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Realismo Modal: o princípio metafísico dos

mundos em Lewis∗
Marcos Aurélio da Costa Souza†

Introdução
Introduzimos nosso trabalho fazendo um apanhado do que venha ser mundos
possíveis na visão lewisiana. Lewis acredita que existam outros mundos possí-
veis além do nosso. Em seu livro Counterfactuals, Lewis propõe uma definição
sobre essas entidades expondo que as coisas poderiam ser de outra maneira.
Há muitas maneiras de as coisas serem além do que realmente são. E essas
entidades ele as chamam de mundos possíveis [1]. Também em On the Plura-
lity of Worlds, ele define os mundos como grandes espaços físicos cujo escopo
varia segundo suas características. O nosso mundo se encontra espacialmente
desde o nosso planeta até os confins do espaço sideral, e temporalmente desde
a pré-história perpassando por nosso presente e se estendendo ao futuro[1]. Um
mundo pode ser um planeta bem como ser um sistema de planetas. Basicamente,
a tese apresentada por Lewis é afirmar que o nosso mundo é apenas um de uma
pluralidade de mundos. Então, o realismo modal propõe que o nosso mundo é
um entre muitos. Isto é, todos os mundos possíveis existem no mesmo sentido,
não há distinção ontológica entre eles. Este trabalho se divide em três partes,
a saber, na primeira parte veremos uma análise sistemática e filosófica na qual
o autor se empenhou no estabelecimento de seu Realismo. Na segunda parte,
introduziremos o sistema lewisiano de mundos, o qual apresenta características
peculiares como, por exemplo, os mundos são isolados espaço-temporalmente e
causalmente entre si. Por fim, na terceira parte, discutiremos sobre a influência
desse sistema metafísico às noções modais aléticas: necessidade e possibilidade.

∗ Este tema foi principalmente embasado numa das obras mais importantes desse autor,

intitulada “On the plurality of worlds”, de 1986.


† Graduando em filosofia pela UFRRJ-Seropédica.

1
Parte I
Abordagem sistemática ao
Realismo Modal
Nossa análise ao sistema de mundos lewisiano consiste em determinar que a
teoria do Realismo Modal se caracteriza em uma ontologia que postula propri-
edades e relações para a existência e a formação dos mundos. Os mundos são
compostos basicamente por propriedades e relações naturais entre seus habitan-
tes, pela qual chamaremos de entidades fundamentais. Dentre essas entidades,
algumas são mais fundamentais que outras. Hall [4], em seu artigo Metafísica
de David Lewis, percebe que a estratégia de Lewis foi analisar essas entidades
numa relação mereológica, que trata de uma relação das partes com o todo.
Uma cadeira é composta por átomos, e cada átomo por prótons, neutrons e
elétrons, e assim por diante. Dessa forma, podemos inferir que existem partes
mais simples que outras. Lewis tem em mente que a maioria dessas proprieda-
des simples são fundamentais. Isso significa que todas propriedades e relações
que compõem o mundo podem ser reduzidas a um certo número de proprieda-
des e relações fundamentais. Por exemplo, podemos partir do pressuposto que
os fatos sobre mesas reduzem à fatos sobre espaço-tempo, entretanto, os fatos
sobre espaço-tempo não reduzem a fatos sobre mesas. Isso funciona como uma
relação de superveniência assimétrica, pela razão de que propriedades sobre me-
sas sobrevêm de propriedades sobre espaço-tempo mas a vice-versa não seria
possível1 .
Também para Lewis, ser real é estar numa relação espaço-temporal. Só
existe relação espaço-temporal entre as partes de um mesmo mundo. Entre-
tanto, Lewis não é claro na sua justificativa concernente ao uso dessas entidades
fundamentais no seu sistema metafísico. Por possibilismo clássico entendemos
ser uma corrente ontológica a qual afirma que a realidade seria apenas uma
prerrogativa de alguns seres, ou seja, das coisas que existem realmente. Já o
possibilismo lewisiano, a qual estudamos aqui, é outra corrente que rejeita a
distinção entre ser e existir. Dentre estas correntes, Christopher Menzel [5]
aponta que o possibilista clássico faz uma distinção ontológica entre essas duas
noções. Ser é uma noção mais abrangente que existir, por abarcar tudo o que
há em qualquer sentido. Tudo o que existe - é, mas nem tudo que é - existe.
Possibilia seria algo que não existe mas que poderia existir. Por outro lado, o
possibilismo lewisiano dá a entender que não há essa distinção, por não existir
nenhuma propriedade ontológica especial que separa os objetos possíveis dos ob-
jetos reais, ou outros mundos possíveis do mundo real. Nesse caso, a realidade
não é uma propriedade intrínseca as coisas. Ela é relacional na medida em que
abordamos o significado do que se fala por ocasião do pronunciamento, a partir
da localização espaço-temporal do falante. Dessa forma, o Realismo lewisiano
1 Para melhor esclarecimento sobre o termo Superveniência ver artigo de Brian McLauglin

(2011).

2
aceita a realidade relacional por não encontrar um argumento que justifique a
realidade absoluta do nosso mundo.

Parte II
O sistema lewisiano de mundos
Nessa parte apresentaremos uma descrição do sistema de mundos na qual Lewis
tratou no primeiro capítulo da sua obra On the Plurality of Worlds. Seguindo
a sua tese supracitada, ao argumentar que o nosso mundo é um entre muitos
mundos, Lewis [1] continua sua explanação nesse capítulo caracterizando os
mundos da seguinte maneira - Os mundos são isolados entre si:
• Espaço-temporalmente: Por motivos já discutidos, Lewis faz a redução
de entidades que estabelecem a ontologia dos mundos, tomando apenas
algumas entidades como fundamentais2 . E que a realidade é composta
por um grande número de pontos espaço-temporais. Os indivíduos que es-
tão numa relação espaço-temporal são chamados de vizinhos de mundo 3 .
Não importa a distância, seja grande ou pequena, espacial ou tempo-
ral, ainda continuam fazendo parte de o mesmo mundo [1]. Para Lewis,
não existe uma relação espaço-temporal transmundana, por não admitir
overlap entre mundos [1]. Admitindo que os mundos são isolados espaço-
temporalmente entre si.
• Causalmente: Os mundos não têm uma relação causal entre si. Lewis
acredita que nenhum evento de um mundo está ligado causalmente com
eventos de outros mundos, crendo que todos os mundos são independentes
ontologicamente. “(...) Os mundos são causalmente isolados, nada fora de
um mundo sempre cria um mundo, e nada dentro cria um mundo inteiro,
porque seria impossível uma espécie de auto-causalidade” [1](p. 3).

2 Segundo Ned Hall [4], Lewis é um pouco hesitante no que tange aos elementos mais

fundamentais ainda mais quando se trata do nosso mundo, por ter compostos infinitamente
complexos como moléculas, que são formadas por átomos, que são compostos por prótons,
neutrons e elétrons, que são compostos por quarks, que são compostos de cadeias, e por ai
vai... sem fim.
3 Worldmate é uma palavra composta por world que se traduz como mundo e mate que

pode ser traduzido como vizinho, amigo, companheiro.

3
Parte III
Aplicabilidades ao Realismo Modal,
com algumas implicações filosóficas
à estrutura metafísica dos mundos
A grande motivação desta pesquisa surgiu do interesse sobre a análise filosífica
do sistema de mundos possíveis para a Lógica Modal. Entretanto, sabemos que
não é explícita nenhuma análise filosófica à Lógica Modal que gire em torno dessa
temática, por razões estritamente sistemáticas a qual é estabelecida previamente
essa noção á modalidade.
A modalidade é a aplicabilidade mais comum do sistema de mundos possí-
veis. Pelos modos de ’acessibilidade’, as modalidades são relações quantificaci-
onais restritas, isto é, as relações de acessibilidades estão restritas a um escopo
de mundos que são parecidos nomológica4 e historicamente5 entre si. Então, “é
necessário nomologicamente, embora não irrestritamente necessário, que o atrito
produz calor: ou seja, em cada mundo que obedece às leis do nosso mundo, o
atrito produz calor (...)”[1] são sentenças limitadas ou restritas dentro das rela-
ções de acessibilidades nomológicas e históricas. Da mesma forma, indivíduos
possíveis estabelecem quantificações dentro de algumas restrições, com relações
restritivas por similaridade. Se um indivíduo A de um mundo W tem as mesmas
propriedades de um indivíduo A1 do mundo W1; o que temos é que o indivíduo
4 Normalmente o escopo restritivo envolve similaridade nomológica - pois devem atender

uma semelhante particularidade de leis restritas aquele número limitado de mundos. “A no-
mologically or historically accessible world is similar to our world in the laws it obeys, or in
its history up to some time.”, traduzindo: “Um mundo acessível nomologicamente ou histori-
camente é semelhante ao nosso mundo nas leis obedecidas, ou na sua história até o momento.”
[1]
5 “Vamos supor que os viajantes falaram de um lugar neste mundo - uma montanha maravi-

lhosa, bem longe no mato - onde contradições são verdadeiras. Supostamente temos verdades
da forma ’P e não-P ambos na montanha’. Mas se ’na montanha’ é um modificador de restri-
ção, que funciona limitando domínios de quantificação implícita e explícita a uma determinada
parte de tudo o que existe, então não tem nenhum efeito sobre os conectivos verofuncionais.
Então a ordem de modificadores e conectivos não faz diferença. Assim, ’Ambos P e Q na
montanha’ é equivalente a ’P na montanha e Q na montanha’; do mesmo modo, ’não-P na
montanha’ é equivalente a ’Não: P na montanha’; colocá-los juntos, a suposta verdade ’P
e não-P na montanha’ é equivalente a explícita contradição ’P na montanha, e não: P na
montanha’. Isto é, não existe qualquer diferença entre uma contradição dentro do âmbito do
modificador e uma contradição evidente para o modificador dentro dele. Então, para dizer a
suposta verdade sobre as coisas maravilhosamente contraditórias que acontecem na montanha
não é diferente de se contradizer. Mas não há nenhuma matéria, contudo maravilhosa, sobre
a qual você pode contar a verdade se contradizendo. Portanto, não há montanha onde as
contradições são verdadeiras. Um mundo impossível onde contradições são verdadeiras não
seria melhor. A suposta verdade sobre o seu contraditório acontecimento seria próprio de ser
contraditória. Pelo menos, é assim, se eu estou certo de que ’num mundo assim-e-assim’ é
um modificador restringindo. Se os mundos eram como histórias ou contadores de histórias,
não haveria de fato espaço para mundos, segundo a qual as contradições são verdadeiras.”
(LEWIS: 1986, p. 7)

4
A é similar ao indivíduo A1, ou seja, A1 é uma contraparte (ou uma duplicata)
de A, não são o mesmo indivíduo6 . Segundo Robert Stalnaker num Compêndio
de Filosofia Analítica7 , o Realismo Modal Lewisiano usa a Teoria da Contra-
parte para analisar alegações sobre as propriedades modais de coisas. Tal como
acontece com a tese realista modal geral, podemos distinguir um componente
metafísico e um semântico na teoria da contraparte de Lewis. Há a alegação
metafísica que os indivíduos existem apenas num mundo possível, e que a ale-
gação semântica que propriedades modais de re devem ser analisadas em algo
como a seguinte forma: um indivíduo tem a propriedade de ser possivelmente
F se e somente se ele tenha uma contraparte que tenha a propriedade de ser F,
em que a relação contraparte é uma relação contextualmente determinada de
similaridade em aspectos relevantes. Tal como acontece com a tese geral, Lewis
gostaria de salientar que as partes semânticas e metafísicas do pacote devem ser
avaliadas em conjunto.
A peculiaridade doutrinária do Realismo Lewisiano foi muito criticada prin-
cipalmente por suas interpretações metafísicas e semânticas no que concerne à
estrutura ontológica dos mundos possíveis. Ainda em Stalnaker, a estrutura
lewisiana de mundos teria condições de suprir tanto as reivindicações modais
de dicto, tipo “é necessário que todos os solteiros não são casados”, bem como
as reivindicações modais de re do tipo “nenhum solteiro é essencialmente não-
casado”. Stalnaker cita também uma objeção à Lewis baseado na proposta de
Kripke afirmando que objetos de outros mundos possíveis são apenas represen-
tações da nossa realidade, isto é, coisas de outros mundos não existem. Veremos
agora rapidamente como Lewis tratou seu Atualismo[1]. A proposta dele é clas-
sificar o “real” como “entidade” ou “existir existindo”. Lewis se compromete
com a afirmação “tudo é real” do senso comum, comprometendo-se que o termo
“Real” é de caráter não só a nós aqui neste mundo mas também a todos os
outros mundos e seus respectivos objetos. Tal abordagem seria um problema se
analisarmos sob que condições se define o que é real, ou se tentarmos demarcar
o que é real do que não é. Para o americano, a realidade é bem mais do que
pensamos que ela seja, ela se estende a todos os mundos possíveis. Eles, por
sua vez, não são fabricações nossas, como representações ou instanciações da
realidade do nosso mundo.
Para finalizar, deixamos algumas questões que permeam essa noção de Reali-
dade estabelecida por Lewis. Primeiro, pela tradução do Inglês para o português
“Actualism” para Atualismo ou Realidade8 . Segundo, porque Lewis leva a sério
o senso comum a qual não crer numa pluralidade de universos paralelos. Mesmo
assim, ele enfatiza que há um alto custo ontológico a pagar para equilibrar essa
descrença em relação aos benefícios dessa teoria metafísica. Infelizmente, essas
questões poderão ser tema para uma próxima oportunidade.
6 Issoexplica um pouco porque Lewis não aceita de nenhuma maneira “overlaps” entre-
mundos.
7 Editado por A. P. Martinich e David Sosa em 2001, Editora Blackwell.
8 Actual: é traduzido por atual, que significa ação, ativo.

Realidade: vem de real, que significa existe de verdade, não é imaginário.

5
Referências
[1] LEWIS, D. On the plurality of Worlds. Oxford: Blackwell 1986, Cap. 1, p.
1 - 92.

[2] LEWIS, D. Counterfactuals. Oxford: Blackwell, 1973, p. 84.


[3] BRICKER, P. David Lewis: On the Plurality of Worlds. Central Works of
Philosophy. Volume 5. The Twentieth Century: Quine and After (Durham:
Acumen Publishing), 2006.
[4] HALL, N. David Lewis’s Metaphysics. The Stanford Encyclopedia
of Philosophy (Fall 2012 Edition). Edward N. Zalta (ed.). URL =
<http://plato.stanford.edu/archives/fall2012/entries/lewis-metaphysics/>.
Acessado em Junho de 2014.
[5] Menzel, C. Actualism. The Stanford Encyclopedia of Philo-
sophy (Summer 2014 Edition). Edward N. Zalta (ed.). URL =
<http://plato.stanford.edu/archives/sum2014/entries/actualism/>. Aces-
sado em Julho de 2014.
[6] WEATHERSON, B. David Lewis. The Stanford Encyclopedia
of Philosophy (Summer 2010 Edition), Edward N. Zalta (ed.).
<http://plato.stanford.edu/archives/sum2010/entries/david-lewis/>.
Acessado em 01 de outubro de 2013.
[7] ROCHA, Renato Mendes. Duas teorias realistas para a interpre-
tação da semântica dos mundos possíveis. In___Revista In-
quietude. Goiânia: Inquietude, Vol. 1, Nº 1, Jan/jul. 2010.
<http://www.inquietude.org/index.php/revista/article/view/1/39>.
Acessado em 01 de Outubro de 2013.

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