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Memórias de um Sargento contra as Milícias - 1

Edmar Roberto Prandini


edmarrp@yahoo.com.br
Maio/2019

No trajeto de nossas histórias de vida, somos surpreendidos, muitas vezes, com mutações
situacionais, em que ambientes tornam-se inóspitos quando deveriam ser acolhedores e
quando agimos para que se tornem melhores e mais saudáveis.

A explicação está no surgimento de oponentes dentre aqueles que julgávamos que seriam ou
que deveriam ser aliados(as); inimigos(as) dentre os que considerávamos que seriam
amigos(as); demolidores(as) dentre aqueles(as) com quais se pretendia iniciar um
movimento de construção coletiva de uma ordem social mais justa. Oponentes políticos em
um conflito político dissimulado, que pretendem fazer persistirem práxis que não se podem
justificar, de privilégios e acomodações de situações que são escárnio contra a ética e contra
a justiça.

No Estado democrático, compreendido como um regime político includente, de que todos os


cidadãos participam, de forma indistinta, assegurado, nos termos da lei, o exercício de seus
direitos, a liberdade de seu pensamento, de sua expressão e de sua organização associativa
e política, impõe-se o imperativo da regência por regras constitucionais, mediante quais, de
um lado, assegura-se, precisamente, o direito dos cidadãos e, de outro, com o mesmo
propósito, limita-se a autoridade da “autoridade” detentora de mandato governamental,
sempre temporário, com o estabelecimento do regramento legal, por normas nacionais ou
infranacionais, quando governa unidades federativas regionais, como os Estado brasileiros,
ou locais, como no caso dos municípios.

As Constituições e o direito administrativo existem para controlar a autoridade governante,


que não possui mais soberania, porque não possui mais a majestade do rei. A soberania está
distribuída, em frações pertencentes aos verdadeiros soberanos do Estado democrático: os
cidadãos, que a exercem diretamente ou pelo serviço de seus representantes, de mandatos
temporários, eleitos por sufrágios legalmente configurados.

Em breves capítulos, pouco a pouco, nos próximos dias, vou narrar alguns processos em
que propostas e iniciativas mobilizaram oponentes onde se esperava encontrar aliados.
Pessoas e grupos que, na maioria das vezes, agiram articuladamente, a maioria ocultando-
se, para esvaziar as propostas e destruir as iniciativas, para impedir a superação de status
quo dominantes, mas retrógrados, por ordens sociais mais dinâmicas, por organizações mais
eficientes e mais abertas, afetas à democracia.
Há avisos de que redigir capítulos nesta perspectiva tende a acentuar as objeções e até a
repressão. Mas, para enfrentar o cerceamento, a única maneira é a expressão. Sucumbir a
formas veladas de ameaça e manter silêncio é o que de pior se pode fazer. A comunicação é
a liberdade, a afirmação do direito e da ética. Sem precisar agredir, sem precisar acusar.
Apenas narrar. E publicar.

II

Memórias de um Sargento de Milícias é uma obra famosa da literatura brasileira, como se


sabe. Memórias de um Sargento CONTRA as Milícias, não. Mas o título não está escolhido
de forma satírica. Pelo contrário, trata-se de uma escolha consciente e politicamente
engajada.

Memórias, porque relatam acontecimentos vividos que produziram dor, tristeza, desilusão e
desesperança, porque não havia racionalidade que os pudesse explicar enquanto
aconteciam; sua lucidez e inteligibilidade só seria possível quando considerados no conjunto
de uma sequência excessivamente frequente de acontecimentos, cada um irrazoável se
pensado separadamente, mas compreensíveis quando pensados articulados uns e outros,
num enovelamento de enredo conspiratório e odioso, porque motivados por anseios injustos
e produzidos mediante utilização de estratégias e artimanhas ardilosas e autoritárias.

Sargento, porque subdividimos a palavra em "S" para "sem" e "Argento", para prata (do
latim): sem dinheiro. Os ardis, a conspiração, as injustiças e a repressão contra o "sargento"
aconteceram porque ele não queria pagar mensalmente valores financeiros para não se sabe
quem e nem se sabe porque. Sabe-se que os valores monetários eram cobrados como se
fossem uma espécie de obrigação regular e permanente, numa forma de imposição
"extorsiva" desmotivada e sem nenhuma contrapartida, pior do que os impostos e pior do que
aquelas extorsões conduzidas por gangsters, que exigem de suas vítimas valores em nome,
ao menos, de assegurar-lhes "segurança". Nestas memórias nenhuma contrapartida foi
oferecida. Havia apenas a exigência de pagar, pagar, pagar. Quem? Por quê? Nunca surgiu
nenhuma resposta.

Milícias, porque por extorsão monetária e por controle territorial, lutam as milícias. Com
ameaças, agressões, ofensas, truculência, agindo sempre fora da institucionalidade, mas
usando-se da proximidade com senhores de poder, com quem negociam favores que
asseguram a perpetuação mútua dos seus "modus vivendi", sempre contra a vida daqueles
que escolheram por suas vítimas ou que decidiram ser seus opositores.

III

O texto não é ficcional. São relatos. Alguns nomes serão substituídos por outros, não para
resguardar os "milicianos", mas porque não pretendemos instaurar conflitos, mas cessá-los,
para conflitar com o que importa: procedimentos anti-democráticos, práticas conservadoras,
usurpação de legitimidade, etc. Nosso objetivo é combater o pensamento e as práticas
conservadoras, que destroem o Estado democrático, não esta ou aquela pessoa; porque,
como disse uma senhora, funcionária pública, que deveria ser aliada, mas não é, no dia 15
de maio de 2019, "chega de falar desse negócio de democracia porque democracia cansa:
sempre o mesmo discurso!" Pretendemos opormo-nos a toda forma de golpe contra a
democracia, desde a micropolítica, até a grande política.

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