: Nesse sistema não é o grupo que é alugado e sim o modelo escolhido.
:: O aluguel é feito sempre com quilometragem livre.
:: O período mínimo de locação é de 15 dias, enquanto que no aluguel tradicional é de 24 horas.
(PALHARES, 2002).
Três marcas francesas – Renault, Peugeot e Citroën – comercializam o sistema de leasing para
turistas no Brasil. Esse tipo de aluguel de carro pode ser adquirido como qualquer outro produto turístico
através de agências de viagens em todo o País.
O transporte rodoviário foi e continua sendo um aliado para o desenvolvimento do turismo
em todos os países. Quando integrado a outros tipos de transporte, possibilita viagens confortáveis e
rápidas, evitando o desperdício de tempo em deslocamentos.
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 103

O turismo rodoviário é uma opção de lazer para qualquer família que possua um veículo em
boas condições e que queira utilizar a infra-estrutura rodoviária para empreender sua viagem, seja ela
doméstica ou internacional. O uso dos automóveis e ônibus facilita o deslocamento de turistas por
todas as partes do mundo. Essa forma de turismo colabora para o contínuo crescimento do turismo,
pois o transporte rodoviário é o principal meio de transporte e também o mais acessível a um grande
número de pessoas.

Texto complementar
Turismo rodoviário –
está na hora de repensar os preconceitos
(HOTEL SOBRE RODAS, 2007)
No “Turismo Destino”, onde o que vale é chegar rápido para começar as férias, o meio de
transporte é só isto: meio de transporte.
E sendo assim, o avião é a primeira escolha por levar até o destino da forma mais rápida
possível, para então começar as férias. O ônibus ou as opções rodoviárias ficaram relegadas a um
segundo plano, uma segunda escolha para aqueles que não conseguiram pagar o aéreo.
No entanto o rodoviário é a alma do “Turismo Trajeto”. É com o rodoviário que unimos diversos
pontos ao longo de um trajeto, incluindo-os no mapa do turismo nacional.
Para o observador menos atento, o Exploranter é uma espécie de viagem rodoviária, na qual
se passa muito tempo na estrada. O observador mais perspicaz, no entanto, percebe que o hóspede
do Exploranter fica menos tempo na estrada do que o hóspede do hotel tradicional. E como isto é
possível?
No nosso roteiro de Pantanal e Bonito fazemos um circuito. A cada dia dormimos numa
fazenda diferente, na qual temos as atividades diárias. Os hóspedes dos hotéis tradicionais estão
reféns dos traslados, que passam dos 100km diários.
No Exploranter acordamos com calma, com os pássaros. Nos hotéis tradicionais o café da
manhã é apressado para não atrasar a van do traslado. Ao final do dia, o hóspede do hotel tradicional
terá ficado na estrada o dobro do hóspede Exploranter.
Apesar desta diferença brutal de tempo de estrada, para o observador menos atento, o hóspede
do hotel tradicional foi de avião até Campo Grande e portanto não fez uma viagem rodoviária.
O observador perspicaz sabe que o hóspede do Exploranter também foi até Campo Grande
de avião, rodou somente o necessário para completar um circuito rico e completo de Pantanal e
Bonito, se inseriu nas fazendas e se distanciou do massificado e pasteurizado.
Turismo rodoviário? Afinal, o que é isto? Está na hora de rever este conceito.
104 Multimodalidade Turística

Trajetos x Destino
(HOTEL SOBRE RODAS, 2007)
Existe a expressão “It’s not the destiny, it’s the journey” (that matters)
Ela é válida para a vida, para um relacionamento, para uma profissão e com certeza é válida
para o turismo.
O “Turismo Destino” é caracterizado por uma base fixa durante boa parte ou todo o período da
estadia. Desta base fixa podem existir passeios diários, tipo bate-volta, para se conhecer os arredores,
mas atrativos mais distantes do que 100km no núcleo da viagem costumam ser ignorados. Esta é a
forma predominante de turismo no Brasil. O “Turismo Destino” necessita de um pólo receptor, como
um aeroporto próximo e estrutura hoteleira de maior porte para concentrar o fluxo massificado.
O “Turismo Destino” forma o que eu chamo de “Margaridas Turísticas” que são os núcleos
receptivos estruturados e seus vários passeios em laço ao redor. E o Brasil tem poucas “Margaridas
Turísticas”.
Operamos muito, poucos destinos. O ideal seria operar pouco, muitos destinos. Assim
evitaríamos a deterioração do turismo de massa. Assim distribuiríamos riqueza. Assim levaríamos o
turismo a todos os cantos do Brasil.
E o que fazer com toda a riqueza Brasileira que está entre estes pólos receptivos, mas distantes
demais para serem parte das pétalas, alcançadas em passeios de um dia? No Brasil de hoje, quem está
a mais de 200km de um pólo receptivo não existe para o Turismo.
O “Turismo Trajeto” por definição não tem limites, nem de tempo nem de abrangência. É
ilimitado. Ao longo de um mesmo período beneficiará muito mais pessoas e mostrará muito mais das
regiões visitadas. O “Turismo Trajeto” une diversos atrativos ao longo de um roteiro temático ou até
multi-temático.
O tema “Estrada Real x Cidades Históricas” mostra a diferença de conceito. Quando alguém fala
que vai para as cidades históricas pensa nos moldes do “Turismo Destino” e sua viagem ficará restrita
a Ouro Preto, Mariana, Congonhas e Tiradentes. Já a Estrada Real espalha-se de Diamantina até Parati.
A Estrada Real é tipicamente “Turismo Trajeto”. A Estrada Real beneficiará mais de uma centena de
localidades e milhões de seus habitantes. A inclusão social ao longo deste trajeto é muito maior do
que se limitássemos o fluxo somente às quatro ou cinco cidades dos roteiros clássicos.
A Estrada Real, conceito turístico, é uma iniciativa da FIEMG através do Instituto Estrada Real,
com o apoio do Governo de Minas. Em Minas Gerais os benefícios do “Turismo Trajeto” já são claros.
Eles sabem o quanto dá trabalho implementar uma nova idéia. Eles também sabem que o retorno
para o futuro vale qualquer esforço presente.
Outra diferença está nos players envolvidos. No “Turismo Destino”, de massa por definição, os
grandes players dominam, dificultando novos entrantes. São grandes hotéis, com grandes empresas
de traslados, com grandes operadoras, tudo preparado para a larga escala.
O “Turismo Trajeto”, não massificado por definição, por espalhar-se em área muito maior os
seus visitantes, beneficia todos os players do mercado. Os grandes continuam grandes e operantes,
mas abre-se a possibilidade para os realmente pequenos entrarem no mercado.
Transporte rodoviário: estrutura e mercado 105

Como exemplo, está aquele dono de um carro de boi. Orgulhoso de sua cultura rural, este
empresário com o capital de um carro de boi começa a levar turistas em passeios pelas montanhas em
seu carro de boi. Valorizando sua cultura e fazendo o que sabe, será parte do trade turístico. Imagine
que esta empresinha pode crescer e oferecer outros produtos. E se você acha estranho andar de carro
de boi, o que você acha de andar de camelo e elefante? Cuidado com a armadilha da auto-estima.
No “Turismo Trajeto”, em uma semana você conhece um canto, em um mês você já domina
uma região e, em um ano, um continente. E se você acha que ninguém tem mais do que uma semana
de férias para viajar, repense seus paradigmas e visite o site <www.gapyear.com> e veja que existe
um mundo voltado às pessoas com tempo sobrando.
O “Turismo Trajeto” pode ser feito de carro, barco, trem, bicicleta, cavalo e qualquer outro meio
de transporte que o tema da viagem pedir. Até a pé.
Um ótimo exemplo de “Turismo Trajeto” que existe há séculos, são os caminhos de Santiago de
Compostela. Lá definitivamente a journey é muito mais importante do que o destiny. E lá a palavra
journey toma o seu sentido completo.

Atividades
1. Pesquisar a estrutura do terminal rodoviário de sua cidade, relacionando com os elementos
citados na aula e verificar se o mesmo possui interligação com outros meios de transporte.
106 Multimodalidade Turística

2. Pesquisar duas locadoras de automóvel (uma internacional e outra nacional), escolher um destino
e verificar quais os grupos de automóveis oferecidos pela mesma para o destino escolhido.

3. Pesquisar um aluguel de carro na França (ou Europa) por 17 dias e fazer um comparativo com
modelo similar entre locadora e empresa de leasing na Europa.

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