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As Origens da
Estratégia
E
ste capítulo revisará a história do pensamento estratégico no mundo dos ne-
gócios, a partir de meados da década de 1970. A perspectiva histórica a ser
mantida em todo o livro é interessante por, no mínimo, três razões:
• Apesar de criteriosas tentativas ao longo de décadas para definir e redefinir
estratégia (ver as citações no início do capítulo), uma série de manifestações
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continua a surgir, buscando redefinir o termo. Seria, portanto, idiossincrático
iniciar a discussão acrescentando mais uma à lista de definições. Examinar a
história das práticas e das ideias estratégicas constitui uma abordagem menos
arbitrária do estudo do tema.
• A perspectiva histórica organiza conceitos mutáveis sobre estratégia conforme
vislumbrada ou desenvolvida por quem atua na área – acadêmicos, adminis-
tradores e consultores –, permitindo-nos identificar padrões no que, de outra
forma, poderia parecer um turbilhão caótico de ideias. Padrões desse tipo estão
evidentes em todos os capítulos do livro: coevolução com o ambiente, desen-
volvimento e difusão de paradigmas estratégicos especiais, mudanças de para-
digmas, reciclagem de ideias, para citar apenas alguns exemplos.
• De forma mais ambiciosa, a ideia de dependência das estratégias do histórico
das organizações (um dos gritos de guerra dos estrategistas acadêmicos desde
meados da década de 1980) sugere que a compreensão da história das ideias
sobre estratégia é essencial para desenvolver uma noção mais informada dos
rumos do campo no futuro.
Neste capítulo, discutiremos brevemente as origens das ideias estratégicas.
Começaremos com algumas noções básicas, incluindo os antecedentes militares, e
então passaremos à discussão de ideias sobre estratégia, sobretudo planejamento de
portfólio, que foram desenvolvidas e disseminadas por acadêmicos e consultores na
década de 1960 e no início da de 1970. Concluiremos revisando a insatisfação com
o estado desse campo, que se havia instalado desde a segunda metade da década
de 1970. Em particular, o desenvolvimento precário de duas dimensões básicas a
respeito das matrizes de planejamento de portfólio – atratividade ambiental e posi-
cionamento competitivo – preparou o cenário para boa parte do trabalho subsequen-
te sobre esses tópicos, que serão discutidos nos Capítulos 2 e 3, respectivamente, e
revistos sob uma perspectiva de estratégia corporativa nos Capítulos 6 e 7. Os Capí-
tulos 4 e 5 tratarão de outras fraquezas do planejamento de portfólio, ao enfatizarem
a dimensão dinâmica do pensamento estratégico.
ANTECEDENTES
“Estratégia” é um termo que remonta aos antigos gregos, que usavam a palavra stra-
tegos, da qual deriva, para designar o magistrado-chefe ou o comandante-chefe mili-
tar. Ao longo do tempo, refinamentos do conceito de estratégia continuaram a se cen-
trar nos aspectos militares do termo. Na primeira metade do século XIX, a tentativa
de síntese de Carl von Clausewitz é um exemplo notável: escreve que, enquanto “a
tática... [envolve] o uso de forças armadas no confronto, a estratégia [é] a utilização
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de confrontos no tocante ao objetivo de guerra”. A adaptação da terminologia estra-
tégica a um contexto comercial, entretanto, teve de esperar o cenário da Segunda Re-
volução Industrial, que teve início na segunda metade do século XIX, mas realmente
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só deslanchou no século XX.
A Primeira Revolução Industrial (que se estendeu de meados de 1700 a mea-
dos de 1800) pouco conseguiu induzir em termos de pensamento ou comportamen-
to estratégico. Esse fracasso pode ser atribuído ao fato de que, embora o período
fosse marcado por intensa competição entre indústrias, nenhuma teve o poder de
influenciar os resultados de mercado de modo significativo. Os negócios, em gran-
de parte, permaneciam pequenos e utilizavam o mínimo possível de capital fixo.
mento passivo e adaptado; significa adotar medidas que façam acontecer os resul-
tados esperados”. Observou que a teoria econômica havia muito tempo tratava os
mercados como forças impessoais, fora do controle dos empreendedores individuais
e das organizações. Na era das grandes corporações, contudo, gerenciar “implica
a responsabilidade de procurar moldar o ambiente econômico, pelo planejamento,
lançamento e implementação de mudanças nesse mesmo entorno, mediante o con-
tinuado desafio das limitações das circunstâncias econômicas sobre a liberdade de
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ação das empresas.” Esse pensamento tornou-se a chave do raciocínio para a estra-
tégia corporativa – que de forma consciente, pelo planejamento formal, as empresas
poderiam exercer algum controle positivo sobre as forças de mercado.
Contudo, tais reflexões sobre a natureza da estratégia pareceram ineficientes
durante a década de 1950. Nos Estados Unidos, o racionamento ou a proibição da
produção durante a Segunda Guerra combinaram-se com os altos níveis de poupan-
ças privadas para criar excesso de demanda para muitos produtos. A Guerra da Co-
réia forneceu alento maior à demanda. A Europa e o Japão sofreram desarticulações
pós-guerra ainda mais severas, o que provocou maior controle governamental no
que Lênin chamara “elites dominantes” de uma economia, a saber, suas principais
indústrias e empresas. Aumentos similares no controle governamental, em oposição
à confiança nas forças de mercado, foram observados em países mais pobres, incluin-
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do muitos dos que emergiam por força do declínio do colonialismo.
Uma conexão mais direta com o desenvolvimento de conceitos estratégicos
para aplicações de negócios surgiu com a concorrência entre os segmentos das forças
armadas norte-americanas após a Segunda Guerra Mundial. Durante esse período,
os líderes militares norte-americanos começaram a debater os acordos que melhor
defenderiam a concorrência legítima entre os quatro serviços militares, mantendo
ainda a necessária integração de planejamento tático e estratégico. Muitos afirmaram
que o Exército, a Marinha, o Corpo de Fuzileiros e a Força Aérea seriam bem mais
eficientes se fundidos em uma organização única. À medida que o debate recrudes-
cia, o sociólogo Philip Selznick observou que o Departamento da Marinha “emergia
como o defensor de valores institucionais sutis, e tentava, muitas vezes, formular
as características distintivas dos vários serviços”. Em essência, os “porta-vozes da
Marinha tentaram diferenciar o Exército como uma organização baseada na ‘força
humana’ e a Marinha como um sistema perfeitamente ajustado de habilidades técni-
cas e de engenharia – uma organização ‘centrada na máquina’. Defrontando-se com
o que considerava uma ameaça fatal, a Marinha tornou-se altamente autoconsciente
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a respeito de sua própria e distintiva competência”. O conceito de competência dis-
tintiva passaria a adquirir grande ressonância no gerenciamento estratégico, como
veremos adiante.
FUNDAMENTOS ACADÊMICOS
Alguns dos primeiros textos acadêmicos sobre estratégia foram produzidos por re-
nomados economistas. Por exemplo, John Commons, um institucionalista, escreveu
em seu livro de 1934 sobre o foco das empresas comerciais em fatores estratégicos
ou limitadores de um modo que foi percebido alguns anos depois – o exemplo do
potássio e tudo o mais – por Chester Barnard (ver a primeira citação no início deste
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capítulo). Ronald H. Coase, que poderia ser chamado o primeiro economista orga-
nizacional, publicou um ensaio instigante em 1937, que indagava por que as empre-
sas existem – artigo que continua a ser citado quase 75 anos depois, e que lhe rendeu
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um Prêmio Nobel. Joseph Schumpeter, um tecnólogo, discutiu em seu livro de 1942
o conceito de que a estratégia de negócios abarcava muito mais do que o ajuste de
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preços contemplado pela microeconomia ortodoxa. E um livro publicado em 1959
por Edith Penrose relacionava explicitamente o crescimento das empresas aos recur-
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sos sob seu controle e à estrutura administrativa utilizada para coordenar seu uso.
De maneira geral, entretanto, os economistas tiveram impacto direto no desenvolvi-
mento inicial do pensamento acadêmico sobre estratégia de negócios muito inferior
ao dos acadêmicos estabelecidos nas escolas de administração.
A Segunda Revolução Industrial havia presenciado a fundação de muitas esco-
las de administração de elite nos Estados Unidos, a começar pela Wharton School,
em 1881. A Harvard Business School, fundada em 1908, foi uma das primeiras a pro-
mover a ideia de que administradores deveriam ser treinados a pensar estrategica-
mente em vez de se limitarem a atuar como administradores funcionais, ainda que
a estratégia não tenha sido explicitamente mencionada antes da década de 1960. Em
1912, Harvard introduziu a partir do segundo ano uma disciplina obrigatória, cha-
mada “Política Empresarial”, concebida para integrar o conhecimento adquirido em
áreas funcionais como contabilidade, operações e finanças. O objetivo era dar aos
estudantes uma perspectiva mais ampla de problemas estratégicos enfrentados por
executivos nas corporações. As ementas de um curso de 1917 alegavam que “uma
análise de qualquer problema de administração não apenas demonstra suas relações
com outros problemas no mesmo grupo, mas também as íntimas conexões entre os
grupos. Poucos problemas em negócios são puramente intradepartamentais”. Do
mesmo modo, as políticas de cada departamento deveriam manter “um equilíbrio de
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acordo com as políticas subjacentes da empresa como um todo”.
No início dos anos 50, dois professores de política empresarial em Harvard,
George Albert Smith Jr. e C. Roland Christensen, encorajaram os alunos a questio-
nar se a estratégia das empresas era compatível ou não com seu entorno competiti-
vo. Nas leituras de casos, os alunos eram ensinados a fazer a seguinte pergunta: as
políticas da companhia “se enquadram em um programa que efetivamente atende
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às necessidades do ambiente competitivo?”. Os alunos eram aconselhados a lidar
com essa questão, indagando: “Qual a situação da indústria no seu todo? Cresce e se
expande? É estática? Está em declínio?”. Então, tendo “dimensionado” o ambiente
competitivo, ainda deveriam fazer mais perguntas: “Em que base uma empresa deve
competir com outros nessa determinada indústria? Em que setores a empresa precisa
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ser especialmente competente para competir?”.
No final dos anos 50, outro professor de política empresarial de Harvard, Ken-
neth Andrews, expandiu o alcance desses conceitos, argumentando que “toda or-
ganização empresarial, toda subunidade organizacional e mesmo todo indivíduo
[deveria] ter um conjunto definido de propósitos ou metas que o mantivesse numa
direção deliberadamente escolhida, evitando sua dispersão para direções indesejáveis”
(o grifo é nosso). Assim como Alfred Sloan, na General Motors, Andrews pensava
que “a função primária do administrador geral, com o tempo, é a supervisão do pro-
cesso contínuo de determinar a natureza do empreendimento e estabelecer, revisar
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e procurar atingir suas metas”. Suas conclusões foram motivadas pela observação
da indústria e de casos empresariais que preparara a respeito de relojoeiros suíços,
Tendências e Competência
condições distintiva
ambientais Habilidades:
Econômica Financeira
Técnica Administrativa
Física Funcional
Política Organizacional
Social Reputação
Comunidade Histórico
Nação
Mundo
Recursos
corporativos
Oportunidades Ampliando ou
e riscos limitando
Consideração de
Questionamento oportunidades
todas as
Inquirição combinações Identificação
Avaliação de de forças e
risco fraquezas
Avaliação para determinar Programas para
a melhor combinação de incremento das
oportunidades e recursos habilidades
Escolha de produtos
e mercados
Estratégia econômica
pularidade do conceito SWOT – que ainda é muito utilizado – não trouxe solução
para a questão de realmente definir a competência distintiva de uma determinada
empresa. Para resolver esse problema, estrategistas tiveram de decidir quais aspec-
tos empresariais eram “duradouros e imutáveis ao longo de períodos de tempo re-
lativamente longos” e quais eram “necessariamente mais respondentes a mudanças
no mercado e a pressões de outras forças do ambiente”. Essa distinção era crucial,
porque “a decisão estratégica diz respeito ao desenvolvimento de longo prazo do
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empreendimento” (o grifo é nosso). Quando escolhas estratégicas foram analisa-
das a partir de uma perspectiva de longo prazo, a ideia de “competência distintiva”
adquiriu uma importância adicional porque grande parte dos investimentos de lon-
go prazo envolvia riscos maiores. Assim, se as oportunidades buscadas pela empre-
sa pareciam “deixar para trás sua competência distintiva atual”, então o estrategista
precisava considerar “a disposição da firma em apostar que pudesse vir a atingir o
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patamar exigido”.
O debate em torno da “disposição da firma em apostar” em sua competên-
cia distintiva para buscar uma oportunidade continuou ao longo da década de
1960, alimentado por um mercado de ações em continuada expansão e por estra-
tégias corporativas que estavam fortemente direcionadas para o crescimento e a
diversificação. Em um artigo clássico de 1960 que antecipou essa discussão, chama-
do Marketing Myopia, Theodore Levitt havia sido extremamente crítico acerca das
empresas que focavam excessivamente na entrega de um determinado produto,
presumivelmente explorando sua competência distintiva, em vez de consciente-
mente servir o cliente. Levitt argumentou que, quando as empresas falham, “geral-
mente significa que o seu produto não consegue se adaptar a padrões em constante
mudança com relação às necessidades e gostos dos clientes, às novas e modificadas
instituições e práticas mercadológicas ou a desenvolvimentos de produtos em in-
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dústrias complementares”.
Outro estrategista renomado, H. Igor Ansoff, discordava dessa posição,
afirmando que Levitt recomendava às empresas que incorressem em riscos des-
necessários, ao investir em novos produtos que ainda não tinham condições de
atender à competência distintiva da firma. Ansoff sugeriu que as companhias de-
veriam antes indagar se um novo produto tinha ou não “uma linha mestra” em
relação aos já existentes. Definia tal alinhamento comum como a “missão” das
empresas – seu compromisso em explorar uma necessidade existente do merca-
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do como um todo. De acordo com ele, “algumas vezes o cliente é erroneamente
identificado como o objetivo do negócio de uma empresa. Na realidade, um deter-
minado tipo de cliente terá em geral um conjunto de missões ou necessidades de
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produtos não necessariamente relacionados”. Visando a capacitar as empresas
a manter seu foco estratégico, Ansoff sugeriu quatro categorias para definir o elo
27
comum da estratégia de negócio/corporação, como mostra o Quadro 1.2. An-
soff e outros também trabalharam para traduzir a lógica da estrutura SWOT em
fluxogramas complexos, de perguntas concretas que precisavam ser respondidas
28
no desenvolvimento de estratégias.
Nos anos 60, a diversificação e as mudanças tecnológicas aumentaram a com-
plexidade das situações estratégicas enfrentadas por muitas empresas, bem como
sua necessidade de medidas mais sofisticadas que pudessem ser usadas para avaliar
e comparar vários tipos de negócios. Como os acadêmicos das escolas de adminis-
10.000
2.000
Alto crescimento
?
Estrela Ponto de interrogação
Baixo crescimento
$
que certamente irão revidar”. Por outro lado, em um mercado de produtos com ace-
lerado crescimento, “uma companhia pode ganhar participação assegurando a con-
quista da maior parcela do crescimento. Então, enquanto os competidores crescem, a
companhia pode crescer mais rapidamente e emergir como a dominante do mercado,
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mesmo que esse crescimento eventualmente diminua”.
Atratividade da indústria
Investimento
Alto e Crescimento Seletividade
crescimento
Colher/
Médio Crescimento Seletividade destituição
Força do negócio
Colher/ Colher/
Baixo Seletividade destituição destituição
PROBLEMAS E PROMESSAS
Ironicamente, as próprias condições macroeconômicas que (inicialmente) aumen-
taram a popularidade do planejamento de portfólio também inspiraram questões
sobre a curva de experiência. A alta taxa de inflação e o excesso de capacidade de
produção, devido a quedas na demanda, gerados pelas crises do petróleo de 1973
e 1979, desestruturaram as curvas de experiência históricas em muitas indústrias,
sugerindo que Bruce Henderson havia superestimado o conceito em um artigo de
1974, denominado “Por que os custos sempre caem?”. Outro problema com a curva
de experiência foi detectado pelo clássico artigo de William Abernathy e Kenneth
Wayne, de 1974, que argumentava que “a consequência de buscar intensamente uma
estratégia de minimização de custos [por exemplo, com base na curva de experiên-
cia] indica uma baixa habilidade em fazer mudanças inovadoras e responder àquelas
50
introduzidas pelos concorrentes”. Abernathy e Wayne fizeram referência à obsessão
de Henry Ford com a redução de custos do Modelo T, que deixou sua companhia
vulnerável à estratégia de inovação de produto iniciada por Alfred P. Sloan na Ge-
neral Motors. A curva de experiência também atraiu críticas por tratar as reduções
de custo como sendo algo automático e não passível de gestão, por presumir que
grande parte da experiência poderia ser retida de modo proprietário, por combinar
diferentes fontes de redução de custos com implicações estratégicas bem distintas (p.
ex., aprendizagem versus escala versus integração vertical) e por criar impasses quan-
51
do múltiplos concorrentes buscavam a mesma estratégia baseada na experiência.
No final da década de 1970, o planejamento de portfólio também enfrentou
contestações. Um dos problemas era que as recomendações estratégicas para uma
UEN quase sempre eram muito sensíveis à técnica de planejamento de portfólio em-
pregada. Por exemplo, quando um estudo acadêmico aplicou quatro diferentes téc-
nicas de portfólio a um grupo de 15 UENs pertencentes à mesma empresa da Fortune
500, descobriu-se que apenas uma dentre elas inseria-se no mesmo bloco de cada
uma das quatro matrizes, e somente cinco obtinham classificações semelhantes em
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três das quatro matrizes. Esse nível de concordância foi apenas ligeiramente mais
elevado que o esperado se as 15 UENs tivessem sido aleatoriamente classificadas, em
separado, quatro vezes!
Em segundo lugar, e mais importante, mesmo se alguém pudesse conceber a técni-
ca “correta” a ser empregada, a definição automática de padrões de alocação de recursos
com base em informações históricas era inerentemente problemática, como também a
ideia implícita de que o capital financeiro era o recurso escasso que a alta administração
deveria focar. Alguns consultores rapidamente reconheceram esses problemas. Em 1979,
Fred Gluck, o líder da prática de gerenciamento estratégico da McKinsey, arriscou a
opinião de que “a forte dependência de técnicas ‘pré-formatadas’ [tem] frequentemen-
te resultado em nada mais do que um ajuste, ou refinamento, de iniciativas atuais em
negócios tradicionalmente configurados”. Ainda pior, estratégias baseadas em técni-
cas “raramente derrubam a competição existente” e quase sempre deixam os negócios
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“vulneráveis a inesperados golpes de empresas antes não consideradas concorrentes”.
Gluck e seus colegas procuraram amenizar algumas das restrições impostas pelas abor-
dagens mecanicistas, propondo que as estratégias de empresas bem-sucedidas avanças-
sem através de quatro fases (apresentadas no Quadro 1.6) que envolviam o lidar com
4. Gerenciamento estratégico
Criar o futuro
1. Planejamento financeiro
Atender ao orçamento anual
Vantagens
competitiva
Posição Desvantagens
Alto Baixo
Atratividade industrial
Resumo
Este capítulo apresentou a história do pensa- Empresas consultoras disseminaram ideias aca-
mento estratégico sobre negócios durante mea- dêmicas e desenvolveram conjuntos de ferra-
dos da década de 1970. A origem da história do mentas para auxiliar os gerentes seniores (mes-
pensamento estratégicoempresarial foi afetada, mo os de empresas altamente diversificadas) a
de muitas maneiras, por considerações e con- monitorar as estratégias das unidades de negócio
ceitos militares. Do ponto de vista da sociologia, sob sua responsabilidade. Embora o desencanto
com seu construto de competência distintiva, pa- com ferramentas específicas tenha rapidamente
rece ter sido o campo acadêmico que mais exer- se instalado, essa linha de trabalho estruturou,
ceu influência sobre as primeiras formulações do ainda assim, a agenda para a futura pesquisa e o
conceito de estratégia nos negócios, sobretudo desenvolvimento no campo da estratégia.
pelos professores das escolas de administração.57
Termos-chave
competência distintiva estratégia unidades estratégicas de
curva de aprendizagem planejamento de portfólio negócio (UENs)
curva de experiência SWOT
Notas
1. Consultar, por exemplo, os dois artigos 11. John Rogers Commons, Institutional Eco-
ganhadores do McKinsey Award, constan- nomics; Its Place in Political Economy (New
tes no volume de 1996 da Harvard Business York: Macmillan Co., 1934); Barnard, Func-
Review: “Strategy as Revolution”, de Gary tions of the Executive.
Hamel, e “What is Strategy?”, de Michael E. 12. Ronald H. Coase, “The Nature of the Firm”,
Porter. Economica 4, n.16 (1937): 386-405. Republi-
2. Carl von Clausewitz, On War, traduzido e cado em George Joseph Stigler e Kenneth
publicado por Michael Eliot Howard e Pe- E. Boulding (eds.) Readings in Price Theory
ter Paret (1976; reimpressão, Princeton, N.J.: (Chicago: Richard D. Irwin, 1952). Além
Princeton University Press, 1984), p.128. do artigo de Coase, que influenciou o pen-
3. Para uma análise da história mercantil em samento sobre estratégia e organizações,
termos dessas duas revoluções industriais outros autores fizeram contribuições pionei-
e de uma terceira, ver Thomas K. McCraw ras à teoria institucional e não puderam ser
(org.), Creating Modern Capitalism: How En- completamente citados aqui: Henri Fayol na
trepreneurs, Companies, and Countries Trium- teoria da administração, Elton Mayo e Mel-
phed in Three Industrial Revolutions (Cam- ville Dalton nas relações humanas e Herbert
bridge, Mass.: Harvard University Press, Simon e James March nos processos infor-
1997). Para uma consideração ampliada da macionais, para citar apenas alguns.
evolução de estratégias de negócio, até o 13. Joseph Schumpeter, Capitalism, Socialism and
final do século XX, ver Pankaj Ghemawat, Democracy (New York: Harper, 1942).
“Competition and Business Strategy in His- 14. Edith Penrose, The Theory of the Growth of the
torical Perspective”, Business History Review Firm (Oxford: Basil Blackwell, 1959).
76 (Spring 2002): 37-74. 15. Official Register of Harvard University,
4. Alfred Chandler Jr., Strategy and Structure: March 29, 1917, p.42-43.
Chapters in the History of the Industrial Enter- 16. George Smith e C. Roland Christensen, Su-
prise (Cambridge, Mass.: MIT Press, 1962), ggestions to Instructors on Policy Formulation
e Scale and Scope: The Dynamics of Industrial (Chicago: Richard D. Irwin, 1951), p.3-4.
Capitalism (Cambridge, Mass.: Belknap 17. George Smith, Policy Formulation and Admi-
Press of Harvard University Press, 1990). nistration: A Casebook of Top-Management Pro-
5. Ver Alfred P. Sloan, My Years with General blems in Business (Chicago: Richard D. Irwin,
Motors (New York: Doubleday, 1963). 1951), p.14.
6. Chester Barnard, The Functions of the Execu- 18. Kenneth Andrews, The Concept of Corporate
tive (1938; reimpressão, Cambridge, Mass.: Strategy (Homewood, Ill.: Richard D. Irwin,
Harvard University Press, 1968), p. 204-205. 1971), p. 23.
7. John von Neumann e Oskar Morgenstern, 19. Ver Edmund Learned, C. Roland Christen-
The Theory of Games and Economic Behavior sen e Kenneth Richmond Andrews, Proble-
(Princeton, N.J.: Princeton University Press, ms of General Management; Business Policy: A
1944). Series Casebook (Homewood, Ill.: Richard D.
8. Peter Drucker, The Practice of Management Irwin, 1961), parte I.
(New York: Harper, 1954), p.11. 20. Entrevista com Kenneth Andrews, em 2 de
9. Daniel Yergin e Joseph Stanislaw, The Com- abril de 1997.
manding Heights: The Battle between Govern- 21. Kenneth Andrews, The Concept of Corporate
ment and the Marketplace That Is Remaking the Strategy, edição revisada (Homewood, Ill.:
Modern World (New York: Simon & Schuster, Richard D. Irwin, 1980), p.69.
1998). 22. Ibid. (ed. 1971), p.29.
10. Philip Selznick, Leadership in Administration: 23. Ibid., p.100.
A Sociological Interpretation (New York: Har- 24. Theodore Levitt, “Marketing Myopia”, Har-
per & Row, 1957), p. 49-50. vard Business Review 53, n.5 (1975): 45-56.
dos estatísticos apresentados pelos autores Advantage”, Harvard Business Review 58, n.4
baseiam-se em um esboço não publicado de (1980): 154-161.
Pankaj Ghemawat. 55. Robert H. Hayes e William J. Abernathy,
53. Gluck e Kaufman, “Using the Strategic Plan- “Managing Our Way to Economic Decline”,
ning Framework”, p.5-6. Harvard Business Review 58, n.4 (1980): 67-77.
54. Adaptado de Frederick Gluck, Stephen Kau- 56. Ibid., p.71.
fman e A. Steven Walleck, “The Evolution of 57. A teoria da competência distintiva foi reci-
Strategic Management”, trabalho de equipe clada, com bastante sucesso, na década de
da McKinsey (out.1978), p.4. Reproduzido 1990. Ver a discussão sobre competência es-
pelos mesmos autores, com modificações, tratégica no Capítulo 6.
em “Strategic Management for Competitive