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SÃO PAULO
2019
SUMÁRIO
VÍCIOS DO NEGÓCIO JURÍDICO ............................................................................. 1
O negócio jurídico seria a manifestação de vontade das partes que produz os efeitos
desejados pelas partes permitidos pela lei. Para que produza estes efeitos ele deve
ter os elementos de validade, existência e eficácia. Esta seria a chamada Escada
Ponteana.
Através desta escada podemos determinar de forma progressiva se um determinado
negócio jurídico possui elementos suficientes para existir e possuir efeitos. Neste
sentido quando analisamos o elemento existência do negócio jurídico, consideramos
que este exista quando ele contém os elementos de parte, objeto, vontade e forma.
Para que estes elementos sejam considerados e o negócio jurídico possuir validade
temos de considerar os elementos existentes de forma individual. Assim as partes
devem ser capazes e legitimadas de efetuar o negócio em tela. O objeto listado no
negócio deve ser licito, possível, determinado ou determinável, a forma pela qual
seria manifestado deve ser aquela prescrita em lei ou não defesa em lei, a vontade
das partes ao efetuar o acordo deve ser concedida de forma livre, consciente,
espontânea e de boa fé.
Finalmente a eficácia representa o campo no qual o negócio jurídico efetivamente se
materializa. Desta forma para um negócio jurídico ser valido ele deve conter estes
três elementos e a falta de um deles implica em sua potencial anulabilidade ou
nulidade.
De maneira geral consideramos os vícios do negócio jurídico como uma falha no
elemento vontade citado acima. Assim possuiriam uma falha que prejudicaria a
validade do negócio jurídico e prejudicaria a sua existência garantindo que, desta
forma, eles possam ser anulados ou que sejam considerados nulos diretamente.
Neste sentido vemos a fraude contra credores como um vício social, por prejudicar
não as partes envolvidas no contrato mas outras de seu quinhão legitimo. Podemos
considerar como social em vez de um vício de vontade direto porque não prejudica
as partes listadas no negócio jurídico atacado e sim terceiros. A vontade, neste
sentido, pode ser considerada maculada por ter sido concedida com má-fé e
buscando uma vantagem indevida contra um terceiro do contrato, justificando desta
forma a ação da parte prejudicada para a corrigir.
Art. 158. Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão
de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido
à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos
credores quirografários, como lesivos dos seus direitos.
§ 1o Igual direito assiste aos credores cuja garantia se tornar
insuficiente.
§ 2o Só os credores que já o eram ao tempo daqueles atos podem
pleitear a anulação deles.1
A lei expande e classifica de forma mais detalhada nos artigos seguintes mas de
início possuímos elementos suficientes para uma análise e determinação deste tipo
de fraude:
1- Envolve inicialmente a transmissão gratuita de bens e perdão de dívidas. O
artigo 159 expande e inclui os contratos onerosos em situações nos quais é
possível acreditar que que a insolvência (item 2) for notória ou houver justa
causa para ser conhecida.
2- Este ato é efetuado por pessoa insolvente ou ao seu termino acaba por tornar
insolvente a pessoa. O artigo 164, no entanto, permite que os atos efetuados
em boa-fé para manutenção de estabelecimentos não sejam enquadrados
neste vicio:
1. Art. 164. Presumem-se, porém, de boa-fé e valem os negócios
ordinários indispensáveis à manutenção de estabelecimento
mercantil, rural, ou industrial, ou à subsistência do devedor e
de sua família.2
Em adição a estes dois elementos a lei ainda determina quem seriam os agentes
capazes de impetrar tal ação e ainda, em seu artigo 161, contra quem ela deve ser
impetrada: o devedor, a pessoa com quem cometeu fraude e o terceiro eventual que
tenha se beneficiado da mesma:
Art. 161. A ação, nos casos dos arts. 158 e 159, poderá ser intentada
contra o devedor insolvente, a pessoa que com ele celebrou a
estipulação considerada fraudulenta, ou terceiros adquirentes que
hajam procedido de má-fé.3
A partir deste ponto possuímos elementos suficientes para uma análise em eventual
caso de fraude contra credores e para a sua utilização na defesa dos interesses dos
nossos clientes: A fraude poderá manifestar-se de diversas formas, quais sejam:
transmissão gratuita de bens, contrato oneroso, remissão de dívidas, renúncia de
herança, antecipação quanto ao pagamento de dívidas, atribuição de preferências a
credores. Tais fraudes são passíveis da incidência de ação revocatória quanto ao
devedor com capacidade patrimonial duvidosa frente ao seu patrimônio passivo.
2 IDEM
3 IDEM
4 IDEM
3
Nas proximas páginas está o acordão solicitado para este trabalho. Foi mantida a
formatação original e o cabeçalho listados no Tribunal de Justiça , assim como os
outros elementos textuais necessários.
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 7ª CÂMARA DE
DIREITO PRIVADO
Registro: 2019.0000369792
ACÓRDÃO
Rômolo Russo
Relator
Assinatura Eletrônica
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 7ª CÂMARA DE
DIREITO PRIVADO
1
permaneceu no nome de João José Viganô e sua mulher até julho de 2002, ocasião
em que não havia nenhuma restrição averbada na matrícula;
É o relatório.
Pois bem.
RÔMOLO RUSSO
Relator