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Atualmente, há um virtual consenso entre historiadores católicos romanos,

ortodoxos e protestantes a respeito da ausência do papado na Igreja Primitiva


(aqui http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2016/02/historiadores-e-teologos-
catolicos.html e aqui
http://heresiascatolicas.blogspot.com.br/2016/03/historiadores-e-teologos-
catolicos.html). Além disso, historiadores católicos de renome como Klaus
Schatz e Yves Congar afirmam que a igreja oriental nunca aceitou o primado
jurídico do bispo de Roma (aqui
http://respostascristas.blogspot.com.br/2016/03/o-oriente-alguma-vez-
reconheceu-um.html). Dessa forma, advogo a posição de que só faz sentido se
referir ao bispo de Roma como um papa após o grande cisma de 1054.
Obviamente estou aqui tomando o ponto de vista católico romano segundo o
qual o papa é o chefe supremo de toda a Igreja de Cristo. Como protestante eu
não acredito nisso, pois não concedo que a Igreja de Cristo esteja circunscrita à
igreja romana. Antes do cisma, a Igreja de Roma estava em comunhão com a
Igreja Oriental (uma comunhão bem precária e cheia de interrupções). Se a
Igreja Oriental era considerada parte da Igreja cristã por Roma e ainda assim
não aceitava o primado jurídico do bispo romano, não há que se falar em papado
nesse período.
Todavia, o foco desse artigo é o período pós-cisma na igreja ocidental. Alguém
pouco familiarizado com a história da igreja poderia pensar que o papa reinava
soberanamente sem questionamentos ao seu poder doutrinário. Muito pelo
contrário. Mesmo em tal época o papa sofreria severos questionamentos
teológicos. Houve épocas em que o conciliarismo foi adotado por diversos
teólogos da Igreja acidental. O ápice foi a solução conciliarista empregada para
resolver o chamado “grande cisma do ocidente” (aqui http://www.e-
cristianismo.com.br/historia-do-cristianismo/o-grande-cisma-do-ocidente.html).
Vejamos o que o historiador católico romano Joseph Kelly escreveu na obra “The
Ecumenical Councils of the Catholic Church: A History”. A maior parte das
citações podem ser verificadas nesta cópia online (aqui
https://books.google.com.br/books?id=jLrn2Nx-g2YC&pg=PR3&hl=pt-
BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q&f=false):
Os códigos canônicos sempre permitiram todo tipo de possibilidade, não
importando quão aparentemente minuciosa, absurda ou improvável. No início do
século XIII, os juristas canônicos haviam especulado sobre o que fazer se um
papa caísse em heresia. De forma lenta, mas verdadeira, alguns juristas
canônicos construíram a visão de que o papa não tem um domínio absoluto
sobre a igreja porque o poder da igreja é maior que o dele. Eles
especularam que o poder supremo na igreja residia no conselho
ecumênico. Estas poucas frases resumem décadas de desenvolvimentos muito
complexos. A superioridade do concílio sobre o papa é a teoria conciliar. A
aplicação prática é o conciliarismo. (p. 107)
O conciliarismo muitas vezes foi uma visão popular na igreja ocidental:
Empurrados pelos governantes e a nobreza [durante o Grande Cisma], em 1409
os cardeais de ambos os papas os abandonaram e se encontraram na cidade
italiana de Pisa, onde proclamaram a necessidade de ir acima das cabeças
dos papas para um concílio geral, citando as consequências do cisma por esta
clara violação do direito canônico. Com algumas grandes exceções
(Alemanha, os Reinos espanhóis), a Europa católica os apoiou (...) Muitos
na Europa católica, tanto clérigos como leigos, acreditavam que o papado nunca
se reformaria e que apenas um concílio poderia realmente reformar a igreja
(...) A crença nos poderes curativos de um concílio reformador nunca
morreu até a Reforma (...) As tradições conciliares correram fortemente no norte
da Europa. (p. 107, 121, 123)
Muitos concílios medievais reivindicaram autoridade sobre o papa:
Este [o ensinamento do Concílio Ecumênico de Constança] é o conciliarismo no
seu nível mais básico. O Concílio afirma que se encontra sob a orientação do
Espírito Santo, que representa a Igreja Católica e, portanto, tem autoridade
suprema na igreja, e que sua autoridade deriva de Cristo e até mesmo os
papas devem obedecer ao Concílio (...) Mas nenhum estudioso duvida que
Constança quis dizer o que disse, porque em 1417, antes de escolher um novo
papa, o conselho aprovou um segundo grandioso decreto que afirmava que o
novo papa deveria chamar outro concílio cinco anos depois de Constança
acabar, depois outro sete anos depois, e depois um concílio a cada dez anos
para que, em vigor, houvesse um concílio em cada pontificado. Os líderes de
Constança realmente desejavam mudar a estrutura governamental da
igreja (...) Muitos católicos, incluindo governantes e bispos, favoreceram o
conciliarismo, e Martinho [o papa Martinhho V] foi obrigado a obedecer ao
decreto. (p. 111, 114)
Kelly também discute o conciliarismo do Concílio de Basileia-Ferrara-Florença-
Roma (p. 114-119). Ele observa que o cardeal escolhido pelo papa Eugenio IV
para abrir o concílio e presidi-lo era ele próprio um conciliarista (p. 114). Até o
Conselho de Trento, o "fantasma do conciliarismo" ainda estava na mente da
liderança católica, e temia-se o reavivamento do conciliarismo em Trento quando
o Papa Pio IV parecia estar próximo da morte (p.145).
Quão significativo é o conciliarismo medieval? Por um lado, mina o apelo popular
católico a uma suposta unidade pré-Reforma. A igreja católica romana pré-
reforma tinha um nível de divergência muito superior àquela que a visão
romantizada dos católicos modernos comporta. Em segundo lugar, o apoio
conciliar e papal ao conciliarismo é problemático para as reivindicações de
autoridade do catolicismo romano. Em terceiro lugar, a dúvida generalizada
sobre algo tão simples e fundamental como a autoridade papal, tão tarde quanto
a era medieval pós-patrística e mesmo no Ocidente, demonstra quão frágeis são
as bases históricas do papado.
A resistência dentro da igreja ocidental à supremacia papal persistiria após a
reforma. É exemplo notável o galicanismo (aqui -
https://pt.wikipedia.org/wiki/Galicanismo). Esse era o movimento que pregava a
independência da Igreja francesa. Eles também faziam uso do conciliarismo. O
historiador protestante George Salmon escreveu sobre o apologista católico e
proponente do galicanismo Bossuet:
Bossuet era, no seu tempo, o terror dos sectários protestantes, o mais confiável
campeão de sua Igreja. Mas ele lutou por ela não só contra os protestantes, mas
contra a teoria da infalibilidade, então chamada Ultramontana, porque se
manteve do outro lado das montanhas, mas rejeitado pela Igreja Galicana. Em
outra palestra, devo falar mais sobre os princípios do galicanismo e da sua
história. Basta mencionar que uma das suas doutrinas fundamentais era
que as decisões doutrinárias do Papa não deveriam ser consideradas como
definitivas, que poderiam ser revisadas, corrigidas ou mesmo rejeitadas
por um concílio geral ou pela Igreja em geral. O tratado formal de Bossuet em
prova desse princípio era um armazém de argumentos, em grande parte
inspirado nas controvérsias dos anos de 1869 a 1870. Todavia, este princípio foi
condenado com um anátema no Concílio Vaticano do último ano (...) A ironia dos
eventos poderia dar uma refutação mais singular do que essa? Um homem
escreveu um livro para provar que o protestantismo é falso porque os
protestantes discordam entre si, e o romanismo é verdadeiro porque suas
doutrinas são sempre as mesmas e seus filhos nunca discordam. Mas, em
alguns anos ele próprio é classificado com um adorador do diabo pelas
autoridades autorizadas da religião que ele defende, e cujas doutrinas ele
supunha serem suportadas pelos demais. Podemos dizer que os campeões
romanistas do presente podem não ser os melhores. O Cardeal Manning pode
estar seguro de que, à medida que o desenvolvimento da doutrina romana
prosseguir, ele não pode ser deixado de fora dos limites da ortodoxia e ser
classificado entre os adoradores do diabo pelos campeões romanistas do
próximo século? (FONTE - https://archive.org/details/infallibilitych02salmgoog)
Salmon traz um argumento importante. Ele parte do exemplo de Bossuet para
questionar o fervor com que muitos católicos defendem sua fé. A tradição da
igreja romana não é fixa. Ninguém sabe o que a igreja estará ao certo ensinando
no futuro. Alguém que hoje é considerado ortodoxo poderia ser visto como um
herege pelos padrões que a igreja adotar no futuro. Eu fiz um argumento
semelhante quando discuti Tomás de Aquino e Imaculada Conceição. Concedo
que a maioria dos católicos não o tem como herege, mas deveriam se forem
consistentes com seus próprios critérios. Os apologistas romanos afirmam que
não havia problema em negar a imaculada conceição, já que a Igreja ainda não
havia se pronunciado em definitivo. O problema dessa defesa é que mina a
retórica de que a Igreja romana apenas dogmatiza aquilo que “sempre foi a fé da
igreja”. Gerações e gerações de cristãos tiveram crenças que mais tarde seriam
inclusive objeto anátemas. Imagine aplicar o mesmo raciocínio à igreja primitiva.
Uma vez que a divindade de Cristo só foi definitivamente estabelecida no
Concílio de Niceia, não haveria problema em negar a doutrina antes do concílio.
Nenhum pai da igreja da igreja desculparia a heresia dessa forma.
A obra de Kelly (aqui https://books.google.com.br/books?id=jLrn2Nx-
g2YC&pg=PR3&hl=pt-
BR&source=gbs_selected_pages&cad=3#v=onepage&q&f=false) é uma
poderosa fonte contra as reivindacações da apologética católica. Ele expressa o
consenso dos historiadores modernos que contradiz a ideia de que a igreja
primitiva era católica romana. Ele se refere a outros estudiosos católicos que o
ajudaram no processo de pesquisa e edição do livro (p. 11). Ele contrasta o atual
papel dos papas nos concílios ecumênicos com seu envolvimento no passado
(p. 2, 5), observando, por exemplo, que "o segundo conselho ecumênico de
Constantinopla chamado em 381, reuniu-se, decidiu as questões e encerrou-se
sem informar o papa Damaso I (366-384) de que um concílio estava
acontecendo" (p. 5). Ele contrasta a visão do Cardeal Newman sobre o
desenvolvimento doutrinal com a crenças populares sobre esse assunto em
gerações anteriores (p.3). Ele se refere a uma visão mais espiritual da presença
eucarística de Jesus nos primeiros teólogos, contrastando com os pontos de
vista de teólogos posteriores que tinham "uma compreensão mais material da
presença real" (p.5). Ele se refere à rejeição do papado durante a era patrística
no norte da África (p. 16, 31). Mesmo alguns bispos da Itália no século VI
"entraram em cisma e não se reconciliaram com Roma até o século VII" (p.54).
Ele interpreta o cânon 6 de Niceia como uma referência à autoridade regional de
Roma no ocidente (p. 23-24). Referindo-se ao tempo de Niceia, Kelly escreve:
"Então, como agora com as igrejas ortodoxas, os bispos orientais não
reconheceram nenhuma autoridade jurisdicional romana sobre suas igrejas" (p.
24). Ele se refere à oposição dos primeiros cristãos à veneração de imagens (p.
61).

Católicos devem aderir ao magistério ordinário:


892 Divine assistance is also given to the successors of the apostles, teaching in
communion with the successor of Peter, and, in a particular way, to the bishop of
Rome, pastor of the whole Church, when, without arriving at an infallible definition
and without pronouncing in a "definitive manner," they propose in the exercise of
the ordinary Magisterium a teaching that leads to better understanding of
Revelation in matters of faith and morals. To this ordinary teaching the faithful
"are to adhere to it with religious assent"422 which, though distinct from the
assent of faith, is nonetheless an extension of it.

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