Apresentação

da primeira edição
grão, uma semente de ilusão, tem que morrerprá
germinar, ressuscitar no chão, nossa caminhadura..
grão morre e nasce trigo, vive e morre pão...
Gilberto Gil

Madalena Freire

É com alegria que finalizamos este ano de 93 com o lançamento

desta publicação - Seminários - que socializa o nosso pensamento
e a prática na formação de educadores, enquanto equipe do
ESPAÇO PEDAGÓGICO.
O nome Seminários é aqui entendido não somente no sentido de
espaço onde se socializa uma reflexão para sua discussão, mas
também no sentido de "parte do viveiro de plantas, centro de criação
ou produção, espaço onde se fazem as sementeiras" de ideias,
pensamentos, reflexão e ação, na busca de democratizar, ampliar o
debate, o diálogo entre nós educadores.
O tema grupo abre a série. Outros temas: Instrumentos
Metodológicos, Aprender/Ensinar/Conhecer, Processo Alfabeti-
zador darão continuidade a discussão nesta "semeadura".
Todos os textos deste primeiro número - "sementeira" - como
todos os outros, que comporão os demais, são frutos de nossa
interação com todos os grupos com os quais convivemos,
ensinando e aprendendo, durante este ano.
A escolha deste tema, para abertura desta série de publicações,
vem de nossa constatação de sua importância na discussão
norteada pela teoria sócio-interacionista que nos inspira.
A revolução conceituai, que se vem gestando entre nós, no
repensar o que é ensinar, aprender e onde o conhecimento se
constrói, nos aponta para o estudo do grupo: seus momentos de
construção, papéis, vínculo, subgrupo e interação, desejos e
fantasmas que rondam a aprendizagem, génese do processo de
socialização e tantos outros conteúdos.
Madalena
Fica aqui colocado o grão - convite à leitura, discussão e reflexão, Freire
nesta nossa "caminhadura" de educadores.
 Apresentação da edição
revista e ampliada

Madalena Freire

Hoje, em 2003, dez anos de trabalho depois, tenho ainda o

privilégio de apresentar nossas reflexões práticas e teóricas, sobre a
importância do estudo do GRUPO, já revisitadas e ampliadas.
Durante estes anos, ficou cada vez mais explícito para todos nós do
Espaço Pedagógico o quanto necessitamos, no processo de formação
dos educadores, instrumentalizar, clarear e aprofundar este conteúdo. O
quanto a vida na Escola depende da construção deste coletivo
pensante, reflexivo, estudioso. O quanto os professores necessitam ser
acompanhados em sua reflexão sobre a prática, dentro deste coletivo,
para poderem constituir um fazer mais coerente, no qual, cada vez mais,
se torne menor a distância entre o que se diz e o que, de fato, fazem.
Somente no grupo, socializando o que pensamos e fazemos, podemos
nos confrontar com conflitos e divergências, e assim produzir soluções
criativas, que impulsionem todos ao crescimento. O espaço coletivo na
Escola é espaço de estudo, aprendizagem e mudança e isso se dá nas
interações entre pessoas que assumem determinadas funções.
Cada instituição tem uma forma de nomear os cargos e distribuir
as funções pedagógicas e administrativas dentro de uma escola,
mas, independente disso, cada profissional necessita assumir-se
enquanto educador de uma "classe de educandos", pois cada um é
responsável por acompanhar um grupo dentro da escola. Como
exemplo podemos pensar o diretor, que é "professor" dos
coordenadores, orientadores e demais funcionários, ou então no
coordenador pedagógico, que é "professor" de seus professores. É
nesse sentido que todos os profissionais da escola têm sua classe,
sua sala de aula e estão sempre aprendendo, ao mesmo tempo em
que ensinam, tendo que manter uma prática reflexiva, avaliada e
replanejada constantemente.
Só assim poderemos estar mais perto, coerentemente com o que
defendemos, de uma escola crítica, de qualidade, na qual o exercício
das diferenças e das divergências norteie a construção do Madalena
Freire
conhecimento e a vida de grupo alicerce o processo de formação
permanente de seus profissionais.
Fica aqui, mais uma vez nosso grão, nossa esperança nesta
construção de nossa "caminhadura" de educadores.