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OS POEMAS Amor É um Fogo Que Arde Sem Se Ver

Amor é um fogo que arde sem se ver,


Os poemas são pássaros que chegam É ferida que dói, e não se sente;
não se sabe de onde e pousam É um contentamento descontente,
no livro que lês. É dor que desatina sem doer.
Quando fechas o livro, eles alçam voo É um não querer mais que bem querer;
como de um alçapão. É um andar solitário entre a gente;
Eles não têm pouso nem porto É nunca contentar-se de contente;
alimentam-se um instante em cada par de mãos É um cuidar que ganha em se perder.
e partem. É querer estar preso por vontade;
E olhas, então, essas tuas mãos vazias, É servir a quem vence, o vencedor;
no maravilhoso espanto de saberes É ter com quem nos mata, lealdade.
que o alimento deles já estava em ti... Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
(Esconderijos do Tempo, de Mário Quintana, L&PM,1980) Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
(Luís Vaz de Camões)

Metáfora CANÇÃO DE NUVEM E VENTO


Medo da nuvem
Uma lata existe para conter algo Medo Medo
Mas quando o poeta diz: "Lata" medo da nuvem que vai crescendo
Pode estar querendo dizer o incontível que vai se abrindo
Uma meta existe para ser um alvo que não se sabe
Mas quando o poeta diz: "Meta" o que vai saindo
Pode estar querendo dizer o inatingível medo da nuvem Nuvem Nuvem
Por isso, não se meta a exigir do poeta medo do vento
Que determine o conteúdo em sua lata medo Medo
Na lata do poeta tudo nada cabe medo do vento que vai ventando
Pois ao poeta cabe fazer que vai falando
Com que na lata venha caber que não se sabe
O incabível o que vai dizendo
Deixe a meta do poeta, não discuta medo do vento Vento Vento
Deixe a sua meta fora da disputa medo do gesto
Meta dentro e fora, lata absoluta mudo
Deixe-a simplesmente metáfora medo da fala
(Gilberto Gil) surdo
que vai movendo
A CIRANDA RODAVA NO MEIO DO MUNDO que vai dizendo
que não se sabe…
A ciranda rodava no meio do mundo, que bem sabe
No meio do mundo a ciranda rodava. que tudo é nuvem que tudo é é vento
E quando a ciranda parava um segundo, nuvem e vento Vento Vento!
Um grilo, sozinho no mundo, cantava… (Mário Quintana)

Dali a três quadras o mundo acabava.


Dali a três quadras, num valo profundo…
Bem junto com a rua o mundo acabava.
Rodava a ciranda no meio do mundo…

E Nosso Senhor era ali que morava,


Por trás das estrelas, cuidando o seu mundo…
E quando a ciranda por fim terminava

E o silêncio, em tudo, era mais profundo,


Nosso Senhor esperava… esperava…
Cofiando as suas barbas de Pedro Segundo.

(Mario Quintana)
A Canção dos tamanquinhos – Cecília Leilão de Jardim - Cecília Meireles
Meireles
Troc… troc… troc… troc… Quem me compra um jardim com flores?
ligeirinhos, ligeirinhos,
troc… troc… troc… troc… borboletas de muitas cores,
vão cantando os tamanquinhos… lavadeiras e passarinhos,
Madrugada. Troc… troc… ovos verdes e azuis nos ninhos?
pelas portas dos vizinhos
vão batendo, Troc… troc… Quem me compra este caracol?
vão cantando os tamanquinhos… Quem me compra um raio
de sol?
Chove. Troc… troc… troc…
no silêncio dos caminhos Um lagarto entre o muro e a hera,
alagados, troc… troc… uma estátua da Primavera?
vão cantando os tamanquinhos…
E até mesmo, troc… troc… Quem me compra este formigueiro?
os que têm sedas e arminhos,
sonham, troc… troc… troc… E este sapo, que é jardineiro?
com seu par de tamanquinhos…
E a cigarra e a sua
canção?

E o grilinho dentro
do chão?

(Este é meu leilão!)


A porta 7. Guarda-chuvas – Rosana Rios
Vinícius de Moraes Tenho quatro guarda-chuvas
todos os quatro com defeito;
Eu sou feita de madeira Um emperra quando abre,
Madeira, matéria morta outro não fecha direito.
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta. Um deles vira ao contrário
seu eu abro sem ter cuidado.
Eu abro devagarinho Outro, então, solta as varetas
Pra passar o menininho e fica todo amassado.
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado O quarto é bem pequenino,
Eu abro bem prazenteira pra carregar por aí;
Pra passar a cozinheira Porém, toda vez que chove,
Eu abro de supetão eu descubro que esqueci…
Pra passar o capitão.
Por isso, não falha nunca:
se começa a trovejar,
Só não abro pra essa gente
nenhum dos quatro me vale –
Que diz (a mim bem me importa...)
eu sei que vou me molhar.
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Quem me dera um guarda-chuva
pequeno como uma luva
Eu sou muito inteligente!
Que abrisse sem emperrar
ao ver a chuva chegar!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Tenho quatro guarda-chuvas
Fecho tudo nesse mundo
que não me servem de nada;
Só vivo aberta no céu!
Quando chove de repente,
acabo toda encharcada.

E que fria cai a água


sobre a pele ressecada!
Ai…
Trem de ferro Passa boi
Manuel Bandeira Passa boiada
Passa galho
Café com pão De ingazeira
Café com pão Debruçada
Café com pão No riacho
Que vontade
de cantar!
Virge Maria que foi isso maquinista?
Oô…
Agora sim Quando me prendero
Café com pão No canaviá
Cada pé de cana
Agora sim Era um oficiá
Voa, fumaça Oô… Menina bonita
Corre, cerca Do vestido verde
Ai seu foguista Me dá tua boca
Bota fogo Pra matá minha sede
Na fornalha
Que eu preciso Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Muita força Não gosto daqui
Muita força Nasci no sertão
Muita força Sou de Ouricuri
Oô…
Oô… Vou depressa
Foge, bicho Vou correndo
Foge, povo Vou na toda
Passa ponte Que só levo
Pouca gente
Pouca gente
Passa poste
Pouca gente…
Passa pasto

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Duas dúzias de coisinhas à toa que deixam a gente Papagaio que conversa,
feliz pisar em tapete persa,
Otávio Roth eu te amo e vice-versa.

Passarinho na janela, Vaga-lume aceso na mão,


pijama de flanela, dias quentes de verão,
brigadeiro na panela. descer pelo corrimão.

Gato andando no telhado, Almoço de domingo,


cheirinho de mato molhado, revoada de flamingo,
disco antigo sem chiado. herói que fuma cachimbo.

Pão quentinho de manhã, Anãozinho de jardim,


drops de hortelã, lacinho de cetim,
grito do Tarzan. terminar o livro assim

Tirar a sorte no osso,


jogar pedrinha no poço,
um cachecol no pescoço.

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