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IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”


Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5

GRUPO ESCOLAR DR. THOMAS MINDELLO:  
SÍMBOLO DE MODERNIZAÇÃO DO ENSINO PRIMÁRIO NA PARAHYBA DO NORTE 
 
Rosângela Chrystina Fontes de Lima1 
rosangelacfl@gmail.com 
 (UFPB) 
 
 
Resumo 
 
O estudo aqui apresentado objetivou investigar sobre uma significativa instituição escolar, que foi inovadora, criada 
no início do período republicano ‐ o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, no contexto do processo de modernização do 
ensino da cidade da Parahyba e posteriormente João Pessoa, no período de 1916 a 1935. Adotamos uma metodologia 
que manteve durante toda a sua narrativa o entendimento da relação entre o geral e o particular, seja nos aspectos 
relativos  ao  movimento  da  história  da  educação  brasileira,  seja  na  especificidade  paraibana.  A  análise  e  a 
interpretação das fontes documentais coletadas e a conseqüente construção do conhecimento acerca da instituição 
escolar  e  suas  singularidades,  e,  conseqüentemente,  de  uma  parcela  significativa  da  nossa  história  educacional, 
fundamentaram‐se  em  uma perspectiva  crítica  e  problematizadora,  aportados  na  abordagem  teórica  concebida no 
âmbito do  que  os  historiadores  passaram a denominar de  História  Social, tomando por  empréstimo  os  referenciais 
propugnados por Hobsbawm. O corpus documental foi composto de fontes secundárias (bibliografias concernentes à 
temática) e primárias coletadas no Arquivo Histórico da Paraíba, da Fundação Espaço Cultural ‐ FUNESC; no setor de 
obras  raras da  Biblioteca  Central  da  UFPB;  no  Arquivo  das  Escolas  Extintas,  referente  à  1ª  Região  de  Ensino,  e  no 
Instituto  Histórico  e  Geográfico  Paraibano  (IHGP).  Toda  a  documentação  consultada  nos  apontou  para  o 
entendimento de que o referido Grupo Escolar se constituiu em um núcleo disseminador das novas práticas escolares, 
e  um  modelo  que  deveria  ser  seguido  pelas  demais  instituições  de  ensino  primário  na  Parahyba  do  Norte.  Ao 
adentrarmos  na  discussão  em  torno  das  iniciativas  empreendidas  pela  Diretoria  do  Ensino  para  difundir  as  novas 
práticas  pedagógicas,  baseadas  nos  pressupostos  da  Escola  Ativa,  considerando,  por  conseguinte,  a  história  do 
referido  grupo  escolar,  verificamos  que  esse  foi  marcado  por  ser  uma  instituição  disseminadora  da  pedagogia 
renovada, visto que nele se instalaram as instituições auxiliares de ensino 
 
Palavras‐chave: Grupo escolar. Modernidade. Escola Ativa. Instituições Auxiliares de ensino.  
 
Introdução 
 
Esse  artigo  é  resultante  de  um  recorte  da  dissertação  de  Mestrado  intitulada  “Grupo 
Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  e  a  cidade:  espaços  de  difusão  dos  ideais  modernos  (1916‐1935), 
defendida em 2010 no Programa de Pós‐Graduação em Educação – PPGE/UFPB. 
Inicialmente,  o  interesse  em  investigar  o  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello2  surgiu  de 
reflexões, questionamentos e recortes revelados no transcorrer da Pesquisa de Iniciação Científica 

                                                           
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 Mestre em Educação (2010), Doutoranda em Educação PPGE/UFPB. 
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–  PIBIC  (pesquisa  financiada pelo  CNPq), do qual  participei  na  condição  de bolsista.  Tal  pesquisa 
intitula‐se:  “Grupos  Escolares  na  Paraíba  (1916  –  1929):  subsídios  históricos  para  proposta  de 
tombamento”,  que  ocorreu  no  período  de  agosto  de  2004  a  agosto  de  2006.  Daí  surgiu  nosso 
primeiro contato com a temática acerca dos grupos escolares, despertando‐nos especial interesse 
pela supracitada Instituição. 
Assim, a pesquisa que resultou neste trabalho é recorte da dissertação de Mestrado em 
andamento,  intitulado  provisóriamente:  Grupo  Escolar  “Dr.  Thomas  Mindello”  e  a  Cidade: 
compassos  e  descompassos  entre  a  tradição  e a  modernidade, de  caráter  histórico  documental, 
baseada em fontes primárias e secundárias que nos possibilitaram revelar alguns traços da história 
dos  grupos  escolares  e  o  contexto  sócio‐político,  econômico  e  cultural  da  época  em  estudo  e 
particularmente, a criação do primeiro Grupo Escolar paraibano. 
Sendo  assim,  constituiu‐se  fundamental  o  levantamento  e  análise  de  fontes  primárias 
coletadas  no  arquivo  público  do  Estado  da  Paraíba,  localizado  na  Fundação  Espaço  Cultural  – 
FUNESC  e  no  Instituo  Histórico  e  Geográfico  da  Paraíba  ‐  IHGP.  Sendo  que  no  primeiro  Arquivo, 
nos detemos particularmente nos periódicos do Jornal “A União”, imprensa oficial3 do Estado. No 
IHGP,  focamos  a  nossa  atenção  nos  periódicos  do  Jornal  Diário  do  Estado,  que  circulou 
prioritariamente na Capital do Estado da Parahyba do Norte. Ainda no IHGP, encontramos alguns 
exemplares do Jornal “O Educador”, que possuiu curta circulação, apenas no ano de 1922. 
Em  síntese,  entre  idas  e  vindas  aos  arquivos,  podemos  assegurar  que  o  trabalho  neles 
desenvolvidos, 
[...]  é, de fato,  interessante,  e  todo  historiador que  entra  por  essa seara  não se 
cansa de repetir como os momentos passados em arquivos são agradáveis. [...] O 
abnegado  historiador  encanta‐se  ao  ler  os  testemunhos  [...]  Com  o  passar  dos 
dias,  ganha‐se  familiaridade,  ou mesmo  certa  intimidade,  com  [...]  personagens 
que se repetem nos papeis. [...] Os personagens parecem ganhar corpo, e é com 
tristeza que, muitas vezes, percebe‐se que o horário do arquivo está encerrado, 

                                                                                                                                                                                                  
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 Na documentação consultada constatamos que a nomenclatura do referido grupo escolar apresenta gráfia diversa, 
podendo se apresentar como: Dr. Thomas Mindello; Dr. Thomás Mindello; Dr. Thomaz Mindello. Em virtude dessa 
panáceia  (o  nome  Thomas  ora  apresenta  o  uso  do  s,  ora  do  z,  sendo  acentuada  ou  não)  achamos  por  bem 
padronizar no nosso trabalho a gráfia do grupo escolar utilizando como critério de escolha a forma empregada na 
fachada original do grupo escolar, sendo: Grupo Escolar “Dr. Thomas Mindello”. 
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 O termo oficial é utilizado aqui para designar os documentos e instituições provenientes do poder público. 
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que precisamos fechar os documentos e partir [...] essa é a vida da pesquisa: dura, 
cansativa, longa, mas gratificante acima de tudo (BARCELLAR, 2008, p. 24). 
 
Assim, a construção do conhecimento histórico do Grupo Escolar “Dr. Thomas Mindello” 
que  aqui  empreendemos  está  assentada  numa  perspectiva  analítica  que  leva  em  consideração 
tanto  as  informações  que  foram  obtidas  nas  mais  variadas  fontes,  quanto  às  leituras  e  análises 
produzidas pela historiografia recente. 
 
 Antecedentes da criação do primeiro grupo escolar paraibano 
 
Antes  de  adentrarmos  na  análise  mais  aprofundada  dos  antecedentes  da  criação  e 
posterior  inauguração  do  primeiro  grupo  escolar  paraibano  cabe  aqui  tecermos  algumas  breves 
considerações acerca do surgimento desse novo modelo escolar. Assim, a escola graduada/ e ou 
grupo  escolar  surgiu  na  Europa  seguindo  um  movimento  de  modernização  educacional  que 
conferia identidade própria para a escola, bem como, conferia as cidades que abrigavam essa nova 
instituição  escolar  um ar  de  modernidade que  se  refletia  na  construção de  grandes  edifícios. No 
Brasil,  essa  nova  organização  escolar,  surgiu  primeiramente  no  Estado  de  São  Paulo,  no  ano  de 
1894. 
A  escola  primária,  ainda  sob  égide  do  modelo  organizacional  das  escolas  e/ou  cadeiras 
isoladas,  trazia  em  si  uma  feição  antiga,  que  remontava  ao  período  imperial.  Logo,  dentro  do 
projeto educacional republicano, fazia‐se necessário demover da memória quaisquer vestígios do 
antigo regime, imputando a este, todos os malefícios e atrasos dos quais sofrera nossa educação, 
ou seja, era necessário apagar o passado ou, quando não possível, ao menos descreditá‐lo. Assim, 
era necessário que o “novo” se estabelecesse, favorecendo ao mesmo tempo a definição da ideia 
de nacionalidade, conseqüentemente a construção da nossa “brasilidade”, e nada mais concreto e 
sólido  que  o  grupo  escolar,  uma  vez  que  na  sua  grande  maioria  esses  grupos  foram  projetados 
com beleza e monumentalidade. 
Criar um grupo escolar tinha um significado simbólico muito maior que a criação 
de uma escola isolada, cuja precariedade mais se assemelhava às condições das 
escolas  públicas  do  passado  imperial  com  o  qual o novo  regime queria romper. 
Em  certo  sentido,  o  grupo  escolar, pela  sua arquitetura, sua  organização  e suas 
finalidades aliava‐se às grandes forças míticas que compunham o imaginário social 
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naquele período, isto é, a crença no progresso, na ciência e na civilização (SOUZA, 
1998, p. 91). 
 
Na Parahyba do Norte, a implantação do primeiro grupo escolar, objeto particular deste 
trabalho, de  acordo  com  Pinheiro  (2002),  foi  idealizado  como instituição autônoma,  que  remete 
ao  ano  de  1908,  ano  em  que  o  presidente  do  Estado,  em  mensagem  enviada  à  Assembléia 
Legislativa,  ressaltou  a necessidade  de  se  realizar  uma  reforma  na instrução  pública.  Apontando 
assim, a importância da criação dos grupos escolares para a “moderna educação”: 
Seria  [...]  de  grande  vantagem  e faço votos  para que o  meu  honrado  successor 
adopte  o  mais  depressa  possivel  a  recommendada  e  utilissima  instituição  dos 
grupos escolares, reforma que tão largos e fundos beneficios tem produsido nos 
Estados que a introdusiram, como o mais proveitoso dos systemas de ensino até 
hoje conhecido. (Parahyba do Norte, Estado da. Mensagem de 1908, p. 13). 
 
Também  em  1909,  o  mesmo  presidente  já  propunha  para  a  Parahyba  do  Norte  uma 
contínua  substituição  das  “[...]  escolas  comuns  estaduaes  pelos  grupos  escolares  que  são 
instituições mais perfeitas e efficazes para a educação primária”.4 
O  discurso  da  elite  paraibana  sobre  a  necessidade  da  criação  de  grupos  escolares  no 
Estado  reportava‐se  ao  fato  de  outros  Estados  do  Brasil  já  terem,  há  alguns  anos,  iniciado  o 
processo  de  implantação  e  expansão  dessas  unidades  escolares,  consideradas  instituições  de 
ensino mais úteis, 5 por ser “[...] incontestavel a superioridade que decorre desses institutos sobre 
as escolas isoladas, na diffusão do ensino popular”6. 
O  desconforto  com  tal  situação  pode  ser  observado  no  relatório  do  Diretor  Geral  da 
instrução pública enviado ao Presidente do Estado: 
Como  fiz  sentir  com  meu  relatorio  anterior,  a  instituição  dos  grupos  escolares, 
embora  com  organização  modesta,  conformadas  ás  condições  financeiras  do 
Estado, será de maior utilidade para o ensino popular do que as escolas isoladas. 
Nesses  institutos  em  que  terão  de  funccionar  três  ou  mais  escolas  com  um  só 
prédio,  conforme  a população  escolar  da  localidade,  os respectivos  professores 
serão mais estimulados no desempenho de seus deveres, pelo contacto interino 
em  que  se acham.  A  direcção  e  fiscalização  serão  mais  fáceis  e  efficazes,  assim 
aggrupadas todas as escolas. 

                                                           
4
‐  Ver,  na  Mensagem  de  1909, a  lei nº  313,  de  18  de  outubro  de  1909,  que autorizou  o  poder  executivo  a  instituir 
grupos escolares nos municípios (p.22). 
5
‐ Id., Ibid., p. 23. 
6
‐ Ver Mensagem de 1910, p. 17‐18. 
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Esses  institutos  estão  sendo  estabelecidos,  reconhecida  sua  incontável 
superioridade, em diversos estados do paiz, nomeadamente o do Rio Grande do 
Norte,  onde  já  funccionam  creio  que  dez,  nos  moldes  do  typo  adaptados  na 
precitada lei nº 313. 7 
 
Afinal, no estado vizinho, Rio Grande do Norte, como afirmava o então Diretor Geral da 
Instrução  Pública,  as  municipalidades  eram  precursoras  na  construção  de  prédios  e  adoção  de 
material  escolar adequado,  enquanto  que  a  Parahyba  encontrava‐se  à  margem  da  modernidade 
escolar,  contando  com  um  sistema  arcaico  de  ensino.  Para  ele,  o  indispensável  para  a  regular 
instalação  dos  grupos  escolares  seria  prédios  apropriados,  isto  é,  construções  não 
necessariamente suntuosas, mas simplesmente cômodos com boas condições de higiene. 
Nesse  sentido,  a  pesquisa  sobre  a  gênese  e a história  dos  grupos  escolares,  verdadeiras 
“vitrines” da República no Brasil, vêm mostrando como a reunião de escolas isoladas foi aclamada 
como  uma  fórmula  mágica  para  resolver  os  problemas  do  ensino  primário  (SOUZA,  1998,  p.  39). 
No início, as escolas isoladas deveriam ceder lugar, tanto na memória como na realidade espacial, 
para os grupos escolares, mais racionais e abrangentes (FARIA FILHO, 1998). 
 
 A instalação do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello 
 
O  primeiro  grupo  escolar  paraibano  foi  criado  em  1916,  pelo  decreto  nº  778  de  19  de 
julho.  Recebeu  o  nome  do  intelectual  e  político  paraibano  Dr.  Thomas  de  Aquino  Mindello, 
professor  conceituado  pela  elite  e  apontado  pela  imprensa  local  como  sendo  o  principal 
reformador do “Lyceu Parahybano”, fato este que, justificou a homenagem prestada pelo governo 
ao estado da Paraíba, em sugerir seu nome como patrono do novo estabelecimento de ensino. 
O  sr.  dr.  Thomáz  Mindello  referiu  haver‐se  sinceramente  excusado  a  consentir 
que o seu nome patrocinasse o referido grupo, lembrando, em diversas ocasiões, 
em substituição, os de Eugenio Toscano, Cardoso Vieira, Gama e Mello, Epitácio 
Pessôa,  Álvaro  Machado,  etc.,  além  de  outros,  capazes  da  distinção,  por 
merecimentos  intrínsecos  e  serviços  à  Parahyba  [...]  como  justificativa  da 
homenagem,  a  remodelação  praticada  no  Lyceu  Parahybano,  a  qual,  porém, 
declarou,  modestamente,  ser  devido  ao  sr.  dr.  Castro  Pinto,  que  lhe  dera  mão 
forte para sua execução (A UNIÃO, 10/07/1916). 

                                                           
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‐ Documento do Arquivo Histórico da Paraíba ‐ FUNESC, caixa 009, 1910. 
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O  período  entre  a  criação  oficial  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  e  a  sua 
inauguração ocorreu em um curto espaço de tempo, uma vez que, aguardou‐se apenas o período 
necessário para a entrega do edifício à Diretoria Geral da Instrução Pública.  
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 01: Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello após a reforma e ampliação em 1931. 
Fonte: Stuckert Filho, 2004, p 169. 
 
O grupo escolar foi instalado no prédio construído pelo arquiteto italiano Pascoal Fiorillo 
e foi adquirido na administração do Coronel Antonio da Silva Pessôa, 1º vice‐presidente do Estado. 
Verifica‐se,  porém,  que  há  divergências  quanto à  compra  do  prédio  e  a  sua  adequação 
para o funcionamento do grupo escolar. Há registros de jornais que elogiavam a compra do imóvel 
e  outros  que  levantaram  uma  série  de  críticas  e  denuncias  à  administração  e  idoneidade  do 
governo do Cel. Antonio da Silva Pessoa. 
Foi  muito  caro  o  prédio  para  o  Grupo  Escolar  Thomáz  Mindello.  É  tamanha  a 
miséria  de  prédios  públicos  para  as  escolas  nesta  capital  e  no  interior,  que 
estávamos quase a elogiar a compra feita pelo governo do novo edifício da praça 
Pedro Américo, para nele ser instalado o Grupo Escolar Thomáz Mindello. Mas o 
prédio  não  vale  mais  de  40  contos  de  réis,  e  foi  comprado  por  52  contos.  Foi 
carissimo.  [...]  Parabéns  ao  operoso  arquiteto,  Sr.  Paschoal  Fiorillo  por  ter 
encontrado quem advogasse, maneirosamente, esse negócio da China, juntos aos 
próceres situacionaistas. Pena é que não vão as algibeiras do Sr. Paschoal os bons 
lucros  dessa  compra.  Não  queremos  dizer que  o  Sr.  Antonio  Pessoa  também  vá 
comer qualquer coisa, mas podemos garantir que foi explorada a boa vontade de 

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s. exc. para a fundação do primeiro grupo escolar paraibano (DIÁRIO DO ESTADO, 
23/07/1916). 
 
Contrariando  a  informação  citada  acima,  outro  jornal  da  capital,  apresentou  versão 
diferente sobre o fato, isto é, que o estado economizou a quantia de quatro contos de réis para os 
cofres públicos. 
O  sr.  Presidente,  completando  o  seu  pensamento  de  homenagear  ao  sr.  dr. 
Thomáz  Mindello,  colocando  o  novo  instituto  sob  o  patrocínio  do  seu  nome, 
decidiu ontem a aquisição para o Estado do prédio do sr. Paschoal Fiorillo, sito à 
praça do Thesouro. Firmando‐se no laudo dos peritos nomeados que estimaram 
em  cinqüenta  e  seis  contos  aquella  construção,  o  sr.  cel.  Antonio  Pessôa 
contractou  a  compra  por  cincoenta  e  dois  e  já  expediu  para  se  lavrar  hoje,  no 
contencioso do Thesouro, o respectivo contracto. (A UNIÃO, 22/07/1916). 
 
Percebe‐se,  portanto  a  controvérsia  acerca  da  compra  do  imóvel  no  qual  passou  a 
funcionar  o  primeiro  grupo  escolar  paraibano.  Enquanto  um  jornal,  provavelmente,  crítico  ao 
governo  denunciava  que  os  cofres  públicos  perdera  aproximadamente  12  contos  de  réis,  outro 
ressaltava que o estado havia, economizado 4 contos de réis. No entanto, é preciso destacar que, 
o  Sr.  Manuel  Tavares  Cavalcanti,  então  Diretor  Geral da  Instrução  Pública  era,  também,  redator 
chefe  do  Jornal  A  UNIÃO.  Nesse  sentido,  essa  polêmica  fortalece  a  crítica  elaborada  por 
historiadores de que não há neutralidade nas fontes. Conforme Carr (1978, p. 18): 
Nenhum documento pode nos dizer mais do que aquilo que o autor pensava − o 
que  ele  pensava  que  havia  acontecido,  o  que  devia  acontecer  ou  o  que 
aconteceria, ou talvez apenas o que ele queria que os outros pensassem que ele 
pensava,  ou  mesmo  apenas  o  que  ele  próprio  pensava  pensar.  [...]  Os  fatos, 
mesmo  se  encontrados  em documentos,  ou não,  ainda  têm  de ser processados 
pelo historiador antes que se possa fazer qualquer uso deles [...]. 
 
O  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  deveria  sobremaneira  servir  de  modelo  a  ser 
seguido  para  as  demais  instituições  de  ensino  primário,  entretanto,  segundo  o  Jornal  Diário  do 
Estado (23/07/1916) o edifício não atendia: 
[...]  as  necessárias  condições  de  capacidade  para  preencher  as  exigências  da 
higiene  exalar,  trata‐se  de  uma  construção  que  de  nenhum  modo  se  presta ao 
funcionamento  de uma  escola  e,  muito  principalmente,  de  um  grupo  que deve 
conter maior número de alunos. 
Assim não se justifica, de nenhuma forma, o sacrifício do Tesouro, adquirindo, por 
tão  alto  preço  uma  casa  imprópria  para  servir  de  modelo  as  demais  escolas 
primárias do Estado (DIÁRIO DO ESTADO, 23/07/1916). 
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A  má  impressão demonstrada  na  nota acima,  com  relação ao prédio  do  primeiro  grupo 


escolar  paraibano  e  sua  inadaptabilidade  ao  fim  que  se  destinava  também  pode  ser  conferida 
indiretamente na imprensa oficial do Estado, na qual, divulgou em suas páginas (Parte oficial que 
corresponde  hoje  ao  Diário  Oficial)  a  necessidade  de  cumprimento  de  contrato  do  arquiteto 
responsável, no caso Pascoal Fiorillo, no tocante ao termino de algumas adaptações pendentes no 
edifício do grupo escolar: 
Expediente do govêrno do dia 18 de maio de 1917. 
Officios: 
Ao Sr. Dr. director das obras publicas. 
Remettendo‐vos,  com  a  representação  do  Sr.  Dr. director  do  grupo  escolar  “Dr. 
Thomáz Mindello” o incluso officio sob. Nº. 180, datado de 14 do corrente mez, 
dirigido  a  esta  Presidencia  pelo  Sr.  José  Francisco  de  Moura,  director  geral  da 
Instrucção Publica, e da Escola Normal recommendando‐vos que providencies no 
sentido  do  architecto  Pascoal  Fiorillo,  realizar  o  serviço  de  que  trata  o 
mencionado officio, visto o mesmo profissional se ter obrigado a fazel‐o quando 
vendeu  ao  govêrno  do  Estado,  o  prédio  em  que  funcciona  o  alludido  grupo. 
(Jornal A União, 20/05/1917, p. 3). 
 
Verificamos,  que  mesmo  a  Imprensa  oficial  do  Estado  se  viu  obrigada  a  divulgar  as 
pendências de ordem estrutural do edifício escolar, o que legitima as denúncias anteriores feitas 
quanto a real condição do edifício para abrigar um grupo escolar. 
Inicialmente, o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello foi constituído com três cadeiras e/ou 
escolas,  sendo:  uma  mista  (para  ambos  os  sexos),  e  as  outras  duas,  para  o  sexo  masculino  e 
feminino. A mista ficou a cargo de dona Julita Ribeiro, a do sexo masculino sob a responsabilidade 
do Sr. Sizenando Costa e a do sexo feminino com dona Maria Isabel Dantas. A direção do primeiro 
grupo  escolar  da  Paraíba  coube  ao  Dr.  João  Alcides  Bezerra,  que  também  exercia  a  função  de 
Inspetor Geral do Ensino. 
 

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  Figura  3:  Professora  Maria  Isabel  Ramos 
Figura  2:  Julita  Ribeiro,  Professora 
(D. Maroquinha). Foi uma das fundadoras 
  Fundadora  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas 
do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  e 
Mindello.  
  do Instituto São José. 
Fonte: FREIRE, 1982, p. 191.  
Fonte: A União, 4 fev. 1940, p. 8 
 
 
 
  Figura  4:  João  Alcides  Bezerra  Cavalcanti,  1º 
  Diretor  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas 
Mindello, e Diretor Geral da Instrução Pública 
  entre  1916  e  1921.  Fonte:  Jornal  “O 
EDUCADOR”, 01 nov. 1921, s/p. 
 
 
 
 
 
Naquele  momento  histórico  educacional,  ser  professor  de  grupo  escolar  configurava‐se 
referente  ao  ensino  primário  como  uma  verdadeira  ascensão  na  carreira  do  magistério, 
comparando‐se em termos comparativos ao status de ser professor do ensino secundário tanto do 
Lyceu  Parahybano  e  da  Escola  Normal.  Nesse  sentido,  os  professores  que  atuaram  no  grupo 
escolar eram considerados autoridades de ensino. Além disso, alguns intelectuais paraibanos que 

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se destacaram pela forte atuação na educação e na política local/nacional no início da década de 
1910 até fins da década de 1920, foram alunos do grupo escolar. 
 
A solene inauguração do primeiro grupo escolar paraibano 
 
Quanto à  festividade  de inauguração do  primeiro  grupo  escolar  paraibano,  ocorrida  em 
09 de setembro de 1916, foi amplamente divulgada pela imprensa local, merecendo destaque as 
presenças  do  presidente  em  exercício  do  Estado,  Cel.  Antonio  Pessôa;  do  Arcebispo 
Metropolitano, o Exmo. Sr. D. Adaucto, que fez a bênção do edifício e se fez acompanhar dos Srs. 
Monsenhor Odilon Coutinho e padre João Bezerril; contou também com a presença do Dr. Manuel 
Tavares  Cavalcanti,  diretor  geral  da  instrução  pública,  bem  como  de  muitos  professores, 
professoras e intelectuais da sociedade paraibana. 
A  solenidade  teve  selecto  e  numeroso  comparecimento  dos  corpos  docentes  e 
discentes, em quasi a sua totalidade, da Escola Normal, do grupo annexo a esse 
estabelecimento  e  do  Lyceu  Parahybano,  estiveram  presentes  senhoras  e 
senhoritas de nossa melhor sociedade, altas auctoridades professores públicos e 
particulares,  magistrados,  médicos,  advogados,  jornalistas,  etc.  (A  UNIÃO, 
10/07/1916). 
 
A inauguração contou ainda com a execução de uma programação, na qual, todas as suas 
partes  foram  cuidadosamente  ensaiadas  e,  com  sucesso  realizado  pelas  professoras  e  alunos  da 
Escola Normal e grupo escolar modelo2 anexo ao supracitado estabelecimento de ensino. Toda a 
organização  do  programa  intitulado:  “Bênção  do  edifício”  foi  supervisionada  e  minuciosamente 
elaborada  pelo  diretor  geral  da  instrução  pública,  Dr.  Manuel  Tavares  Cavalcanti.  Na  seqüência, 
após  a  bênção  do  edifício  e  do  magistral  discurso  do  diretor  da  instrução  pública,  seguiu‐se  o 
programa,  iniciado  com  o  hasteamento  da  bandeira  nacional  e  concluído  com  o  hino  nacional3, 

                                                           
2
  Nesta data, que não é a de sua fundação, o “Grupo Escolar Modelo” que funcionava como anexo a Escola Normal já 
existia e tinha por objetivo servir de espaço para o exercício das atividades pedagógicas dos alunos que estavam se 
preparando  para o  magistério. Apesar da  nomenclatura de  “Grupo  Escolar”,  este não  se  configurava  como  escola 
graduada, visto não possuir os elementos de seriação, graduação e hierarquização, bem como, por não se tratar de 
uma instituição autônoma, requisitos básicos que configuravam e caracterizavam um grupo escolar. Sendo assim, foi 
apenas em 1916 que se instituiu e se inaugurou o primeiro grupo escolar paraibano, Dr. Thomas Mindello. 
3
  Aspectos como o hasteamento da bandeira nacional e canção do hino nacional presentes na programação, revela a 
perspectiva a qual os historiadores denominam de nacionalismo‐patriótico, conforme Pinheiro (2002).  
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toda  a  execução  do  programa  contou  ainda  com a banda  de  música  da  Força  Policial,  que  tocou 
peças do seu repertório. 
As festas de inauguração dos grupos escolares que ocupavam muito tempo com as preparações 
(desde  a  elaboração  até  a  execução  do  cronograma  de  atividades  proposto  no  programa).  É  o  caso  da 
inauguração do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, na qual, todas as partes de elaboração e execução do 
programa  de  instalação  do  novo  edifício  escolar  foram  minuciosamente  cuidadas  pelos  professores  e 
alunos da escola Normal, sob a supervisão do Dr. Manuel Tavares Cavalcanti, Diretor da Instrução Pública 
do Estado. O jornal “A União”, divulgou amplamente a inauguração do primeiro grupo escolar da Paraíba, 
transcrevendo na integra o seu programa: 
 
 
Programa 
“Benção do Edifício” 
Instalação do grupo – Alocução análoga ao ato pelo diretor da Instrução Pública. 
Hasteamento  da  Bandeira  Nacional  –  sendo  entoado  o  hino  pelos  alunos  das 
Escolas Normal, Modelo e Grupo. 
Hino dos livros – pelos alunos do 1º grau da Escola Modelo. 
A cidade da luz – de Luiz Delfino, por Isaurina de Mattos Dourado. 
A boneca – cançoneta – por Zilda Teixeira. 
Saudação  ao  grupo  recém  instalado  –  pela  senhorita  Noemia  Ribeiro,  aluna  da 
Escola Normal. 
A Escola – Recitativo – por Avany Fonseca. 
A  Professora  –  Comedia  –  por  Clívia  Carneiro,  Maria  Luiza  Mouraes,  Maria  da 
Penha Vinagre e Maria de Lourdes Coelho. 
Os Dois Edifícios – de Valentim Magalhães por Heloysa Almeida. 
Alocução de Agradecimento – pelo Diretor do Grupo. 
As Flores – Canto – pelos alunos do 1º grau da Escola Modelo. 
Um dia de anos – Monologo – por Maria de Lourdes Coelho. 
As duas lagrimas – Recitativo – por Isaurina de Mattos Dourado. 
Saudação ao Patrono do Grupo – pelo aluno Augusto da Silveira Paulo. 
O Gaturamo – Canto – por Jenay Tavares Bonevides. 
Hino Nacional – pelos alunos da Escola Normal, Modelo e Grupo.8 
 
As festas escolares conforme podemos inferir a partir da programação acima explicitada, 
marcaram ritos de passagem e a difusão de costumes, envolvendo em determinados seguimentos 
sociais o  espírito  cívico, ou  seja, as  festas  escolares  se  configuraram num acontecimento  público 
que reunia no mesmo evento a comunidade escolar, as famílias dos alunos, políticos, intelectuais e 
                                                           
8
 Esta programação foi também publicada no Jornal Diário do Estado em 23 de julho de 1916 e encontra‐se no texto 
de Pinheiro (2006, p.114). 
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a  imprensa  de  modo  geral.  Faziam‐se  discursos,  cantavam‐se,  representavam‐se,  tudo  com 
preparação prévia visando mostrar a disciplina e a excelência pedagógica do estabelecimento de 
ensino  e  da  educação  nele  ministrada.  Por  conseqüência  aspectos  da  modernidade  educacional 
era  transmitida  através  das  mudanças  cotidianas  da  escola,  dentro  e  fora  dela,  com  seus  ritos, 
hinos e passeatas, difundindo assim os princípios republicanos. 
 
Funcionalidade do espaço físico do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello. 
 
 
A escola graduada inaugurou um novo tipo de relação entre a escola e a cidade, uma vez 
que aprofundou  as  atividades  de  comunicação  e  de  cultura  com a  comunidade,  proporcionando 
momentos de integração entre corpo docente, discente e pais dos alunos. Ainda no grupo escolar 
eram  oferecidos  cursos,  palestras  e  oficinas  que  favoreciam  o  “engrandecimento  educacional  e 
social”. 
À escola foi delegada, historicamente, a função de formação das novas gerações, ou seja, 
a  escola  se  constituiu  no  locus  privilegiado.  Assim,  os  constantes  processos  de  urbanização 
parecem  ter  destacado  a  escola,  transformando‐a  em  um  espaço  social  privilegiado  tanto  de 
educação quanto de convivência social, e, portanto, em ponto de referência fundamental para a 
constituição das identidades dos sujeitos que margeiam este espaço, ou seja, numa dialética entre 
o interno e o externo, entre a cidade e a escola. 
Monarcha (1999, p. 230) afirma que, no início no século XX: “Os edifícios dos grupos são 
marcos  arquitetônicos  na  paisagem  urbana da  capital  e  das  cidades  do  interior  [...]  Apresentam 
um padrão arquitetônico definido – criados por arquitetos famosos [...].” 
Na  figura  5,  a  seguir, observamos  em  primeiro  plano  a  imagem aérea  do  Grupo Escolar 
Dr. Thomas Mindello, e sua peculiar composição em “V”, ocupando na extensão do seu terreno, 
todo um quarteirão: (1) Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello, (2) Comando da Polícia, (3) Correios e 
Telégrafos, (4) Quartel de Policia e (5) Teatro Santa Roza. 
 

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Figura 5: Foto aérea, de 1934, onde podemos observar o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello e o seu entorno 
urbanístico. 
Fonte: Stuckert Filho, 2004; p. 06. 
 
Na Paraíba do Norte, o seu primeiro grupo escolar encontrava‐se fora dos padrões usuais 
para edificações escolares, apesar de assinado por um renomado arquiteto – Pascoal Fiorillo ‐, o 
fato é que o prédio onde se instalou o Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello não foi projetado para 
este fim. 
Salvo  essa  particularidade  quanto  à  arquitetura  singular  desse  grupo  escolar,  notamos 
que  a utilização  das  suas  dependências  físicas  excedia  para  além  da  sala  de  aula,  para  além  das 
funções didático‐pedagógicas, sendo um importante centro de cultura e administração pedagógica 
do  ensino  primério,  muito provavelmente  por  sua localização privilegiada,  no  coração da  Capital 
paraibana, próxima as principais esferas de poder e cultura, como é possível observar na figura 5. 
A utilização do espaço físico do grupo escolar Dr. Thomas Mindello esteve além de suas 
funções pedagógicas, como podemos constatar ao observar em sentido horário o gráfico a seguir:  
 

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GRÁFICO I 
Utilização do espaço físico do Grupo Escolar Dr. Thomas Mindello 
 

 
 
Certamente  o  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  contava  com  conforto  e  higiene,  e 
também  pelo  status  social  que a  ele  foi  atribuído de  modo  geral.  Diversos  eventos,  festividades 
cívicas,  reuniões  e  conferências  tomavam  por  empréstimo  as  dependências  físicas  do  referido 
grupo escolar. Assim, podemos aqui enumerar algumas delas. 
A  realização  dos  exames  primários  das  escolas  públicas  da  capital  é  constatada a  partir 
dos  editais  publicados  por  ordem  do  Diretor  Geral  da  Instrução  Pública,  Dr.  Eduardo  Pinto  de 
Medeiros,  que,  em  1919,  afirmou:  “[...]  faço  sciente  aos  interessados  que  os  exames  finaes  das 
escolas  públicas  primárias  diurnas  desta  capital  se  realizarão  [...]  na  séde  do  grupo  escolar  “Dr. 
Thomáz Mindello”. (A UNIÃO, 06 nov.1919, p. 3). 

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Assim,  em  data  previamente  escolhida  e  publicada  via  edital,  à  Diretoria  Geral  da 
Instrução  Pública determinava que  todos  os  exames  finais  das  escolas  e/ou  cadeiras  isoladas  da 
capital  seriam  realizados  no  referido  grupo  escolar.  Posteriormente,  os  demais  grupos  escolares 
passaram a ceder suas dependências para este mesmo fim. 
O  Sr.  Dr.  inspector  geral  do  ensino  determinou  que  se  iniciassem  na  próxima 
sexta‐feira, nove do corrente, os exames primarios das escolas publicas da capital. 
Esses  exames  serão  procedidos  no  grupo  escolar  Dr.  Thomas  Mindello  [...]  No 
referido  dia  nove  e  no  subsequente  se  effectuarão  os  do  grupo  escolar  Dr. 
Thomas Mindello. 
É  facultado  aos  Srs.  Professores  de  escolas  isoladas  levarem  para  alli  os  seus 
alumnos afim de prestarem exames conjunctamente com os do grupo (A UNIÃO, 
08 out.1917, 1917, p. 2). 
 
No entanto, esta não era a única atribuição dada ou mesmo concedida aos edifícios dos 
grupos escolares. 
Ainda  no  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello,  fundou‐se  a primeira  “Caixa‐Escolar”  9  da 
Parahyba  do Norte,  denominada  de  Caixa  Escolar  “Arruda  Câmara”,  fundada  em  16  de  junho  de 
1917 e inaugurada em 6 de maio de 1919, por iniciativa da Sociedade dos Professores Primários da 
Parahyba.  
Além  das  sessões  extraordinárias  dos  sócios  da  Sociedade  dos  Professores  Primários  da 
Parahyba  e  da  Caixa  Escolar  “Arruda  Câmara”,  funcionava  também  no  referido  grupo  escolar 
algumas escolas de ensino noturno.  
A  expansão  desta  modalidade  de  ensino,  como  observamos,  ocorreu  de  forma 
acelerada na década de 1920. Este crescimento, entre outros motivos, se deu pela 
exigência  do  mercado  de  trabalho  aos  adultos  que  almejassem  nele  entrar  e 
permanecer, e ao trabalho infantil, pois crianças que trabalhavam durante o dia, 
não  apresentavam  condições de matricularem‐se  nas  escolas diurnas da  capital, 
restando‐lhes assim, os cursos noturnos. 
No  entanto,  devido  à  precária  condição  financeira  dos  alunos  destes  cursos 
noturnos,  a  Sociedade  dos  Professores  Primários  da  Parahyba  disponibilizava 
mantimentos e roupas para o alunado por meio da Caixa Escolar Arruda Câmara, 
com  sede  no  Grupo  Escolar  Thomás  Mindello  e  da  Caixa  Escolar  existente  no 
Grupo Escolar Isabel Maria das Neves (PAIVA; LIMA, 2008, p. 6). 
 

                                                           
9
 As Caixas Escolares que se fundaram no Estado foram regulamentadas no governo Camillo de Hollanda, através do 
decreto n.º 1.015, de 24 de abril de 1919.
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Ainda  sobre  o  ensino  noturno  e  sua  relação  direta  com  o  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas 
Mindello,  o  Jornal  A  União  (1917,  p.  2)  publicou  que  Celso  Affonso  Pereira,  a  época  Diretor  do 
Ensino  Noturno,  determinou  que:  “[...]  a  directoria  do  ensino  nocturno,  a  seu  cargo,  no  grupo 
escolar  Dr.  Thomáz  Mindello,  [...]  dá  expediente  e attende,  das  dezoito ás  vinte e  uma  horas,  as 
pessôas que lhe precisarem falar.” 
Nas  suas  dependências  físicas,  também  funcionou,  outra  importante  instancia 
organizacional do ensino público paraibano, qual seja, a Inspetoria do Ensino, como nos assegura a 
nota a seguir:  
Hoje, de 9 ás 11 horas, o Sr. inspector geral do ensino estará na sede da Inspectoria, 
no  grupo  escolar  Dr.  Thomáz  Mindello,  afim  de  fornecer  aos  Srs.  professores 
públicos desta capital os attestados de exercicio relativos ao proximo passado mez. 
Alli  e  não  em  sua  residencia,  deverá  ser  procurado  para  esse  fim.  (A  UNIÃO,  02 
ago.1917; p. 1). 
 

Nesse  contexto  de  grandes  inovações  educacionais,  sob  orientação  das  idéias  do 
movimento  escolanovista,  surgem  às  instituições  de  auxilio  à  causa  educativa,  como  estas  que 
foram fundadas na Parahyba do Norte: 
 
1 – Biblioteca Escola, 
2 – Caixas Escolares; 
3 – Cinema Educativo; 
4 – Círculo de Pais e Mestres; 
5 – Curso/ e ou Escola Complementar; 
6 – Clubes Agricolas Escolares; 
7 – Jardim da Infância; 
8 – Jornal Escolar; 
9 – Museu Escolar, 
10 – Rádio Educativo. 
 
Na  Parahyba  do  Norte,  não  podemos  deixar  de  dar  destaque  ao  Grupo  Escolar  Dr. 
Thomas  Mindello,  o  qual  pode  ser  apontado  como  a  principal  instituição  disseminadora  destas 
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IX SEMINÁRIO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS “HISTÓRIA, SOCIEDADE E EDUCAÇÃO NO BRASIL”
Universidade Federal da Paraíba – João Pessoa – 31/07 a 03/08/2012 – Anais Eletrônicos – ISBN 978-85-7745-551-5

instituições  auxiliares  do  ensino,  visto  que  neste  estabelecimento  de  ensino  eram  processadas 
todas  as  inovações  pedagógicas  ditas  modernas,  tanto  as  de  ação  educativa  quanto  as  de  ação 
social. Desse modo, relacionamos os jardins de infância, jornais escolares, Museus, Rádio, Cinema 
educativo,  Clubes  agrícolas,  e  Curso/  e  ou  Escola  Complementar  como  sendo  as  instituições  de 
ação  educativa.  As  de  ação  social  e  de  assistência  –  Associações  de  Pais  e  Mestres  e  as  Caixas 
Escolares.  
A  escola,  como  espaço  de  convivência  social,  torna‐se  um  centro  de  referência  pessoal 
que  marca  os  sujeitos  que  por  ali  passam,  pelo  simples  fato  de  estar  nessa  e  não  em  qualquer 
outra, fruto de traços que a identificam, a tornam única. 
A escola, que deve ser o reflexo dos ideaes e tendências da communidade, não 
póde manter‐se afastada da communidade, mas, ao contrario, deve formar parte 
della,  variando  com  ella,  e  proporcionando  egual opportunidade  para  todos. (A 
UNIÃO, 30 mar.1932, p. 1). 
 
Portanto,  ao  confrontarmos  nossas  fontes  frente  à  emergência  dos  demais  grupos 
escolares na capital paraibana, verifica‐se que, mesmo com a inauguração dessas novas unidades 
de  ensino  primário,  o  status  do  Grupo  Escolar  Dr.  Thomas  Mindello  permanecera  superior  aos 
demais grupos, levando‐se em conta a elevada ocorrência de eventos na sede desta instituição de 
ensino.  Talvez,  isto  se  deva  ao  fato  de  que  este  tenha  sido  o  primeiro  do  seu  gênero  a  ser 
implantado  na  Parahyba  do  Norte,  marcando  o  início  de  todo  um  complexo  processo  de 
reestruturação do ensino público primário paraibano. 
 
 
 Considerações finais 
 
De  acordo  com  a  análise  das  informações  coletadas,  os  indícios  nos  indicam  que  os 
grupos escolares ocasionaram diversas transformações na instrução pública primária do Estado da 
Parahyba do Norte. Houve, com a criação destes novos núcleos de ensino, uma reestruturação do 
espaço escolar, tanto em seu aspecto físico como em seu aspecto burocrático e pedagógico. Além 
disso,  se  percebe  que,  em  nenhuma  outra  época,  a  escola  primária  contribuiu,  de  forma  tão 
expressiva, para reforçar o imaginário da República. 
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A implantação do primeiro grupo escolar a partir de 1916, na cidade da Parahyba, atual 
João Pessoa, constituiu o novo espaço escolar da cidade, criado à luz do ideário positivista e das 
reformas  educacionais  propostas  para  aquele  momento histórico.  A  sua instalação  foi  resultado 
das  aspirações  culturais  das  lideranças  políticas  e  de  alguns  intelectuais  que  se  tornaram 
importantes atores das relações e nos jogos de poder tanto de ordem econômica quanto política e 
cultural entre as esferas municipal, estadual e federal. 
Portanto,  essa  nova  modalidade  institucional  de  ensino  primário  marcou 
consideravelmente  a história  da  educação, pois  a  escola era,  naquele  momento,  uma  instituição 
em  construção.    Estava  deixando  as  casas  e  as  igrejas  para  ocupar  um  espaço  próprio.  Estava 
tornando‐se pública, no duplo sentido da palavra: deixava de ser coisa do mundo do privado (da 
casa e, portanto, da intimidade familiar), e, também, tornava‐se conhecida, reconhecida. 
Por  fim,  elencamos  algumas  contribuições  para  futuras  pesquisas,  uma  vez  que  a 
natureza  desta investigação  provocou  o  surgimento  de  questões  pouco  conhecidas,  e  de  outras 
que até o momento não haviam sido exploradas, mas que poderão ser relativamente aclaradas em 
futuros  trabalhos.  Afinal,  é  necessário,  pois,  analisar  mais  detidamente  tanto  o  conjunto  dessas 
instituições,  enquanto  política  pública  voltada  à  melhoria  do  ensino  primário,  quanto  investigar 
cada  uma  delas  isoladamente,  identificando  suas  particularidades,  seu  alcance  e  eficácia,  seus 
métodos,  suas  práticas  desenvolvidas  dentro  de  uma  perspectiva  inovadora  da  escola  ativa,  e, 
acima  de  tudo,  analisar  os  impactos  que  ocasionaram  dentro  e  fora  do  espaço  escolar  público 
primário.  
 
Referências 

CARR, E. H. Que é História? Rio de Janeiro, Paz e Terra, 1978. 
BACELLAR,  Carlos.  Uso  e  mau  uso  dos  arquivos.  In:  PINSKY,  Carla  Bassanezi  (org).  Fontes  Históricas.  São  Paulo; 
Contexto, 2005. 
MONARCHA, Carlos. A reinvenção da cidade e da multidão: dimensões da modernidade brasileira: a Escola Nova. 
São Paulo, Cortez; Autores Associados, 1989. (Coleção educação contemporânea. Serie memória da educação). 
FARIA  FILHO,  Luciano.  A  escola  no  movimento  da  cidade:  os  grupos  escolares  em  Belo  Horizonte.  Educação  em 
Revista, Belo Horizonte. Nº. 26, dez / p. 89‐101; 1998. 
FREIRE, Carmem Coelho de Miranda. História da Paraíba (Para uso didático). João Pessoa – PB: A União, 4 ed.; 1982. 

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PINHEIRO, Antonio Carlos Ferreira. Da era das cadeiras isoladas à era dos grupos escolares na Paraíba. Campinas, SP: 
Autores Associados, São Paulo: Universidade São Francisco, 2002. (Coleção educação contemporânea). 
__________.  Grupos  Escolares  na  Paraíba:  iniciativas  de  modernização  escolar  (1916‐1922).  In:  VIDAL,  Diana 
Gonçalves  (org.).  Grupos  escolares  ‐  cultura  escolar  primária  e  escolarização  da  infância  no  Brasil  (1893‐1971). 
Campinas, SP: Mercado de Letras, 2006. 
SOUZA, Rosa Fátima de. Templos de Civilização: a implantação da escola primária graduada no Estado de São Paulo 
(1890‐1910). São Paulo: UNESP, 1998. 
 

Fontes 
 
Jornal DIÁRIO DO ESTADO, ano II, Parahyba; 23/07/1916. 
Jornal A UNIÃO, ano XXIV, Parahyba, 1916. 
Jornal A UNIÃO, ano XXV, Parahyba, 1917. 
Jornal A UNIÃO, Paraíba, 04/02/1940, p. 8 
Jornal “O EDUCADOR”, Parahyba, Ano I; n. II; 07/11/1921. 

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