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"A ação política não se parece em nada com a calçada da avenida Nievski -
a calçada larga, limpa e lisa da rua principal de Petesburgo, absolutamente reta".
(Lenin)
Se esta reflexão é correta para os momentos de ascenso, podemos concluir que ela também é
válida para os momentos de descenso. Ou seja, mesmo em momentos desfavoráveis à luta
popular, pode haver irrupções e momentos, intervalos de ascenso da participação popular.
Este elemento é importante para compreendermos que esta é a hora de formar uma nova geração
de lideranças estudantis, sindicais e populares. Valorizar a iniciativa política, estimular ao máximo
o trabalho de base na preparação da greve geral, do 14 de junho, sem cair no espontaneísmo ou
aventureirismo, mas sabendo identificar no seio do povo brasileiro novas lideranças populares.
Inclusive para os futuros enfrentamentos de médio e longo prazo.
É obvio que não podemos ter a ilusão de que as manifestações do 15 de maio nos colocaram
noutro patamar da relação de forças na sociedade. Tampouco que este processo será suficiente
para a derrubada do Governo Bolsonaro, que apesar da sua incapacidade de estabelecer uma
direção política e moral para o país, ainda conta com o apoio significativo do empresariado
brasileiro, de parcelas dos setores médios e das classes populares. As classes dominante e suas
diversas frações, embora divirjam na condução política do governo, ainda conservam a sua
unidade em torno da questão fundamental: o programa econômico neoliberal.
Os setores populares que compreenderem isso, e que conseguirem investir de forma não sectária
na formação política de novas lideranças acumularão forças significativas para o próximo período,
o que poderá contribuir para uma nova reorganização da esquerda brasileira. O que esperamos
que consiga enfrentar as nossas debilidades históricas enquanto esquerda brasileira no debate
estratégico.