EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DO
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Advogado, nacionalidade, estado civil, advogado, portador do
RG nº ..., inscrito no CPF nº..., com endereço profissional na Rua ..., vem impetrar
HABEAS CORPUS PREVENTIVO
em favor de Matilde, nacionalidade, estado civil, profissão,
portadora do RG nº..., inscrita no CPF nº ..., endereço eletrônico, residente e domiciliada na Rua ..., Rio de Janeiro/RJ, em razão de ato
praticado pelo Juiz de Direito da 10ª Vara de Família da
Comarca da Capital, pelos fatos e fundamentos a seguir aduzidos.
I - DO CABIMENTO
É cabível a presente ação com fulcro no art. 5º, LXVIII,
CF, e no art. 528, parágrafo 7º do CPC, por se tratar de situação em que a Paciente se encontra ameaçada de coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade em virtude de decretação de prisão contra sua pessoa.
II - DOS FATOS
A Paciente está sendo executada por seus filhos Jane e
Gilson Pires, ora denominados Impetrados, menores, com treze e seis anos de idade, respectivamente, representados por seu pai, Gildo, pelo rito do artigo 911 do CPC. Na execução de alimentos, a Paciente foi citada para pagar a quantia de R$ 5.000,00 (cinco mil reais), referente aos últimos cinco meses impagos dos alimentos fixados por sentença pelo juízo da mesma Vara de Família. Ocorre que a Paciente está desempregada há 1 ano, fruto da grave situação econômica em que passa o país, com isso não está conseguindo se inserir novamente no mercado de trabalho e nem possui condições financeiras para quitar a dívida alimentar. Diante da real impossibilidade da Paciente em adimplir a sua dívida, foi decretada sua prisão pelo prazo de sessenta dias. Desesperada, a Paciente afirma que não deixou de pagar por negligência, mas sim por absoluta impossibilidade financeira, bem como por está tratando de uma depressão profunda.
III – DA LIMINAR
Ante o exposto, em que se evidencia a existência do
fumus boni iuris, com a decretação da prisão da Paciente em clara afronta ao estabelecido no dispositivo legal, no art. 528, parágrafo 7º, do CPC. Assim como presente também o periculum in mora, diante da possibilidade da Paciente ser presa a qualquer momento diante do mandado de prisão expedido em seu desfavor. Destarte, estão preenchidos os requisitos para a concessão do pedido liminar para a expedição de SALVO CONDUTO da Paciente até o julgamento final do feito.
IV – DO MÉRITO
Incialmente cumpre esclarecer que a execução da
prestação alimentícia com o uso do instrumento coercitivo com ameaça de prisão civil do Alimentante somente é cabível na hipótese, em que o débito executado se refira ao período de inadimplemento relativo aos três meses anteriores à citação e as que vencerem no curso do processo, conforme estabelecido no art. 528, parágrafo 7º do CPC. No caso em tela, estampa-se a ilegalidade do ato ora atacado, visto que o decreto prisional se fundamenta em dívida referente a prestação alimentícia em período superior a três meses, mais especificamente a cinco meses, contrariando inclusive entendimento pacificado da Súmula 309 do STJ. Ademais, o STF atualmente reconhece a ilegitimidade jurídica da prisão quando demonstrada a incapacidade do devedor, conforme está bem caracterizado no caso em epígrafe, primando pelo Princípio da Dignidade Humana.
V – DOS PEDIDOS
Pelo exposto, requer:
1- Seja deferida a liminar para determinar ao Juízo o
recolhimento, independentemente de cumprimento, do mandado de prisão já expedido, ou, caso já cumprido o mandado, seja determinada a imediata colocação em liberdade da Paciente; 2- A notificação da autoridade coatora, o Exmº Senhor Doutor Juiz da 10ªVara de Família da Comarca da Capital do Estado do Rio de Janeiro; 3- Seja concedida a ordem de HABEAS CORPUS e a expedição imediata do salvo conduto para a Paciente.