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Angina é uma dor torácica relacionada com a falta de oxigênio para o tecido cardíaco por baixo
suprimento ou por alta demanda.
Causas de aumento da demanda: aumento da FC, aumento da força de contração, aumento da pré
e pós carga, hipertensão arterial, hipertrofia do VE, estresse e atividade física.
Como diminuir a demanda: uso de beta bloqueadores e bloqueadores de canal de cálcio seletivos
para o coração
Há 3 tipos de anginas:
Estável ou de esforço
relacionada na maior parte das vezes com o rompimento das placas instáveis (ruptura -
agregação plaquetária).
obstrução da luz geralmente ocorre por trombos após a ruptura da placa.
Dor em repouso por mais de 20 min.
Essa dor é progressiva, ou seja, em menos de 2 meses há a progressão da percepção da
angina acentuadamente.
40% dos pacientes apresentam depressão do seguimento ST.
Isquemia transitória.
Variante
Se ficarmos mais de 20 minutos com o vaso totalmente ocluído ocorre necrose do miocárdio.
Classe III - dor no peito a mínimos esforços (escovar dente, vestir roupas).
Classe II - dor no coração há médios esforços (fazer uma caminhada, subir uma escada).
Classe I - paciente não sente dor só se fizer exercícios físicos de grande impacto.
Para saber se é infarto, é preciso fazer a dosagem de alguns parâmetros bioquímicos. Hoje, já temos
uma troponina ultrassensível detectada em picogramas, que em 3 horas é identificada no sangue.
Nesse meio tempo, o paciente deve ser medicado e a dosagem da troponina serve como uma
confirmação.
Qualquer uma das anginas é um processo que pode ser reversível, mas sempre é um processo de
injúria, nem que seja transitoriamente. Se não reverter a angina instável em 20 minutos, tem o IAM.
Nas três anginas tem-se de um caso de isquemia e a conduta é reverter o quadro e aumentando a
oferta ou diminuindo a demanda por oxigênio.
Geralmente se tem depressão dos seguimentos ST nas anginas estável e instável, porque quem está
sofrendo é a região subendocárdica. Quando eu falo da angina variante, todas as camadas do
coração estão sofrendo com a falta de oxigênio, por causa da vasoconstricção, por isso é transmural
e eu tenho elevação de seguimento ST.
As anginas instável e variante podem acontecer com o paciente em repouso, então, nesses casos,
deve-se administrar um vasodilatador e, especificamente para a variante, pode-se administrar um
bloqueador de canal de Ca2+.
Qual a diferença de angina e infarto? Infarto tem a necrose, enquanto a angina é apenas a injúria
dos miocardiócitos. Devido aos sintomas do infarto, ele é muitas vezes subdiagnosticado. Por isso, é
importante realizar o ECG.
Infarto sem supradesnivelamento de segmento ST: pode ser uma angina instável ou pode ser
também um infarto agudo do miocárdio.
O eletrocardiograma ajuda no prognóstico, pois ele mostra se o paciente teve lesão, necrose ou
isquemia.
ECG sem supra de ST: é angina instável ou infarto? Conduta: dá nitrato e espera 5 minutos. Se a dor
não passar, dá nitrato de novo e espera mais 5 minutos. Se a dor ainda não melhorou, dá nitrato
pela terceira vez e, se a dor não passar, vai tratar como infarto, mesmo se não for infarto. Na angina
variante também tem supra de ST, mas ela melhora com o uso de nitrato. Além disso, ela tem o seu
horário característico.
Como ter certeza se o paciente teve infarto ou angina? Há alguns parâmetros bioquímicos que
auxiliam.
O tratamento farmacológico da angina tem como função aumentar o suprimento e/ou diminuir a
demanda de oxigênio pelo tecido cardíaco.
Nitrato provoca a dilatação principalmente da parte venosa. O retorno para o coração é com menor
pressão, então tem uma diminuição da pré-carga. Consequentemente, a demanda de energia para
fazer a sístole é reduzida.
Não se deve associar Bloqueadores de canal de Ca2+ seletivos para o coração com β-bloqueador.
Medicamentos Coadjuvantes
No tratamento da angina, muitas vezes é feito o uso de aspirina (AAS) e estatina. Não são
medicamentos para angina.
AAS – impede que o paciente tenha uma agregação plaquetária que evolua para uma oclusão total
do vaso, podendo levar ao IAM. Não é anticoagulante.
Mecanismo de ação: atua através da geração de NO, que ativará a guanilato ciclase, que catalisará a
formação de GMPc a partir do GTP. Com o aumento do GMPc, há a ativação da GMPc PK que
fechará o canal de Ca2+. Sem Ca2+ o vaso não contrai e se mantem em estado de vasodilatação.
Além de relaxar a musculatura vascular, o nitrato faz a inibição da agregação plaquetária, que é
benéfica para o paciente com angina.
Problema do nitrato: paciente que faz uso do nitrato tem que ficar um período do dia sem usar o
medicamento, porque existe uma limitação na conversão do nitrato em NO, fazendo com que o
organismo desenvolva tolerância.
A formação de NO a partir do nitrato depende de uma fonte de grupos sulfidrilas livres. O paciente
precisa ficar algumas horas do dia sem fazer o uso do medicamento para haver a produção dos
grupos sulfidrilas.
O próprio estresse oxidativo causado pelas espécies reativas de oxigênio, que são produzidas no
organismo, normalmente ajudam nesse esgotamento da conversão de nitrato em NO.
Isso tem importância, pois cada angina tem um horário característico de manifestação de sintomas.
A angina clássica de esforço acontece geralmente no momento do esforço, então o período sem o
uso de nitrato seria a noite. Já a angina variante ocorre de madrugada e no início da manhã, então
faz-se o uso do nitrato antes de dormir.
nitrato provoca vasodilatação de vasos subendocárdicos, que é uma região muito afetada
em pacientes com angina.
OBS: os bloqueadores de canal de Ca2+ são mais atuantes para vasos epicárdicos;
OBS: na angina variante há uma injúria transmural. Nas outras duas anginas, tem-se o
comprometimento do subendocárdio.
São os únicos fármacos que provocam dilatação dos vasos colaterais.
Fármacos
Para alguns pacientes, faz a associação de um β-bloqueador com um nitrato. Se o nitrato provocar
taquicardia reflexa, teria o β-bloqueador para controlar a frequência cardíaca.
Tratamento de angina aguda/emergência: não tem Mononitrato. Tem Dinitrato nas formas
intravenosa e sublingual (mais utilizada). Outra possibilidade seria a Nitroglicerina, mas no Brasil o
Dinitrato é o mais utilizado.
Β-BLOQUEADOR
Receptores β1 e β2*
o Propranolol
o Nadolol
o Pindolol
Receptores β1 (cardiosseletivos)
o Atenolol
o Metoprolol
o Bisoprolol
o Acebutolol
o Esmolol
Propranolol pode causar depressão mental por ser um fármaco lipossolúvel e ter ação no SNC.
Utilizado para medo do palco, tremor fino das mãos e controle da enxaqueca crônica.
Nadolol, Atenolol e Metoprolol são hidrossolúveis, então a excreção é renal. Se o paciente tiver
insuficiência renal, demorará mais para o fármaco ser excretado. Ele pode acumular no organismo,
fazendo a pressão arterial do paciente cair, causando uma taquicardia reflexa, o que é péssimo para
um paciente com angina. Por isso, a dose deve ser ajustada em pacientes com insuficiência renal.
Indicação:
Redução da intensidade das crises agudas;
Aumento da tolerância aos exercícios;
Substituição do nitrato sublingual;
Prevenção de re-infarto e
Aumento da sobrevida.
Diltiazem e Verapamil NÃO são usados em hipertensão arterial (apesar de estar na tabela).
Bloqueadores De Canal De Ca2+ são muito utilizados para angina variante. Podem ser usados em
quadros de angina instável em pacientes que não respondem às outras duas classes farmacológicas
(nitrato e β-bloqueador). Também são usados quando o paciente apresenta angina após estresse ou
exercício.
Deve-se sempre optar pelos fármacos com maior tempo de ação no organismo: Anlodipino e
Felodipino.
O Bepridil tem tempo de meia-vida bastante elevado, mas é utilizado apenas em angina refratária,
porque ele provoca agranulocitose como efeito colateral e porque, mesmo sendo um antiarrítmico,
em algumas situações ele pode provocar arritmia cardíaca.
Levitra, Cialis e Viagra – são inibidores de fosfodiesterase 5, que degrada GMPc. Então esses
fármacos provocam o aumento de GMPc. O nitrato também aumenta o GMPc. Ao usar esses
fármacos ao mesmo tempo, o aumento intenso de GMPc provoca uma queda drástica da pressão e
o paciente pode ter um AVC isquêmico e uma parada cardíaca. Se for fazer uso dos dois
medicamentos, faz o uso do nitrato e, então, espera no mínimo 24 horas para fazer o uso de um
inibidor de fosfodiesterase. Se fez uso de inibidor de fosfodiesterase, espera no mínimo 24 horas (se
for Cialis, espera no mínimo 36 horas) para fazer o uso do nitrato.