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RECLAMAÇÃO CÍVEL
em face de CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, empresa pública, inscrita no CNPJ sob o nº.
00.360.305/0001-04, podendo ser citado na situada na Rua Pedro Salvador Diniz, n° 805, Bairro
Centro, Santana-AP, CEP: 68.925-180, pelos fatos e fundamentos que seguem:
1. FATOS
Como é cediço, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço foi criado na década de
1960 para proteger o trabalhador, como sucedâneo da antiga estabilidade decenal. É constituído
por valores depositados pelas empresas em nome de seus empregados e possibilita que o
trabalhador forme um patrimônio.
Consta no sítio eletrônico da Caixa Econômica Federal que o FGTS hoje financia
programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana.
Ressalte-se que o parâmetro fixado para a atualização dos depósitos dos saldos de
poupança e consequentemente dos depósitos do FGTS é a Taxa Referencial – TR, conforme
prescrevem os artigos 12 e 17 da Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991, com redação da lei nº
12.703, de 7 de agosto de 2012, cuja dicção é a seguinte:
A metodologia de cálculo foi há muito tempo definida pelo Banco Central, e hoje
está vigente sob a forma da Resolução nº 3.354, de 31 de março de 2006.
Ocorre que, há muito tempo, a TR não reflete mais a correção monetária, tendo se
distanciado completamente dos índices oficiais de inflação. Nos meses de setembro, outubro e
novembro de 2009, janeiro e fevereiro de 2010, fevereiro e junho de 2012 e de setembro de
2012 em diante, a TR tem sido completamente anulada, como se não existisse qualquer inflação
no período passível de correção.
II- PRELIMINARMENTE
B) DA PRESCRIÇÃO
Diante desse exemplo fica um pouco mais claro que a prescrição é trintenária para
as parcelas vencidas e não pagas anteriormente ao dia do julgamento (AREF 709212), em
11.11.14, que reduziu o prazo prescricional. Para as parcelas vencidas após a decisão, aplica-se
o novo prazo prescricional, que é de 5 anos.
Ainda, o autor Letácio Jansen diz que Bulhões Pedreira teria conseguido
institucionalizar e colocar em prática a sua doutrina principalmente através da Lei nº 4.357, de
1964, que criou o primeiro indexador da Economia Brasileira – a ORTN (obrigação reajustável
do tesouro nacional), uma obrigação monetária cuja função era fazer variar, periodicamente, a
moeda nacional segundo a perda de seus respectivos poderes aquisitivos.
Desde esta data, uma plêiade de índices de correção monetária foram se sucedendo,
até a entrada em vigor da Medida Provisória nº 294, de 31 de janeiro de 1991, que se
transformou na Lei nº 8.177, de 1º de março de 1991. Nesta oportunidade o Governo Collor
pretendeu substituir a série de indexadores tradicionais da correção monetária brasileira (ORTN,
OTN e BTN) que eram vinculados à variação dos níveis gerais de preços, pela Taxa
Referencial, que tinha natureza financeira.
Ainda hoje permanece a perplexidade em relação à natureza jurídica da TR, até por
conta da própria inconsistência da lei que a criou, que ora a trata como taxa de juros (artigo 39)
ora como indexador (artigo 18).
Quando o STF enfrentou o tema da natureza da TR, disse através do voto vencedor
da ADI 493-0/DF que:
A Taxa Referencial (TR) não é índice de correção monetária, pois,
refletindo as variações do custo primário da captação dos depósitos a
prazo fixo, não constitui índice que reflita a variação do poder
aquisitivo da moeda.
Por algum tempo, o próprio STJ rejeitou a TR como índice de correção monetária,
tanto para a poupança, quanto para o SFH. Neste sentido:
Não podemos nos esquecer de que a cultura da correção monetária está de tal
forma arraigada ao nosso sistema econômico, que o próprio Código Civil de 2002, traz diversos
dispositivos garantindo atualização monetária:
Hoje, no país, há dois tipos de índices de correção monetária. Índices que refletem
a inflação e, portanto, recuperam o poder de compra do valor aplicado, como o IPCA e o INPC,
e um índice que não reflete a inflação, e consequentemente não recupera o poder de compra do
valor aplicado – a Taxa Referencial/TR.
O sentimento geral é que há muito tempo o FGTS é um fundo iníquo por ele não
ter recomposição inflacionária dos seus recursos. Na verdade, o trabalhador não está
financiando programas de habitação popular, saneamento básico e infraestrutura urbana, ele está
subsidiando.
Ao contrário de outros investimentos, o FGTS não é um fundo de livre à disposição
por parte do trabalhador, não podendo ele decidir por vontade própria quais as aplicações que
lhe são mais convenientes ou rentáveis. O trabalhador tem que se submeter a políticas
econômicas e sociais que lhe são altamente prejudiciais.
Ora, mas a própria Lei do FGTS diz em seu artigo 2º que é garantida a atualização
monetária e juros. Quando a TR é igual a zero este artigo é descumprido. Quando a TR é
mínima e totalmente desproporcional em relação à inflação, este artigo também é descumprido e
o patrimônio do trabalhador é subtraído por quem tem o dever legal de administrá-lo.
Excelência, hoje, o trabalhador que tem seu dinheiro aplicado no FGTS, e de lá não
pode retirá-lo para outro investimento, está sendo remunerado com juros abaixo de 0,300% ao
mês e mais nada. Não há nem correção monetária nem Taxa Referencial (independentemente da
sua natureza jurídica), em flagrante ofensa ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que impõe a correção
monetária dos valores depositados pelo empregador.
Ainda que se argumente que a aplicação do Redutor pelo Banco Central/CMN seja
legal, sua redução a zero em um cenário de inflação superior a 6% ao ano, configura flagrante
afronta ao artigo 2º da Lei nº 8.036/90, que determina a atualização monetária, bem como ao
artigo 233 do Código Civil, quando sonega os acessórios da obrigação de dar.
Mas é necessário ir mais além e revisitar o entendimento jurisprudencial sobre a
TR como índice de correção monetária, máxime a partir da instituição de um redutor que tem
por efeito zerar o índice da TR em um ambiente de inflação.
O trabalhador, que luta para formar um patrimônio, tem que poder confiar na lei.
Esta confiança está quebrada.
Em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-0/DF, ele deixou bem assentado
que a TR não constituía índice que refletia a variação do poder aquisitivo da moeda. Esta
característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua aplicação aos saldos dos
depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do patrimônio do trabalhador.
Há anos, os trabalhadores que tem depósitos no FGTS não experimentam ganhos reais em sua
aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores tem rendimentos inferiores à
inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3% ao ano.
Diante de tudo que foi demonstrado, o juiz atenderá aos fins sociais da Lei do
FGTS ao reconhecer que correção monetária, reposição dos índices inflacionários de forma a
garantir o poder de compra daquele dinheiro ali depositado no Fundo, é efetivamente devida
pela Caixa.
Até por uma questão de equidade, o melhor índice que pode substituir a TR é o
índice que corrige monetariamente os salários dos trabalhadores e os benefícios previdenciários.
Este índice está previsto na Lei 12.382 de 25 de fevereiro de 2011, cujos primeiros artigos
trazem a seguinte dicção:
Não há porque ter dois pesos e duas medidas. Se o salário mínimo é corrigido
monetariamente pelo INPC, o depósito do FGTS que, em última análise, é um salário indireto
do trabalhador, também há de sê-lo.
E observe que o objetivo da Lei em corrigir o salário mínimo pelo INPC decorre
exclusivamente da necessidade de preservar seu poder aquisitivo. A necessidade de preservar o
poder aquisitivo é um constante em todas as transações financeiras, e ela só aperfeiçoa quando
repõe efetivamente as perdas inflacionárias.
Outro índice que se mostra aplicável, na hipótese deste douto Juízo entender que
não se aplicaria o INPC, é o IPCA, índice oficial do Governo Federal para medição das metas
inflacionárias, contratadas com o FMI, a partir de julho de 1999.
Ambos os índices são infinitamente mais adequados a preservar o poder aquisitivo
dos depósitos do FGTS do que a aniquilada TR.
Por fim, cumpre lembrar que o entendimento que começa a surgir os primeiros
entendimentos razoáveis sobre a questão, ainda que em primeiro grau de jurisdição, como se vê
a seguir em uma decisão na cidade de Foz do Iguaçu (4ª Região):
Ainda, nesse sentido, na cidade de Pouso Alegre, Minas Gerais (1ª região), também
houve procedência da ação de revisão do FGTS, neste caso para substituição da Taxa
Referencial (TR) pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC). Neste caso o
magistrado demonstrou a evolução do FGTS ao longo de 47 anos de história, desde que foi
criado pela Lei 5.107/66. In Verbis:
Assim sendo, deve ser aplicado, para fins de dar cumprimento à atualização
monetária dos saldos das contas do FGTS, qual seja, INPC ou alternativamente o IPCA, em
substituição à TR, desde janeiro do ano de 1999, a partir de quando tal índice deixou de refletir
a variação inflacionária da moeda.
IV- DO PREQUESTIONAMENTO PARA EVENTUAL INTERPOSIÇÃO DE
RECURSO ESPECIAL OU RECURSO EXTRAORDINÁRIO
No mais, com efeito, o tema apresenta relevância do ponto de vista jurídico, uma
vez que a definição sobe a constitucionalidade dessa exação norteará o julgamento de inúmeros
processos similares, que tramitam neste e nos demais tribunais brasileiros. Além de fixar a
interpretação da Corte sobre os dispositivos constitucionais suscitados no feito.
Nesse sentido, referido artigo 13, desobedeceria aos limites materiais de inúmeros
fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático de Direito, atentando
contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como os princípios da
igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao direito de propriedade,
direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF).
E, embora em princípio, não haja correlação entre o trabalhador que tem depósitos
no FGTS que são emprestados para financiar a casa própria, e aquele que se vale do empréstimo
do SFH para adquirir sua casa própria, em algum momento, trabalhador e mutuário são a mesma
pessoa.
A Caixa está emprestando para o trabalhador aquilo que ela deixou de pagar a ele a
título de correção monetária na sua conta de FGTS.
O direito de propriedade decorre da própria lei natural. Por isso, é uma exigência
da natureza intelectual do homem. Enquanto os irracionais se contentam com a satisfação de
suas necessidades imediatas, o homem pode prever o seu futuro. Assim, para subsistir hoje e no
tempo futuro, precisa apropriar-se de bens naturais, de consumo, bens fungíveis e, também, de
produção.
Nesse sentido:
Partindo da premissa acima, em 1991 e 1992, quando o STF julgou a ADI 493-
0/DF, ele deixou bem assentado que a TR não constituía índice que refletia a variação do poder
aquisitivo da moeda. Esta característica da TR tem se confirmado ao longo dos anos. A sua
aplicação aos saldos dos depósitos do FGTS tem gerado “gigantesca destruição de valor” do
patrimônio do trabalhador. Há anos, os trabalhadores que tem depósitos no FGTS não
experimentam ganhos reais em sua aplicação. Ao contrário. Há muito tempo, os trabalhadores
tem rendimentos inferiores à inflação, mesmo levando em conta a remuneração dos juros de 3%
ao ano.
Assim sendo, texto tão danoso ao cidadão (art. 13 da lei 8.036/90) não poderá ser
tolerado pelo Judiciário.
A ofensa ao art. 5º, caput, da CF, na vertente da segurança jurídica das relações
com a Caixa Econômica Federal, verifica-se, notadamente após o reconhecimento pelo SFT que
a TR não se presta como índice de correção monetária.
Logo, como citado, resta clara a violação aos Artigos 1º, inc. III, 5º, caput e incisos.
XXII, XXXVI, e 37, caput, da Constituição da República.
Pois bem, nos casos em que se pleiteiam a aplicação nas suas contas vinculadas do
FGTS, de índices de correção monetária com discussão de previsão em leis vigentes - tratamos
de análise de direito adquirido.
Nesse sentido:
VI – CONCLUSÕES
Quem empresta tem direito a ser remunerado com juros e a totalidade da correção
monetária. O trabalhador não pode ser obrigado a subsidiar ainda mais os projetos do Governo
Federal. O “ainda mais” decorre do fato de os juros de 3% do FGTS serem os menores do
mercado, o quê, por si só, demonstra que ele já está fazendo sua parte sob a perspectiva social.
Negar o direito de correção monetária aos depósitos do FGTS, Fundo do qual o
trabalhador não pode simplesmente sacar seu dinheiro para aplicar em outro fundo mais
rentável, configura ato de tirania, incompatível com um Estado Democrático de Direito e deve
ser de pronto rechaçado.
Posto que desde janeiro de 1999 o redutor criado pelo Banco Central/CMN
promoveu o completo distanciamento da TR dos índices oficiais de inflação, temos que desde
então ela perdeu sua condição de repor as perdas inflacionárias dos depósitos do FGTS,
devendo desde esta data ser substituída pelo INPC ou, alternativamente, pelo IPCA.
C) Sobre os valores devidos pela condenação de que tratam os itens acima, deverão
incidir correção monetária desde a inadimplência da requerida, bem como os juros legais.
F) Requer que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua respeitável
sentença sobre a exigência de correção monetária do art. 2º da lei nº 8.036/90 que garante
atualização monetária aos depósitos das contas vinculadas do FGTS;
G) Requer, ainda, que este MM. Juiz Federal "a quo" manifeste-se em sua sentença
sobre os fundamentos que a utilização da TR como índice de correção desobedeceria aos limites
materiais de inúmeros fundamentos e princípios constitucionais, como o Estado Democrático de
Direito, atentando contra a Dignidade da pessoa Humana (art. 1º e inciso III, da CF), bem como
os princípios da igualdade, segurança jurídica (art. 5º, caput, da CF), da proteção ao direito de
propriedade, direito adquirido (art. 5º, XXII e XXXVI da CF) e moralidade (art. 37 da CF).
Logo, resta PREQUESTIONADA a matéria pugnando pela PROCEDÊNCIA DO
PREQUESTIONAMENTO suscitado, requerendo ao Excelentíssimo JUIZ FEDERAL que se
pronuncie de forma objetiva, explícita e fundamentada sobre o assunto.
Nesses termos,
Pede deferimento.
OAB/AP 1856
Anexos (cópias):
1) Documentos Pessoais
2) Procuração e Contrato de Honorários;
3) Extrato Analítico contas FGTS;
4) Planilha de Cálculo.