Objetivo: Analisar a construção de um ideário nacional e uma identidade a partir das
relações de gênero que constitui uma relação de poder que corrobora em reforçar as hierarquias. Fontes: Jornais, Boletins de ocorrências, discurso do rei. - A autora constrói uma análise através do evento dos reis da Bélgica, porque ele permitiria enxergar um processo de identidade nacional a partir das relações de gênero. - A preocupação com as relações de gênero e com a honra sexual, se dava por que as hierarquizações baseadas em raça e classe estavam sendo atacadas como ilegítimas, não democráticas e antibrasileiras. A defesa a honra da família, de acordo com os juristas, era algo importante na construção de uma nação moderna. A partir disso, a autora demonstra todo o esforço das autoridades em preservar a República e as classes dominantes das ditas “classes perigosas” por meio da “higienização” e “moralização”. Uma mudança no pensamento ocorre a partir da Primeira GM, no qual o espírito nacionalista que surge a partir desse período faz com que os cariocas comecem “a discutir que tipo de imagem nacional a cidade deveria simbolizar”. O evento analisado pela autra, a partir da vinda dos reis da Bélgica, é o que suscitará um debate sobre como a cidade deveria ser apresentada, surgindo a preocupação de como definir uma identidade nacional. Surge um novo debate sobre honra no Rio de Janeiro, com o intuito de manter as ovas configurações de poder nacional e internacional, além de reforçar as hierarquias que já predominavam na sociedade. Dentre os debates entorno da honra, a autora caracteriza o gênero como uma categoria privilegiada de distinção social e que, na versão liberal brasileira, caracterizava a “civilização moderna”. Logo, “a defesa dos valores da família e da honra sexual desempenhou um papel importante tanto na construção da ‘Cidade Maravilhosa’ que seria mostrada, quanto no surgimento dos aspectos vergonhosos da geografia social da cidade, que seriam escondidos pelos monarcas”. - O negro foi excluído na construção da Cidade Maravilhosa, a autora cita, rumores que mencionavam a seleção de militares brancos para a marinha. - Os reis que viriam ao Rio carregavam consigo os valores que o Brasil mais estimava: honra, moralidade e civilização moderna. Toda a crueldade realizada no Congo a partir da dominação imperial se justificava com a ideia de um esforço por parte da monarquia belga em levar a civilização ao estes povos, o que a elite brasileira também tentava impor. - a civilização simbolizada por Alberto e Elisabeth, combinava a modernidade com uma concepção patriarcal de honra e nação. “o rei é a cabeça, mas a rainha é a alma”. As imagens construídas de uma população respeitosa e ordeia, o que representava a família nacional, não significava uma equiparação democrática das classes. Era uma forma de separar as mulheres dos homens e as classes trabalhadoras dos setores mais altos da sociedade, das classes médias. “As famílias” referente ao setor privilegiado representavam o setor mais civilizador, mais europeia culturalmente e racialmente que as “massas populares”. O fato de conseguir controlar o comportamento das famílias brasileiras diante as novas ideologias que pulsavam na europa e colocavam a mulher nos mesmos lugares que os homens, forneceu evidencias de que o Brasil havia atingido uma ordem social superior à da Europa. - Para fazer do Rio uma vitrina da República, as autoridades passaram a decretar medidas autoridades com o objetivo de modernizar a cidade. Para satisfazer os interesses de uma minoria, as autoridades municipais trabalharam para “civilizar” e “sanear” o centro da cidade. - A autora descreve os dois polos sociais opostos na cidade, que de acordo com Chalhoub seria “a cidade codificada e desejada pelos brancos e a cidade instituída pelos negros”. - Os projetos de saúde pública no séc XIX articulavam-se com as noções de moralidade. - As políticas implentadas neste período, em nome da “higiene social”, tinham o objetivo de por um fim as misturas, impondo uma divisão entre o público e o privado. - O gênero era fundamental nas concepções de público e privado - Seguindo as ideias europeis nas tentativas de sanear e modernizar as famílias burguesas do RJ, os juristas chegaram a conlusão que “O instinto maternal e a inibição sexual inata faziam com que a mulher “normal” fosse submissa e casta, ao passo que a fragilidade física e psíquica a tornava suscetível à contaminação física e moral. As mulheres eram naturalmente feitas para a vida doméstica, na qual constituíam a força moralizadora”. Já o espaço público era destinado ao homem, porque suas condições biológicas o tornava imune as constaminações morais. Essa relação da mulher com o espaço privado acaba interferindo também nas relações de trabalho, aonde as empregadas “de casa”, geralmente eram jovens e inexperientes, eram mais controladas e mantidas em casa sob vigilância do patrão. As empregadas “de fora”, já experientes e não virgens, não tinham essa mesma preocupação. As mulheres que frequentavam lugares públicas automaticamente tinha sua vida sexual questionada. “saber se uma moça ‘saía sozinha’ era essencial para determinar sua ‘honestidade’ sexual”. - A autora traz os significados inversos de lugar seguro e perigo para mulheres brancas da classe média e as empregadas. Que normalmente sofriam abusos físicos e sexuais nas casas aonde trabalhavam. - As mulheres de classe trabalhora não possuíam essa interpretação a respeito dos locais públicos como podendo comprometer sua reputação. - Distinção entre trabalhados masculinos e femininos. - As mulheres branca “de boa aparência” eram empregadas especialmente como vendedoras, tornando- as suspeitas de prostituição clandestina. - Através da análise a respeito da hierarquia entre as prostitutas estrangeiras e brasileira,s nota-se uma mudança de ideias em relações as mesmas, pois, de acordo com o texto da Schittini, as brasileiras passam a ser vistas como superiores moralmente em relação as estrangeiras, o que de fato não ocorria no inicio da Republica. - A prostituição era vista como um mal necessário, tendo em vista os desejos incontroláveis dos homens. - Uma maior preocupação da política com a vadiagem, a prostituição e a criminalidade, tendo em vista situações mais sérias que permeavam o período. A transformação do Rio em uma vitrine, ajudando a assegurar a posição do país entre as nações independentes, honradas e civilizadas do Ocidente incluía uma “modernização e “europeização”. O que levou as autoridades a esconderem as principais causas da pobreza, das moradias inadequadas e das epidemias, ao associa-las a depravação moral e à inferioridade racial. “Campanhas moralizadoras” em defesa da honra da família e da civilização brasileira. - a autora demonstra as insatisfações por parte das classes populares - Há a tentativa de desfaçar os problemas sociais através da aparência do Rio de Janeiro. - falha da democracia no Brasil, República falha. Os reis não teriam conhecido a verdadeira face do Rio, as autoridades apenas mostraram uma parte da cidade, escondendo os problemas decorrentes da falta de interesse das autoridades e da ineficiência do governo municipal para com a maioria da população, que havia sido segregada por meio da repressão e escondida nas favelas que haviam se formado e nos subúrbios do Rio. Espaços de sociabilidade masculinas que eram geograficamente definidos a partir das distinções sociais. A lapa era destinado principalmente aos homens da burguesia, que buscavam fugir do confinamento da família tradicional, e os mais pobres iam ao mangue, aonde a vigilância policial era maior. Ocorre uma transformação na boemia carioca com a maior participação da mulher no espaço público pós primeira guerra. “Para outros, a liberdade sexual feminina sinalizava a vitória da desordem e do vício característicos das “massas populares” sobre o refinamento civilizado das elites”.