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Faculdade Dehoniana

PASTORAL I: FUNDAMENTOS
Filipe Henrique de Araújo
11/03/2019

EXERCÍCIO DE RESENHA

Djalma Lopes SIQUEIRA. Paróquia, comunidade de comunidades e lugar privilegiado de vivência


e transmissão da fé. In TheAR: Instituto de Teologia e Filosofia Santa Teresinha, ano I, número 2,
2013, p 32-56.

A discussão acerca dos desafios da Paróquia antecede ao Vaticano II e ainda hoje continua
sendo realizada, tal como na 51ª Assembleia da CNBB, que refletiu sobre a Paróquia como uma
comunidade de comunidades. Essa abordagem visa tornar a Paróquia como um ambiente de vivência
e transmissão da fé, a fim de colocar em prática a eclesiologia proposta pelo Vaticano II.
Em uma leitura neotestamentária ver-se-á que a koinomia não é reservada para um grupo,
mas para toda a Igreja, tornando-a, assim, sacramento de comunhão, isto é, sinal e instrumento da
unidade da Igreja com Deus e com toda a humanidade. Isso só é possível porque a Igreja, mistério de
comunhão, haure esse dom da comunhão trinitária.
Etimologicamente, Paróquia, tanto no grego quanto no latim, significa algo como
vizinhança. Diante da expansão do cristianismo, o Papa Dâmaso, no século III, criou lugares de culto
na zona rural de sua diocese a fim de celebrar nesses locais mais afastados. As comunidades gozavam
de certa autonomia e estavam unidas entre si, sob a tutela do bispo.
Paulatinamente a Paróquia desenvolveu-se, tornou-se a estrutura eclesial, que, em muitos
lugares, é a expressão visível da Igreja. Todavia, é mister afirmar, que a Paróquia não é uma seção
administrativa da Igreja, mas uma célula viva do corpo místico de Cristo no qual deve ser evidente o
anúncio (kerygma), a comunhão (koinomia) e o testemunho (martirya) dos cristãos e o serviço
(diaconia).
Sendo parte de um organismo vivo, é evidente que a renovação da Paróquia não se
simplesmente por mudanças estruturais, mas, sobretudo, pela conversão de seus agentes, a começar
pelos presbíteros. Estes, quando convertidos, devem deixar de ser apenas funcionários do culto ou
gestores da Paróquia para, impelidos pelo Cristo, tornarem-se discípulos-missionários.
Para revigorar a vida paroquial é lançada a proposta para subdividir a Paróquia em setores e
pequenas comunidades. O intuito é que, ao se reunir regularmente, haja uma maior interação e
dinamicidade entre os seus membros, tornando possível a vivência comunitária, ponto de chegada e
ponto de partida de toda evangelização.
A koinomia é o testemunho e o resultado de uma Igreja autenticamente discipular, o que
pode ser visto em muitas comunidades eclesiais de base e nas chamadas novas comunidades. Nesse
contexto, o papel da Paróquia, é criar um processo de inserção na vida comunitária através de uma
estrutura e de um processo formativo que levem aos fiéis a cultivarem sua fé e pertença a Cristo.
Esse processo promove a descentralização, gozando de uma relativa autonomia, cada
comunidade poderá viver a fraternidade e a caridade de modo mais direto e efetivo. Tal autonomia
promove a comunhão na instância paroquial e diocesana. É preciso conscientizar-se que o grande
pecado é a negação que todos possuem a comunhão, não há espiritualidade autêntica que leve o sujeito
a fechar-se em si mesmo.
Uma comunidade não nasce pronta, uma renovação da forma de ser Igreja e de viver a
koinomia é precessual. Inicialmente é preciso ter a abertura para aceitar o outro, aquele que não
conheço. Prescindido de preconceitos, o sujeito vai abrir-se para comunicar com outro, dando-se a
conhecer e partilhando sua vida. Aqueles que se conhecem, se estimam e, portanto, vão se querer
bem. A estima mútua leva ao cuidado, cada torna-se responsável pelo outro, mas cada um reconhece-
se necessitado do outro.
2

Por muito tempo a vida paroquial e, em consequência, a vida cristã, limitou-se à prática
sacramental. Urge criar espaços e ocasiões para a partilha, para a vida comunitária. Uma paróquia
não pode limitar-se ao espaço celebrativo e agir fragmentariamente em suas pastorais. Uma Paróquia
precisa cultivar uma vida comunitária na qual seus membros realmente partilhem suas vidas e que
não seja apenas o lugar onde celebra-se a Missa Dominical.
Não há um embasamento bíblico que sustente a ideia de Paróquia. Ela surgiu diante da
necessidade da Igreja, em um tempo no qual o cristianismo era uma religião da cidade, mas que em
um momento, a partir do século III, começou a crescer no campo. A necessidade do povo criou a
Paróquia1.
Talvez seja verdade que a Paróquia se tornou um órgão quase que conatural ao agir da Igreja,
todavia é imprescindível perguntar-se se nessa configuração atual ela continua atendendo as
necessidades do povo. A ação pastoral, em muitas paróquias, tornou os sacramentos meras tradições
humanas, costumes sociais: batinas, incensos, livros rituais, cálices de ouro, certidão de batismo, de
crisma e casamento; em tudo isso, onde ficou Deus e a vida cristã?
É preciso uma reflexão ousada: na maioria das Paróquias é facilitada e estimulada a
experiência de Deus? Os presbíteros são mistagogos, que conduzem seus paroquianos para Cristo; ou
são demiurgos, que modelam e manipulam o povo ao seu bel prazer, criando falsas imagens de Deus,
verdadeiros ídolos, no qual alguém pode salvar sua alma por fazer a prece X, sem sequer estender sua
mão para o outro?2
Muitas vezes ao ver reflexões que apresentam novas formas de se ser Paróquia, pode-se ficar
com a impressão de que se deseja remodelar algo a fim de se conservar uma instituição tradicional.
É inegável que seja necessário um lugar para a comunidade reunir-se, mas isso não é o essencial. O
único necessário é Cristo. A história da Igreja, sobretudo no livro dos Atos e em relatos dos Santos
Padres, indica que ação de Deus e a koinomia são intrínsecas, se há uma, há outra3.
E a comunhão não se dá apenas no horizonte espiritual, uma comunhão assim é uma farsa,
a comunhão concretiza-se no amor e cuidado mútuo, na caridade, no serviço. A koinomia engendra
uma espiritualidade concreta. Hoje defende-se abertamente pseudo valores que atentam contra a
comunhão: egoísmo, hedonismo, corrupção, segregação, etc.
Se há mil e setecentos anos a Paróquia surgiu diante da necessidade que o povo tinha de ter
um lugar para se reunir, a necessidade atual permanece a mesma: a Paróquia precisa ser o local no
qual as pessoas aprendam a ser comunidade, se há um sacramento que urge ser “distribuído”, este é
o sacramento da comunhão, pois como acreditar na eficácia dos outros sacramentos se estes não
promovem uma autêntica e concreta koinomia?

Referências:

BIHLMEYER, Karl; TUECHLE, Hermann. História da Igreja: Antiguidade cristã. São Paulo:
Paulinas, 1964.

CASALDÁLIGA, Pedro. Na procura do reino: Antologia de textos 1968/1988. São Paulo: FTD,
1988.

CLEMENTE ROMANO. Carta de São Clemente Romano aos Coríntios: Primórdios cristãos e
estrutura. 3 ed. Petrópolis - RJ: Vozes, 1984.

SIQUEIRA, Djalma Lopes. Paróquia, comunidade de comunidades e lugar privilegiado de vivência


e transmissão da fé in TheAR: Instituto de Teologia e Filosofia Santa Teresinha, ano I, número 2,
2013, p 32-56.

1
Cf. Karl BIHLMEYER, Hermann TUECHLE, História da Igreja: Antiguidade cristãs, 1964, p.112.
2
Cf. Pedro CASALDÁLIGA, Na procura do reino: Antologia de textos 1968/1988, p.134s.
3
Há inúmeras referências quanto ao valor que a Igreja primitiva dava a unidade e a comunhão, aqui cito apenas um: cf.
CLEMENTE ROMANO, Carta de São Clemente Romano aos Coríntios, n.46.

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