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Tempo e Narrativa

Cap. 2. A composição da intriga: Uma leitura da Poética de Aristóteles (p. 56)

Ricoeur inicia sua argumentação explicando os dois motivos que o levaram a


escolher a Poética, de Aristóteles.

1) O conceito de muthos, traduzido por composição da intriga1, é vista como a


“réplica invertida”, a resposta (réplique inversée) à concordância-discordante
de Agostinho. (Ricoeur chega a chamar de “triunfo” (triomphe) da
concordância e, depois, fala que a concordância “repara” (répare2) a
discordância.
2) O segundo conceito norteador é o de mimèsis (atividade mimética). Este
conceito o remete à problemática “da imitação criativa da experiência
temporal viva pelo viés da intriga” (p. 56).

O objetivo de Ricoeur é investigar as “operações de mediação entre a experiência


viva e o discurso” (p. 57).

1. A célula melódica: o par mímesis-muthos

-“Quando, na segunda e terceira partes desta obra, defender o primado da compreensão


narrativa, seja com relação à explicação (sociológica ou outra) em historiografia, seja com
relação à explicação (estruturalista ou outra) na narrativa de ficção, defenderei o primado3
da atividade produtiva de intrigas com relação a qualquer espécie de estruturas estáticas,
de paradigmas acrônicos4, de invariantes intemporais.” (p. 60)

-“A imitação ou a representação é uma atividade mimética na medida em que produz


algo, ou seja, precisamente o agenciamento dos fatos pela composição da intriga. [...] [p.

1
Veremos, posteriormente, porque Ricoeur escolheu essa tradução e veremos porque nós
escolheremos utilizar “enredo”, no lugar de “intriga”.
2
Meu esclarecimento da palavra “réparer”: 1. renovar = remete a um estado; reparar algo; consertar
algo. 2. Preencher, corrigir.
3
Meu esclarecimento da palavra primado: “condição do que está em primeiro lugar; prioridade.
Excelência, superioridade.”
4
Meu esclarecimento da palavra acrônico: “Cujas características não dependem da ação do tempo; que
não está sujeito à ação do tempo; atemporal.”
62] a mímesis de Aristóteles tem um único espaço de desdobramento: o fazer humano, as
artes de composição.” (p. 61-62)

2. A intriga: um modelo de concordância

-“A questão que não nos abandonará até o fim deste livro é saber se o paradigma de
ordem, característico da tragédia, é suscetível de extensão e de transformação, a ponto de
poder ser aplicado ao conjunto do campo narrativo.” (p. 68)

3. A discordância incluída

4. O antes e o depois da configuração poética

-“E, se traduzirmos mimèsis por representação, não deveremos entender por essa palavra
uma duplicação de presença, como ainda se poderia esperar da mimèsis platônica, e sim
o corte que abre o espaço de ficção. O artíficie de palavras não produz coisas, produz
apenas quase coisas, ele inventa o como-se.” (p. 82)

-“No entanto, a equação entre mímesis e muthos não esgota o sentido da expressão
mímesis práxeos. [...]. Mas o fato de o termo práxis pertencer tanto ao domínio real,
desenvolvido pela ética, como ao domínio imaginário, desenvolvido pela poética, sugere
que a mímesis não tem somente uma função de corte, mas também de ligação, que
estabelece precisamente o estatuto de transposição ‘metafórica’ do campo prático pelo
muthos. Se assim for, é preciso preservar na própria significação do termo mímesis uma
referência ao antes da composição grega. Chamo essa referência mímesis I, para distingui-
la de mímesis II – a mímesis-criação – continua sendo a função central. Espero mostrar
no próprio texto de Aristóteles os indicadores dispersos dessa referência ao antes da
composição poética. Isso não é tudo: a mímesis que é, como ele nos lembra, uma
atividade, a atividade mimética, não encontra o termo visado por seu dinamismo apenas
no texto poético, mas também no espectador ou no leitor. Há, assim, um depois da
composição poética, que chamo de mímesis III, cujas marcas também buscarei encontrar
no texto da Poética. Ao enquadrar assim o salto do imaginário pelas duas operações que
constituem o antes e o depois da mímesis-invenção, não penso enfraquecer, mas sim
enriquecer, o próprio sentido da atividade mimética investida no muthos. Espero mostrar
que ela tira sua inteligibilidade [p. 83] de sua função de mediação, que é a de conduzir do
antes do texto ao depois do texto por seu poder de refiguração.” (p. 82-83)

-“[...] a poética transpõe em poema o agir e o padecer humanos.” (p. 83)


-“As qualificações éticas vêm do real. O que depende da imitação ou da representação é
a exigência lógica de coerência.” (p. 84)

-“Em suma, para que se possa falar de ‘deslocamento mimético’, de ‘transposição’ quase
metafórica da ética para a poética, é preciso conceber a atividade mimética como ligação
e não apenas como corte. Ela é o próprio movimento de mímesis I para mímesis II.” (p.
84)

-“Desde o começo, o termo poíesís imprime a marca de seu dinamismo a todos os


conceitos da Poética e faz deles conceitos de operação: a mímesis é uma atividade
representativa, a sýntasis (ou sýnthesis) é a operação de dispor os fatos em sistema e não
o sistema em si mesmo. [...] [p. 87] A partir daí, todos os bosquejos de mímesis III no
texto de Aristóteles são relativos a esse ‘prazer próprio’ e às condições de sua produção.
Gostaria de mostrar de que maneira esse prazer é ao mesmo tempo construído na obra e
efetuado fora da obra. Ele junta o interior e o exterior e exige que seja tratada de maneira
dialética essa relação entre o exterior e o interior [...]. [Alguns estudiosos agem] Como se
a linguagem não estivesse desde sempre lançada para fora de si por sua veemência
ontológica!” (p. 86-87)

-“Reconheço que as alusões que a Poética faz ao prazer proporcionado por compreender
e ao prazer proporcionado por experimentar temor e piedade – que, na Poética, formam
um único gozo – constituem apenas o bosquejo de uma teoria de mímesis III. Esta só
ganha toda a sua envergadura quando a obra expõe um mundo de que o leitor se apropria.
Esse mundo é um mundo cultural. O principal eixo de uma teoria da referência depois da
obra passa portanto pela relação entre poesia e cultura. [...] [p. 92] A Poética de
Aristóteles não faz nenhuma incursão nesse terreno. Mas define o espectador ideal e,
melhor ainda, o leitor ideal: sua inteligência, suas emoções ‘depuradas’, seu prazer, na
junção da obra e da cultura que aquela cria.” (p. 91-92)

Cap. 3. Tempo e Narrativa: a tripla mímesis (p. 93)

-“

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