Академический Документы
Профессиональный Документы
Культура Документы
NA
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos.
Acordam os Desembargadores integrantes da Sétima Câmara
Criminal do Tribunal de Justiça do Estado, à unanimidade, em dar provimento ao
recurso para absolver o apelante, com fundamento no art. 386, VII, do Código de
Processo Penal Custas na forma da lei.
Participaram do julgamento, além do signatário, os eminentes
Senhores DES.ª LAURA LOUZADA JACCOTTET E DES. JOSÉ CONRADO
KURTZ DE SOUZA.
Porto Alegre, 18 de dezembro de 2012.
R E L AT Ó R I O
DES. CARLOS ALBERTO ETCHEVERRY (RELATOR)
1
L D E JU
NA
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
VOTOS
DES. CARLOS ALBERTO ETCHEVERRY (RELATOR)
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
J: Ele deixou para venda? R: Sim... J: Qual foi o valor de venda desse carro,
teria que vender por quanto? R: Uns R$ 20.000,00. J: E esse carro tinha
prestações de financiamento? R: Ele devia... Se fosse somar, devia R$
28.000,00. J: Sim, mas quem te pagasse R$ 21.000,00, receberia o carro
quitado? R: Sim. Daí, a financeira dá o desconto para quitar o carro. J:
Quem iria fazer a quitação para o senhor? R: Eu ia fazer a quitação, por isso
que o Éderson me repassou o dinheiro para eu fazer a quitação. J: E o senhor
acabou fazendo o que desse carro afinal? R: Eu vendi para o Alexandre. Daí,
a minha empresa fechou. J: Tu recebeste os R$ 21.000,00? R: Não, R$
18.000,00. J: R$ 18.000,00? R: Isso. Daí, a minha empresa fechou. J: Mas
não era R$ 21.000,00? R: Não, para quitar era R$ 18.000,00, com desconto.
Daí, a minha empresa fechou. Os carros foram todos levados a depósito.
Daí, quando eu consegui liberar, eu acertei com o Alexandre. O Alexandre
fez um parcelamento em 12 vezes. Eu paguei o carro para o Alexandre e o
Alexandre na mesma hora devolveu o carro para o seu Euclides. E o seu
Euclides entregou ao banco o que ele devia, porque eu já tinha pagado 4
prestações para o senhor Euclides. J: O senhor tem prova de que o carro foi
entregue ao Alexandre? R: Está aqui os recibos e tudo. VM: O senhor que
juntar agora doutor? J: Se não tem nos autos, tem que estar, não é. VM: Vou
colocar aqui, recibos do senhor Euclides, recebendo o carro de volta. J: Mas
por que já não juntou esses comprovantes? VM: Isso, aqui, chegou na minha
mão depois, doutor. J: Então, nós vamos juntar ao processo esses
(inaudível). VM: E está o Alexandre Veículos devolvendo também o carro.
J: Vamos juntar documentos, então. E o seu Euclides ficou com prejuízo,
então, na sua ótica, nesse negócio? R: Na minha ótica, porque eu cheguei a
pagar 4 prestações, ainda, para ele, certamente foram baixadas do valor da
quitação do veículo. J: Mas ele tinha um carro parcialmente pago que valia
R$ 18.000,00? R: Não tinha nenhuma prestação paga, ele comprou o carro
na Chicago, e quando ia vencer a primeira prestação deu um problema nele e
ele ficou muito doente, eu não sei se ele está até hoje. Daí, o filho esteve lá e
disse: “O pai não vai conseguir pagar, só de remédio ele vai gastar xis por
mês, não vai ter condições. Repasse esse carro, enquanto tu não repassar, vai
pagando as prestações”. Foi o que eu fiz. J: Com a palavra o Ministério
Público. MP: Quem era o filho? R: O nome do filho do... Dele era... J: Não
lembra? R: Não lembra de cabeça agora. Vendi dois carros (inaudível) e um
outro carro. MP: Esse filho firmou algum documento com a empresa do réu?
R: Não, só deixou o carro comigo para a venda. MP: E o recibo, segundo o
senhor falou, a transação foi acabada, foi fechada, quem é que firmou o
recibo? R: Senhor Euclides deu o seu recibo de quitação, está com a
assinatura dele. MP: Foi o filho ou foi o suposto homem idoso, esse? R: Foi
o senhor Euclides. O idoso, o senhor Euclides, está com a assinatura do
senhor Euclides. MP: Posso dar uma olhada no documento juntado, doutor.
Essa declaração, aqui, ela se trata de uma fotocópia, sem reconhecimento de
firma. O valor disso aqui é questionável para reconhecer como quitação. J:
Por que não está reconhecida essa firma aqui? MP: Não, e é fotocópia. R: A
original, eu acho que está guardada comigo, mas tem que juntar a original?
VM: Junta. R: Está bem, mas estão em casa as originais. J: O senhor tem
4
L D E JU
NA
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
carro, que eu paguei foi outro, foi trinta e sete mil. J: Quando o senhor
comprou? T: Na época que eu comprei. J: Doutor defensor, alguma
pergunta? D: Doutor, essa mesma pergunta que o senhor fez ali, ele disse
que teria um prejuízo de sete, eu pergunto, ele recuperou o carro, o Carlos
Augusto devolveu o carro para ele? J: Ele devolveu o carro para o senhor? T:
Ah, aí foi com o Alexandre, eu tive uma guerrinha com o Alexandre, tive
que pressioná-lo muito, até tive que fazer uma declaração... até tive que
assinar um documento pra ele me devolver, se não ele não me devolveria o
carro. J: Então, o Alexandre entregou para o senhor o carro de volta? T:
Entregou, mas pressionado, eu gastei mais de quatro mil cruzeiros numa
firma, numa empresa de... que faz uma procura e localiza o automóvel. J:
Doutor, outra pergunta? D: É, eles fizeram um termo de rescisão, o que eu
queria dizer, fizeram um termo de rescisão, ele recebeu o carro de volta e o
Carlos Augusto pagou daí o Alexandre, reembolsou o Alexandre, então, ele
não teve prejuízo, eu só queria saber se ele teve esse prejuízo, se valor de
quatro mil que ele gastou? J: Quatro mil foi o que gastou para localizar o
veículo. D: É, que ele recebeu o carro de volta. Bom, eu só queria saber, ele
recuperou o carro dele, só isso. Então está. Não tenho mais perguntas,
Doutor. J: Alguma coisa a mais que o senhor queira dizer? T: Não. J: Nada
mais.” (fls. 165/166v).
“A testemunha de acusação FLÁVIO KAISER FRUCTOS referiu
que: “J: Essa negociação entre o seu pai e o acusado, o senhor está a par
disso, do Vectra? Sabe como foi feito isso? T: Como foi feito, foi assim,
detalhes da negociação, eu não sei, mas quem apresentou o meu pai, o
Euclides, fui eu, eu tinha feito negócios antes com ele, como aconteceu, eu
recebi em troca de um apartamento que eu vendi, um carro, passando pela
frente da loja dele, parei, ofereci, perguntei se teria condições, ele
prontamente disse ”não, tenho interesse”, eu fiz o negócio com ele, tudo
tranqüilo, vendi o meu carro, teve uma demora no pagamento, mas tudo
certo. O meu pai me pediu uma ajuda, ele estava com problemas financeiros,
ele me pediu “Flávio, eu preciso vender o carro”, eu disse “olha, pai, eu
conheço alguém que vendeu o meu carro, foi rápido, assim, assim”, levei o
meu pai junto com a minha mãe, apresentei ele, e, dali em diante, a
negociação ficou entre as partes, o meu pai me chamou um dia dizendo
“olha, eu tô com problemas, parece que o Guto”, o qual é o nome que a
gente chamava, “ele tá com problemas, e eu não tô conseguindo encontrar o
meu carro”. Nós tivemos em contato com (inaudível), ele disse “não, eu já
vendi o seu carro, vou negociar”, enfim, superficialmente, é o que eu sei da
negociação. Futuramente, o que foi feito, o que foi negociado, quando ele
pegou o carro, quando o meu pai (inaudível) o carro, isso eu não tenho
detalhes de como aconteceu. J: O senhor ficou sabendo, mesmo que seja
pelo seu pai, quanto foi afinal o prejuízo total dele? T: Não, não... J: Porque
ele disse no depoimento agora que ele contratou uma empresa e conseguiu
achar o carro? T: Sim. J: E recebeu de volta, o carro, da pessoa que tinha
comprado e falou em prejuízo de sete mil reais. Ele está com problema de
surdez e foi até um pouco difícil da defesa fazer pergunta, eu fiz perguntas e
fiquei com essa dúvida. T: Certo. Eu vou lhe dizer assim, a negociação que
6
L D E JU
NA
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
9
L D E JU
NA
ST
U
T R IB
IÇ A
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA
R S
CAE
Nº 70049217771
2012/CRIME
E tal prova não foi aportada aos autos. Ao que tudo indica a conduta
do réu reflete nada mais do que má gestão de seus negócios, do que não se infere o
dolo exigido no tipo penal em análise.
Sendo assim, não há como concluir, modo estreme de dúvidas, que
esteve presente o dolo do réu em obter vantagem ilícita em detrimento da vítima,
elemento subjetivo do tipo previsto no art. 171, caput, do CP.
Dispositivo
10