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CIMENTO PORTLAND
Sorocaba - SP
Brasil
Fevereiro-2008
FACULDADE DE ENGENHARIA DE SOROCABA - FACENS
COORDENAÇÃO DE ENGENHARIA CIVIL
CIMENTO PORTLAND
CAPÍTULO 04
Sorocaba - SP
Brasil
2
Fevereiro-2008
SUMÁRIO
1.1 - Definição............................................................................................................5
1.2 - Processo de fabricação.....................................................................................5
1.3 - Composição química.........................................................................................8
1.4 - Determinação da composição em compostos a partir da análise química ....10
1.5 - Estrutura cristalina e reatividade dos compostos............................................11
1.5.1 - Silicatos de cálcio.....................................................................................12
1.5.2 - Aluminato e ferroaluminato de cálcio.......................................................13
1.5.3 - Óxido de cálcio e óxido de magnésio.......................................................14
1.5.4 - Compostos alcalinos e sulfatos. ..............................................................15
1.6 - Finura...............................................................................................................15
Hidratação do cimento Portland..................................................................................18
1.7 - Importância .....................................................................................................18
1.8 - Mecanismo da hidratação...............................................................................18
1.8.1 - Mecanismo da dissolução-precipitação....................................................18
1.8.2 - Mecanismo da hidratação no estado sólido ou topoquímico. .................19
1.9 - Hidratação dos aluminatos..............................................................................19
1.10 - Hidratação dos silicatos.................................................................................24
1.10.1 - Velocidade de reação.............................................................................25
Calor de hidratação.....................................................................................................26
Aspectos físicos do processo de pega e de endurecimento......................................29
Efeito das características do cimento na resistência e no calor de hidratação..........31
Tipos de cimento Portland...........................................................................................34
ANEXOS......................................................................................................................39
1.11 - NORMAS BRASILEIRAS PARA O CIMENTO PORTLAND.........................40
Referências Bibliográficas...........................................................................................44
3
ÍNDICE DE FIGURAS
Índice de Quadros
4
CAPÍTULO 04 – CIMENTO PORTLAND
1.1 - Definição
5
calcárias e demais materiais de onde se extrai o cálcio, arrasta para dentro do forno
a alumina (Al2O3), e freqüentemente o óxido de ferro (Fe 2O3) e os álcalis (Na2O e
K2O). Assim, na temperatura de clinquerização do forno, vão se formar aluminatos
de cálcio além dos silicatos. Os aluminatos não contribuem em nada para as
propriedades desejáveis do cimento, ao contrário, são até prejudiciais ao bom
desempenho de algumas delas. Acontece que a presença da Al 2O3, Fe2O3, MgO e
dos álcalis na mistura das matérias primas tem um efeito mineralizante na formação
dos silicatos de cálcio ; ou seja, propicia a combinação do CaO com a SiO 2 na
formação de silicatos de cálcio em temperaturas consideravelmente mais baixas. O
Al2O3 e o Fe2O3 são conhecidos como fundentes na fabricação do cimento; sem eles
não seria possível a fabricação comercial do cimento em escala industrial. Portanto,
o Al2O3 e o Fe2O3 são adicionados, como materiais secundários, à matéria prima
principal, na forma de bauxita e de minério de ferro, quando estes óxidos não estão
presentes em quantidades suficientes (MEHTA; MONTEIRO, 1994). Sendo assim,
além dos silicatos de cálcio, o produto final da clinquerização tem aluminatos e ferro-
aluminatos de cálcio.
As matérias primas são britadas, moídas e pulverizadas e estocadas. De
acordo com suas composições químicas das matérias primas a mistura que irá ao
forno para sofrer a clinquerização é dosada e, em seguida moída a um grau de
finura de 0,075 mm. É a chamada “farinha seca”.
A produção do cimento pode seguir dois processos distintos. No processo de
produção por via úmida as matérias primas são trabalhadas na forma de uma lama
contendo de 30 a 40% de água. No de via seca os materiais são moídos e dosados
secos. Logicamente, o processo por via úmida gasta mais energia do que o a seco,
uma vez que parte do calor no forno é gasta para evaporar a água. Assim, por via
úmida se gasta 1400 kcal por kg de clínquer enquanto que no de via seca, 800 kcal
por kg.
As reações químicas que ocorrem nos fornos podem ser representadas
aproximadamente pelas seguintes equações (MEHTA; MONTEIRO, 1994):
6
Pedra calcária → CaO + CO2 3CaO • SiO2
2CaO • SiO
2
⇒
3CaO
23 • Al O
Argila → SiO2 + Al2O3 + Fe2O3 + H2O 4CaO • Al2O3 • Fe2O3
7
Xisto* Arenito Escória
Escória Xisto* Estaurolita
Escória
Basalto negro
* A maioria das fontes comuns
terras de fuller = A highly adsorbent claylike substance consisting of hydrated aluminum silicates,
used predominantly in fulling woolen cloth, in talcum powders, as a filter, and as a catalyst.
aragonita = An orthorhombic mineral form of crystalline calcium carbonate, dimorphous with calcite.
Staurolite = A brownish to black mineral, chiefly (FeMg) 2Al9Si4O23(OH), often having crossed
intergrown crystals and sometimes used as a gem.
8
(MgO) e óxido de cálcio (CaO) livres, não combinados, óxidos alcalinos (Na 2O e
K2O) e sulfatos.
Na química do cimento costuma-se abreviar as fórmulas dos óxidos do
clínquer conforme o QUADRO 1.1. É uma forma de simplificar e, portanto, facilitar a
escrita das reações químicas envolvendo estes compostos.
Abreviaçã
Óxido Composto Abreviação
o
CaO C 3CaO∙SiO2 C3S
SiO2 S 2CaO∙SiO2 C2S
Al2O3 A 3CaO∙Al2O3 C3A
Fe2O3 F 4CaO∙Al2O3∙Fe2O3 C4AF
MgO M 4CaO∙3Al2O3∙SO3 C4A3S
SO3 S 3CaO∙2SiO2∙3H2O C3S2H3
9
Estas equações são aplicáveis somente se a relação A/F ≥ 0,64 no cimento
Portland. Se não for, deve-se consultar outro conjunto de equações na norma ASTM
C150.
FIGURA 1.1 (a) Micrografia da seção polida de uma amostra clínquer obtida
por microscopia de luz refletida. (b) Difratograma de raios-X de
uma amostra de clínquer pulverizado (MEHTA; MONTEIRO, 1994)
10
A QUADRO 1.1 mostra o resultado de análise química em óxidos para 5
amostras de cimento Portland (CP1, CP2,...). Usando as equações de Bogue
calculou-se a composição potencial dos compostos ou composição teórica dos
compostos dos cimentos, na QUADRO 1.2.
Observa-se na QUADRO 1.1 que pequenas mudanças no teor de óxidos
resultam em grandes variações nos teores da composição potencial da QUADRO
1.2. Por exemplo, comparando-se os cimentos CP1 e CP2, nota-se que a redução
de 1% no Al2O3 e um correspondente aumento no Fe2O3 provoca uma diminuição
nas quantidades de C3A e de C2S, de 4,3% e 3,7%, respectivamente; ao mesmo
tempo, esta alteração também resultou num aumento da quantidade de C 4AF e de
C2S, de 3,0% e 4,3%, respectivamente. Da mesma forma uma redução de 1% no
teor de CaO e um conseqüente aumento no teor de SiO 2 do cimento CP4, faz o teor
de C3S cair em 11,6% e o C2S aumentar da mesma quantidade.
Através deste exemplo simples fica evidenciada a utilidade das fórmulas de
Bogue na estimativa da composição de compostos do cimento Portland e
conseqüentemente na previsão das propriedades do cimento.
11
A reatividade dos cimentos com a água é afetada: a) pelo tamanho das
partículas (finura do cimento); b) pela temperatura de hidratação e c) pelas
estruturas cristalinas dos seus compostos. O controle sobre as duas primeiras
características é fácil, mas, sobre a terceira é praticamente impossível.
A composição química dos compostos presentes nos cimentos Portland não é
exatamente a que é expressa pelas fórmulas comumente utilizadas: C 3S, C2S, C3A e
C4AF. Nas altas temperaturas do forno durante a clinquerização existe uma
instabilidade das fases em jogo no sistema. Além disto, a variedade de elementos
químicos presentes, inclusive as impurezas como o magnésio, o sódio, o potássio e
o enxofre, tem a capacidade de se imiscuir no reticulado cristalino daqueles
compostos, formando soluções sólidas com eles. Estas últimas formações
introduzem defeitos e imperfeições nas estruturas cristalinas dos compostos do
clínquer. As imperfeições estruturais alteram a reatividade dos compostos com a
água. Muitas vezes compostos de composição química similar apresentam
reatividades diferentes com a água. A explicação para isto só pode ser baseada nos
graus de instabilidade estrutural dos compostos.
12
Analogamente, a estrutura da belita nos cimentos industriais é irregular, mas
os vazios intersticiais formados são muito menores do que no C3S e isto torna a
belita muito menos reativa que a alita. Para se ter uma idéia disto, outra forma
cristalográfica do silicato dicálcico, denominado γC 2S tem estrutura coordenada
regular (FIGURA 1.1 b), tornando o composto não reativo. (MEHTA; MONTEIRO,
1994)
13
1.5.3 - Óxido de cálcio e óxido de magnésio
14
1.5.4 - Compostos alcalinos e sulfatos.
1.6 - Finura
15
de uma maior finura na resistência de uma pasta de cimento são manifestados
durante os sete primeiros dias.
Aproximadamente 95% das partículas de cimento são menores que 45
micrometros (0,045 mm), com um tamanho médio de partícula por volta de 15
micrometros (KOSMATKA et al, 2002). Segundo (MEHTA; MONTEIRO, 1994),
considera-se geralmente que as partículas de cimento maiores que 45 μm são
difíceis de hidratar e aquelas maiores que 75 μm nunca se hidratam completamente.
Para efeito de controle de qualidade na indústria do cimento a finura pode ser
facilmente avaliada como o resíduo retido em peneiras padrão como a malha #200
(75 μm) e a malha #375 (5 μm). Mas, da mesma forma que dois cimentos de
composição química idênticas podem suas taxas de reatividade química diferentes,
dois cimentos que “passem” pelo teste finura por peneiramento também podem ter
desempenhos completamente desiguais. Assim, torna-se necessário o
conhecimento da distribuição granulométrica completa (granulometria) do pó para
melhor se estimar o desempenho do cimento. A curva de distribuição granulométrica
completa do cimento por sedimentação pode ser obtida através do ensaio ASTM C
115 pelo uso do aparelho denominado turbidímentro de Wagner. Como este último
ensaio é delicado e requer equipamentos caros é pratica comum na indústria obter
uma medida relativa da distribuição granulométrica pela determinação da área
especifica do cimento pelo método de permeabilidade ao ar (NBR 7224, 1993). A
FIGURA 1.1 de (MEHTA; MONTEIRO, 1994) apresenta dados típicos da distribuição
granulométrica e da área especifica determinada pelo permeabilímetro de Blaine
para duas amostras de cimento Portland produzido industrialmente.
16
FIGURA 1.1 Curvas de dados típicos de análise da distribuição
granulométrica de amostras de cimento Portland (Dados cedidos
por cortesia da “Southwestern Portland Cement Company,
Victorille, Califórnia”). (MEHTA; MONTEIRO, 1994)
17
HIDRATAÇÃO DO CIMENTO PORTLAND
1.7 - Importância
18
1.8.2 - Mecanismo da hidratação no estado sólido ou topoquímico.
19
Quando o C4AF (ferroaluminato de cálcio) reage com a água em presença
dos sulfatos (provenientes do gesso) formam-se produtos de hidratação de
estruturas similares àquelas formadas pela hidratação do C 3A. Por exemplo,
dependendo da concentração de sulfatos no sistema, a hidratação do C 4AF pode
formar ou o C6A(F)S3H32 (=3CaO∙Al2O3∙Fe2O3∙3CaSO4∙32H2O, por extenso) ou o
C4A(F)S3H18 (= 3CaO∙Al2O3∙Fe2O3∙CaSO4∙18H2O, por extenso) que têm composição
química variável, mas estruturas similares à etringita (C6AS3H32) e ao
monossulfoaluminato (C4ASH18). Entretanto, o papel desempenhado pelo C 4AF na
pasta de cimento Portland nas reações de pega e endurecimento depende
principalmente de sua composição química e da temperatura de sua formação no
forno. Geralmente, a reatividade da fase ferrita é um tanto mais lenta do que a do
C3A, mas ela aumenta com o aumento do teor de alumina e com a diminuição da
temperatura de formação durante a fabricação do cimento. De qualquer modo, deve
ser observado que a reação de hidratação dos aluminatos que se fará a seguir se
aplica tanto ao C3A como ao Fss. (Fss significa solução sólida da fase ferrita. Na
literatura moderna os termos AFt e AFm são empregados para designar os produtos
que podem ter composições químicas variáveis mas são estruturalmente similares à
etringita (C6AS3H32) e ao monossulfoaluminato hidratado (C4ASH18).
Varias teorias tem sido propostas para explicar o mecanismo de
retardamento do C3A pela ação da gipsita. De acordo com uma determinada
teoria, como a gipsita e os álcalis se dissolvem rapidamente, a solubilidade do C 3A é
diminuída na presença dos íons hidroxilas (OH -), dos íons alcalinos (Na+, K+) e do
íon sulfato (SO42-). Dependendo da concentração dos íons aluminato (AlO 4-) e sulfato
(SO42-) na solução, o produto cristalino que se precipita é, ou o trissulfoaluminato de
cálcio hidratado (C6AS3H32) ou o monossulfoaluminato de cálcio hidratado (C4ASH18).
Nas soluções saturadas com os íons de cálcio (Ca 2-) e hidroxila (OH-), o primeiro se
cristaliza como agulhas prismáticas curtas e costuma também ser chamado de alto
sulfato ou pelo nome mineralógico etringita. A etringita costuma ser denominada
vulgarmente de sal de Candlot e também bacilo do cimento, devido à sua alta
expansibilidade ao se formar. O monossulfoaluminato é também chamado de baixo
sulfato e se cristaliza como placas delgadas hexagonais. As reações químicas
descritas acima podem ser expressas pelas seguintes equações:
21
FIGURA 1.1 Influência da relação aluminato/sulfato da fase nas
características de pega de pastas de cimento Portland (De “F. W.
Locher, W. Richartz, e S. Sprung, Zement Kalk Gips, N. 6, pp. 271-
77, 1980”). (MEHTA; MONTEIRO, 1994)
22
(CaSO4∙1/2H2O ) são geralmente caracterizados por este tipo de
comportamento.
• Caso III: Quando a quantidade de C3A reativo é alta, mas o sulfato solúvel
presente é menos do que o necessário para o retardamento normal, cristais
hidratados de monosulfato e de aluminato de cálcio, em forma de placas
hexagonais, formam-se rapidamente e em grandes quantidades, com a pasta
de cimento dando pega em menos de 45 minutos após a adição de água. O
fenômeno é conhecido como pega rápida.
• Caso IV: Quando pouco ou nenhum gesso for adicionado ao clínquer moído,
a hidratação do C3A é rápida e cristais de placas hexagonais de aluminato de
cálcio hidratado começam a se formar imediatamente após a adição de água,
causando quase uma pega instantânea. Este fenômeno, conhecido como
pega instantânea, esta associado com grande evolução de calor e pobres
resistências finais.
• Caso V: Quando o teor de C 3A no cimento é de baixa reatividade, como no
caso de cimentos parcialmente hidratados ou carbonatados que foram
inadequadamente estocados, e ao mesmo tempo uma grande quantidade de
hemidrato (CaSO4∙1/2H2O) está presente no cimento, a fase solução conterá
baixa concentração de íons aluminatos ((AlO 4-) mas se tornará rapidamente
supersaturada com relação aos íons cálcio Ca 2+ e sulfato SO42-. Esta situação
conduzirá à rápida formação de grandes cristais de gipsita (CaSO 4∙2H2O) com
uma correspondente perda de consistência. O fenômeno, chamado de falsa
pega, não esta associado com grande liberação de calor e pode ser sanado
por uma mistura vigorosa com ou sem água a mais.
23
dependendo da composição de um cimento, um teor específico de gesso é indicado
para o desempenho ótimo do cimento.
24
de C3S seja menor que a de um cimento de alto teor de C 2S. Na
verdade, isto se confirma através de dados de muitas pesquisas.
2- Se a durabilidade de uma pasta endurecida às águas sulfatadas e
ácidas é reduzida devido a presença de hidróxido de cálcio [Ca(OH) 2],
pode-se esperar que um cimento contendo uma proporção maior de
C2S seja mais durável em ambientes ácidos e sulfatados do que outros
contendo uma proporção maior de C3S. Esta observação também é
geralmente confirmada por experiências de campo e de laboratório. Do
ponto de vista da durabilidade a ataques químicos, muitas
especificações objetivam limitar o teor máximo permissível de C 3S nos
cimentos; algumas recomendam o uso de pozolanas para remover o
excesso de hidróxido de cálcio na pasta de cimento hidratado.
3- A partir das equações estequiométricas acima se pode calcular que
para a hidratação completa o C3S e o C2S exigem 24% e 21% de água,
respectivamente.
25
retardar a hidratação dos aluminatos, um efeito colateral é a aceleração da
hidratação da alita sem a qual os cimentos industriais endureceriam a uma taxa
muito lenta. IMPORTANTE!
QUADRO 1.1 Efeito acelerador da gipsita sobre o tempo de pega, calor de
hidratação e resistência da alita. (MEHTA; MONTEIRO, 1994)
*Cimento de alita preparado pela moagem de uma alita monoclínica de alta pureza sintetizada em
laboratório até a finura Blaine 330 m²/kg. Um cimento Portland industrial com finura Blaine 330 m²/kg
foi incluído com o objetivo de servir de referência.
CALOR DE HIDRATAÇÃO
Por que o cimento Portland reage com a água numa reação exotérmica, ou
seja, que libera calor, e muitas vezes usa-se o calor (na cura térmica, por exemplo)
para acelerar a hidratação do cimento ? Não deveria ser o contrário, isto é, não se
deveria retirar calor do sistema para acelerar a reação?
Na fabricação do cimento a matéria prima é submetida a altas temperaturas
que chegam a provocar a sua fusão parcial. Neste sistema de fases cerâmicas no
forno os componentes não estão em equilíbrio e por isso o sistema está em um
estado de energia elevado. Quando o cimento se hidrata, os compostos reagem com
a água na busca de estados estáveis de baixa energia, e o processo é
acompanhado pela liberação de calor. Assim, o calor fornecido na cura térmica
26
serve para acelerar este desequilíbrio de energia e aumentar esta busca de
patamares mais estáveis de baixa energia.
O calor de hidratação é muito importante na tecnologia do concreto. Muitas
vezes ele pode ser um problema, como por exemplo, na concretagem de uma
barragem. A grande quantidade de calor gerado pelo concreto lançado vai gerar
gradientes térmicos entre pontos do maciço concretado. Essas diferenças de
temperatura se traduzirão por dilatações diferentes nos vários pontos do concreto o
que resultará em dilatações térmicas diferenciadas e conseqüentemente fissuração
no maciço concretado.
Outras vezes o calor de hidratação é uma solução para o problema da
concretagem. No inverno, em temperaturas próximas de 5°C o cimento praticamente
não reage coma água. A temperatura ambiente não fornece a energia de ativação
para iniciar a reação. Assim, o calor gerado na reação química que tem que ser
iniciada por uso de água quente, por exemplo, deverá servir de energia de ativação
para a própria reação.
A quantidade total de calor liberado e as taxas de liberação de calor pela
hidratação dos compostos individuais podem ser usadas como índices de suas
reatividades. Os dados dos estudos com calor de hidratação podem ser usados para
caracterizar o comportamento de pega e endurecimento do cimento e para prever a
elevação de temperatura.
O gráfico da FIGURA 1.1 mostra os resultados do estudo de Lerch,1946.
Lerch registrou a taxa de evolução de calor nas pastas de cimento durante a pega e
o período inicial de endurecimento.
27
FIGURA 1.1 Taxa de liberação de calor de uma pasta de cimento Portland
durante a pega e o período inicial de endurecimento. (MEHTA;
MONTEIRO, 1994)
Quando se mistura o cimento com água ocorre uma rápida evolução de calor
durante poucos minutos (Pico A ascendente). Isto representa provavelmente o calor
de dissolução dos aluminatos e sulfatos. Esta evolução de calor inicial termina
rapidamente (Pico A descendente) quando a solubilidade dos aluminatos é reduzida
na presença de sulfatos em solução. O ciclo seguinte da evolução do calor,
culminando no segundo pico depois de aproximadamente quatro ou oito horas de
hidratação para a maioria dos cimentos Portland, representa o calor de formação da
etringita (Pico B descendente). Muitos pesquisadores acreditam que o período de
evolução de calor inclui alguma parcela do calor de dissolução do C 3S e ao calor de
formação do C-S-H. A pasta de um cimento devidamente retardado ou desacelerado
reterá muito de sua plasticidade antes do começo deste ciclo de calor e vai enrijecer
e mostrar o início de pega (começo do enrijecimento) antes de atingir o ápice B, o
qual corresponde ao fim de pega (enrijecimento completo e início do
endurecimento).
29
distância de 5 a 7 mm do fundo, numa pasta fresca de cimento moldada numa forma
tronco-cônico de 40 mm de altura. O fim da pega é atingido quando a agulha faz
uma impressão na superfície da pasta, mas não consegue penetrá-la. A
especificação ASTM C 150 limita o tempo inicial de pega no máximo em 45 minutos,
e o tempo final de pega não mais que 375 minutos, determinados pela agulha de
Vicat. (Para os cimentos brasileiros ver o 1.11QUADRO 1.2)
Uma pasta de cimento Portland de pega recente tem pouca ou nenhuma
resistência porque ela representa somente o início da hidratação do C 3S, o principal
componente do cimento. Uma vez iniciada a hidratação do C 3S, ela se prolonga por
várias semanas. O processo de progressivo preenchimento dos espaços vazios na
pasta com os produtos da reação resulta numa diminuição na porosidade e na
permeabilidade, e um aumento na resistência. Na tecnologia do concreto o
fenômeno de ganho de resistência com o tempo é chamado de endurecimento. A
FIGURA 2.1 mostra uma representação gráfica da relação entre a química do
processo de hidratação pasta de cimento Portland comum e os fenômenos físicos
graduais de enrijecimento, pega e endurecimento com a correspondente diminuição
na porosidade e na permeabilidade.
30
FIGURA 2.1 (a) Velocidades típicas de formação dos produtos de hidratação
numa pasta de cimento comum; (b) Influência da formação dos
produtos de hidratação no tempo de pega, na porosidade, na
permeabilidade, e na resistência da pasta de cimento. (MEHTA;
MONTEIRO, 1994)
33
TIPOS DE CIMENTO PORTLAND
34
Tipo IIA – Cimento Tipo II com aditivo incorporador de ar. Onde o ar incorporado é
desejado. (Não existe o cimento correspondente brasileiro).
Tipo III – Para uso quando alta resistência inicial é desejada. Para assegurar que
a alta resistência inicial não seja devida principalmente aos produtos de hidratação
do C3A, a Especificação limita o teor de C3A do cimento a um máximo de 15 %.
Deve ser notado da FIGURA 2.2 que a alta resistência do cimento Portland
Tipo III é em parte devida a maior área especifica de aproximadamente 500 m²/kg
Blaine, ao invés de 330 a 400 m²/kg para o cimento Portland Tipo I. (O cimento
brasileiro correspondente a este tipo é CPV – ARI – NBR5733)
Tipo IIIA – Cimento Tipo III com aditivo incorporador de ar, onde o ar incorporado é
desejado. (Não existe o cimento correspondente brasileiro).
35
CPIII, CPIV e CPV ARI – podem ser resistentes aos sulfatos, desde que se
enquadrem em pelo menos uma das seguintes condições abaixo:
a) Teor de aluminato de cálcio no clínquer e teor de adições carbonáticas de no
máximo 8% e 5%, em massa, respectivamente;
b) Cimento do tipo alto-forno que contiverem entre 60% e 70% de escória
granulada de alto-forno, em massa;
c) Cimentos do tipo pozolânico que contiverem entre 25% e 40% de material
pozolânico, em massa;
d) Cimentos que apresentarem antecedentes de resultados de ensaios de longa
duração ou obras que comprovem resistência aos sulfatos.
Composição
3CaO.SiO2 β2CaO.SiO2 3CaO.Al2O3 4CaO.Al2O3.Fe2O3
Aproximada
Fórmula
C3S C2S C3A C4AF
Abreviada
Nome
Alita Belita -- Fase Ferrita Fss
comum
Principais MgO, Al2O3, MgO, Al2O3, SiO2, MgO, SiO2, MgO,
Impurezas Fe2O3 Fe2O3 Álcalis
Cúbico,
Sistema
Monoclínico Monoclínico Ortorrômbic Monoclínico
cristalino
o
Proporção
dos
Compostos
Presentes
Intervalo de
30-65 10-40 0-15 5-15
Variação
Média no
cimento 50 25 8 8
comum
Velocidade
de
média lenta rápida média
Reação com
água
Contribuição
para a
resistência
Nas boa pequena boa boa
primeiras
36
idades
Nas últimas
boa excelente média média
idades
Calor de
médio baixo elevado médio
hidratação
120 60 320 100
Típico (cal/g)
QUADRO 1.4 Composição típica dos compostos dos vários tipos de cimentos
Portland nos EEUU
Exigências da
Tipo I Tipo II Tipo III Tipo V Método de ensaio
ASTM C 150
O Método ASTM C 204 cobre a
determinação da finura dos cimentos
Finura:
280 280 nenhum 280 usando o aparelho de permeabilidade
mínimo (m²/kg)
ao ar de Blaine. A finura é expressa em
área superficial do cimento.
O Método ASTM C 151 cobre a
determinação da estabilidade de
volume dos cimentos medindo a
Estabilidade de
expansão de prismas de pasta de
volume, autoclave: 0,8 0,8 0,8 0,8
cimento curados normalmente por 24
Expansão (%)
horas e subsequentemente a 2 MPa de
pressão de vapor de água no autoclave
por 3 horas.
Tempo de inicio 45 45 45 45 O Método ASTM C 191 cobre a
de pega, mínimo determinação do tempo de pega de
(min) pastas de cimento usando o aparelho
de Vicat. O tempo de início de pega é
obtido quando uma agulha de 1 mm é
capaz de penetrar até 35 mm de
38
profundidade em uma pasta fresca num
pote tronco-cônico de 40 mm de altura.
O tempo de fim de pega é obtido
Tempo de fim
quando uma agulha com um orifício de
de pega, máximo 375 375 375 375
5mm não penetra visivelmente na
(min)
pasta.
Resistência à
compressão:
mínimo (MPa)
1 dia no ar úmido nenhum nenhum 12,4 nenhum
O Método ASTM C 109 cobre a
1 dia no ar úmido +
12,4 10,3a 24,1 8,3 determinação da resistência à
2 dias na água
compressão de cubos de argamassa
1 dia no ar úmido +
19,3 17,2a nenhum 15,2 compostos de 1 parte de cimento, 0,485
6 dias na água
partes de água e 2,75 partes de areia
1 dia no ar úmido + normal em massa.
nenhumb nenhumb nenhum 20,7
27 dias na água
a
As resistências mínimas à compressão aos 3 e 7 dias devem ser 6,0 MPa e 11,7 MPa, respectivamente, quando o calor de
hidratação opcional ou os limites químicos da soma de C3S e C3A são especificados.
b
Quando especificamente exigido, os valores mínimos da resistência aos 28 dias para os cimentos Tipo I e Tipo II devem ser
27,6 MPa.
ANEXOS
39
1.11 - NORMAS BRASILEIRAS PARA O CIMENTO PORTLAND
40
QUADRO 1.1 Tipos de Cimento Portland
Composição (%) fc**
Cimento Nome Classe* Clínquer +
Escória Pozolana Filler (MPa)
gesso
CP I C P Comum 25-32-40 100 - - - 25-32-40
CP I – S C P c/ Adição 25-32-40 99-95 - 1–5 - 25-32-40
(*) A classe indica a resistência à compressão com a água de consistência normal na pasta
(**) Carga de ruptura medida no 28º dia de cura
(***) Carga de ruptura medida no 7º dia de cura.
QUADRO 1.2 Exigências físicas dos cimentos segundo as normas brasileiras
Tempo de Expansibilidade Le
Finura Resistência à Compressão
Pega Chatelier
3 7
#200 Blaine Inicio Fim Frio Quente 1 dia 28 dias
Class dias dias
Cimento
e
(75μm) (m²/kg) (h) (h) (mm) (MPa) (MPa) (MPa) (MPa)
(mm)
25 ≤ 12 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPI 32 ≤ 12 ≥ 260 ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≤ 10 ≥ 280 ≥ 15,0 ≥25,0 ≥40,0
25 ≤ 12 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPI-S 32 ≤ 12 ≥ 260 ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≤ 10 ≥ 280 ≥ 15,0 ≥25,0 ≥40,0
25 ≤ 12 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPII-E 32 ≤ 12 ≥ 260 ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≤ 10 ≥ 280 ≥ 15,0 ≥25,0 ≥40,0
25 ≤ 12 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPII-Z 32 ≤ 12 ≥ 260 ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≤ 10 ≥ 280 ≥ 15,0 ≥25,0 ≥40,0
25 ≤ 12 ≥ 240 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPII-F 32 ≤ 12 ≥ 260 ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≤ 10 ≥ 280 ≥ 15,0 ≥25,0 ≥40,0
25 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPIII 32 ≤8 -- ≥1 ≤10 ≤5 ≤5 -- ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
40 ≥ 12,0 ≥23,0 ≥40,0
25 ≥ 8,0 ≥15,0 ≥25,0
CPIV ≤8 -- ≥1 ≤12 ≤5 ≤5 --
32 ≥ 10,0 ≥20,0 ≥32,0
CPV-
-- ≤8 ≥ 300 ≥1 ≤12 ≤5 ≤5 ≥14,0 ≥ 24,0 ≥34,0 --
ARI
RS 40 ≥ 300 ≥1 ≤12 ≤5 ≤5 ≥11,0 ≥ 24,0 ≥34,0 --
Sigla da
Título da Norma
Norma
NBR NM Cimento portland – Análise química –Método optativo para determinação de óxidos
11-2/04 principais por complexometria
NBR NM Cimento portland – Análise química – Determinação do óxido de cálcio livre pelo etileno
13/04 glicol.
NBR NM
Cimento portland – Análise química – Determinação do resíduo insolúvel.
15/04
NBR NM
Cimento portland – Análise química – Determinação do anidrido sulfúrico.
16/04
NBR NM Cimento portland – Análise química – Método de arbitragem para a determinação do
17/04 óxido de sódio e óxido de potássio por fotometria de chama.
NBR NM
Cimento portland – Análise química – Determinação da perda ao fogo.
18/04
NBR NM Cimento portland – Análise química – Determinação de enxofre na forma de sulfeto.
19/04
NBR NM Cimento Portland e suas matérias-primas – Análise química – Determinação do dióxido
20/04 de carbono por gasometria.
NBR Cimento Portland e clínquer – Análise química – Determinação de cloretos pelo método
14.832/0 dos íons seletivos – método de ensaio.
2
NBR
Cimento Portland – Determinação da resistência à compressão
7215/96
NBR
11.582/9 Cimento Portland – Determinação da expansibilidade de Le Chatelier
1
NBR Cimento Portland – Determinação da finura por meio da peneira 75 micrometros (nº 200)
11.579/9
1
NBR Cimento Portland e outros materiais em pó – Determinação do índice de finura por meio
12.826/9 do peneirador aerodinâmico.
3
NBR NM
Cimento Portland – Determinação da pasta de consistência normal.
43/03
NBR NM
Cimento Portland – Determinação do tempo de pega..
65/03
NBR NM Cimento Portland e outros materiais em pó – Determinação da massa especifica.
23/01
NBR NM Cimento Portland – Determinação da finura pelo método da permeabilidade ao ar
76/98 (Método de Blaine).
NBR
Cimento Portland Pozolânico – Determinação da pozolanicidade.
5753/92
NBR Cimento Portland – Determinação do teor de escoria granulada de alto forno por
5754/92 microscopia.
NBR Cimento Portland – Determinação do calor de hidratação pelo método da garrafa de
12.006/9 Langavant.
0
NBR Cimento Portland – Determinação da variação dimensional das barras de argamassa de
13.583/9 cimento Portland expostas à solução de sulfato de sódio
6
43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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