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Pressupostos processuais
Sumário · 1 . Pressuposto processual: noções gerais - 2. Pressu postos de existência e requisitos de validade
- 3 . Alguns "mitos" sobre os pressupostos processuais - 4. A classificação proposta - 5. Pressupostos pro
cessuais subjetivos: 5. 1 . Capacidade de ser parte; 5.2. Existência de órgão investido de jurisdição; 5.3. Pres
suposto p rocessual objetivo: a existência de ato inicial do procedimento que introduza o objeto da decisão
- 6. Requisitos processuais subjetivos de va lidade: 6. 1 . Capacidade processual; 6.1 . 1 . Genera lidades; 6.1 .2.
Possíveis consequências da incapacidade processual; 6.2. Capacidade processual das pessoas casadas: 6.2. 1 .
Consideração introdutória; 6.2.2. Capacidade processual dos cônjuges nas ações reais imobiliárias: 6.2.2 . 1 . O
a rt. 1 .647 do Código Civil; 6.2.2.2. A restrição da capacidade processual; 6.2.2.3. Forma e prova do consenti
mento; 6.2.2.4. Apl icação à união estável documentada; 6.2.2.5. O controle da ilegitimidade processual do
cônjuge; 6.2.2.6. Suprimento judicial do consentimento (art. 74 do CPC e art. 1 .648 do Código Civil); 6.2.3.
Dívidas solidárias e litisconsórcio necessário entre os cônjuges (incisos l i e 111 do § 1• do a rt. 73 do CPC); 6.3. O
curador especial; 6.4. Capacidade postulatória: 6.4. 1 . General idades; 6.4.2. Ato praticado por advogado sem
procuração; 6.4.3. A procuração; 6.5. Competência; 6.6. I m pa rcialidade - 7. Requisito processual objetivo
intrínseco: respeito ao formalismo processual - 8. Requ isitos processuais objetivos extrínsecos e negativos
- 9. A legitimação para agir e o interesse processual: 9. 1 . Observação introdutória; 9.2. O art. 17 do CPC;
9.3. Legitimação para agir: 9.3 . 1 . Noção; 9.3.2. Classificação; 9.3.3. Substituição processual ou legitimação
extraordinária; 9.3.4. Fonte normativa da legitimação extraordinária: 9.3.4. 1 . Generalidades; 9.3.4.2. A le
gitimação extraordinária negociai; 9.3.5. Substituição processual e sucessão processual; 9.3.6. Substituição
processual e representação processual; 9.3.7. Legitimidade ordinária como questão de mérito; 9.4. O inte
resse de agir: 9.4. 1 . Generalidades; 9.4.2. O interesse-utilidade; 9.4.3. O interesse-necessidade e as ações
necessárias; 9.4.4. 1 nteresse de agir nas ações declaratórias; 9.4.5. O denominado interesse-adequação; 9.5.
A teoria da asserção: exa me da legitimidade e do interesse de agir à luz do que foi afirmado pela pa rte - 1 0.
As diversas posições j urídicas que um sujeito pode assu mir em um mesmo processo: a dinamicidade das
capacidades processuais, do interesse processual e da legitimidade.
O dese nvolvi m e nto teórico da categoria " p ressu postos p rocess uais" deve-se a
O s kar Bü low' e tem o rigem n a identifi cação do p rocesso c o m o conj u nto d e re lações
j u ríd i cas d i st i n tas daq u e l a q u e co n stitui o seu o bjeto.
Assi m como o reco n h e ci m e nto da relação j u ríd ica deduzida (a cujo respeito
d iscutem os litigantes)' p ress u põe a ve rificação de certos fatos, "tam b é m o s u r
gi m e nto da re lação j u ríd i ca p rocessual, analoga m e n te, d e p e n d e da p rese n ça d e
d ete r m i n ados e l e m entos, q u e c o n d i c i o n a m , e m t e r m o s glo bais, a exi stê n cia. Tai s
s e r i a m os p ressu postos p rocessuais".3
1. La teoria de las excepciones procesales y los presupuestos procesales. Trad. M i g u e l Angel Rosas Lichts c h e i n .
B u e nos A i r e s : E d i c i o nes j u rídi cas E u ropa-A m é ri ca, 1 964, p . 04-09.
2. Os " p ressu postos p rocess uais" devem ser o b s e rvados, também e obvia m e n te, nos p roced i m e ntos d e j u ri s d i
ç ã o vol u ntária. (GR ECO, Leonardo. jurisdição volun tária moderna. S ã o Pau l o : Dialéti ca, 2 0 0 3 , p . 44-45).
3. M O R E I RA, José Carlos Barbosa. "Sobre pressu postos p rocessuais". Temas de direito processual civil - Quarta
série. São Pau l o : Saraiva, 1 989, p. 84.
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4. M O R E I RA, José Carlos Barbosa. "Sobre p ressupostos p rocessuais". Temas d e direito processual civil - Quarta
série. São Pau l o : Saraiva, 1 989, p . 93.
5. Segue-se, ass i m , a term i n o l ogia adotada p o r José Orlando Rocha de Carva l h o , em p r i m o roso trabal ho, q u e é
leitu ra o b rigatória sobre o tema: Teoria dos pressupostos e dos requisitos processuais. Rio de j a n e i ro : L u m e n
j u ris, 2005.
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{
a adve rtên cia, eis a classificação p roposta, com algu m as adaptações.
{
O bjetivos - Existê ncia d e demanda
Ext n n secos
O bjetivos
• n egativos: i n existê ncia de pere m p ção, litispen
dência, coisa j u lgada ou convenção de arbitragem
• positivo: i nteresse de agi r
9. M I RA N DA, Franci sco Cavalcanti Pontes de. Comen tários ao Códi30 d e Processo Civil. 5' e d . R i o de j a n e i ro : Fo
rense, 1 997, t. I , p . 222; ROS E N BERG, Leo. Tra tado de derecho procesaf civil. B u e n os Aires: Ediciones j u rídicas
E u ropa-Ame rica, 1 955, t. 11, p . 230.
1 0. M ELLO, Marcos Bernardes d e . "Achegas para uma teoria das capacidades e m d i reito". Revista de Direito Priva
do. São Pau l o : RT, 200 1 , n . 03, p . 26.
11. Art. 1. 799, I , do Código Civi l . Ver, sobre a capacidade de ser parte do nondum conceptus, M E LLO, Marcos Bern ardes
de. " Achegas para uma teoria das capacidades e m d i reito". Revista de Direito Privado. São Pau lo: RT, 200 1 , n . 03, p . 2 7 .
1 2. E s t a n oção ab rangente adm ite a capacidade d e ser parte a centros acad ê m icos o u grê m i o s est u dantis não i n s
c ritos n o Cartório de Pessoas j u rídi cas, além d e a o s m ov i m e ntos sociais o rgan izados como o M ST (Movi m e nto
dos S e m -Terra).
1 3. "A d i sti n ção e n t re sociedade i rregu lar e sociedade não person ificada consiste e m que essa é uma sociedade
reg u l a r m e nte constituída, mas ainda não i n s c rita n o registro d e pessoas j u ríd icas, e n q uanto aq u e l a é so
ciedade e m que seu ato con stitutivo não pode ser registrado p o r víci o i n sanáve l . Difere ainda da chamada
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sociedade d e fato, u m a vez q u e essa se caracteriza p o r n ã o t e r natu reza j u rídi ca, mas, p o r s e r grupo d e
pessoas q u e, e m b o ra dese nvolvam atividade com objetivo c o m u m , não têm intenção de sociedade". ( M E LLO,
M a rcos Bernardes de. "Ach egas para uma teoria das capacidades e m d i reito". Revista de Direito Privado. São
Pau l o : RT, 200 1 . n . 03, p . 26.)
1 4. Art. 37 d a Lei n . 6.00 1 / 1 9 7 3 ( Estatuto d o Í n d i o ) : "Os grupos tribais o u co m u n idades i n d ígenas são partes le·
gíti mas para a defesa dos s e u s d i reitos e m j u ízo, cabe n d o - l h es, n o caso, a assistência d o M i n istério P ú b l i c o
Federal o u d o ó rgão de p roteção ao í n d i o " .
1 5 . Por i s s o , é co rreto afi rmar q u e h á u m n ú m e ro maior daq u e l e s q u e podem s e r parte d o q u e daqueles q u e
são pessoas. O conju nto daq u e l e s q u e podem s e r parte contém o conjunto d aq u eles q u e t ê m personalidade
j u ríd ica de d i re ito m aterial (são pessoas: fís ica o u j u rídica).
1 6. M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Códiso de Processo Civil. 5' ed. Rio d e j a n e i ro : Fo·
rense, 1 997, t . I , p . 238.
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6. 7 . 7. Generalidades
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o u p o r pessoas i n d i cadas pela lei, tais c o m o o sín d i co, ad m i n i strador j u d icial, i nve n
tariante etc. (art. 7 5 d o CPC) . ' 7 " A capacidade p rocessual o u d e estar e m j uízo d i z
res peito à p ráti ca e a rece pção eficazes d e atos p rocessuais, a começar p e l a peti ção
e a citação, isto é, ao ped i r e ao ser citado"'8•
A capacidade proces s u a l p res s u põe a capacidade d e s e r parte. É possível ter
capacidade d e s e r parte e não ter capacidade p rocessual; a recíp roca, poré m , não
é verdadei ra.
H á u m a estreita relação e ntre a capacidade p rocessual e a capacidade m aterial
(capacidade de exe rcício), conforme d e m o n stra a regra d o a rt. 70 do CPC. N o entan
to, são capacidades autô n o m as e d i sti ntas'9• O sujeito pode ser processua lmen te ca
paz e ma terialmente incapaz ou processualmen te incapaz e m a teria lmen te capaz.
Há i n capacidade p u ra m e nte p rocessual, co m o nos casos do i n ciso 11 do art.
72 do C PC, q u e i m põem a n o m eação d e c u rad o r especial. Isso tam bé m oco rre n o s
casos d a s restrições à capacidade p rocessual d a s pessoas casadas, exa m i n adas
mais à frente.
Nada i m pede, tam b é m , que a l e i crie situações d e i n capacidade m aterial e
capacidade p rocessual p l e n a, co m o aq u e l a q u e h á até bem pouco te m po oco rria n o
â m bito d o s j u izados Especiais: conferia-se capacidade p rocess ual p l e n a a o m a i o r d e
d ezoito a n o s , q u e, até j a n e i ro de 2003, i nício da vigê ncia d o Código Civi l d e 2002, e ra
rel ativame nte i n capaz. O i n capaz s e m re p resentante, por exe m p lo, tem capacidade
p rocessual para pedir a designação d e um c u rador especial q u e o re p resente (art.
72, I , d o C PC); o i nterdito tem capacidade processual para p ed i r o levanta m e n to da
i nterd i ção (art. 7 56, § 1 o, CPC)20• Do m e s m o m odo, um cidadão-eleitor com d ezesseis
an os, e m b o ra relativa m e nte i n capaz n o â m b ito civi l, tem p l e n a capacidade p roces
sual para o aj u izamento d e uma ação p o p u lar.
As pessoas j u ríd icas p recisam estar regu larme nte " p resentadas" e m j u ízo (art.
75 d o CPC); n ão se trata d e re p resentação, razão pela q u al é "grave e q u ívoco a afi r
m ação de q u e as pessoas j u ríd icas seriam p rocess u a l m ente i n capazes".2 1 Os casos
17. M E LLO, M a rcos Bernardes de. "Ach egas para u m a teoria das capacidades e m d i reito". Revista de Direito Priva
do. São Pau l o : RT, 200 1 , n . 03, p . 3 1 .
1 8 . M I RAN DA, Francisco Cava l canti Pontes de. Comentários a o Códi3o de Processo Civil. 5 • ed. R i o d e j a n e i ro : Foren
se, 1 997, t. I , p . 238. Ve r, tam b é m , ROS E N BE RG, Leo. Tratado de derecho procesal civil. Buenos A i res: Ediciones
j u ri d i cas E u ro pa-America, 1 95 5 , t. 1 1 , p . 241 .
1 9. Percebeu o ponto, faze n d o refe rência a situações pecu l i a res do d i re ito ital iano, P I SAN I , A n d rea P roto. Lezioni
di diritto processuale civile. 4• e d . Napoli: jove n e Editore, 2002, p . 303.
20. M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes d e . Comentários ao Códi3o de Processo Civil. 2• e d . R i o d e j a n e i ro : Fo
re nse, 2008, t. XVI, p . 299 e 3 2 5 .
2 1 . M E LLO, Marcos Bernardes d e . "Ach egas para u m a teoria d a s capacidades e m d i reito". Revista d e Direito Priva
do. São Pau l o : RT, 200 1 , n. 03, p. 3 1 . Tam b é m ass i m , M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes d e . Comen tários ao
Códi30 de Processo Civil. 5• e d . R i o de j a n e i ro : Forense, 1 997, t. I, p. 239.
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2 2 . M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes d e . Comentários a o Códi!JO d e Processo Civil. 5 e d . R i o d e j a n e i ro : Fore n
s e , 1 997, t. I , p . 2 1 9-2 20.
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P R ESSU POSTOS PROCESSUAIS
O s Estados e o D i strito Fede ral poderão aj u star co m p ro m isso recí p roco para
p rática de ato p rocessual p o r seus p rocu rado res e m favo r de outro ente fed e rado,
m e d iante convê n i o fi rmado pe las res pectivas p rocu rado rias (art. 7 5 , §4°, CPC). H á,
aq u i , bom exe m p l o de n egócio j u rídico p rocessual.
O s §§ 1 o e 2° do art. 242 do CPC c u i dam d e situação e m que se p res u m e a re
p resentação p rocessual d o réu : a) na ausência d o ré u , é possíve l citá- l o na pessoa
d o seu m a n datário, ad m i n istrad o r, p reposto o u gerente, q ua n d o a ação se o rigi n a r
d e atos p o r eles p raticados; b ) n a ausência do locad o r, q u e sai u do B ras i l s e m c i e n
tificar o locatário d e q u e d e ixou, n a local idade e m q u e se situa o i m óvel, p roc u rador
com poder para receb e r citação, é possível citá- l o n a pessoa do ad m i n istrad o r do
i m óve l e n carregado de rece ber os aluguéis.
Cita-se o c u rador designado, co m n o m eação restrita à causa, q ua n d o o ré u
sofrer de algu m distúrbio o u estive r i m possi b i l itado de rece ber a citação (art. 245,
§ 5°, CPC).
O s entes d e s perso n a l izados, q u e são ad m iti dos co m o parte, m as q u e não
c o n stam d o ro l d o art. 75, s e rão re p rese ntad os ou p resentados e m j u ízo por aq u e
l a p e s s o a q u e exe rça as fu n ções d e ad m i n i st ração, gerê n c i a, d i reção, l i d e ra n ça,
c o n f o r m e s e c o n state no caso co n c reto. Exe m p l o s : a Câmara de Ve read o res s e rá
p rese ntada p o r s e u p re s i d e n te; a fac u l dade, p o r s e u d i ret o r; a tri bo o u gru po tri
bal, p e l o s e u caci q u e etc.
A capacidade p rocessual é req u i s ito de val idade dos atos p rocess uais e a s u a
falta é sem p re sanável, n a fo rma do art. 76 d o C P C .
D i a n t e d e u m a i n capacidade p rocessual, d eve o ó rgão j u risdicional conceder
p razo razoável para que sej a sanado o vício (art. 76, capu t, CPC).
A não co rreção da i n capacidade p rocessual gera conseq u ê n cias d ive rsas, con
fo r m e se trate do autor (ext i n ção d o p rocesso, se fo r ú n ico; e m caso d e l itisco nsór
cio, exc l u i-se o autor i n capaz), réu ( p rossegu i m e nto do p rocesso à s u a revel ia) e
tercei ro (exc l u são do p rocesso), confo r m e o art. 76, § 1 o, CPC. O regra m e nto a p l i ca
-se, i n c l u s ive, em grau de rec u rso (art. 7 6, § 2°, CPC): se a i n capacidade p rocess ual
ao reco rrente não fo r s u p ri d a, o recu rso não será co n h ecido; se a i n capacidade
p rocessual d o recorri d o não for s u p ri d a, as s u as contrarrazões de rec u rso serão
desentran h adas dos autos do p rocesso.
N ão é co rreto, pois, afi rmar, pere m pto riame nte, que a i n capacidade p rocess ual
d e q ualq u e r das partes red u n da n a ext i n ção d o p rocesso s e m resol u ção d o m é rito.
Somen te a capacidade processual do autor pode ser vista como requisito processual
de todo o procedimen to, pois a sua falta pode i m p l i car a exti n ção do p rocesso.
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O casa m e nto é fato j u ríd ico q u e re percute de fo rma bastante sign ificativa n o
p rocesso civi l, m a i s es pecifica m e nte em re lação à capacidade p rocessual d a s pes
soas casadas.
Essa capacidade p rocess ual poss u i regra m e nto p ró p ri o : arts. 7 3-74 do CPC.
Há relação, n o particu lar, entre o Código Civi l e o Código de P rocesso. Os arts.
7 3-74 do CPC apenas re percutem o regrame nto já contido n a legis lação m aterial nos
arts . 1 . 643 a 1 .648 d o Código Civi l .
o artigo 1 . 647 do Código Civi l'3 cuida h i p óteses d e i legiti m idade ( i n capacidade
para p rática d e dete rm i n ado ato): não tem o cônj uge legit i m idade para, sem auto
rização d o outro, p raticar os atos ali arrolados.
I nteressa, neste m o m e nto, o i n ciso 11 desse artigo, que restri nge a capacidade
p rocessual das pessoas casadas nas d e m a n das reais i m o b i l i árias: a partici pação de
am bos os cônj uges, n essas h i póteses, é exigida.
Essa restri ção da capacidade visa protege r o patri m ô n i o i m o b i liári o fam i l iar.
2 3 . Art. 1 . 647. " Ressa lvado o d i s posto no art. 1 . 648, n e n h u m dos cônj uges pode, sem auto rização do outro, exceto
no regi m e da se paração absol uta: 1 - alienar o u gravar de ô n u s real os bens i m óveis; l i - p l e itear, como autor
ou réu, ace rca desses bens o u d i reitos; ( . . . )"
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P R ESSU POSTOS PROCESS UAIS
2 4 . N E RY ) r., N e l s o n e N E RY, Rosa Maria. Códi30 d e Processo Civil comen tado e le3islação processual civil extrava-
8ante em vi3or. 6• ed. São Pau l o : RT, 2002, p . 286.
25. THEODORO ) r. , H u m berto. O Novo Códi3o Civil e as re3ras heterotópicas de natureza processual. D i s p o n íve l
e m : http://www.abdpc.org. b r/artigos/artig0 5 2 . h t m , consu ltado em 2 2 . 1 0. 2004, às 1 1 ho4. M i g u e l Real e tam bém
entende q u e se não devem t ratar d i stintamente os regi m e s da separação o b rigatória e da separação conven
cional (Estudos preliminares do Códi3o Civil. São Pau lo: RT, 2003, p . 62·63). Retifica-se, ass i m , o e n t e n d i m ento
defe n d i d o e m D I D I E R ) r., F re d i e . Rewas processuais no Novo Códi30 Civil. São Pau l o : Saraiva, 2004, p . 1 1 7 - j á
na segu n d a e d i ção desta o b ra não con sta mais a posição q u e restri nge a ressalva à separação conve n c i o n a l .
2 6 . A r t . 1 . 656 do C ó d i g o Civi l : " N o pacto ante n u pcial, q u e adotar o reg i m e d e partici pação final nos aq u estos,
poder-se-á convencionar a l iv re d i s posição dos bens i m óveis, desde que part i c u l ares".
27. L Ô BO, Pau l o . Códi30 Civil Comentado. São Pau l o : Atlas, 2003, v. XVI, p . 258; P E IXOTO, Ravi d e M e d e i ro s . " Res
trições à atuação p rocessual dos cônjuges à l u z d o art. 10 d o CPC e das i n f l u ê ncias do Código Civi l " . Revista
Dialética de Direito Processual. São Pau l o : D i a l ética, 201 3, n. 1 2 1 , p . 1 45 . E m sentido contrário, N E RY ) r., N e l s o n
e N E RY, R o s a M a r i a . Códi30 de Processo Civil comen tado e le3islação processual civil extrava3ante em vi3or. 6 •
e d . S ã o Pau l o : RT, 2002, p . 285.
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catalogados" n o Código Civi l, "q uaisq uer outras, a i n d a q u e i n d i reta m e nte re lacio
n adas com aq u e les d i reitos", como as ações e nvolve n d o h i poteca, a d e m o l itó ria, a
divisória, a n u n ciação d e o b ra n ova etc.'8
Não é caso de litisconsórcio a tivo necessário, figu ra, aliás, q u e não exi ste - n i n
g u é m pode s e r o b rigado a d e m a n d a r e m j u ízo s o m ente s e outre m tam b é m ass i m o
d esejar (art. 1 1 5, par. ú n ., CPC).'9 Trata-se de n o r m a q u e tem o o bjetivo d e i ntegrar
a capacidade p rocessual ativa d o cônjuge d e m a n dante. " D ado o c o n se nti m e nto
i n eq uívoco, s o m ente o cônj uge q u e i n gressa com a ação é parte ativa; o q u e outor
gou o consenti me nto não é parte n a causa" . N ada i m pede, porém, a fo rm ação d o
litisco n s ó rcio ativo, q u e é facu ltativo.
Q u a n d o a cau sa versar s o b re d i reito real i m o b i l iário, n a coisa p ró p ria o u em
coisa a l h e i a, am bos os cônj uges d evem ser citados (art. 73, § 1 °, I e IV, CPC) .30 Aq u i ,
diversam e nte, trata-se d e hipó tese d e litisconsórcio passivo necessário .
O Código Civi l não cuidou do p roblema da partici pação dos cônj u ges nas ações
possessó rias (q ue não são deman das reais, pois o d i reito à p roteção possessória n ão
é d i reito real, emb ora m u itas vezes com os di reitos reais se relacione). O CPC trata
do ass u nto no §2o do art. 7 3 : a partici pação do cônjuge, n estes casos, se restri nge às
situações de co m posse e às causas q u e disserem res peito a ato por am bos p raticado.3'
H á d u as o bservações i m po rtantes a fazer e m torno desse §2°: a) e m re lação
ao polo ativo, refe re-se exc l u siva m e nte às ações possessó rias i m o b i l i á rias, e m bora
não h aja m e n ção a essa q ualidade n o texto legal, q u e foi i ntrod uzido pela refo rma
d e 1 994 e m antido n o CPC atual, exatame nte para esclarecer a exte n são do capu t e
do § 1 ° do art. 1 0 d o CPC- 1 97 3, idê nticos aos co rres p o n d e ntes caput e § 1 o do art. 7 3
do C P C atual, à s ações possessóri as - e esses d i s positivos, c o m o visto, s o m e nte s e
refe re m à s ações i m o b i liárias; b) fala o d i s positivo e m " partici pação d o cô n j u ge",
locução que deve ser i nterpretada à l u z dos outros e n u n ciados do art. 73: n o polo
28. ASS IS, Araken d e . "Su p r i m ento da i n capacidade p rocessual e da i n capacidade postulató ria". Doutrina e prática
do processo civil contemporâneo. São Pau l o : RT, 200 1 , p. 1 2 7 .
2 9 . Em sentido contrário, c o n s i d e rando o caso c o m o d e litisconsórcio necessário, D IAS, Maria Berenice. Manual de
direito das famílias. 6 . Ed. São Paulo: RT, 20 1 0, p. 228. No sentido d o texto, ALV I M , The reza. O direito processual
de estar em juízo . São Pau l o : RT, 1 996, p . 2 7 -4 1 ; BAR B I , Celso Agrícola. Comentários ao códi!Jo de processo civil.
10 ed. Rio d e j a n e i ro : Forense, 1 998, v. 1 , p . 93; THEODORO J R., H u m b e rto. Curso de direito processual civil. 42
e d . R i o d e j a n e i ro : Forense, 2005, v. 1, p . 76; D I NAMARCO, Márcia Conceição Alves. " Litisco n s ó rcio necessário
ativo". O terceiro no processo civil brasileiro e assuntos correlatos: Estudos e m h o m e nagem ao P rofessor Ath o s
G u s mão Carn e i ro . D I D I E R J R . , Fredie et ali (Coords.). S ã o Pau l o : Saraiva, 201 0, p . 378-379.
30. "A p revisão a b range tam bém as h i póteses d e vínculos e restrições i m postos pelo testad o r o u pelo doador,
como i n al i e n a b i l idade, i m pe n h o ra b i l i dade e i n c o m u n icab i l i dade . . . Aq u i não se trata de ação fun dada e m
d i reito real, pois a causa d e p e d i r está restrita a o s fatos q u e, n o ente n d e r do autor, reve l e m a existência o u
o d i reito à constituição o u ext i n ção de u m desses ô n u s . A p rete nsão não tem f u n d a m e nto e m d i reito real " .
( B E DAQ U E, José Roberto dos Santos. Códi!JO de Processo Civil In terpretado, c i t . p . 7 2 . )
3 1 . § 20 d o a r t . 7 3 d o CPC: " N as ações possessórias, a parti c i p ação do cônjuge d o a u t o r o u do réu s o m e nte é
i n d i s p e nsável nas h i póteses de c o m p osse ou de ato p o r am bos p raticados".
322
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
ativo, a " pa rtici pação d o cônj uge" d ar-se-á pelo consenti m e nto;3' n o polo passivo,
será exigido o l itisco n s ó rcio n ecessári o .
Nos casos m e n c i o n ados, poderá o cônj uge q u e n ã o fo i o uvido: a ) i ng ressar n o
p rocesso e ped i r a an u lação dos atos até então p rati cados; b ) aj u izar ação rescisória
(art. 966, V, d o CPC), se a demanda tive r sido aj u izada pelo outro cônj uge sem o
seu consenti m e nto e j á h o uve r trânsito e m j u l gado; c) aj u izar q uerela n ullita tis (art.
525, § 1 °, I , C PC), se não tiver sido citado em ação real o u possessória i m o b i l iária
p ro posta contra o seu cô n j u ge.33
As restrições aplicam-se a a m bos os cô n j u ges, sem q ua l q u e r d i sti n ção entre
m arido e m u l h e r.
Deve o artigo ser i nte r p retado restritiva m e n te, porq ue se trata d e n o r m a q u e
l i m ita o exe rcíci o de d i reitos.34
3 2 . E m sentido d iverso, para q u e m o d i s positivo conte m p l a " u m d o s poucos casos d e litisconsórcio necessário
ativo", BEDAQUE, José Roberto dos Santos. Código de Processo Civil interpretado, cit. p . J3.
33. S o b re o cab i m e nto, n estes casos d e litisco n s o rte n ecessário não-citado, d e querela nullita tis e até mesmo d e
ação rescisó ria, ver FABR Í C I O, Adroaldo F u rtad o . "Réu revel não citado, querela nullita tis e ação rescisória". I n :
Ensaios de direito processual. R i o d e j a n e i ro : Forense, 200 3 . p . 243-268.
34. L Ô BO, Pau l o . Código Civil Comen tado. São Pau l o : Atlas, 2003, v. XVI , p . 258.
323
FREDIE DIDIER JR.
35. B E DAQ U E, J o s é Roberto d o s Santos. Código d e Processo Civil interpretado, cit., p . 7 1 ; TEPED I N O, G u stavo, BARBO
CódiBO Civil Interpretado conforme a Constituição
Z A , H e l oísa H e l e n a, M O RAES, M a r i a C e l i n a B o d i n de ( c o o r d . ) .
da República. R i o de J a n e i ro : Renovar, 2004, v. 1 , p. 455-456.
36. Art. 1 . 649 do Código Civ i l : "A falta de auto rização, não s u p ri d a pelo j u iz, q uando necessária (art. 1 . 647), torn ará
a n u l ável o ato p raticado, podendo o outro cônjuge p l e itear- l h e a a n u lação, até dois anos d e p o i s de termi nada
a sociedade conj u ga l " .
324
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
3 7 · Art. 1 .648 d o Código Civi l : "Cabe a o j u iz, n o s casos d o artigo antecedente, s u p r i r a outo rga, q ua n d o u m dos
cônjuges a denegue sem m otivo j u sto, o u l h e seja i m possível concedê-la".
38. Tam bé m neste senti do, S I LVA, Regi n a Beatriz Tavares da. Novo Códi!Jo Civil Comen tado. São Pau l o : Saraiva,
2002. p . 1 .461 . Eis os exe m p l o s d e Pau l o Lôbo: a) q uando se p rova que o ato é vantajoso o u n ecessário para
am bos os cônjuges o u para a famíl ia; b) q ua n d o o ato d e l i b e ralidade (fi an ça, aval e doação) não leva a riscos
desarrazoados ao patri m ô n i o fam i l i a r (Códi!Jo Civil Comentado, p . 258).
325
FREDIE DIDIER JR.
39. Art. 2 7 5 d o C ó d i g o Civi l : "O c r e d o r tem d i reito a exi g i r e rece ber de u m o u de algu n s dos devedores, parcial
o u tota l m e n te, a dívida c o m u m ; se o pagame nto tiver sido parcial, todos os demais devedores conti n u a m
o b ri gados s o l i dariamente pelo resto".
40. Art. 942 do Código Civi l : "Os bens do respon sável pela ofe nsa o u violação d o d i reito de o utrem ficam suje itos
à reparação do dano causado; e, se a ofe nsa tiver mais d e u m autor, todos res p o n d e rão s o l i dariame nte pela
reparação. Parásrafo único . São s o l i dariame nte res pon sávei s com os auto res os co-autores e as pessoas de
s i gnadas n o art. 932".
326
PRESSU POSTOS PROC ESSUAIS
p o r fo rça de lei (art. 265 d o Código Civil), mas o fato de os coauto res s e re m casados
e n t re si redefi n e o regi m e j u rídico p rocessual dessa o b rigação s o l i d ária, ret i rando do
cre d o r o ben efíci o do art. 2 7 5 do Código Civil, i m p o n d o o litisco n s ó rcio n ecessário .4'
Ago ra, o i n ciso 1 1 1 .
A o m e s m o te m po e m q u e s u b m ete o cônj uge à necessi dade d e consenti
m e nto p révi o do o utro, para a p rática d e certos atos (art. 1 .647 do Código Civil), a
legis lação c u i d o u de es pecificar algu n s atos q u e podem ser p rati cados s e m a vê n i a
co n j u gal (art. 1 .643 do Código Civi i)Y Trata-se de atos re laci o n ados à ad m i n i stração
da eco n o m i a d o m éstica.
Esta permissão a p l i ca-se a q u al q ue r regi m e d e b e n s . C ria-se u m a p res u n ção
legal iure et de iure d e q u e o cô njuge está, n esses casos, autorizado pelo outro
cônj uge a contrai r dívidas. "Assi m , não pode o outro cônj u ge alegar a falta d e s u a
auto rização, q ua n d o ficarem evi d e n ciadas a s despesas de eco n o m i a d o m ésti ca, q u e
e l e e os d e m ai s m e m b ros d a família fora m desti n atári os. N ão se i n c l u e m as despe
sas s u ntuárias o u s u p é rfl uas, a i n d a que tendo d esti n o o lar conj ugal, pois n ão se
e n q uad ram n a eco n o m i a d o m éstica cotidiana".43
O art. 1 .644 d o Código Civi l44 cria u m a regra d e s o l i d ariedade legal (art. 265 d o
Código Civi l) entre os cô n j u ges, c o m re lação à s dívid as contraídas para os f i n s de
ad m i n i stração da eco n o m i a d o m éstica.
N os casos d e co b ra n ça de tais dívidas, contraídas a bem da família, e m razão
da s o l i dariedade l egal e da regra do art. 73, § 1 °, 1 1 1 , CPC, exige-se a fo rm ação d e
l itiscon sórcio passivo n ecessário e n t re os cô n j u ges, para q u e se possam ati n g i r os
b e n s de am bos os cônjuges. C o m o obs erva Pau l o Lô bo, "essa n o rma, e m conju nto
c o m os arts. 1 .659, IV, e 1 .664, e n ce rram as h i póteses nas q uais o patri m ô n i o co
m u m res p o n d e p o r dívi das contraídas por um dos cônj u ges" .45 E m b o ra s o l i dária a
dívida, nesses casos os d eved o res-cônj u ges d eve m s e r d e m a n dados conj u ntam e n
t e , e n ão iso ladamente.
A falta d e citação de um deles i m pede que a sente n ça lhe possa p rod uzir q ual
quer efeito, e m bora possa s e r executada em face d o cônj u ge j á citado (o caso aq u i
é de l itisco n s ó rcio necessário si m p les).
4 1 . " N ão fossem os auto res casados, a res p o n s a b i l idade solidária tornaria d e s n e cessária a formação d o litiscon·
sórcio (CC, a rt. 942). A existê n c i a da sociedade conj ugal, todavia, afasta a fac u ldade de esco l h a conferida ao
credor pelo legislador mate rial". (BEDAQUE, José Roberto dos Santos. CódiBO de Processo Civil In terpretado, cit.,
p . ] 1 .)
42. A rt. 1 .643 do Código Civi l : "Podem os cônjuges, i n d e p e n d e ntem ente de auto rização um do outro: I com p rar, -
327
FREDIE DIDIER JR.
4 6 . M I RA N D A, F ranci sco Cavalcanti Pontes d e . Comentários ao Códi30 d e Processo Civil. 5 ' e d . R i o de j a n e i ro : Fo
rense, 1 99 7, t. 1, p. 2 59 .
47. ALV I M , ]osé Manoel Arruda. Manual de Direito Processual Civil. 8• e d . São Pau l o : RT, 2003, v. 2, p. 43.
48. ROCCO, Ugo. Tra tado di Diritto Procesuale Civile. To r i n o : U n i o n e Ti pográfico Ed itrice To r i n e n se, 1 9 57, v. 2, p .
1 3 1 . O a r t . 78 d o C ó d i g o de P rocesso Civil i t a l i a n o cogita a n o m eação d e c u rador e s p e c i a l às associações n ã o
reco n h ecidas
328
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
seja porq u e foi citado ficta m e nte, sej a p o rq ue está p reso. Rep uta-se q u e, e m am bas
as situações, se e n co ntra o d e m a n dado e m posição d e fragi l i dade para defe n d e r-se
e m j u ízo.49 A n o m eação d e c u rado r es pecial é uma técn i ca para eq u i l i b rar o d i reito
d e ação e o d i reito de d efesa.50
A n o m eação do c u rador especial para o ré u - revel citado fictamente "deve-se
à i n ce rteza q uanto a ter o ato ati ngido seu esco po"Y N esse caso, h ave rá revel i a
s e m efeitos da reve lia, pois o ré u - reve l será d efe n d i d o pelo re prese ntante desig
nado pelo j u iz - trata-se d e mais u m a h i pótese, a l é m daq u e l as p revistas n o art.
345 do CPC, em q u e não se p roduz a p res u n ção de veracidade das afi rm ações de
fato feitas pelo autor, a des peito da reve lia do ré u Y Se o réu-revel com parecer, a
p resença do c u rador especial torna-se des necessária, cessando a s u a at u ação. Se a
revel i a deco rreu d e citação i nváli da, a atuação d o c u rado r e s p ecial não tem aptidão
d e co rrigi r o d efeito,53 que poderá ser arguido por querela nullita tis (arts. 525, § 1 o,
I , e 5 3 5 , I , CPC).
O mesmo raciocí n i o se apl ica à design ação d e c u rador es pecial ao réu revel
p reso. Não basta estar p reso; é p reciso q ue o ré u te n h a s i d o revel - i n ova-se e m
re lação a o CPC- 1 973, q u e d i s p e n sava a reve l i a do ré u p reso para a n o m eação do
c u rador especial.
E m q u a l q u e r dos dois casos, se o revel tiver con stituído advogado, cessam as
f u n ções do c u rador especial - parte final do i n ciso 1 1 do art. 72.
b) O c u ra d o r especial é re p resentante j u d i cial, e não m aterial;54 sua at uação
se restri nge aos l i m ites d o p rocesso: e n caixa-se a figu ra n a teoria da re p resenta
ção . Trata-se d e um re p re s e n tante ad hoc n o m eado pelo m agi strado, com o o bjeti-
4 9 . Ovíd i o Bapti sta t e m visão u m pouco dive rsa, n ã o considera n d o s e r caso d e i n capacidad e : " N a s h i póteses d o
i n c . 1 1 d o a rt. 9 ° , o j u iz não s u p re a i n capacidade d o r é u p r e s o o u d o reve l , mas ape nas s u a ocas i o n a l i m pos
s i b i l idade d e faze rem-se re p resentar n o processo. Eles pode rão s e r i n capazes, não todavia p o r estarem presos
o u tornarem-se revéis". (Comentários ao Códiso de Processo Civil. São Pa u l o : RT, 2000, v. 1, p . 85.)
50. MAR I N O N I , Luiz G u i l herme. Novas linhas do processo civil. 3' ed. São Pau l o : M a l h e i ros Ed., 1 999, p . 248.
5 1 . B E DAQUE, José Roberto dos Santos. Códiso de Processo Civil Interpretado, cit. p . 65. Assi m , com a m p las refe rê n
cias, FARIAS, Cristiano Chaves de. "A atividade p rocessual do c u rador especial e a defesa do revel citado ficta
m e nte (garantia do contrad itório)". Revista de Direito Processual Civil. Curitiba: Gênesis, 200 1 , n. 1 9, p . 32-37.
5 2 . M O R E I RA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro. 2 2 ed. Rio d e j a n e i ro : Fore n se, 2002, p . 99.
E n u nciado n . 17 d o V Encontro Nacional dos Tri bu nais d e Alçada: " N ão se a p l i ca o efeito da revel i a, d i s posto
n o a rt. 3 1 9 do C PC, ao reve l que tenha sido citado p o r edital o u p o r h o ra certa". O e n u nciado se refere a artigo
d o CPC- 1 97 3 , corres pondente ao at ual art. 344.
53. M O R E I RA, José Carlos Barbosa. O novo processo civil brasileiro, cit., p . 2 9 1 - 29 2 .
54. Araken de A s s i s defende q ue, e m casos de i n capacidade absol uta o u re lativa, o m agistrado d e v e partir para a
solução logo no âm bito do d i reito material, asseve rando q u e, "dotado o juiz da demanda de competência e m
razão da m até ria, p roverá de m o d o permanente, compro m issando tutor o u c u rador para o i ncapaz, e, ass i m ,
cortando o p r o b l e m a p e l a raiz. Esta p rovidência é útil e p roveitosa i n c l usive fo ra do p rocesso". ("Su prim ento da
i n capacidade p rocessual e da i n capacidade postu latória", p. 1 3 3) José Augu sto Delgado defe n d e q ue, se o j uízo
não for com petente para n o m ear o c u rador defin itivo, deverá ser o rdenado q u e se p roceda a essa n o m eação no
j u ízo com petente. ("Sujeitos do p rocesso". Revista de Processo. São Pau lo: RT, 1 983, n. 30, p. 92.).
329
FREOIE DIDIER JR.
55- M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes d e . Comen tários ao Códi80 de Processo Civil. 5' e d . R i o de j a n e i ro : Fo·
rense, 1 997, t. 1, p . 246. Ass i m , tam b é m , S I LVA, Ovíd i o Bapti sta da. Comentários ao Códi80 de Processo Civil.
São Pau l o : RT, 2000, v. 1 , p. 8 5 .
56. Nesse s e n t i d o , faze n d o refe rência a o utros j u l gados, cf. : ST), 2• T., REsp n . 1 . 306 . 3 3 1 /MG, rei. M i n . M a u ro Cam
pbell, j . e m OJ.08.20 1 2, p u b l icado no D)e de 1 4 .08.20 1 2 .
5 7 - PASSOS, )osé Joaq u i m Cal m o n d e . Comentários a o Códi80 d e Processo Civil. 8 • e d . Rio de j a n e i ro : Forense, 1 998,
v. 3, p . 380.
58. Co rretame nte, BERNARDI, Lígia Maria. O curador especial no Códi80 de Processo Civil, cit., p . 8; ST), 4 T., RMS n.
1 . 768/RL j . 2 3 .03 . 1 993, p u b l icado n o DJ de 1 9.04. 1 993, rei. M i n . Athos Carn e i ro . Contra, entendendo que o c u rador
330
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
i m petra m a n d ado de segu rança contra ato j u d i cial .59 Parte é o re p resentado, cuja i n
capacidade foi regu larizada c o m a n o m eação do c u rador especial. O curador especia l
é u m rep rese ntante p rocessual60•
S u as f u n ções são basicame nte defen sivas.6' Não se l h e perm ite a p ro positu
ra d e reco nve n ção o u fo r m u l ação de pedido contra posto; am bas são d e m an das,
não poss u e m f u n ção d efe n s iva.6' Nem m es m o a d e n u n ciação da lide nos casos de
evicção (art. 1 2 5, I , CPC) é perm itida, q ue de resto não é p ressu posto d o d i reito de
regresso (art. 1 2 5, par. ú n ., CPC). Te n d o em vista q u e o c h a m a m e nto ao p rocesso
n ão é exercício d o d i reito de ação, m as s i m ples convocação para form ação d e l itis
c o n s ó rcio passivo, pode o c u rador especial p ro m ovê-lo.63
o c u rador es pecial está auto rizado a, te n d o e m vista o d i s posto n o parágrafo
ú n ico do art. 3 4 1 do CPC, fo rm u lar defesa ge n é rica: n ão tem o ô n u s da i m p ugnação
especificada dos fatos afi rmados n a petição i n icial, exatam e nte por não ter, a p ri n
cípio, contato c o m a parte .
N ão está autorizado, porém, a d i s p o r d o d i reito m aterial discutido: tra n s i g i r,
re n u nciar o u reco n h ecer a p rocedê n ci a d o pedido64•
N ão pode o auto r desisti r da d e m a n d a (art. 485, VI I I , CPC) sem q u e o consi nta
o ré u re p resentado pelo c u rador es pecial, m e s m o nos casos de reve lia: a defesa
a p rese ntada pelo c u rador faz o ré u p resente e m j u ízo, razão pela q ual é i m p resci n
díve l o c o n s e n t i m ento d o ré u, re p resentado pelo c u rado r es pecial, à p roposta d e
revogação d a d e m an d a feita pelo a u t o r (art. 4 8 5 , § 4°, CPC).
es pecial é su bstituto processual, G RECO, Leonardo. Teoria d a ação no processo civil. São Pau lo: Dialética, 2003, p .
41.
59. Poderes q u e l h e são conferidos, vi sto q ue, s e m a possi b i l idade d e p raticar tais atos processuais, a defesa d o
cu ratelado ficaria d everas p rej u d i cada. Ver, c o m razão, ASS IS, Araken d e . " S u p r i m e n to d a i n capacidade p roces
sual e da i n capacidade postu lató ria". Dou trina e prática do processo civil contemporâneo. São Pau l o : RT, 200 1 ,
p . 1 3 1 . Tam b é m assim, STL 4 T. , R M S n . 1 . 7 68/RL j . 23.03 . 1 993, p u b l i cado n o D J d e 1 9.04. 1 993, re i . M i n . Athos
Carnei ro, e m que se rec o n h e c e u a poss i b i l i dade de manejo tam b é m de ações cautelares e de d e n u n ciação da
lide.
6o. Em sentido diverso, para q u e m "o curador à l i d e não é parte, n e m representa. É órgão p rotectivo" . ( M I RAN DA,
Francisco Cavalcanti Pontes de. Comentários ao Código de Processo Civil. 5 ed. Rio de janeiro : Forense, 1 997, t. 1 ,
p . 263.)
61. ASSIS, Araken d e . " S u p ri m e nto da i n capacidade p rocessual e da i n capacidade postu latória". Dou trina e prática
do processo civil contemporâneo. São Pau l o : RT, 200 1 , p . 1 3 1 .
62. BEDAQUE, j osé Roberto dos Santos. Código de Processo Civil In terpretado, cit. p . 6 7 . Cont ra, e n t e n d e n d o possí
vel o aj u izame nto d e reco nve n ção, ASS IS, Araken de. " S u p r i m e nto da i n capacidade processual e da i n capaci
dade postu l atória". Doutrina e prática do processo civil contemporâneo, cit., p . 1 3 1 ; BERNARDI, Lígi a Maria. O
curador especia l no Código de Processo Civil, cit., p. 29, q u e confere a m p los poderes ao c u rador especial.
63. B E DAQUE, José Roberto dos Santos. Código de Processo Civil Interpretado, cit. p . 67. Arruda Alvim não ad m ite
a poss i b i l i dade de reco nve nção e d e n u n ciação da lide, mas reconhece a possi b i l i dade de o c u rador especial
interpor e m bargos de tercei ro, que também é uma demanda e chamar ao processo (ALVIM, José Manoel Arruda.
Manual de Direito Processual Civil. 8 ed. São Pau l o : RT, 2003, v. 2, p. 45).
64. A m p l a m e nte, FAR IAS, Cristiano C h aves d e . "A atividade processual do c u rador es pecial e a defesa do revel
citado ficta m e nte (garantia d o contraditório)", cit., p . 34- 3 7 .
331
FREDIE DtDIER JR.
f) A c u rate la especial será exe rcida, e m regra, pela Defe nsoria P ú b l i ca (art. 7 2 ,
par. ú n ., CPC). Repete-se, n o CPC, o d i s posto n o art. 4°, XVI , da Lei Co m p l e m e n tar
n. 80/ 1 994, q u e at ri b u i u , expressa m e n te, as f u n ções d a c u rate la especial à Defe n
s o ri a P ú b l i ca.
S o m ente se não h o uver Defe n soria P ú b l i ca n a loca l i d ade, deve rá o juiz atri
b u i r o m ú n u s a " q u a l q u e r advogad o, ex ofticio o u a req u e ri m e n to d a parte o u d o
M i n i stério P ú b l i co",65 o u , ai n d a, a q u alq u e r p e s s o a capaz66 e alfabetizada67•
N o m eada pessoa capaz que não seja advogado, deve rá o c u rador especial
constitu i r advogado para regu larizar a capacidade post u l atóri a - razão mais do q u e
bastante para j u stificar a reco m e n d ação de q u e o m agistrado deva designar alguém
q u e, além de poder re p resentar p rocess ual m e nte o i n capaz, possa tam bém s u p ri r
a s u a capacidade post u l atória.68
N o m eado u m advogado para o exe rc 1 c 1 o d o m ú n us, n ada i m pede q u e e l e
s u bsta b e l eça a s ta refas d e advogado a o utro patro no; não poderá, p o r é m , d e l egar
a f u n ção d e re p resentação do i n ca paz p rocessual, q u e é i n d e l egável, p o rq u anto
f u n ção p ú b l ica. Não podem ser confu n d i das as f u n ções d o advogad o, re p resenta n
te q u e s u p re a i n capacidade postu l ató ria, c o m a s do c u ra d o r especial, q u e s u p re
a i n capaci dade proce s s u a l , e m b o ra possam s e r exercidas p e l a m e s m a pessoa69•
É possíve l, em bora te n h a d e ser vi sto co m o algo excepcionalíssi m o, q u e oco rra
a situação de o M i n i stério P ú b lico ter de f u n ci o n a r co m o c u rador especial - n o m ea
do ex vi do art. 72, 1 1 , CPC, e m caso de ré u - reve l citado por ed ital ou por h o ra certa
e c o m o fiscal da ord e m j u ríd ica. N esta c i rc u n stância, dois ó rgãos m i n i steriais devem
atuar n o feito, u m para o exe rcício de cada f u n ção, eis que "a ativi dade i m parcial
do fiscal da lei é i n c o n c i l iável com a do c u rador ad fitem, q u e fala por uma parte'?
65. ASS IS, Araken d e . "Su p r i m e nto da i n capacidade processual e da i n capacidade postulatória". Dou trina e prática
do processo civil contemporâneo. São Pau l o : RT, 200 1 , p. 1 3 2- 1 3 3 . Tam b é m ass i m , MACHADO, Antô n i o Cláudio
da Costa. A intervenção do Ministério Público no processo civil, p . 1 46.
66. Contra, entendendo que s o m e nte bac h arel e m d i reito pode s e r c u rador especial, ALV I M , josé Manoel Arruda.
Manual de Direito Processual Civil. 8• e d . São Pau lo: RT, 2003, v. 2, p. 47.
67. M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes d e . Comentários ao Códiso de Processo Civil. 5 ed. R i o de j a n e i ro : Foren
se, 1 997, t. 1, p . 257.
68. Ass i m , BEDAQUE, j osé Roberto dos Santos. Códiso de Processo Civil Interpretado, cit. p . 6 5 .
69. " S u rgem os p ro b lemas d e s e r c u rado r es pecial pessoa q u e é advogado e d e n ã o o s e r. N o p r i m e i ro caso, o
c u rador especial f u n c i o n a c o m o c u rador es pecial e como advogado; no segu ndo, tem de contratar advogado
para que o re p resente. As c i r c u n stâncias mais freq ue ntes m ostram que o j u i z deve n o m e a r c u rador especial
quem é advogado; e. 3., c u rador especial teria de se pôr a par de negócios do cu rate lado e p rovi denciar q u anto
a h o n o rários advocatícios e o utras p rovi dências relativas ao processo". ( M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes
de. comentários ao Códiso de Processo Civil, t. 1, cit., p . 255). c u m p re advert i r q u e, at ual m e nte, a f u n ção da
c u ratela especial cabe ao defe n s o r p ú blico.
70. FAB R Í C I O, Adroaldo F u rtado. Comen tários ao Códiso de Processo Civil. 7' ed. Rio d e j a n e i ro : Forense, 1 995, v. 8,
t. 3, p . 520. Ta m bé m ass i m , ALVI M , josé Manoel Arruda. Manual de Direito Processual Civil. 8 e d . São Pau l o : RT,
2003, v. 2, p . 49. Sobre a controvertida q uestão da i nterven ção de mais de u m ó rgão m i n i sterial, com bastante
332
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
6.4. 1 . Generalidades
p roveito, Antô n i o Cláudio da Costa Machado, Intervenção d o Ministério Público no Processo Civil Brasileiro, p .
570-575 ·
7 1 . Art. 27 da Lei n. 1 1 . 340(2006: " E m todos os atos p rocessuais, cíveis e c ri m i nais, a m u l h e r em sit uação de
violência d o m éstica e fam i l ia r deverá estar aco m pan hada d e advogado, ressalvado o p revisto n o art. 19 desta
Lei " .
333
FREDIE DIDIER JR.
72. "Art. 20. o credor, pessoal m e nte, ou p o r i ntermédio d e advogado, d i rigi r·se·á ao juiz com petente, q ualifican·
do·se, e exporá suas necessi dades, p rovando, apenas, o parentesco o u a o b r i gação de a l i m entar do deve d o r,
i n dicando s e u n o m e e s o b re n o m e, residência ou local de trabalho, p rofissão e nat u rali dade, q u anto gan h a
a p roxi madamente ou os recu rsos de q u e d i s põe".
7 3 . "Art. 1 8 . Rece b i d o o expediente com o pedido d a ofe n d i d a, caberá ao j u iz, n o p razo de 48 (q uarenta e oito)
h o ras: ( . . . ) 11 dete r m i n a r o encam i n h a m e nto da ofe n d i d a ao ó rgão d e assistência j u d ici ária, q uando fo r o
-
caso".
74. "Art. 29. Os atos de advocacia, p revistos n o A rt. 1 ° d o Estatuto, podem s e r s u bscritos p o r estagi ário i n scrito
n a OAB, e m conj u nto com o advogado o u o defe nsor p ú b l i co. § 1° O estagiário i n scrito n a OAB pode p raticar
334
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
isoladame nte os segui ntes atos, s o b a res p o n s a b i l i dade d o advogado : I - retirar e devolve r autos e m cartó rio,
assi n a n d o a res pectiva carga; l i - obter j u nto aos esc rivães e c h efes d e secretarias certidões d e peças o u autos
d e p rocessos e m c u rso o u f i n dos; 1 1 1 - ass i n a r petições d e j u ntada d e d o c u m e ntos a p rocessos j u d i ciais o u ad
m i n i st rativos. § 2• Para o exe rcício de atos ext raj u d iciais, o estagi ário pode com parecer i s o ladame nte, q u a n d o
rece ber auto rização ou s u bstabelecime nto do advogado".
7 5 . Correta m e nte i d e ntifica n d o a q uestão c o m o ati n ente ao p l a n o da eficácia, D E M A R C H I , ) u l iana. "Ato p rocessual
j u ri d icamente i n existente - mecan i s m o s predis postos pelo sistema para a declaração da i n existência j u rídi
ca". Revista Dialética de Direito Processual. São Pau lo: Dialética, 2004, n . 1 3, p . 5 2 . Tam bé m ass i m José Maria
Tes h e i n e r: " . . . a se ntença acaso p rofe rida s e rá i n efi caz com relação a quem podia ter ratificado a i n icial, mas
não o fez. I n eficácia declarável a q u a l q u e r tem po, i n d e p e n d e nteme nte d e ação resci sória". (Pressupostos
processuais e nulidades no processo civil. São Pau l o : Saraiva, 2000, p . 284).
76. M I RAN DA, Francisco Cavalcanti Pontes de. Tra tado de direito privado, t. 4, cit., p . 2 7 .
n . A r t . 6 6 2 do C ó d i g o Civi l : "Os atos p rati cados p o r q u e m não t e n h a mandato, o u o tenha s e m poderes suficien
tes, são i n efi cazes em relação àq u e l e e m cujo n o m e foram p rati cados, salvo se este os ratifi car" . Trata-se d e
consag ração d e entend i m e nto doutri nário, e q u e corri g i u as confusões q u e a n t e s rei navam s o b re o tema.
335
FREDIE DIDIER JR.
78. Apenas p a r a dar a d i m e n são do tam a n h o d o problema,: N E RY ) R., N e l s o n e N E RY, R o s a Maria d e A n d rade. Códi·
30 de Processo Civil comen tado e le3islação extrava3an te. 1 , . e d . São Pau l o : RT, 201 0, p. 258; WAM B I ER, Te resa
Arruda Alvi m . Nulidades do processo e da sen tença. 4' ed. São Paulo: RT, 1 998, p . 284-285; ALV I M , José Manoel
de Arruda. Manual de Direito Processual Civil. 1 0' ed. São Pau l o : RT, 2006, v. 1, p . 478; WAM B I ER, Luiz Rodrigues;
ALM E I DA, Flávio Re nato Correia de; TALAM I N I , E d u ardo. Curso avançado de processo civil. 8• e d . São Pau l o : RT,
2006, v. 1 , p . 20 1 ; ALV I M , Ed uardo Arruda. Curso de direito processual civil. São Pau l o : RT, 1 999, v. 1 , p . 1 7 2 - 1 7 3 ;
F O R N A C I A R I ) R., C l ito. Da reconvenção no direito processual civil brasileiro. 2• e d . S ã o Pau l o : Saraiva, 1 983, p.
1 04 - 1 05; G O N ÇALVES. Marcus Vi n i c i u s Rios. Novo curso de direito processual civil. 4' e d . São Pau l o : Saraiva,
2007, v. 1, p . 1 08- 1 09; G U E R RA, Marce l o Lima. Execução forçada: controle d e a d m i s s i b i l idade. 2' ed. São Pau l o :
RT, 1 998, p . 1 2 3; M O R E I RA, A l b e rto Cam i fí a. Defesa sem embar3os de executado: exceção d e p ré-executividade.
2• e d . São Pau l o : Saraiva, 2000, p . 79-80; DANTAS, Marcelo N avarro R i b e i ro . Mandado de se3urança coletivo:
legitim ação ativa. São Pau l o : Saraiva, 2000, p. 64; MONTENEGRO F I LHO, M i sael. Curso de direito processual civil:
teoria ge ral do p rocesso e p rocesso de c o n h e c i m e nto. 6• e d . São Pau l o : Atlas, 201 0, v. 1 , p. 257; LOPES, João
Batista. Curso de direito processual civil. São Pau l o : Atlas, 2005, p . 1 03; P I ZZOL, Patrícia M i randa. A competência
no processo civil. São Pau l o : RT, 2003, p. 1 2 5 ; P E R E I RA, R o s a l i n a P. C . R o d r i g u e s . A ções prejudiciais à execução.
São Pau l o : Saraiva, 200 1 , p . 1 7 1 - 1 7 2; CAR P E N A, Márcio Louzada. Do processo cau telar moderno. 2• ed. Rio de
j a n e i ro : Forense, 2005, p . 1 2 5 . Afi rmando ser a capacidade postu lató ria um req u i sito p ré- p rocessual, anterior,
i n c l u s ive, aos pressu postos de exi stê ncia do p rocesso, ALV I M , The reza. O direito processual de estar em juízo.
São Pau l o : RT, 1 996, p. 7 2 .
336
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
6.4.3. A procuração
79. Tam bé m n este senti do, D E MARC H I , j u liana. "Ato p rocess ual j u ridicamente i n existente - mecan i s m os predispos
tos pelo sistema para a declaração da i n existê n c i a j u rídica", cit., p . 5 2 .
8 o . Nesse s e n t i d o , e n u nciado n . 83 do Fó r u m Permanente d e P rocess ualistas C i v i s : " Fica s u p e rado o E n u nciado
1 1 5 da S ú m u la d o STJ após a e n t rada e m vigor d o N CPC".
337
FREDIE DIDIER JR.
6.5. Competência
A c o m petê ncia do ó rgão j u risdicio nal é req u i s ito de val i d ade do p rocedi m e nto
q u e o ó rfão j u risdicional porve ntu ra vi e r a co n d uzir e, por co n seq u ê n cia, da deci são
q u e vi e r a p rofe ri r. A c o m petê ncia foi estudada em capít u l o específico, para o n d e
re m ete m o s o leitor.
6.6. I m parcialidade
338
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
Os req u i sitos i n t rínsecos de val idade podem ser reu n idos s o b a segu i nte ru b ri
c a : res peito a o fo rmal i s m o p roces s u a l .
C o n s i d e ra-se form a l i s m o p rocessual a totali dade fo rmal do p rocesso, "co m
p ree n d e n d o não s ó a fo r m a, ou a s fo rmal idades, m as especial m e nte a d e l i m itação
dos poderes, facu ldades e deveres dos sujeitos p rocessuais, coord e n ação da s u a
atividade, o rd e n ação d o p roced i m e nto e o rgan ização do p rocesso, com vistas a q u e
sejam ati ngidas a s s u as fi nal idades p ri m o rdiais".8'
C o m o conj u nto das regras q u e disci p l i n a m a atividade p rocess ual, o form a l i s
m o exerce papel f u n d a m ental n o contexto d o est u d o do p rocesso.
De acordo com o pensam ento d e Carlos A l b e rto Alvaro d e O l ivei ra, podem ser
citadas algu m as f u n ções do fo rmal i s m o p rocess u a l : a) i n d i car as fro ntei ras para o
c o m eço e o f i m d o p rocesso; b) ci rcu n s c reve r o m aterial p rocessual q u e poderá s e r
form ado; c) estabelecer d e ntro d e q uais l i m ites devem coo p e ra r e agi r as pessoas
atu antes n o p rocesso para o seu desenvo lvi m e nto; d) e m p restar p revi s i b i l idade ao
p roced i m e n to; e) disci p l i n a r o poder do j u iz, atu a n d o co m o garantia d e l i be rdade
contra o arbítrio dos ó rgãos que exe rce m o poder d o Estado, pois "a real i zação d o
p roced i m ento deixada ao s i m p les q u e re r do j u iz, d e acordo c o m as necessidades d o
caso co n c reto, acarretaria a possi b i l i dade de deseq u i líbrio entre o poder j u d icial e
o d i reito d as partes; "82 f) contro l e dos eventuais excessos d e u m a parte e m face da
o u t ra, atu a n d o p o r consegui nte c o m o poderoso fato r de igual ação ( p e l o menos fo r
m al) dos conte n d o res e n t re si, seja n o plano n o rm ativo, i m po n d o u m a d i st ri bu i ção
eq u i l i b rada dos poderes d as partes, seja no p l a n o d e fato, i m pondo a paridade de
armas, garanti n d o o exe rcíci o b i l ate ral dos d i reitos; 3) form ação e val o rização do
m aterial fático de i m po rtância para a d ecisão da causa; e, a i n da, h) d eterm i n ar
8 1 . O LIVEI RA, Carlos A l b e rto Alvaro. Do formalismo no processo civil. S ã o Pau l o : Saraiva, 1 997, p . o6/o 7 .
8 2 . O LIVEIRA, C a r l o s A l b e rto Alvaro. Do formalismo no processo civil. São Pau l o : Saraiva, 1 997, p . 07 -08.
339
fREDIE DIDIER JR.
Os req u i s itos o bjetivos ext rín secos podem ser positivos, co m o o i n te resse de
agi r, exa m i nado mais adi ante, o u ne3a tivos.
83. o formal i s m o , conforme conceito ex posto, é con struído de m o d o a q u e o p rocesso atinja os f i n s para os q u ais
foi criado. Ainda de acordo com o pensamento de Carlos A l b e rto Alvaro de O l ivei ra, podem ser a l i n hados, como
f i n s - e, p o r consequên cia, valores, visto o i n egável e n t relaçamento entre estas n oções - os segui ntes: j u sti ça,
paz social, segu rança e efetividade (O formalismo no processo civil, p. 65-73).
84. Do formalismo no processo civil. São Pau l o : Saraiva, 1 997, p . 1 1 1 .
340
P R ESSU POSTOS PROC ESSUAIS
São co n s i d e rados n egativos aq u e les fatos que não podem ocorrer para q u e
o p roced i m e nto se i n stau re val i d a m e nte. São fatos estran h os a o p rocesso (daí o
adjetivo "extrín seco"), q u e, u m a vez existentes, i m pedem a s u a fo rm ação válida.
Não se trata de s i m ples req u i s ito do ato j u rídico p rocessual; n a verdade, é
req u i s ito de val i d ade do p ró p rio p rocesso. Conforme ve re m o s no capít u l o s o b re
as i nvali dades p rocess uais, d e acordo com a teoria das i nval i dades u m ato pode
ser defeituoso p o r fatos que lhe são anteriores o u conte m p o râneos: n o caso, o ato
co m p l exo p roced i m e nto já n asce viciado por fatos q u e l h e antecede m .
A p ri n cípio, são vícios i n sanávei s .85 Por isso, o reco n h ec i m ento d a existê ncia
d e algu m desses fatos i n evitave l m e nte l evará à ext i n ção do p rocesso sem exa m e
d o m é rito - salvo se d i s s e r res peito a apenas parcela da d e m anda (liti s p e n d ê n ci a
parcial, p . ex.), h i pótese e m q u e h averá i nad m is s i b i l idade parcial, s e m a ext i n ção
do p rocesso, q u e p rosseg u i rá em re lação à parce la restante.
A c i rc u n stância d e a existência d e um desses fatos l evar à exti n ção d o p roces
so é um dos m otivos q u e levou o legislador a dar- l h es tratam e nto n o r m ativo d i s
ti nto em re lação a o s o utros " p ressu postos p rocess uais": d e u - l h es i n cisos p ró p rios
(V e V I l ) n o ro l do art. 485, ret i rando-os da i n ci d ê n c i a da regra geral d o i n ciso IV do
mesmo artigo.
São exe m plos: a i n existê ncia de litis pendên cia, a i n existê ncia de coisa j u lgada,
a i n existência de perem pção (art. 486, § 3o, CPC) e a i nexistê n cia de conve n ção de
arbitrage m .
Tam b é m é " p ress u p osto p rocessual" negativo, es pecífico para as deman das e m
q u e s e prete nde o reco n h ec i m ento de domínio (ações petitórias), a i n existê ncia d e
p rocesso possessório e m q u e s e discuta esse domínio: não pode estar pendente
demanda possessória e m que se discuta domínio, para que prossiga a ação petitó ria
aj uizada ten d o e m vista o mesmo o bjeto (art. 557 do CPC)86•
O art. 1 1 do Estatuto da Cidade87 d i s põe q u e, n a p e n d ê n cia da ação de u s u
capião especial u rbana, ficarão s o b restadas q u aisq uer outras ações, petitórias o u
possessó rias, q u e ve n h a m a ser p ro p ostas re l ativam ente a o i m óve l u s u c a p i e n d o .
A i n existê n cia de p rocesso de u s u capião especial u rbana se torna p ress u posto p ro
cessual n egativo (ext rín seco) de val i dade das d e m an das petitó rias e possessó rias
85. Diz·se a p r i n cípio, pois, c o m o vere m os n o capít u l o s o b re a ext i n ção do p rocesso, se a causa da exti nção d o
p rocesso desaparecer (p. ex.: o p rocesso q u e estava pe n d e nte, e q u e autorizou a extinção p o r l i t i s p e n d ê n cia,
foi extinto s e m exame do m é rito), desaparece o ó b i ce para a reproposit u ra da d e m anda.
86. FAB R Í CIO, Adroaldo F u rtad o . Comentários ao Códi:3o de Processo Civil. 7' e d . R i o de j a n e i ro : Fore n se, 1 995, v. 8,
t. 3 , p . 386.
8 7 . " N a p e n d ê n c i a da ação d e u s u capião es pecial u rbana, ficarão s o b restadas q ua i s q u e r out ras ações, petitórias
o u possessó rias, que ve n h am a s e r propostas re lativam ente ao i m óvel usucapiendo".
341
FREDIE DIDIER JR.
88. J á exa m i n ava a legiti m ação ad causam c o m o p ressu posto processual, A S S I S , Araken d e . " S u bstituição p roces
sual". Revista Dia lética de Direito Processual. São Pau l o : D i aléti ca, 2003, n . 09, p . 9-
342
PRESSU POSTOS PROC ESSUAIS
9.3. 1 . Noção
89. BUZAID, Alfredo. Asravo de petição no sistema do Código de Processo Civil. 2• ed. São Pau l o : Saraiva, 1 956, p . 89.
90. ASSIS, Araken d e . "Su bstit u i ção p rocess u a l " . Revista Dialética de Direito Processual. São Pau l o : D ialéti ca, 2003,
n . 09, p . 9. E m sentido bastante s e m e l h ante, José Carlos Barbosa M o re i ra, que re p uta a legiti m ação como a
"coincidência e n t re a situação j u ríd ica de u m a pessoa, tal c o m o resu lta da postulação fo r m u lada perante o
343
FREDIE DIDIER JR.
9.3.2. Classificação
A p ri n ci pal classificação da l egiti mação ad causam é a q u e a divide e m le-
8itimação ordinária e le3itimação extraordinária . Trata-se de classifi cação q u e se
baseia na relação entre o legiti mado e o o bj eto l itigioso do p rocesso.
H á l egiti m ação o rd i n ária q ua n d o h o uver co rres p o n d ê n cia en tre a situação le
giti m ante e as situações j u rídi cas s u b m etidas à a p reci ação d o j u iz. "Co i n ci d e m as
figu ras das partes com os polos da re l ação j u ríd i ca, material o u p rocessual, real ou
apenas afi r m ada, retratada n o pedido i n i ci a l " .95 Legiti m ado o rd i n ário é aq u e l e q u e
d efe n d e e m j uízo i n te resse próprio. " A regra geral da legiti m i dade s o m e nte poderia
res i d i r n a co rres po n d ê n c i a dos figu rantes d o p rocesso com os s ujeitos da lide" .96
ó rgão j u d i cial, e a situ ação legit i m ante p revista na lei para a posi ção processual que a essa pessoa se atri b u i ,
o u q u e e l a m e s m a p rete n d e ass u m i r" . ("Apontamentos p a r a u m est u d o sistemático da legiti m ação extrao rdi
nária". Revista dos Tribunais. São Pa u l o : RT, 1 969, n . 404, p . 09- 1 0 .)
9 1 . A parte i legít i m a é tão parte q u anto a legít i m a . A legiti m i dade é q u alidad e j u rídica que não c o n stitui a f i g u ra
de parte, "mas a u n ge de j u ri d i ci dade processual, tornando-a parte legít i m a para a deci são fi n a l " . (AR M E L I N ,
D o n a l d o . Le3itim idade para a3ir no direito processual civil brasileiro, p . 8 5 ) Tanto é ass i m q u e o ré u, q u e é
parte, tem legitim idade para alegar a s u a própria i l egiti m i dade.
9 2 . ASSIS, Araken de. "Substituição p roces s u a l " . Revista Dia lética de Direito Processual. São Pau l o : Dialética, 2003,
n . 09, p . 1 0.
9 3 - A R M E L I N , Donaldo. Le3itimidade para a3ir no direito processual civil brasileiro, p. 94-1 00; BEDAQUE, José Rober
to dos Santos. " P ress u postos p rocess uais e c o n d i ções da ação" . ]ustitia. São Pau l o : s/ed. 1 99 1 , o ut-dez, n . 53,
p . 57·59-
94- ARMELIN, Donaldo. Le3itimidade para a3ir no direito processual civil brasileiro, p . 103.
9 5 - ARM E L I N , Donaldo. Le3itimidade para a3ir no direito processual civil brasileiro, p . 1 1 7 .
96. ASS IS, Araken d e . "Substitu i ção p rocessual", p. 1 2 .
344
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
9 7 . ARM ELI N , D o n a l d o . Lesitimidade para asir no direito processual civil brasileiro, p. 1 1 9· 1 20.
98. M O R E I RA, ) o s é Carlos Barbosa. Apon tamen tos para um estudo sistemático da lesitimação extraordinária, p . 1 0.
99. M O R E I RA, )osé Carlos Barbosa. Apon tamen tos para um estudo sis temático da lesitimação extraordinária, p .
1 0 · 1 2. Tam b é m ass i m , D I NAMARCO, Cân d i d o Range i . Instituições de Direito Processual Civil, v . 2, p. 3 1 1 .
1 00. Tam b é m ass i m , antes d o CPC atual, ASS IS, Araken de. "Substituição processual", cit., p . 1 3 ; D I D I E R ) r., F re d i e .
Recurso de terceiro. S ã o Pau l o : RT, 2002, p . 1 05 .
345
FREDIE DIDIER JR.
1 0 1 . D I NAMARCO, C â n d i d o Range i . Instituições d e Direito Processual Civil, v . 2, p . 3 1 2 . " . . . a legiti m i dade o r d i n á ria
d e cada colegiti mado está c h u m bada à d o s d e m ais, d e m o d o a só s e c o m p l etar com o c o n c u rso d e todos
o s l e g i t i m a d o s ... " . Ta m b é m assi m , A R M E L I N , Donaldo. Le!Jitimidade para a!Jir no direito processual civil
brasileiro, p. 1 1 9; GRAN DA, Piedad G o n zález. E/ litisconsórcio necesario en e/ proceso civil. G ra n ada: E d i t o r i a l
C o m a res, 1 996, p . 92-93 .
1 02 . ECHAN D ÍA, Devis. Teoría !Jeneral de/ proceso. 3' e d . B u e n o s A i re s : Editorial U n iversidad, s/a, p. 262.
1 03 . ARMELIN, Donaldo. Le!Jitimidade para a!Jir no direito processual civil brasileiro, p . 1 20.
346
P R ES S U POSTOS P R O C E S S U A I S
H á, n o e n tanto, q ue m d efe n d a ace pção mais restrita à " s u bsti tui ção p roces
s u a l " . Seg u n d o essa co rre nte, a s u b stituição p rocessual seria apenas u m a espécie
d o gê n e ro " l egiti m ação extraord i n ária" e exist i ri a q u ando oco rresse uma efetiva
s u bstitu i ção do legiti mado o rd i n ário pelo l egiti m ad o extrao rd i n ário, nos casos de le
giti m ação extrao rd i n ária autô n o m a e exc l usiva o u nas h i p óteses de l egiti m ação a u
tô n o m a c o n co rre nte, e m q u e o legiti mado extrao rd i ná rio a g e e m razão da o m issão
d o legiti mado o rd i n ário, q u e n ão partici pou d o p rocesso como l itisco n s o rte. Nessa
l i n h a, não se ad m ite a coexistê ncia d e s u bstitui ção p rocessual e litisco n s ó rcio. '04
Anotado o a p u ro téc n i co, n ão ve m o s maiores i n conve n i e ntes e m q u e se ado
tem a m bas as exp ressões como s i n ô n i m as e esta é a o pção deste Curso .
Convém s i n tetizar as princi pais caracte rísticas da l egiti m ação extrao rd i ná ri a,
a l é m daq ueles j á exa m i n adas.
São e l as .
a ) O s u b stituído tem o d i reito de i ntervi r n o p rocesso c o n d uzido pelo s u bsti
tuto. Essa i nterve n ção dar-se-á n a q uali dade d e assisten te litisconsorcial (art. 1 8,
par. ú n ., CPC).
b) O s u bstituto p rocessual pode i ntervi r, como assistente l itisco n s o rcial, nas
causas de que faça parte o s u bstitu íd o . O par. ú n . do art. 996 exp ressam e nte perm i
te o recu rso d e tercei ro s u b stituto p rocessual.
c) O legit i m ado extrao rd i nário atu a no p rocesso n a q ua l i dade d e parte, e não
d e re p resentante, fica n d o s u b m etido, e m razão d isso, ao reg i m e j u ríd ico da parte.
Atu a e m n o m e p ró p rio, d efe n d e n d o d i reito a l h e i o . H á i n coi n ci dência, portanto, e n
tre a s partes da d e m a n d a e as partes d o litígio. E m razão d isso, é e m re lação a o
s u bstituto q u e se exa m i n a o p ree n c h i m e n to dos req u i sitos p rocessuais s u bjetivos. 105
A i m parcia l i d ad e do m agistrado, p o ré m , pode s e r ave riguada e m re l ação a am bos:
s u bstituto o u s u bstituído'06•
d) A s u bstitu ição p rocessual pode ocorrer tanto n o polo passivo'07 q u anto no
polo ativo d a d e m anda, m u ito e m b o ra as preocu pações d a doutrina se te n ha m c o n
centrado n a legiti mação extrao rd i n ária ativa.
A legiti m ação extrao rd i n ária passiva é ass u nto de m u ita i m po rtância p rática.
Eis algu n s exe m plos d e a p l i cação desse i n stituto:
347
FREDIE DIDIER JR.
348
P R ESSU POSTOS PROC ESSUAIS
da p ri n ci pal uti l i dade da s u bstit u i ção p rocess u a l . É, p o rtanto, situação que re lativiza
o art. 506 do CPC. ' ,
Aliás, ressalvadas a s situações e m q u e o legiti mado extraord i n ário tam bé m
poss u i legiti m ação ord i n ária, os efeitos da deci são j u d i cial re percuti rão d i retamente
a p e n as n a esfera j u rídica d o s u b stituído, e m b o ra o s u bstituto fiq u e s u b m etido ao
que foi deci d i d o . Ao s u b stituto, n o e n tanto, não escaparão as conseq u ê n ci as da
s u c u m bên cia, ficando, ass i m , res p o n sáve l p o r cu stas e h o n o rários advocatícios,.
f) O s u bstituto p rocessual tam bé m pode s e r s uj e ito passivo d e sanções p roces
s u ais, co m o a p u n i ção pela l itigância de má-fé, ' ' 3 e d e m e d i das coercitivas, co m o a
m u lta j ud i c i a l .
3 ) Q u anto a o s poderes p rocess u ais, o s u bstituto p rocessual tem, o rd i n aria
m e nte, apenas aq ueles re lacionados à gestão do p rocesso, não lhe s e n d o atri b u
ídos poderes de d i s posição do d i reito m aterial d i scutido. " Parece co rreto atri b u i r
a o s u bstituto a alegação d e todas a s exceções e defesas i ntrí n secas a o alcance d a
s u bstituição " . 1 1 4 A lei, o u o n egócio j u ríd i co, contudo, poderá au m entar o u d i m i n u i r
o ro l d estes poderes.
h) A i n exi stê ncia de legiti m ação extraord i n ária n ão l eva à reso l u ção d o m é rito
da cau sa, confo r m e apo ntado aci ma. Trata-se d e análise p u ra m e nte d o d i reito de
co n d u ção do p rocesso, sem q u e h aja i n vestigação dos f u n d a m e ntos d a d e m anda. 1 1 5
H á rejeição da d e m an d a por i n ad m i s s i b i l i dade, n a fo rma d o a rt. 485, VI, do CPC.
Por isso a legitimação extraordinária é claramente um requisito de va lidade
do processo.
Sem p re q u e possíve l, d eve o ó rgão j u ri s d i c i o n al, em vez de exti n g u i r o p ro
cesso e m razão da falta d e legiti m ação extrao rd i n á ria, tentar p roced e r à s u cessão
p rocessual, com a troca do sujeito por algu é m q u e seja legiti m ado (ord i n ário o u
extrao rd i n ário). C o m isso, p restigia-se a decisão d e m é rito. A p l i ca-se, p o r analogia,
o regra m e nto j á existente n o â m b ito d o p rocesso coletivo (art. 5o, § 3o, da Lei n .
7 · 347/1 9Ss).
349
FREDIE DIDIER JR.
9.3.4. 7 . Generalidades
A legiti m ação extrao rd i n ária d eve ser e n carada c o m o algo exce pcional e deve
deco rre r de autorização do ordenamento jurídico (art. 1 8 do CPC) - não mais da " l e i "
c o m o exigia o art. 6 o d o CPC-7 3"6•
O CPC atual adotou antiga l i ção d o utri n ária"7, segu n d o a q u al s e ri a possível a
atri b u i ção d e le3itimação extraordinária s e m p revisão expressa n a lei, desde q u e
seja possíve l i d e ntificá- la n o ordenamento jurídico, visto co m o siste m a. A i n s p i ração
legislativa é clara e m e rece registro.
Além dos exe m p los j á citados, h á outros i n ú m e ros casos de l egiti mação ex
traord i nári a q ue decorrem da l e i : i) legiti m ação para as ações coletivas (art. 5o da
Lei n. 7 . 347/ 1 985; art. 8 2 do C D C); ii) legiti m ação para a p ro posit u ra das ações de
contro l e concentrado de constitucional idade (art. 1 03, CF I 1 988); iii) l egiti m ação para
i m petração d o mandado de seg u ra n ça do te rcei ro titular de d i reito líq u i d o e ce rto
q u e d e p e n d e do exe rcíci o do d i reito por outrem (art. 3°, Lei n. 1 2 . 0 1 6/2009); iv)
l egiti m ação do denunciado à lide para defe n d e r os i nteresses do d e n u nciante e m
relação a o adve rsário co m u m (arts. 1 2 7 - 1 28, C PC); v) le3itimação do M i n i stério P ú
b l i co para o aj u izam e nto d e ação de i nvestigação d e pate r n idade (art . 2°, §4°, L e i n .
8 . 5 60/ 1 992); vi) legit i m ação d o capitão d o n avio para ped i r arresto, c o m o o bj etivo
de garanti r o paga m e nto do frete (art. 527 do Código Co m e rcial); vi) legiti m ação do
credor e d o M i n i stério P ú b l ico para p ropor ação revocató ria fal i m e ntar - s u bstituem
a m assa fal i d a (art. 1 3 2 da Lei n . 1 1 . 1 0 1 /2005); vii) legiti m ação para i m petração do
habeas corpus (art. 654 do Código de Processo Penal); viii) legiti m ação do credo r
s o l i dário para a ação d e co b ra n ça o u de execu ção da o b rigação soli dária (art. 267 do
Código Civil); ix) no p rocesso d e d i s s o l u ção parcial de soci edade, se todos os sócios
forem citados, a sociedade não será citada, m as fica s u b m etida à coisa j u lgada (art.
601 , par. ú n ., C PC) - há u m a legiti m ação extrao rd i n ária passiva co n j u nta de todos
os sócios, e m d efesa dos i nteresses da sociedade etc.
Sob a vigê n cia d o CPC- 1 97 3 , e ra pacífico o ente n d i m e nto de q u e não se ad m itia
le3itimação extraordinária de ori3em ne8ocia/:"8 p o r u m n egócio j u ríd ico, n ão se po-
1 1 6. Art. 6 ' , CPC- 1 97 3 : " N i n g u é m poderá p l eitear, e m n o m e p r ó p rio, d i reito a l h e i o , salvo q u a n d o auto rizado p o r l e i " .
1 1 7 . A R R U D A ALV I M N ETTO, j osé M a n o e l d e . Códiso d e Processo Civil Comen tado. S ã o Pau l o : RT, 1 97 5 , v . 1 , p . 426;
M O R E I RA, José Carlos Barbosa. " N otas s o b re o problema da efetividade d o p rocesso" . Temas de Direito Proces·
sua! Civil - terceira série. São Pau l o : Saraiva, 1 984, p. 33, n ota 7. ZAN ETI j r., H e r m e s . "A legiti m ação conglobante
nas ações coletivas: a s u bstit u i ção processual decorrente do ordenamento j u rídico". In: Araken de Assis; Edu
ardo Arruda A l v i m ; N e l s o n N e ry ) r.; Rodrigo M azzei; Te resa Arruda Alvim Wa m b i e r; T h e reza Alvi m ( C o o r d . ) . Direito
Civil e processo: estudos em homenasem ao Professor Arruda Alvim. São Pau lo: Revista dos Tri bu nais, 2007, p .
859·866; N E RY j r. , Nelson; N E RY, R o s a . Códiso de Processo Civil comentado. 1 1 • e d . S ã o Pau l o : RT, 201 1 . p . 1 90.
1 1 8 . ALV I M N ETTO, José Manoel Arruda. " I m poss i b i l idade d e s u bstit u ição processual vol u ntária face ao Código d e
P rocesso Civi l " . Revista de Processo. São Pau l o : RT, 1 9 77, n . 5, p . 2 1 5 · 2 2 5 ; N E RY j r., N e l s o n ; N E RY, R o s a . Códiso
350
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
d e Processo Civil comen tado. 1 , . e d . São Pau l o : RT, 201 1 , p . 1 90; MARI N O N I , Luiz G u i l herme; M ITI D I E RO, Dan i e l .
Código d e Processo Civil comen tado artigo p o r artigo. S ã o Pau l o : RT, 2008, p . 1 0 1 .
1 1 9 . KELSEN, H a n s . Teoria Pura do Direito. João Bapti sta Machado (trad.) 6• e d . São Pau l o : M a rt i n s Fontes, 2000,
p. 284- 290; P E D ROSO, Anto n i o Carlos de Campos. Normas jurídicas individualizadas - teoria e aplicação. São
Pau l o : Saraiva, 1 993, p . 2 1 - 24; 35-43.
351
FREDIE DIDIER JR.
n egocial m e nte a legiti m i dade extrao rd i nária. Nesse caso, teremos u m a le3itimação
extraordinária exclusiva decorrente de um ne3ócio jurídico: som ente esse terce i ro
poderia p ro p o r a d e m anda. Não h á ó bice algu m : se o titular do d i reito pode trans
fe ri r o p ró p ri o d i reito ao te rcei ro ("pode o m ais"), pode transfe ri r apenas a legiti m i
dade ad causam, q u e é u m a situação j u rídica q u e l h e p e rte n ce ("pode o m e n os").
Essa tran sferên cia i m p l i ca verdadeira re n ú ncia dessa posição j u rídi ca, por isso
h á de ser i nterpretada restritiva m e nte (art. 1 1 4 d o Código Civi l). Ass i m , n o s i l ê n cio,
o n egóci o h á de ser i nterpretado como se o sujeito apenas q u isesse estender a le
giti m ação ativa, e não transferi-la.
A n egociação ass u m i rá n u an ces diversas, se se tratar de le3itimação para
a d efesa de direito relativo (sujeito passivo determ i n ado; d i reito d e crédito, por
exe m p l o) o u para a defesa de direito absoluto (suj eito passivo i n dete rmi n ado; p ro
p riedade i ntelectual, por exem plo).
N o p ri m e i ro caso, é razoável a p l icar, por analogia, algu m as regras s o b re a
cessão d e créd ito (arts. 286- 296, Código Civi l). N ão apenas pelo dever de informar,
d ever an exo decorrente d o pri n cípio da boa-fé contratual. E m certa m e d i da, a trans
fe rência da l egiti m i dade para cobrar a p restação devi da é u m a tran sfo rmação do
conteúdo de u m contrato : fez-se o n egóci o com a i nfo rmação de que determinada
pessoa, e apen as e l a, i ria a j uízo discutir eve ntual i n ad i m p l e m e nto.
Ass i m , a atri b u i ção n egociai d e legit i m ação extrao rd i n ária é i n efi caz em re la
ção ao futuro ré u, se este não fo r n otificado; " m as por n otifi cado se tem o deved o r
q u e, e m escrito p ú b l i co o u parti c u lar, se declarou ciente da cessão feita" (art. 290
do Código Civi l, aplicado por analogia). Aceita-se, a i n d a, q u a l q u e r m e i o de prova da
n otifi cação 1 20; o que o art. 290 do Código Civi l faz é p res u m i - l a nesses casos. D e m ai s
d i sso, todas a s defesas q u e o ré u poderia o p o r ao le3itimado ordinário poderá o p o r
a o l egiti m ad o extrao rd i n ário n egociai (art. 2 9 4 do Código Civi l, a p l i cado por analo
gia) ' 2 1 . O futu ro ré u tem o d i reito de ser cie ntificado do n egócio, e m b o ra n ão faça
parte d e l e n e m precise auto rizá- l o .
N o caso de legit i m ação extrao rd i n ária para direitos absolutos, não h á q ualq u e r
n ecessidade d e notifi cação do fut u ro ré u, q u e, d e resto, é desco n h ecido, pois será
aq u e l e q u e vier a p raticar o i lícito extracontratual. O ré u não faz parte d o n egóci o
p rocessual e n e m p recisa dele to mar ciên cia. Até porq u e não se sabe q u em será o
ré u . Aq u e l e q u e violar o d i reito absol uto poderá ser d e m a n dado p o r q u e m te n h a
legiti m ação para tanto, o rd i n ária o u extrao rd i n ária.
1 20. Como bem apontou Anto n i o d o Passo Cabral, e m conversa travad a com o autor.
1 2 1 . Art. 294 do Código Civi l : "O devedor pode o p o r ao cessionário as exceções q u e l h e com petirem, bem c o m o as
q ue, no m o m e nto em q u e veio a ter c o n h e c i m ento da cessão, t i n h a contra o cedente".
352
P R ESSU POSTOS PROCESSUAIS
1 2 2 . Ao q u e parece, foi isso o q u e aconteceu n a venda d a Motorola p e l o Google à Lenovo: Google ficou com as
patentes da Motorola, mas permiti u que a Len ovo, que passaria a ser dona da Moto rola, p u desse defendê- las
e m j u ízo (htt p : //oglobo.globo.co m/sociedad e/tec n o l ogia/google-ap p l e-o- rest0- 1 1 495305?to pico=pedro-doria.)
1 2 3 . B E N E D U Z I , Renato Resende. " Legiti m i dade extrao rd i n á ria conve n c i o n a l " . Revista Brasileira de Direito Processu
al. Belo H o rizonte: Foru m , 201 4, n. 86, p . 1 38.
353
FREDIE DIDIER JR.
1 24. Em sentido dive rso, para q u e m é possível a transferê n c i a da legiti m ação passiva, desde q u e haja p révia e
s i m ples c o m u n i cação ao adversário, B E N E D UZ I , Re n ato Rese n d e . " Legiti m i dade extrao rd i n ária conve n c i o n a l " .
Revista Brasileira d e Direito Processual. Belo H o rizonte: Fo r u m , 20 1 4, n . 8 6 , p . 1 34.
1 2 5 . Art. 299 do Código Civi l : " É facu ltado a terceiro assu m i r a o b rigação d o devedor, com o conse nti m ento expresso
do credor, ficando exo n e rado o deve d o r p r i m itivo, salvo se aquele, ao te m p o da ass u n ção, e ra i n solvente e o
credor o igno rava".
1 26 . B E N E D U Z I , Renato Res e n d e . " Legitim idade extraord i n ária conve n c i o n a l " . Revista Brasileira de Direito Processu
al. Belo H o rizonte: Forum, 201 4, n. 86, p . 1 38 .
354
P R E S S U POSTOS PROC E S S U A I S
A a m p l i ação da legiti m ação passiva, com a atri b u i ção d e legiti m ação extrao rd i
nári a a u m tercei ro, n ã o perm ite q u e q u a l q u e r dos possívei s ré us, u m a v e z d e m a n
d a d o , chame ao processo (arts. 1 30- 1 32, C PC) o o utro legiti mado. Há, aq u i , apenas
colegiti mação; n ão há, n esse caso, soli dariedade passiva n a o b rigação d i scutida.
ção de dívida. Não há tran sfe rê n cia da situação j u ríd ica m aterial, e n fi m .
c) Nada i m pede q u e o s contratantes i n s i ram n o contrato cláus u la q u e vede a
tran sfe rên ci a o u a m p l i ação da legit i m ação ad causam .
d) Le3itimação extraordinária ne3ocia l n ã o é n ovidade e m n ossa h i stória.
No CPC- 1 9 3 9 h avia uma h i pótese típica de n egócio p rocess ual, e m q u e se atri
b uía a algu é m a l egiti m ação extrao rd i n ária para a d efesa d e d i reito d e o utre m em
j uízo . I sso acontecia n o chamamento à au toria . U m a parte convocava u m tercei ro
para s u cedê-la em j u ízo; se esse te rcei ro aceitasse essa p rovocação, h averia s u ces
são p rocess u a l : e i s o negócio p rocess u a l .
O chamamento à autoria e r a e s p é c i e de i nterve nção de tercei ro q u e existia
à é poca. A parte c h a m ava o tercei ro q u e lhe h avia transfe rido a coisa o u o d i reito
real, que e ra o bj eto d o p rocesso; se esse terceiro-chamado aceitasse o c h a m a m e n
t o , ass u m i ri a a cau sa, n o l ugar do chaman te, para defe n d e r os i n teresses deste e m
j uízo . O c h a m a m e nto à autoria poderia red u n d a r, então, e m u m a sucessão p roces
s u al, com a troca de suj eitos do p rocesso, tra n sfo r m a n d o-se o tercei ro e m parte
para a defesa dos i nteresses da parte q ue provocou a sua i ntervenção (art. 95, § 1 o,
e art. 97, CPC- 1 9 3 9)"7•
A situação aí e ra ai n d a mais grave, pois, feito o c h a m a m e nto pelo ré u, o auto r
e ra obri3ado a demandar contra o legiti mado extraord i n ário passivo ( c h a m ad o),
caso ele aceitasse o c h a m a m e nto à autoria (art. 97, parte inicia l, CPC- 1 939).
e) A atri b u i ção de legiti m ação ext rao rd i n ária n e gociai, d u rante o p rocesso já
i n stau rado, s o m e nte é possíve l c o m a c o n co rdân cia d e am bas as partes . I sso p o r
q u e h averia s u cessão p rocessual, caso h o uvesse a m u da n ça n egociai d o legiti m a
d o . Esse fe n ô m e n o está reg u lado p e l o a rt. 1 09 d o C P C, q u e exige o c o n s e nti m e nto
d e todos.
1 2 7 . Art. 95 do CPC/ 1 939: "Aq u e l e q u e demandar o u contra q u e m se d e m andar ace rca de coisa o u d i reito real,
poderá chamar à autoria a pessoa d e q u e m h o uve a coisa o u o d i reito real, afi m d e resguardar-se dos riscos
da evicção. §1° Se fo r o autor, notifi cará o a l i e n a nte, na i n stau ração d o j u ízo, para ass u m i r a d i reção da causa
e m o d ificar a petição i n icial." Art. 97 d o CPC/ 1 939: "Vi ndo a j uízo o d e n u nciado. rece berá o p rocesso n o estado
e m q ue este se achar, e a causa com ele p rossegu i rá, sendo defeso ao autor litigar com o d e n u n ciante".
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FREDIE DIDIER JR.
356
PRESSU POSTOS PROCESSUAIS
1 28. OLIVEIRA, M i lton Moreira de. " I n existência da Relação de E m p rego: Carê n c i a o u I m p rocedência da Ação . " Revis
ta Brasileira de Direito Processual. U beraba: Forense, 1 984, n. 42, p . 57-86.
1 29. L I E B MAN, E n rico Tu l l i o . "O Des pacho Saneador e o j u lgamento do Mérito". Revista Fore n s e . Rio d e j a n e i ro :
Forense, n . 1 04.
357
FREDIE DIDIER JR.
1 30. Novas linhas do processo civil. 3 ' e d . São Pau l o : M a l h e i ros Ed., 200 1 , p . 2 1 1 . Considerando a alegação de
i n exi stê ncia de vín c u l o e m p regatíci o c o m o de m é rito, e não de admiss i b i l i dade (i legiti m i dade para agi r), OU·
VEI RA, M i lton M o re i ra d e . " I n existência da Relação de E m p rego: Carência o u I m p rocedência da Ação . " Revista
Brasileira de Direito Processual. U b e raba: Fore n se, 1 984, n. 42, p. 57·86.
358
P R ESSU POSTOS PROCESSUAIS
l egiti m i dade o rd i n ária e q u ivale à não titu laridade do d i reito d iscutido, h i p ótese cla
ra d e i m p roced ê n c i a do pedido nos termos do i n ciso I do art. 487 do CPC.
9.4. 1. Generalidades
O i nteresse de agi r é req u isito p rocessual q ue d eve ser exa m i nado e m d uas
d i m e n sões: necessidade e u tilidade da tutela j u ri s d i c i o n a l .
H á q u e m acrescente, ain da, u m a terceira d i m e n são: a "adeq uação
d o re m é d i o j u d icial ou p roced i m e nto" co m o e l e m ento n ecessário à
configu ração do i n teresse de agi r. Não se adota essa posição, pois
p roced i m e nto é dado estra n h o à análise da demanda e, ademais,
eve ntual equívoco n a esco l h a do p roce d i m e nto é se m p re sanáve l ' 3 ' , o
q u e n ão é possível n o s casos de falta de uti l idade o u de n ecessidade.
1 3 1 . Adota a conce pção tripartite d o i n t e resse de agi r D I NAMARCO, Cândido Range i . Instituições d e Direito Proces-
sual Civil. São Pau l o : Mal h e i ros Ed., 200 1 , v. I, p . 302-303.
1 3 2 . L I E B MAN, E n rico Tu l l i o . Manual de Direito Processual Civil. 2 e d . R i o d e j a n e i ro : Forense, 1 986, v. I , p . 1 5 5.
1 3 3 . TUCCI, José Rogério C ruz e . A causa petendi no direito processual civil brasileiro, cit., p . 1 7 3 .
1 34. C U N HA, Leonardo José Car n e i ro . Interesse d e a3ir na ação declaratória. C u ritiba: ] u ruá, 2002, p . 8o-8 1 .
1 3 5 . C U N HA, Leonardo ]os é Carn e i ro . Interesse de a3ir na ação declara tória, cit., p . 8 1 .
359
FREDIE DIDIER JR.
Cabe d i sti ngu i r, antes de exa m i nar os aspectos d o i n te resse de agi r, o i n te resse
s u bsta n cial d o interesse p rocessual.
O i n te resse p rocessual "se d i sti ngue d o i n te resse s u bstancial, para cuja p ro
teção se i ntenta a ação, da m e s m a man e i ra como se d i sti nguem os dois d i reitos
co rres p o n d e ntes: o s u bstancial q u e se afi rma perte ncer ao autor e o p rocess ual q u e
se exerce para a tutela do p ri m e i ro . I n teresse de agi r é , p o r isso, u m i nteresse p ro
cessual, sec u n dário e i n stru m e ntal com relação ao i n te resse s u bsta n cial prim ário;
tem por o bj eto o p rovi m e nto que se pede ao j u iz co m o meio para o bter a sati sfação
de um i nteresse p r i m ário lesado pelo co m po rtamento da parte contrária, ou, mais
ge n e ricame nte, pela situação de fato objetiva m e nte existe nte". ' l6
9.4.2. O interesse-utilidade
H á utilidade sem p re q u e o p rocesso p u d e r p ro p i ciar ao deman dante o res u lta
do favo rável p rete n d i d o; sem p re q u e o p rocesso p u d e r res u ltar e m algu m p roveito
ao dem an dante.
A p rovi dência j u risdicional re p uta-se úti l n a medida e m q u e, "por s u a n at u
reza, verdad e i rame nte se reve l e - sem pre e m tese - apta a tutelar, de m a n e i ra tão
co m p leta q u anto possíve l, a situação j u ríd ica do req u e re nte". ' 37 Exp l i ca Cân d i d o
D i n am arco : " S e m anteve r n o p rovi m e nto p rete n d i d o a capacidade d e ofe recer essa
espécie de vantage m a q u e m o postu la, n ega-se a ordem j u ríd ica a e m iti-lo e, mais
que isso, n ega-se a dese nvo lve r aq u e las ativi dades o rd i n ariamente p redispostas à
s u a e m i ssão ( p rocesso, p roce d i m e nto, ativi dade j u ri s d i c i o n al)". ' 38
É por isso q u e se afi rm a, com razão, q u e h á falta de i n te resse p rocessual
q u ando não m ais fo r possíve l a o bte n ção daq u e l e res u ltad o al m ejado - fala-se em
" p e rda do o bj eto" da causa. É o que acontece, p . ex., q uando o c u m p ri m e n to da
o b ri gação se d e u antes da citação do ré u - se o adi m p l e m e nto se d e u após a cita
ção, o caso n ão é de perda d o o bj eto (falta de i n te resse), m as de reco n h eci m e nto
da procedência do pedido (art. 487, 1 1 1 , "a", CPC).
Tam bé m falta uti l i dade n a execu ção, q u ando o val o r do crédito exeq u e n d o, de
tão ínfi mo, fo r absorvi do pelas cu stas do p rocesso de execu ção (art. 836, do CPC).
O legislador b ras i l e i ro ad m ite h aver i nteresse- uti l i dade n a p rete n são processu
al à s i m ples declaração (art. 1 9, CPC), mesmo q u ando já fo r possíve l o aj u izam e nto
de ação c o n d e n atória (art. 20, CPC), confo r m e exa m i n ado no capít u l o s o b re a teoria
da ação .
360
P R E S S U P O S TO S P R O C E S S U A I S
1 3 9. I d e ntificou o ponto, com p recisão, D I NAMARCO, Cân dido Rangei. Execução civil, p . 397-398.
361
FREOIE DIDIER JR.
É o q u e acontece, ai nda, com boa parte das h i póteses de j u risdição vol u ntária, 1 40 com
as ações de anu lação de contrato, falência, 1 4 1 rescisória de sentença etc. N esses casos,
o exame da " n ecessidade", para a verificação do interesse, é dispensável, pois está in
re ipsa. 1 4' Nas ações necessárias, há presunção absol uta da necessidade de i r a j uízo.
Nas ações "co n d e n atórias" (co n s i d e radas co m o todas aq uelas e m q u e se b u s
ca a certifi cação e efetivação de u m a dete r m i nada p restação), o a u t o r deve afi rmar
a existê ncia do fato con stitutivo do seu d i reito (causa ativa), bem co m o do fato
violad o r desse d i reito - para a configu ração do i n teresse, basta a afi rm ação da le
são, pois a verificação da s u a existê ncia é q u estão de m é rito . 1 43 Se se tratar d e ação
p reve ntiva, anteri o r à violação, é n ecessário alegar, além do fato con stitutivo do
d i reito, a am eaça/risco/perigo d e violação a esse d i reito.
Nas ações constitutivas não n ecessárias, o autor deve afi rmar o di reito à modifica
ção j u rídica q u e se pretende efetivar; ou seja, o autor deve afi rmar a existência de u m
di reito potestativo e a n ecessidade d e efetivá-lo através d a atuação d o Poder judiciário.
S o b re o exame da necessidade nos casos e m q u e o legislador exige o esgota
m e nto ad m i n i strativo da controvérsia, ve r o ite m s o b re o p ri n cípio da i n afasta b i l i
d a d e da j u risdição, n o capít u l o res pectivo, n este vol u m e do Curso.
1 40. " N a j u risdição volu ntária, (. . . ) o interesse de agi r deco rreria normal m e nte da própria l e i q u e s u b o r d i n a a
val idade ou a eficácia de u m ato da vida p rivada ao c o n h e c i m e n to, à h o m o l ogação, autorização ou ap rovação
j udicial, i m pe d i n d o q u e o req u e rente alcance o o bjetivo j u rídico a l m ejado sem a concorrê n c i a da cognição o u
da vontade estatal man ifestadas através do ó rgão ju risdicional". (GRECO, Leonardo. Teoria da ação no processo
civil. São Pau l o : D ialéti ca, 2003, p. 34-35).
1 4 1 . Co rreta mente identifica n d o a falência como ação con stitutiva necessária, C U N HA, Leo nardo )osé Carn e i ro.
In teresse de agir na ação declara tória. Cu ritiba: ) u ruá, 2002, p . 8 7 .
1 42 . " E m c a s o s ass i m , o p rocesso é o ú n ico m e i o d e obter a efetivação das s i t u ações d itadas p e l o d i reito mate r i a l .
(. . . ) As p retensões necessariame nte sujeitas a exa m e j u d icial para q u e possam ser satisfeitas são aq u e l as que
se refe rem a d i reitos e i n t e resses regi dos p o r n o rmas de extre m a i n d i s p o n i b i l i dade" (CI NTRA, Antô n i o Carlos
Araújo, D I NAMARCO, Cândido Rangel e G R I N OVER, Ada Pellegri n i . Teoria geral do processo. 1 7• e d . São Pau l o :
Mal h e i ros, 200 1 , p. 3 1 ) . Ve r, tam bém, T U C C I , )osé Rogério Cruz e . A causa petendi no direito processual civil
brasileiro. 2• e d . São Pau l o : RT, 2002. p. 1 74.
1 43 . Tam bém assim, C U N HA, Leonardo José Carneiro. tnceresse de agir na ação declararória. C u ritiba: J u ruá, 2002. p. 88.
1 44. Sobre o tema, a m p la m e nte, CARVALHO, José Orlando Rocha d e . Ação declaratória. Rio de J a n e i ro: Forense, 2002,
p . 2 2 7 - 2 29; C U N HA, Leonardo )osé Carn e i ro . Interesse de agir na ação declaratória . C u ritiba: ) u ruá, 2002; S I LVA
N ETO, Francisco Antô n i o de Barros e. A an tecipação da tutela nos processos declaratórios. Porto Alegre: Sergio
Anto n i o Fa bris Editor, 2005, p.85-9 1 .
362
PRESSU POSTOS PROCESS UAIS
co ntrovérsia q u anto à existên cia (ou m o d o de ser) d e re lação j u ríd ica o u autentici
dade o u falsidad e de docu m e n to (art. 1 9, CPC).
Cabe ao d e m andante d e m o n strar a necessidade de i nterve n ção do j u d iciário,
e m razão da contrové rsia concreta (d úvida) que se estabel ece s o b re a existê ncia de
uma situação j u rídi ca. O i nteresse de agi r reve la-se n a existê n c i a de i n ce rteza q ua n
to à situação j u rídica (ou à autenticidade do docu m e nto) q u e se bu sca declarar. Se
a i n ce rteza nem fo r afi rmada pelo autor, o p rocesso deve ser extinto sem exa m e
d o m é rito - antes, poré m , o a u t o r d eve ser i nti m ado para corrigir a peti ção i n icial.
Se o a u t o r não afi rm a a i n ce rteza, mas o ré u é citado e n ega a exis
tência d a relação j u ríd ica (na declarató ria positiva) o u afi rma a exis
tência dela (na declarató ria n egativa), o p ro b l e m a desaparece e o
m é rito do p rocesso d everá ser exa m i n ado '45•
1 45 . B E DAQUE, J o s é Roberto dos Santos. Efetividade d o processo e técnica processual. 2• e d . S ã o Pau l o M al h e i ros
Ed., 2009, p . 3 1 8 .
1 46 . B E DAQUE, José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica processual. 2• ed. São Pau l o Mal h e i ros
Ed., 2009.
1 47 . Adere-se à s o l u ção d e B E DAQ U E , José Roberto dos Santos. Efetividade do processo e técnica processual. 2• e d .
S ã o Pau l o M a l h e i ros Ed., 2009, p . 3 1 8. Tam bém n este s e n t i d o , BOM F I M , D a n i e l a S a n t o s . A causa de pedir à luz
da teoria do fato jurídico. D i s s e rtação de m estrado. U n iversidade Federal da Bahia, P rograma d e Pós-gradu ação
e m D i re ito, 20 1 2, p . 1 48· 1 49.
363
FREDIE DIDIER JR.
364
P R E S S UP O S T O S PRO C E S SUA I S
365
FREDIE DIDIER JR.
156. D I NAMARCO, Cândido Rangei . Instituições d e Direito Processual Civil. São Paulo: M a l h e i ros E d . , 200 1 . v. 2, p .
3 14; C Â MARA, Al exan d re F reitas. Lições d e Direito Processual Civil. 8• ed. Rio d e j a n e i ro : L u m e n j u ris, 2002, v . 1 ,
p . 12 7 ; VERDE, Giovan n i . Profili de/ processo civile, cit., p . 165; COMOGLIO, Luigi Pao lo, FERRI, Con rado, TARU FFO,
M i c h e l e . Lezioni sul p rocesso civile. 2• e d . Bologna: M u l i n o , 1998, p . 244-248.
1 57 . Aplicando a teoria da asse rção, STJ, 4' T., REsp n. 595. 1 88, Rei. M i n . Anto n i o Carlos Ferrei ra, j. em 22 . 1 1 . 2 0 1 1 .
366
PRE S SUP O S T O S PRO C E S SUA I S
1 58. WATANABE, Kaz u o . Da co3nição no processo civil. São Pau lo: RT, 1 987, p. 63-65; YARSH EL, Flávio Luiz. Tutela juris
dicional específica nas obri3ações de declaração de von tade. São Paulo: M a l h e i ros Ed., 1 993, p. 1 1 2- 1 1 3; G RECO,
Leonard o . A teoria da ação no processo civil. São Pau lo: Dialética, 2003, p. 2 3 - 2 5; O processo de execução. Rio
de j a n e i ro : Renovar, 1 999, v. 1, p. 3 20; M O R E I RA, José Carlos Barbosa. "Legit i m ação para agi r. I n defe r i m e nto de
petição i n icial". Temas de Direito Processual Civil - primeira série. São Pau l o : Saraiva, 1 977, p . 2oo; BEDAQ U E,
José Roberto dos Santos. " P ressu postos processuais e c o n d i ções da ação " . ]ustitia. São Paulo: s/ed. 1 99 1 ,
out-dez, n . 5 3 , p . 54; ARENHART, Sérgio Cruz. Perfis d a tutela inibitória co letiva. São Pau l o : RT, 2003, p . 2 3 3 - 2 34;
C U N HA, Leonardo Carnei ro da. In teresse de a3ir na ação declara tória. Cu ritiba: ] u ruá, 2002, p. 88; ASSIS, Araken
de. "Su bstitu ição p rocessual". Revista Dialética de Direito Processual. São Paulo: Dialética, 2003, n. 09, p. 09- 1 0;
MARI N O N I , Luiz G u i l h e r m e . Novas linhas do processo civil. 3' e d . São Pau l o : M a l h e i ros Ed., 1 999, p. 2 1 1 .
1 59. Segu ndo i nforma M achado G u i marães, o próprio Liebman c h egou a afi rmar, e m conferência p rofe rida e m 1 949,
q u e "todo problema, q u e r de i n te resse processual, q u e r d e legiti mação ad causam, deve ser proposto e resolvido
adm iti n d o-se, p rovisoriamente e e m via h i potética, q u e as afi rmações do autor sejam verdadei ras; só nesta base
é que se pode d i scutir e resolver a q u estão p u ra da legiti mação o u do i nteresse. Q u e r isto dizer q ue, se da con
testação d o réu s u rge a dúvida s o b re a veracidade das afi rmações feitas pelo autor e é necessário fazer-se uma
i n st rução, já não há mais u m problema de legit i m ação ou d e i n te resse, já é u m problema d e m é rito". ("Carência
d e ação" . Estudos de direito p rocessual civil. Rio d e j a n e i ro : Editora j u rídica e U n iversitária, 1 969, p . 1 02 - 1 03).
367
FRE D I E D I D I ER J R .
1 60. CARNELUTII, Francesco. Diritto e processo. Napoli: Morano, 1 958, n. 20, p. 35; M ONACCIAN I, Luigi. Azione e Le!Jittima
zione. M i lano: Giufff re, 1 9 5 1 , p. 46; FERNANDES, Antonio Scarance. Teoria Geral do Procedimento e o procedimento
no processo penal. São Paulo: RT, 2005, p. 28; GRECO, Leo nardo. Instituições de Processo Civil. 2• ed. Rio de Janeiro:
Foren se, 201 0, v . 1 , p . 25 1 .
368
P R E S S UP O S T O S PRO C E S S UA I S
1 61 . O ass u nto foi tratado com p r i m azia e p rofu n d i dade por CABRAL, Antonio do Passo. "Despolarização do processo
e "zonas d e interesse": s o b re a m igração entre pelos da d e m a n da". Reconstruindo a Teoria Gera l do Processo.
Fredie D i d i e r j r. (org.). Salvador: Editora j u s Podivm, 201 2 .
1 62 . N E RY j r., Nelson; N E RY, Rosa. Código d e Processo Civil comen tado. n • e d . S ã o P a u l o : RT, 201 1 , p . 609.
1 63 . MAZZEI , Rodrigo. "A 'intervenção móvel' da pessoa j u rídica d e d i reito p ú blico na ação p o p u lar e ação d e im
probidade ad m i n istrativa (art. 6•, § 3•, d a LAP e art. 1 7 , § 3 •, da LIA)". Fredie Didier j r. e Te resa Arruda Wam b i e r
(coord.). Aspectos polêmicos e atuais sobre terceiros no processo civil e assuntos afins. S ã o Pau lo: RT, 200 7 .
Sobre o tema, a i n da, CABRAL, Anto n i o d o Passo. "Despolarização d o processo e "zonas d e i n te resse": s o b re a
m i g ração entre polos da deman da". Recons truindo a Teoria Gera l do Processo. Fredie D i d i e r j r. (org.). Salvador:
Ed itora jus Podivm, 20 1 2 .
1 64. S o b re o assu nto, D I D I E R j r., Fredie; GO D I N H O, Robson Renault. "Questões a tuais sobre as posições do Ministério
Público no processo civil". Revista de Processo. São Pau lo: RT, 201 4, v. 234.
1 65 . Sobre o tema, CABRAL, Anto n i o d o Passo. "Despolarização d o p rocesso e "zonas d e i nteresse": s o b re a m i g ra
ção e ntre pelos da deman da", cit., p. 1 5 3 - 1 54.
369
FRE D I E D I D I ER J R .
p ro posta d e aco rdo s o b re o obj eto liti g ioso; ii) p ro posta d e acordo s o b re o p ró p ri o
p rocesso (acordo atípico com b a s e n o art. 1 90 do CPC; acordo de s u s p e n são do
p rocesso, o rga n i zação co n s e n s ual do p rocesso etc.); iii) ale g ação co nj u nta de e rro
m aterial na sentença - situação q u e já p rese nciei, em caso em q u e a sentença
h o m o logató ria de autoco m posição i g n o rava cláusu las fu n dam e ntais d o acordo q u e
h avia s i d o ce l e b rado e cujo i n stru m e nto estava n o s autos.
e) H á n egócios pr ocessuais celebrados conju ntame nte com o j u iz (ca l e n d ário
p rocess ual, p . ex.: art. 1 9 1 , CPC). j u iz, autor e ré u, a despeito das s u as posições
p rocess uais i n i ciais, serão partes de u m mesmo n egócio p rocess ual. O u seja: e m
b o ra cada parte te n h a seu res pectivo i nteresse p rocessual e não se costu m e falar
e m in teresse processual do juiz, os três sujeitos poss u e m o in teresse comum n o
a g e n d a m e nto da p rática dos atos p rocess uais.
f) O autor pode também ser ré u, se h o uver reco nve n ção; neste caso, o ré u se
torna autor da reco nven ção . Em um mesmo p rocesso, então, autor e ré u ass u m e m
posições j u ríd i cas p rocess uais d i sti ntas, te n d o e m vi sta a s d i sti ntas relações j u ríd i
cas p rocessuais de q u e fazem parte.
3) O d e n u n ciado à lide (so b re a d e n u nciação da lide, ve r capít u l o s o b re i nter
ve n ção de te rcei ros) é, a u m só te m po, réu n a d e n u nciação d a lide, d e m a n d a i n ci
d e ntal, e litisconsorte unitário d o denuncian te, n a d e m a n d a p ri n ci pal (arts . 1 27 - 1 28,
CPC). N ote-se: o d e n u n ciado se opõe ao d e n u n ciante n a demanda i n ci d e ntal e é
aliad o d e l e n a demanda p ri n ci pal. Isso porq u e a vitória do d e n u nciante n a d e m a n d a
p ri n ci pal i m p l i cará a vitória do d e n u n ciado n a d e m a n d a i n ci d e ntal.
h) Outro caso cu rioso, tam bém rel aci o n ado à d e n u n ci ação da lide. I m ag i n e-se
q ue, e m uma ação e m que se d i scute res p o n sabi l idade civi l por aci d e nte de trân
sito, uma mesma se g u radora te n h a sido d e n u n ciada por am bas as partes - q u e,
coi n cidenteme nte, estão por ela se g u radas . A segu rado ra estará n a "estra n h a situa
ção" de ser confrontada p o r dois i nteresses m ateriais i n com patíveis; terá, por i sso,
c o n d i ção, ao m e n os e m tese, de ser l itisco n s o rte de am bas as partes, autor e réu ' 66•
Em s u m a, as partes - e, a fo rt i o ri, todos os sujeitos p rocessuai s - podem ass u
m i r d ive rsas posições j u rídi cas e m u m m e s m o p rocesso.
o est u d o dos p ressu postos p rocessuais n ão pode i g n o rar essa c i rc u n stân cia. A
a n á l i se de q ua l q u e r dos req u isitos p rocess uais deve p ress u p o r a d i n a m icidade das
pos i çõe s j u rídi cas p rocess uais e deve se r fe ita à luz de cada uma de l as .
Difici l m e nte, aliás, h ave rá u m p rocesso e m q u e o suj eito processual permane
ça e m uma ú n ica posi ção j u rídica d u rante toda a litis p e n d ê n cia.
1 66. CABRAL, Anto n i o d o Passo. "Despolarização do p rocesso e "zonas de i n teresse": sobre a m i g ração e ntre polos
da deman da", cit., p. 1 56.
370