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Resumo
Os principais fenômenos microestruturais que ocorrem durante a deformação a quente dos metais são
analisados neste trabalho. Iniciando-se com uma breve análise da recuperação dinâmica, é feita uma
revisão da recristalização dinâmica, com ênfase nos mecanismos de nucleação. A recristalização
metadinâmica também é tratada de maneira simples e objetiva, com novas ilustrações concebidas pelo
autor. Uma conseqüência direta do estudo da recristalização durante a deformação a quente é a
possibilidade de analisar criticamente os processos industriais de conformação plástica. Por isso, faz-se
uma breve revisão dos princípios do processamento termomecânico dos aços, assim como o “elo de
ligação” entre os fenômenos descritos e o processamento em si através da tensão média de escoamento.
Finalmente, é feita uma pequena descrição dos tipos e características dos principais modelos matemáticos
que podem ser aplicados ao processamento a quente de metais.
Contato: e-mail: fulvio@cbmm.com.br
93
1. Introdução recuperação e recristalização que ocorrem
A maioria dos materiais metálicos passa em durante e imediatamente após a deformação.
alguma etapa da sua fabricação por processos de
deformação a quente para que sejam obtidos Como mostrado na Figura 1, a ocorrência da
produtos como chapas, tubos, arames, entre recristalização dinâmica está relacionada com a
outros. Nesses processos ocorrem várias energia de defeito de empilhamento (EDE) do
alterações microestruturais simultâneas como metal considerado. Metais com alta EDE
encruamento, recuperação e recristalização. Os apresentam cinética de recuperação (estática e
processos de recuperação e recristalização dinâmica) rápida, diminuindo a quantidade de
quando ocorrem durante a deformação são defeitos cristalinos e conseqüentemente, o
denominados recuperação dinâmica e potencial termodinâmico para a recristalização.
recristalização dinâmica, respectivamente. Por outro lado, metais com baixa EDE
Existem dificuldades experimentais para se apresentam cinética de recuperação lenta e a
observar esses processos na microestrutura. quantidade de defeitos cristalinos sempre
Observações da evolução microestrutural são aumenta com a deformação. Dessa forma, a
muito difíceis de serem feitas simultaneamente ocorrência da recristalização dinâmica é
com a deformação. Dessa forma, a recuperação facilitada.
dinâmica e a recristalização dinâmica são
"observadas" indiretamente por curvas tensão-
deformação obtidas em ensaios mecânicos a
quente como tração, compressão e torção. Essa
técnica de “observação” é chamada algumas
vezes de “metalografia mecânica”.
2 hi
e ln (1)
3 h f
onde hi e hf são as espessuras iniciais e finais da
chapa. Outras equações são utilizadas em outros
métodos de deformação. A taxa (ou velocidade)
de deformação média , por sua vez, é definida Figura 1- Mecanismos de restauração
por: (recuperação e recristalização) possíveis durante
a deformação a quente. (a) durante a laminação
(baixas deformações) para metais de alta EDE.
(b) durante a laminação para metais de baixa
(2) EDE. (c) durante a extrusão (altas deformações)
onde Dt é o tempo de deformação. para metais de alta EDE. (d) durante a extrusão
para metais de baixa EDE /1/.
Os fenômenos denominados "dinâmicos"
acontecem simultaneamente à deformação, 2. Recuperação Dinâmica
quando o material está sob um campo de tensões À medida que o metal é deformado a quente, o
e geralmente em alta temperatura. O parâmetro número de defeitos cristalinos aumenta. Devido à
temperatura depende, obviamente, do material ativação térmica, as discordâncias geradas se
que está sendo considerado. Por exemplo: o rearranjam para uma estrutura de subgrãos
chumbo recristaliza dinamicamente à conforme ilustra a Figura 2, em particular na
temperatura ambiente. A Figura 1 mostra parte inferior direita da mesma, onde se observa
esquematicamente os mecanismos de uma grande concentração de discordâncias em
paredes de subgrãos. Esse tipo de arranjo de
Figura 2- Formação de contornos de baixo ângulo durante a deformação a quente de aço inoxidável
austenítico AISI 304. Microscopia eletrônica de transmissão. (gentileza de H.-J. Kestenbach, UFSCar).
discordâncias não se formaria neste material de A curva acima pode apresentar um ligeiro
baixa EDE se a deformação tivesse sido declive negativo (queda de tensão) na região do
realizada à temperatura ambiente. estado estacionário devido ao calor gerado na
deformação /2,3/. Esse efeito é geralmente
A temperatura elevada permite, em um certo observado quando ao material é deformado com
instante, que a quantidade de defeitos gerados taxas de deformação superiores a
seja compensada pela quantidade de defeitos aproximadamente 1 s-1. Durante a recuperação
eliminados. Nesse ponto é atingido um estado dinâmica não ocorre migração de contornos de
estacionário ("steady state"), ou seja, a alto ângulo, os grãos vão se alongando de acordo
quantidade de defeitos permanece constante. Na com a mudança de forma do material, enquanto
curva tensão-deformação, esse efeito aparece os subgrãos mantêm estrutura eqüiaxial, como
como uma estabilização da tensão à medida que mostrado esquematicamente na Figura 4.
o material vai sendo deformado, como mostrado
na Figura 3. É interessante notar que no interior dos subgrãos
existem discordâncias que são geradas e
eliminadas no processo de deformação. A
quantidade de discordâncias, o espaçamento
médio entre elas e a diferença de orientação entre
os subgrãos não variam significativamente no
estado estacionário ("steady state"). As
dimensões dos subgrãos, as diferenças de
orientação e a perfeição dos subcontornos
dependem principalmente da natureza do metal,
da temperatura e da taxa de deformação.
e Uma particularidade interessante na deformação
a quente de metais e ligas é a formação de
Figura 3- Curva tensão-deformação a quente.
'ondulações' ("serrations") nos contornos de grão.
Ocorrência somente de recuperação dinâmica. O
As ondulações são observadas em vários metais
patamar é a tensão do estado estacionário
("steady state"). como Al, Cu, Ni, Fe-a e aços inoxidáveis /4/ e se
formam devido a interações entre contornos de
grão e subcontornos em condições de baixas
taxas de deformação. O fenômeno consiste em
Figura 4- Alterações microestruturais durante a recuperação dinâmica. (a) microestrutura inicial; (b)
microestrutura após uma deformação e1; (c) microestrutura após uma deformação e2>e1.
3. Recristalização dinâmica
ep
A curva tensão-deformação para a recuperação
dinâmica descrita anteriormente tem seu estado e
estacionário ("steady state") definido pela
Figura 5- Curvas esquemáticas tensão-
geração e eliminação simultânea de defeitos
deformação mostrando comparativamente a
cristalinos. A eliminação dos defeitos, nesse
ocorrência de encruamento, recuperação
caso, acontece por eventos individuais de
dinâmica e recristalização dinâmica.
aniquilação de discordâncias de sinais opostos e
do desaparecimento de intersticiais e lacunas. Na
A velocidade de deformação é um fator
recristalização dinâmica, deve-se considerar a
importante a ser considerado. Para altas taxas de
aniquilação de grandes quantidades de defeitos
deformação, a curva tensão-deformação
através da migração de contornos de grão.
apresenta um pico de tensão correspondente à
A ocorrência da recristalização dinâmica está deformação ep seguido de uma estabilização da
tensão à medida que o material se deforma. Para
associada à geração de um número grande de
defeitos durante a deformação a quente. Esses baixas velocidades de deformação, a restauração
se dá em ciclos de deformação-recristalização
defeitos não podem ser eliminados apenas por
recuperação dinâmica, seja devido às altas taxas dinâmica, como mostrada na Figura 6. Nesse
último caso, a curva apresenta vários picos de
de deformação ou devido à baixa EDE do
material, aumentando o potencial termodinâmico tensão que aparecem com certa periodicidade.
para a recristalização. Quando esse estágio é
atingido, ocorre recristalização durante a
deformação. A Figura 5 mostra
3.1 Nucleação em recristalização dinâmica
início da Na grande maioria das condições de deformação
recristalização
a quente, a nucleação da recristalização dinâmica
(a) alta taxa de deformação
recristalização dinâmica “contínua” ocorre preferencialmente nos contornos de grão /
3/. Esse mecanismo é conhecido por formação
de colares sucessivos ("necklacing"), que
consiste em nucleação dos novos grãos em
etapas, que avançam seqüencialmente para o
(b) baixa taxa de deformação interior do grão original. A Figura 8 mostra o
recristalização dinâmica “periódica” mecanismo esquematicamente.
re
d
c
in
â
u
p
m
era
ic
ç
a
ão Re
c
ss
e
P
o n
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Re
c
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in
fle
xão=c
re
cris
talizaçã
o p
dinâm ic
a =0
)
c,e
c ,e RD
p p ss
RD
ss
e
(a) (b)
Figura 7- Determinação da deformação crítica através de curvas e e . (a) a deformação crítica,
corresponde ao ponto onde a curva sai do comportamento onde ocorre apenas a recuperação dinâmica. (b) o
ponto de inflexão corresponde à tensão crítica, ec.
Figura 8- Mecanismo de nucleação por formação de colares sucessivos. (a) grão original; (b) primeira
etapa ocorrendo junto aos contornos de grão, quando a deformação e c é superada; (c) segunda etapa
ocorrendo junto aos grãos recristalizados dinamicamente; (d) terceira etapa, idem a segunda; (e) quarta
etapa que corresponde ao estado estacionário ou "steady state" /10/.
Dessa forma, o processo fica muito parecido com caracterizada a periodicidade. Isso significa que
o da recristalização estática. Com relação ao cada ciclo de recristalização se completa antes
tamanho de grão inicial, este pode sofrer um que o material seja encruado suficientemente
ligeiro refino ou até um engrossamento. Veremos para iniciar o próximo ciclo. Esse
mais adiante as condições que geram refino ou comportamento é característico de baixas taxas
engrossamento de grãos. de deformação e altas temperaturas, como visto
anteriormente, e é mostrado esquematicamente
na Figura 9(a). Por outro lado, quando o
3.2 Recristalização dinâmica contínua e material é submetido a altas taxas de deformação
periódica e baixas temperaturas, ex é maior que ec. Isso
Luton & Sellars /11/ chegaram a uma relação significa que antes de um ciclo de recristalização
entre deformações características que definem se se completar, o próximo já foi iniciado. A Figura
a curva tensão-deformação apresenta um ou 9(b) mostra esquematicamente esse mecanismo.
vários picos. Quando ocorre a presença de Essa característica se deve à elevada taxa de
vários picos, significa que acontecem ciclos criação de defeitos. Em outras palavras, a
distintos e seqüenciais de deformação- elevada taxa de criação de defeitos cristalinos
recristalização dinâmica. Em outras palavras, permite que ocorra nova nucleação sem que o
quando um ciclo termina, imediatamente tem ciclo anterior tenha se completado e assim por
início um novo ciclo deformação-recristalização. diante. Dessa forma, as regiões que sofreram
Quando a curva tensão-deformação apresenta um recristalização primeiro atingem rapidamente a
único pico, significa que os ciclos de deformação crítica ec para que ocorra nova
deformação-recristalização estão superpostos, ou nucleação.
seja, o início de um ciclo está acontecendo
simultaneamente com o final do ciclo anterior e
assim por diante.
3.3 Influência da recristalização dinâmica no
tamanho de grão
Esses mecanismos são definidos por relação
entre a deformação crítica para início da O trabalho de Sakai & Jonas /12/ estabelece
recristalização, ec , e a deformação para 95% de relações entre o tamanho de grão inicial e o
parâmetro de Zener-Hollomon (Z) com o
amolecimento ex. Quando ex é menor que ec, é tamanho de grão recristalizado dinamicamente.
O parâmetro de Zener-Hollomon é a taxa de
deformação, , corrigida pela temperatura
absoluta de deformação, T, e é dado por: (3)
Figura 9- Curvas tensão-deformação esquemáticas para a recristalização dinâmica. (a) cíclica, quando ec >
ex; (b) ciclos superpostos, quando ec < ex /11/.
Z alto Refino
final inicial
Z1
inicial final
Engrossamento
D 01 D 02
Figura 12- Curva tensão-deformação em ensaio
Figura 11- Diagrama esquemático mostrando a
de compressão com taxa de deformação de 1,8
dependência entre o tamanho de grão original, o
parâmetro de Zener-Hollomon (Z), os tipos de 10-2 s-1 em ligas de cobre e cobre de alta pureza /
curva tensão-deformação e refino/engrossamento 16/.
de grãos. A área hachurada corresponde à região
em que ocorre um único pico e refino de grão / O cobre de alta pureza possui cinética de
13-redesenhado pelo presente autor/. recristalização rápida, se comparado com
materiais mais impuros. No cobre de alta pureza,
Sabe-se que metais com alta EDE, como o a migração de contornos de grão não é afetada
alumínio, não apresentam recristalização por átomos de soluto e nem por partículas. Este
dinâmica durante a deformação a quente, caso representa a situação dos múltiplos picos na
ocorrendo apenas recuperação dinâmica. No curva tensão-deformação onde ec > ex. No caso
entanto, estudos realizados com soluções sólidas do Cu-0,05%O (cobre tenaz), a presença de
Al-Mg, submetidas a extrusão a 400°C com partículas finas de Cu2O retarda a migração dos
redução de 40:1, mostraram que teores de Mg a contornos de grão durante a recristalização
partir de 5% causavam recristalização dinâmica / dinâmica (caso onde eC < eX ). Esses fatores
14/. Em vista desses resultados, pode-se avaliar resultaram na presença de um único pico na
indiretamente que o magnésio diminui a EDE do curva tensão-deformação. Já a liga Cu-9,5%Ni
alumínio. Possivelmente os átomos de Mg em apresenta sensível aumento de tensões durante o
solução sólida também dificultam a ensaio sem apresentar picos. Esse
movimentação de discordâncias por meio da comportamento é típico de materiais que sofrem
formação de atmosferas de soluto ao seu redor. recuperação dinâmica /16/.
Um fato interessante é o efeito de soluto na A recristalização metadinâmica desempenha um
cinética de recristalização dinâmica da austenita. papel importante no processamento
Sabe-se que adições de soluto atrasam a cinética termomecânico dos aços, pois na maioria dos
de recristalização estática, porém exerce um casos a deformação no estado estacionário
efeito retardador muito pequeno na ("steady state") não é atingida para as reduções
recristalização dinâmica /2,17/. Mesmo fortes usuais que o material é submetido. Quando a
elementos microligantes como Nb, Ti, V, Al e deformação crítica ec é atingida, os núcleos
Mo exercem efeito relativamente fraco na formados dinamicamente crescem livres de
cinética da recristalização dinâmica. Esse fato tensão aplicada. Por exemplo, na laminação de
pode ser associado às altas velocidades de tiras a quente de aços, as reduções atingidas em
migração de contornos de grão durante a cada passe podem ultrapassar a deformação ec e
recristalização dinâmica, na qual a cinética é
rápida. Sabe-se que quando o contorno de grão não atingem a deformação do estado
migra em altas velocidades, o efeito retardador estacionário. Analisando o caso específico da
de soluto é pequeno. Nesse caso, acredita-se que laminação de tiras a quente, os curtos tempos
os átomos de soluto não conseguem acompanhar interpasse (geralmente entre 10 e 0,5 s) podem
o contorno por difusão e exercer uma força de impedir que o material amoleça completamente,
arraste. acumulando deformação para o passe seguinte.
Dessa forma, a deformação crítica ec pode ser
4. Recristalização metadinâmica facilmente ultrapassada /6,7,18,19/. A
A recristalização metadinâmica (ou pós- recristalização metadinâmica tem cinética muito
dinâmica) tem papel importante nos processos rápida e difere dos outros mecanismos de
industriais de conformação a quente. Consiste recristalização por não apresentar período de
no crescimento de “núcleos” gerados durante a incubação, já que os núcleos foram formados
deformação que crescem após o dinamicamente. A Figura 13 exemplifica a
descarregamento do material. Em outras ocorrência da recristalização metadinâmica
palavras, é um tipo de recristalização que inicia acontecendo durante o processo de laminação a
dinamicamente e cresce estaticamente, após o quente.
término da deformação.
A deformação ponto de
crítica ec é descarregamento
superada na zona sentido de
de deformação laminação
1
recristalizada
fração
0
log t
e 1 e 0 e0
TME de (4)
Tnr
Ar3
tempo
Tnr
Ar3
tempo
RD RMD
Tnr
Ar3
Laminação controlada por RD
(objetivo: refino de grão por RD+RMD)
tempo
Figura 15- Diagramas tempo-temperatura comparando as três estratégias de laminação controlada. (a)
Laminação controlada por recristalização; (b) Laminação controlada convencional e (c) Laminação
controlada por recristalização dinâmica. RD = recristalização dinâmica; RMD = recristalização
metadinâmica /18/.
Do ponto de vista conceitual, Hodgson /17/ o parâmetro de interesse. Embora a técnica mais
numerou os principais tipos de modelos aplicada seja a de regressões lineares simples,
matemáticos, que são mencionados em seguida. existem métodos mais sofisticados para construir
modelos desse tipo.
i) Modelo fenomenológico. Este tipo de modelo
descreve os mecanismos físicos que ocorrem iii) Modelo semi-empírico. Este terceiro tipo de
durante o processamento. Um exemplo típico são modelo apresenta características dos dois tipos
as equações diferenciais de transmissão de calor. mencionados acima. Um exemplo de modelo
Poucos fenômenos microestruturais foram semi-empírico é o modelamento da
modelados com esse nível de detalhe. recristalização da austenita em altas
temperaturas. Neste caso, o modelo cinético faz
ii) Modelo empírico. Este segundo tipo de uso de um fator de temperatura do tipo
modelo caracteriza-se pela análise empírica de Arrehnius, associado com expressões que levam
dados experimentais. Estes modelos procuram em conta os potenciais termodinâmicos e as
estabelecer relações entre variáveis de processo e forças retardadoras (tais como grau de
deformação, presença de partículas e de átomos c) Previsão de variáveis que não podem ser
de soluto) além da quantidade de contornos de medidas. Um exemplo simples e importante é a
grão austeníticos por unidade de volume. A partir temperatura interna de uma chapa de aço durante
dos parâmetros mencionados acima, o modelo a laminação. Em alguns casos, existe uma grande
prevê a morfologia do grão austenítico e o diferença entre a temperatura medida através de
tamanho de grão ferrítico. Tais modelos pirômetros ópticos e a temperatura real do centro
caracterizam bem os fenômenos de interesse, da chapa. Um outro parâmetro que não pode ser
apesar de serem essencialmente empíricos. avaliado é a condição microestrutural durante o
processamento termomecânico.
Temperatura
d) Avaliação do sinergismo entre parâmetros. O
RD+RMD modelamento matemático permite estudar mais
de um parâmetro simultaneamente, e na prática
essa é a situação que realmente acontece. O
TME processamento termomecânico é um exemplo
RE típico no qual ocorre uma combinação de
eventos térmicos, mecânicos e microestruturais.
Acúmulo de
deformação e) Controle baseado em modelo matemático. O
controle microestrutural com auxílio de modelo
1000/T matemático na laminação a quente poderá ser o
próximo passo nos anos futuros. Atualmente, não
Figura 16- Representação esquemática de
existem modelos microestruturais "on-line" em
processo de conformação a quente de 5 passes.
laminação a quente. No entanto, modelos que
A evolução da TME em função do inverso da
relacionam a temperatura e a força de laminação
temperatura absoluta. Cada declive é associado
estão sendo aplicados "on-line" com sucesso /
com um fenômeno metalúrgico como
38/.
recristalização estática, acúmulo de deformações
e recristalização metadinâmica. RE =
f) Pesquisa de baixo custo. Ao utilizar-se
recristalização estática; RD = recristalização
métodos numéricos simples, os custos são
dinâmica; RMD = recristalização metadinâmica /
desprezíveis. Mesmo considerando a utilização
18/.
de um laboratório de ensaios mecânicos, os
custos ainda assim são muito baixos, quando
As principais vantagens do modelamento
comparados a uma experiência na produção. A
matemático são citadas abaixo. Apesar de
flexibilidade da simulação e do modelamento
algumas delas não serem muito relevantes do
permite gerar uma grande quantidade de dados,
ponto de vista acadêmico, elas se tornam muito
sem altos custos envolvidos.
importantes industrialmente.
As principais variáveis consideradas no
a) Redução do número de experiências na
modelamento matemático do processamento
produção. Este é um dos fatores mais
termomecânico de aços são mostradas na Figura
importantes devido aos altos custos envolvidos.
17.
O custo do equipamento, associado ao tempo
gasto, custos com pessoal, e algumas vezes, a
Os modelos utilizados no processamento
produção de uma grande quantidade de sucata
termomecânico podem ser divididos em: modelo
justificam o desenvolvimento de modelos
de temperaturas, modelo de forças de
matemáticos e simulações.
laminação, modelo de microestrutura e modelo
b) Avaliação de modificações de equipamentos. de transformação a e propriedades
Os modelos matemáticos permitem avaliar, por mecânicas. O modelo integrado é aquele que une
exemplo, as mudanças de configuração de um todos os “sub-modelos” citados acima.
laminador. Além disso, o treinamento de pessoal
técnico pode ser antecipado à própria A principal etapa do modelamento matemático é,
modificação. sem dúvida, organizar as equações que
descrevem determinados processos metalúrgicos
de maneira lógica. Por exemplo, para o cálculo
do tamanho de grão, devemos considerar qual o numerosas publicações. Uma simples listagem
tipo de recristalização o material foi submetido e das equações utilizadas não seria pertinente no
qual a extensão da mesma. Em seguida, devemos presente trabalho. Publicações recentes e
levar em consideração a ocorrência do detalhadas estão disponíveis, com equações que
crescimento de grão, caso a recristalização tenha descrevem a TME, a deformação crítica para o
se completado em tempo menor que o tempo início da recristalização dinâmica, a cinética de
interpasse. recristalização, o tamanho de grão recristalizado,
o crescimento de grão e a precipitação de
Fo rç ade carbonitretos de Nb /6,7,18,19,22-26,40/. Nesses
M ic
roe s
tru
tura la
m inaçã
o estudos, são analisados os aços carbono, os
in
icial Pass
e(deform a
ç ã
o)
e,T,e microligados ao nióbio e os aços Cr-Mo e
e
ncruamento+ M icroestru
tura
testados com dados industriais de laminação de
re
cup
era
ção(rec
rista
lizaç
ão) f in al
dinâ
m ica várias siderúrgicas de diferentes países.