CONDIÇÕES E MEIO AMBIENTE DE TRABALHO EM UM CANTEIRO DE

OBRAS

Bianca Campanharo Rodrigues1

1
Discente do Curso de Pós-Graduação em Engenharia de Segurança do Trabalho do Centro
Universitário de Lins - Unilins, Lins-SP, Brasil
bianca.campanharo@gmail.com;
2
M.Sc.Celso Atienza; 3 Esp. Ana Elisa Alencar Silva de Oliveira;
2, 3
Docentes do Curso em Engenharia de Segurança do Trabalho do Centro Universitário de Lins -
Unilins, Lins-SP, Brasil
atienzacelso@gmail.com; anaelisa@unilins.edu.br;

Resumo incapacitating or fatal injuries. The

O objetivo do presente trabalho é analisar as
condições e meio ambiente de trabalho em um
canteiro de obra de uma residência em
Presidente Prudente, no estado de São Paulo.
O ramo da construção civil se mostrou
historicamente ser um dos segmentos da
indústria nacional responsáveis pelos maiores
índices de acidentes do trabalho, sendo estes
em sua natureza capazes de ocasionar desde
dano material até lesões incapacitantes ou
fatais. O ambiente inadequado é decorrente do
uso de mão-de-obra desqualificada,
principalmente pela falta de treinamento e
qualificação. Mediante tal fato o estudo
utilizou as técnicas de observação sistemática
e registros fotográficos para que com as
ferramentas do AUTOCAD e SketchUp
fossem formuladas situações adequadas
baseadas nas normas regulamentadoras.
Palavras-chave: Canteiro de obras.
Condições de trabalho. Construção civil.
Normas Regulamentadoras.
Abstract
The objective of this work is to analyze the
conditions and working environment in a
construction site of a residence in Presidente
Prudente, in the state of São Paulo. The
construction industry has historically been
one of the segments of the national industry
responsible for the highest rates of work
accidents, which in their nature are capable
of causing from material damage to
inadequate environment is due to the use of
disqualified labor, mainly due to the lack of
training and qualification. Through this fact
the study used the techniques of systematic
observation and photographic records so that
with the tools of AUTOCAD and SketchUp
suitable situations were formulated based on
the regulatory norms.
Keywords: Construction site. Work
conditions. Construction, Regulatory
Standards.
1 Introdução
O ramo da construção civil possui uma
grande importância para o desenvolvimento
da economia do país concomitantemente
como a necessidade básica do ser humano em
criar habitações cada vez mais modernas,
criativas e inovadoras.
De acordo com esse modelo de
necessidade do mercado, os resultados
esperados buscam um menor tempo de
execução da obra, com menores custos, porém
nem sempre visando a proteção do
trabalhador.
Para atender a um mercado cada vez
mais competitivo tanto empresas da
construção civil quanto profissionais
autônomos têm buscado evitar desperdícios
de maneira geral e o lugar onde estes são mais
frequentes é no canteiro de obras. Sendo este
1
ambiente todo local de trabalho alcançado
por: áreas operacionais onde são realizados os
serviços auxiliares da obra, áreas de vivências
e armazenamento de materiais.
O presente trabalho se baseia em
analisar as condições e meio ambiente de
trabalho em um canteiro de obra, assim como
possíveis soluções para melhoria continua nos
ambientes e locais de trabalho. Não só
visando perdas materiais, mas,
principalmente, a neutralização dos riscos
ambientais ali existentes tornando o local de
trabalho mais moderno, justo e digno.
O canteiro de obras é o pontapé inicial
para o sucesso da obra, independente do
porte. Uma boa logística, aliada ao
trabalho de bons profissionais são peças-
chave para a realização de um projeto
sem falhas, com ecoeficiência e ótimos
resultados (BERTOLDI, 2017, p. 1)
Sendo assim, este artigo parte da
seguinte pergunta-problema: Quais os riscos
que um canteiro de obra oferece aos seus
trabalhadores?
Um trabalhador está exposto a todos
tipos de risco em um canteiro de obra, sendo
eles principalmente os riscos de acidentes,
físicos e ergonômicos. Portanto, indispensável
a intervenção e medidas de atuação do
profissional da segurança do trabalho.
Contudo, o objetivo do estudo é analisar
e avaliar as condições e meio ambiente do
trabalho em um canteiro de obras.
2 Materiais e métodos
Este artigo utilizou por metodologia a
pesquisa qualitativa, pois apresenta um estudo
de caso e também descritiva, documental e
exploratória.
A pesquisa qualitativa se trata de uma
abordagem descritiva, onde se coleta os dados
em um cenário de contato direto com o objeto
de estudo.
Um fenômeno pode ser melhor
compreendido no contexto em que ocorre
e do qual é parte, devendo ser analisado
numa perspectiva integrada. Para tanto, o
pesquisador vai a campo buscando
"captar" o fenômeno em estudo a partir
da perspectiva das pessoas nele
envolvidas, considerando todos os pontos
e vista relevantes. Vários tipos de dados
são coletados e analisados para que se
entenda a dinâmica do fenômeno.
(GODOY, 1995, p. 2)
Já a pesquisa descritiva para Raupp e
Beuren (2006) parte do pressuposto de
analisar, observar e registrar fatos sem a
interferência do pesquisador, podendo assim
serem identificadas a variáveis de um
determinado grupo para entender como o
mesmo se estrutura.
Para o uso de informações que
necessitem de uma compreensão cultural e
histórica através da dimensão do tempo, pode-
se utilizar do método de pesquisa documental.
A pesquisa documental recorre a fontes
mais diversificadas e dispersas, sem
tratamento analítico, tais como: tabelas
estatísticas, jornais, revistas, relatórios,
documentos oficiais, cartas, filmes,
fotografias, pinturas, tapeçarias,
relatórios de empresas, vídeos de
programas de televisão, etc.
(GERHARDT E SIVEIRA, apud
FONSECA, 2002, p. 32).
Ao iniciar uma pesquisa é necessário
proporcionar mais informações sobre o
assunto a ser retratado, para que seja
delimitado o tema de pesquisa e se fixem os
objetivos. Utiliza-se levantamentos
bibliográficos, entrevista e analises de
exemplos. Este método é conhecido por
pesquisa exploratória segundo Prodanov e
Freitas 2013.
Para fundamentar os conceitos vistos na
prática foi realizada exaustiva pesquisa
bibliográfica sobre o tema: teses, dissertações,
artigos acadêmicos publicados entre os anos
2003 a 2018 relacionados na Scielo, Google
acadêmico e outros sites de fonte fidedigna.
O estudo foi realizado em uma obra de
pequeno porte na cidade de Presidente
Prudente (SP) no período de março a
setembro de 2018.
Os métodos e técnicas utilizados para a
realização do estudo foram registro
fotográfico, AUTOCAD, SketchUp, visita in
loco e observação sistemática.
2
2.1 Descrição da obra
A obra analisada está inserida em um
terreno de 360,00m² e possui 174,33m² de
construção. São observados uma quantidade
variável de trabalhadores de acordo com a
etapa em que a obra se encontra. Porém a
quantidade total de pessoas envolvidas na
obra indo desde seus administradores e equipe
de execução, giram entorno de 45 pessoas.
Sendo duas equipes de construtores com 20
trabalhadores em cada e cinco pessoas no
escritório cuidando da parte de criação e
administrativa.
Para serviços especializados prestados,
como serviços hidráulicos, elétricos,
assentamento de cerâmicas, aplicação de
gesso entre outros, comumente são
contratados serviços terceirizados. Porém para
o dimensionamento da contagem dos
trabalhadores já estarão inclusos esses
profissionais.
Não foi notada a presença do
engenheiro de segurança do trabalho ou
qualquer tipo de profissional do ramo.
Embora pelo número de trabalhadores a NR 4
– Serviços especializados em engenharia de
Segurança do Trabalho e em Medicina do
Trabalho, não exige a presença deste
profissional (MTE, 1983).
A quantidade de 45 trabalhadores
juntamente com o tipo de atividade exercida
se encaixa como construção edifícios (Grau 3)
de acordo com o Quadro I e o Quadro II.
Desobrigando a presença de um médico do
trabalho, enfermeiro do trabalho, aux.
enfermagem do trabalho, engenheiro de
segurança do trabalho e técnico de segurança
do trabalho.
Em vista da NR 5 – Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes – CIPA, o grupo
de trabalhadores se encaixam na classificação
segundo o Quadro I em C-18a. Existindo a
necessidade de uma CIPA centralizada com
um representante dos trabalhadores e um do
empregador (MTE, 1999; MTE, 1995).
Por se tratar de uma empresa que realiza
várias pequenas obras, notadamente se
observa a necessidade de um trabalho mais
rigoroso tendo como base a NR 18 –
Condições e Meio ambiente de Trabalho na
Industria da Construção, visto que no item 3
deste artigo são demonstradas situações onde
a segurança deste trabalhador encontra-se em
risco (MTE, 1995).
3 Resultados e discussão
O seguinte estudo de caso aborda como
temática a construção civil. Tendo foco na
distribuição e organização de um canteiro de
obras, assim como os riscos a que os
trabalhadores se encontram expostos.
O objetivo do estudo se baseia em
adequar o posto de trabalho com medidas de
reengenharia, objetivando eliminar situações
de exposição desnecessárias ao risco por
intermédio da segurança no trabalho.
3.1 Métodos e técnicas
A proposta deste trabalho visa adequar
os postos de trabalho da construção de acordo
com a NR 18 – Condições e meio Ambiente
de Trabalho na Indústria da Construção,
buscando a adequação das condições atuais de
trabalho.
Para eliminar os riscos em um canteiro
de obras, este artigo oferece medidas de
caráter gerencial como uma alternativa em
qualificar o trabalhador através da adaptação
do ambiente em função do cumprimento das
leis e normas desta área de atuação.
O método utilizado será feito por meio
de uma análise qualitativa de alguns postos de
trabalho como suas instalações e tarefas
executadas, que foi realizado no período de
março a setembro de 2018.
3.2 A Empresa
O estudo de caso foi realizado em uma
obra residencial de uma empresa que fornece
a produção de projetos arquitetônicos, e atua
na execução e administração de obras. A
empresa foi fundada a 3 anos, tem sede na
região de Presidente Prudente e conta com 5
funcionários na atuação do escritório e mais
duas equipes de 20 trabalhadores responsáveis
pela execução.
O objetivo da empresa se baseia em
colocar em prática a inovação em projetos
3
com a missão de trazer a arquitetura para Figura 3. Corte para tubulação elétrica
todos.
Participa da construção de residências
desde baixo a alto padrão e busca sempre se
atualizar no mercado, reformulando suas
técnicas, métodos e trazendo profissionais
cada vez mais qualificados.

3.3 Etapas analisadas

O acompanhamento da obra foi

realizado por intermédio de visitas semanais
para analisar a evolução e execução de cada
etapa sucedida.
A primeira etapa observada foi a
concretagem dos baldrames da obra, seguido Fonte: Elaborada pela autora
pelo assentamento de blocos cerâmicos para Figura 4. Concretagem da laje
erguer as paredes. Com as paredes prontas e
os pilares concretados, as mesmas foram
recortadas para passagem das instalações
elétricas e hidráulicas. Em seguida foram
instaladas as lajes pré-moldadas para que
fossem concretadas juntamente com as vigas
de sustentação.

Figura 1. Concretagem do baldrame

Fonte: Elaborado pela autora

Após a concretagem da laje, deu-se o

início a etapa de chapisco e reboco das
paredes e lajes. Passando pela instalação de
contramarcos e batentes e finalizando com o
assentamento dos pisos da residência.

Figura 5. Aplicação do reboco na parede da

sala
Fonte: Elaborada pela autora

Figura 2. Assentamento de blocos cerâmicos

Fonte: Elaborado pela autora

Fonte: Elaborada pela autora
4
Figura 6. Assentamento dos revestimentos
Fonte: Elaborado pela autora
3.4 Análise preliminar dos agentes de risco
Para que um ambiente seguro seja
construído é necessário realizar um
levantamento dos riscos a que os
trabalhadores se expõem em cada tarefa para
assim adotar medidas de como mitigar ou
eliminar os mesmos.
Os riscos foram identificados através
de uma ferramenta de avaliação prévia dos
riscos, a APR – Análise Preliminar de Risco.
Os objetivos desse estudo são de identificar os
riscos, orientar os trabalhadores envolvidos,
organizar a forma que a atividade tem sido
executada e formalizar procedimentos seguros
prevenindo os acidentes do trabalho.
As tarefas envolvendo soluções
alternativas somente devem ser iniciadas
com autorização especial, precedida de
Análise Preliminar de Risco – APR e
Permissão de Trabalho – PT, que
contemplem os treinamentos, os
procedimentos operacionais, os
materiais, as ferramentas e outros
dispositivos necessários à execução
segura da tarefa (MTE, 1995; p.1).
Qualquer tipo de substancia ou
elemento existente no ambiente de trabalho
que se encontre acima do seu limite de
tolerância pode ser considerado um risco
ambiental. Podendo ser prejudicial tanto em
concentração, natureza, intensidade ou tempo
de exposição. Eles são classificados nos
seguintes tipos:
a) físico - apresentam-se como formas de
energias, sendo elas o ruído, as
vibrações, pressões anormais,
temperaturas extremas (calor ou frio),
radiações ionizantes, radiações não
ionizantes, (cor verde);
b) químico - aquelas substancias que
podem penetram no nosso organismo
pela via respiratória (poeiras, fumos,
névoas, neblinas, gases e vapores) ou
pelo contato com a pele e até mesmo
ingestão, (cor vermelha);
c) biológico - caracterizado pelo
aparecimento de microrganismos
como bactérias, fungos, bacilos,
parasitas, protozoários e vírus que
podem contaminar o profissional pela
ingestão, respiração e contato com a
pele, (cor marrom);
d) acidentais - ocorrem devido as más
condições do local, podendo causar
prejuízos a produtividade do
trabalhador assim como a sua
integridade física. Estão relacionados
a utilização de ferramentas,
equipamentos e maquinários
deficientes, (cor azul);
e) ergonômicos - esse tipo de risco
advém de esforço físico em excesso,
principalmente por má postura ou
sobrecarga de peso. Mas pode ser
identificado como uma atividade de
condições psicológicas prejudiciais,
(cor amarela).
A partir dos riscos ambientais pode-se
montar uma Análise Preliminar de Riscos
para poder tomar qualquer medida de
prevenção. A APR foi realizada com base
procedimentos acompanhados, sendo descrito
assim a atividade exercida, o risco exposto, a
causa do mesmo, o efeito gerado, a severidade
e as possíveis medidas de controle.
5
Figura 7. Categorias de severidade das
atividades analisadas
Fonte: MACHADO (2015) apud FARIA (2010)
O modelo de APR adotado encontra-se
no ANEXO 1.
Figura 8. Modelo de APR executado
Fonte: Elaborado pela autora
Após a montagem da APR e
identificação dos riscos é necessário a
elaboração de um plano de ação detalhado.
4 Proposta de intervenção
Com as atividades analisadas e os
riscos classificados elaborou-se um plano de
ação visando estabelecer o planejamento das
ações de segurança do trabalho por meio de
medidas corretivas frente ao ambiente
analisado.
O plano de ação está baseado na NR
18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho
na Industria da Construção, que busca
oferecer um suporte para o bem-estar do
funcionário de uma obra.
4.1 Arranjo físico
A primeira medida a ser tomada para
melhoria dos ambientes de trabalho é
modificar e elaborar um novo arranjo físico
Figura 9. Proposta de arranjo físico
Fonte: Elaborado pela autora
Para a quantidade de trabalhadores
envolvidos na obra o canteiro deve conter
instalações sanitárias, vestiário, local de
refeições.
As instalações sanitárias devem ser
constituídas de um conjunto de bacia
sanitária, lavatório e mictório a cada 20
trabalhadores. E chuveiros um a cada 10.
Diante de tal, a necessidade de possuir 3
lavatórios, mictórios e bacias sanitárias se faz
de acordo com os 45 funcionários. Assim
como cinco chuveiros. Estando em acordo
com NR 18 – Instalações sanitárias.
6
 E um refeitório que possua cobertura,
assentos para os trabalhadores no horário da
refeição, depósito para detritos, ventilação e
iluminação natural e um bebedouro com água
fresca e potável.
Figura 10. Arranjo físico modelado
Fonte: Elaborado pela autora
4.2 Armazém de materiais
A área destinada a concretagem e
armazenagem dos materiais para tal fim, se
encontram em um ambiente exposto as
intempéries e sem qualquer tipo de
compartimento para isolar o material.
Já materiais como cimento, cal, pisos e
revestimentos ficam dispostos no ambiente da
garagem, estão protegidos do tempo, porém
sem nenhuma organização.
Figura 11. Área de concretagem
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 12. Pisos e revestimentos
Fonte: Elaborado pela autora
A proposta elaborada é constituída por
um armazém provisório, toda área de
concretagem fica instalada no armazém,
contendo divisórias para separar a areia, a
pedra e betoneira. O último compartimento é
destinado para armazenar cimento, cal e
outros materiais todos colocados em pallets
para evitar o contato com o solo.
Figura 13. Proposta de armazém
Fonte: Elaborado pela autora
O local foi projetado para que como a
recomendação da NR 18.24 – Armazenagem
e estocagem de materiais, estes sejam
armazenados de forma a não prejudicar o
trânsito de pessoas e materiais como garantir
que os materiais armazenados estejam a um
fácil acesso.
7
4.3 Instalações sanitárias e vestiário
A instalação sanitária existente é
formada por quatros tábuas de madeirite,
cobertas por telhas de fibrocimento e uma
bacia sanitária.
Figura 14. Sanitário montado com placas de
madeirite
Fonte: Elaborado pela autora
Na figura 15 pode-se observar a
necessidade de um vestiário, devido a roupas
e objetos pessoais serem deixados espalhados
pela obra.
Figura 15. Roupas e objetos pessoais
Fonte: Elaborado pela autora
A proposta de mudança é um vestiário
com instalações sanitárias nas dependências
do terreno de apoio da construção que possui
chuveiros, mictórios, lavatórios e bacias
sanitárias para a quantidade adequada de
trabalhadores, segundo a NR-18. E possui
também armários para se guardar as roupas e
objetos pessoais.
Figura 16. Instalações sanitárias e vestiário
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 17. Vista superior do vestiário
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 18. Vista interna do vestiário
Fonte: Elaborado pela autora
Conforme dito no item 4.1 – Arranjo
físico, o vestiário foi projetado para a
quantidade de 45 funcionários, sendo assim 5
chuveiros, 3 mictórios, 3 vasos sanitários e 3
lavatórios.
Os lavatórios são individuais, estando
a 90cm do chão. Os vasos sanitários contam
com uma área de 1,00m², cada uma com
portas, divisórias e recipiente de papel
higiênico. E cada chuveiro possui sua área
mínima de 0,80m², com suportes para
sabonete e cabide para toalha.
8
4.4 Local para refeições
A obra não possui um local adequado
para a refeições. Garrafas de água e café
ficam em mesas com ferramentas, projetos e
objetos pessoais. Durante o horário de almoço
é comum ver os trabalhadores sentados no
chão.
Assim como a Figura 21 mostra a
instalação elétrica precária passando ao lado
da instalação hidráulica, qualquer falha no
sistema pode levar a um grave acidente.
Figura 21. Fiação elétrica ao lado da ligação
hidráulica

Figura 19. Mesa com objetos pessoais e café

Fonte: Elaborado pela autora

Em um ambiente afastado dos

materiais e serviços executados foi elaborado
uma proposta de um ambiente para as
refeições, composto de bancos para realizar as
refeições, um micro-ondas, bebedouro e lixo
Fonte: Elaborado pela autora
para descarte correto dos materiais.

Figura 20. Proposta de refeitório afastado do Figura 22. Utilização de extensão para serra
local de trabalho circular

Fonte: Elaborado pela autora

4.5 Instalações elétricas

Uma das principais causas de acidente

em canteiros de obra ocorrem devido a
instalações elétricas temporárias. É uma
situação decorrente de falta de projeto
adequado e da dificuldade de manutenção.
Fonte: Elaborado pela autora
Como solução é proposto a utilização
de um carretel extensivo, com tomadas e
9
plugs padronizados, sem qualquer tipo de uso
da fiação descascada. Conforme indicado na
NR 18.21 – Instalações Elétricas, que prevê
um isolamento adequado de qualquer parte
viva de modo a assegurar a resistência
mecânica e um contato elétrico adequado.
Logo após o assentamento de tijolos e
recorte das passagens elétricas o responsável
deve estabelecer pontos estratégicos da
instalação de tomadas, para que quando
necessário o uso da eletricidade para qualquer
tipo de ferramenta não é necessário o uso de
ligações irregulares.
Figura 23. Utilização de carretel
Fonte: Elaborado pela autora
4.6 Material imantado
Em qualquer tipo de obra existe uma
grande quantidade de pregos e recortes de
arames espalhados pelo chão, podendo levar a
algum acidente caso o trabalhador pise no
mesmo.
Figura 24. Restos de metais espalhados pelo
chão
Fonte: Elaborado pela autora
Figura 25. Material imantado para coleta de
pregos e afins
Fonte: Elaborado pela autora
Para tal fato pode ser instituído o uso
de “vassouras magnéticas” que possibilitam o
recolhimento de peças metálicas sem que o
trabalhador tenha que agachar, correndo o
risco ergonômico ou estar sujeito a um
acidente.
4.7 Andaime fachadeiro
Para realizar a aplicação de reboco na
fachada da construção foi necessário a
utilização de um andaime para alcançar as
partes mais elevadas.
O andaime escolhido foi o modelo
simplesmente apoiado, porém não é possível
afirmar ser um modelo seguro. Sua base está
apoiada em tijolos, a escada de acesso não é
integrada com o sistema e a área em que o
trabalhador fica não possui nenhum tipo de
guarda corpo ou tela para impedir a queda de
materiais.
Uma solução adequada para o uso de
andaimes é a utilização dos andaimes
fachadeiros. Pois estes possuem acessos
verticais em escada incorporada, sistema
próprio de içamento, tela de material para
impedir a queda de objetos, guarda-corpo e
montantes travados com parafusos. Existindo
também a obrigatoriedade do uso de cinto de
segurança. Conforme a NR 18.15 – Andaimes
e plataformas de trabalho.
10
Figura 26. Andaime utilizado para rebocar Figura 28. Andaime fachadeiro fixado na
fachada fachada

Fonte: Elaborado pela autora

4.8 Linha de vida

Durante a concretagem da laje,

observou-se a ausência de guarda-corpos ou
linha de vida para proteger os trabalhadores
de queda. E a concretagem foi feita através de
um balde de concreto içado por um caminhão
Fonte: Elaborado pela autora
munck, fazendo com que exista o risco de
choque com o profissional.
Figura 27. Representação de andaime
fachadeiro Figura 29. Concretagem de laje com
caminhão munck

Fonte: Elaborado pela autora Fonte: Elaborado pela autora

11
Figura 30. Trabalhador sem proteção
inclinado sobre beiral
Fonte: Elaborado pela autora
A primeira media a ser adotada é a
substituição do sistema de concretagem. Ao
invés da utilização do caminhão munck o
processo se tonar mais ágil e seguro com o
concreto bombeado.
Antes de se iniciar a concretagem é
necessário conferir as condições do mangote
se o mesmo foi acoplado corretamente ou se
não possui nenhum tipo irregularidade.
Figura 31. Modelo de concretagem com
utilização de mangote
Fonte: Elaborado pela autora
Segundo a NR18.13 – Medidas de
proteção contra quedas de altura, é necessário
um sistema de proteção coletiva onde existe o
risco de queda do trabalhador. Assim, para
que a concretagem seja feita de maneira
segura e o trabalhador se movimente pela laje
sem o risco do acidente, pode-se adotar o
sistema de linha de vida.
Figura 33. Instalação de linha de vida
Fonte: Elaborado pela autora
O sistema coletivo para proteção
coletiva contra quedas pode ser classificado
de acordo com a finalidade do sistema.
Podendo ser de restrição de movimento ou de
retenção de queda.
No caso presente devido a necessidade
da movimentação do trabalhador por toda a
área da laje no momento da concretagem é
necessário adotar o sistema de retenção de
queda. Ele não evita a queda, porém depois de
iniciada ele reduz as suas consequências.
Figura 32. Instalação de linha de vida
Fonte: Elaborado pela autora
Na escolha do local de montagem de
uma linha de vida é necessário levar em conta
a distância que o trabalhador percorreria na
queda e também o comprimento do
equipamento que irá detê-lo. Essa razão é
chamada de fator de queda. Quanto mais alta
a ancoragem estiver, menor é o fator de
queda.
Os pilares de fixação fazem com que o
cabo passe acima da cabeça do trabalhador
diminuindo assim o fato de queda.
12
Figura 34. Ilustração da situação ideal para
uma linha de vida
Fonte: Sesi 2017
4.8 Checklist
O checklist é uma técnica que permite
avaliar os procedimentos, locais e
equipamentos de trabalho, afim de verificar
todos os requisitos e cuidados para que os
requisitos de segurança do trabalhador sejam
cumpridos.
Inicialmente para que os riscos fossem
identificados foi utilizada a ferramenta da
APR, em seguida foram sugeridas melhorias
para o ambiente de trabalho e com a checklist
podemos realizar uma fiscalização continua se
as medidas estão sendo cumpridas e quais
novas medidas podem ser implantadas.
O checklist se encontra no Anexo 2.
4.9 Ordem de Serviço (OS)
Outra ferramenta muito utilizada para
prevenir o trabalhador dos riscos é a Ordem
de Serviço. Ela é uma maneira do empregador
informar aos funcionários a respeito dos
riscos presentes no ambiente.
Cada função exercida possui seus
próprios riscos, consequentemente cada uma
deve apresentar sua OS e suas medidas de
prevenção a serem adotadas.
A ordem de serviço preferencialmente
é elaborada pelo SEESMT, porem como pelo
número de funcionários não há exigência.
Qualquer funcionário que represente o
empregador pode elaborar.
Encontra-se no Anexo 3 um modelo
de ordem de serviço.
5 Conclusão
Por intermédio do estudo realizado a
partir das visitas in loco em uma obra
residencial de Presidente Prudente pode-se
concluir a grande falta de procedimentos
visando a segurança do trabalhador no
canteiro de obras.
Para mitigar ou eliminar os riscos
encontrados, foram propostas algumas
soluções - visando melhorar as tarefas
executadas assim como: a implantação da
linha de vida, a utilização de carreteis
extensíveis nas instalações elétricas e a
implantação dos andaimes fachadeiros. Além
das ferramentas de analise e controle como a
APR, checklist e ordem de serviço.
O resultado deparado com o estudo
permite observar a importância e a carência
de medidas de segurança na área da
construção civil, assim como a necessidade
das empresas de pequeno porte de se adequar
com a legislação e as normas técnicas.
Fazendo com que as informações coletadas e
analisadas sejam aproveitadas para a
realização do planejamento de futuros
canteiros de obras.
6 Referências
BERTOLDI, Construção e Perfuração – A
importância do Canteiro de Obras. Disponível
em: <
http://www.bertoldiconstrucao.com.br/noticia
s/a-importancia-do-canteiro-de-obras> Acesso
em 18 mai. 2018.
CHECKLIST, Fácil – Veja os principais itens
de uma checklist de segurança do trabalho.
Disponível em: <
https://www.checklistfacil.com/blog/veja-os-
principais-itens-de-uma-checklist-de-
seguranca-no-trabalho/> Acesso em 18 nov.
2018.
FOCUS, Treinamentos – O que é APR?
Disponível em:
<https://www.focustreinamentos.com.br/wp-
content/uploads/2014/08/APR-MODELO-
COMPLETO.pdf> Acesso em: 15 nov. 2018.
13
GERHARDT, T. E; SILVEIRA, T.
S; Métodos de pesquisa – Porto Alegre:
Editora da UFRGS, 2009.
GODOY, Arilda S. – Pesquisa Qualitativa –
Tipos Fundamentais. São Paulo, v. 35, n.3, p,
20-29, Mai/Jun 1995. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/rae/v35n3/a04v35n
3.pdf> Acesso em 18 mai. 2018.
MACHADO, Daniela B. Segurança do
Trabalho na Construção Civil, um Estudo de
Caso. 215, 64 f. Dissertação (Especialização
em Engenharia de Segurança do Trabalho) –
Universidade Tecnológica Federal do Paraná,
Curitiba, 2015.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego,
Normas Regulamentadoras: Segurança e
saúde do trabalho. NR 04 – Serviços
especializados em engenharia de segurança e
em medicina do trabalho. Brasília, 1983.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego,
Normas Regulamentadoras: Segurança e
saúde do trabalho. NR 05 – Comissão Interna
de Prevenção de Acidentes - CIPA. Brasília,
1999.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego,
Normas Regulamentadoras: Segurança e
saúde do trabalho. NR 07 - Programa de.
Controle Médico de Saúde Ocupacional –
PCMSO. Brasília, 1994.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego,
Normas Regulamentadoras: Segurança e
saúde do trabalho. NR 09 - Programa de
Prevenção de Riscos Ambientais - PPRA.
Brasília, 1994.
MTE, Ministério do Trabalho e Emprego,
Normas Regulamentadoras: Segurança e
saúde do trabalho. NR 18 -
Condições e Meio Ambiente de Trabalho na I
ndústria da Construção. Brasília, 1995.
NWN, Segurança do Trabalho – A APR é
obrigatória em quais segmentos? Disponível
em: https://segurancadotrabalhonwn.com/apr-
analise-preliminar-de-risco-e-obrigatoria-em-
quais-segmentos/> Acesso em: 14 nov. 2018.
NWN, Segurança do Trabalho – Ordens de
serviço para download. Disponível em:
<https://segurancadotrabalhonwn.com/ordens-
de-servico-para-construcao-civil-download/>
Acesso em: 18 nov. 2018
PRODANOV, C. C; FREITAS, E. C.
Metodologia do trabalho científico: Métodos
e Técnicas da Pesquisa e do Trabalho
Acadêmico / 2. ed. – Novo Hamburgo:
Feevale, 2013.
RAUPP, F.M.; BEUREN, I. M. Metodologia
da Pesquisa Aplicável às Ciências Sociais,
teoria e pratica. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2004,
capitulo 3.
SESI, Guia Prático para Cálculo de Linha de
Vida e Restrição para Indústria da
Construção. Disponível em:
<https://cbic.org.br/wp-
content/uploads/2017/12/guia_pratico_para_c
alculo_de_linha_de_vida_e_restricao_para_in
dustria_da_construcao.pdf> Acesso em 14
nov. 2018.
SEESMT, Blog – Checklist – Canteiro de
Obras. Disponível em:
<http://www.sesmt.com.br/Artigo/check-list-
canteiro-de-obras> Acesso em 17 nov. 2018.
SINDUSCON - Ordem de serviço. Disponível
em: <http://sinduscon-
fpolis.org.br/MyFiles/seconci/OS/OS%20-
%20Mestre%20de%20Obras.doc> Acesso em
18 nov. 2018.
TUIUTI, Epi – Conheça os 5 tipos de riscos
ambientais existente. Disponível em:
<https://www.epi-tuiuti.com.br/blog/conheca-
os-5-tipos-de-riscos-ambientais-existentes/>
Acesso em: 14 nov. 2018.
14
ANEXO 1 – ANÁLISE PRELIMINAR DE RISCOS

15
ANEXO 2 – CHECKLIST PARA CANTEIRO DE OBRAS

16
17
18
ANEXO 3 – MODELO DE ORDEM DE SERVIÇO

ORDEM DE SERVIÇO
SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHO

Pela presente Ordem de serviço objetivamos informar os trabalhadores que executam

suas atividades laborais nesse setor, conforme estabelece a NR-1, item 1.7, sobre as condições de
segurança e saúde às quais estão expostos , como medida preventiva e ,tendo como parâmetro os
agentes físicos, químicos, e biológicos citados na NR-9 - Programa de Prevenção de Riscos
Ambientais(Lei nº 6514 de 22/12/1977,Portaria nº 3214 de 08/06/1978), bem como os
procedimentos de aplicação da NR-6 - Equipamento de Proteção Individual – EPI , NR-17 –
Ergonomia , de forma a padronizar comportamentos para prevenir danos a propriedade,
acidentes e/ou doenças.

Nome: Código:
Setor: Função: Mestre de Obras

Atividades
Organiza e supervisiona, no canteiro de obras, as atividades dos trabalhadores sob suas
ordens, distribuindo, coordenando e orientando as diversas tarefas, para assegurar o
desenvolvimento do processo de execução das obras dentro dos prazos, normas e especificações
estabelecidas. Coordena e orienta os serventes, pedreiros, carpinteiros e demais profissionais no
canteiro de obras.
Risco e Avaliação
➢ Físico: Não Identificado
➢ Químico: Poeira
➢ Biológico: Não Identificado
➢ Ergonômicos: Posturas inadequadas de trabalho
➢ Acidentes: Máquinas e Equipamentos sem Proteção, Queda de Altura, Queda de
objetos das lajes superiores, Arranjo físico inadequado (no canteiro): entulhos da construção
(pregos, cacos de cerâmica e pontas de madeira).

Equipamentos de Proteção Individual (EPI) Necessários e/ou Utilizados

➢ Capacete,
➢ Sapato de segurança,
➢ Cinto de segurança com trava-quedas (para trabalhos em altura),
➢ Capacete,

19
 Medidas Preventivas para os Riscos de Ambientais
➢ Uso correto de EPI.
➢ Treinamento para execução das tarefas,
➢ Correção das posturas de trabalho,
➢ Guarda-corpo de proteção periferias, vãos das lajes e escadas,
➢ Aterramento elétrico.

Orientações de Segurança do Trabalho

➢ Não transite pela obra sem capacete e sapatão;
➢ Use seus EPI apenas para a finalidade a que se destinam e mantenha-os sob sua guarda
e conservação;
➢ Observe atentamente o meio ambiente do trabalho à circular na obra, e corrija as
condições, inseguras encontradas, imediatamente;
➢ Não ultrapasse a barreira (cancela) de segurança sem o elevador esteja no seu
pavimento;
➢ Oriente seus encarregados e trabalhadores sobre o processo mais seguro de executar
qualquer trabalho;
➢ Exija de seus encarregados uma reunião preliminar com suas equipes, para discutir as
medidas específicas de segurança a serem adotadas, quando do início de qualquer etapa da obra;
➢ Mantenha a obra sempre limpa e a circulação dos trabalhadores desobstruídas;
➢ Corrija as condições inseguras que forem comunicadas, com o máximo de urgência;
➢ Dê atenção especial à proteção da periferia, dos poços de elevadores, às instalações
elétricas e à manutenção de máquinas e equipamentos, particularmente à serra circular, aos
guinchos e gruas;
➢ Paralise imediatamente os trabalhos em andamento que sujeitem os trabalhadores a
graves e iminentes riscos, especialmente trabalhos em altura quando flagrado sem uso do Cinto
de Segurança;
➢ Oriente, acompanhe e fiscalize os trabalhadores de montagem de andaimes suspensos
mecânicos e verifique, diariamente, os dispositivos de suspensão, antes do início dos trabalhos;
➢ Mantenha o livro próprio para as inspeções de máquinas atualizadas, com registro das
falhas encontradas, medidas corretivas adotadas e a indicação de quem realizaram;
➢ Confira o livro de inspeção próprio do elevador de passageiros e submeta-o,
semanalmente, ao responsável pela obra, para ser visto e assinado;
➢ Encaminhe, com a máxima urgência, o livro de inspeção do elevador de transporte de

20
materiais ao responsável pela obra, quando houver irregularidade no seu funcionamento e
manutenção e inicie imediatamente as medidas corretivas cabíveis;
➢ Não permita alterações nos locais onde tenham ocorrido acidentes graves antes da
realização da perícia ou vistoria da autoridade competente e pelo Órgão Regional do Ministério
do Trabalho.
➢ Providencie atendimento médico urgente aos trabalhadores acidentados;
➢ Prestigie as reuniões da CIPA;
➢ Fiscalize e exija, permanentemente, o uso do EPI apropriado por todos os
trabalhadores de sua obra.

Recebi treinamento de segurança e saúde no trabalho, bem com todos os

equipamentos de proteção individual para neutralizar a ação dos agentes nocivos presentes
no meu ambiente de trabalho.
Serei cobrado, conforme ampara legal, com relação ao uso destes equipamentos e
estou ciente de que a não utilização é passível de Sansões Legais.

Presidente Prudente, ____ de _______________ de ______

_____________________________________

Assinatura do Empregado

21