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QUESTIONAMENTOS E PROPOSTAS SOBRE CORPOS DE

EMERGÊNCIA: REFLEXÕES SOBRE INVESTIGAÇÃO ARTÍSTICA


RADICALMENTE QUALITATIVA

Questions and proposals on emergency bodies:


reflections on radical qualitative artistic inquiry

Marília Velardi1
Universidade de São Paulo

Resumo: Neste artigo a proposta é suscitar reflexões iniciais, mais do que


trazer respostas, que nos conduzam a pensar coletivamente sobre o que
almejamos quando procuramos alicerces para as pesquisas no campo das
Artes. Ao nos assentarmos sobre métodos previamente estabelecidos, ainda
que cunhados no campo das Artes, nós assumimos não apenas um modo de
fazer, mas especialmente modos de ser e pensar. Como pensamos? Como
queremos pensar?

Palavras-chave: Pesquisa artística; Investigação baseada nas artes;


Epistemologias artísticas.

Abstract: In this article the proposal is to raise initial reflections, rather than
bring answers, that lead us to think collectively about what we aim for when
we look for foundations for research in the field of the Arts. By relying on
previously established methods, although coined in the field of the Arts, we
assume not only a way of doing, but especially modes of being and thinking.
How do we think? How do we want to think?

Keywords: Artistic research; Arts based inquiry; Artistics epistemologies.

1Programa de Pós-Graduação em Mudança Social e Participação Política da Escola de Artes, Ciências e Humanidades
da Universidade de São Paulo.

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Marília Velardi

Temos buscado modos de pesquisar em Artes. algumas surgidas nos últimos 30 anos no
Como pessoas do tempo presente, imersas nos campo das pesquisas nas Artes, e que estão
programas de pós-graduação nas organizadas em dois movimentos, ambos os
Universidades brasileiras, temos nos deparado quais bastante proclamados na Europa: a
com modos de investigação que exigem Pesquisa Artística e a Pesquisa baseada na
posturas e métodos acadêmicos capazes de Prática.
garantir que a nossa pesquisa se vinculará à
Um dos importantes pesquisadores
seriedade e à confiabilidade garantidas pelas
responsáveis pela primeira proposta é Henk
fórmulas consagradas de fazer Ciência. Ao
Borgdorff, professor de Teoria da Pesquisa nas
mesmo tempo, não é incomum que os estudos
Artes e pesquisador da Universidade de Leiden,
sobre as pesquisas acadêmicas nas Artes
na Holanda onde, segundo afirmam, os artistas
resvalem em reflexões sobre o quanto se
são estimulados a fazerem pesquisa dentro e
distanciam ou devem se distanciar das
através da prática artística. As suas reflexões e
pesquisas científicas e tecnológicas.
posicionamentos redundaram na criação de
Há inúmeros textos e discursos nos quais as disciplinas voltadas para a Teoria e Prática de
comparações e distanciamentos são traçados e Pesquisa em Artes na universidade onde
parece que aquilo o que motiva os escritos leciona e também noutras, em centros da
critica a hegemonia do modo de fazer pesquisa Finlândia, Reino Unido, Canadá, Austrália e
acadêmica do tipo que outorga valor ou África do Sul (BORGDORFF, 2017).
desvalor àquilo que tradicionalmente se faz
As questões postas pelo pesquisador não são
como processo investigativo nas Artes. Isso
completamente diversas de muitas das quais
leva muitas pessoas que escrevem sobre as
nos movem aqui, nos espaços acadêmicos
pesquisas em Artes a buscarem os motivos
brasileiros. Para o autor, pesquisar nas Artes e
pelos quais a pesquisa artística é, geralmente,
sobre as Artes deve ter o mesmo valor e, além
colocada à margem dos estudos considerados
disso, para ele não parece ser possível pensar
relevantes ou essenciais para a Universidade
num único método para a pesquisa artística. No
moderna.
entanto, deve-se considerar que o
Os critérios científicos de validade conhecimento artístico seria acessado pela
interna e externa não nos cabem. pesquisa artística. Nas suas reflexões e
Não formulamos hipóteses a priori. posicionamentos consta:
Estamos demasiadamente mergulhadas
em nossos contextos. A relação comum entre prática artística e
Precisamos pensar em formular um reflexão teórica é que ambas se
relacionam ao mundo existente. Mas o
conjunto de métodos de pesquisas cunhadas conhecimento artístico também está
no campo das Artes. sempre incorporado em forma e matéria.
Todos os processos criativos, práticas
Essa última afirmação tem guiado muitos artísticas e obras de arte incorporam
estudos que, por sua vez, orientam modos e conhecimento que simultaneamente dá
métodos que operacionalizam as pesquisas em forma e expande os horizontes do mundo
existente – não discursivamente, mas de
Artes na Academia. Para tomar exemplos, maneira auditiva, visual e tátil,
recorro a duas expressivas formulações dentre esteticamente, expressivamente e

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Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência:
reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa

emotivamente. Esse “conhecimento Arte e da Academia se encontrassem e se


artístico” é o objeto, além de ser entrecruzassem (BORGDORFF, 2012).
parcialmente o resultado, da pesquisa
artística conforme a definição proposta A discussão proposta por Borgdorff - e
aqui. No debate sobre a pesquisa nas
veiculada com sucesso em diversas
artes, há um desacordo sobre o que ou até
aonde os produtos artísticos da pesquisa universidades na Europa, Nova Zelândia e
(as obras de arte concretas e práticas Austrália - foi iniciada na esteira do processo de
geradas pela investigação) devem ser Bolonha. Antes disso, ele afirma, não havia
discursivamente abordados – ou seja,
pesquisa em todas as escolas de Arte ou
acompanhados de uma contextualização,
um aporte teórico, uma interpretação ou a conservatórios na Holanda, seu país de origem,
reconstrução da documentação gerada no mas com as mudanças na política em torno do
processo de investigação. Esse é um dos ensino superior e do processo de Bolonha, a
tópicos que demarcam o debate
pesquisa foi subitamente colocada na agenda
fundacional. Defendo que a translação
discursiva é necessária.[...] Renunciar a (WILSON, 2016).
isso implicaria em um desligamento com a
academia. As formas discursivas nas quais As questões colocadas pelo autor transitam
essas abordagens podem ser feitas são pela reflexão crítica e pela necessidade
altamente variáveis. Elas não se confinam propositiva de instauração de grupos de
ao discurso acadêmico convencional. investigação, disciplinas e políticas de
(BORGDORFF, 2017, p. 318)
publicação e financiamento das pesquisas
Pergunta o autor: até que ponto esta forma de artísticas nas Universidades europeias. E aqui
pesquisa difere da pesquisa científica? E como eu acredito que precisamos parar e pensar, a
isso se relaciona com o campo, com a Arte e despeito da pertinência e da profundidade das
com a prática? Há acadêmicos que defendem reflexões, críticas e proposições e do quanto
que as Artes e as Ciências, embora talvez estas se relacionam às questões que nós,
próximas em alguns pontos da história, ainda pessoas pesquisadoras das Universidades
permaneçam dois domínios e práticas brasileiras no campo das Artes, nos colocamos.
fundamentalmente diferentes e, portanto, seria É possível nos ampararmos nas considerações
altamente inapropriado juntá-las numa única que fundamentam as propostas de Borgdorff
estrutura de ensino superior e de pesquisa. para encontrarmos formas possíveis de
investigarmos aquilo o que fazemos?
Noutro texto o pesquisador já apontava para o Nomearmos a nossa pesquisa como artística e
fato de que, no que se refere à Academia, utilizarmos os mesmos métodos usados por ele
parece haver oposições desnecessárias entre como forma de proceder seria suficiente para
pesquisa acadêmica, científica e artística, fazermos o mesmo tipo de pesquisa proposta
considerados por ele domínios e tradições pelo autor? Contextos diversos, origens
essenciais da atividade humana que são distintas... a Ciência nos diz que o bom método
institucional, teórica e historicamente permite reprodutibilidade. Aqui, ou na Holanda...
segregados. Para ele o campo emergente da adequa-se, funciona. Se adequaria, funcionaria.
pesquisa artística permitiria que os domínios da Sim. Não?

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Marília Velardi

Neste ponto eu me recordo de algumas sobre noção de paradigma e o quanto essa


considerações feitas já há algum tempo pelo ideia pode não ser tão explicativa quanto se
professor uruguaio Ernesto Spinak, propõe. Primeiro porque não parece haver forte
pesquisador de processos de mediação e de sustentação quanto à classificação de
avaliação de sistemas de informação científicas: qualitativo e quantitativo como paradigmas em
“Se, como alguns acreditam, atividades si, depois, porque não parece que as
científicas só podem se desenvolver dentro dos considerações feitas são suficientemente
paradigmas escolhidos pelos países ricos, a aprofundadas a ponto de darem conta da
consequência é que os países da América miríade de pesquisas e tipos de investigação
Latina são relegados ao status de colônias que podem ser organizadas sob estes dois
científicas.” (SPINAK, 1996, p. 353, tradução sombreiros. Na sua proposta da pesquisa
nossa). performativa há o anúncio de um possível novo
paradigma que, surgido e fundamentado nas
Não se trata de negarmos as considerações
Artes, fosse para além dela e, quiçá, cumprindo
feitas por pesquisadores europeus, mas é
o papel de um paradigma científico, pudesse
preciso que contextualizemos o tempo e as
orientar olhares noutras áreas, como toda a
circunstâncias que determinaram o método
indústria criativa e cultural em geral. A ideia de
como forma de pensamento, as proposições e
generalização e extrapolação do conhecimento
tomadas de decisão sobre as formas de
parece ser algo a se considerar (HASEMAN,
investigação, antes de adotarmos aqui o
2006).
método apenas como forma de ação.
A preocupação com as pesquisas nas Artes
No ano de 2006, Brad Haseman escreveu um
não se esgota nesses dois autores nem nas
artigo denominado A Manifesto for Performative
suas duas proposições guarda-chuva. Pesquisa
Research, texto discutido inclusive aqui no
baseada nas Artes, Pesquisa dirigida pelas
Brasil. Professor e pesquisador do curso de
Artes, Pesquisa orientada pelas Artes, e por aí
Práticas Criativas na Universidade de Brisbaine,
seguimos...
na Austrália, a proposta de Haseman partiu de
uma crítica ao que ele denominou paradigmas Nas citações que eu trouxe até aqui a tradição
em pesquisa. Segundo eles os dois paradigmas disciplinar chama-me atenção: há, nesses
hegemônicos seriam o quantitativo, orientado movimentos – legítimos e críticos – a discussão
por métodos dedutivos e o qualitativo, definido, sobre o que deve-não-deve configurar-se como
por sua vez, por métodos indutivos e ambos princípio para as pesquisas, pensando nas
estariam de certo modo esgotados quanto às Artes como campo disciplinar. Não podemos
suas possibilidades de investigação nas Artes. negar, no entanto, que talvez aqui possa haver
Para ele um terceiro paradigma emergia no o germe de um conflito: a proposição de uma
campo das Artes, dada a necessidade de pesquisa disciplinar, tradicionalmente e por
superação dos outros dois, orientando uma excelência, é científica: é assim! Então, será
pesquisa que denominou performativa. que não estamos diante de um paradoxo? Ao
pensarmos sobre como seria o nosso fazer
Longe de propor uma crítica contundente e
pesquisa nesse campo disciplinar, buscando ou
pormenorizada ao manifesto de Haseman, eu,
propondo a adoção de um modo autônomo e
no entanto, ouso questionar a sua reflexão
independente de fundarmos as nossas

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Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência:
reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa

epistemologias, paradigmas, ou a nossa forma multi e transdisciplinar estão, neste momento,


particular de fazermos pesquisa, nós não sob ataque e, após o golpe de 2016, as
estamos pensando como as Ciências clássicas situações e perspectivas mostram-se ainda
e disciplinares? mais complexas.
Não seria o caso de, ao invés de buscarmos No caso das ciências sociais e humanas, o
um modo específico de investigar por aqui, produtivismo amparado pelas avaliações
como um tipo de pesquisa que atendesse à da CAPES se materializa numa miríade de
lógica disciplinar, nós nos abríssemos para a efeitos preocupantes, alguns deles
inesperados. Não me refiro apenas à
ideia de fluidez entre métodos, de bricolages, precarização do trabalho de professores e
de métodos sem métodos? Não podemos estudantes ou à perda de organicidade da
pensar na validação de formas investigativas produção intelectual decorrente da ênfase
construídas por pessoas artistas pesquisadoras obsessiva na escrita de artigos e de
apresentações para congressos. Talvez o
que, sabendo o que a academia pode favorecer aspecto mais assustador e menos criticado
e não só oferecer, tragam as suas propostas de uma avaliação da pós-graduação
para que sejam construídos percursos inspirada pela ideologia produtivista seja
investigativos e métodos singulares para as que ela ampara o epistemicídio. O
epistemicídio – noção desenvolvida, entre
suas pesquisas interdisciplinares, outros, por Boaventura de Sousa Santos –
multidisciplinares ou transdisciplinares? consiste na eliminação ou inferiorização
ativa de algumas formas de conhecimento
Mas onde toda essa ideia poderia se alicerçar? em favor de outras, consideradas mais
desejáveis no marco de uma dada
Parece que cursos superiores em Artes ainda estratégia de poder. Por exemplo, a
carecem de lugar definitivo na Universidade anulação de certos saberes locais, sua
brasileira: não é incomum surgirem ruídos e folclorização ou deslegitimação pública foi
burburinhos sobre a sua exclusão. Ao mesmo e é uma modalidade de epistemicídio
aplicada sobre diversas populações ao
tempo, a pesquisa acadêmica não parece ser longo das experiências coloniais na
unanimidade na formação de licenciados e América, África e Ásia. O produtivismo está
bacharéis. Na pós-graduação, por sua vez, os a serviço do epistemicídio porque bloqueia
órgãos de fomento às pesquisas alegam não ou dificulta seriamente e emergência de
outras formas de construção e enunciação
dispor de recursos suficientes para o volume de do conhecimento em um momento de
programas nas mais diversas áreas. Some-se a relativa democratização das universidades
isso a visão (quase senso comum) de que a públicas brasileiras. Em poucas palavras, o
prioridade no fomento deva voltar-se para as produtivismo compromete a diversidade
das formas de fazer ciência e a própria
pesquisas científicas e tecnológicas, o que leva, criatividade humana no exato momento
sazonalmente, ao surgimento de temerários em que se converte em critério valorativo
discursos sobre o fim das Artes e Humanidades hegemônico para a distribuição dos
recursos necessários à produção de
como áreas acadêmicas e de pesquisa. Além
conhecimento. Ao erigir-se como critério
disso, os modelos dos programas de pós- chave de avaliação da relevância da
graduação são prioritariamente disciplinares e produção intelectual, ele impõe sistemas
os programas interdisciplinares que podem de hierarquização que só fazem reiterar
privilégios epistêmicos de longa data e
abarcar pesquisas artísticas de modo inter,

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Marília Velardi

comutá-los, logicamente, em privilégios Como eu penso quando estou aqui à frente do


político-institucionais (MORAES, 2014, computador, organizando este artigo? Esse é o
s/p).
melhor modo de pensar sobre o que eu sinto ou
********** pressinto? Ou apenas reproduzo códigos e
Procuramos modos e métodos que normas estabelecidas sobre o que eu devo
operacionalizem a pesquisa em Artes, mas, fazer? Seguir normas e códigos é uma escolha
antes disso, é preciso nos darmos conta de que coerente com o modo como eu penso, ou é tão
método é, antes de tudo, forma de somente resposta à imposição?
pensamento. Adotar um método deveria
Como penso quando eu me proponho a
significar estudarmos os estudos dos métodos:
rememorar um processo ou experiência que
metodologias (etimologicamente compreendida
vivi? Como EU penso? Como dizem para eu
como os estudos sobre os caminhos para
pensar? Rompo ou aceito? E quando penso,
investigar). Ou seja, estudarmos os modos
observo e descrevo um processo artístico ou
como os métodos foram construídos e
pedagógico que estou (vi)vendo, como
identificarmos se como pensamos e agimos
descrevo e escrevo? Atuo na escrita? Permito
está intrinsecamente relacionado àquele
erigir uma escrita atuada, performática? Ou
método que optamos por utilizar. Para isso seria
atuo conforme as regras de escrita do tipo:
fundamental nos indagarmos: como nós
nunca em primeira pessoa, seja impessoal!
pensamos, como o nosso pensamentos sobre
as coisas foi construído e se construindo ao Pensando desses modos, o que é possível?
longo da nossa biografia? Sabemos sobre isso Ver? Enxergar? Compreender? Analisar?
ou somos impelidas a formular problemas, Narrar? Sintetizar? Repare, o verbo vem
objetivos e delimitarmos objetos antes mesmo depois: a ação é consequência... o objetivo da
de sabermos como pensamos sobre o que ação é consequência do pensamento. Mas e o
vemos, vivemos e lemos? Nós sabemos como pensamento? Muitas vezes vem depois da
pensamos quando pensamos em escolher imersão, da vida, da experiência corporificada,
métodos como forma de proceder e de fazer vivida ou encarnada. Sabemos disso.
acontecer a pesquisa que faremos? Sabemos?
Pensamos dedutivamente, indutivamente, Como organizaríamos a pesquisa se
hipotético-dedutivamente, fenomenologicamente, aceitássemos tudo isso? Quais seriam as
hermeneuticamente (...)? Há modos distintos para partes do trabalho, dissertação, tese ou artigo?
pensarmos sobre coisas diferentes. Sabemos Como se relacionariam? Quais seriam os
disso. Sim, mas sabemos disso quando fazemos lugares da teoria, dos teóricos e dos outros
pesquisa? estudos sobre a mesma temática?
Como pensamos sobre a vida da carne e a Sílvia Rivera Cusicanqui, socióloga Ch’ixi,
encarnação na pesquisa acadêmica, por postula uma investigação como a sua
exemplo? Atuando na e atuando a pesquisa e identidade andina-europeia-boliviana:
estando presente, presentificando a experiência manchada, pintada, cheia de justaposições que
vivida, encarnada. Esse é um modo. não resultam em hibridismos, mas convivem,
coexistem. Inspira-me a pensar em nós e
naquilo que fazemos. Para ela nas escritas

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Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência:
reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa

tradicionais usadas no discurso oficial e com um determinado fim ou objetivo em


acadêmico ainda persiste o controle colonial, mente sobre uma matéria passiva e inerte.
(INGOLD, 2012, p. 26)
uma forma de produção em que as palavras
não designam, mas encobrem, e ao fazer isso Essa citação é de Tim Ingold, um antropólogo
o que produz é uma narrativa que explicita um autodenominado não-antropólogo, que segue:
registro imaginário (disfarçado de realidade?)
permeado por eufemismos que encobrem a Quero argumentar aqui que os debates
realidade ao invés de nomeá-la. Nesse sentido contemporâneos em campos os mais
os discursos públicos são formas de não dizer e diversos - da antropologia e arqueologia à
história da arte e estudos da cultura
criam um intrincado jogo de dissociação entre a material - continuam a reproduzir os
linguagem escrita pública e a privada (RIVERA pressupostos que subjazem ao modelo
CUSICANQUI, 2010). hilemórfico, ainda que tentem restaurar o
equilíbrio entre seus termos. Meu objetivo
E as exigências dos programas de pós- final, por outro lado, é derrubar o próprio
graduação, ancoradas nas pesquisas clássicas modelo, e substituí-lo por uma ontologia
que dê primazia aos processos de
muitas vezes nos empurram para uma lógica
formação ao invés do produto final, e aos
apriorística: pense, mas saiba que é preciso: fluxos e transformações dos materiais ao
invés dos testados da matéria.
pensar desse modo, Relembrando Klee, forma é morte; dar
escrever daquela maneira, forma é vida. Em poucas palavras, meu
objetivo é restaurar a vida num mundo que
conhecer que a pesquisa do artista é tem sido efetivamente morto nas palavras
diferente da pesquisa na Arte. de teóricos para quem o caminho para a
Definamos as áreas: o que é daqui, o que é compreensão e para a empatia está
de lá? “naquilo que as pessoas fazem com os
objetos”. (INGOLD, 2012, p. 26)
Não esqueça
de traçar claramente o objetivo, de delimitar Nas pesquisas científicas clássicas o conceito
o objeto, de objeto é fundamental para a elaboração do
de estabelecer as bases teóricas, estudo: o recorte, a definição focal daquilo que
de propor algo que colabore com o se quer investigar. Aquilo que, de fora e sob
desenvolvimento da área e do campo. determinada perspectiva anunciada a priori,
E não se olvide do modelo. M o d e l o. pode ser observado, analisado, compreendido,
Modelar a experiência é a norma vital. experimentado. No entanto, não é preciso mais
Forma prévia, pré-concebida. Encaixar. do que um gesto para colocar uma certeza em
Encaixotar? xeque: “ninguna teoría, método, forma de
análisis de datos, discurso, género o tradición
Para criar algo, refletiu Aristóteles, deve-se
goza de una afirmación universal y general, e,
juntar forma (morphé) e matéria (hyle). Na
história subsequente do pensamento portanto tem ou o ‘derecho’ o privilegio, de
ocidental, esse modelo hilemórfico da conocimiento autorizado.” (RICHARDSON,
criação arraigou-se ainda mais, mas 2000, p. 928).
também se desequilibrou. A forma passou
a ser vista como imposta por um agente

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Marília Velardi

Qual tipo de investigadoras nós seremos nessa vigentes, econômica, política e


lógica, na qual somos impelidas a estudar a academicamente instaurados.
partir de fragmentos de textos, de partituras, de
Com Rivera Cusicanqui, nos inspiramos:
discursos, de peças, de cenas, de experiências,
de vivências, de partes, subdivisões e trechos A aposta da autora nesse último capítulo, o
separados em capítulos? Estamos em busca qual lembra um manifesto, é a de gerar
de focos e objetos para que possamos analisar, uma produção descolonizadora feita por
comparar, compreender e discutir recortes, meio de permanentes deslocamentos e
posicionamentos frente às teorias críticas
pedaços e frações. E isso tudo é denominado emergentes que, ainda quando visibilizam
acadêmica e cientificamente “dado” da as alteridades na história e no presente, se
investigação e é aquilo que ajuda a analisar o recolocam epistemologicamente como
objeto da pesquisa que, pela sua natureza, nos novas figuras coloniais. Assim, para refletir
sobre as práticas e discursos
remete ao sentido original de algo estático, descolonizadores, Rivera chama a pensar
cortado, observável, compreensível, analisável, a condição colonial como uma condição de
muitas vezes generalizável, sem vida, ou algo múltiplos paradoxos, nos quais existem
que perde a sua vida para dar-se à sucessivos processos de recolonização e
colonizações internas. [...] é preciso
investigação, permitindo-se ser estudado continuar pensando no colonialismo
“anatomicamente”: carne sem sangue. interno, já que as relações coloniais se
mantêm vigentes nos pequenos espaços
Ainda que estejamos juntas dessas coisas, nós de produção de conhecimento. No campo
temos nos colocamos de fora das experiências intelectual isso é importante já que ainda
e, daí, localizamos o “objeto”, algo que é produzindo conhecimento crítico ele se
configura como legítimo em companhia de
manipulável, observável, visto de fora, distinto
relações de poder e subordinação, por isso
do sujeito e deslocado da experiência. Quando a autora chama a “responsabilidade
estudamos as coisas colocando-nos de fora coletiva de não contribuir a renovação
delas é possível adotarmos algumas dessa dominação”. (LARA, 2013, p. 558)
perspectivas para o olhar, no entanto, quando
Há modos distintos para pensarmos sobre coisas
tratamos de investigar as experiências nas
diferentes. E uma questão que podemos nos
quais nos localizamos, durante os nossos
fazer quando pesquisamos e lemos as pesquisas
mergulhos, é possível escolhermos não olhar
no campo das Artes é: consideramos as
de fora. Sim, deve ser possível.
pesquisas, seus métodos e normas como algo
De fato, ao lidarmos com a ideia de que é canônico e continuamos vindo até a Academia
possível fazermos pesquisa acadêmica sem a para pensarmos a partir dos métodos científicos
delimitação de objetos de estudo, sem consagrados, ou pensamos multidisciplinarmente,
hipóteses e conjecturas formuladas antes das transdisciplinarmente, artisticamente,
descrições e interpretações, nós precisaremos criativamente, teatralmente, musicalmente,
nos responsabilizar pelo modo como pensamos cinematicamente, dancisticamente – como nos
e alicerçarmos isso noutras epistemologias. Ou desafia o ator, professor e acadêmico Johnnny
ontologias. E assumir terá implicações Saldaña? (SALDAÑA, 2015).
epistemológicas e políticas. Exige
Aqui me encontro nas proposições da
posicionamento de enfrentamento dos modelos
pesquisadora Elizabeth St. Pierre, quando ela

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Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência:
reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa

afirma quão necessário é rompermos com o que não teriam direito à voz caso não falassem
hábito de corrermos para metodologias de por si.
pesquisa preexistentes e, ao invés disso,
Essas reflexões também nos colocam frente à
seguirmos as provocações que vêm de toda
perspectiva de como os diários de campo, os
parte no desafio que é viver e escrever. As
cadernos de artistas, as anotações dos
pesquisas qualitativas geradas na escola de
processos e intuições que lhes atravessam ,
Chicago de Sociologia já nas primeiras décadas
assim como as imagens fora de foco, os vídeos
do século vinte descolaram-se do modelo
com ruídos, as conversas fora de hora são,
disciplinar e se deslocaram para as pessoas
algumas vezes, mais interessantes do que os
que fazem as pesquisas. A chamada terceira
relatórios produzidos. E isso marca uma
geração das pesquisas qualitativas norte-
posição contrária à crença de que os discursos
americanas assume que, mais importante do
sensíveis e impressões afetivas levam à perda
que a disciplina a qual a pesquisadora está
da objetividade ou seriedade da pesquisa.
vinculada, é essencial que quem faz pesquisa
seja uma pessoa comprometida não só com Há, na atualidade, inúmeros discursos e
uma área, mas com o campo da investigação, práticas investigativas que nos permitem
suas histórias e contextos. E nessa perspectiva, compreender que quando despertamos para o
ser do campo, estar mergulhada nele e saber fato de que é possível nos basearmos naquilo
quem se é como pessoa e pesquisadora que vivemos como cerne da nossa organização
desse/nesse campo é uma exigência, uma e produção, nós podemos perceber que já
necessidade, uma responsabilidade radical sabemos algo. E que não chegamos assim tão
(ST.PIERRE, 2017). cruas em relação a nossa capacidade de
construir pesquisa.
Essas reflexões aparecem num tempo em que
persiste e segue fundamental o As pessoas artistas sabem da riqueza dos
questionamento sobre os lugares de fala, processos, do quanto envolvem de ordenação
especialmente sobre quando alguém está seguida de caos, seguida de ordenação... e de
falando por outro alguém. É pertinente também caos. De fluxo, fluência, estancamentos,
nos colocarmos diante da crítica sobre a paradas. Renúncias, descartes e
ausência das histórias humanas contadas nas incorporações. De como são alterados no
pesquisas como experiências e não como percurso e do quanto, muitas vezes, estes são
fragmentos. Um tempo em que precisamos mais interessantes do que os resultados a da
resgatar a importância das contações de forma final. Cuidar dos percursos, valorizar os
histórias a partir do ponto de vista da pessoa processos e narrá-los detalhadamente, erros e
pesquisadora, que também é sujeita às acertos: essa é talvez a mais importante
experiências que narra. E que pensa, reflete, premissa daquelas pessoas pesquisadoras que
critica, revê, rememora, desdobra o que viveu apostam os no fato de que as formas de
enquanto conta para si as suas histórias. É, investigação dentro e fora das Artes podem ser
também, uma posição colocada para valorizar inspiradas por artistas em seus processos, e
as ausências e os silêncios daquelas pessoas não só por epistemologias consagradas ou
teoria a priori. Isso especialmente se a proposta

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Marília Velardi

for investigar experiências vivas, postas no nós traremos à tona desse mergulho, afinal, um
mundo em movimento. E elaborarmos uma método de investigação e assim, criativamente,
narrativa que seja coerente com isso tudo - e a poderemos inventar e reinventar o mundo (ST.
trazermos para a Academia - parece mais do PIERRE, 2017b).
que uma tarefa, uma urgência. Para as Artes,
Nessa perspectiva somos, essencialmente,
mas também para a Ciência e a Tecnologia.
metodologistas. E para que isso se instaure é
A despeito da digitalização, da globalização e preciso que declaremos como nós pensamos,
das generalizações típicas do nosso tempo, é como nos organizamos, como tropeçamos, o
preciso encontrarmos caminhos particulares que descartamos, como estamos fazendo para
que nos permitam percursos e encontros locais, investigar e narrar ou comunicar ou trazer à
experiências construídas por pessoas que a tona aquilo o que investigamos. Contar para as
presentificam, sob epistemologias criadas ali, pessoas como estamos fazendo, falar das idas
com base naquilo que se é. Uma relação clara e voltas, performar os diálogos e que
e assumida entre o transitório, o impermanente, estabelecemos, as linhas que traçamos, as
o urgente, o imediato e a ancestralidade. malhas que tecemos.

O resgate da experiência, a compreensão de Por esse caminho a pesquisa É Arte e seria,


que o pensamento ou a prática que ordenam a por assim dizer, uma pesquisa sobre método,
vida das pessoas comuns, das pessoas sobre como pesquisar nas Artes. Na verdade,
artistas, assim como os conhecimentos fazer pesquisa nessa perspectiva é contar
ancestrais - muitas vezes vítimas daquele já histórias sobre como fizemos a nossa pesquisa.
citado epistemicídio denunciado pelos estudos E para isso é preciso que encontremos quais
decoloniais - trazem, em si, a sabedoria que elementos poderão nos ajudar e, como Norman
pode nos ajudar a organizar aquilo que Denzin já anunciou, assumirmos que:
queremos comunicar ou desvendar e que nos
levaria, a partir daí, a fazer pesquisa Nuestras prácticas de investigación serão
acadêmica. performativas, pedagógicas y políticas. A
través de nuestra escritura y nuestra
Nesse ponto acho interessante pensarmos charla, promulgamos el mundo que
estudiamos. Estas actuaciones son
sobre aquilo que a pesquisadora Elizabeth St. desordenadas y pedagógicas. Ellas
Pierre tem defendido: a investigação deve enseñan a nuestros lectores acerca de
começar por um estranhamento sobre aquilo este mundo y cómo nos ven. Lo
que nos é cotidiano, familiar e não pedagógico es siempre moral y político;
promulgando una forma de ver y de ser,
necessariamente por uma pergunta, por um cuestiona, concursa, o hace suyas las
questionamento - o que tem sido o modo formas hegemónicas oficiales de ver y
ordinário, aquilo que todos já fazem, a fórmula representar el outro. (DENZIN, 2013, p.
habitualmente consagrada. Pesquisar e 212)
escrever sobre o que investigamos é um
Eu estudo sobre investigações qualitativas: um
chamado para um mergulho naquilo que,
espectro grande que se constrói a partir da
mesmo sendo familiar, nos oculta algo que
lógica científica das Humanidades que vai, ao
poderá ser visto, caso seja contado. E isso nos
longo do tempo, passando por diversos campos
pede que confiemos em algo inimaginável: que
e a partir da sua trajetória temporal relaciona-se

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Questionamentos e propostas sobre corpos de emergência:
reflexões sobre investigação artística radicalmente qualitativa

às situações e seus campos e vai se discussão, mas permitem que uma história seja
modificando. Eu aprendi a me inspirar na contada.
pesquisa qualitativa que surge a partir dos
Com Ron Pelias, professor de estudos da
estudos da escola de Chicago de Sociologia,
performance na Universidade Southern Illinois,
especialmente quando li os trabalhos de
inspiro-me a buscar uma forma de escritura que
Charles Wright Mill, A imaginação sociológica
promulgue “um método do coração, uma forma
de 1959 e, antes dele, Robert Ezra Park, A
que escute o coração, consciente de que as
cidade e outros ensaios de ecologia urbana.
histórias são as verdades que não se aquietam”
E essa pesquisa qualitativa que hoje está sendo (PELIAS, 2004, p. 171, tradução nossa).
conduzida por uma quarta geração de
Sem vergonhas, sem medos, respaldadas por
pesquisadores se alarga e, sob ataque da
comunidades que criaremos e que nos
ditadura da Ciência e dos mecanismos
ajudarão a trazer encarnação para as nossas
neoliberais de patrulhamento da investigação
divagações, alterando o tradicional critério de
acadêmica e artística, coloca-se na direção de
validade externa para o de representatividade e
pensar métodos que sejam não métodos.
credibilidade: “meu caminho é o de volta para
Fluidez. Pede-se fluxo na fluidez da
casa, de minha própria descoberta. Encontrar
investigação. Façamos aquilo que, como
um modo de escrever que pareça eu mesmo
pessoas criadoras de formas de pensar o
escrevendo e não apenas alguém jogando
mundo, nos permita resgatar a humanidade nas
jogos acadêmicos.” (INGOLD, 2012, p. 10).
pesquisas sobre as vidas e seus fluxos. Senão
resgatar, radicalmente, instaurar. Aqui pensei em falar não sobre o que é, mas sobre o
que pode vir a ser. Não sobre como deve ser, mas
Certas de que toda escolha de dados e de
sobre como pode ser. Não apenas, mas também.
formas de análise é mais uma interpretação do
Insurgências. Insubordinações. Transitoriedades.
que um olhar frio e distanciado da pessoa
Impermanência.
pesquisadora como entidade imparcial a
serviço do avanço do conhecimento, é preciso
Recebido em: 12/05/2018
que saibamos, crítica e conscientemente, como
nós pensamos. Isso nos permitirá trazermos Aceito em:29/05/2018
para a escrita acadêmica não apenas os dados
que elucidam um problema de pesquisa e que Referências Bibliográficas
foi estruturado na observação focal de um
BORGDORFF, H. O conflito das faculdades:
objeto ou campo super delimitado, ou as
sobre teoria, prática e pesquisa em academias
respostas às hipóteses (seriam conjecturas?);
profissionais de artes (tradução de Daniel Lemos
mas, que nos permitiria trazer aquilo que
Cerqueira). Opus, v. 23, n. 1, p. 314-323, abr.
tradicionalmente foi considerado objeto e dado,
2017.
desta feita, imersos e vivos nas histórias que
podemos contar tendo-os como p r o t a g o n i BORGDORFF, H. The Conflict of the Faculties:
s t a s. Perguntas, dados, objetos, hipóteses Perspectives on Artistic Research and
não são, necessariamente, os pontos da

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Marília Velardi

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