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A inveja presente no Gênesis em "Onde está teu irmão“? A inveja presente na divina
comédia, de Dante Alighieri.

Matriz de Referência

Analisar as relações e tensões das ações dos sujeitos e as dinâmicas dos processos
históricos, percebendo a historicidade das manifestações sociais e culturais.

O Gênesis, primeiro livro da história bíblica em G 4 apresenta o início da descendência


humana na terra:

"1.Adão conheceu Eva, sua mulher, e ela concebeu e deu à luz Caim, e
disse: “Possuí um homem com a ajuda do Senhor.” 2.E deu em seguida à luz
Abel, irmão de Caim. Abel tornou-se pastor e Caim lavrador. 3.Passado algum
tempo, ofereceu Caim frutos da terra em oblação ao Senhor. 4.Abel, de seu lado,
ofereceu dos primogênitos do seu rebanho e das gorduras dele; e o Senhor olhou
com agrado para Abel e para sua oblação, 5.mas não olhou para Caim, nem para
os seus dons. Caim ficou extremamente irritado com isso, e o seu semblante
tornou-se abatido. 6.O Senhor disse-lhe: “Por que estás irado? E por que está
abatido o teu semblante? 7.Se praticares o bem, sem dúvida alguma poderás
reabilitar-te. Mas se precederes mal, o pecado estará à tua porta, espreitando-te;
mas, tu deverás dominá-lo.” 8.Caim disse então a Abel, seu irmão: “Vamos ao
campo.” Logo que chegaram ao campo, Caim atirou-se sobre seu irmão e matou-
o. 9.O senhor disse a Caim: “Onde está seu irmão Abel?" – Caim respondeu:
“Não sei! Sou porventura eu o guarda do meu irmão?” 10.O Senhor disse-lhe:
“Que fizeste! Eis que a voz do sangue do teu irmão clama por mim desde a
terra."
Gênesis, 4 - Bíblia Católica Online

Por que deus não aceitou igualmente a oferta de Caim e Abel?

A oferenda de Caim foi generosa quanto a de Abel?

Muitos dos intérpretes bíblicos afirmam que não.


Caim não ofereceu a Deus o melhor do que colhia... Não ofereceu nem os primeiros
frutos e nem os melhores.

Já Abel foi generoso, a sua entrega foi retirada do que tinha de melhor. O que tornou
mais grata a sua oferta. Assim, Deus enviou o fogo para queimar as vítimas por ele
sacrificadas conforme a tradição judaica, para manifestar o seu agrado.

Caim abateu-se, sentiu-se frustrado e injustiçado em seu oferecimento. Ele não refletiu
não se percebeu, não reconheceu suas ações. Deixou-se dominar pela ira, apesar das
recomendações de Deus, o que o levou a querer eliminar Abel: o objeto da sua inveja.
Não queria mais vê-lo, sem se importar ou considerar seu ato.

Caim teve a visão enevoada pela inveja: Impulsivo matou Abel.

A inveja, é narrada em outras histórias do Gênesis. Aqui destacam-se duas :

A história do próspero Isaac:

"Isaac semeou naquela terra, e colheu o cêntuplo naquele mesmo ano; o Senhor
o abençoava. 13.E este homem cresceu, e seus bens foram aumentando cada vez
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mais; tornou-se extremamente rico. 14.Possuía rebanhos de ovelhas e de bois e


numerosos escravos. E os filisteus o invejavam. 15.Por isso, entupiram todos os
poços que tinham cavado os escravos de seu pai Abraão, quando este ainda
vivia." "16.Abimelec disse-lhe: “Aparta-te de nós, pois te tornaste muito mais
poderoso do que nós.”"
Gênesis, 26 - Bíblia Católica Online

Os seus vizinhos danificaram sua propriedade. Era inadmissível ver aquela venturosa
existência.

Abimalec não queria mais vê-lo e o expulsou para longe de seu convívio.

A história de José:
"Eis a história da descendência de Jacó: José, ainda jovem, com a idade de dezessete
anos, apascentava o rebanho com seus irmãos, os filhos de Bala e os filhos de Zelfa,
mulheres de seu pai; e ele contou ao seu pai as más conversas dos irmãos. 3.Israel amava
José mais do que todos os outros filhos, porque ele era o filho de sua velhice; e mandara-
lhe fazer uma túnica de várias cores. 4.Seus irmãos, vendo que seu pai o preferia a eles,
conceberam ódio contra ele e não podiam mais tratá-lo com bons modos. 5.Ora, José
teve um sonho, e o contou aos seus irmãos, que o detestaram ainda mais... 6.“Ouvi, disse-
lhes ele, o sonho que tive: 7.estávamos ligando feixes no campo, e eis que o meu feixe se
levantou e se pôs de pé, enquanto os vossos o cercavam e se prostravam diante dele.”
8.Seus irmãos disseram-lhe: “Quererias, porventura, reinar sobre nós e tornar-te nosso
senhor?” E odiaram-no ainda mais por causa de seus sonhos e de suas palavras. 9.José
teve ainda outro sonho, que contou aos seus irmãos. “Tive, disse ele, ainda um sonho: o
sol, a lua e onze estrelas prostravam-se diante de mim.” 10.Ele contou isso ao seu pai e
aos seus irmãos, mas foi repreendido por seu pai: “Que significa, disse-lhe ele, este sonho
que tiveste? Viremos, porventura, eu, tua mãe e teus irmãos, a nos prostrar por terra
diante de ti?” 11.Seus irmãos ficaram, pois, com inveja dele, mas seu pai guardou a
lembrança desse acontecimento. 12.Os irmãos de José foram apascentar os rebanhos de
seu pai em Siquém. 13.Israel disse a José: “Teus irmãos guardam os rebanhos em
Siquém. Vem: vou mandar-te a eles.” “Eis-me aqui”, respondeu José. 14.“Vai, pois, ver se
tudo corre bem a teus irmãos e ao rebanho, e traze-me notícias deles.” Enviou-o do vale
de Hebron, e José foi a Siquém. 15.Um homem encontrou-o errando pelo campo: “Que
buscas?” perguntou ele. 16.“Busco meus irmãos, respondeu ele. Dize-me onde
apascentam os rebanhos.” 17.E o homem respondeu: “Partiram daqui e ouvi-os dizer:
Vamos a Dotain.” Partiu então José em busca dos seus irmãos e encontrou-os em Dotain.
18.Eles o viram de longe. Antes que José se aproximasse, combinaram entre si como o
haveriam de matar; 19.e disseram: “Eis o sonhador que chega. 20.Vamos, matemo-lo e
atiremo-lo numa cisterna; diremos depois que uma fera o devorou; e então veremos de
que lhe aproveitaram os seus sonhos.” 21.Ouvindo-o, porém, Rubem, quis livra-lo de
suas mãos: “Não lhe tiremos a vida, disse ele. 22.Não derrameis sangue. Jogai-o naquela
cisterna, no deserto, mas não levanteis vossa mão contra ele.” Pois Rubem pensava livrá-
lo de suas mãos para o reconduzir ao pai. 23.Quando José se aproximou de seus irmãos,
eles o despojaram de sua túnica, daquela bela túnica de várias cores que trazia, 24.e
jogaram-no numa cisterna velha, que não tinha água. 25.E, sentando-se para comer, eis
que, levantando os olhos, viram surgir no horizonte uma caravana de ismaelitas vinda de
Galaad. Seus camelos estavam carregados de resina, de bálsamo e de ládano, que
transportavam para o Egito. 26.Então Judá disse aos seus irmãos: “Que nos aproveita
matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 27.Vinde e vendamo-lo aos ismaelitas. Não
levantemos nossas mãos contra ele, pois, afinal, é nosso irmão, nossa carne.” Seus irmãos
concordaram. 28.E, quando passaram os negociantes madianitas, tiraram José da
cisterna e venderam-no por vinte moedas de prata aos ismaelitas, que o levaram para o
Egito. 29.Rubem voltou à cisterna, e eis que José já não estava ali.

30. Rasgou então suas vestes e voltou para junto dos seus irmãos: “O menino
desapareceu, disse ele. E eu, para onde irei?
Gênesis, 37 - Bíblia Católica Online.
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A pulsão da morte foi evitada. Rubem e Judá conseguiram conter o ódio invejoso dos
irmãos. De qualquer modo, eles não o veriam mais, afastariam de si o bendito objeto
do amor paterno e das fatais investidas dos irmãos.

Quando se compara as histórias bíblicas, observa-se que a inveja manifesta-se em


comportamentos antissociais negativos para a saúde mental e emocional. Evidencia-se
também que os sentimentos são destrutivos para todos: objeto e sujeito da inveja para
os quais a visão do ser afortunado é absolutamente insuportável.

O invejoso se vê inferiorizado diante do seu semelhante com a origem similar a sua que,
se comparadas, apresentam percursos e resultados diferentes. Exatamente por isso sua
incidência é comum nos círculos de trabalho, de amizades e familiares.

Dante Alighieri, na Divina Comédia encontra os invejosos quando sobe o monte do


Purgatório. Uma subida íngreme com uma trilha áspera e estreita em direção ao
Paraíso, com terraços onde se aglomeram almas pecadoras agrupadas em função do
algum dos sete principais vícios de conduta: preguiça, inveja, gula, luxúria, avareza, ira
ou soberba.

Os invejosos estão no segundo terraço dessa escalada. Neste compartimento de paredes


altas de pedra lisa, sem adornos, os invejosos estão reunidos. Eles têm os olhos
costurados com fios de metal. Mesmo assim, lamentam-se e choram copiosamente.
Usam cilícios de metal em seus corpos. Essa condição permitiria salvá-los e puni-los
simultaneamente: Nada vendo, nada poderiam invejar. Esse foi o maior castigo dos
invejosos, segundo Dante Alighieri, nos cantos XIII e XIV do Purgatório.

Interessa lembrar que a origem latina de inveja é in videre = não ver diretamente, de
frente o outro. Mas também pode se considerar que é não “se ver” internamente, por
dentro, não voltar o seu olhar para a sua personalidade, reconhecer suas faltas, a sua
trajetória, sua evolução, suas qualidades, suas riquezas, suas conquistas, e... valorizá-
las, socializando os ônus e os bônus de ser o que é com seus amigos, colegas e
familiares.

Desejar o mal do afortunado, - eliminá-lo - só ensombrece cada vez mais a alma


daquele que não se vê, não valoriza o seu interior, se frustra, se enraivece, se entristece
com a fortuna do outro e com a sua incapacidade em se inspirar –se, espelhar – se no
seu sucesso.

Os narradores bíblicos do Gênesis relatam que existiram várias formas de lidar com
esse sentimento: Abimalec reconheceu as bênçãos de Isaac e aliou-se a ele, desfrutando
delas. Rúben, apesar de postergar e minimizar a fratricida eliminação de José, sentiu a
a dor inconsolável do pai. Caim temeu - pelo resto de sua vida - ser morto pelo seu
crime hediondo.
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G. Doré- Os invejosos

No Purgatório Dante viu as sombras com mantos/ da mesma cor da pedra. Aproximando-se mais, ouvem-nos
clamarem a Maria, para que rogue por eles, e também aos Santos, ao longo da parede rochosa.Virgílio
recomenda a Dante que veja o que há muita gente sentada. Na sequência, Dante se choca com o que vê, e
isso o leva às lágrimas: as sombras, sentadas, lhe “pareciam estar cobertas de vil cilício” umas apoiadas nas
outras ou na encosta da montanha, e se agrupavam ali como cegos a mendigar junto às igrejas em dias de
perdão, pois tinham as pálpebras costuradas com fio de ferro.
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G.Doré - Os invejosos
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Referências:

ALIGHIERI Dante. A Divina Comédia — Purgatório — eBook


eBooksBrasil.org. eBookLibris.

FIGUEIREDO, Maria Flávia; FERREIRA, Luis Antonio. Olhos de Caim: a inveja sob as
lentes da linguística e da psicanálise. Sentidos em movimento: identidade e
argumentação. Coleção Mestrado em Linguística. 2011 - publicacoes. unifran.br

KLEIN, Melanie. Inveja, Gratidão e outros trabalhos. Rio de Janeiro. Imago: 1991.

https://www.bibliacatolica.com.br

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