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EXCELENTÍSSIMO(A) DOUTOR(A) JUIZ FEDERAL DA ___VARA DO JUÍZADO

ESPECIAL FEDERAL DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DO AMAPÁ

JOSÉ RODRIGUES FERNANDES, brasileiro, solteiro, vigilante,


portador do RG nº. 288.448 SSP/AP, inscrito no CPF/MF sob 163.609.662-04, residente e
domiciliado na Avenida Rio Branco, nº. 882, Bairro Hospitalidade, Santana-AP, CEP 68.925-
153, fone (96) 99908 8845 / 99131 6148, vem, a presença de Vossa Excelência, por seu
advogado, propor

RECLAMAÇÃO CÍVEL

(AÇÃO DE COBRANÇA DE DIFERENÇAS DE CORREÇÃO MONETÁRIA DO FGTS)

em face de CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa pública, inscrita no CNPJ sob o nº.
00.360.305/0001-04, podendo ser citado na situada na Rua Pedro Salvador Diniz, n° 805, Bairro
Centro, Santana-AP, CEP: 68.925-180, pelos fatos e fundamentos que seguem:

1. FATOS

O(a) Requerente é Titular da(s) conta(s) vinculada(s) do Fundo de Garantia por


Tempo de Serviço (FGTS), conforme comprova cópia dos extratos analíticos anexos.

Ocorre Excelência, que os depósitos recebidos na(s) conta(s) de FGTS do


requerente desde janeiro de 1999 NÃO vem sofrendo a devida correção monetária, fato que
incorre em grandes perdas ao requerente conforme passaremos a expor:

Excelência, conforme a planilha anexa a exordial, com aplicação dos índices


adequados, no período de janeiro de 1999 a maio de 2019, faz jus o autor(a) a seguinte
diferença:

DIFERENÇA ENTRE TR E INPC (SE APLICADO O INPC AO JAM) R$ 9.252,46


O presente processo trata de questão de extrema importância para milhões de
trabalhadores brasileiros e diz respeito ao Fundo de Garantia por Tempo de Serviço.

Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado na década de
1960 para proteger o trabalhador, como sucedâneo da antiga estabilidade decenal. É constituído
por valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e possibilita que o
trabalhador forme um patrimônio.

Consta no sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal que o FGTS hoje financia
programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.

O FGTS é regido pelas disposições da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, por


normas e diretrizes estabelecidas pelo seu Conselho Curador e gerido pela Caixa Econômica
Federal.

Dos artigos 2º e 13 da Lei nº 8.036/90 extraímos que há uma obrigatoriedade de


correção monetária e de remuneração através de juros dos depósitos efetuados nas contas
vinculadas do FGTS, senão vejamos:

Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que


se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser
aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a
cobertura de suas obrigações.
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização
juros de (três) por cento ao ano. (Grifamos)

Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos depósitos dos saldos de
poupança e consequentemente dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR, conforme
prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, com redação da lei nº
12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicção é a seguinte:

Art. 12. Em cada período de rendimento, os depósitos de poupança


serão remunerados:
I - como remuneração básica, por taxa correspondente à acumulação
das TRD, no período transcorrido entre o dia do último crédito de
rendimento, inclusive, e o dia do crédito de rendimento, exclusive;
II- como remuneração adicional, por juros de: (Redação dada pela
Lei n º 12.703, de 2012)
a) 0,5% (cinco décimos por cento) ao mês, enquanto a meta da taxa
Selic ao ano, definida pelo Banco Central do Brasil, for superior a
8,5% (oito inteiros e cinco décimos por cento); ou (Redação dada
pela Lei n º 12.703, de 2012)
b) 70% (setenta por cento) da meta da taxa Selic ao ano, definida pelo
Banco Central do Brasil, mensalizada, vigente na data de início do
período de rendimento, nos demais casos. (Redação dada pela Lei n º
12.703, de 2012)
(...)
Art. 17. A partir de fevereiro de 1991, os saldos das contas do Fundo
de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) passam a ser remunerados
pela taxa aplicável à remuneração básica dos depósitos de poupança
com data de aniversário no dia 1°, observada a periodicidade mensal
para remuneração. Parágrafo único. As taxas de juros previstas na
legislação em vigor do FGTS são mantidas e consideradas como
adicionais à remuneração prevista neste artigo.

Retrata a Lei nº 8.177/91 a forma como a TR será calculada:

Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR),


calculada a partir da remuneração mensal média líquida de impostos,
dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,
estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada
pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e
enviada ao conhecimento do Senado Federal.
§ 2° As instituições que venham a ser utilizadas como bancos de
referência, dentre elas, necessariamente, as dez maiores do País,
classificadas pelo volume de depósitos a prazo fixo, estão obrigadas a
fornecer as informações de que trata este artigo, segundo normas
estabelecidas pelo Conselho Monetário Nacional, sujeitando-se a
instituição e seus administradores, no caso de infração às referidas
normas, às penas estabelecidas no art. 44 da Lei n° 4.595, de 31 de
dezembro de 1964.
§ 3° Enquanto não aprovada a metodologia de cálculo de que trata
este artigo, o Banco Central do Brasil fixará a TR.

A metodologia de cálculo foi há muito tempo definida pelo Banco Central, e hoje
está vigente sob a forma da Resolução nº 3.354, de 31 de março de 2006.

Ocorre que, há muito tempo, a TR não reflete mais a correção monetária, tendo se
distanciado completamente dos índices oficiais de inflação. Nos meses de setembro, outubro e
novembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de setembro de
2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se não existisse qualquer inflação
no período passível de correção.

Dessa forma, impõe-se ao Poder Judiciário que, reconhecendo a ilegalidade da


aplicação da taxa referencial às contas do FGTS dos substituídos, determine à Caixa a correta
recomposição dos créditos depositados nas referidas contas, nos termos da fundamentação a
seguir, bem como que efetue o pagamento das respectivas diferenças, a serem apuradas em
liquidação de sentença.

II- PRELIMINARMENTE

A) LEGITIMIDADE PASSIVA DA CAIXA ECONÔMICA FEDRAL

Excelência, a lide versa sobre correção monetária dos depósitos de FGTS,


sobressai irrefutável a legitimidade passiva e exclusiva da Caixa Econômica Federal, conforme
precedentes do STJ, senão vejamos:

AÇÃO RESCISÓRIA. ADMINISTRATIVO. FGTS. CORREÇÃO


DOS SALDOS DAS CONTAS VINCULADAS. DIFERENÇAS DE
EXPURGOS INFLACIONÁRIOS. TEMA JÁ PACIFICADO NO
STJ. PROCEDÊNCIA DA AÇÃO.
1. A matéria referente à correção monetária das contas vinculadas ao
FGTS, em razão das diferenças de expurgos inflacionários, foi
decidida pela Primeira Seção deste Superior Tribunal, no REsp. n.
1.111.201 - PE e no REsp. n. 1.112.520 - PE, de relatoria do Exmo.
Min. Benedito Gonçalves, ambos submetidos ao regime do art. 543-C
do CPC e da Resolução n. 8/08 do STJ, que tratam dos recursos
representativos da controvérsia, publicados no DJe de 4.3.2010.
(...)
3. Quanto às demais preliminares alegadas, devidamente
prequestionadas, esta Corte tem o entendimento no sentido de que,
nas demandas que tratam da atualização monetária dos saldos das
contas vinculadas do FGTS, a legitimidade passiva ad causam é
exclusiva da Caixa Econômica Federal, por ser gestora do Fundo,
com a exclusão da União e dos bancos depositários (Súmula 249/STJ).
(...)
(AR 1.962/SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELL MARQUES,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 08/02/2012, DJe 27/02/2012)
(grifamos)
Ainda nesse sentido a Súmula 249 do Superior Tribunal de Justiça: “A Caixa
Econômica Federal tem legitimidade passiva para integrar processo em que se discute
correção monetária do FGTS”.

Assim, a presente ação se dirige exclusivamente contra a Caixa Econômica


Federal, conforme pacificamente definido pela jurisprudência pátria.

B) DA PRESCRIÇÃO

No que tange ao prazo prescricional, o Supremo Tribunal Federal entendeu por


inconstitucional a prescrição de 30 anos para o FGTS ao julgar o ARE 70912. Ao analisar o
referido caso, o Supremo declarou a inconstitucionalidade das normas que previam a prescrição
trintenária.

Apesar das críticas e diversos posicionamentos acerca dos efeitos de modulação da


decisão do Supremo Tribunal Federal, a abrangência, período e tempo da prescrição, ela foi bem
definida por meio de um exemplo concreto em que se tentava entender o que exatamente o
Ministro Gilmar Mendes, quis preservar, conforme texto publicado pela revista digital ConJur
em 2014:

“O ministro Gilmar Mendes também propôs a modulação dos efeitos


da decisão. Ela passa a valer apenas para os direitos vencidos depois
desta quinta, data da decisão pelo Supremo. Os direitos a FGTS
existentes até quarta-feira (11/11) continuam com o prazo
prescricional de 30 anos. Os que vencem nesta quinta terão o menor
prazo prescricional: ou 30 anos antes da demissão ou cinco, o que
acabar antes. ”

Diante desse exemplo fica um pouco mais claro que a prescrição é trintenária para
as parcelas vencidas e não pagas anteriormente ao dia do julgamento (AREF 709212), em
11.11.14, que reduziu o prazo prescricional. Para as parcelas vencidas após a decisão, aplica-se
o novo prazo prescricional, que é de 5 anos.

Assim, a ação ora proposta não está alcançada pela prescrição.

III- FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A) ANÁLISE DA CORREÇÃO MONETÁRIA E DO FGTS


A correção monetária existe entre nós desde a década de 1960. O principal teórico
da Correção Monetária, o Advogado Tributarista Bulhões Pedreira explica o seguinte:

’” Por analogia com as unidades de medidas físicas podemos dizer que


o nível geral de preços é o padrão primário do valor financeiro,
enquanto que a unidade monetária serve como padrão secundário –
usado, na prática, para exprimir o valor financeiro, mas que deve ser
aferido pelo padrão primário porque sujeito a modificações.”
(BULHÕES PEDREIRA, José Luiz, “Correção Monetária; Indexação
Cambial. Obrigação Pecuniária”, in “Revista de Direito
Administrativo”, c. 193 p, 353 a 372 Jul/Set 1993).

Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria conseguido
institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina principalmente através da Lei nº 4.357, de
1964, que criou o primeiro indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação reajustável
do tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer variar, periodicamente, a
moeda nacional segundo a perda de seus respectivos poderes aquisitivos.

Desde esta data, uma plêiade de índices de correção monetária foram se sucedendo,
até a entrada em vigor da Medida Provisória nº 294, de 31 de janeiro de 1991, que se
transformou na Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo Collor
pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção monetária brasileira (ORTN,
OTN e BTN) que eram vinculados à variação dos níveis gerais de preços, pela Taxa
Referencial, que tinha natureza financeira.

Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à natureza jurídica da TR, até por
conta da própria inconsistência da lei que a criou, que ora a trata como taxa de juros (artigo 39)
ora como indexador (artigo 18).

Taxas de juros objetivam promover a remuneração do capital. São calculadas por


quem disponibiliza o capital em benefício de outra pessoa, física ou jurídica, para que empregue
na satisfação de determinada necessidade, com expectativa de lucro. Os indexadores, por outro
lado, podem ser entendidos como índices calculados a partir da variação de preços de mercado
em determinado período. O seu objetivo está na correção dos efeitos inflacionários, quando se
compara valores monetários em diferentes épocas.

Quando o STF enfrentou o tema da natureza da TR, disse através do voto vencedor
da ADI 493-0/DF que:
A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois,
refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a
prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder
aquisitivo da moeda.

Não obstante, os Ministros vencidos Celso de Mello, Marco Aurélio e Ilmar


Galvão entenderam que a estrutura de cálculo da taxa referencial não era suficiente para impedir
sua utilização como parâmetro de indexação da economia.

Mesmo assim, naquela oportunidade, o STF entendeu que a TR possuía natureza de


taxa de juros e declarou inconstitucional o artigo 18 da Lei nº 8.177/91, cujo texto original
estabelecia que os saldos devedores e as prestações dos contratos integrantes do SFH, passariam
a ser atualizados pela taxa aplicável à remuneração básica dos Depósitos de Poupança. Vale a
pena transcrever a ementa deste julgado:

Ação direta de inconstitucionalidade. - Se a lei alcançar os efeitos


futuros de contratos celebrados anteriormente a ela será essa lei
retroativa (retroatividade mínima) porque vai interferir na causa, que e
um ato ou fato ocorrido no passado. - O disposto no artigo 5, XXXVI,
da Constituição Federal se aplica a toda e qualquer lei
infraconstitucional, sem qualquer distinção entre lei de direito público
e lei de direito privado, ou entre lei de ordem pública e lei dispositiva.
Precedente do S.T.F. - Ocorrência, no caso, de violação de direito
adquirido. A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária,
pois, refletindo as variações do custo primário da captação dos
depósitos a prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do
poder aquisitivo da moeda. Por isso, não há necessidade de se
examinar a questão de saber se as normas que alteram índice de
correção monetária se aplicam imediatamente, alcançando, pois, as
prestações futuras de contratos celebrados no passado, sem violarem o
disposto no artigo 5, XXXVI, da Carta Magna.- Também ofendem o
ato jurídico perfeito os dispositivos impugnados que alteram o critério
de reajuste das prestações nos contratos já celebrados pelo sistema do
Plano de Equivalência Salarial por Categoria Profissional (PES/CP).
Ação direta de inconstitucionalidade julgada procedente, para declarar
a inconstitucionalidade dos artigos 18, "caput" e parágrafos 1 e 4; 20;
21 e parágrafo único; 23 e parágrafos; e 24 e parágrafos, todos da Lei
n. 8.177, de 1 de maio de 1991.
(ADI 493, Relator (a): Min. Moreira Alves, Tribunal Pleno, julgado
em 25/06/1992, DJ 04-09-1992 PP-14089 EMENT VOL-01674-02
PP-00260 RTJ VOL-00143-03 PP-00724)

Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como índice de correção monetária,
tanto para a poupança, quanto para o SFH. Neste sentido:

COMERCIAL. MÚTUO RURAL. CORREÇÃO MONETÁRIA.


VINCULAÇÃO AO CRITÉRIO DE REAJUSTE DOS DEPÓSITOS
EM CADERNETA DE POUPANÇA. LICITUDE. SUBSTITUIÇÃO
PELA TR NOS MESES SUBSEQUENTES A FEVEREIRO/91.
PREVISÃO DE UTILIZAÇÃO DA OTN. INDEXADOR
CONTRATUALMENTE ELEITO. SUBSTITUIÇÃO EX LEGE
PELA TR. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA.
ADOÇÃO DO INPC. PRECEDENTES.
I – NO CONTRATO DE MÚTUO RURAL É LÍCITO O PACTO DE
VINCULAÇÃO DA CORREÇÃO MONETÁRIA AO CRITÉRIO
DE ATUALIZAÇÃO DOS DEPÓSITOS EM CADERNETA DE
POUPANÇA, RESULTANDO DEVIDA A INCIDÊNCIA DO
MESMO INDEXADOR NOS MESES SUBSEQUENTES A
FEVEREIRO/91. (ART. 13 DA LEI 8.177).
II – EM FACE DA POSIÇÃO DO SUPREMO TRIBUNAL
FEDERAL INADMITINDO A TR COMO FATOR DE
ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA SUBSTITUTIVO DO BTN, A
CORREÇÃO DOS VALORES, CUJA FORMA DE REAJUSTE
ESTAVA, POR LEI OU CONTRATO, ATRELADA A
VARIAÇÃO DO VALOR DE REFERIDO TÍTULO DA DÍVIDA
PÚBLICA, CUMPRE SEJA PROCEDIDA, A PARTIR DA LEI
8.177/91, COM BASE NO INPC.
(REsp. 40.777/GO, Rel. Ministro SÁLVIO DE FIGUEIREDO
TEIXEIRA, QUARTA TURMA, julgado em 13/11/1995, DJ
11/12/1995, p. 43225) (grifamos)

ADMINISTRATIVO - SFH - REAJUSTE DAS PRESTAÇÕES E


DO SALDO DEVEDOR - PLANO DE EQUIVALÊNCIA
SALARIAL (PES) - INAPLICABILIDADE DA TR – ADIN 493-
0/STF - VANTAGENS PESSOAIS INCORPORADAS
DEFINITIVAMENTE AO SALÁRIO - INCLUSÃO NO CÁLCULO
- DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL NÃO COMPROVADA -
RISTJ, ART. 255 E PARÁGRAFOS - SÚMULA 13/STJ -
PRECEDENTES STJ.
- Nos contratos vinculados ao PES, o reajustamento das prestações
deve obedecer à variação salarial dos mutuários, a fim de preservar a
equação econômico-financeira do pactuado.
- As vantagens pessoais incorporadas, definitivamente, ao salário ou
vencimento do mutuário, incluem-se na verificação da equivalência
para fixação das parcelas.
- Declarada pelo STF a inconstitucionalidade da TR como fator de
correção monetária (ADIN 493-0), o reajustamento do saldo
devedor, a exemplo das prestações mensais, também deve
obedecer ao Plano de Equivalência Salarial.
- Recurso conhecido e parcialmente provido.
(Resp 140.839/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 23/11/1999, DJ
21/02/2000, p. 112) (grifamos)

SFH. PLANO DE EQUIVALÊNCIA SALARIAL. REAJUSTE DAS


PRESTAÇÕES. ILEGITIMIDADE PASSIVA DA UNIÃO.
NULIDADE DO ACÓRDÃO. INOCORRÊNCIA. VANTAGENS
PESSOAIS. INCLUSÃO. CORREÇÃO PELA TR.
IMPOSSIBILIDADE. PRECEDENTES.
(...)
4. Inaplicável a TR como fator de correção monetária.
Entendimento consagrado nesta Corte na esteira de orientação
traçada pelo STF.
5. Recurso especial conhecido e parcialmente provido.
(REsp 209.466/BA, Rel. Ministro FRANCISCO PEÇANHA
MARTINS, SEGUNDA TURMA, julgado em 07/08/2001, DJ
17/06/2002, p. 231) (grifamos)

Todavia, a Corte de Justiça, fazendo uma releitura do voto do Ministro Moreira


Alves do STF, mudou de entendimento, e passou a adotar a constitucionalidade da TR como
índice de correção monetária, conforme demonstra o seguinte julgado:

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAÇÃO. SALDO DEVEDOR.


ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA. TR.
1. Não é inconstitucional a correção monetária com base na Taxa
Referencial - TR. O que é inconstitucional é sua aplicação retroativa.
Foi isso o que decidiu o STF da ADI 493/DF, Pleno, Min. Moreira
Alves, DJ de 04.09.1992, ao estabelecer o âmbito de incidência da Lei
8.177, de 1991.
2. Aos contratos de mútuo habitacional firmados no âmbito do SFH
que prevejam a correção do saldo devedor pela taxa básica aplicável
aos depósitos da poupança aplica-se a Taxa Referencial, por expressa
determinação legal. Precedentes da Corte Especial: AGEREsp
725917 / DF, Min. Laurita Vaz, DJ 19.06.2006; DERESP
453600/DF, Min. Aldir Passarinho Junior, DJ 24.04.2006.
3. Embargos de divergência a que se nega provimento.
(EREsp 752.879/DF, Rel. Ministro TEORI ALBINO ZAVASCKI,
CORTE ESPECIAL, julgado em 19/12/2006, DJ 12/03/2007, p. 184)
(grifamos)

Como dito alhures, aplicação de índice de correção monetária se presta para


recuperar o poder de compra do valor emprestado. Este poder de compra é diretamente
influenciado por um processo inflacionário. O próprio STJ reconhece a influência da inflação e
da deflação na composição do índice de correção monetária, senão vejamos:

PREVIDENCIÁRIO E ECONÔMICO. TÍTULO EXECUTIVO


JUDICIAL. DETERMINAÇÃO DE CORREÇÃO MONETÁRIA
PELO IGP-M. ÍNDICES DE DEFLAÇÃO. APLICABILIDADE.
OFENSA AO PRINCÍPIO DA IRREDUTIBILIDADE DOS
VENCIMENTOS. NÃO OCORRÊNCIA. PRESERVAÇÃO DO
VALOR NOMINAL DA OBRIGAÇÃO. PRECEDENTES.
1. "A correção monetária nada mais é do que um mecanismo de
manutenção do poder aquisitivo da moeda, não devendo
representar, consequentemente, por si só, nem um plus nem um
minus em sua substância. Corrigir o valor nominal da obrigação
representa, portanto, manter, no tempo, o seu poder de compra
original, alterado pelas oscilações inflacionárias positivas e
negativas ocorridas no período. Atualizar a obrigação levando em
conta apenas oscilações positivas importaria distorcer a realidade
econômica produzindo um resultado que não representa a simples
manutenção do primitivo poder aquisitivo, mas um indevido
acréscimo no valor real. Nessa linha, estabelece o Manual de
Orientação de Procedimento de Cálculos aprovado pelo Conselho da
Justiça Federal que, não havendo decisão judicial em contrário, "os
índices negativos de correção monetária (deflação) serão considerados
no cálculo de atualização", com a ressalva de que, se, no cálculo final,
'a atualização implicar redução do principal, deve prevalecer o valor
nominal'" (Corte Especial, REsp 1.265.580/RS, Rel. Min. TEORI
ALBINO ZAVASCKI, DJe 18/4/12).
2. No precedente da Corte Especial, mencionado na decisão agravada,
ficou expressamente consignado que se, na atualização da dívida,
houver redução do principal, deve prevalecer o valor nominal, em
respeito ao princípio da irredutibilidade de vencimentos, previsto nos
arts. 7º, VI e 37, XV, da Constituição Federal.
3. A compreensão no sentido de que não há violação ao princípio da
irredutibilidade dos vencimentos, quando preservado o valor nominal
da obrigação, encontra respaldo na jurisprudência do STF e do STJ.
4. Agravo regimental improvido.
(AgRg nos EREsp 1252558/RS, Rel. Ministro SERGIO KUKINA,
PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 13/03/2013, DJe 21/03/2013)
(grifamos)

Não podemos nos esquecer de que a cultura da correção monetária está de tal
forma arraigada ao nosso sistema econômico, que o próprio Código Civil de 2002, traz diversos
dispositivos garantindo atualização monetária:

Art. 389. Não cumprida a obrigação, responde o devedor por perdas e


danos, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 395. Responde o devedor pelos prejuízos a que sua mora der
causa, mais juros, atualização dos valores monetários segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, e honorários de advogado.
Art. 404. As perdas e danos, nas obrigações de pagamento em
dinheiro, serão pagas com atualização monetária segundo índices
oficiais regularmente estabelecidos, abrangendo juros, custas e
honorários de advogado, sem prejuízo da pena convencional.
Art. 418. Se a parte que deu as arras não executar o contrato, poderá a
outra tê-lo por desfeito, retendo-as; se a inexecução for de quem
recebeu as arras, poderá quem as deu haver o contrato por desfeito, e
exigir sua devolução mais o equivalente, com atualização monetária
segundo índices oficiais regularmente estabelecidos, juros e
honorários de advogado.
Art. 772. A mora do segurador em pagar o sinistro obriga à
atualização monetária da indenização devida segundo índices oficiais
regularmente estabelecidos, sem prejuízo dos juros moratórios.
Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de
outrem, será obrigado a restituir o indevidamente auferido, feita a
atualização dos valores monetários.

Este retrospecto da evolução legal e jurisprudencial a respeito da aplicação da TR


como índice de correção monetária se fez necessário para que pudéssemos chegar ao núcleo do
argumento desta ação.

Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção monetária. Índices que refletem
a inflação e, portanto, recuperam o poder de compra do valor aplicado, como o IPCA e o INPC,
e um índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o poder de compra do
valor aplicado – a Taxa Referencial/TR.

Historicamente, é preciso lembrar que a Taxa Referencial nunca foi igual à


inflação. Nem quando experimentamos hiperinflação, nem quando experimentamos deflação.
Todavia, os índices da TR, do INPC e do IPCA, sempre andaram próximos. Em outras palavras,
imperava a razoabilidade nos índices da TR para que pudessem atingir a finalidade de correção
do valor do capital.

ANO TR INPC IPCA


1991 335,51% 475,11% 472,69%
1992 1.156,22% 1.149,05% 1.119,09%
1993 2.474,73% 2.489,11% 2,477,15%
1994 951,19% 929,32% 916,43%
1995 31,6207% 21,98% 22,41%
1996 9,5551% 9,125% 9,56%

Não obstante, o cenário começa a mudar a partir de 1999. A TR se distancia


expressivamente do INPC e do IPCA, ao ponto de hoje a inflação superar 6% ao ano e a TR ser
igual a zero. Logo, ela não se presta para o fim de manter o poder aquisitivo dos depósitos do
FGTS, que são um patrimônio do trabalhador.

O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um fundo iníquo por ele não
ter recomposição inflacionária dos seus recursos. Na verdade, o trabalhador não está
financiando programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ele está
subsidiando.
Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um fundo de livre à disposição
por parte do trabalhador, não podendo ele decidir por vontade própria quais as aplicações que
lhe são mais convenientes ou rentáveis. O trabalhador tem que se submeter a políticas
econômicas e sociais que lhe são altamente prejudiciais.

Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º que é garantida a atualização
monetária e juros. Quando a TR é igual a zero este artigo é descumprido. Quando a TR é
mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo também é descumprido e
o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever legal de administrá-lo.

Em um cenário de TR zero e inflação pública e notória, estamos diante de uma


situação de confisco. O Governo Federal, através da Caixa Econômica Federal, está confiscando
os rendimentos dos trabalhadores, para subsidiar políticas públicas, sem a menor possibilidade
de ingerência destes trabalhadores.

Assim como em nosso Estado Democrático de Direito, a Constituição veda que se


utilize o tributo com efeito de confisco, o trabalhador não pode ser punido com o confisco do
que a própria Caixa define em seu sítio eletrônico, como um patrimônio do trabalhador, e
definitivamente o é.

Quando se fala em patrimônio, imediatamente sobrevém lição da Professora Maria


Helena Diniz ao comentar o artigo 91 do Novo Código Civil:

Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações


jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico.
Universalidade de direito. É a constituída por bens singulares
corpóreos heterogêneos ou incorpóreos (complexo de relações
jurídicas), a que a norma jurídica, com o intuito de produzir certos
efeitos, dá unidade, por serem dotados de valor econômico, como p.
ex., o patrimônio (...) O patrimônio e a herança são considerados
como um conjunto, ou seja, como uma universalidade. Embora se
constituam ou não de bens materiais e de créditos, esses bens se
unificam numa expressão econômica, que é o valor. O patrimônio é
complexo de relações jurídicas de uma pessoa apreciáveis
economicamente. Incluem-se no patrimônio: a posse, os direitos
reais, as obrigações e as ações correspondentes a tais direitos. O
patrimônio abrange direitos e deveres redutíveis a dinheiro.
(Código Civil Anotado, Ed. Saraiva, pag. 100) (grifamos).

Levando em conta que a relação jurídica entre os trabalhadores e a Caixa é de


direito pessoal, o artigo 233 do Código Civil se torna inafastável, na medida em que determina
que a obrigação de dar coisa certa abranja os acessórios, ainda que não mencionados.
Art. 233. A obrigação de dar coisa certa abrange os acessórios dela
embora não mencionados, salvo se o contrário resultar do título ou das
circunstâncias do caso.

Ora, acessórios de dinheiro são os juros e a correção monetária.

E então voltamos à Taxa Referencial.

B) MANIPULAÇÃO DA TR PELO BANCO CENTRAL/CMN

Independentemente da discussão sobre sua natureza jurídica, vamos aqui partir do


pressuposto, assentado pela jurisprudência, principalmente do STJ, que a TR é índice de
correção monetária.

Tanto o artigo 1º da lei nº 8.177/91 quando o artigo 5º da Lei nº 10.192/01 (que


convolou a MP 1.053/95) atribuíram ao Banco Central a regulamentação da metodologia de
cálculo da TR, conforme critério estabelecido na lei e a expedição das instruções necessárias ao
cumprimento do artigo que criou a TBF.

Art. 1° O Banco Central do Brasil divulgará Taxa Referencial (TR),


calculada a partir da remuneração mensal média líquida de impostos,
dos depósitos a prazo fixo captados nos bancos comerciais, bancos de
investimentos, bancos múltiplos com carteira comercial ou de
investimentos, caixas econômicas, ou dos títulos públicos federais,
estaduais e municipais, de acordo com metodologia a ser aprovada
pelo Conselho Monetário Nacional, no prazo de sessenta dias, e
enviada ao conhecimento do Senado Federal. . (Lei nº 8177/91)
Artigo 5º Fica instituída Taxa Básica Financeira – TBF, para ser
utilizada exclusivamente como base de remuneração de operações
realizadas no mercado financeiro, de prazo de duração igual ou
superior a sessenta dias.
Parágrafo único. O Conselho Monetário Nacional expedirá as
instruções necessárias ao cumprimento do disposto neste artigo,
podendo inclusive, ampliar o prazo mínimo previsto no caput. (Lei nº
10.192/01)
No mister de regulamentar a TR, o Banco Central/CMN vem ao longo dos anos
criando e reinventando fórmulas para encontrá-la. Pelo menos desde a Resolução 2.075, de 26
de maio de 1994, há fórmulas para encontrar a TR. Todavia, é com a instituição da Taxa Básica
Financeira, pela Medida Provisória 1.053/95, de 30 de junho de 1995, que a forma de cálculo da
TR sofre uma expressiva reviravolta.

Desde a Resolução 2.437, de 30 de outubro de 1997, a TR é calculada levando em


conta a Taxa Básica Financeira e um Redutor.

A Resolução 3.354/06, hoje vigente sobre o assunto, diz o seguinte:


Art. 1º Estabelecer que, para fins de cálculo da Taxa Básica Financeira
- TBF e da Taxa Referencial - TR, de que tratam os arts. 1º da Lei
8.177, de 1º de março de 1991, 1º da Lei 8.660, de 28 de maio de
1993, e 5º da Lei 10.192, de 14 de fevereiro de 2001, deve ser
constituída amostra das 30 maiores instituições financeiras do País,
assim consideradas em função do volume de captação efetuado por
meio de certificados e recibos de depósito bancário (CDB/RDB), com
prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, e remunerados a taxas
prefixadas, entre bancos múltiplos, bancos comerciais, bancos de
investimento e caixas econômicas.
Art. 2º A TBF e a TR são calculadas a partir da remuneração mensal
média dos CDB/RDB emitidos a taxas de mercado prefixadas, com
prazo de 30 a 35 dias corridos, inclusive, com base em informações
prestadas pelas instituições integrantes da amostra de que trata o art.
1º, na forma a ser determinada pelo Banco Central do Brasil.
Art. 4º Para cada dia do mês - dia de referência - o Banco Central do
Brasil deve calcular a TBF, para o período de um mês, com início no
próprio dia de referência e término no dia correspondente ao dia de
referência no mês seguinte, considerada a hipótese prevista no § 2º,
inciso IV. (...)
Art.5º Para cada TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art.
4º, deve ser calculada a correspondente TR, pela aplicação de um
redutor "R", de acordo com a seguinte fórmula: TR = max {0,100 {[(1
+ TBF/100) / R] - 1}} (em %).
§ 1º O valor do redutor 'R' deve ser calculado para todos os dias,
inclusive não úteis, de acordo com a seguinte fórmula:
R = (a + b x TBF/100), onde: Resolução nº 3354, de 31 de março de
2006.
TBF = TBF relativa ao dia de referência;
a = 1,005;
b = valor determinado de acordo com a tabela abaixo, em função da
TBF obtida, segundo a metodologia descrita no art. 4º, em termos
percentuais ao ano:
TBF (% a.a.) b
TBF maior que 16 0,48
TBF menor ou igual a 16 e maior que 15 0,44
TBF menor ou igual a 15 e maior que 14 0,40
TBF menor ou igual a 14 e maior que 13 0,36
TBF menor ou igual a 13 e maior ou igual a 11 0,32
Redação dada pela Resolução 3.446, de 05/03/2007.
§ 2º Fica o Banco Central do Brasil autorizado a determinar o valor do
parâmetro "b" no caso de a
TBF obtida ser inferior a 11% a.a. (onze por cento ao ano).
O peculiar nesta determinação do Banco Central/CMN, que de resto se repete
desde 1997, é que a TBF e TR são exatamente iguais em sua gênese até o momento em que se
determina que se aplique um redutor à TBF para se chegar à TR.

Não há na Lei da TR previsão de aplicação de redutor, assim como não há na Lei


que criou a TBF. Todavia, causa estranheza que diante de um comando aberto como o do art. 5º
da MP nº 1.503/95 (Lei nº 10.192/01), o Banco Central/CMN, com amplos poderes para
regulamentar o assunto, não tenha instituído um redutor, mas o tenha feito ao regulamentar o
artigo 1º da lei nº 8.177/91, que não era tão flexível.

O Economista César Roberto Buzin explica o quê o Banco Central/CMN está


fazendo com a TR, neste trecho do Parecer Econômico a seguir:

Objeto de discussão é a utilização da TR como índice de correção


monetária, que apesar de não ter sido criada como um índice de
indexação monetária vem sendo utilizada para tal finalidade na
correção dos valores aplicados à caderneta de poupança e outras
aplicações como os depósitos do FGTS, dinheiro pertencente aos
trabalhadores, porém, com gestão de terceiros.
A posição adotada pelo Superior Tribunal de Justiça, em agosto de
2010, a respeito da utilização da TR como índice de correção
monetária foi sacramentada por meio da criação da Súmula 454, com
a seguinte redação: “Pactuada a correção monetária nos contrato do
SFH pelo mesmo índice aplicável à caderneta de poupança, incide a
Taxa Referencial (TR) a partir da vigência da Lei 8.177/91”.
A TR é calculada a partir da Taxa Básica Financeira (TBF), uma
média de taxas de juros pagas nas aplicações em certificados de
depósitos bancários (CDB) emitidas pelas 30 maiores instituições
financeiras.
Para calcular o valor da TR, é preciso aplicar um redutor sobre a TBF,
que depende de dois parâmetros, chamados de “a” e “b”. O parâmetro
“a” é o fator de 1,005, equivalente à remuneração da caderneta antiga,
ou seja, 0,5% ao mês, ou 6,17% ao ano de juros remuneratório.
Enquanto que o “b” é um decimal menor do que 1, arbitrado pelo
BACEN e que varia de acordo com o nível de taxa de juros básica da
economia, divulgada após as reuniões do Comitê de Política
Monetária do BC (Copom).
Para calcular o redutor (R) o parâmetro “b” é multiplicado pelo valor
da TBF e somado ao parâmetro “a”, ou seja,
R= a + b x TBF TR= 1+TBF – 1
A fórmula significa que os novos depósitos realizados nas contas de
depósitos de poupança tenham como remuneração adicional (TR): (i)
0,5% a. m. enquanto a meta da taxa SELC, taxa básica de juros,
definida pelo BACEN, estiver acima de 8,5% a.a e (ii) 70% da meta
da taxa SELIC, mensalizada, vigente na data do início do período de
rendimento. No nível atual de taxa de juros decrescente de uma
economia estabilizada e num cenário para os próximos anos, de juros
baixos, a TR permanecerá por um longo período indeterminado como
zero.
Na esteira do que foi deduzido no Parecer, um quadro comparativo entre os
percentuais da TR, INPC e IPCA, desde 1997, os depósitos nas contas vinculadas do FGTS dos
trabalhadores estão perdendo poder de compra, notadamente a partir de 1999. Veja:

ANO TR INPC IPCA


1997 9,7849% 4,34% 5,22%
1998 7,7938% 2,49% 1,65%
1999 5,7295% 8,43% 8,94%
2000 2,0962% 5,27% 5,97%
2001 2,2852% 9,44% 7,67%
2002 2,8023% 14,74% 12,53%
2003 4,6485% 10,38% 9,30%
2004 1,8184% 6,13% 7,60%
2005 2,8335% 5,05% 5,69%
2006 2,0377% 2,81% 3,14%
2007 1,4452% 5,15% 4,46%
2008 1,6348% 6,48% 5,90%
2009 0,7090% 4,11% 4,31%
2010 0,6887% 6,46% 5,91%
2011 1,2079% 6,07% 6,50%
2012 0,2897% 6,17% 5,84%
2013 0,1910% 5,56% 5,91%
2014 0,8592% 6,23% 6,41%
2015 1,7954 11,2762 10,67%

Excelência, hoje, o trabalhador que tem seu dinheiro aplicado no FGTS, e de lá não
pode retirá-lo para outro investimento, está sendo remunerado com juros abaixo de 0,300% ao
mês e mais nada. Não há nem correção monetária nem Taxa Referencial (independentemente da
sua natureza jurídica), em flagrante ofensa ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que impõe a correção
monetária dos valores depositados pelo empregador.

Ainda que se argumente que a aplicação do Redutor pelo Banco Central/CMN seja
legal, sua redução a zero em um cenário de inflação superior a 6% ao ano, configura flagrante
afronta ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que determina a atualização monetária, bem como ao
artigo 233 do Código Civil, quando sonega os acessórios da obrigação de dar.
Mas é necessário ir mais além e revisitar o entendimento jurisprudencial sobre a
TR como índice de correção monetária, máxime a partir da instituição de um redutor que tem
por efeito zerar o índice da TR em um ambiente de inflação.

O quadro comparativo mostra que a TR não se presta como atualizador monetário


do FGTS, pelo menos desde janeiro de 1999. Desde o momento em que o Banco Central/CMN
estabeleceu um redutor para a TR, ela deixou de ser um índice confiável para atualizar
monetariamente as contas do FGTS, porque se descola dos índices de inflação, sendo reduzido
ano a ano. A finalidade da correção monetária é manter o poder de compra do capital, e esta
finalidade nem de perto vem sendo alcançada pela TR. A anulação total da TR é só o desfecho
desta política predatória para o trabalhador.

O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem que poder confiar na lei.
Esta confiança está quebrada.

Há a nítida expropriação do patrimônio do trabalhador, na medida em que se nega


a ele a devida atualização monetária.

A atualização monetária é o elemento mais importante do mercado financeiro, pois


sem a medição precisa da perda do poder aquisitivo da moeda com o decorrer do tempo, ocorre
uma gigantesca destruição de valor. O objetivo fundamental de escolha de um índice de
atualização nos ativos (negócios, contratos, aplicações e etc) é de proteger o patrimônio,
evitando que ele seja corroído pela inflação.

O Poder Judiciário há de se opor a este esbulho, confisco, expropriação que o


trabalhador está sofrendo, desde janeiro de 1999, com as constantes reduções da TR em relação
aos índices de inflação, culminando na sua completa nulidade, ininterruptamente, desde
setembro de 2012.

Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou bem assentado
que a TR não constituía índice que refletia a variação do poder aquisitivo da moeda. Esta
característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos saldos dos
depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do patrimônio do trabalhador.
Há anos, os trabalhadores que tem depósitos no FGTS não experimentam ganhos reais em sua
aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores tem rendimentos inferiores à
inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano.

O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa ingerência do Banco


Central/CMN na sua formulação. Como explica o Economista César Buzim:

A TR deveria servir como referência para os juros vigentes no Brasil,


sendo divulgada mensalmente, a fim de evitar que a taxa de juros no
mês corrente refletisse a inflação do mês anterior, apesar das suas
características, foi usada como índice econômico de correção
monetária (...)
A mudança no comportamento da TR não se deve somente a
oscilações da economia, mas também à sistemática apuratória desse
índice. Inicialmente, ficou estabelecido que o BACEN efetuaria o
cálculo da TR a partir da remuneração mensal média dos certificados
e recibos de depósito bancário (CDB/RDB) emitidos por uma amostra
de instituições financeiras, levando em conta a taxa média de
remuneração dos CDB/RDB´s e um redutor fixado por resolução do
CMN.
Como consequência da atuação do BACEN, a taxa referencial deixou
de refletir o índice inflacionário a partir de 1999.
(...)
O prejuízo causado aos trabalhadores devido à aplicação da TR como
índice de correção monetária é tamanho que quando analisado o fator
de correção acumulado do FGTS visualiza-se que a rentabilidade
desse fundo não supera os índices inflacionários desde 2002, rendendo
menos que a inflação a partir de 2007, apesar da aplicação de juros de
3% a.a. Diante do exposto, podemos afirmar que a TR não repõe mais
as perdas inflacionárias, o que afeta consideravelmente os poupadores,
bem como os trabalhadores que possuem o FGTS.
(...)
Com base nas normas Resolução CMN nº 2.437, de 30.10.98,
Resolução CMN nº 2.604, de 23.04.99. Resolução CMN nº 2.809, de
21.12.00, Resolução CMN nº 3.354 de 31.03.2006, Resolução CMN
nº 3.446 de 05.03.2007 e Circular nº 3.356 de 11.07.2007, que
estabeleceram no decorrer dos anos a forma de cálculo da TR, bem
como nas informações disponibilizadas pelo BACEN foi construída
planilha demonstrando a evolução do fator de ponderação “b”,
elemento essencial para o cálculo do redutor da TR. As primeiras
mudanças significativas da TR ocorreram através das Resoluções
CMN nº 2.387/97 e nº 2.437/97 que estabeleceram a fórmula de
cálculo do redutor da TR com duas novas variáveis, ambas definidas
pelo BACEN, quais sejam: a constante “a” e o fator de ponderação
“b”.
A partir da Resolução CMN nº 2.809/2000, o BACEN passou a
determinar o fator “b”, sem critério técnico conhecido, a partir de
certo patamar, conforme visualizado na tabela abaixo:
MS – é a meta para a taxa SELIC em (% a.a)
MS “b”
MS > 16 0,48
16 >= MS >15 0,44
15 >= MS >14 0,40
14 >= MS >13 0,36
13 >= MS >12 0,32
12 >= MS >11 0,28
11 >= MS >10 0,24
10
Abaixo de 10 fator “b” determinado pelo BACEN
Essa discricionariedade do BACEN na valoração do fator “b”,
acolhida pelas circulares e resoluções posteriores, impactou o cálculo
do Redutor da TR.

De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN


que recalculasse a TR, pois uma nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e
subjetivismo total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco Central/CMN
sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista.

Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe as perdas monetárias dos


depósitos do FGTS, outro caminho não existe se não o de adotar um novo índice que
verdadeiramente corrija estes depósitos.

C) ÍNDICES QUE EFETIVAMENTE PRODUZEM A CORREÇÃO MONETÁRIA

A Lei de Introdução às Normas do direito Brasileiro estabelece em seu artigo 5º


que na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do
bem comum.

A Lei do FGTS tem um fim social indiscutível, proteger o trabalhador e constituir


um patrimônio que lhe sirva de arrimo em várias situações de sua vida.

Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos fins sociais da Lei do
FGTS ao reconhecer que correção monetária, reposição dos índices inflacionários de forma a
garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é efetivamente devida
pela Caixa.

Se a TR não pode ser considerada um índice idôneo, sobrevém a necessidade de


substituí-la por um índice que realmente reponha as perdas monetárias. E então, nada obsta que
o juiz considere índices previstos em outra legislação.

Até por uma questão de equidade, o melhor índice que pode substituir a TR é o
índice que corrige monetariamente os salários dos trabalhadores e os benefícios previdenciários.
Este índice está previsto na Lei 12.382 de 25 de fevereiro de 2011, cujos primeiros artigos
trazem a seguinte dicção:

Art. 1º O salário mínimo passa a corresponder ao valor de R$ 545,00


(quinhentos e quarenta e cinco reais).
Parágrafo único. Em virtude do disposto no caput, o valor diário do
salário mínimo corresponderá a R$ 18,17 (dezoito reais e dezessete
centavos) e o valor horário, a R$ 2,48 (dois reais e quarenta e oito
centavos).
Art. 2º Ficam estabelecidas as diretrizes para a política de valorização
do salário mínimo a vigorar entre 2012 e 2015, inclusive, a serem
aplicadas em 1º de janeiro do respectivo ano.
§1º Os reajustes para a preservação do poder aquisitivo do salário
mínimo corresponderão à variação do Índice Nacional de Preços
ao Consumidor - INPC, calculado e divulgado pela Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, acumulada nos
doze meses anteriores ao mês do reajuste.
§ 2º Na hipótese de não divulgação do INPC referente a um ou mais
meses compreendidos no período do cálculo até o último dia útil
imediatamente anterior à vigência do reajuste, o Poder Executivo
estimará os índices dos meses não disponíveis.
§ 3º Verificada a hipótese de que trata o § 2º, os índices estimados
permanecerão válidos para os fins desta Lei, sem qualquer revisão,
sendo os eventuais resíduos compensados no reajuste subsequente,
sem retroatividade.
§ 4º A título de aumento real, serão aplicados os seguintes
percentuais:
I - em 2012, será aplicado o percentual equivalente à taxa de
crescimento real do Produto Interno Bruto - PIB, apurada pelo IBGE,
para o ano de 2010;
II - em 2013, será aplicado o percentual equivalente à taxa de
crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2011;
III - em 2014, será aplicado o percentual equivalente à taxa de
crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2012; e
IV - em 2015, será aplicado o percentual equivalente à taxa de
crescimento real do PIB, apurada pelo IBGE, para o ano de 2013.
§ 5º Para fins do disposto no § 4o, será utilizada a taxa de crescimento
real do PIB para o ano de referência, divulgada pelo IBGE até o
último dia útil do ano imediatamente anterior ao de aplicação do
respectivo aumento real.

Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido
monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS que, em última análise, é um salário indireto
do trabalhador, também há de sê-lo.

E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo INPC decorre
exclusivamente da necessidade de preservar seu poder aquisitivo. A necessidade de preservar o
poder aquisitivo é um constante em todas as transações financeiras, e ela só aperfeiçoa quando
repõe efetivamente as perdas inflacionárias.

Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste douto Juízo entender que
não se aplicaria o INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para medição das metas
inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999.
Ambos os índices são infinitamente mais adequados a preservar o poder aquisitivo
dos depósitos do FGTS do que a aniquilada TR.

Por fim, cumpre lembrar que o entendimento que começa a surgir os primeiros
entendimentos razoáveis sobre a questão, ainda que em primeiro grau de jurisdição, como se vê
a seguir em uma decisão na cidade de Foz do Iguaçu (4ª Região):

“...Pois bem. Verificada a desigualdade/desproporção entre a TR e de


outra banda, o IPCA-E e o INPC, passa-se a analisar a real função da
correção monetária em cotejo com o princípio constitucional do
direito à propriedade (art. 5º, XXII, da Carta Magna). Embora em tal
julgado o STF não tenha declarado que haveria impossibilidade de
utilização de tal índice aos contratos firmados após essa data, nele
ficou reconhecido, de maneira cristalina que aquele Tribunal não
reconhecia a TR como índice hábil a promover a atualização
monetária. Processo: 5009533-35.2013.404.7002/PR.”

Ainda, nesse sentido, na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais (1ª região), também
houve procedência da ação de revisão do FGTS, neste caso para substituição da Taxa
Referencial (TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Neste caso o
magistrado demonstrou a evolução do FGTS ao longo de 47 anos de história, desde que foi
criado pela Lei 5.107/66. In Verbis:

“...Como se viu no tópico anterior, a metodologia iniciada pela


Resolução CMN 2.604, de 23/04/1999, com efeitos a partir de
01/06/1999, deu início ao descolamento da TR dos índices de inflação,
sendo esse o momento que se deve fixar para a recomposição das
contas do FGTS. Diante do exposto, tendo em vista o que já decidido
pelo E. STF no caso da lei 11.960/09 e o fato de o FGTS ser um
pecúlio constitucional obrigatório, não portável e de longo prazo, cuja
garantia de recomposição das perdas inflacionárias está implícita na
disposição do art. 7º, III, da CR/88, que assegura esse direito
trabalhista fundamental a todos os trabalhadores, é de se declarar
inconstitucional, pelo menos desde a superveniência dos efeitos da
Resolução CMN 2.604, de 23/04/1999, a vinculação da correção
monetária do FGTS à TR, conforme art. 13 da lei 8.036/90 c/c arts. 1º
e 17 da lei 8.177/91. Processo:3279-88.2013.4.01.3810, JUSTIÇA
FEDERAL DE 1ª INSTÂNCIA - SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE
POUSO ALEGRE/MG.”

Assim sendo, deve ser aplicado, para fins de dar cumprimento à atualização
monetária dos saldos das contas do FGTS, qual seja, INPC ou alternativamente o IPCA, em
substituição à TR, desde janeiro do ano de 1999, a partir de quando tal índice deixou de refletir
a variação inflacionária da moeda.
IV- DO PREQUESTIONAMENTO PARA EVENTUAL INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO ESPECIAL OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO

Inicialmente é importante retratar que o tema em debate cuida de matéria de ordem


pública, a qual ultrapassa a esfera individual do cidadão atingindo toda a ordem social quer seja
jurídica, quer seja em âmbito político-social afetando, dessa forma, toda a parcela da sociedade
comprometida com o bem comum.

Sublinha-se que a matéria ora ventilada, afronta de pronto preceitos


Constitucionais que violam os Direitos Garantia de todos os trabalhadores que possuem conta
vinculada do FGTS.

Assim, há repercussão geral na presente ação, frente ao Estado Democrático de


Direito, compromissário e dirigente que tem como postulado a segurança jurídica.

No mais, com efeito, o tema apresenta relevância do ponto de vista jurídico, uma
vez que a definição sobe a constitucionalidade dessa exação norteará o julgamento de inúmeros
processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros. Além de fixar a
interpretação da Corte sobre os dispositivos constitucionais suscitados no feito.

Nesse contexto, em breve síntese, a aplicação da T.R como índice de correção


monetária do FGTS, encontraria respaldo em dois artigos da Lei nº 8.036/90, art. 2º e art. 13.

Assim, entendemos, data venia, que há uma obrigatoriedade de correção monetária


e de remuneração por meio de juros dos depósitos efetuados nas contas vinculadas do FGTS,
senão vejamos:

Art. 2º O FGTS é constituído pelos saldos das contas vinculadas a que


se refere esta lei e outros recursos a ele incorporados, devendo ser
aplicados com atualização monetária e juros, de modo a assegurar a
cobertura de suas obrigações.
Art. 13. Os depósitos efetuados nas contas vinculadas serão
corrigidos monetariamente com base nos parâmetros fixados para
atualização dos saldos dos depósitos de poupança e capitalização juros
de (três) por cento ao ano.

Todavia, a realização de interpretação ou decisão diversa, no sentido que as contas


vinculadas do FGTS devem ser corrigidas pela TR, por força do citado artigo 13, viria a ferir
vários preceitos constitucionais.

Nesse sentido, referido artigo 13, desobedeceria aos limites materiais de inúmeros
fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático de Direito, atentando
contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como os princípios da
igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade,
direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF).

Nessa mesma linha, recentemente o Supremo Tribunal Federal decidiu pela


inconstitucionalidade da utilização da Taxa Referencial - TR - como índice de correção
monetária para o pagamento dos chamados precatórios (ADI nº 4357) reafirmando
entendimento anteriormente adotado por aquela Corte na ADI nº 493. Essa decisão tem
desdobramentos que vão além do processo no qual foi tomada. Isso porque a Lei nº 8.036/90
que estabelece as bases do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – também prevê a
aplicação de correção monetária e há muito tempo é utilizado o referido índice (TR) para
corrigir referido fundo, o mesmo agora considerado inconstitucional para este fim pelo STF.

Assim, a parte autora há por bem PREQUESTIONAR a matéria, para efeito de


eventual interposição de Recurso Especial e/ou Extraordinário, conforme fundamentos que
passa a expor:

Inicialmente devemos nos recordar que a dignidade da pessoa humana é valor


constitucional supremo que agrega em torno de si a unanimidade dos demais direitos e garantias
fundamentais do homem, envolvendo-se tanto em relação ao direito à vida como, também, aos
direitos pessoais tradicionais, os direitos sociais, econômicos, e as liberdades públicas em geral.

Em verdade quando o texto constitucional proclama a dignidade da pessoa humana


está corroborando um imperativo de justiça social, e consigna, acima de tudo, um sobre
princípio (é o caso dos diretos fundamentais).

Nesse sentido, em relação ao caso concreto, é necessário aprofundarmos um pouco


mais nas consequências que esta subtração de recursos do patrimônio do trabalhador traz a
todos, individual e coletivamente.

É de conhecimento geral que o Sistema Financeiro de Habitação dispõe dos


recursos do FGTS para financiar o maior sonho de todo brasileiro – casa própria. Também é de
conhecimento geral que a Caixa Econômica Federal é o Banco que mais se utiliza destes
recursos do SFH para financiar, emprestar dinheiro para os brasileiros comprarem a casa
própria.

E, embora em princípio, não haja correlação entre o trabalhador que tem depósitos
no FGTS que são emprestados para financiar a casa própria, e aquele que se vale do empréstimo
do SFH para adquirir sua casa própria, em algum momento, trabalhador e mutuário são a mesma
pessoa.

Neste contexto de mutuário e trabalhador serem a mesma pessoa é que se evidencia


a maior sordidez da história recente deste País.
Já seria reprovável o fato de a Caixa pegar um dinheiro a juros baixos e sem
nenhuma correção e emprestá-lo a juros muito altos, mesmo sem correção (uma vez que a TR
corrige prestações do SFH), evidencia que a instituição bancária leva imensa vantagem nesta
negociação.

Mas a situação piora consideravelmente quando, a Caixa pega dinheiro a juros


baixos, sem nenhuma correção para o trabalhador, e empresta para ele mesmo.

Suponhamos que um trabalhador queira adquirir uma casa própria utilizando


recursos do seu FGTS. Ele encontra o imóvel, mas verifica que seus recursos não são suficientes
para adquiri-lo. Então ele se dirige a um Banco para financiar a diferença, comprometendo sua
renda por muitos anos.

A maioria dos trabalhadores brasileiros, quando quer adquirir um imóvel, dirige-se


à Caixa Econômica Federal.

Todavia, se o depósito do FGTS tivesse sido devidamente corrigido, se ele


mantivesse seu poder de compra, ou o empréstimo seria menor ou sequer haveria necessidade
de o trabalhador comprometer sua renda e anos de trabalho para adquirir aquilo que é o nosso
sonho mais primário como indivíduo e como povo brasileiro.

A Caixa está emprestando para o trabalhador aquilo que ela deixou de pagar a ele a
título de correção monetária na sua conta de FGTS.

O Trabalhador Brasileiro não merece isto!

A Caixa vale-se da fragilidade humana para colocar-se como realizadora de


sonhos, ao mesmo tempo em que, ano após ano, aufere lucros exorbitantes às custas do
trabalhador.

Ainda em relação aos dispositivos constitucionais violados, apontamos a violação


ao direito de propriedade (art. 5º, XXII da CF).

O direito de propriedade decorre da própria lei natural. Por isso, é uma exigência
da natureza intelectual do homem. Enquanto os irracionais se contentam com a satisfação de
suas necessidades imediatas, o homem pode prever o seu futuro. Assim, para subsistir hoje e no
tempo futuro, precisa apropriar-se de bens naturais, de consumo, bens fungíveis e, também, de
produção.

A propriedade é a expressão da pessoa humana. É fruto do seu trabalho ou do de


seus antepassados. É o espelho do indivíduo, que precisa de um aconchego preservado pela
privacidade, onde pode ser ele mesmo, cercado dos sinais que identificam o seu eu. Ela estimula
o trabalho, sendo o homem atraído espontaneamente pela perspectiva da recompensa direta e
pessoal de seus esforços.
Finalmente, a propriedade é penhor de uma sociedade articulada ou organizada, ao
contrário da meramente coletiva, que tem por consequência uma sociedade massificada, sem
diversificação nem liberdade. Ela defende os cidadãos contra a concentração de todos os
poderes nas mãos do Estado, garantindo a liberdade dos indivíduos e sua independência em
relação ao poder.

Nesse sentido:

"A propriedade faz parte da natureza do homem e da natureza das


coisas. Como o trabalho, ela encerra um mistério – é a projeção da
personalidade humana sobre as coisas. A pessoa tende à propriedade
por um impulso instintivo, do mesmo modo que a nossa natureza
animal tende ao alimento. O apetite da propriedade é tão natural à
nossa espécie como a fome e a sede; apenas é de notar que estes são
apetites da nossa natureza inferior, ao passo que aquele procede da
nossa natureza superior. Todo o homem tem alma de proprietário,
mesmo os que se julgam seus inimigos. É isto que se entende quando
se afirma que a propriedade decorre do direito natural" (R.G. Renard,
L’Église et la Question Sociale, p. 137 et seq.).

Partindo da premissa acima, em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-
0/DF, ele deixou bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a variação do poder
aquisitivo da moeda. Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua
aplicação aos saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do
patrimônio do trabalhador. Há anos, os trabalhadores que tem depósitos no FGTS não
experimentam ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores
tem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3%
ao ano.

O que torna a TR um índice inidôneo é a intensa ingerência do Banco


Central/CMN na sua formulação.

De pouco adiantaria ao trabalhador que fosse determinado ao Banco Central/CMN


que recalculasse a TR, pois uma nova fórmula estaria igualmente sob a discricionariedade e
subjetivismo total do Banco. Basta avaliar a sucessão de resoluções do Banco Central/CMN
sobre o tema, conforme Parecer do referido Economista.

Partindo da premissa inequívoca de que a TR não repõe as perdas monetárias dos


depósitos do FGTS verifica-se de forma incontestável a destruição de valor” do patrimônio do
trabalhador”. Assim, outro caminho não existe se não o de adotar um novo índice que
verdadeiramente corrija estes depósitos.

Como se sabe, o índice de remuneração básico da poupança é a Taxa Referencial –


TR, índice controlado pelo Estado, e utilizado como instrumento de controle da economia –
vide os sucessivos índices mensais zerados, a fim de controle de aporte de capital nas
poupanças. Tanto a TR não se presta como índice de correção monetária, que o STF já decidiu
nesse sentido: “A taxa referencial (TR) não é índice de correção monetária (...) não constitui
índice que reflita a variação do poder aquisitivo da moeda” (ADI 493-0/DF, Relator Min.
Moreira Alves, Plenário, DJ 4.9.1992).

Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão (art. 13 da lei 8.036/90) não poderá ser
tolerado pelo Judiciário.

Logo, declarada a inconstitucionalidade ao índice aplicado ao precatório pago nos


autos, deve ser tomado como vigente e aplicado ao caso concreto - atribuindo-se outro índice de
correção, como retratado nos pedidos da presente ação.

A ofensa ao art. 5º, caput, da CF, na vertente da segurança jurídica das relações
com a Caixa Econômica Federal, verifica-se, notadamente após o reconhecimento pelo SFT que
a TR não se presta como índice de correção monetária.

Logo, como citado, resta clara a violação aos Artigos 1º, inc. III, 5º, caput e incisos.
XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da República.

Frise-se, o SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL já decidiu que envolve questão


constitucional a discussão a respeito da aplicação ou não, nas contas vinculadas do FGTS, de
índices de correção monetária expurgados em decorrência de planos de estabilização da
economia.

Com efeito, no dia 31-08-2000, em Sessão Plenária, o STF ao apreciar o RE n.


226855-RS consolidou entendimento de que a decisão judicial que decreta a procedência de
pedido de pagamento de índices de correção monetária, sob a alegação de direito adquirido,
trata de questão constitucional, pois está fundamentada na Constituição Federal (art. 5º,
XXXVI).

Ou seja, ao apreciar pedido de aplicação de índices de correção monetária


extralegais, a decisão judicial está, obrigatoriamente, posicionando-se quanto à existência ou
não de direito adquirido.

Pois bem, nos casos em que se pleiteiam a aplicação nas suas contas vinculadas do
FGTS, de índices de correção monetária com discussão de previsão em leis vigentes - tratamos
de análise de direito adquirido.

A concessão ou não do pedido depende então da apreciação, pelo juiz da causa, da


existência ou não de direito adquirido aos índices de correção monetária.

Logo, caso o entendimento seja no sentido que não há aplicação de direito


adquirido ao índice de correção/atualização monetária (TR) torna-se possível a interpretação no
sentido de aplicação do índice que realmente cumpra o disposto no art.2º da lei nº 8.036/90.
Assim, a parte autora requer, desde já, que este MM. Juiz Federal "a quo"
manifeste-se em sua respeitável sentença sobre a ofensa aos dispositivos constitucionais citados.

Portanto, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela PROCEDÊNCIA


DO PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que
se pronuncie de forma objetiva, explícita e fundamentada sobre o assunto.

V- DOS HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

No que tange a possibilidade de condenação da requerida em honorários


advocatícios, o STF reiterou o entendimento de que cabe a cobrança de honorários advocatícios
nas ações entre o FGTS e os titulares das contas vinculadas. A decisão foi tomada por
unanimidade no julgamento do RE 581.160, com repercussão geral reconhecida, interposto
contra acórdão do TRF da 1ª região.

Segundo o relator, ministro Ricardo Lewandowski, o acórdão recorrido julgou


constitucional o artigo 29-C da lei 8.036/90, inserido pela MP 2.164/01, que veda a condenação
em honorários advocatícios nas ações entre o FGTS e os titulares das contas vinculadas.

Ocorre que o STF já declarou o artigo inconstitucional no julgamento da ADIn


2.736, em que foi relator o ministro Cezar Peluso, que excluiu o artigo 29-C da lei 8.036 do
ordenamento legal. "Entendo que o RE deve ter o mesmo destino da ADIn, de modo que dou
provimento ao pedido", concluiu o ministro.

Nesse sentido:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO COM REPERCUSSÃO GERAL


RECONHECIDA. CONSTITUCIONAL. ART. 9º DA MP 2.164-
41/2001. INTRODUÇÃO DO ART. 29-C NA LEI 8.036/1990.
HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. SUCUMBÊNCIA. AÇÕES
ENVOLVENDO O FGTS E TITULARES DE CONTAS
VINCULADAS. INCONSTITUCIONALIDADE DECLARADA NA
ADI 2.736/DF. RECURSO PROVIDO.
I - O Supremo Tribunal Federal, no julgamento da ADI 2.736/DF,
Rel. Min. Cezar Peluso, declarou a inconstitucionalidade do art. 9º
da MP 2.164-41/2001, na parte em que introduziu o art. 29-C na
lei 8.036/1990, que vedava a condenação em honorários
advocatícios “nas ações entre o FGTS e os titulares de contas
vinculadas, bem como naquelas em que figuram os respectivos
representantes ou substitutos processuais”. II - Os mesmos
argumentos devem ser aplicados à solução do litígio de que trata o
presente recurso. III - Recurso extraordinário conhecido e provido.
(RE 581160 / MG - MINAS GERAIS - PROCESSO ELETRÔNICO.
Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI REPERCUSSÃO
GERAL - MÉRITO. Julgamento: 20/06/2012. Órgão Julgador:
Tribunal Pleno.DJe-166 DIVULG 22-08-2012 PUBLIC 23-08-2012-
Tema 116 - Direito a honorários advocatícios nas ações que visam
obter expurgos inflacionários de FGTS. - Acórdãos citados: ADI 162
MC, ADI 525 MC, ADI 1647, ADI 1753 MC, ADI 2213 MC, ADI
2736.) (Grifamos)

Assim, requer a condenação da Caixa Econômica Federal para arcar com os


honorários advocatícios conforme o Artigo 85 do Novo Código de Processo Civil (Lei n. 13.105
de 2015)

VI – CONCLUSÕES

A Taxa Referencial, enquanto índice de correção monetária assim considerada pela


atual jurisprudência pátria, não pode ser reduzida a Zero, como tem sido nos últimos meses,
pois afronta flagrantemente o artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que garante atualização monetária
aos depósitos feitos no FGTS.

Como índice de correção monetária, a TR deveria garantir o poder aquisitivo dos


depósitos do FGTS, que se perfaz levando em conta os índices de inflação. Desde janeiro de
1999, a TR se distanciou sensivelmente dos índices oficiais de inflação, impingindo profundas
perdas aos depósitos do FGTS, tornando-se inidônea para garantir a reposição de perdas
monetárias.

A inidoneidade da TR como índice de correção monetária decorre de mudanças


introduzidas na sua metodologia de cálculo pelo Banco Central do Brasil/CMN que, através do
mecanismo econômico de um redutor, vem nitidamente manipulando o índice para que ele se
desprenda da inflação até anulá-la completamente, a despeito de um quadro de inflação
persistente no País.

A Caixa Econômica Federal está se prestando ao papel de espoliador do FGTS, na


medida em que dispõe do patrimônio do trabalhador sem a devida contraprestação. A correção
monetária aplicada ao FGTS tem sido há muito tempo menor que a inflação registrada, de forma
que descumpre não só o artigo 2º da lei nº 8.036/90, artigo 233 do Código Civil, mas também
toda a lógica e princípios do mercado econômico.

Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção
monetária. O trabalhador não pode ser obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do Governo
Federal. O “ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem os menores do
mercado, o quê, por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte sob a perspectiva social.
Negar o direito de correção monetária aos depósitos do FGTS, Fundo do qual o
trabalhador não pode simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo mais
rentável, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito e deve
ser de pronto rechaçado.

Se o Governo Brasileiro remunerasse os investidores internacionais com TR mais


3% ao ano, como faz com os trabalhadores, haveria um fuga em massa dos investimentos no
País, e certamente estaríamos experimentando uma tsunami econômica e não uma simples
“marolinha”.

Sendo a TR índice inidôneo para restabelecer o poder aquisitivo dos depósitos do


FGTS, sua substituição por outro índice que melhor recomponha as perdas monetárias se torna
imperioso, a fim de fazer prevalecer o artigo 2º da lei nº 8.036/90 e artigo 233 do Código Civil.

Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN
promoveu o completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos que desde
então ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS,
devendo desde esta data ser substituída pelo INPC ou, alternativamente, pelo IPCA.

VII – DOS PEDIDOS

Antes o exposto, REQUER:

A) A citação da requerida, para querendo contestar a presente ação.

B) Ao final, conforme descrito na planilha anexa, a condenação da Caixa


Econômica Federal para:

B.1) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da


correção monetária pelo INPC nos meses em que a TR foi zero, nas parcelas vencidas e
vincendas; e

B.2) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da


correção monetária pelo INPC, desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas
foi menor que a inflação do período; ou

B.3) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da


correção monetária pelo IPCA nos meses em que a TR foi zero; e

B.4) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação da


correção monetária pelo IPCA, desde Janeiro de 1999, nos meses em que a TR não foi zero, mas
foi menor que a inflação do período; ou
B.5) pagar o valor correspondente às diferenças de FGTS em razão da aplicação
da correção monetária por qualquer outro índice que reponha as perdas inflacionárias do
trabalhador nas contas do FGTS, no entender deste Juízo, desde Janeiro de 1999, inclusive nos
meses em que a TR foi zero, conforme planilha anexa.

C) Sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima, deverão
incidir correção monetária desde a inadimplência da requerida, bem como os juros legais.

D) A condenação da requerida ao pagamento das custas e honorários advocatícios


de 20% sobre o valor da condenação.

E) A concessão dos benefícios da Justiça Gratuita conforme declaração anexa.

F) Requer que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua respeitável
sentença sobre a exigência de correção monetária do art. 2º da lei nº 8.036/90 que garante
atualização monetária aos depósitos das contas vinculadas do FGTS;

G) Requer, ainda, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua sentença
sobre os fundamentos que a utilização da TR como índice de correção desobedeceria aos limites
materiais de inúmeros fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático de
Direito, atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como
os princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao direito de
propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF).
Logo, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela PROCEDÊNCIA DO
PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que se
pronuncie de forma objetiva, explícita e fundamentada sobre o assunto.

H) Requer a intimação da requerida para juntar aos autos os extratos da evolução


dos depósitos, atualização monetária e juros creditados na conta vinculada da Parte Autora,
posto que é a atual administradora dos recursos do FGTS.

I) Informa, por fim, não ter interesse na realização de audiência de


conciliação/mediação, nos termos do art. 319, VII, do Novo Código de Processo Civil (Lei n.
13.105 de 2015).

J) Após a apuração dos valores, requer sejam expedidos dois Alvarás de


Levantamento:

J.1) Um em nome do procurador que esta subscreve, com valor equivalente a


30% (trinta por cento) do total apurado nos cálculos, conforme contrato anexo.
J.2) Outro em nome da parte autora, com o restante do valor calculado (ou
seja, descontado o percentual acima) do saldo que foi objeto de saques na conta do FGTS.

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova admitidos em direito,


principalmente a prova documental.

Dá-se à causa o valor de R$ 9.252,46 (nove mil, duzentos e cinquenta e dois


reais e quarenta e seis centavos).

Nesses termos,

Pede deferimento.

Macapá-AP, 25 de maio de 2019.

ISRAEL GONÇALVES DA GRAÇA

OAB/AP 1856

Anexos (cópias):

1) Documentos Pessoais
2) Procuração e Contrato de Honorários;
3) Extrato Analítico contas FGTS;
4) Planilha de Cálculo.

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